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FIAÇÃO
VOLUME 2
Conselho Nacional
FIAÇÃO
VOLUME 2
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ-
nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por
escrito, do SENAI.
Esta publicação foi elaborada pela equipe do SENAI CETIQT, com a coordenação do SENAI
Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI
nos cursos presenciais e a distância.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491f
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Fiação volume 2 / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil. Brasília: SENAI/DN,
2016.
v.2 : il. (Série Têxtil)
ISBN 9788550501208
CDU: 677.022
SENAI Sede
2 Fibras Têxteis....................................................................................................................................................................21
2.1 Principais propriedades das fibras.........................................................................................................22
2.2 Estudo das principais fibras naturais.....................................................................................................24
2.2.1 Algodão.........................................................................................................................................24
2.2.2 Linho...............................................................................................................................................29
2.2.3 Lã......................................................................................................................................................32
2.2.4 Seda................................................................................................................................................37
2.2.5 Amianto.........................................................................................................................................40
2.3 Estudo das principais fibras artificiais...................................................................................................42
2.3.1 Viscose............................................................................................................................................42
2.3.2 Triacetato e acetato de celulose...........................................................................................45
2.4 Estudo das fibras sintéticas.......................................................................................................................49
2.4.1 Obtenção dos polímeros.........................................................................................................50
2.4.2 Poliamida......................................................................................................................................51
2.4.3 Poliéster.........................................................................................................................................54
3 Fiação Química................................................................................................................................................................59
3.1 Técnicas de fiação química........................................................................................................................60
VOLUME 1
4 Mistura de Fibras.............................................................................................................................................................69
4.1 A classificação do algodão em pluma no brasil................................................................................70
4.2 Cuidados com a matéria prima...............................................................................................................75
4.3 Procedimentos para classificação do algodão...................................................................................80
4.4 Os padrões físicos universais americanos.........................................................................................80
4.5 A classificação visual e manual do algodão em pluma..................................................................82
4.6 Os procedimentos operacionais para classificação.........................................................................84
4.7 Grau de cor (color grade – cg).................................................................................................................85
4.8 Grau de folha (leaf gread - l.G.)................................................................................................................88
4.9 O comprimento da fibra........................................................................................................................ 105
5 Fios Têxteis........................................................................................................................................................................99
5.1 Definição do fio têxtil............................................................................................................................... 100
5.2 Classificação do fio têxtil........................................................................................................................ 100
5.2.1 Fiação convencional.............................................................................................................. 101
5.2.2 Fio cardado (processo cardado)........................................................................................ 102
5.2.3 Fio penteado (processo penteado).................................................................................. 102
Referências......................................................................................................................................................................... 123
Índice................................................................................................................................................................................... 128
Referências......................................................................................................................................................................... 299
Índice................................................................................................................................................................................... 303
9 Testes................................................................................................................................................................................ 353
9.1 Teste para matéria-prima........................................................................................................................ 353
9.2 Teste na linha de abertura, mistura, limpeza e cardagem.......................................................... 354
9.3 Teste das características da matéria-prima em processo............................................................ 354
9.4 Teste no fio................................................................................................................................................... 356
Referências......................................................................................................................................................................... 423
Índice................................................................................................................................................................................... 431
Os fardos de algodão chegam nas indústrias. Eles são envolvidos por cintas de arame que comprimem,
aproximadamente, 200 kg a 300 kg de fibras, gerando uma massa compacta que será armazenada.
A produção do fio tem início na abertura da massa. Como o próprio nome sugere, essa operação con-
siste em submeter a massa de fibras compactada a uma ação mecânica, produzida manualmente ou por
componentes específicos das máquinas de preparação à fiação.
Shutterstock / chuyuss
Victor Nascimento
Figura 2 - Divisões da massa em flocos
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
Victor Nascimento
A eficiência dessa operação pode ser medida a partir do grau de abertura, que é estimado medindo
a massa em miligramas dos flocos resultantes do processo. No entanto, em função da complexidade de
obter esse índice, avalia-se a eficiência da abertura indiretamente, acompanhando a quantidade de resí-
duo gerado, a quantidade de fibras boas presentes no resíduo e o comprimento médio das fibras após a
operação de abertura.
Um dos maiores problemas que ocorrem na operação de abertura, diminuindo sua eficiência, é pro-
vocado pela ação mecânica inadequada, gerando a redução do comprimento das fibras, em função de
eventuais quebras e embaraçamento. Este último evento é chamado “neps”.
A abertura das fibras acontece em outras etapas do processo, mas não de forma tão intensa como na
sala de abertura.
Sala de abertura
Carda
Passador 1ª passagem
Passador 2ª passagem
Maçaroqueira
Conicaleira
Na operação de limpeza das fibras naturais, eliminamos todos os materiais estranhos presentes nelas.
Normalmente, a operação de limpeza é realizada juntamente com a de abertura, por meio de maquinários
específicos.
A eficiência da limpeza não pode estar dissociada do grau de abertura do material. Isso acontece por-
que as impurezas são encontradas na superfície do floco e no seu interior. Como só é possível remover as
sujeiras presentes na superfície, é preciso abrir os flocos de fibras, de forma que essas impurezas que esta-
vam em seu interior fiquem expostas.
Carda Carda
Passador 2ª passagem
Estiro reunidor
Maçaroqueira
Penteadeira
Filatório por anel
Passador 1ª passagem
Conicaleira
Passador 2ª passagem
Maçaroqueira
Conicaleira
Com respeito à mistura, temos, primeiramente, que fazer alguns esclarecimentos: a mistura de fibras
pode acontecer entre fibras de naturezas diferentes, como poliéster e viscose, bem como em relação a
fibras de mesma natureza, como a mistura de diferentes fardos de algodão.
Esse tipo de mistura tem como objetivo principal proporcionar ao produto final (fio, tecido e/ou peças
confeccionadas) propriedades físicas e químicas mais apropriadas ao uso, a partir das características indi-
viduais de cada fibra, por exemplo:
A mistura de poliéster e algodão em determinadas proporções cria um tecido que não amarrota muito,
é mais fácil de passar e tem um toque agradável. Isso é obtido porque estamos combinando as proprie-
dades dessas fibras. No caso, o algodão puro amarrota com facilidade devido a sua baixa resiliência, mas
fornece um bom toque. Já o poliéster, que possui maior resiliência, não amarrota com facilidade.
IStock/Lisovskaya
Figura 6 - Produto com mistura de fibras
Essa operação acontece no início do processamento na sala de abertura (sistema de abertura), ou numa
etapa posterior, nos passadores. Nas duas opções, é necessário um rigoroso controle de processo para que
a nova composição de fibras ocorra como planejado.
Normalmente, misturamos o material na sala de abertura quando desejamos fabricar fios grossos, com
título inferior a 20 Ne, pois além de ser a opção mais barata, é possível garantir a qualidade da mistura.
A mistura de fibras de mesma natureza tem como objetivo homogeneizar a massa de fibras provenien-
tes de diversos fardos com relação ao comprimento, finura, tipo, resistência, cor, entre outras. Assim, a mas-
sa de fibras não vai variar as características físicas do produto final. A homogeneização deve ser observada
ao longo de todo o processo de fiação.
De uma forma geral, a falta de homogeneização da massa, no que tange as suas características, decorre,
em parte, das condições de cultivo (no caso das fibras vegetais) e de condições de fabricação (no caso das
fibras não naturais). Esses fatos, até os dias de hoje, não sofreram modificações significativas, o que se impõe
como única opção para homogeneizar a massa de fibra, a operação de mistura.
Essa operação acontece, de forma mais intensa, no início do processamento das fibras, na sala de aber-
tura (sistema de abertura). Assim, os fardos que alimentam a fiação são dispostos na entrada do alimen-
tador (primeira máquina do sistema de abertura), dado um plano de mistura de fardo pré-estabelecido.
Essa ação visa minimizar as diferenças entre os fardos, tornando a massa de fibras mais homogênea. Em
seguida, a massa de fibras é processada em outros equipamentos da sala de abertura que colaboram para
a homogeneidade do material, como o misturador.
Muitas vezes, também, a mistura entre fibras de mesma natureza acontece com o intuito de diminuir
o custo do produto, porém nunca desprezando o aspecto técnico. Por exemplo: é possível, no início do
processo, introduzir na mistura de fardos virgens de algodão fardos compostos por fibras que já foram
processadas na fiação e se transformaram em desperdício. Essa operação de reaproveitamento de fibras
só é possível em fios muito grossos e numa proporção mínima, pois caso contrário a qualidade do produto
poderá ser afetada.
A cardagem é uma operação muito importante no processamento de qualquer fibra. Seu objetivo é indivi-
dualizá-las, dando início ao processo de paralelização, que se obtém na operação de estiragem, como veremos.
Podemos comparar a operação de cardagem com o ato de escovar o cabelo, em que o objetivo é de-
sembaraçá-lo, ou seja, individualizar os fios. Fazemos isso passando no cabelo a escova com cerdas de
plástico, até que o cabelo esteja totalmente desembaraçado. Na cardagem, as fibras são deslocadas umas
em relação às outras, por meio de cerdas metálicas denominadas “guarnições”. Para realizar essa operação
industrialmente, foi criada uma máquina que recebeu o nome de “carda”.
Sobre o processo de cardagem, que ainda será estudado com mais detalhes ao longo do curso, pode-
mos dizer que, além da individualização e o início de paralelização das fibras, ocorre a eliminação de impu-
rezas e de neps, atendendo uma das necessidades básicas do processo de fiação.
Victor Nascimento
Figura 7 - Tipos de estiragem
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
A operação de estiragem está presente em quase todas as máquinas do processo de fiação e são leva-
das a termo por dois tipos de dispositivo:
a) Entre os cilindros de abertura;
b) Entre os cilindros do trem de estiragem.
A estiragem entre dois cilindros de abertura ocorre quando o cilindro de saída (2) com guarnições entra
em contato com a massa de fibras, que está sob a ação dos cilindros de entrada (1), com ou sem guarnição.
As guarnições do cilindro de saída (2) aumentam a velocidade de algumas fibras, separando-as quase
individualmente e distribuindo-as ao longo de sua maior superfície.
Victor Nascimento
1 2 1 2
É condição para haver estiragem que a velocidade do cilindro de saída seja superior a velocidade de
alimentação da massa de fibras (velocidade do cilindro de entrada). Por isso, o grau de estiragem é função
dessa diferença de velocidade.
Nas cardas e no filatório a rotor, onde a estiragem é realizada dessa forma, obtemos a maior estiragem do
processo de fiação. No entanto, se for realizada dessa maneira, a produção de ganchos em algumas fibras
pode ser inconveniente, reduzindo seu comprimento. Por essa razão, outra maneira de estirar é necessária.
A operação de estiragem também pode ser realizada por dois tipos de trem de estiragem, de acordo
com o tamanho das fibras a serem trabalhadas.
PENTES CILINDROS
Destinado às fibras curtas, com comprimento inferior a 50
Para trabalho com fibras longas
mm, como no caso da fibra de algodão e suas misturas.
A estiragem produzida pelo trem de estiragem é conseguida pela diferença de velocidade entre seus
cilindros. De fato, há um aumento de velocidade a cada par de cilindros no sentido do fluxo do material, ou
seja, o cilindro de entrada tem uma determinada velocidade, o seguinte terá uma velocidade maior e, por
fim, o cilindro de saída terá a maior velocidade.
