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CORRIDA DO CONHECIMENTO

Introdução
à Tecnologia
Têxtil
CORRIDA DO CONHECIMENTO

Introdução
à Tecnologia
Têxtil
SENAI - CENTRO DE TECNOLOGIA DA INDÚSTRIA QUÍMICA E TÊXTIL DO SENAI –
SENAI CETIQT

Sérgio Luiz Souza Motta


Diretoria Executiva

Fernando Rotta Rodrigues


Diretoria de Administração e Finanças

Robson Marcus Wanka


Gerência de Educação

Mércia Silva
Coordenação de Ensino Superior

Celso Jr.
Coordenação de Educação à Distância

Márcia Castoldi
Coordenação Acadêmica do Curso de Engenharia Química

Jorge Chimanowsky
Revisão Técnica

Rinaldo Luz
Rafael Araújo
Ronaldo Souza
Elaboração

Laís Silva
Renata Rottweiler Pontes
Design Educacional

Thaís Lopes
Revisão Ortográfica e Gramatical

Patrícia Macêdo
Bruno Peon
Danielle Menezes
Diagramação, Fotografias, Ilustrações e Tratamento de Imagens
CORRIDA DO CONHECIMENTO

Introdução
à Tecnologia
Têxtil
Lista de Figuras
.....................................................................................................15
......................................................................................................................19
Figura 3 – Processos de estiragem e torção.............................................................................................................23
Figura 4 – Cadeia química do monômero vinílico.................................................................................................24
Figura 5 – Coluna X Curso ..............................................................................................................................................28
Figura 6 – Estrutura química do PET...........................................................................................................................28
Figura 7 – Malha Jersey ...................................................................................................................................................29
Figura 8 – Malha Rib .........................................................................................................................................................29
Figura 9 – Cinco ligamentos básicos da malha por urdimento e seus derivados ......................................30
Figura 10 – Malhas com laçadas grandes e maiores.............................................................................................31
Figura 11 – Sistema de abertura ..................................................................................................................................36
Figura 12 – Maquinário de carda .................................................................................................................................36
Figura 13 – Passador.........................................................................................................................................................36
Figura 14 – Reunideira .....................................................................................................................................................37
Figura 15 – Penteadeira ..................................................................................................................................................37
Figura 16 – Maçaroqueira ...............................................................................................................................................37
Figura 17 – Filatório de anel ..........................................................................................................................................37
Figura 18 – Filatório a rotor ............................................................................................................................................38
Figura 19 – Filatório a jato de ar ...................................................................................................................................38
Figura 20 – Enroladeira....................................................................................................................................................38
Figura 21 – Estrutura química do PET ........................................................................................................................41
........................................................................................................................41
............................................................................................................................42
............................................................................................................................42
Figura 25 – Estrutura química do PET ........................................................................................................................43
Figura 26 – Etapas de preparação ...............................................................................................................................44
Figura 27 – Embalagens para enrolamento .............................................................................................................44
Figura 28 – Urdideiras contínua e seccional ............................................................................................................45
Figura 29 – Processo de engomagem........................................................................................................................45
Figura 30 – Constituição básica de um tear plano ................................................................................................46
Figura 31 – Movimento de abertura da cala............................................................................................................47
Figura 32 – Movimento de inserção da trama ........................................................................................................47
Figura 33 – Movimento de batida do pente ............................................................................................................47
Figura 34 – Tipos de máquinas de malharia ............................................................................................................48
Figura 35 – Máquina de malharia reta e circular ...................................................................................................49
Figura 36 – Tear Ketten ....................................................................................................................................................49
......................................................50
Figura 38 – Tecido plano antes e após a chamuscagem .....................................................................................50
Figura 39 – Processo de escovagem ...........................................................................................................................51
Figura 40 – Processo de navalhagem.........................................................................................................................51
Figura 41 – Processo de desengomagem.................................................................................................................52
Figura 42 – Tecido cru e tecido após alvejamento ................................................................................................52
Figura 43 – Processo de mercerização .......................................................................................................................52
...............................................................................54
Figura 45 – Exemplo de processo contínuo.............................................................................................................54
Figura 46 – Estampagem a quadros ...........................................................................................................................55
Figura 47 – Prensa para transferência por contato ...............................................................................................55
Figura 48 – Impressora digital ......................................................................................................................................55
.............................................57
.............................................................................................................................61
Figura 51 – Processo de AGROTECH ...........................................................................................................................62
Figura 52 – Stents e curativos .......................................................................................................................................62
..............................................................................63
Lista de Quadros
Quadro 1 – Classificação das fibras têxteis...............................................................................................................16
Quadro 2 – Principais Fibras têxteis naturais............................................................................................................18
Quadro 3 – Principais Fibras têxteis artificiais..........................................................................................................19
Quadro 4 – Principais Fibras têxteis sintéticas.........................................................................................................21
Quadro 5 – Classificação dos polímeros quanto ao comportamento mecânico........................................22
Quadro 6 – Parâmetros de solubilidade dos tecidos.............................................................................................23
Quadro 7 – Fórmulas e constantes utilizadas para os cálculos..........................................................................24
Quadro 8 – Tipos de tecidos...........................................................................................................................................26
Quadro 9 – Tipos de ligamentos fundamentais......................................................................................................27
Quadro 10 – Tipo de avaliação de gramatura..........................................................................................................27
Quadro 11 – Malha por trama e malha por urdume..............................................................................................30
Quadro 12 – Funcionalidades das urdideiras contínua e seccional.................................................................47
Quadro 13 – Substâncias presentes na fibra de algodão....................................................................................53
Quadro 14 – Pontuação por defeitos..........................................................................................................................60
Sumário
1  FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA TÊXTIL.............................................................................................................15
1.1 Fibras têxteis..................................................................................................................................................15
1.1.1 Classificação.................................................................................................................................16
1.1.2 Principais propriedades das fibras têxteis .......................................................................17
1.1.3 Principais fibras têxteis naturais e não naturais..............................................................18
1.1.4 Identificação das fibras têxteis..............................................................................................21
1.2 Fios....................................................................................................................................................................23
1.2.1 Classificação.................................................................................................................................24
1.2.2 Titulação........................................................................................................................................24
1.2.3 Estiragem, torção e resistência..............................................................................................25
1.3 Tecidos ............................................................................................................................................................26
1.3.1 Tecidos planos.............................................................................................................................26
1.3.1.1 Principais características..............................................................................................26
1.3.1.2 Ligamentos fundamentais e derivados..................................................................26
1.3.1.3 Principais propriedades dos tecidos planos..........................................................27
1.3.2 Malhas............................................................................................................................................29
1.3.2.1 Principais características..............................................................................................29
1.3.2.2 Ligamentos fundamentais e derivados..................................................................31
1.3.2.3 Principais propriedades dos tecidos de malha ...................................................33

2  TECNOLOGIA DOS PROCESSOS TÊXTEIS...............................................................................................................37


2.1 Fiação...............................................................................................................................................................37
2.1.1 Processo de produção industrial do fio fiado..................................................................37
2.1.1.1 Sistemas e equipamentos............................................................................................38
2.1.1.2 Fluxogramas.....................................................................................................................40
2.1.2 Fiação química............................................................................................................................42
2.2 Tecelagem.......................................................................................................................................................45
2.2.1 Preparação....................................................................................................................................46
2.3 Malharia...........................................................................................................................................................50
2.3.1 Máquinas e equipamentos.....................................................................................................50
2.4 Beneficiamento têxtil.................................................................................................................................52
2.4.1 Beneficiamento primário........................................................................................................52
2.4.1.1 Processos físicos..............................................................................................................52
2.4.1.2 Processos químicos........................................................................................................53
2.4.2 Beneficiamento secundário...................................................................................................55
2.4.2.1 Tingimento........................................................................................................................55
2.4.2.2 Estamparia.........................................................................................................................56
2.4.3 Beneficiamento terciário.........................................................................................................58
2.4.3.1 Processos físicos..............................................................................................................58
2.4.3.2 Processos químicos........................................................................................................58
2.4.4 Revisão ..........................................................................................................................................59
3  FUNDAMENTOS DE TÊXTEIS TÉCNICOS.................................................................................................................63
3.1 Definições.......................................................................................................................................................63
3.2 Categorias, aplicações e propriedades................................................................................................63

4  REFERÊNCIAS..................................................................................................................................................................67
Fundamentos da tecnologia têxtil
1

Para entender sobre os fundamentos da tecnologia têxtil, inicialmente é importante com-


preender o que são as fibras têxteis e as suas características. É o que será tratado a seguir.

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1.1 FIBRAS TÊXTEIS

No mundo têxtil, a palavra “fibra” é utilizada como um termo genérico que define quaisquer
materiais que sejam utilizados como elementos básicos para fins têxteis. A resolução 01/2001
do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO), define
“fibra têxtil” conforme pode-se observar a seguir:

Fibra têxtil é todo o elemento, de origem natural ou química, que é


constituído de macromoléculas lineares, apresenta alta proporção
GLOSSÁRIO entre o seu comprimento e diâmetro, e cujas características de
flexibilidade, suavidade e conforto ao uso tornem tal elemento apto
a aplicações têxteis.
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
16

As fibras têxteis estão presentes em uma infinidade de artigos, como:

VESTUÁRIO SEGMENTOS INDUSTRIAIS

Depositphotos
Por isso é importante conhecer as fibras envolvidas na produção dos artigos têxteis, pois suas proprie-
dades influenciam desde a concepção do artigo até os cuidados de uso necessários.

