Você está na página 1de 17

Universidade Federal do Paraná

Curso de Engenharia Química


CQ320 - Físico-química Experimental – EQA
Profª Regina Maria Queiroz de Mello
25/07/2022
Bancada nº 1
Alunos: Ariane do Nascimento Forte, Caio Augusto Cessel, Gustavo Marcondes de
Barros, Matheus Polati Farinhas e Nicole Mantoani

PRÁTICA 06 – CONDUTIVIDADE DE SOLUÇÕES ELETROLÍTICAS

1. INTRODUÇÃO

Uma propriedade importante do transporte de íons em solução é a


condutividade. Ela depende somente da quantidade de íons presentes e pode ser
expressa pela condutividade molar, sendo que 𝜅 é a condutividade elétrica e 𝑐 a
concentração molar do eletrólito (ATKINS; PAULA, 2018):
𝜅
Λ𝑚 =
𝑐
A partir das condutividades, é possível dividir os eletrólitos em dois tipos. Os
eletrólitos fortes contam com valores altos de Λ𝑚 , como é o caso da maioria dos sais
e ácidos. Já os eletrólitos fracos, como ácido acético e outros ácidos orgânicos, tem
baixa condutividade (MOORE, 2015).
Os primeiros podem ser descritos pela Lei de Kohlrausch, em que a
condutividade molar em baixas concentrações é dada pela seguinte equação:
1
Λ𝑚 = Λ°𝑚 − 𝜅𝑐 2
Em que Λ°𝑚 é a condutividade molar limite, ou seja, quando a concentração
tende a zero (ATKINS; PAULA, 2018).
Para os eletrólitos fracos, essa relação depende de um outro termo, que é o
Λ
grau de dissociação do eletrólito, dado por 𝛼 = Λ°𝑚 . Assim, obtém-se a equação geral
𝑚

(MOORE, 2015):
1 1 Λ𝑚 𝑐
= +
Λ𝑚 Λ°𝑚 𝐾𝑎 (Λ°𝑚 )2
Com essa propriedade é possível determinar informações bastante úteis, como
a constante de equilíbrio das moléculas e os pontos de equivalência de titulação,
como será realizado no experimento.
2. OBJETIVO
Esta pratica tem com finalidade analisar os aspectos gerais associados
a condutividade de soluções eletrolíticas em duas partes distintas:
A primeira parte visa verificar as leis de condutividade de Kolrausch e Ostwald,
para eletrólitos fortes e fracos, avaliando a condutividade das soluções de ácido
acético e cloreto de sódio em diferentes concentrações.
A segunda parte visa padronizar uma solução composta por uma mistura de
ácido fraco e ácido forte através da titulação (ácido acético e ácido clorídrico).
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 MATERIAIS
Reagentes: ácido acético (0,1 mol/L), ácido clorídrico (0,1 mol/L), cloreto de
sódio (0,1 mol/L) e fenolftaleína.
Vidrarias: balão volumétricos (25 mL, 50 mL e 100 mL), pipetas graduadas,
bureta e béquer.
Equipamentos: condutivímetro e agitador magnético.

3.2 MÉTODOS
3.2.1 PARTE 1
Na primeira parte do experimento era avaliada a condutividade das soluções
de ácido acético e cloreto de sódio em diferentes concentrações. Inicialmente, foi
levado uma quantidade arbitrária do ácido acético em concentração 0,1 mol/L em um
béquer para o condutivímetro a fim de medir a condutividade da solução na
concentração inicial da solução de estoque.
Para diluir a solução em outras concentrações, primeiramente foi levado 12,5
mL do ácido para um balão de 25 mL e o mesmo foi completado com água destilada
para obter uma concentração final de 0,05 mol/L, essa solução foi levada para
medição da condutividade. Em seguida, foi utilizado uma pipeta para transferir 10 mL
do ácido 0,05 mol/L para um balão de 50 mL e o mesmo foi completado com água,
diluindo a solução para 0,01 mol/L e, assim como a primeira diluição, esta também foi
levada para o condutivímetro.
Na sequência, 10 mL da solução de 0,01 mol/L foram levados para um balão
volumétrico de 100 mL, sendo completado com água destilada, diluindo a solução
para uma concentração de 0,001 mol/L e medido, então, sua condutividade. Por fim,
foi repetido o processo de transferência de 10 mL da solução diluída de 0,001 mol/L
para um outro balão de 100 mL e o completando com água a fim de obter uma
concentração de 0,0001 mol/L para anotar a condutividade medida com o
condutivímetro. Esse procedimento foi repetido para o cloreto de sódio.