Pré-estiragem
Victor Nascimento
Estiragem principal
Os dois primeiros cilindros delimitam a 1ª zona de estiragem, conhecida como “zona de pré-estiragem”,
que tem a finalidade de preparar o material fibroso para estiragem definitiva, já o 2º e o 3º cilindros delimi-
tam a zona principal de estiragem, onde ocorre o maior afinamento do material.
Os cilindros do trem de estiragem provocam o aumento da velocidade de algumas fibras a medida que
entram em contato com eles, separando-as das outras e redistribuindo-as ao longo da massa de fibras. É
assim que ocorre o afinamento, ou seja, a estiragem.
A uniformização do material é tratada nas máquinas de fiação avaliando a regularidade do título da fita,
do pavio ou do fio ao longo do seu comprimento. Por essa razão, existem vários dispositivos que têm como
função verificar a variação do título e, se possível, corrigi-lo devidamente. Exemplo disso são os sensores
presentes nas cardas e passadores mais modernos.
O título é definido como o número que expressa a relação da massa e um determinado comprimento.
Podemos dizer então que a uniformização na fiação pretende garantir sempre a mesma massa por um de-
terminado comprimento. Em função da natureza das fibras e das características do processo de fiação, não
existe um fio 100% uniforme. No entanto, os padrões de uniformidade são estabelecidos em função do uso
que se pretende dar ao material, e, certamente, a meta de 100% uniforme não é necessária.
A falta de uniformização do título influenciará a aparência do fio além, de outras propriedades que se
espera ver incorporar ao produto, por exemplo, a redução da sua resistência. Ao longo do processo de fia-
ção, há uma tendência de a deterioração da uniformidade do produto aumentar de etapa em etapa após
o passador, e isso se deve a dois fatores.
A quantidade de fibra na seção transversal do material vai diminuindo, já que a cada nova etapa na
fiação o material é afinado.
Fita de carda
Fio
Victor Nascimento
Poucas bras
Muitas bras Seção transversal
Seção transversal
Figura 10 - Secção transversal da fita e fio de carda
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
Quanto menor sua quantidade, mais difícil a disposição uniforme das fibras.
Em função do material ser mais fino e consequentemente ter menor quantidade de fibras na sua seção
transversal, uma pequena irregularidade na sua distribuição, ao longo do seu comprimento, irá variar sua
espessura, gerando pontos grossos ou pontos finos.
Esquema do passador
Zona de estiragem
Entrada de material
4 ta de cardas
Victor Nascimento
Saída de material
1 ta de passador
Figura 12 - Esquema do passador
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
O passador serve para melhorar a uniformização do material, pois pela reunião das fitas há uma grande
tendência de redução dos pontos irregulares. Veja um exemplo fictício com duplicação de quatro fitas.
Na imagem que ilustra o material de entrada, observe que cada uma das quatro fitas possui 1 cm de
espessura. Apenas a quarta fita, de cima para baixo, apresenta um defeito de 0,5 cm, representando uma
variação de 50% na sua espessura.
4 cm
Victor Nascimento
Defeito
Redução de 50% na
espessura da ta
Figura 13 - Fitas antes do processo de duplicação
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
Após reunir, ou seja, duplicar estas quatro fitas e estirar quatro vezes o material, obteremos uma fita
com 1 cm de espessura, mas com um defeito de 0,12 cm, o que representa apenas 12,5% da sua espessura.
16 cm
Fita de saída (Passador) 1 cm
16 cm
1 cm Fita de saída (passador)
Defeito Defeito
Victor Nascimento
Como pode ser observado no exemplo, é dessa forma que o material fica mais uniforme. No entanto,
vale ressaltar que a duplicação não é suficiente para uniformizar completamente o material.
A operação de torção consiste em girar a massa de fibras em torno do seu eixo, com a finalidade de uni-
-las, dificultando o deslizamento entre elas, a fim de atribuir à massa uma resistência à tração.
Victor Nascimento
Observe a imagem a seguir. Nela, você poderá entender melhor a relação entre a redução do desliza-
mento das fibras e o aumento de resistência do material. Também poderá compreender a operação de tor-
ção e o efeito produzido por ela, além do comportamento do material têxtil sem torção quando submetido
a uma força de tração que o leva à rotura.
Fagner Mariano
Massa de bra Massa de bra Massa de bra se
sem torção sob tração rompendo = bras
deslizando
Para completarmos a definição de torção, é importante saber que a ela pode ser realizada girando a
massa de fibras para a direita ou para a esquerda, torcendo as fibras e formando uma diagonal em relação
ao eixo central do fio.
O sentindo da diagonal da torção é identificado utilizando as letras “Z” ou “S”, conforme a figura.
Z S
Shutterstock/Andrey_Kuzmin
Figura 17 - Torção Z e S
Até agora você aprendeu o que é a operação de torção. Vamos continuar nosso estudo e aprender
como expressar a torção de um fio.
A intensidade de torção aplicada ao material têxtil é medida pela quantidade de voltas em torno do
eixo, ao longo de um comprimento determinado.
Normalmente, é expressa em quantidade de torções por polegada ou pela quantidade de torções por
metro.
Você deve estar estranhando a definição de intensidade da torção que acabamos de apresentar, afinal,
a princípio, é mais natural que a intensidade de torção fosse expressa apenas pela quantidade de voltas em
torno do eixo, ou seja, o número de torções. No entanto, como veremos no exemplo a seguir, é fundamen-
tal expressar a intensidade de torção também em função de um comprimento determinado.
Vamos imaginar que você recebeu a demanda de produzir um fio com 10 torções.
Você então aplicou 10 voltas em torno do eixo numa massa de fibras com 1 metro de comprimento.
Cada torção aplicada forma 1 espira no corpo do fio, que assumirão uma determinada inclinação, influen-
ciando também a aparência do fio.
Fio A
1m 10 torções = 10 espiras
Shutterstock/Andrey_Kuzmin
Agora, imagine que um amigo seu também recebeu a mesma demanda. Para concluir a tarefa, seu
amigo aplicou as mesmas 10 torções em torno do eixo da mesma massa de fibras, mas com apenas 0,25 m
para construção de um novo fio.
Fio B
Shutterstock/Andrey_Kuzmin
Comparando 1 metro dos dois fios, podemos observar nas ilustrações que são fios com aparência dife-
rente. Além disso, o fio A, produzido por você, apresenta 10 espiras (torção) por metro, enquanto o fio B,
produzido por seu amigo, apresenta 40 espiras (torção) por metro. Por isso, informar apenas a quantidade
de torção sem mencionar o comprimento torna a informação imprecisa para a construção de um fio.
1m
1m
10 espiras
0,25 m
Agora, iremos conhecer alguns fatores que influenciam a resistência à tração da massa de fibras, que
por consequência terão grande influência no grau de torção aplicada ao material têxtil. São eles:
Resulta da(o):
SAIBA O excesso de torção pode romper as fibras e diminuir seu comprimento e, dessa for-
ma, a área de contato entre elas. Isso implicará em fibras “menos unidas”, ou seja, mais
MAIS soltas, passíveis de deslizamento.
Luiz Meneghel
Luiz Meneghel
Luiz Meneghel
A operação de penteagem tem por objetivo eliminar do processo de fiação as fibras consideradas cur-
tas para a formação, principalmente de um fio mais fino, pois elas não contribuem para a resistência à tra-
ção desse tipo de fio. Ela somente se realiza quando trabalhamos com fibras naturais descontínuas, sendo
a sua realização imprescindível para a produção de fios finos.
Essa operação é realizada na máquina denominada “penteadeira”, e o fio produzido por meio desse
processo é denominado “fio penteado”.
Você pode estar se perguntando: “por que é necessário retirar as fibras consideradas curtas quando
desejamos fazer fios mais finos”?
Como discutido, a resistência à tração da fita, do pavio e do fio singelo acontece em função do número
de fibras e da força de atrito.
Por outro lado, podemos afirmar que, quanto mais fino o fio, menor será o número de fibras na sua se-
ção transversal, o que resultará na redução da sua resistência. Na busca de minimizar essa redução provo-
cada pelo afinamento do material, selecionamos, por meio da penteadeira, fibras mais longas, pois dessa
forma poderemos produzir um fio com mais resistência. Isso acontece porque utilizando fibras longas,
preponderantemente, há um aumento na área de contato entre elas, aumentando o atrito e, por consequ-
ência, a resistência do fio. Vale lembrar que, mesmo utilizando fibras mais longas, os fios mais finos deverão
ser menos resistentes.
SAIBA Normalmente são eliminadas na penteadeira de 15% a 18% de fibras curtas de algo-
dão, conhecidas como “estripe de penteadeira”, e são aproveitadas para fabricação de
MAIS fios grossos ou mesmo para fabricação de algodão hidrófilo.
CASOS E RELATOS
A partir daí, foram adquiridos novos equipamentos que colaboraram para obter fios mais resisten-
tes como matéria-prima adequada para as novas coleções de produtos. Isso tudo porque a equipe
técnica concluiu que é viável na estrutura atual a produção desse novo produto sem perdas de per-
formance do equipamento.
Para que isso fosse possível, foi preciso uma equipe bem treinada, com conhecimentos específicos
em cada uma das operações da fiação convencional.
RECAPITULANDO
Neste capítulo, foram apresentadas as operações fundamentais para formação de um fio numa
fiação convencional. Destacamos a importância das operações de: abertura; limpeza; mistura;
cardagem;penteagem; passador; estiragem e torção. Por último, relacionamos as etapas do fluxo-
grama e as operações fundamentais.
Dessa forma, você reuniu conhecimento suficiente para avançar no nosso estudo e compreender
o funcionamento e os recursos de cada equipamento utilizado no processo de formação de um fio.
Neste capítulo, você estudará a fiação convencional. Nela, são utilizadas diversas máquinas para
converter as fibras descontínuas compactadas – em forma de fardo – em diversos tipos de fios.
Essas máquinas têm como finalidade realizar as operações fundamentais, para transformar as
fibras naturais, artificiais e sintéticas no produto final da fiação convencional, ou seja, no fio fiado.
Você aprofundará os conhecimentos a respeito das seguintes máquinas da fiação convencional:
a) Sistema de abertura;
b) Carda;
c) Passador;
d) Estiro reunidor;
e) Penteadeira;
f) Maçaroqueira;
g) Filatórios por anel;
h) Filatórios por rotor;
i) Filatórios por jato de ar;
j) Conicaleiras;
k) Binadeira;
l) Retorcedeira.
Para adquirir a capacidade de desenvolver um trabalho de qualidade nas indústrias produ-
toras de fios fiados, é necessário que você aprenda as características, as aplicações, os elemen-
tos, o funcionamento, os ajustes e as regulagens de cada máquina.
Está preparado? Então, vamos lá!
A primeira etapa do processo de formação do fio fiado na fiação convencional consiste em abrir, limpar
as fibras (fragmentos de folhas, caule, neps e outras impurezas) e misturá-las nas máquinas. Tais máquinas
são interligadas por tubulações do sistema de abertura.
Luiz Meneghel
Figura 21 - Sistema de abertura
Fonte: Adaptado de Klein (2014)
O sistema de abertura é responsável por transformar as fibras que estão emaranhadas e prensadas na
forma de fardos em fibras mais abertas, limpas e com características mais uniformes, a fim de alimentar a
próxima máquina do processo, ou seja, a carda, em forma de flocos ou de manta.