1.1.1 CLASSIFICAÇÃO

As fibras têxteis podem ter origem natural ou ser obtidas através de processos químicos. O Quadro 1
demonstra essa classificação.

PROPRIEDADES FÍSICAS PROPRIEDADES QUÍMICAS


Fibras naturais Fibras não naturais ou químicas

São aquelas encontradas na natureza e diretamente sub- São produzidas a partir de algum processo químico, e
metidas aos processos têxteis para serem transformadas conseguem-se controlar mais facilmente propriedades
em fio e, posteriormente, em tecido. Elas estão sujeitas às como comprimento e finura. Entre outros parâmentros,
variáveis que tentamos controlar com o apoio da ciência e subdividem-se em:
da tecnologia, como a produtividade e a seleção genética • Fibras artificiais: Possuem, como material precursor,
das diferentes espécies animais e vegetais. Ex.: algodão, um elemento encontrado na natureza que não se
linho, seda. encontra no formato de fibra. Ex.: viscose, acetato de
celulose;
• Fibras sintéticas: são criadas a partir de sínteses quími-
cas. Ex.: poliéster, nylon.

Quadro 1 – Classificação das fibras têxteis


SENAI/CETIQT (2019)

A Figura 1 apresenta a classificação geral das fibras têxteis incluindo os principais tipos de fibras:
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17

FIBRAS

NATURAIS NÃO NATURAIS

VEGETAIS ANIMAIS MINERAIS ARTIFICIAIS SINTÉTICAS

Semente Secreções Asbestos Poliéster


Viscose
Algodão - Paina Seda Amianto

Caule Pêlos Poliamida


Acetato
Linho - Ramijuta - Cânhamo Lã - Angorá - Lhama

Folhas Acrílico
Sisal - Caroá - Abacá

Elastano
Frutos

Bruno Peon
Côco
Polipropileno

Figura 1 – Classificação geral das fibras têxteis


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

1.1.2 PRINCIPAIS PROPRIEDADES DAS FIBRAS TÊXTEIS

A utilização de um artefato têxtil estará diretamente relacionada às características físicas e químicas


da(s) fibra(s) presente(s). A seguir, estão listadas as características físicas e químicas que podem ser asso-
ciadas às fibras.
a) Comprimento: Fator de extrema importância em uma fibra. As fibras naturais apresentam o com-
primento limitado. Já as químicas, podem ter seu comprimento controlado com maior facilidade, visto que
ele pode ser alterado durante o processamento.
b) Alongamento: É a deformação longitudinal da fibra quando sujeita ao efeito de uma carga.
c) Elasticidade: É a capacidade de retorno (recuperação elástica) da fibra ao seu comprimento original.
d) Resiliência: Definida como a propriedade que uma fibra possui de recuperar sua forma original
após sofrer um esforço, como uma dobra ou compressão.
e) Tenacidade: É a quantidade de energia que um material pode absorver antes de fraturar ou rom-
per, avalia a resistência das fibras têxteis.
f) Morfologia: Está relacionada ao aspecto das fibras com relação a seu corte transversal e longitudinal.
g) Densidade: É a massa da fibra por unidade volumétrica, normalmente expressa em g/cm3. Pode ser
afetada pela estrutura molecular (cristalinidade), orientação e massa molar dos elementos constituintes da fibra.
h) Regain: Capacidade que possui a fibra têxtil de absorver umidade do meio ambiente. É expresso
em porcentagem a partir do peso seco da fibra.
i) Lustro: Propriedade que a fibra tem de possuir brilho natural.
j) Resistência química: Durante os processos de beneficiamento, é uma prática comum a utilização
de soluções ácidas e básicas. Sendo assim, é importante saber se o material têxtil resiste a essas soluções.
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1.1.3 PRINCIPAIS FIBRAS TÊXTEIS NATURAIS E NÃO NATURAIS

O Quadro 2 a seguir ilustra as principais fibras têxteis naturais:

Algodão (CO)
O algodão é a principal fibra têxtil natural em ordem de utilização. Sua forma é de uma fibra ir-
regular por ser uma fibra natural. Principais propriedades:
• Nível de absorção alto;
• Tem baixa resiliência;
• Peso específico 1,52g/cm3;
• Alongamento a seco 6 a 10%;
• Perde resistência quanto exposto a intempéries (luz, raios U. V.);
• Não tem resistência a microorganismos.

Lã (WO)
A lã é uma fibra natural, animal, proveniente da tosquia de ovelhas e carneiros. A fibra de lã,
observada no Microscópio Eletrônico de Varredura, apresenta uma estrutura escamosa.
Principais propriedades:
• Boa resiliência;
• Baixa resistência;
• Boa flexibilidade;
• Absorve bem a umidade;
• Má condutora de calor;
• Peso específico 1,32g/cm3;
• Alongamento a seco 20 a 40%;
• Perde resistência quando exposta a intempéries (luz, raios U. V.);
• Não tem resistência a microorganismos.

Seda (CS)
A seda é uma fibra natural, animal. É um filamento contínuo formado pelo bicho da seda em
casulo. A seda possui uma aparência macia, transparente, brilhante, irregular.
Principais propriedades:
• Média resiliência;
• Boa elasticidade;
• Peso específico 1,25g/cm3;
• Alongamento a seco 13 a 25%;
• Perde resistência quando exposta a intempéries (luz, raios U.V.);
• Pequena resistência a microorganismos.

Quadro 2 – Principais Fibras têxteis naturais


SENAI/CETIQT (2019)
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
19

Os avanços tecnológicos para produção de artigos têxteis, cada vez mais, viabilizam o
SAIBA desenvolvimento a partir de misturas de fibras naturais com fibras artificiais e sintéticas,
MAIS com o objetivo de potencializar as propriedades positivas de cada fibra, agregando
valor ao produto final.

O Quadro 3 ilustra as principais fibras têxteis artificiais:

Viscose (CV)
A viscose é uma fibra celulósica regenerada, isso a caracteriza como uma fibra artificial. Geral-
mente é utilizada na composição de misturas com fibras mais resistentes. Sua estrutura física é
caracterizada pelas listras que apresenta no sentido do comprimento tendo sua secção transver-
sal com formato arredondado e com bordas serrilhadas.
Principais propriedades:
• Baixa resistência quando úmida;
• Elevado grau de absorção;
• Peso específico 1,52g/cm3;
• Alongamento a seco 10 a 30%;
• Perde resistência quando exposta a intempéries (luz, raios U.V.);
• Não tem resistência a microorganismos.

Acetato (CA)
Seu nome foi extraído de um dos produtos químicos utilizados: o ácido acético. A celulose é sua
origem, como a viscose, sendo assim, possui muitas características comuns. Esta fibra foi aprimo-
rada para assemelhar-se a seda natural.
Principais propriedades:
• É mais repelente à água do que a viscose;
• Peso específico 1,32g/cm3;
• Alongamento a seco 25 a 35%;
• Perde resistência quando exposto a intempéries (luz, raios U.V.);
• Boa resistência a microorganismos.

Quadro 3 – Principais Fibras têxteis artificiais


SENAI/CETIQT (2019)

Os produtos confeccionados com viscose não devem ser lavados em máquinas


devido à perda de resistência quando molhados e, também, pela agitação
FIQUE que o equipamento provoca, o que pode causar danos irreversíveis à fibra. Já
ALERTA! a desvantagem do acetato, comparado à viscose, reside no fato de não reagir
positivamente aos processos de tingimento.
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O Quadro 4 ilustra as principais fibras têxteis sintéticas:

Poliamida 6.6 (PA)


A fibra poliamida, mais conhecida por seu nome comercial o nylon, foi a primeira fibra obtida
por meio de síntese química. É um material polimérico e possui ótimas características de peso e
brilho.
Principais propriedades:
• Boa resistência;
• Maciez;
• Tem baixa capacidade de absorção;
• Peso específico 1,14g/cm3;
• Alongamento a seco 16 a 42%;
• Sensível a raios U.V.;
• Excelente resistência a microorganismos.

Poliéster (PES)
O poliéster é uma fibra de obtenção abundante e de custos reduzidos. Permite a produção de
microfibras, incapazes de absorver umidade. Pode ser misturado com outras fibras principal-
mente naturais.
Principais propriedades:
• Extremamente resistente;
• Baixa absorção;
• Peso específico 1,38g/cm3;
• Alongamento a seco 15 a 70%;
• Boa resistência a intempéries (luz, raios U.V.);
• Excelente resistência a microorganismos.

Elastano (PUE)
O elastano, também conhecido por seu nome comercial lycra, é obtido através de poliuretanos
têxteis. É utilizado em composição com outras fibras, tais como, poliéster, lã, viscose e algodão,
com o único objetivo de conferir elasticidade onde é empregado.
Principais propriedades:
• Ótima resiliência;
• Ductilidade;
• Peso específico 1,21g/cm3;
• Alongamento a seco 520 a 610%;
• Pouco sensível a raios U.V.;
• Excelente resistência a microorganismos.
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Acrílico (PAC)
O acrílico apresenta como características leveza e brilho.
Principais propriedades:
• Maciez;
• Alta resistência a solventes;
• Alta resistência à tração após estiramento;
• Baixa estabilidade térmica;
• Peso específico 1,17g/cm3;
• Alongamento a seco 34 a 38%;
• Muito boa resistência a intempéries (luz, raios U.V.);
• Excelente resistência a microorganismos.