3.2.2 PARTE 2
Na parte 2 do experimento foi realizada uma titulação numa mistura de ácido
acético e ácido clorídrico. Para isso, foram colocados 2,5 mL de ácido clorídrico com
uma pipeta num balão volumétrico de 50 mL. O procedimento foi repetido para o
acético, ou seja, foram colocados 2,5 mL no mesmo balão volumétrico que estava o
ácido clorídrico. Em seguida, foi completado o volume do balão com água destilada e
transferido a solução para um béquer de 100 mL com mais 3 gotas de fenolftaleína.
Paralelo a isso, a bureta foi ambientada com a solução de hidróxido de sódio
para prosseguir com a titulação. Nesse procedimento, o béquer foi colocado em cima
do agitador magnético de modo que o condutivímetro conseguisse ficar dentro da
solução enquanto a mesma era titulada. Por fim, foi colocado o hidróxido de sódio
(0,1 mol/L) de 0,5 mL em 0,5 mL e, a cada volume adicionado, era anotado a
condutividade da mistura, sendo que, após o ponto de viragem, foram feitos mais
outros 6 pontos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2 PARTE 1

Para a primeira parte do experimento, foi necessário realizar a diluição


sucessivas das soluções estoque de aproximadamente 0,1 mol/L de Soluções de
ácido acético e de NaCl, até obtermos respectivamente 0,05; 0,01;0,001 e 0,0001
mol/L da soluções. Assim, para realizar a alteração da concentração das soluções
utilizamos a seguinte equação:

𝐶1 ∗ 𝑉1 = 𝐶2 ∗ 𝑉2

Com auxílio do condutivímetro, anotamos a condutividade específica K, e


sabendo que a condutividade dos eletrólitos pode ser comparada através de suas
condutividades molares, Λm. Calculamos da seguinte forma:

1000 ∗ 𝑘
𝛬𝑚 =
𝐶

1000 ∗ 𝑘 (𝑆 ∗ 𝐶𝑚−1 )
𝛬𝑚 =
𝐶 (𝑚𝑜𝑙 ∗ 𝐶𝑚−3 )

𝛬𝑚 = 𝑆 ∗ 𝐶𝑚2 ∗ 𝑚𝑜𝑙 −1

Uma análise que é possível inferir pela fórmula acima é a dependência da


concentração na condutividade de eletrólitos, ao isolarmos a condutividade
específica. Ao se aumentar a concentração ocorre também um aumento no número
de Íons em solução assim a condutividade também aumenta.

𝐶 ∗ 𝛬𝑚
𝑘=
1000

Assim, como solicitado temos as Tabelas 1 e 2 abaixo:


Tabela 1 - Condutividade de soluções de ácido acético

Tabela 1 – Condutividade de soluções de ácido acético


Λm
Concentração / Λm • atividade / S
k / S cm-^1 ^-1
mol.L-1 cm2 mol-1
/Ω mol cm2
0,00011 0,00001 115,26861 0,00868
0,00106 0,00004 38,30349 0,02611
0,01061 0,00013 12,43167 0,08044
0,05305 0,00029 5,50613 0,18162
0,10610 0,42700 4024,50518 0,00025
FONTE: Os Autores (2022)