FIQUE Por não possuírem impurezas, no caso das fibras químicas, não é necessária a limpeza.
ALERTA Portanto, ocorrem apenas as operações de abertura e mistura.
O grande desafio é realizar as operações fundamentais no sistema de abertura sem alterar as característi-
cas iniciais das fibras, ou seja, sem quebrá-las, aumentando o mínimo possível a quantidade de neps inicial.
Para evitar esses problemas, fabricantes de máquinas tentam desenvolver componentes que operem
de forma mais suave. O rápido crescimento tecnológico tem contribuído para importantes avanços de
automação e gerenciamento de produção das máquinas do sistema de abertura, possibilitando trabalhar
com diversas características de fibras.
Os diferentes tipos de máquinas possibilitam diminuir o tamanho dos flocos de fibras1 de forma grada-
tiva, para não danificar as fibras. A definição das máquinas do sistema de abertura dependerá de alguns
fatores, tais como:
a) Tipo;
b) Origem;
c) Características e grau de sujidade das fibras;
d) Capacidade de produção do sistema;
e) Possibilidade de mistura de fibras de diferentes origens.
Antes de iniciarmos os conceitos do sistema de abertura, é importante que você saiba como a matéria-
-prima, isto é, as fibras naturais, artificiais e sintéticas, são entregues, armazenadas, testadas e acondiciona-
das no setor de fiação da indústria têxtil.
As fibras são entregues em forma de fardos, prensadas, envolvidas com um tecido e amarradas com
cintas metálicas ou plásticas. Um fardo de algodão pesa em torno de 200kg a 300kg; os de fibras artificiais
e sintéticas, em torno de 200kg a 300kg. O processo enfardar as fibras é necessário para mantê-las limpas
e diminuir seu volume, para otimizar o transporte e armazenagem.
Após serem entregues, os fardos de fibras precisam ser colocados em um espaço físico com:
a) Boa ventilação;
b) Facilidade de transporte;
c) Sistema de prevenção de incêndios;
d) Facilidade de empilhamento.
Shutterstock/muratart
Antes de transportar os fardos do armazém para o sistema de abertura, é retirada uma amostra de cada
um dos fardos, para serem testadas pelo laboratório de controle da qualidade da empresa. O objetivo é
identificar as características das fibras de cada fardo, para realizar o plano de mistura.
Depois de realizados os testes, os fardos são enfileirados no sistema de abertura, suas cintas metálicas
ou plásticas são cortadas e é retirado o tecido para permitir o acondicionamento dos fardos pelo período
de 12 a 24 horas, objetivando:
A primeira máquina do sistema de abertura é o abridor de fardos, que tem como objetivo realizar a
abertura, limpeza e mistura das fibras.
Existem dois tipos de alimentação do sistema de abertura: manual e automático.
O abridor de fardo manual foi o primeiro a ser desenvolvido, e o nome deve-se ao fato de a alimentação
ser realizada de forma manual pelo operador.
Como funciona o abridor de fardos manual?
5
6
2
7
9
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4.Doffer 9.Tubulação
5.Grelha
Figura 24 - Desenho esquemático do abridor de fardos
Fonte: Adaptado de Klein (2014)
Primeiramente, os fardos são enfileirados lado a lado, em frente ao abridor de fardos manual, de acordo
com o plano de mistura realizado pelo laboratório de controle de qualidade da empresa.
O operador retira, manualmente, camadas finas de fibras de cada fardo e as deposita sobre a esteira
horizontal (1), sucessivamente, realizando uma mistura prévia.
As fibras são conduzidas até a esteira inclinada (2), localizada no interior do abridor. A esteira inclinada
possui pinos de aço que prendem e abrem os flocos de fibras.
A esteira desloca as fibras para a parte superior da máquina até o cilindro igualador (3). A distância entre
a esteira inclinada e o cilindro igualador limita a passagem dos flocos, deixando passar somente os flocos
do mesmo tamanho ou menor que o espaçamento determinado.
Os flocos de fibras que passam são retirados da esteira pela ação do cilindro extrator (ou doffer2), e logo
são arrastados sobre a grelha3, realizando a operação de limpeza.
As fibras que passam entre o cilindro extrator e a grelha caem em uma caixa reserva (6), e as impurezas
caem entre as barras da grelha.
Na caixa de reserva, existem dois cilindros alimentadores (7) e um cilindro abridor (8), que são respon-
sáveis por alimentar a próxima máquina do sistema de abertura de forma sincronizada.
Os flocos de fibras são sugados e transportados para a próxima máquina do sistema de abertura por
meio da tubulação (9).
A produtividade do abridor de fardos, a eficiência de abertura e a limpeza poderão ser modificadas
respectivamente pela:
a) Variação da velocidade da esteira inclinada;
b) Distância entre o cilindro igualador em relação à esteira inclinada e a abertura das barras da grelha.
A produção varia de acordo com a matéria-prima processada, podendo atingir até 300 kg/h.
Atualmente, nas indústrias têxteis, o abridor de fardos manual:
a) Está sendo substituído pelo automático;
b) Está sendo utilizado para o reprocessamento de resíduos;
c) Está sendo utilizado para a abertura e mistura de fibras artificiais e sintéticas.
Por que o abridor de fardo manual está sendo substituído pelo automático?
2 Nome dado ao cilindro extrator do abridor de fardos manual, recoberto com tiras de couro ou de borracha.
3 É um conjunto barras de aço localizado abaixo do doffer, que possuem regulagem de distância entre elas para determinar a
quantidade de impureza que será eliminada.
Shutterstock/pan demin
Figura 25 - Abridor de fardos automático
As operações fundamentais do abridor de fardos automático são as mesmas que as do abridor manual,
ou seja, abrir e misturar fibras de diferentes fardos.
Vamos aprender como ele funciona?
2 3 2
3
Luiz Meneguel
Figura 26 - (a) Abridor de fardos automático; (b) Ação dos cilindros abridores – deslocamento da cabeça para a direita e para a esquerda
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
Após o enfileiramento (1) de até 200 fardos, de acordo com o plano de mistura, a cabeça da máquina (2)
passa por cima de cada fardo, recolhendo de forma uniforme os flocos de fibras com a ajuda de cilindros
abridores (3).
Quando a máquina estiver em deslocamento para a direita, o cilindro da esquerda levanta e vice-versa.
No último fardo, o abridor regula a altura de trabalho automaticamente. Os flocos de fibras são sugados e
transportados para a próxima máquina do sistema de abertura pela tubulação.
4 1. Cilindro de limpeza
2. Grelha de limpeza
3. Cilindro-comporta
4. Entradado material
6 5. Saída do material
6. Ar tecnológico para o ltro
7 5
7. Remoção dos resíduos
2
1
3
Luiz Meneghel
O cilindro-comporta4 (3) foi desenvolvido para remover as impurezas que passaram por entre as barras
da grelha sem o auxílio do operador para retirá-las da máquina.
Após acumular uma quantidade de resíduos no cilindro-comporta, ele gira e possibilita sua sucção por
meio da tubulação (7). O ar que conduziu as fibras para o interior do abridor grosso sai por outra tubulação
(6), e as fibras são conduzidas para a próxima máquina pela tubulação de saída (5).
As barras da grelha de limpeza podem ser ajustadas para aumentar ou diminuir a remoção das impure-
zas de acordo com cada tipo de fibra, conforme a figura 28. Quanto maior o espaçamento entre as barras,
maior será a remoção das impurezas.
Luiz Meneghel
A velocidade do cilindro de limpeza (1) pode ser modificada de acordo com diferentes intensidades de
abertura e limpeza. A produção do abridor e limpador grosso varia de acordo com a matéria-prima proces-
sada, podendo chegar a 1500 kg/h.
7.1.4 MISTURADOR
A mistura ocorre em diferentes estágios da fiação convencional. A primeira mistura de fibras, de diferen-
tes fardos, ocorre no início do sistema de abertura, na ação dos abridores de fardos manuais ou automáticos.
Após os flocos de fibras serem processados pelo abridor grosso, eles são sugados por meio da tubulação,
pelo ventilador localizado na parte superior do misturador, onde ocorre novamente a mistura das fibras.
O misturador é composto de 4 a 8 câmaras misturadoras5, que são abastecidas na parte superior, de
forma controlada.
Mas como acontece a mistura das fibras no misturador?
4
2
8
1
Luiz Meneghel
5
As fibras que saem do abridor grosso são sugadas pelo ventilador de transporte (1) e direcionadas su-
periormente para o interior das câmeras misturadoras (2).
As abas rotativas (3), juntamente com os sensores (ou foto-células) (4), controlam a alimentação das câ-
meras misturadoras. A aba rotativa fica aberta até que as fibras atinjam a altura do sensor. Quando atingi-
rem, a aba fecha a câmera que estava sendo alimentada, e a próxima aba se abre para alimentar a próxima
câmera misturadora. Esse ciclo se repete sucessivamente nas demais abas. Quando a última aba do abridor
fecha, inicia-se novamente a primeira.
Na parte inferior das câmeras, o material chega ao tapete misturador (5) por meio dos de cilindros de
entrega (6) e dos cilindros abridores (7). No final do tapete, teremos camadas de material sobrepostas em
formato de sanduíche (mistura íntima), tornando-se um material com características mais uniformes. O ar
(8) que transporta o material para dentro das câmeras serve para conduzi-lo à próxima máquina.
A velocidade dos alimentadores e abridores é ajustada para conter as fibras de todas as câmeras do
misturador, maximizando a mistura.
O sistema de abertura pode conter dois ou mais misturadores em sequência, dependendo da mistura
desejada para produzir o produto final. A produção do misturador depende da quantidade de câmeras
misturadoras, podendo chegar a 1000 kg/h.
No abridor e limpador fino são realizadas as operações de abertura e limpeza das fibras com maior
intensidade, diminuindo ainda mais os flocos de fibras e obtendo uma maior individualização das fibras.
A quantidade de cilindros de abridores é definida de acordo com a matéria-prima que será processada.
Entrada
das bras
Saída das
bras
4
3
Luiz Meneghel
2 1
Saída das bras
Figura 30 - Abridor e limpador fino – (a) visão geral; (b) zoom – ilustração dos cilindros abridores
Fonte: Catálogo Trützschler (2006)
Para essa operação, utilizam-se os cilindros com guarnições6 metálicas de dentes de serra, onde:
a) Os dentes do primeiro cilindro para o último cilindro ficam mais finos e com maior quantidade (ob-
serve a imagem a seguir).
Luiz Meneghel
b) O ângulo dos dentes da guarnição aumenta do primeiro cilindro para o último cilindro (observe a
imagem a seguir).
Luiz Meneghel
Cilindro 1 Cilindro 2 Cilindro 3 Cilindro 4
Luiz Meneghel
Cilindro 1 Cilindro 2 Cilindro 3 Cilindro 4
Conforme observamos na figura a seguir, as fibras que saem do misturador são transportadas para o
abridor fino pela ação do ar gerado no ventilador de transporte. As fibras são direcionadas aos cilindros de
limpeza (1) e às abas reguláveis (2), onde o cilindro 1 entrega para o cilindro que entrega para o seguinte,
até ser transportada para próxima máquina.
Os cilindros de limpeza (1) giram e consequentemente arrastam as fibras sobre as facas reguladoras (2)
e as facas estáticas (3). A força centrífuga7 proporcionada pelo giro dos cilindros (1) elimina as impurezas
mais pesadas pelo espaço entre as facas reguladoras (2) e as facas estáticas (3). As impurezas são sugadas
pelo tubo de aspiração (4) e direcionadas para um filtro.