Quadro 4 – Principais Fibras têxteis sintéticas


SENAI/CETIQT (2019)

1.1.4 IDENTIFICAÇÃO DAS FIBRAS TÊXTEIS

A composição dos artigos têxteis está relacionada diretamente ao desempenho do produto final desejado.

Não é possível usar qualquer tipo de fibra para trajes esportivos, ou, se houver uma
EXEMPLO mistura equivocada, o produto final pode não atender às expectativas do cliente.

Para identificar os diferentes tipos de fibra, utilizam-se três métodos: a análise morfológica (ou teste
de microscopia), os testes de chama (ou teste de combustibilidade) e de solubilidade.
A Figura 2 ilustra os três tipos de métodos.
Bruno Peon

Análise Teste de Teste da


Morfolágica Solubilidade Chama

Figura 2 – Classificação dos polímeros


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
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Análise morfológica: Também conhecida como teste de microscopia, trata-se


do estudo das características físicas de cada fibra, a partir da observação, em
microscópio ótico, da vista longitudinal e do corte transversal.
Teste de solubilidade: é um teste em que os principais componentes químicos
presentes nas fibras são identificados a partir do contato com diferentes produtos
químicos. Exemplo: o algodão (fibra celulósica), quando em contato com uma
GLOSSÁRIO solução de 30% de água com 70% de ácido sulfúrico, desaparece.
Teste de chama (ou combustibilidade): ainda que através do teste não se
conclua qual é a fibra, os resultados são importantes para direcionar a análise
morfológica (ou teste de microscopia) e o teste de solubilidade, de acordo com
as características de queima encontradas. Por exemplo, o algodão queima
rapidamente e produz fumaça de cor branca e odor igual a papel queimado.

Seguem, abaixo, algumas representações gráficas das principais fibras utilizadas em produtos têxteis na
vista longitudinal e no corte transversal.

FIBRA VISTA LONGITUDINAL CORTE TRANSVERSAL

Presença de torções naturais em sua Célula em formato de rim ou feijão, com


extensão longitudinal. presença de núcleo.

Algodão

Sua extensão longitudinal apresenta Não há uma característica intrínseca


uma linearidade na espessura, em à fibra, que será obtida em função do
função da estiragem, que ocorre no formato estipulado no processo de
processo de fiação química. fiação química.

Viscose

Quadro 5 – Classificação dos polímeros quanto ao comportamento mecânico


SENAI/CETIQT (2019)

O Quadro 6 demonstra os parâmetros de solubilidade dos tecidos.


Entretanto, existe uma classificação mais detalhada, que será relatada a seguir.
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FENOL-TETRACLORO-ETANO
HIDRÓXIDO DE SÓDIO

DIMETILFORMAMIDA
HIPOCLORITO DE NA

ÁCIDO SULFÚRICO

ÁCIDO SULFÚRICO

CICLOHEXANONA
SOLVENTE

ÁCIDO FÓRMICO
ÁC. CLORÍDRICO

ÁCIDO ACÉTICO
ÁC.NÍTRICO
M-CRESOL
M-XILENO
ACETONA

ACETONA

Concentração 80 100 5 5 1:1 59,5 70 100 100 100 60/40 65 85 10 98


Temperatura 20 20 100 100 30 30 30 139 90 139 40 20 20 156 95
Tempo (min) 5 5 10 5 5 45 20 5 10 5 5 10 5 5 5
Acetato S S PS S S S S S S S S
Acrílico S P
Fibras Vegetais S
Elastano PS PS S PS
Elastodieno S
Lã, pelos S S S S
Modacrílica S S S P S
Poliolefinas S
Poliester PS S S
Poliamida S S S S S S S S S
Seda
Triacetato S S S S S S S S S S
Viscose S S
Quadro 6 – Parâmetros de solubilidade dos tecidos
SENAI/CETIQT (2019)

1.2 FIOS

Os fios têxteis são os produtos finais do processo de fiação e caracterizam-se por possuir: diâmetro e com-
primento que podem variar de acordo com a necessidade de uso, formato que lembra uma estrutura cilín-
drica, e propriedades que o tornam um material apropriado à produção de tecidos e outros artigos têxteis.
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INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
24

A seguir serão trabalhadas as características dos fios.

1.2.1 CLASSIFICAÇÃO

Os fios têxteis podem ser classificados em dois grandes grupos, os fios obtidos de fibras descontínuas
(conhecidos por “ fio fiado”) e os filamentos contínuos:
• Fio fiado: Obtido a partir de fibras descontínuas ou fibras cortadas, é um segmento em forma linear
e de pequeno comprimento, por exemplo, os fios de algodão e misturas.
• Filamento contínuo: É um segmento em forma linear de comprimento indefinido. Por exemplo,
filamentos contínuos de Kevlar utilizados para proteção balística.

Os processos de fiação também se subdividem de acordo com o tipo de fio a ser obtido.
SAIBA A obtenção do fio fiado envolve uma série de máquinas e equipamentos. Já o processo
MAIS conhecido por fiação química é utilizado para produção de filamentos contínuos e
envolve um menor número de etapas.

1.2.2 TITULAÇÃO

GLOSSÁRIO Título é a denominação numérica que expressa indiretamente o diâmetro do fio.

Existem muitos sistemas de titulação utilizados na indústria têxtil divididos em dois grandes grupos, o
direto e o indireto. Iremos abordar os mais utilizados: o Tex, o Denier, o Métrico e o inglês.
O Quadro 7 abaixo apresenta as fórmulas e constantes utilizadas para os cálculos:

PARÂMETROS
DEFINIÇÃO CONSTANTE COMPRIMENTO MASSA FÓRMULA
(K) (C) (P)
Tex: dado pela massa de 1000 m de mate-
1000 m 1g 1000 m/g
GRUPO rial têxtil.
DIRETO DE T= K * P
TITULAÇÃO Denier: dado pela massa de 9000 m de C
9000 m 1g 9000 m/g
material têxtil.
Inglês: o título Ne é o número de meadas
com 768 m necessárias para obter a 768 m 454 g 0,59 g/m
GRUPO massa de 454 g de um material têxtil.
INDIRETO DE T= K * C
TITULAÇÃO Métrico: o título Ne é um número de mea- P
das com 1000 m necessárias para obter a 1000 m 1000 g 1 g/m
massa de 1000 g de um material têxtil.

Quadro 7 – Fórmulas e constantes utilizadas para os cálculos


SENAI/CETIQT (2019)
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
25

1.2.3 ESTIRAGEM, TORÇÃO E RESISTÊNCIA

A estiragem consiste no afinamento da massa de fibras ou do próprio fio. Imprescindível em qualquer


processo de fabricação de fios, por meio dessa operação, obtem-se a paralelização das fibras, promovendo
o aumento das forças de interação molecular.
A torção é o número de voltas da massa de fibras ou do próprio fio em torno do seu eixo, com a finalida-
de de uni-las e dificultar o deslizamento, proprocionando maior resistência à tração.
A figura a seguir ilustra os processos de estiragem e torção.

Sem torção Torção

Bruno Peon
Estiragem Torção
Figura 3 – Processos de estiragem e torção
Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Depositphotos
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26

1.3 TECIDOS

Os tecidos têxteis são materiais produzidos à base de fios de fibra natural, artificial ou sintética, tornan-
do-se coberturas de diversos tipos. Podem ser classificados a partir do tipo de entrelaçamento.
O Quadro 8 descreve essa classificação:

TECIDO PLANO TECIDO DE MALHA TECIDO NÃO TECIDO

Quadro 8 – Tipos de tecidos


SENAI/CETIQT (2019)

Cada tipo de tecido será tralhado com mais detalhe a seguir.

1.3.1 TECIDOS PLANOS

1.3.1.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Os tecidos planos são caracterizados pelo entrelaçamento perpendicular dos fios de trama e de urdu-
me. A camada longitudinal ou vertical que acompanha o comprimento do tecido é formada pelos fios de
urdume. A outra camada, disposta na transversal ou na horizontal do tecido, é formada pelos fios de trama.

1.3.1.2 LIGAMENTOS FUNDAMENTAIS E DERIVADOS

As diferentes formas de entrelaçamento desses fios irão caracterizar os diversos ligamentos dos tecidos
planos, que são os padrões de entrelaçamento dos fios que se repetem no tecido. Os ligamentos funda-
mentais são o tafetá (tela), a sarja e o cetim. Eles se diferenciam em função da quantidade de pontos toma-
dos e deixados, caracterizando-se pela evolução dos fios de urdume, conforme é ilustrado abaixo:
Bruno Peon

Ponto Tomado Ponto Deixado


Fio de urdume por cima da trama Fio de urdume por baixo da trama

Figura 4 – Cadeia química do monômero vinílico


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
27

O Quadro 9 descreve detalhadamente cada tipo de ligamentos fundamentais.

Tafetá ou Tela

É a menor base de armação e a mais utilizada, e não possui diferenças entre o lado direito e o avesso, a não
ser que exista algum tipo de acabamento ou estampa. Cada fio de urdume passa alternadamente sobre
um fio de trama e, logo após, abaixo de outro fio de trama, sendo que essa evolução do fio se repetirá por
todo o comprimento do tecido.