Tabela 2 - Condutividade de soluções de cloreto de sódio

Tabela 2 - Condutividade de soluções de cloreto de sódio

Concentração / k/ Concentração ½ / Λm/ Λm -1/


mol.L-1 S cm-^1 mol1/2.L-1/2 S cm2 mol-1 Ω mol cm2

0,0001 0,00001 0,01 117,30 0,00853


0,0010 0,00009 0,03 94,48 0,01058
0,01 0,00089 0,10 88,86 0,01125
0,05 0,00410 0,22 82,00 0,01220
0,10 0,00800 0,32 80,00 0,01250
FONTE: Os Autores (2022)

Temos da literatura que as medidas de condutância elétrica permitem diferenciar


eletrólitos fracos e fortes, eletrólitos fortes estão relacionados com a Lei de
Kohlrausch e o comportamento linear em gráficos de Condutividade por
concentração, enquanto eletrólitos fracos tem associação com a lei de diluição de
Ostwald, a qual no gráfico de Condutividade versus concentração gera uma curva
similar à de um logaritmo neperiano.

Para darmos sequência a Lei de Kohlrausch é necessário entendermos o que é a


Condutividade à Diluição Infinita. Assim, uma vez que a concentração do eletrólito
está tendendo a Zero, chamamos esta condutividade de “Condutividade Molar à
diluição infinita”. Para eletrólitos fortes, em diluição infinita os íons possuem um
comportamento independente e é possível escrever a fórmula da diluição infinita da
seguinte maneira:

𝛬∞ = 𝛬+ −
∞ + 𝛬∞
Onde temos a soma das condutividades molares iônicas limite dos cátions e
ânions, respectivamente, à diluição infinita, calculadas a partir de suas mobilidades
em diluição infinita.

𝛬∞𝑁𝑎𝐶𝑙 = 𝛬𝑁𝑎+
∞ + 𝛬𝐶𝑙−

Portanto, a Lei de Kohlrausch pode ser escrita da seguinte forma:

𝛬𝑚 = 𝛬∞ − 𝑘√𝐶

Gráfico 1 - Condutividade de soluções de cloreto de sódio

Condutividade Da Solução de NaCl X


Concentração
9,00E+03
8,00E+03
7,00E+03
6,00E+03
5,00E+03
4,00E+03
3,00E+03
2,00E+03
1,00E+03
0,00E+00
0,0000 0,0200 0,0400 0,0600 0,0800 0,1000 0,1200

FONTE: Os Autores (2022)

É possível notar o comportamento linear esperado do gráfico, uma vez que


temos o gráfico é possível encontrar a Condutividade à Diluição Infinita, sendo o
coeficiente linear da Reta, com auxílio da Linearização gerada pelo Software Excel,
obtemos um valor para 𝛬∞𝑁𝑎𝐶𝑙 = 44,678
Gráfico 2 - Condutividade de soluções de cloreto de sódio com linha de ajuste

Condutividade Da Solução de NaCl X


Concentração
1,00E+04
y = 79897x + 44,678
8,00E+03
R² = 0,9998
6,00E+03

4,00E+03

2,00E+03

0,00E+00
0,0000 0,0200 0,0400 0,0600 0,0800 0,1000 0,1200

FONTE: Os Autores (2022)

Ao compararmos com os dados da literatura temos que para o NaCl a 25°C o


valor de 𝛬∞𝑁𝑎𝐶𝑙 seria em média de 126,4 (W-1 cm2 mol-1).

O que gera um erro experimental de aproximadamente 35% que pode ter sido
impactado por diversos fatores como a diferença de temperatura entre a Literatura e
o experimento realizado no laboratório, possíveis erros na diluição e erros gerados ao
utilizar o condutivímetro. Mesmo assim, é notável o comportamento similar a Lei de
Kohlrausch pelas soluções de NaCl.

Para o ácido acético, por se tratar de um eletrólito fraco, ele não se desassocia
completamente e por consequência possuem uma menor condutividade se
comparados com eletrólitos fortes. Ao aumentarmos a concentração dos Íons o
equilíbrio de dissociação é deslocado para formação de moléculas não dissociadas.
Assim, podemos introduzir o “ Grau de dissociação a de eletrólitos fracos.