A posição da faca reguladora pode ser modificada de acordo com o grau de impurezas das fibras, con-
forme a figura 34.
7 É uma força aparente que se manifesta nos corpos em rotação, cujo efeito é o afastamento dos corpos do centro de rotação.
1
3
Luiz Meneghel
Posição intermediária Bem aberto
Figura 34 - Posição da faca reguladora vs. retirada das impurezas
Fonte: Catálogo Trützschler (2006)
Podemos concluir que: quanto maior o espaço entre a faca reguladora e a faca estática, maior será a
eliminação das impurezas.
A produção do abridor e limpador fino depende da matéria-prima processada, podendo chegar a 1000 kg/h.
7.1.6 DESEMPOEIRADOR
Os processos atuais de formação do fio exigem que as fibras estejam ausentes de microimpurezas, a fim
de não ter muitas rupturas do fio durante o processo, aumentando a produtividade e criando um produto
com as qualidades desejadas.
As microimpurezas são retiradas no final do sistema de abertura pelo desempoeirador, conforme o
desenho esquemático a seguir.
Saída
das bras
Entrada 3
das bras
Saída
do micro pó
Luiz Meneghel
4
Figura 35 - Desenho esquemático do demonstrador
Fonte: Catálogo Trützschler (2006)
As fibras são aspiradas para dentro da máquina por um ventilador (1). Logo na entrada encontra-se uma
pá (2), que distribui os flocos por toda a largura da máquina. O desempoeiramento acontece devido ao
impacto do material sobre a superfície da peneira (3). As fibras caem e são sugadas para a parte inferior da
máquina por um ventilador (4) e são direcionadas para alimentar as cardas. A poeira passa pelos microfu-
ros da peneira (3) e são eliminadas.
A produção do desempoeirador pode chegar a 1000 kg/h.
Após as etapas de abertura, limpeza e mistura pelo sistema de abertura, é necessário alimentar de modo
uniforme a próxima máquina que faz parte do processo de formação do fio: a carda.
Existem dois tipos de alimentação: indireta e direta.
Na alimentação indireta, os flocos são transformados, por meio de um batedor, em uma manta que
abastece manualmente a carda, com a ajuda de um operador.
SENAI CETIQT
Figura 36 - Batedor
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
Já na alimentação direta, os flocos são transportados por meio de uma tubulação para um alimenta-
dor de flocos, que se localiza na parte traseira da carda. O alimentador compacta os flocos, formando uma
manta que abastece em sequência a carda.
Tubulação
e transporte
Alimentador
de ocos
Carda
Luiz Meneghel
A alimentação direta possui algumas vantagens em relação à alimentação indireta. Podemos dizer que
na alimentação direta temos um aumento da produtividade, diminuição de custos de mão de obra, dimi-
nuição do espaço físico necessário e maior uniformidade da manta.
O funcionamento e os componentes do alimentador de flocos serão detalhados a seguir, juntamente
com os conhecimentos sobre a carda.
A carda é considerada por muitos especialistas como o estágio mais crítico da produção do fio, em
virtude das várias funções desempenhadas simultaneamente à alta velocidade de produção – em torno de
200 kg/h. Sem a carda é impossível fabricar um fio fiado de fibras descontínuas.
Luiz Meneghel
A carda recebe a matéria-prima em forma de flocos ou de manta do sistema de abertura, e após o pro-
cessamento, o material sai na forma de fita.
Como já vimos, o sistema de abertura abre as fibras compactadas e as transformam em flocos pequenos.
Já na carda, os flocos são abertos até chegarem ao estágio de fibras individuais. Essa etapa é essencial
para poder eliminar as impurezas restantes e preparar as fibras para as operações posteriores.
Para realizar o processo de cardagem da fibra, a carda possui cilindros com a superfície coberta de guar-
nições (pontas) rígidas ou flexíveis de aço, que são responsáveis pelas seguintes operações:
a) Abrir, limpar e misturar as fibras;
b) Separar as fibras individualmente e orientá-las longitudinalmente;
c) Minimizar as fibras muito curtas (strip);
d) Minimizar os neps;
e) Estirar.
Luiz Meneghel
Figura 40 - Desenho esquemático de cilindros recobertos de pontas rígidas + zoom
Fonte: Truetzschler (2016)
O grande problema do sistema de abertura é o aumento do número de neps de máquina para máquina,
devido à atuação mecânica dos cilindros com pontas metálicas.
NEPS
NEPS
NEPS NEPS
NEPS
SENAI CETIQT
Os neps são indesejáveis em todas as etapas do processo de formação do fio, causando queda de
produtividade devido ao aumento de rupturas do material no processamento das fibras. A aparência e
propriedades do fio são afetadas, aumentando consequentemente rupturas nas conicaleiras, binadeiras,
retorcedeiras e na tecelagem. No tingimento8, os neps dos fios e tecidos são resistentes à penetração dos
corantes e pigmentos utilizados, devido ao aglomerado de fibras em um pequeno espaço, obtendo uma
aparência indesejada.
Para solucionar esse problema, a carda reduz bruscamente a quantidade de neps, abrindo o emaranha-
do de fibras ou eliminando-os, conforme a figura 42.
F M1 M2 M3 M4 M5 C
Legenda
N – Quantidade de neps
M – Máquinas da sala de abertura
Luiz Meneghel
C – Carda
F – Fardos de algodão
Figura 42 - Representação da eliminação dos neps na carda
Fonte: Adaptado de Klein (2014)
Além do controle feito no laboratório de controle da qualidade da fiação, algumas máquinas possuem
uma câmera que monitora a quantidade de neps/grama em toda a extensão do véu.
SAIBA A eliminação eficiente dos neps necessita de guarnições de aço amoladas, velocidade
adequada do cilindro abridor (taker-in) e espaçamento entre os cilindros de acordo
MAIS com as regulagens específicas da máquina.
8 É o processo utilizado para proporcionar cor às fibras têxteis, que utilizam corantes e pigmentos diferentes para cada tipo de
fibra.
Para responder essa pergunta, é necessário entender primeiramente as duas ações que acontecem na
carda: cardagem e estripagem.
Para ocorrer o processo de cardagem das fibras, é necessário que as pontas da guarnição dos cilindros
passem umas contra as outras. Para descobrir se ocorre cardagem das fibras entre os cilindros, vamos uti-
lizar as figuras a seguir.
A B
Davi Leon
Figura 43 - Superfícies entre os cilindros com pontas em direções opostas
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
Vamos descobrir o que ocorre com as fibras ao passarem entre os cilindros com pontas em dire-
ções opostas?
Para responder a pergunta, será necessário definir os sentidos de rotação do cilindro a e b e sua velocidade:
a) Se o sentido de rotação do cilindro a for anti-horário e o do cilindro b for horário, só haverá cardagem
se a velocidade de a for maior que a velocidade de b;
A B
Davi Leon
b) Se o sentido de rotação do cilindro a for horário e o do cilindro b for anti-horário, só haverá cardagem
se a velocidade de a for menor que a velocidade de b;
A B
Davi Leon
Figura 45 - Velocidade do cilindro A < velocidade do cilindro B
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
A B
Davi Leon
A B
Davi Leon
Para acontecer o transporte ou a estripagem, ou seja, a transferência das fibras de um cilindro para o
outro, é necessário que as pontas da guarnição de um dos cilindros passem nas costas da guarnição do
outro cilindro. Para saber se ocorre estripagem das fibras entre os cilindros, vamos utilizar a figura a seguir.
A B
Davi Leon
Figura 48 - Superfícies entre os cilindros com pontas na mesma direção
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
Vamos analisar o que ocorre com as fibras ao passá-las entre os cilindros com pontas na mesma
direção?
Para responder a pergunta, será necessário definir os sentidos de rotação dos cilindros a e b e sua velo-
cidade.
Se o sentido de rotação do cilindro a for anti-horário e o do cilindro b for horário:
a) o cilindro a retira as fibras do cilindro b se a velocidade de a for menor que b;
A B
Davi Leon
A B
Davi Leon
Figura 50 - Velocidade do cilindro A > velocidade do cilindro B
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
A B
Davi Leon
A B
Davi Leon
Figura 52 - Velocidade do cilindro A > velocidade do cilindro B
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
A B
Davi Leon
A B
Davi Leon
Figura 54 - Velocidade do cilindro A = velocidade do cilindro B
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
Cilindro Flats
alimentador
Grande
cilindro
Doffer
Taker-In
Davi Leon
Avaliando os sentidos de rotação e das velocidades dos elementos cobertos de guarnições (pontas
metálicas), podemos concluir que:
a) Ocorre estripagem entre o taker-in e o grande cilindro, ou seja, o grande cilindro retira as fibras do
taker-in;
b) Ocorre cardagem entre o grande cilindro e os flats, ou seja, a individualização e paralelização das
fibras;
c) Teoricamente, ocorre cardagem entre o grande cilindro e o doffer, mas devido à grande diferença
de velocidade entre os cilindros e a pequena distância entre eles, as fibras se condensam de forma
ordenada, formando o véu.
DISTÂNCIA
DENSIDADE DE
VELOCIDADE APROXIMADA
DIÂMETRO EM PONTAS
ELEMENTO MÉDIA ESTIRAGEM ENTRE OS
mm (in) EM pontas/cm²
(m/min) CILINDROS EM
(pontas/in²)
µm (in)
Taker-in/grande
Taker-in 229 (9) 7-8 (40-50) 576 1000 cilindro
25 (0,010)
Grande cilindro/
Grande cilindro 1270 (50) 62-100 (400-650) 1197 2,08 flats
25 (0,010)
Grande cilindro/
44 ,5 × 1016 (1,75
Flats 90-100 (600-650) 0,102 flats
× 40)
25 (0,010)
Grande cilindro/
Doffer 686 (27) 100 (650) 87 Condensação doffer
12,5 (0,005)
Tabela 1 - Ajustes e dimensões dos elementos da carda
Fonte: Lawrence, 2003; Manual da Rieter, vol. 2
Conclui-se então que: há cardagem das fibras quando elas estiverem passando entre o grande cilindro
e os flats.
A seguir, você vai entender melhor como é o funcionamento da carda.
É impossível visualizar o que acontece com as fibras com a carda fechada. Por esse motivo, precisare-
mos ter uma visão interna da lateral, conforme a figura 59, para acompanhar como as fibras são processa-
das ao passar por cada elemento que compõe a carda.
Davi Leon
Figura 56 - Visão interna da lateral da carda
Fonte: adaptado de Klein (2014)
Você aprendeu que a carda pode ser alimentada indireta ou diretamente. Para explicar seu funciona-
mento, será abordada a carda com alimentação direta, ou seja, alimentação realizada pelo alimentador de
flocos, conforme a figura 60.
6
Davi Leon
7 8
Os flocos de fibras do sistema de abertura são levados por meio de tubulações pela ação do ventilador
de transporte até o alimentador de flocos (1), que tem a finalidade de compactar as fibras para alimentar
a carda. Após o acúmulo dos flocos de fibras na caixa de reserva superior (2), o cilindro alimentador (3)
apresenta a massa de fibras ao cilindro abridor (4), abrindo-a e jogando-a na caixa de reserva inferior (5). As
fibras são compactadas pela ação de uma corrente de ar (em azul) formada por um ventilador (6), montado
na parte traseira do alimentador de flocos, favorecendo a formação de uma manta uniforme, por meio da
autodistribuição dos flocos na largura útil da caixa de reserva inferior.