Sarja
A sarja caracteriza-se fundamentalmente pelo efeito visual de linhas diagonais que vão de um ex-
tremo ao outro do tecido.

Cetim
Os tecidos em cetim produzem uma superfície regular, o que dificulta a visualização do entrelaça-
mento, em razão dos muitos fios flutuantes. Apesar dos longos desligamentos contribuírem para o
atraente lustro dos tecidos cetim, eles possuem baixa resistência ao atrito.

Quadro 9 – Tipos de ligamentos fundamentais


SENAI/CETIQT (2019)

Para identificarmos as diversas formas de entrelaçamento dos tecidos planos,


deve-se seguir uma classificação técnica. A classificação comercial é baseada mais
FIQUE na aparência do tecido, do que no entrelaçamento de seus fios e, justamente pela
ALERTA! inexistência de parâmetros técnicos para uma classificação, encontramos diferentes
designações comerciais para um mesmo entrelaçamento de fios.

1.3.1.3 PRINCIPAIS PROPRIEDADES DOS TECIDOS PLANOS

A seguir, conheça as principais propriedades dos tecidos planos.


Gramatura
É a massa do tecido por unidade de área. Para o ensaio de gramatura podem-se utilizar as normas téc-
nicas ABNT NBR 10591: “Materiais têxteis – Determinação da gramatura de superfícies têxteis”. A gramatura
influencia propriedades como caimento, conforto e, principalmente, costurabilidade.
O Quadro 10 descreve o tipo de avaliação da gramatura.
g/m2 AVALIAÇÃO
P ƭ 140 Leve
140 £ P £ 250 Médio
P ţ 250 Pesado
Quadro 10 – Tipo de avaliação de gramatura
SENAI/CETIQT (2019)
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
28

Densidade
Indica quantos fios (trama ou urdume) foram alinhados por centímetro, no tecido, para sua formação.
Na indústria têxtil, representa-se a densidade de fios em fios/cm, no urdume, e batidas/cm, na trama.

FIQUE A densidade influencia diretamente na sensação de frescor do tecido, isto é, quanto


ALERTA! menor for o número de fios, mais aberto ele será, ocasionando essa sensação térmica.

Fator de cobertura
O fator de cobertura (FC) dos tecidos planos determina o “grau de aperto do tecido”. Ele é influenciado
pela densidade de fios (urdume e trama), dimensões do tecido como largura, comprimento a gramatura,
entre outras características.
O FC pode ser determinado através das equações 1, onde K1 e K2 são os fatores de cobertura do urdume
e trama respectivamente.

Kt = fator de cobertura do tecido;


K1 = fator de cobertura do urdume;
K2 = fator de cobertura da trama.

Onde:

K 1 = n 1 . t t1 .10 -1 K1 = fator de cobertura do urdume;


n1 = fios/cm no tecido cru;
tt1 = densidade linear do fio de urdume, em tex.

Onde:

K 2 = n 2 . t t2 .10 -1 K2 = fator de cobertura da trama;


n2 = fios/cm no tecido cru;
tt2 = densidade linear do fio de urdume, em tex.
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INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
29

1.3.2 MALHAS

A seguir serão tratados sobre as principais características das malhas.

1.3.2.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Diferentemente dos tecidos planos, os tecidos de malha são formados por laçadas que se unem lateral-
mente, através do trabalho de agulhas.

CURIOSI Muitas pessoas julgam que o campo da malharia restringe-se à fabricação de


vestuário. No entanto, constituem bons exemplos os tapetes, as redes de pesca e,
DADES mais recentemente, stents para o segmento de têxteis médicos.

Depositphotos
Classificamos a malha, segundo sua forma de obtenção, em malha por trama e malha por urdume.
O Quadro 11 descreve essa classificação:

Tecidos de malharia por trama


São aqueles em que os fios se entrelaçam no sentido da trama (horizontal). Nessa
forma de obtenção de tecido, o mesmo fio é entrelaçado por várias agulhas dispos-
tas lateralmente. Um único fio é suficiente para formar o tecido (industrialmente
utilizam-se vários fios).
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
30

Tecidos de malhas por urdume


São obtidos a partir do entrelaçamento de fios que estão posicionados de forma
paralela, no sentido do urdume (vertical). Cada fio é entrelaçado por uma agulha por
vez (é necessário, pelo menos, um fio para cada agulha da máquina). Os tecidos de
malha por urdume são mais uniformes, menos elásticos, mais brilhantes e tendem
a ser mais estáveis que os tecidos de malha por trama. Essas malhas são bastante
utilizadas nos produtos confeccionados, voltados à moda praia, roupas íntimas,
rendas e redes.

Quadro 11 – Malha por trama e malha por urdume


SENAI/CETIQT (2019)

A coluna e o curso são os elementos fundamentais da malha. A sucessão de laçadas no sentido vertical
forma a coluna, e a sucessão de laçadas no sentido horizontal forma o curso, conforme ilustra a Figura 5.

b
Coluna

a a

b
Bruno Peon

Curso
Figura 5 – Coluna X Curso
Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Dependendo do entrelaçamento, as faces podem ser iguais ou não. Quando os pés da malha superior
aparecem por sobre a cabeça da malha do curso anterior, tem-se o lado direito. No avesso, os pés da malha
superior ficam por baixo da cabeça da malha do curso anterior, conforme ilustra a Figura 6.
Bruno Peon

Figura 6 – Estrutura química do PET


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
31

1.3.2.2 LIGAMENTOS FUNDAMENTAIS E DERIVADOS

A seguir serão tratados os ligamentos fundamentais e derivados.


Tecidos de malha por trama
a) Jersey ou Meia Malha: É a mais simples das estruturas de malha por trama monofrontura. Caracteriza-
-se por ser um tecido elástico, com direito e avesso diferentes, facilmente identificáveis, e serve de base
para um número sem fim de tecidos, como os populares moletom e piquê, muito utilizados nas camisas
Polo.
A Figura 7 ilustra esse tipo de malha.

Bruno Peon
Figura 7 – Malha Jersey
Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

b) Rib: É a estrutura mais simples e utilizada entre a gama de tecidos de malha dupla frontura, obtida
através da alternância do sentido das malhas em suas colunas. São tecidos mais elásticos que os de base
meia malha, e são muito utilizados na confecção de punhos que compõem camisetas, blusas e casacos.
A Figura 8 ilustra esse tipo de malha.

Bruno Peon

Figura 8 – Malha Rib


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Tecidos de malha por urdume


Os tecidos são obtidos através de combinações de ligamentos, obtendo-se, desse modo, uma infinida-
de de estruturas diferentes. Esquematizaremos, a seguir, os cinco ligamentos básicos da malha por urdi-
mento (Figura 9A) e seus derivados (Figura 9B):
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
33

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1.3.2.3 PRINCIPAIS PROPRIEDADES DOS TECIDOS DE MALHA

A seguir serão tratadas as principais propriedades dos tecidos de malha.


Densidade
A densidade do tecido de malha está relacionada à quantidade de cursos e colunas de malha presentes
em uma determinada área. A quantidade de cursos, multiplicada pela quantidade de colunas existentes,
representa a densidade do tecido.

FIQUE Na prática, geralmente, a densidade é contada com uma lupa ou lente de


ALERTA! aumento, marcando a área estabelecida.

Gramatura
É a expressão de sua massa por determinada área, expressa, normalmente, em gramas por metro qua-
drado (g/m²). Nos tecidos de malha, a gramatura é correspondente ao peso do fio gasto para fabricar o
metro quadrado daquele tecido e varia em função da densidade.
Comprimento do ponto e fator de cobertura
O comprimento do ponto é a medida correspondente ao comprimento de fio necessário à alimentação
da agulha em um ciclo de malha.
Na Figura 10A, é possível visualizar um esquema de malhas com laçadas grandes ou maiores do que as
laçadas da figura 10B.
Bruno Peon

Figura 10 – Malhas com laçadas grandes e maiores


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
34

Em função dessa diferença de tamanho das laçadas, podemos entender


SAIBA o porquê de haver uma maior densidade do tecido B: quanto menor o
MAIS comprimento de ponto, maior a densidade.

A cobertura do tecido também dependerá desse comprimento de ponto ou, mais especificamente, da
relação entre esse ponto e o título do fio utilizado na fabricação. Essa relação é conhecida como fator de
cobertura da malha e reflete numericamente o chamado grau de aperto dela. É por meio do fator de co-
bertura que podemos determinar o comprimento de ponto ideal para a fabricação de determinado tecido.
Esse fator é determinado pela equação a seguir.

Onde:

Tex FC = Fator de Cobertura;


FC =
comp.ponto Ttex = Título de fio no sistema Tex;
comp.ponto = tamanho da laçada, express em cm.

A decisão sobre qual valor a ser utilizado para o cálculo do comprimento do ponto deve ser tomada
com base nas características desejadas para o produto, como, por exemplo, a gramatura desejada, os níveis
de encolhimento buscados e a largura com que ele será acabado.
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
35
Tecnologia dos processos têxteis
2

Neste segundo tópico será trabalhada a tecnologia dos processos têxteis.

2.1 FIAÇÃO

Qual o objetivo do processo de formação do fio?