𝛬𝑚
∝=
𝛬∞
Pela Lei de Ostwald temos:

1 1 𝛬𝑚 ∗𝐶
= +
𝛬𝑚 𝛬∞ 𝐾 ∗ (𝛬∞ )
2
Assim, gerando o gráfico de Condutividade em função da concentração para o
ácido acético temos:

Gráfico 3 - Condutividade de soluções de Ácido acético com linha de ajuste

CONDUTIVIDADE DA SOLUÇÃO DE
AC ACÉTICO X CONCENTRAÇÃO
0,00035
y = 0,0454x0,5111
0,00030

0,00025

0,00020

0,00015

0,00010

0,00005

0,00000
0,00000 0,00001 0,00002 0,00003 0,00004 0,00005 0,00006

FONTE: Os Autores (2022)

Para este gráfico não consideramos o ponto de maior concentração, pois a


condutividade informada estava muito fora da curva, gerando muito erro. A fonte
desse erro pode ter sido feita durante a transição entre as medidas de condutividade
dos dois líquidos, na qual o aparelho poderia estar descalibrado pela mudança de
solução. Considerando que na lei de Ostwald temos o inverso da condutividade,
também realizamos o plot deste gráfico:

Gráfico 4 – Inverso da Condutividade versus Concentração das soluções de Ácido acético com linha de ajuste

FONTE: Os Autores (2022)


INVERSO DA CONDUTIVIDADE DA SOLUÇÃO
DE AC ACÉTICO X CONCENTRAÇÃO
0,20000
y = 3,0394x + 0,025
R² = 0,9538
0,15000
/Ω MOL CM2
ΛM-1

0,10000

0,05000

0,00000
0,00000 0,01000 0,02000 0,03000 0,04000 0,05000 0,06000
CONCENTRAÇÃO/ MOL L-1

FONTE: Os Autores (2022)

Gráfico 5 – Inverso da Condutividade versus Concentração das soluções de Ácido acético com linha de ajuste
considerando todos os pontos experimentais

INVERSO DA CONDUTIVIDADE DA SOLUÇÃO


DE AC ACÉTICO X CONCENTRAÇÃO
0,20000

0,15000
/Ω MOL CM2
ΛM-1

0,10000
y = 0,0464x + 0,0578
R² = 0,0008
0,05000

0,00000
0,00000 0,02000 0,04000 0,06000 0,08000 0,10000 0,12000
CONCENTRAÇÃO/ MOL L-1

FONTE: Os Autores (2022)

Pelo gráfico 4 temos que o inverso de seu coeficiente linear é numericamente


igual a condutividade molar limite para o ácido acético assim temos 𝛬∞𝐴𝑐 𝐴𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 = 40

Na literatura encontramos que 𝛬∞𝐴𝑐 𝐴𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 = 390,5 S.cm2 .mol-1 . É possível


notar que uma melhor forma de analisar e encontrar uma linearização do gráfico é
comparar o inverso da condutividade molar x Condutividade molar:
Gráfico 6 – Inverso da Condutividade versus Concentração * Condutividade das soluções de Ácido acético com
linha de ajuste

1/𝛬M X𝛬M*C
0,2
0,18 y = 0,6176x + 0,0006
0,16 R² = 0,9998
0,14
0,12
0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35

FONTE: Os Autores (2022)

Dessa maneira com o gráfico 6 obtemos um 𝛬∞𝐴𝑐 𝐴𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 = 166,67S.cm2 .mol-1.


Calculando o erro experimental temos 42,7%

Um ácido fraco como o ácido acético, é um ácido que não ioniza


significativamente numa solução, iremos representá-lo por HA para simplificar a
escrita. Assim podemos representar sua dissociação da seguinte forma:

𝐻𝐴(𝑎𝑞) ↔ 𝐻 + + 𝐴−

Para descrever sua constante de acidez ou ainda de dissociação ácida temos:

[𝐻+ ][𝐴− ]
𝐾𝑎 =
[𝐻𝐴]

Pela lei de Oswald ela pode ser reescrita da seguinte forma:

𝛬𝑚 2 ∗ 𝐶
𝐾𝑎 =
(𝛬∞ − 𝛬𝑚 ) ∗ 𝛬∞

Calculando temos:

Tabela 3 – Ka do Ácido Acético

Concentração /
Ka (Ac. Acético)
mol.L-1
0,00011 0,000164567
0,00106 0,000072762
0,01061 0,000063789
0,05305 0,000059878

Fonte: Os Autores

Na literatura temos que a Ka é igual a 1,8 x 10-5 mol/L para uma solução de
0,1 mol/L de concentração a 25°C. Podemos observar que a ordem de grandeza de
10-5 se manteve padrão nas demais concentrações o que mostra que este parâmetro
está condizente.