A manta formada na caixa de reserva inferior é descarregada por um par de cilindros (7) acionados pelo
cilindro alimentador (10) da carda e encaminhada sobre uma chapa deslizante (8).
O cilindro alimentador (10), como o próprio nome diz, alimenta de forma uniforme a carda, transpor-
tando a massa de fibras (9) para o cilindro abridor, ou taker-in (11), conforme a figura 61.
14
9
10 11
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11
Davi Leon
O cilindro abridor, ou taker-in (11), é um cilindro revestido com guarnições metálicas (pontas), que tem
a função de abrir, limpar, estirar de forma intensa (conforme tabela 1) e conduzir as fibras para o grande
cilindro (14). A carda pode conter até 3 cilindros abridores, dependendo do tipo e grau de sujeira das fibras
processadas. A abertura prévia das fibras é determinante para o processo de cardagem. Abaixo do cilindro
abridor (11) existe uma faca (12) e um tubo de sucção (13), responsável pela eliminação de impurezas das
fibras. A faca (12) pode ser ajustada com precisão, de acordo com as caraterísticas das diversas matérias-
primas, conforme a figura 62. Conclui-se que: quanto mais aberta a faca, mais impurezas são eliminadas e
vice-versa.
10
12
11
13
Davi Leon
Figura 59 - Ação do cilindro alimentador
Fonte: Catálogo Trützschler (2006)
O grande cilindro (14) também é revestido com guarnições metálicas e, juntamente com o conjunto
de flats (15), realizam a cardagem 157, separando as fibras individualmente e paralelizando-as. Abaixo do
grande cilindro (14) existem dutos para aspirar as impurezas retiradas das fibras para os filtros da fiação.
Local da cardagem
15
15 14
Fita de carda
14
10
Davi Leon
11
Acima do grande cilindro encontra-se o conjunto de flats giratórios (15), que realiza a principal função
da carda: separar, paralelizar e retirar as fibras curtas (strip) e neps. Os flats são “tiras de aço” recobertas por
guarnição com comprimento suficiente para cobrir toda a largura do grande cilindro. Em torno de 100 flats
são unidos pela esteira giratória, sendo que de 30 a 46 ficam em posição de cardagem. As fibras curtas,
neps e impurezas que ficaram presas nos flats são retiradas por escovas (16) e aspiradas por um duto (17)
até o filtro da fiação, conforme a figura 64.
16
15
17
16
15
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Fita de corda
14
Davi Leon
Os elementos cardantes (18), que estão estáticos em volta do grande cilindro, eliminam a sujidade,
o pó e as fibras curtas na zona de pré e pós-cardação. As facas (19) são responsáveis pela eliminação das
impurezas, juntamente com os tubos de aspiração (20).
Para os diversos graus de sujeira e tipos de fibras, são utilizados conjuntos de elementos cardantes
diferentes.
Zoom
20 19
15
Fita de carda
14 18
18
21
Davi Leon
Figura 62 - Elementos cardantes
Fonte: Catálogo Trützschler (2006)
As fibras cardadas retidas no grande cilindro são retiradas pelo doffer (21) vão, por condensação,
formando um véu (22).
14 21
Davi Leon
O cilindro retirador (23) é responsável por retirar o véu do doffer, e os cilindros esmagadores (24), em
sequência, esmagam as impurezas para melhorar a qualidade do produto final.
23
24 25
21
26
22
Davi Leon
Figura 64 - Retirada do véu
Fonte: Catálogo Trützschler (2006)
Utiliza-se o funil (25) para condensar o véu e deixá-lo em forma de fita. Se o diâmetro não for adequado,
poderão ocorrer irregularidades e/ou rupturas. Na saída da carda, encontram-se as calandras (26), as quais
são responsáveis por puxar o véu do doffer após ter sido condensado. Após as fibras saírem das calandras
com o formato de fita, elas devem ser depositadas em forma espiral nas latas (27) por meio da sentinela (28).
28
27
Davi Leon
Você já viu como acontece a cardagem, mas como saber se ela foi eficaz?
A intensidade da cardagem é uma das formas de medir se as operações essenciais foram realizadas.
Existem algumas variáveis que influenciam sua intensidade, tais como:
a) Tipo de guarnição dos cilindros;
b) Geometria dos dentes;
c) Quantidade de dentes na superfície dos cilindros ou densidade de dentes;
d) Relacionamento das velocidades entre os cilindros;
e) Amolagem das guarnições.
Antigamente, a razão entre a velocidade do grande cilindro e a velocidade de alimentação era usada
para medir a intensidade da cardagem.
Atualmente, a intensidade de cardagem é medida pela razão entre o número de dentes do cilindro
alimentador e a quantidade de fibras alimentadas na mesma unidade de tempo.
Podemos concluir que: quanto maior a quantidade de dentes por unidade de tempo, maior será a in-
tensidade de cardagem, e quanto menor a quantidade de fibras alimentadas por unidade de tempo, maior
será a intensidade de cardagem e vice-versa.
As fibras foram processadas nas etapas anteriores e deixadas em formato de fitas. Agora, elas ainda
necessitam de algumas modificações para diminuir suas irregularidades e prepará-las para as operações
subsequentes. Sendo assim, o passador tem como finalidades:
a) Uniformizar o diâmetro da fita por meio da duplicação9;
b) Misturar fibras de mesmas ou diferentes naturezas;
c) Paralelizar as fibras aumentando o alinhamento;
d) Estirar as fitas, reduzindo sua massa.
9 Diferente do termo utilizado na matemática (multiplicar por 2), na fiação, o termo significa a união de um número determina-
do de fitas.
Gaiola
Trem de
estiragem
Saída
Davi Leon
Figura 66 - Visão geral do passador
Fonte: Adaptado de Catálogo Trützschler (2006)
O passador recebe de quatro a oito fitas da carda, passador ou penteadeira, e após o processamento, o
material sai na forma de uma fita.
Figura 67 - (a) Material de entrada – 4 a 8 fitas de carda ou penteadeira; (b) Material de saída – 1 fita de passador
Fonte: (a) Adaptado de Catálogo Trützschlere; (b) Adaptado de Catálogo Rieter
As latas (1) com fitas que saem da carda, passador ou penteadeira, são transportadas para o passador
e colocadas sob as gaiolas (2), que possuem guias e cilindros que auxiliam a alimentação do passador. As
fitas que entram no trem de estiragem (3) possuem conjuntos de cilindros de aço e de borrachas, responsá-
veis pelo estiramento da massa de fibras. Após as fibras saírem do trem de estiragem, o véu formado passa
pelo condensador e no funil (4) para aumentar a coesão do material e formar uma fita. Para finalizar a fita
formada, ela é compactada pelas calandras de saída (5) e depositada em forma de espiral na lata (7) pela
ação do prato giratório (6), conforme a figura 71.
3
2 2 4
5
6
1 1 7
Davi Leon
Figura 68 - Passador
Fonte: Adaptado de Klein (2014)
A alimentação do passador tem que ocorrer de maneira uniforme, para evitar falsas estiragens, e deve
conter todo o material necessário para produzir a fita de passador.
Sendo assim, a gaiola do passador pode possuir alimentação positiva ou negativa.
Nas gaiolas com alimentação negativa, as fitas são puxadas pelo trem de estiragem sem a ajuda da
gaiola nesse transporte. Elas somente possuem guias para deixar as fitas lado a lado.
Nas gaiolas com alimentação positiva, existem pares de cilindros que conduzem as fitas na mesma ve-
locidade dos cilindros de entrada do trem de estiragem.
Fagner Mariano
Esse sistema de alimentação é o mais usado nas gaiolas, pois evitam falsas estiragens10.
Para evitar que seja alimentada uma quantidade esperada menor de fitas, as gaiolas possuem um siste-
ma de parada automática caso ocorra algum rompimento de alguma fita. A parada é acionada por senso-
res óticos ou pelo contato entre os cilindros condutores da gaiola.
No momento que o passador é alimentado com diferentes fitas, ocorre a mistura entre fibras de mesma
ou diferente origem. Uma das maneiras de definir o percentual de cada fibra no produto final é pela mistu-
ra de fitas de fibras de diferentes origens.
Exemplo: Quando se quer um produto 50% poliéster e 50% algodão, é necessário abastecer a gaiola do
passador com 4 fitas de poliéster e 4 fitas algodão com o mesmo título médio.
Após as fitas serem alimentadas pela ação das gaiolas, elas são estiradas pelo trem de estiragem.
O trem de estiragem consiste em pares de cilindros com velocidades periféricas diferentes. Os cilindros
superiores são de aço, cobertos com borracha, e são pressionados sobre os cilindros inferiores, compos-
tos por aço ranhurado, conforme a figura 73.
a 3 2 1
Entrada:
4 a 8 fitas 4
5
Saída:
Véu de fibras
b
Davi Leon
Figura 70 - (a) Conjunto de cilindros do trem de estiragem; (b) Trem de estiragem sem os cilindros de borracha superiores
Fonte: Adaptado de (a) Catálogo Trützschler (2006; (b) Senai/Cetiqt (2016)
10 Falsa estiragem é o nome dado para a estiragem que não foi programada.
Os sistemas mais utilizados são 3/3 ou 4/3, ou seja, 4 ou 3 cilindros de borracha sobre 3 cilindros de aço
ranhurados.
A estiragem acontece devido à diferença de velocidades entre os pares de cilindros, sendo que a velo-
cidade do primeiro par de cilindros (1) é maior que a do segundo (2), e a velocidade do segundo é maior
que a do terceiro (3). Entre o segundo par de cilindros e o terceiro, ocorre a pré-estiragem, com menor afi-
namento da massa, podendo variar de 1,2 a 1,8 vezes. Entre o primeiro (1) e o segundo, ocorre a estiragem
principal, com maior afinamento da massa, podendo variar de 4 a 7 vezes. A estiragem total do trem de
estiragem, medida entre o primeiro par cilindro e o terceiro, pode variar de 4 a 11 vezes.
O quarto cilindro de borracha (4), colocado sobre o primeiro cilindro ranhurado, proporciona um cuida-
doso desvio da fita na saída do trem de estiragem, e a barra de pressão (5) ajustável no campo de estiragem
principal garante uma condução controlada, mesmo para fibras curtas.
O braço pendular é o responsável por exercer a pressão dos cilindros de borracha sobre os cilindros de
aço, para poderem puxar as fibras e passá-las para os próximos pares de cilindros. Existem vários sistemas
de pressão: pesos, hidráulico, molas, pneumático ou magnético, sendo o mais utilizado o Pneumático,
conforme a figura 74.
Escartamento é a distância entre os cilindros do trem de estiragem, o qual deverá ser maior que o compri-
mento médio das fibras. A sua regulagem é fundamental para o bom funcionamento do trem de estiragem.
O escartamento pode ser de dois tipos (figura 75):
a) Escartamento mecânico – é a distância entre o centro de dois cilindros do conjunto de estiragem;
b) Escartamento prático – é a distância entre o ponto de pinçagem da massa de dois pares de cilindros
do conjunto de estiragem.
Escartamento
prático
Escartamento
Davi Leon
mecânico
É importante que o escartamento não esteja fechado nem aberto em relação ao comprimento médio
das fibras em processo.