Esse processo tem como objetivo transformar e adequar as fibras ou filamentos que chegam
à indústria de fiação, para que sirvam como matéria-prima para o processo de formação dos
tecidos planos e de malha. Basicamente, existem dois tipos de fiação na indústria têxtil:
• A fiação de fibras descontínuas: também conhecida por fiação convencional, origina o
fio fiado, como os fios 100% algodão e suas misturas.
• A fiação química: produz os filamentos contínuos, também conhecidos por fibras quí-
micas, como a viscose e o poliéster.
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2.1.1 PROCESSO DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL DO FIO FIADO

Como o fio é obtido?


Por meio de operações que provocam mudanças físicas no material, fazendo com que as
fibras descontínuas sejam orientadas longitudinalmente, agrupadas e presas umas às outras,
dando origem a um único material com diâmetro definido e comprimento limitado. Os dis-
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
38

tintos fluxogramas englobam uma gama de maquinários e equipamentos que possuem como principais
funções as operações de: abertura, limpeza, individualização, paralelização, estiragem e torção.
Esses sistemas e fluxogramas serão tratados a seguir.

2.1.1.1 SISTEMAS E EQUIPAMENTOS

Conheça a seguir as funcionalidades de cada equipamento.


Sistema de abertura
Máquinas interligadas por tubulações que abrem, limpam (fragmentos de folhas, caule, neps e outras
impurezas) e misturam as fibras no processo de formação do fio fiado, conforme ilustra a Figura 11.

Figura 11 – Sistema de abertura


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Carda
Recebe a matéria-prima, em forma de flocos ou de manta, do sistema de abertura e, após o processa-
mento, o material sai na forma de fita. Realiza operações de limpeza, mistura, orientação longitudinal e
estiragem, conforme ilustra a Figura 12.

Figura 12 – Maquinário de carda


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Passador
Diminui as irregularidades da fita de carda e a prepara para as operações subsequentes, como uniformi-
zar o diâmetro da fita por duplicação. Ele mistura e paraleliza as fibras, aumentando o alinhamento, e estira
as fitas, reduzindo sua massa, conforme demonstra a Figura 13.

Figura 13 – Passador
Fonte: SENAI/CETIQT (2019)
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
39

Reunideira
É responsável por converter as fitas de passador em um formato adequado à penteagem. Além de for-
mar o rolo de manta, ela rearranja as fibras para não danificarem as agulhas dos pentes e também evita a
perda de fibras longas. Observe a Figura 14.

Figura 14 – Reunideira
Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Penteadeira
A penteadeira remove as fibras curtas, impurezas e neps da manta formada, possibilitando produzir fios
finos com alta uniformidade, resistência, maciez e boa aparência visual, conforme ilustra a Figura 15.

Figura 15 – Penteadeira
Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Maçaroqueira
A maçaroqueira recebe as fitas do passador, estira e dá uma pequena torção, e o material sai na forma
de um pavio. Observe a Figura 16.

Figura 16 – Maçaroqueira
Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Filatório de anel
Recebe o pavio da maçaroqueira, estira-o até o título desejado e insere torção para tornar o fio resisten-
te. Observe a Figura 17.

Figura 17 – Filatório de anel


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
40

Filatório a rotor
É uma tecnologia que dispensa o uso da maçaroqueira e enroladeira. O material entra na forma de fita
de carda (ou passador) e sai em forma de fio singelo, envolvendo estiragem e torção. A desvantagem é não
conseguir fazer alguns fios muito finos. Observe a Figura 18.

Figura 18 – Filatório a rotor


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Filatório a jato de ar
Também dispensa o uso da maçaroqueira e enroladeira. O material de entrada é a fita do passador (ou
penteadeira), envolvendo estiragem e torção, alcançando velocidades de produção em torno de 350 m/
min. Observe a Figura 19.

Figura 19 – Filatório a jato de ar


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Enroladeira
É responsável por converter pequenas embalagens (espulas) do processo de fiação a anel em uma nova
embalagem capaz de suportar um comprimento maior, conforme ilustra a Figura 20.

Figura 20 – Enroladeira
Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

2.1.1.2 FLUXOGRAMAS

Conheça a seguir os diferentes fluxogramas para cada tipo de fio.


a) Fio singelo cardado obtido no filatório de anel
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
41

Algodão em pluma Flocos ou manta


Sala de Abertura

Fita
Carda

Fita
Passador – 1ª passagem

Fita
Passador – 2ª passagem

Pavio
Maçaroqueira

Fio singelo
Filatório de anel

Fio singelo
Enroladeira

b) Fio singelo penteando obtido no filatório de anel

Algodão em pluma Flocos ou manta


Sala de Abertura

Fita
Carda

Fita
Setor de penteagem

Pré-passador

Manta
Formadora de manta

Fita
Penteadeira

Fita
Passador – 1ª passagem

Fita
Passador – 2ª passagem

Pavio
Maçaroqueira

Fio singelo
Filatório de anel

Fio singelo
Enroladeira

Para a produção de fios penteados necessita-se de fibras de algodão com qualidade


FIQUE superior às utilizadas na produção de fios cardados. Essa qualidade está associada às
ALERTA! diversas características que as fibras possuem, tais como comprimento, resistência e
maturidade, entre outras.
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
42

c) Fio singelo cardado no filatório a Rotor

Algodão em pluma Flocos ou manta


Sala de Abertura

Fita
Carda

Fita
Passador – 1ª passagem

Fita
Passador – 2ª passagem

Fio singelo
Filatório de rotor

Esse fluxo de processo permite uma alta capacidade de produção, porém não se adequa à produção de
fios penteados, sendo mais recomendado para a fabricação de fios médios e grossos.

SAIBA Os fios retorcidos são obtidos em uma máquina conhecida por retorcedeira
MAIS alimentada por 1 ou mais fios singelos.

Destinação de resíduos: a fiação convencional é uma das etapas que mais


GLOSSÁRIO geram resíduos sólidos, as operações de abertura e limpeza necessárias a
produção dos fios

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2.1.2 FIAÇÃO QUÍMICA

O que é fiação química?


É o processo utilizado para a obtenção do filamento contínuo proveniente de modificações químicas
em matérias-primas naturais ou de sínteses químicas. Dependendo das características da matéria-prima,
podem ser realizados três diferentes processos de fiação: via úmida; via seca e por fusão.
A Figura 21 apresenta o organograma que fundamenta essa etapa industrial.
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
43

FIAÇÃO QUÍMICA

FIO DE FILAMENTO
CONTÍNUO

Via úmida Via seca Fiação por fusão

Bruno Peon
Fio monofiamento Fio multifiamento

Figura 21 – Estrutura química do PET


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Conheça a seguir cada etapa do processo de fiação.


Fiação via úmida
É utilizada para a produção de filamentos de matérias-primas de difícil solubilização. A solução viscosa ob-
tida é forçada a passar por uma fieira e, posteriormente, ocorre a extração do solvente colocado no filamen-
to. O filamento obtido apresenta as mesmas características químicas da matéria-prima original, no entanto,
apresenta-se em um novo formato, por exemplo a viscose. Esse processo pode ser observado na Figura 22.
Bruno Peon

Figura 22 – Processo de fiação úmida


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

SAIBA O liocel é uma fibra artificial com as mesmas características da viscose. No entanto,
MAIS seu processo de produção é ambientalmente correto utilizando solventes orgânicos.

Fiação seca
É utilizada para a obtenção de filamentos de matérias-primas que não são muito resistentes a tempe-
raturas altas, mas sensíveis e estáveis na presença de solventes aquecidos (não aquosos). A solidificação
ocorre pela evaporação do solvente utilizado. Por meio desse procedimento, são obtidos os filamentos de
acetato de celulose, acrílico e elastano. Esse processo pode ser observado na Figura 23.
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
44

Bruno Peon
Figura 23 – Processo de fiação seca
Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Fiação por fusão


É utilizada para a produção de filamentos que mantêm suas propriedades quando fundidos em altas
temperaturas. A ideia é fundir o material e, posteriormente, forçar a passagem dessa massa fundida pela
fieira, na qual serão conformados os filamentos. Observe a Figura 24.
Bruno Peon

Figura 24 – Processo de fiação seca


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)
Depositphotos
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
45

A seguir, conheça as etapas após a fiação química.


Etapas após a fiação química
Após a formação dos filamentos, algumas etapas são necessárias para a sua completa consolidação, como:
a) Estiramento: Para que os filamentos possuam resistência à tração efetiva, eles são submetidos a um
processo de estiramento que aumenta seu comprimento e orienta as moléculas. Essa etapa pode ser feita
a quente. Observe a Figura 25.

Bruno Peon
Figura 25 – Estrutura química do PET
Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Após sair da extrusora e passar pelo sistema de resfriamento, os filamentos são encaminhados para
a seção de estiramento, que é um equipamento no qual estão posicionados os godets. O filamento é
alimentado até o primeiro godet (posição 1), no qual é laçado de cinco a seis vezes, passando para o
segundo godet (posição 2), e segue dessa forma sucessivamente (posição 3) até o último godet que
compõe o sistema (posição 4).
b) Crimping: São ondulações mecanicamente feitas aos filamentos, de modo a garantir melhores
propriedades de mistura, quando em combinação com outros tipos de fibra.
c) Corte: Após a obtenção dos filamentos, muitas vezes é necessário que a sua entrega seja feita na
forma de fibra cortada, em comprimento pré-determinado.

Fibras de poliéster que posteriormente serão misturadas com fibras de algodão no


EXEMPLO processo de fiação convencional.

