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1. Introdução
O presente trabalho está inserido na área temática de síntese de materiais com potencial
conteúdo nanoestruturado, tendo seu início na dissociação de nitratos seguida por redução
com H2. Sua motivação tecnológica inicialmente estava relacionada com a produção de pós
com potencial atividade catalítica no processo de decomposição do CH4, particularmente no
que diz respeito ao uso deste último como matéria-prima na produção de H2. Nesse particular,
o estudo teve início em 2017 como o aluno João Leonardo Santos Alves por meio da
decomposição redutora de nitratos de cobre e alumínio na presença de H2. Foi possível
constatar que a decomposição redutora de nitratos se apresenta como uma técnica em
potencial para obtenção de materiais compósitos, visto que a etapa de redução subsequente à
reação é seletiva para alguns óxidos. Além disso, verificou-se que a presença do agente
redutor é responsável por uma diminuição na temperatura de decomposição térmica de
nitratos (SANTOS ALVES, 2018). Tal comportamento também pode ser observado pelo
estudo de Cardoso (2018) para a decomposição do MgSO4 na presença de H2 assim como
pelo trabalho de Muniz e Souza (2016) para a transformação do mencionado sulfato em
companhia de carvão vegetal. Em ambos os estudos, foi possível constatar que a diminuição
da temperatura de processamento foi acompanhada por um incremento da reatividade,
intrinsicamente relacionada à área superficial do material e possivelmente relacionada à
diminuição do tamanho de partícula.
Em paralelo a esse contexto, verificou-se que além da decomposição térmica do CH4 ,
existem outras técnicas que estão sendo exploradas para a produção de H2. Dentre elas, uma
que vêm recebendo bastante destaque é a do ciclo iodo-enxofre para a quebra da molécula de
água, visto que ambos os produtos gasosos são ambientalmente amigáveis e que esta se trata
de uma metodologia sem a deposição de carbono. Nesse particular, verifica-se que uma parte
essencial do ciclo se dá através da geração de SO2 a partir da decomposição térmica do H2SO4
(O’KEEFE, 1982; YING et. al., 2019). Estudos recentes apontam para a utilização de sulfatos
metálicos nesse contexto, sendo que a sua decomposição vem sendo apresentada como uma
etapa controladora e economicamente desafiadora nesse sentido. Nesse particular, estão sendo
realizados desenvolvimentos onde a presença de materiais com potencial propriedade
catalítica surge como alternativa para a diminuição da temperatura de decomposição dos
sulfatos, de forma análoga a presença do agente redutor (BHOSALE et al., 2017; SOTO-
DIAZ et al., 2018).
Dentro desse contexto, o desenvolvimento evoluiu para a incorporação de sulfatos como
matéria-prima nesse contexto, foi incorporado ao estudo da quebra de molécula de CH4 para
uma apreciação na conjuntura do rompimento da estrutura da H2O, ambos ainda no âmbito
dos métodos alternativos para geração de H2. Além disso, ampliou-se a avaliação destes
sistemas a partir da inclusão de catalisadores que possam colaborar na diminuição da energia
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2. Objetivos
Dentro desse contexto, o presente trabalho tem por objetivo geral apreciar a rota de
decomposição redutora e catalítica dos sulfatos de Cu, Fe, Ni e Mg com o intuito de produzir
um material particulado com elevada reatividade e potencial emprego em processos de
decomposição em fase gasosa.
Nesse particular, estão sendo conduzidas as seguintes atividades de pesquisa: detalhada
revisão bibliográfica, apreciação termodinâmica dos referidos sistemas reacionais, condução
de análises térmicas dinâmicas e experimentos isotérmicos assim como caracterização dos
materiais envolvidos.
3. Revisão Bibliográfica
O mesmo pesquisador, Tagawa (1985), encontrou para o sulfato de cobre, duas taxas
de decomposição obtidas pelas curvas nas temperaturas de 613, 630, 664, 683 e 702°C. Isso é
observado devido a formação e decomposição do oxissulfato como o composto intermediário.
Siriwardane et al. (1999) em seu trabalho sobre a decomposição do sulfato de cobre
através de análise termogravimétrica. A desidratação inicial do sulfato de cobre ocorreu entre
100°C e 200°C. Decomposição de cobre sulfato inicia em 600°C, com uma rápida mudança
no peso observado em torno de 675°C. A decomposição prossegue mais lentamente entre
700°C e 840°C, com a mudança de peso atingindo mínimo em 840°C. A decomposição do
cobre sulfato em trabalhos anteriores foi relatado no faixa de 598°C a 625°C e a formação de
oxissulfato intermediário e o produto de decomposição CuO foi observado por pesquisadores
anteriores (Mu et al 1981; Hildenbrand et al. 1990 e Kellog, 1956)
Na decomposição térmica em balança termogravimétrica para o sulfato de cobre penta
hidratado (CuSO4. 5H2O). Os três primeiros passos mostram uma perda total de peso relativo
de 35,58% (Figura 2). Isso corresponde à perda de todas as cinco moléculas de água. Na
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última etapa, uma perda adicional de 32,87% ocorre para que, finalmente, apenas CuO
permaneça. A Tabela 1 resume as perdas de peso relativas e as reações envolvidas em cada
etapa (METLLER, 2010).