Caso esteja fechado, teremos o aumento de fibras quebradas, ou seja, uma redução do comprimento
das fibras, o que certamente terá um impacto negativo na qualidade do produto final. Nesse caso, ainda po-
demos ter queda da eficiência e aumento de desperdício provocado pela parada do trem de estiragem, em
função da interrupção do fluxo da massa de fibra que embola nos cilindros, formando uma “bucha de fibras”.
Caso o escartamento esteja aberto, teremos o aumento de fibras flutuantes, ou seja, o aumento de
fibras entre os cilindros sendo transportada com uma velocidade com muitas variações, produzindo assim
um produto final mais irregular.
Para compreendermos “o defeito de estiragem”, precisamos observar o comportamento das fibras indi-
vidualmente, ao longo do processo de estiragem.
No processo de estiragem, com a medida que as fibras individualmente entram em contato com os
pares de cilindros do trem de estiragem, elas são separadas umas das outras e redistribuídas ao longo da
massa de fibras, ocorrendo assim seu afinamento, ou seja, a estiragem. Isso só é possível porque os pares
de cilindros do trem de estiragem provocam o aumento da velocidade dessas fibras, separando-as das
outras fibras que estão mais lentas, pois ainda não entraram em contato com o par de cilindros.
Na figura 76, podemos observar, no 1º momento, que as fibras representadas pelas linhas verdes e
vermelhas estão juntas. Já no 2º momento, elas estão separadas. Essa separação ocorreu pela diferença
de velocidade entre elas provocada, pelo contato prematuro da fibra vermelha com o 1º par de cilindros.
1˚ momento 2˚ momento
Davi Leon
Figura 73 - Separação das fibras por diferença de velocidade
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
A intensidade da estiragem vai depender sempre da diferença de velocidade entre a entrada e saída das
fibras. Devemos observar na figura 77 que os cilindros só entram em contato com as fibras mais externas
da massa de fibras em função da sua espessura. As fibras mais internas, em geral, são movimentadas a uma
velocidade menor, graças ao atrito com as fibras da camada externa.
Davi Leon
Figura 74 - Representação das fibras que não ficam em contato com a superfície dos cilindros
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
Além disso, como é necessário que a distância entre a sucessão de cilindros do trem de estiragem seja
maior que o comprimento das fibras, temos uma grande variação de sua velocidade ao longo do processo
de estiragem, já que, quando a fibra estiver solta entre dois os cilindros, sua velocidade será determinada
em função do contato com as fibras presas ao cilindro posterior, com maior velocidade, e pelo contato com
as fibras presas ao cilindro inferior, com menor velocidade.
Podemos afirmar que, em função das variações de velocidade anteriormente citadas, a distribuição de
fibras ao longo da massa após a ação do trem de estiragem não é regular. Portanto, a uniformidade do
material sempre será prejudicada pela operação de estiragem. Essa irregularidade é denominada “onda
de estiragem”.
Após as fibras serem estiradas pelo trem de estiragem, é necessário condensá-las no condensador (1) e
no funil (2), para aumentar a resistência do material.
4
Davi Leon
Saída da fita
Figura 75 - Elementos da saída do passador
Fonte: Adaptado de Lord (2003)
É importante saber que o funil é trocado de acordo com o título da fita de saída. Para facilitar, cada fabri-
cante da máquina apresenta uma tabela no seu manual, para determinar o diâmetro do funil a ser utilizado
em relação ao título da fita de carda.
Um funil com o orifício grande demais em relação ao seu diâmetro ocasiona uma fita fraca, tendo que-
bras constantemente; e um funil com o orifício pequeno demais ocasiona uma fita dura, dificultando a
estiragem dos processos subsequentes, consequentemente ocorrendo rupturas em excesso.
A fita de passador já está pronta. Basta agora depositá-la em um compartimento para ser transportada
para a próxima etapa do processo. Na saída do passador, as fitas são puxadas pelas calandras (3) e depo-
sitadas por meio de um prato giratório (4), em forma de espiral em uma lata (2). Após a metragem progra-
mada ser atingida, a máquina troca a lata automaticamente.
Lata enchendo
Lata cheia
Lata vazia
Mecanismo de troca
automática
Davi Leon
O passador pode produzir até 400 kg/h de fita, com títulos de 1,25 a 7,00 Ktex.
Para a maioria dos produtos, é necessário que a fita passe novamente no passador, para garantir melhor
uniformidade de suas características, ou seja, menor variação ao longo do seu comprimento.
Falhas na fita de passador levam invariavelmente a falhas no fio. Depois do passador, não é mais possível
nenhuma melhoria da qualidade. Por isso é tão importante monitorar a qualidade das fitas da última passagem
de estiragem, metro por metro, e não permitir nenhuma produção fora dos limites de qualidade definidos.
Esse passador é chamado de “passador de 2ª passagem”, que geralmente possui um sistema autorregu-
lador (1). O autorregulador situa-se entre a gaiola e o trem de estiragem e tem a função de medir e corrigir
as variações de massa das fibras, conforme a figura 80.
Essa medição é feita por dois discos apalpadores, onde medem a variação da massa das fitas e informa
um processador digital, que modifica as velocidades dos cilindros, modificando assim a estiragem. A figura
80 demonstra a localização (a) e os discos apalpadores (b).
Entrada:
6 fitas 1 2
b Davi Leon
Existem dois tipos de autorregulador (aberto e fechado), que podem ser combinados.
O autorregulador aberto mede as irregularidades da fita com um determinado padrão e os corrige após
a medição.
Davi Leon
Medir Corrigir
O autorregulador fechado mede as irregularidades das fitas com um determinado padrão e as corrige
antes da medição.
Corrigir
Davi Leon
Medir
Medir Corrigir
Medir Davi Leon
Após as fitas serem uniformizadas, o estiro reunidor é responsável por converter as fitas de passador em
um formato que adequado à penteagem, envolvendo algumas operações, como estiragem e duplicação.
iStock/antoniotuzzi
Figura 81 - Visão geral da estiro reunidor
A figura 85 mostra a visão geral do setor de penteagem, com o estiro reunidor mostrando o processo
posterior (penteadeira) e anterior (passador).
Penteadeiras
Estiro reunidor
Passadores
Davi Leon
Para obter um fio penteado, será necessário utilizar mais duas máquinas no processo de fiação: o estiro
reunidor e a penteadeira.
Após as fitas serem uniformizadas pelo passador, o estiro reunidor deverá converter as fitas de passador
em um formato adequado à penteagem, envolvendo algumas operações, como estiragem e duplicação.
Para adequar a massa de fibras para a ação de penteagem, o estiro reunidor possui as seguintes finali-
dades:
a) Formar um rolo de manta;
b) Rearranjar as fibras, para não danificarem as agulhas dos pentes da penteadeira;
c) Aumentar a regularidade da massa de fibras;
d) Evitar perda de fibras longas.
O estiro reunidor reúne até 32 fitas de passador, formando um rolo de manta.
Figura 83 - (a) Material de entrada – 24 a 32 Fitas de carda ou passador; (b) Material de saída – 1 rolo de manta
Gaiola
Enrolamento
Fita de passador
Trem de estiragem
Rolo de manta
Davi Leon
Após as fibras serem processadas pelo passador, as latas serão dispostas sob a gaiola. Existem duas
gaiolas que direcionam as fitas de passador, com ajuda de cilindros e guias, para dois trens de estiragem.
As gaiolas estão representadas na figura 88.
As fitas são direcionadas por duas gaiolas, sendo uma gaiola para cada trem de estiragem, e a alimenta-
ção pode chegar até 18 latas por gaiola, totalizando uma duplicação de até 36 fitas.
Agora, as fitas entregues pela gaiola vão passar pelos dois trens de estiragem, parecidos com o trem de
estiragem do passador. Geralmente, a configuração do trem de estiragem pode ser de 3/3 ou 4/4, sendo 3
ou 4 cilindros de borracha sobre 3 ou 4 cilindros de aço. A figura 89 mostra a estiragem 4/4.
Cilindros de borracha
Fagner Mariano
Cilindros de aço
Figura 86 - Trem de estiragem do estiro reunidor (4/4)
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
O dispositivo de enrolamento é responsável por enrolar o véu de fibras em um tubo plástico para ali-
mentação da penteadeira.
Existem dois dispositivos de enrolamento:
a) Dispositivo de enrolamento por pistão (figura 91): o véu é puxado pelos cilindros da calandra e en-
tregue ao tubo da manta localizado sobre dois cilindros de enrolamento. Esse tubo é pressionado por
um pistão, possibilitando o enrolamento de forma uniforme.
Diego Fernandes
b) Dispositivo de enrolamento por correia (figura 92): o véu é puxado por uma correia da largura do rolo
de manta.
Diego Fernandes
O rolo de manta pode pesar até 25 kg, com 650 mm. A produção do estiro reunidor poderá atingir 520 kg/h.
Todas as operações realizadas pela penteadeira garantirão uma melhoria da matéria- prima, possibili-
tando produzir fios finos com alta uniformidade, resistência, limpeza, maciez e uma boa aparência visual.
Shutterstock/Yuangeng Zhang
Figura 90 - Visão geral da penteadeira
a b
Figura 91 - (a) Material de entrada – rolo de manta; (b) Material de saída – 1 fita de penteadeira
Cilindros desenroladores
Cilindro alimentador
Diego Fernandes
Os rolos de manta enrolados pelo dispositivo de enrolamento do estiro reunidor precisam ser desenro-
lados para serem penteados.
A penteadeira é alimentada com 8 rolos de manta, ou seja, possui 8 cabeças idênticas.
Analisando uma das cabeças na figura 96, podemos ver que um rolo de manta é colocado sobre dois
cilindros que giram em velocidade constante, desenrolando-o com a mesma tensão durante cada ciclo
de penteagem. Logo após, a manta é direcionada para o cilindro alimentador localizado antes das pinças.
Cilindros
desenroladores
Cilindro alimentador
Diego Fernandes
Figura 93 - Cilindros responsáveis pela alimentação da penteadeira
Fonte: Adaptado de Klein (2014)
O setor de penteagem envolve alguns elementos, que estão destacados na figura 97 e vão ser detalha-
dos nos itens seguintes.
Cilindros Pente xo
destacadores
Transformação em ta
Pinças
Diego Fernandes
Pente circular
AS PINÇAS
O principal objetivo das pinças é segurar e movimentar a massa de fibras, para que elas possam ser
penteadas.
Para que isso ocorra, é necessário um par de pinças (inferior e superior) com geometria necessária para
gerar uma pressão ideal sobre a massa de fibras, para que elas não escapem durante a ação do pente circular.
A geometria das pinças está detalhada na figura 98 (a) e (b).
a b
Figura 95 - (a) Geometria das pinças: 1 – superior e 2 – inferior; (b) Par de pinças da penteadeira
Fonte: (a) Adaptado de Klein (2014) e (b) Senai/Cetiqt (2016)
As pinças fazem o movimento de avanço e recuo a cada ciclo de penteagem. A pinça superior realiza ao
mesmo tempo os movimentos de subida e descida, os quais são responsáveis pela mordedura11 da massa
de fibra no momento do ciclo de penteagem.
PENTE CIRCULAR
O pente circular é o principal responsável pela ação de penteagem, retirando neps, impurezas, fibras
curtas e alinhando a massa das fibras a cada ciclo da penteagem.