2.2 TECELAGEM

Os tecidos planos são resultantes do entrelaçamento de dois conjuntos de fios que se cruzam em ângu-
lo reto e são obtidos em duas etapas:
1. Preparação: fase de adequação dos fios adquiridos para o processo de tecimento, constituída pelos
processos de enrolamento, urdimento, engomagem, remeteção e engrupagem;
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
46

2. Tecimento: Processo no tear onde os movimentos sincronizados permitem obter o tecido.


Conheça essas etapas com mais detalhe a seguir.

2.2.1 PREPARAÇÃO

A Figura 26 descreve as etapas de preparação.

Preparação do Preparação do
fio de trama fio de urdume

Enrolamento Enrolamento

Urdimento

Engomagem

Remeteção

Tecelagem plana

Figura 26 – Etapas de preparação


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Conheça cada etapa a seguir.


Enrolamento
Visa adequar os fios em embalagens específicas para alimentação das máquinas de preparação e tece-
lagem propriamente dita. Esse processo inicia-se na passagem dos fios dos filatórios ou das retorcedeiras
para embalagens apropriadas para alimentar a trama no tear ou nas gaiolas do urdimento. Deve-se consi-
derar, nesse processo, o número de espiras, comprimento do fio, forma e peso das embalagens. A Figura
27 ilustra essas embalagens.

Queijo Queijo Embalagem Cone 4º20’


cônico cilíndrica

Figura 27 – Embalagens para enrolamento


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Urdimento
Após a preparação das embalagens dos fios, os rolos de urdume são produzidos na urdideira, que é res-
ponsável por agrupar um grande número de fios em um carretel. Dependendo das características do tecido
e da padronagem, pode-se utilizar a urdideira contínua e a urdideira seccional, conforme ilustra a Figura 28.
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
47

Figura 28 – Urdideiras contínua e seccional


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

O Quadro descreve as funcionalidades das urdideiras contínua e seccional.

URDIDEIRA CONTÍNUA (OU DIRETA) URDIDEIRA SECCIONAL (OU INDIRETA)

Reúne os fios sobre vários rolos de diâmetro relati- Reúne todos os fios em um só rolo, dispensando
vamente grande. máquinas auxiliares.
Utilizada quando deseja-se confeccionar rolos de
Utilizada quando deseja-se confeccionar rolos mais
urdume com rapport mais simples, conhecidos
complexos, como tecidos listrados ou xadrezes.
como rolos lisos.
Quando se trabalha com fios retorcidos ou
Quando se trabalha com fios singelos é necessário
entrelaçados por urdume, não se faz necessário o
realizar o processo de engomagem dos fios.
processo de engomagem dos fios.

São voltadas para tecelagens que produzem arti- São voltadas para tecelagens que produzem uma
gos simples e de alta produção. diversidade de artigos.

Quadro 12 – Funcionalidades das urdideiras contínua e seccional


SENAI/CETIQT (2019)

Engomagem
Esse processo ocorre quando os fios de urdume necessitam ser recobertos por uma camada de subs-
tância natural ou sintética, permitindo que resistam aos atritos e às fortes tensões a que serão expostos
durante o processo de tecimento, conforme ilustra a Figura 29.

Figura 29 – Processo de engomagem


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
48

Remeteção
É um processo em que cada fio de urdume é passado por vários elementos da máquina de tecer, e só se
faz necessário quando há mudança na padronagem.
Engrupagem
É a emenda dos fios do rolo de urdume que estão no tear com os fios de urdume do rolo substituto
quando os fios de urdume no tear acabam.

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Tecimento
Para o processo de tecimento, todos os componentes do tear trabalham de forma sincronizada para
que o entrelaçamento dos fios de urdume e trama seja feito de forma rápida e eficiente. A Figura 30 ilustra
a constituição básica de um tear plano:

Figura 30 – Constituição básica de um tear plano


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

O processo de tecimento acontece a partir do perfeito sincronismo de cinco movimentos no tear:

Desenrolamento dos Enrolamento do


Abertura da cala Inserção da trama Remate da trama
fios de urdume tecido acabado
Bruno Peon
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
49

Conheça cada movimento com mais detalhe a seguir.


1) Desenrolamento dos fios de urdume: Libera os fios do rolo de urdume para a alimentação do tear,
que deve ser constante e com a mesma tensão;
2) Abertura da cala: É obtida através do movimento de subida e descida dos fios de urdume realizada
pelos quadros de liços. Tal programação define a padronagem do tecido, conforme ilustra a Figura 31;

Figura 31 – Movimento de abertura da cala


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

3) Inserção da trama: Após a formação da cala, ocorre a inserção de trama, que é a ação que consiste
em inserir perpendicularmente o fio de trama entre os fios de urdume no tear. Pode ser feita com lançadei-
ra, projétil, pinça, jato de ar ou jato de água. Observe a Figura 32;

Figura 32 – Movimento de inserção da trama


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

4) Batida do pente ou remate: É o movimento do pente que aproxima a trama inserida, colocando-a
na posição correta de formação do tecido, conforme ilustra a Figura 33;

Figura 33 – Movimento de batida do pente


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

5) Enrolamento do tecido acabado: O enrolador é responsável por puxar e enrolar o tecido formado
no tear e controlar a densidade de trama pretendida.
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
50

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2.3 MALHARIA

Conheça a seguir as máquinas e equipamentos de malharia.

2.3.1 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

O setor de malharia engloba alguns tipos e classes de máquinas com algumas particularidades em rela-
ção a seus componentes, ajustes e regulagens. As características e propriedades do produto e sua aplica-
ção final irão determinar o tipo de máquina a ser utilizada.
As máquinas de malharia podem ser classificadas em: malharia por trama e malharia por urdimento,
conforme ilustra a Figura 34.

MÁQUINAS DE MALHARIA

MALHARIA POR TRAMA MALHARIA POR URDIMENTO

RETILÍNEAS CIRCULARES RETILÍNEAS

Uma frontura Monocilíndricas Tricot


(Doméstico) (Jersey, meia-malha) (A. de prensa)

Dupla frontura Dupla frontura Raschel


(Industrial) (Rib, interlock) (A. de lingueta)

Figura 34 – Tipos de máquinas de malharia


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Conheça cada tipo de malharia com mais detalhe a seguir.


Malharia por trama
As máquinas retilíneas manuais são as mais simples e não possuem automatismo nenhum. No entanto, fo-
ram motorizadas ao longo do tempo e, atualmente, existem máquinas automáticas e semiautomáticas. Essas
máquinas produzem as estruturas monofrontura e dupla frontura, e são muito utilizadas para a produção de
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
51

golas, punhos e casacos. As Máquinas circulares podem ser de pequeno diâmetro, para fabricação de meias,
e de grande diâmetro, que são as mais comuns, usadas na produção de diferentes malhas em rolos.
As Figuras 35A e 35B ilustram as máquinas de malharia reta e circular.

Figura 35 – Máquina de malharia reta e circular


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Malharia por urdume


Dividem-se em teares KETTEN e teares RASCHEL, e diferem-se principalmente pelo ângulo de saída do
tecido, sendo utilizadas para a produção de tecidos para as mais variadas aplicações, desde o vestuário,
passando pelos tecidos voltados para a decoração, uso na agricultura, construção civil, material esportivo,
uso hospitalar, etc.
A Figura 36 ilustra a malharia tipo Ketten.

Figura 36 – Tear Ketten


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)
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INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
52

2.4 BENEFICIAMENTO TÊXTIL

Após a transformação de fibras têxteis em produtos como fios, malhas e tecidos, é necessário submetê-los
a processos físicos e químicos que visam melhorar sua aparência, toque ou desempenho. Essa é a função do
beneficiamento. Para chegar ao produto final, é necessário, na maioria das vezes, passar por 3 etapas:
1. Beneficiamento primário;
2. Beneficiamento secundário;
3. Beneficiamento terciário.
Conheça cada etapa a seguir.

2.4.1 BENEFICIAMENTO PRIMÁRIO

Nessa etapa, prepara-se o substrato de maneira eficaz, para evitar problemas de irregularidades, man-
chas e falta de hidrofilidade, e para que outros defeitos sejam revelados nas etapas posteriores de obten-
ção de cor, seja por tingimento ou por estamparia. Podem ser feitos por processos físicos ou químicos,
conforme ilustra a Figura 37.

Desengomagem
Escovagem
Purga
QUÍMICO
FÍSICO

Navalhagem
Alvejamento
Chamuscagem
Mercerização / Caustificação

Figura 37 – Processos físicos ou químicos do beneficiamento primário


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

2.4.1.1 PROCESSOS FÍSICOS

Os tratamentos físicos removem os segmentos de fibras projetados da superfície dos tecidos que con-
ferem aspecto de envelhecimento e reduzem o brilho dos tintos e estampados.
Conheça cada etapa dos processos físicos a seguir.
Chamuscagem
Elimina as pontas de fibras por queima, bem como fibras não presas ao fio pela torção, tornando-os
mais uniformes, lisos e limpos. A Figura 38 ilustra o processo de chamuscagem.

Figura 38 – Tecido plano antes e após a chamuscagem


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
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Escovagem
É utilizada quando for necessário remover fibras curtas ou soltas, além de algumas sujeiras presentes na su-
perfície. Indispensável em artigos de lã e artigos que contenham fibras curtas. A Figura 39 ilustra esse processo.