Eventos de perda de
Reação química envolvida Perda de massa %
massa
35,89 (teórico)
1-3 CuSO4.5H2O → CuSO4 + 5 H2O
35,58 (experimental)
32,07 (teórico)
4 CuSO4 → CuO + SO3
32,87 (experimental)
Tabela 1. As reações e a correspondente perda relativa de massa para a decomposição
térmica de CuSO4 ⋅ 5 H2O na faixa de temperatura de 40 ° C a 840 ° C (Adaptado de
Mettler,2010)
Desidratação Dessulfurização
Ea = 87,32 kJ.mol-1 Ea = 309,33 kJ.mol-1
β / °C.min-1 k0 / min-1 R2 β / °C.min-1 k0 / min-1 R2
2,5 5,104 E+11 0,997 2,5 3,085 E+16 0,995
5,0 3,633 E+11 0,992 5,0 2,617 E+16 0,996
10,0 5,064 E+11 0,989 10,0 3,591 E+16 0,997
15,0 3,922 E+11 0,979 15,0 2,624 E+16 0,975
Tabela 1. Valores do fator pré-exponencial para cada taxa de aquecimento nas etapas de
desidratação e dessulfurização do sulfato ferroso heptahidratado. (Adaptado de Muller, 2018)
Brocchi et al. (2013) afirma que o carvão mineral também apresenta uma grande
importância em processos de decomposição redutora devido a sua afinidade com o oxigênio.
Em seu estudo foram misturados 10% de carvão com 90% sulfato de magnésio de forma
mecânica e colocada em forno tubular na presença de nitrogênio (N2). Os ensaios foram feitos
na faixa de temperatura de 600-1000 °C. Para caracterizar os produtos foram usados
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV/EDS) e Difração de Raios – X (DR-X).
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Observou-se que o melhor resultado foi quando a amostra foi submetida a 1000 °C obtendo
uma conversão de 98 %. A reação é representada pela Equação 14.
4. Materiais e Métodos
5. Resultados e Discussão
É possível notar que o NiSO4 inicia a sua decomposição térmica por volta de 700°C e
que este sal tende a estar plenamente decomposto, segunda a tendência diminuição da
composição em temperaturas mais altas, um pouco acima de 1000°C. Esta tendência de
estabilidade um pouco maior também se materializa na decomposição redutora, onde a
proporção de 1 kmol de NiSO4 para 1 kmol de H2 materializou um término de transformação
do sal por volta de 600°C, ainda abaixo do 700°C onde se iniciaria a transformação na
ausência do redutor.
Por fim, as Figuras 11 e 12 ilustram o respectivo comportamento dos sistemas de
decomposições térmicas e redutoras do MgSO4, em termos de as composições de equilíbrio.
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É possível notar que o MgSO4 possui um comportamento mais estável que os demais,
em teoria iniciando sua decomposição por volta de 800°C na ausência de agente redutor.
Quando o H2 se encontra presente no sistema reacional verifica-se que nesta condição todo o
sulfato tende a estar plenamente transformado no referido óxido. Observa-se ainda que este
tende a ser o mais estável dos quatro sulfatos estudados. Em termos de maior facilidade para
decomposição seguindo para a maior tendência a permanecer como sulfato é possível ordenar
a afinidade dos metais estudados em relação ao ânion da seguinte forma: Fe, Cu, Ni e Mg.
É válido comentar, por fim, que em termos de redução sequencial Cu, Fe e Ni são
elementos químicos cujos óxidos são reduzíveis pelo H2 ao passo que o MgO não é passível
de uma transformação desta natureza. Nesse particular, espera-se que seja possível sintetizar,
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dependendo da oferta de H2, compósitos do tipo Cu-MgO, Fe-MgO e Ni-MgO para possível
emprego como catalisadores por meio da técnica de decomposição redutora.
óxido (CuO). Além disso, fica evidente que existe uma mudança em todo o padrão de
comportamento do sistema reacional, onde todas as transformações do sistema reacional
ocorrem em temperaturas mais baixas. Nesse particular, é válido comentar que existe um
pequeno indício de início de uma transformação do tipo CuO em Cu2O acima de 1000°C na
decomposição térmica. No caso da presença do catalisador, nota-se que existe um evento de
perda de massa com essa característica por volta de 900°C.
Dentro dessa perspectiva, as Figuras 13 e 14 exibem as análises termogravimétricas de
maneira respectiva para as decomposições térmicas e catalíticas do FeSO4.
em NiO, visto que em termos térmicos existe uma sugestão de apenas cerca de 25°C de
redução na temperatura de estabilização da perda de massa, diminuindo de 825 para 800°C
aproximadamente.
Em conclusão, as Figuras 17 e 18 ilustram, respectivamente, as análises
termogravimétricas para as decomposições térmicas e catalíticas do MgSO4.
Nesse particular, fica evidente que o catalisador de Pd exerce uma maior influência na
diminuição da energia de ativação da decomposição do MgSO4 frente aos seus pares,
reduzindo em cerca de 150°C a transformação que se iniciaria por volta de 950°C na ausência
desse aditivo.
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6. Conclusões
7. Referências
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