O pente circular consiste em um cilindro coberto com guarnições metálicas, conforme a figura 99.
a b
A densidade do número de pontas (pontas/cm) aumenta gradualmente desde a primeira fileira até a
última. Esse aumento de densidade das pontas proporciona uma intensidade de penteagem gradual, a fim
de não danificar as fibras que ainda não estão devidamente alinhadas.
PENTE FIXO
Após as fibras serem penteadas pelo pente circular, elas serão puxadas pelos cilindros desagregadores
e, ao mesmo tempo, passarão pelas agulhas do pente fixo, localizadas entre os cilindros e as pinças.
A quantidade regular é de 26 agulhas/cm, mas também podem ser usados pentes mais grossos ou mais
finos (23, 29, 32 ou 35 agulhas/cm), dependendo da matéria-prima.
A figura 100 mostra o pente fixo e o detalhe de suas agulhas.
a b
Diego Fernandes/
Fagner Mariano
Figura 97 - (a) Pente fixo; (b) Detalhe das agulhas do pente fixo
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
CILINDROS DESTACADORES
Posteriormente à ação do pente circular, os cilindros destacadores retornam o véu já formado anterior-
mente para a realização da emenda, que consiste na colocação de um feixe de fibra sobre outro, de forma
uniforme. Logo depois da realização da emenda, os cilindros giram novamente no sentido contrário para
consolidar a emenda. Os cilindros superiores são recobertos de borracha, e os cilindros inferiores são de
aço com ranhuras (figura 101).
a
Figura 98 - (a) Cilindros destacadores; (b) Detalhe dos cilindros destacadores na penteadeira
Fonte: (a) Adaptado de Klein (2014) e (b) Senai/Cetiqt (2016)
O véu de fibras resultante da penteagem precisa ser transformado em fita para o abastecimento da
máquina seguinte do processo de fiação.
Para acontecer essa transformação, é preciso que os cilindros destacadores entreguem o véu para os
cilindros de remoção sem rompê-lo, necessitando a formação de uma reserva de véu entre eles, localizado
sob a placa do véu. Os cilindros de remoção entregam o véu ao condensador e as calandras localizadas
abaixo do mesmo, para formar a fita, apresentada na figura 102.
Cilindros
de retrocesso
Cilindros de remoção
Condensador
Paulo Cordeiro
Fita formada
A fita formada é defletida em 90º e entregue para uma mesa que guia todas as fitas formadas de cada ca-
beça para o trem de estiragem, mostrado na figura 103. A produção da penteadeira pode atingir até 400 kg/h.
iStock/Danish Khan
Agora que você conhece os elementos, veja como é o funcionamento de cada ciclo da penteagem:
1º passo
2
2º passo
Paulo Cordeiro
3º passo
4º passo
5º passo
7
5º passo: os cilindros de retrocesso (7) giram, retor-
2
nando com as fibras (8) já penteadas no ciclo anterior, e
o feixe de fibras penteadas (2) é colocado sobre as que
retornaram, fazendo a emenda.
Paulo Cordeiro
6º passo
9
6º passo: os cilindros de retrocesso (7) invertem o
7
sentido de rotação e puxam o feixe de fibras sobrepostas
através das agulhas do pente fixo (9), deixando-as mais
alinhadas e finalizando a emenda. Logo após as pinças
voltam para a posição inicial e inicia-se um próximo ciclo
de penteagem.
Paulo Cordeiro
As oito fitas formadas são puxadas pelo trem de estiragem para serem transformadas em uma fita e
depositadas em forma de espiral em uma lata.
Como já foi visto no passador, o trem de estiragem é responsável por aumentar o alinhamento e afinar
a massa de fibras.
O trem de estiragem da penteadeira é posicionado de forma inclinada, onde as fitas são puxadas de
baixo para cima.
Os sistemas mais utilizados são 3/3 ou 4/3, ou seja, 3 cilindros de borracha sobre 3 cilindros de aço ra-
nhurados ou 4 cilindros de borracha sobre 3 cilindros de aço ranhurados, conforme a figura 105.
Paulo Cordeiro
Após o trem de estiragem, as fitas são depositadas em uma lata, conforme já detalhado no processa-
mento das fibras no passador, e são direcionadas normalmente para mais uma passagem no passador de
2ª passagem.
A estiragem na penteadeira varia de 9,12 a 25,12 vezes.
A preparação da penteagem é essencial para evitar perda de fibras longas (boas), que aumentam o
custo do produto final.
Para conseguir realizar uma penteagem com eficiência, devemos ficar atento a três aspectos importantes:
a) Os ganchos das fibras devem ser dianteiros no momento da penteagem;
b) A massa de fibras não deve ter pontos altos;
c) As fibras devem estar paralelas.
Pesquisas mostram que, para um bom desempenho na penteagem das fibras, os ganchos devem
estar posicionados para frente (ganchos dianteiros), conforme a figura 106.
Diego Fernandes
A fita produzida pela carda possui, na sua maioria, ganchos na parte traseira (ganchos traseiros). Assim,
devemos ter um número par de processos entre a carda e a penteadeira, como mostram as figuras 107 e 108.
Diego Fernandes
Diego Fernandes
Carda Máquina 1 Máquina 2 Penteadeira
Figura 105 - Posição dos ganchos em cada máquina da preparação da penteagem
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
A fibra deve ser uniforme em toda sua extensão, então se a fita de carda alimentasse a penteadeira,
ocorreria o risco de a pinça não segurar as extremidades das fitas menos comprimidas (figura 109), devido
aos pontos altos na parte interna. As fibras das extremidades seriam puxadas sob forma de flocos pelo
pente circular e seriam eliminadas.
Pinça superior
Diego Fernandes
Pinça inferior
Figura 106 - Ilustração do par de pinças não segurando as extremidades da massa de fibras
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
As fibras que alimentam a penteadeira devem estar paralelas. Se não estiverem, elas serão alimentadas
ao pente circular como se fossem fibras curtas e consequentemente serão eliminadas, conforme a figura 110.
Fibras longas
Diego Fernandes
Figura 107 - Ilustração das fibras longas sendo eliminadas junto com as curtas
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
Seguindo o fluxograma do processo de um fio (cardado ou penteado) produzido em filatório por anel,
a maçaroqueira é a próxima máquina a receber as fitas do passador. Após o processamento, o material sai
na forma de um pavio.
Depois que o passador melhorou a uniformidade das características da massa de fibras que estão no
formato de uma fita, a maçaroqueira vai preparar as fibras para serem transformadas finalmente no produ-
to final da fiação: o fio.
a
Davi Leon
Gaiola
Entrada da ta
Trem da estiragem
Voador
Fuso
Pavio
Senai/Cetiqt/Diego Fernandes
Canela
Carro
Figura 110 - Elementos da maçaroqueira
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
FIQUE Seus elementos se repetem lado a lado em toda a largura da máquina. Cada conjun-
ALERTA to de componentes produz um pavio.
GAIOLA
Após o processamento das fibras no passador, as latas (1) são transportadas para a maçaroqueira e co-
locadas sob a gaiola (2), mostradas na figura 114.
A gaiola (2) tem a finalidade de abastecer o trem de estiragem, tendo que ter o cuidado necessário para
que não ocorra a falsa estiragem na fita, causando defeitos no pavio.
Cada fita tem as suas próprias guias (3) na gaiola (2) de alimentação, para evitar desfibramentos das fi-
bras, causando maior pilosidade12 no pavio.
iStock/antoniotruzzi
1
TREM DE ESTIRAGEM
A fita é conduzida pela gaiola até o trem de estiragem da maçaroqueira. Como já foi visto no passador e
na penteadeira, o trem de estiragem é responsável por aumentar o alinhamento e afinar a massa de fibras.
A diferença do trem de estiragem da maçaroqueira em relação ao do passador e da penteadeira é que
ele possui um sistema de duplo manchão, responsável por controlar as fibras curtas no momento da
estiragem principal (figura 115).
Diego Fernandes
Figura 112 - Trem de estiragem da maçaroqueira com o sistema de manchão em destaque
Fonte: Adaptado de Klein (2014)
Os esticadores (1) que são responsáveis por esticar o manchão13 (2) podem ter comprimentos diferen-
tes para cada origem e característica da matéria-prima (figura 116).
2 2 1 2 1
1
48 mm 58 mm 74 mm
Davi Leon
13 Nome dado a uma correia que fica em volta dos cilindros do trem de estiragem.
Os sistemas mais utilizados são 3/3 ou 4/4, ou seja, 3 cilindros de borracha sobre 3 cilindros de aço ra-
nhurados, ou 4 cilindros de borracha sobre 4 cilindros de aço ranhurados.
a b
Cilindro de borracha
Diego Fernandes
Cilindro de borracha
VOADOR
Logo após o trem de estiragem, as fibras recebem uma leve torção pelo voador.
O voador é responsável por aplicar a torção e o enrolamento do pavio na canela. Cada volta do voador
insere uma torção no pavio e enrola uma espira14 na canela.
Podemos concluir que a torção acontece entre o primeiro cilindro do trem de estiragem e o voador.
Gaiola
Entrada da ta
Trem da estiragem
Voador
Fuso
Pavio
Senai/Cetiqt/Diego Fernandes
Canela
Carro
Figura 115 - Local onde ocorre a torção
Fonte: Adaptado de Klein (2014)
FUSO
Fuso
Diego Fernandes
CANELA
A canela é um componente de plástico, no qual é enrolado o pavio para ser transportado para o filató-
rio de anel. A embalagem formada é chamada de “maçaroca”.
Canela
Pavio
Diego Fernandes
A canela possui três movimentos que possibilitam o enrolamento do pavio e a formação da embalagem.
São eles:
a) giratório – a canela gira a partir do movimento do fuso;
b) subida – a canela sobe a partir do movimento que o carro faz para cima;
c) descida – a canela desce a partir do movimento que o carro faz para baixo.
A formação da maçaroca consiste em enrolar o pavio na canela. Sabendo que o voador só possui o
movimento giratório durante a operação da maçaroqueira, é necessário que ocorram algumas ações dos
demais elementos para formar a embalagem:
a) O carro deve se movimentar para cima e para baixo, para as espiras serem enroladas lado a lado,
conforme a figura 121;
Canela
1ª espira
2ª espira
Davi Leon
Carro
Figura 118 - Ilustração da embalagem com corte transversal do lado direito, mostrando o movimento do carro
Fonte: Adaptado de Klein (2014)
O carro diminua o percurso após cada camada depositada, para formar uma embalagem no formato
“tronco-cônico”, a fim de evitar que as extremidades se desmanchem.
Canela
1ª camada
2ª
3ª
4ª
5ª
Davi Leon
Carro
Figura 119 - Diminuição do percurso do carro
Fonte: Adaptado de Klein (2014)
b) Redução da velocidade linear do carro, devido ao aumento do diâmetro (Ø) a cada camada de pavio
depositada;
c) Redução da rotação da canela, devido ao aumento do diâmetro (Ø) a cada volta do material.
Diâmetro da canela
Ø1 = 40 mm
Ø2 = 50 mm Diâmetro da 1ª camada
Ø3 = 60 mm Diâmetro da 2ª camada
Figura 120 - Ilustração do aumento do diâmetro da embalagem a cada camada depositada do pavio
Fonte: Adaptado de Klein (2014)
Atualmente, nas maçaroqueiras mais modernas, para sincronizar todos esses movimentos, existem ser-
vomotores individualizados para cada elemento da máquina, garantindo uma formação da embalagem,
de forma que não seja necessário diferenciais, polias cônicas e inúmeras engrenagens que faziam parte do
antigo mecanismo de estalo.