Figura 39 – Processo de escovagem


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Navalhagem
É a operação que regula a altura das fibras levantadas durante a escovagem por meio do corte. As fibras
são levantadas e direcionadas para o corte, conforme ilustra a Figura 40.

Figura 40 – Processo de navalhagem


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

2.4.1.2 PROCESSOS QUÍMICOS

Complementam os processos físicos removendo óleos, ceras e sujidades, e também alteram a coloração
natural das fibras e melhoram as performances nos processos posteriores.
Conheça cada etapa dos processos químicos a seguir.
Cozinhamento
É o processo que elimina as ceras, gorduras e substâncias minerais das fibras vegetais. No caso das fibras
sintéticas, o cozinhamento remove impurezas adquiridas no processo de tecelagem ou malharia, como
óleos lubrificantes. O Quadro 13 descreve as substâncias presentes na fibra de algodão.
COMPONENTE % SOLÚVEL EM ÁGUA
Celulose 88-96 Não
Material proteico 1,1-1,9 Alguns
Pectina 0,7-1,6 Não
Minerais 0,7-1,6 Alguns
Cera 0,4-1 Não
Açúcares 0,3-0,5 Sim
Outros 0,5-0,7 Alguns

Quadro 13 – Substâncias presentes na fibra de algodão


SENAI/CETIQT (2019)
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Desengomagem
A goma adicionada no processo de tecelagem plana é extremamente prejudicial aos processos de be-
neficiamento e deve ser removida, já que prejudica a absorção de corantes e causa sua deterioração. A
Figura 41 ilustra o processo de desengomagem.

Figura 41 – Processo de desengomagem


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Alvejamento
Após o cozinhamento, algumas impurezas pigmentadas, naturais e adicionadas permanecem na fibra e
elas podem alterar a tonalidade de cores claras. O alvejamento remove essas impurezas, utilizando oxidan-
tes como hipoclorito de sódio, peróxido de hidrogênio e perborato de sódio, conforme ilustra a Figura 42.

Figura 42 – Tecido cru e tecido após alvejamento


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

SAIBA Comparar o alvejamento com Hipoclorito com os outros tipos quanto a


MAIS toxicidade do Hipoclorito

Mercerização
Consiste no tratamento das fibras celulósicas com soda cáustica sob tensão e tem como objetivo aumentar
a absorção de corante e o rendimento tintorial por causa do inchamento das fibras, conforme ilustra a Figura 43.

Figura 43 – Processo de mercerização


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
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Depositphotos
2.4.2 BENEFICIAMENTO SECUNDÁRIO

O que é beneficiamento secundário?


São os processos de tingimentos e estamparia que fornecem coloração ao material têxtil utilizando
compostos orgânicos e inorgânicos.
Conheça a seguir cada etapa desse processo.

2.4.2.1 TINGIMENTO

O que é tingimento?
É um processo que consiste em aplicar corantes por meio de uma solução ou dispersão, fazendo com
que a luz refletida provoque uma percepção de cor. Existe uma variedade de sistemas, maquinários e tipos
de corantes adequados a cada tipo de fibra, fio ou tecido.

Os corantes são compostos orgânicos ou inorgânicos solúveis ou dispersáveis em


SAIBA água, que são aplicados em meio aquoso proporcionando interação fibra-corante.
MAIS A escolha do corante dependerá de fatores como: tipo de fibra, equipamento
disponível, solidez desejada e custo.

Existem duas técnicas de aplicação nos processos de beneficiamento secundário:


• Por esgotamento: Quando o material têxtil é imerso em um banho contendo químicos e/ou coran-
tes, permanecendo por um determinado tempo, até que o final da reação ocorra;
• Por impregnação: quando se força o banho a penetrar no interior do material têxtil utilizando pres-
são e/ou temperatura.
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
56

Para cada uma desta técnicas, existem equipamentos específicos, por exemplo, o Jiger para beneficia-
mento primário e secundário por esgotamento de tecidos planos, conforme ilustra a Figura 44.

Figura 44 – Jigger para beneficiamento de tecidos planos


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

A deposição e a fixação do corante no substrato têxtil podem ocorrer utilizando três diferentes sistemas:
Descontínuo
Ocorre por esgotamento na mesma máquina seguindo um ciclo, como preparação, tingimento e lava-
gem, sem a necessidade de descarregar o substrato têxtil, porém renovando os banhos.
Semicontínuo
Faz-se a impregnação, e o tecido fica em repouso por algumas horas para a reação acontecer. Logo após
essa etapa, o tecido segue para outra máquina para lavar.
Contínuo
Ocorre sem paradas, utilizando temperatura ou vapor. O efeito desejado é obtido em menor tempo,
portanto, esse sistema é recomendado para produções de maior metragem. A Figura 45 demonstra um
exemplo de processo contínuo. Bruno Peon

Figura 45 – Exemplo de processo contínuo


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

2.4.2.2 ESTAMPARIA

O que é estamparia?
É o processo que transfere cor e desenhos ao material têxtil, utilizando-se de diferentes técnicas como:
A quadros
É a técnica em que a pasta de estampar é forçada a passar através de um tecido (poliéster ou poliamida,
geralmente) que contém pequenos furos, no qual é gravado o desenho. Pode ser realizado manualmente
ou mecanicamente. A Figura 46 ilustra esse processo
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
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Figura 46 – Estampagem a quadros


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Telas rotativas
É semelhante à estamparia por quadros, mas, nesse caso, as telas são constituídas por cilindros geral-
mente de níquel que recebem gravações na superfície.
Termotransferência
É o processo que consiste em primeiro estampar uma imagem sobre um suporte intermediário, em
geral, papel, e depois transferi-lo para o material têxtil sob pressão e ação do calor. Pode se dar por subli-
mação, utilizada somente para tecidos de poliéster, e por contato, quando a imagem a ser estampada está
contida em um filme aderido ao papel que é transferido para o tecido. A Figura 47 ilustra esse processo.

Figura 47 – Prensa para transferência por contato


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Digital
Utiliza “cabeças de impressão” (similares às que encontramos nas impressoras domésticas), com corantes
(ou pigmentos) de última geração, específicos para tecidos. Isso garante propriedades superiores, frente aos
outros métodos, com grande benefício ao meio ambiente, uma vez que esse processo necessita de quantida-
des muito menores de água, produtos químicos e energia. A Figura 48 ilustra uma impressora digital.

Figura 48 – Impressora digital


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
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2.4.3 BENEFICIAMENTO TERCIÁRIO

Na etapa de beneficiamento terciário (ou acabamento final), o material têxtil passará a ter todas as
características necessárias para que seu desempenho seja o melhor possível, atendendo as exigências do
consumidor. Pode ser realizado através de processos físicos ou químicos.
Conheça esses processos a seguir.

2.4.3.1 PROCESSOS FÍSICOS

O que são processos físicos?


São aqueles que produzem o efeito desejado através de uma ação mecânica e/ou térmica, sem a utili-
zação direta de produtos químicos como:

Calandragem
O acabamento é obtido quando se passa o tecido entre dois cilindros rota-
tivos, um deles aquecido. Os principais efeitos são: redução da espessura do
tecido, aumento do brilho, toque sedoso e redução do esgarçamento.

Pré-encolhimento (sanforização)
Previne o encolhimento em tecidos fabricados com fibras naturais ao provo-
car, mecanicamente, um encolhimento no tecido, forçando-o a acompanhar
os movimentos de expansão e contração de um manchão de borracha. Dessa
forma, evita-se um encolhimento excessivo após a primeira lavagem caseira.
A máquina é conhecida como sanforizadeira.

Estabilização dimensional
Esse processo é realizado na máquina denominada “rama”, na qual o tecido é
preso pelas ourelas enquanto atravessa um campo de aquecimento. A largura
desejada é então alcançada através da modificação do arranjo interno das
fibras devido à ação do calor, umidade e tensão.

2.4.3.2 PROCESSOS QUÍMICOS

Acabamentos químicos envolvem o uso de produtos químicos específicos que irão modificar o tecido
de forma que sua funcionalidade ou atratividade sejam melhoradas

Atualmente pode-se dizer que existe um número ilimitado de acabamentos para


FIQUE atender aos mais diferentes propósitos. É importante ressaltar que a utilização
ALERTA! da nanotecnologia permite a obtenção de materiais para as mais diversificadas e
específicas aplicações.
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
59

Seguem alguns exemplos de processos químicos de acabamento final:


• Amaciamento: Lubrifica os fios de forma que deslizem mais facilmente uns sobre os outros, e também
causa diminuição da força de atrito entre os dedos e o tecido, resultando em uma percepção de maior maciez.
• Impermeabilização: Consiste em tratar o tecido, adicionando compostos que atuam na superfície
da fibra, reduzindo sua tensão superficial, dificultando ou impedindo o espalhamento de um determinado
líquido em sua superfície. Os compostos mais utilizados são emulsões de parafina, resinas e compostos à
base de fluorcarbono, este último sendo o único capaz de repelir água e óleo simultaneamente.
• Antirruga: Através da aplicação de resinas, aumenta-se a elasticidade das fibras, proporcionando
aos produtos alta capacidade de recuperação ao enrugamento. As rugas são alisadas, não só durante a
utilização do tecido, mas também após sua lavagem.
• Antichama: O acabamento antichama consiste em adicionar um agente retardante de chama, que
irá atuar interrompendo o processo de retroalimentação. Produtos à base de nitrogênio, fósforo, amônio e
boro são os mais utilizados como retardantes de chama. O ensaio de flamabilidade avalia a eficiência des-
ses agentes, conforme ilustra a Figura 49.