Também foi solicitado, o cálculo do valor de condutividade molar limite do HCl


utilizando a lei da migração independente dos íons. Para isso utilizaremos os valores
descritos na Literatura. A Lei da Migração independente dos Íons foi uma regularidade
percebida por Kohlrausch, na qual “pares” de soluções que trocavam apenas um
eletrodo tinha a mesma diferença de 𝛬𝑚 . Para ilustrar irei trazer a tabela abaixo:

Tabela 3 – Exemplo de valores para Lei de Migração

Composto Λ
LiCl 115,03
NaCl 126,45
LiNO3 110,14
NaNO3 121,56
Fonte: Os Autores (2022)

Se subtrairmos o Λ dos pares de LiCl e NaCl iremos obter 11,42; o que ocorre
também se subtrairmos de NaNO3 de LiNO3. Dessa forma na dissociação iônica os
íons se tornam independentes assim temos para o HCl os seguintes dados:

Λ = γ+ + γ−

Λ = 349,8 + 76,3

Λ = 426,1

Sendo este o mesmo valor encontrado na literatura.


4.2 PARTE 2
Na parte de titulação condutométrica da mistura entre ácido clorídrico e ácido
acético, foram obtidos os seguintes resultados de condutividade, baseados nos
volumes adicionados de solução de hidróxido de sódio:
Tabela 3 - Condutividade medida em função do volume de solução básica adicionado

V de NaOH /ml 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5


k / S*cm^-1 0,001659 0,001419 0,001091 0,000784 0,000541 0,000564 0,000637 0,000704

V de NaOH /ml 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7


k / S*cm^-1 0,000787 0,000947 0,001151 0,001358 0,001556 0,001729 0,00194
FONTE: Os Autores (2022)

Dessa forma, o gráfico da condutividade da solução em função do volume de


solução de 𝑁𝑎𝑂𝐻 adicionado foi o seguinte:
Gráfico 7 – Condutividade por volume de solução básica adicionado

Condutividade por volume de solução básica


adicionado
0,0025

0,002
k (S/cm)

0,0015

0,001

0,0005

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Volume de base adicionado (ml)

FONTE: Os Autores (2022)

Visualmente, foram determinados os pontos de inflexão (pontos nos quais há


uma diferença de inclinação da reta do gráfico). Esses pontos foram marcados na
tabela apresentada. A primeira inflexão ocorreu após a adição de 2 ml de solução de
base e a segunda ocorreu após a adição de 4 ml da mesma solução (nesse segundo
ponto, também houve a mudança da coloração da solução em função da
fenolftaleína).
Inicialmente, a solução era composta por uma mistura: um ácido forte (𝐻𝐶𝑙) e
um ácido fraco (ácido acético). Isso significa que o ácido clorídrico se ioniza mais na
solução, liberando mais íons 𝐻+ , enquanto o outro ácido, em função do seu equilíbrio
de ionização representado abaixo, permanece, majoritariamente, na forma não-
ionizada – a alta concentração de íons hidrônio no meio favorecem o equilíbrio para
a esquerda. (ATKINS; JONES, 2012)

Dessa forma, quando há a adição de base a essa solução, os íons 𝐻+ do ácido


mais forte (o ácido clorídrico) são neutralizados primeiro, diminuindo a condutividade
(reação abaixo).