Figura 49 – Exemplo de ensaio de flamabilidade: antes e depois da queima


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

2.4.4 REVISÃO

Durante o processo de tecimento, ocorrem inspeções das superfícies dos tecidos e, quanto mais rápido
for detectado o defeito, mais rápido ocorrerá a eliminação da causa e menor será o impacto negativo nos
índices de produção, qualidade e custo. A revisão dos tecidos (planos e malhas) normalmente é realizada
em duas fases: no tecido cru e no tecido beneficiado. Existem tecelagens que inspecionam e classificam
todos os rolos de tecidos produzidos por artigos e outras que inspecionam alguns rolos de tecidos por
amostragem aleatória.
Durante o processo de revisão, confere-se a largura do tecido em vários pontos da peça, a fim de verifi-
car se está com o tamanho previamente determinado. A verificação do comprimento é realizada ao final do
tecimento (normas da ABNT NBR 12005/1992 e NBR 10589/2006, e a norma internacional ASTM D 3774-96).
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
60

Normalmente, o método de classificação mais utilizado é o sistema de quatro pontos, que, ao final, se
expressa em defeitos por 100 metros quadrados. Esse método é padronizado pela norma técnica da ABNT
NBR 13484/2004: “tecidos planos – método de classificação baseado em inspeção por pontuação de defei-
tos”, que é utilizada com a ABNT NBR 13378/2006: “tecidos planos – defeitos – terminologia”.

O aparelho utilizado é a revisadeira, que deve atender às seguintes condições: Depositphotos

• Área de visão plana;


• Velocidade constante adequada ao tipo de tecido;
• Iluminação direta de fonte fluorescente branca com nível adequado (mínimo de 100 velas);
• Velocidade constante adequada ao tipo de tecido;
• Mecanismos de inspeção automatizados devem atender especificações previas.
O Quadro 14 demonstra a pontuação por defeitos

EXTENSÃO DO DEFEITO PONTUAÇÃO


Até 7,5 cm 1
De 7,6 a 15,0 cm 2
De 15,1 a 23,0 cm 3
Acima de 23,1 cm 4

Quadro 14 – Pontuação por defeitos


SENAI/CETIQT (2019)
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
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Em seguida, calcula-se o número de pontos por 100 m2 através da fórmula abaixo.

total de pontos x 100


Pontos/100 m² =
CxL

Onde:
• Total de pontos é a soma dos pontos de uma unidade de acondicionamento;
• C é o comprimento do tecido, em metros;
• L é a largura do tecido, em metros.
A revisão ainda pode ser feita com o auxílio de sistemas de rastreabilidade computadorizados (visão
eletrônica), que possuem memorizados os defeitos e seus índices de qualificação e classificação.

Durante o processo de tecimento ocorrem inspeções das superfícies dos tecidos.


SAIBA Quanto mais rápido for detectado o defeito, mais rápido ocorrerá à eliminação da
MAIS causa e menor será o impacto negativo nos índices de produção, qualidade e custo.

Depositphotos
Fundamentos de têxteis técnicos
3

3.1 DEFINIÇÕES

Têxteis técnicos são materiais (fibras, fios, filamentos e tecidos) especificamente projetados
e desenvolvidos para a utilização em produtos, processos ou serviços de quase todas as áreas
industriais. Em outras palavras, são produtos que pretendem satisfazer requisitos funcionais
bem determinados, e não apenas características estéticas ou decorativas.
Quanto à sua aplicação, um têxtil técnico pode ser utilizado de três formas diferentes:
1. Como componente de outro produto, contribuindo diretamente para a sua resistência,
desempenho e outras propriedades (ex.: materiais de tipo compósito reforçados por têxteis);
2. Como ferramenta na produção de outro produto (ex.: filtros têxteis na indústria alimentar);
3. Isoladamente, desempenhando uma ou várias funções específicas (ex.: geotêxteis).

3.2 CATEGORIAS, APLICAÇÕES E PROPRIEDADES

Conforme mencionado anteriormente, os têxteis técnicos são materiais com aplicações es-
pecíficas, e existe uma classificação adotada internacionalmente, conforme a Figura 50.
Bruno Peon

Figura 50 – Classificação de têxteis


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

Segue a descrição e alguns requisitos dos materiais enquadrados:


INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
64

AGROTECH
Materiais utilizados para coberturas para a agricultura, piscicultura e horticultura. Devem permitir a
passagem de água e ar e proteger a cultura contra o ataque de insetos. O seu objetivo é o aumento da
produção e da qualidade, conforme ilustra a Figura 51.

Figura 51 – Processo de AGROTECH


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

BUILDTECH
São têxteis utilizados na construção civil. Hoje em dia é cada vez mais crescente a aplicação nesse setor
e, para 2020, estima-se um mercado global em torno de US$ 21,7 bilhões. A redução de custos e o aumento
da resistência ao fogo são alguns de seus benefícios.
CLOTHTECH
Nesta categoria incluem-se os componentes funcionais para calçado e vestuário.
GEOTECH
São geotêxteis e demais materiais utilizados na engenharia civil para a pavimentação de estradas, esta-
ções de tratamento, entre outras finalidades.
HOMETECH
Utilizados em componentes de mobiliário e coberturas.
INDUTECH
Produtos para a filtração como membranas e demais produtos na indústria.
MEDTECH
Nesta categoria, enquadaram-se todos os produtos têxteis desenvolvidos para atender a necessidades
específicas relativas a cuidados de saúde e higiene. Esses tipos de materiais devem possuir proprieda-
des específicas como: biocompatibilidade, bioatividade e atividade antimicrobiana. Alguns exemplos são
stents e curativos produzidos a partir de fibras biocompatíveis, conforme ilustra a Figura 52.

Figura 52 – Stents e curativos


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)
INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA TÊXTIL
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MOBILTECH
Aplicados nas partes integrantes de automóveis, aeronaves, trens, embarcações e motocicletas. Por
exemplo: os cintos de segurança, air bag e pneus.
OEKOTECH
Proteção do meio ambiente.
PACKTECH
Materias têxteis aplicados em embalagem e armazenagem.
PROTECH
Este segmento abrange os têxteis técnicos voltados para proteção pessoal, atendendo aos mais di-
versos segmentos, principalmente o militar e o industrial, fornecendo proteção à radiação, à eletricidade,
térmica, balística e ao fogo.

Fibras de Polianilina (Panox) e Kevlar, utilizadas para proteção ao fogo e balística


respectivamente, conforme ilustra a Figura 53.

EXEMPLO

Figura 53 – Materiais produzidos com fibras de polianilina


Fonte: SENAI/CETIQT (2019)

SPORTECH
Incluem-se os materias utilizados em têxteis que melhoram a performance na prática de esportes. O
principal requisito a ser atendido é evitar a perda de desempenho do atleta, proprocionando: aumento da
proteção e conforto, regulação térmica, permeabilidade ao ar/água, ausência de umidade, secagem rápi-
da, durabilidade, leveza e toque agradável.
Em casos mais específicos, deve oferecer as propriedades: antiestática, antimicrobiana, resistência UV,
resistência à chama, à água, a manchas, a cortes, etc.

SAIBA O elastano é uma das fibras mais utilizadas, devido a sua grande capacidade de
alongamento (em torno de 500%), sendo capaz de recuperar o comprimento
MAIS original mesmo após ciclos repetidos de alongamento e retração.
REFERÊNCIAS

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comentadas). Rio de Janeiro: Verde Editora, 2008.
ARAÚJO, M.; CASTRO, E. M. M. Manual de engenharia têxtil: volume 1. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1986.
ARAÚJO, M.; CASTRO, E. M. M. Manual de engenharia têxtil: volume 2. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1984.
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têxteis técnicos. Disponível em: http://www.abint.org.br/tecidostecnicos.html. Acesso em: 30 jan. 2019
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDUSTRIAS DE NÃOTECIDOS E TECIDOS TÉCNICOS. Workshop
têxteis técnicos. Disponível em: http://www.abit.org.br/conteudo/links/apresentacoes/2015/
abint_out-15/abint.pdf0. Acesso em: 30 jan. 2019
BARNES, Ralph. M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho. São Paulo:
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BRASIL. MINISTERIO DO TRABALHO E DO EMPREGO. Manuais e cartilhas. Disponível em: https://
enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/manuais. Acesso em: 02 fev. 2019.
BRUNO, F. S. Tecelagem: conceitos e princípios. Rio de Janeiro: SENAI/CETIQT, 1992.
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ERGMANN, N. et al. Ferramentas da qualidade: definição de fluxogramas para a confecção
de jalecos industriais. In: SEMANA INTERNACIONAL DAS ENGENHARIAS DA FACULDADE
HORIZONTINA, 2., 2012, Horizontina. Anais [...]. Horizontina, RS: FAHOR, 2012.
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RIBEIRO, Luiz Gonzaga. Introdução à tecnologia têxtil. Rio de Janeiro: SENAI/DN, 1982. v.2
GLOSSÁRIO
A

Análise morfológica, 22

Destinação de resíduos, 42

Fibra têxtil, 15

Teste de solubilidade, 22
Teste de chama (ou combustibilidade), 22
Título, 24

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