Com isso após a neutralização de todos os hidrogênios do ácido forte, são


neutralizados os 𝐻+ do ácido acético, aumentando a condutividade, já que esse
eletrólito é fraco, e, quando ocorre a reação, é formado um sal solúvel (eletrólito mais
forte), aumentando os íons em solução. Esse é o primeiro ponto de inflexão (a
condutividade passa a aumentar, após sua redução com a adição de base).

Após a neutralização dos hidrogênios do ácido mais fraco, a solução começa


a ter excesso de base. Então, a condutividade volta a aumentar, já que a solução
básica é composta por 𝑁𝑎𝑂𝐻, um eletrólito forte, e, assim, com a sua adição, ocorre
o aumento do número de íons em solução e a condutividade começa a aumentar de
forma mais drástica – esse é o segundo ponto de inflexão.
Analisando, primeiramente, o volume de solução básica adicionado para a
neutralização de todo o ácido clorídrico, tem-se que foram adicionados 2 ml.
Calculando o número de mols de base presentes nesse volume de solução, sabendo
que a solução básica é 0,1294 molar:
𝑚𝑜𝑙
𝑛𝑁𝑎𝑂𝐻 = 2 ∗ 10−3𝐿 ∗ 0,1294 = 0,0002588 𝑚𝑜𝑙
𝐿
Como a estequiometria da reação entre 𝐻𝐶𝑙 e 𝑁𝑎𝑂𝐻 é 1:1:
𝑛𝐻𝐶𝑙 = 0,0002588 𝑚𝑜𝑙
Sendo o volume de solução contendo esse ácido 50 ml:
𝑛𝐻𝐶𝑙 0,0002588 𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙
𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐻𝐶𝑙 = = = 0,005176
𝑉 50 ∗ 10−3 𝐿 𝐿
Aplicando o mesmo raciocínio para o ácido acético, considerando o volume
adicionado após a neutralização total do ácido forte (diferença entre 4 ml e 2 ml):
𝑚𝑜𝑙
𝑛𝑁𝑎𝑂𝐻 = 2 ∗ 10−3𝐿 ∗ 0,1294 = 0,0002588 𝑚𝑜𝑙
𝐿
Pela estequiometria:
𝑛𝐴𝑐𝑂𝐻 = 0,0002588 𝑚𝑜𝑙
𝑛𝐴𝑐𝑂𝐻 0,0002588 𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙
𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐴𝑐𝑂𝐻 = = = 0,005176
𝑉 50 ∗ 10−3 𝐿 𝐿
Assim, essas concentrações encontradas são as presentes nos 50 ml de
solução preparados para a prática.
5. CONCLUSÃO

Através do experimento realizado foi possível analisar e observar propriedades


referentes à condutividade de soluções eletrolíticas, e a influência de alguns fatores
que influenciam nesse parâmetro, como a concentração dos íons, a temperatura,
natureza dos íons entre outros.

Na primeira parte experimental, foi observado um desvio considerável ao


comparar com dados da literatura. Analisando a condutividade molar, obtivemos um
desvio de 35% para o NaCl, um desvio de 42,7% para o Ácido acético, e um desvio
desprezível para o HCl, comparado com valores encontrados na literatura.

Além disso, a partir dos dados analisados, foi possível observar o impacto da
concentração na presença de ácidos fortes e fracos, sendo que em ácidos fortes o
impacto da concentração é bem menor comparado com o emprego de ácidos fracos.
Foi ainda observado a relação das leis de Kohlrausch e Ostwald.

Na segunda parte do experimento, foi possível observado inclinações e


inflexões, a partir do gráfico construído (Gráfico 7), e discutir a causa de cada um dos
casos. Também foi possível calcularmos a concentração das soluções de Ácido
clorídrico e Ácido acético utilizados para a prática, sendo igual a 0,005176 mol/L para
ambas soluções, sendo um valor bastante plausível.
6. REFERÊNCIAS
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química. 5. ed. [s.l.] Bookman Companhia Ed,
2012.

ATKINS, P.; PAULA, J. de. Físico-química. v. 2, 10ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018.

MOORE, W. J. Físico-química. v. 2, 4ª ed. São Paulo: Blucher, 2015.

Você também pode gostar