Trem de estiragem
Aleta
Voador
Fuso
Pavio
Trilho de bobinas
Davi Leon
Carro Fuso
Após o comprimento desejado do pavio enrolado na canela ser concluído, é necessário descarregar a
maçaroqueira para produzir novamente outras embalagens.
O descarregamento (ou arriada da maçaroqueira) pode ocorrer manualmente ou automaticamente
(figura 125).
Transporte manual
Senai/Cetiqt/Diego Fernandes
Transporte automático
O transporte manual ocorre com a intervenção de um operador, o qual terá que retirar as embalagens
da maçaroqueira, colocá-las em um carro de transporte e empurrá-lo até o filatório de anel.
Luiz Meneghel
Figura 123 - Transporte manual das maçaroqueiras para o filatório de anel
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
O transporte manual ocorre com a intervenção de um operador, conforme a figura 127. O operador (1)
terá que retirar as embalagens da maçaroqueira (2), colocá-las em um carro de transporte (3) e empurrá-lo
até o filatório de anel.
Filatórios de anel
Maçaroqueira
1 3 2
1
2
3
Davi Leon
O transporte automático ocorre sem a intervenção de um operador (figura 128). As embalagens da maçaro-
queira (1) são retiradas por um mecanismo automático (2) e transportadas por trilhos (3) até o filatório de anel.
Luiz Meneghel
Figura 125 - Transporte automático
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
FIQUE A maçaroqueira não é utilizada para o processo de formação do fio no filatório por
rotor nem no filatório por jato de ar. A fita do passador abastece diretamente os fila-
ALERTA tórios citados.
Você está acompanhando o processo de transformação das fibras, desde que elas entraram no sistema
de abertura até se transformarem em um pavio na maçaroqueira. Finalmente, as fibras estão preparadas
para serem transformadas em fio.
O filatório de anel recebe o pavio da maçaroqueira, e, após o processamento, o material sai na forma
de um fio singelo em espula.
(a) Shutterstock/ chinahbzyg (b) Shutterstock/zhengzaishuru
Figura 126 - (a) Material de entrada – 1 pavio; (b) Material de saída – 1 fio
O mecanismo de produção de um fio no filatório de anel consiste em uma unidade de estiragem, se-
guida de uma combinação de torção e enrolamento. Tem o objetivo de produzir um fio com a melhor
distribuição possível das suas características, como a uniformidade de massa.
Para entender o funcionamento do filatório de anel, é necessário conhecer primeiramente o conjunto
de elementos responsável pela produção do fio. Falaremos sobre esses elementos nas seções seguintes.
Artur Paz
Correia
FIQUE Um filatório produz diversos fios simultaneamente, por isso cada conjunto de ele-
mentos responsáveis pela produção de um fio está disposto lado a lado ao longo de
ALERTA toda a largura da máquina.
GAIOLA
Após o transporte das embalagens da maçaroqueira até o filatório de anel, elas serão colocadas na
gaiola.
A gaiola possui dois componentes importantes presos em sua estrutura metálica:
Suporte da maçaroca (1) – é responsável por prender a maçaroca na gaiola;
Varão orientador (2) – objetiva orientar a posição do pavio para um eficiente desenrolamento da
maçaroca.
1 Embalagem da
maçaroqueira
2
iStock/zhengzaishuru
TREM DE ESTIRAGEM
O pavio é direcionado para o trem de estiragem do filatório por anel, que é parecido com o da maçaro-
queira. É nesse elemento do filatório que definimos a finura do produto final, ou seja, o título desejado no fio.
e) Os limpadores inferiores e superiores (5) são responsáveis pela limpeza dos cilindros superiores e
inferiores do trem de estiragem.
A estiragem no filatório de anel varia de 8 a 80 vezes, e o escartamento tem o valor de até 70 mm! Além
disso, podemos fazer fios no filatório de anel com títulos de 3,6 tex (160 ne) até 147,5 tex (4 ne).
Após as fibras serem estiradas no trem de estiragem do filatório de anel e torcidas, é necessário fazer o
enrolamento das fibras em formato de fio na espula. Para que isso aconteça, é necessária a atuação de seis
componentes: fuso, viajante, rabo-de-porco, quebra balão, anel e mesa de anéis.
Correia
Artur Paz
O grande responsável pela torção é o fuso. Os fusos são movimentados por motores ligados por
correias.
O filatório de anel possui de 144 a 1.680 fusos, chegando a 25.000 rotações/minuto. A torção no filatório
de anel varia de 100 a 3.500 torções por metro.
O rabo-de-porco (ou guia-fio) tem como finalidade principal guiar o fio no enrolamento, sem deixar que-
forme um balão na saída do trem de estiragem, permitindo com isso uma melhor uniformidade da torção.
Já o quebra balão diminui o balão para que o fio não sofra uma tensão muito alta.
Guia o
Fio
Quebra balão
O anel e o viajante são elementos essenciais para o enrolamento do fio na espula que está encaixada
no fuso.
O viajante é uma peça metálica ou plástica, com vários formatos, que gira livremente ao redor do anel.
Anel Viajante
Artur Paz
Formato em “N” Formato em “N”
Figura 132 - Anel e vários formatos do viajante
Fonte: Senai/Cetiqt (2016)
O fio passa entre o anel e o viajante para depois ser enrolado na espula. O movimento de rotação do
fuso puxa o fio e consequentemente movimenta o viajante em torno do diâmetro do anel. Podemos dizer
que o anel serve de pista para o viajante. O atrito entre o anel e o viajante viabiliza o enrolamento, devido
à diminuição da velocidade do viajante em relação à velocidade do fuso.
Artur Paz
Além de servir de pista para o viajante, o diâmetro do anel é um fator limitante para a quantidade de fio
que será enrolado na espula. Então, podemos ter anéis com diâmetros de: 36, 38, 40, 42, 45, 48, 51 e 54 mm.
Fio
Diâmetro do anel
Fio
Largura do ange
N˚ do ange 1 1,5 2
Ana Beatriz Silva
FORMAÇÃO DA EMBALAGEM
3ª Ponta
2ª Parte cilíndrica
1ª Base
Artur Paz
Na base, a mesa de anéis sobe e desce, formando uma camada onde as espiras são depositadas lenta-
mente, lado a lado, no momento de subida, e depositadas rapidamente, de forma inclinada e aberta, no
momento de descida da mesa.
A amplitude de cada camada é sempre a mesma, proporcionando a formação de camadas com volu-
mes sempre iguais. Conclui-se então que, a cada camada depositada, aumenta-se o diâmetro “d” da cama-
da e, consequentemente, diminui sua largura “b”. A cada camada depositada, a mesa de anéis é suspensa
por uma quantidade constante “h”, formando assim uma curva na base da embalagem. Para compreender
melhor a formação de camadas, observe a imagem a seguir:
d4
d3
d2
d1
d4
d3
d2
d1
h
h
h
Artur Paz
b4 b3 b2 b1
A ponta e a parte cilíndrica da embalagem são formadas em seguida. Como já vimos, a subida da mesa
de anéis (6) é lenta e a descida é rápida, o que resulta em uma menor quantidade de fio enrolada na parte
superior da camada, formando a parte cônica. A partir de certo diâmetro, a parte superior fica com a mes-
ma espessura que a parte inferior, formando assim a parte cilíndrica, onde seu diâmetro é limitado pelo
diâmetro do anel.
b1
2
b4
b3
b2
Artur Paz
b1
Figura 138 - Formação da ponta e da parte cilíndrica da embalagem do filatório de anel
Fonte: Adaptado de Klein (2014)
CASOS E RELATOS
O filatório por rotor é uma tecnologia que dispensa o uso da maçaroqueira no processo de fabricação
de um fio e não necessita de uma conicaleira para produzir uma bobina cilíndrica15 ou cônica.
iStock/zhengzaishuru
Figura 139 - Filatório por rotor
O material de entrada é a fita de carda (ou passador), e o de saída, o fio singelo em bobina, envolven-
do operações de abertura, limpeza, estiragem e torção.
(a) iStock/baranozdemir (b) iStock/zhengzaishuru
Figura 140 - (a) Material de entrada – 1 fita; (b) Material de saída – 1 fio
Artur Paz
Figura 141 - Em destaque, o filatório por rotor
Fonte: Adaptado de Klein (2014)
Vamos entender melhor o que acontece com as fibras no filatório por rotor?
Para entender o funcionamento do filatório por rotor, é necessário conhecer primeiramente seus
elementos.
Artur Paz
ALIMENTAÇÃO DA FITA
Artur Paz
CAIXA DE FIAÇÃO
As fibras são abertas e limpas pelo cilindro abridor (ou cardinha) e logo após são transportadas por
um canal de sucção, até chegar ao rotor.
As fibras depositadas no rotor são entrelaçadas ao fio já existente e retiradas pelo tubo de saída, em
forma de um novo fio.
Fagner Mariano
Figura 144 - Caixa de fiação
Fonte: Adaptado de Klein (2014)
Após a fita ser alimentada na caixa de fiação do filatório rotor, as fibras encontrarão o cilindro abridor
(ou cardinha) e serão novamente abertas e limpadas.
O cilindro abridor é coberto de dentes metálicos, parecidos com as guarnições da carda, e giram a uma
velocidade muito maior que a do cilindro alimentador, obtendo assim uma alta estiragem.
A estiragem total pode chegar a 400 vezes em um filatório por rotor.
Fagner Mariano
Os dentes do cilindro abridor podem ser modificados de acordo com a matéria-prima em processamento.
As modificações podem ser as seguintes:
a) Forma e ângulo dos dentes;
b) Altura e largura da ponta dos dentes;
c) Densidade de dentes/cm;
d) Revestimentos diversos.
Artur Paz
Figura 146 - Modelos de dentes da cardinha
Fonte: Adaptado de Klein (2014)
A fita de carda (ou passador) (1) alimenta a caixa de fiação de forma uniforme pela ação do condensador
(2), mesa de alimentação (3) e cilindro alimentador (4); conforme a imagem a seguir:
Artur Paz
As fibras (5) passam pela superfície coberta com dentes (6) do cilindro abridor (ou cardinha) (7). Observe
a imagem a seguir:
Artur Paz
Figura 148 - Sequenciamento do funcionamento da cardinha
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
Ao passarem pelo cilindro abridor (7), as fibras (5) são abertas, e as impurezas (8) restantes são retiradas.
6 4
7
5 3 1
8
Artur Paz
O ROTOR
O rotor é o elemento mais importante do filatório por rotor. Conforme vimos, ele se localiza dentro da
caixa de fiação, e a velocidade do rotor pode chegar a 180.000 rotações/min, gerando uma altíssima força
centrífuga sobre as fibras. Essa força obriga as fibras a ficarem depositadas no sulco interno do rotor.
Pode existir até 500 rotores em um filatório, sendo divididos nos dois lados da máquina, ou seja, 250 de
cada lado.
É no rotor que acontece a distribuição de fibras em seu sulco, e é aplicada a torção definitiva no fio. A
torção pode variar de 382 a 971 T/m.
Fagner Mariano
Figura 150 - (a) rotor da caixa de fiação; (b) rotor em separado
Fonte: SENAI CETIQT(2016)
Parâmetros do rotor
a. Inclinação da parede do rotor,
b. Parede do rotor,
c. Sulco do rotor,
Artur Paz
d. Diâmetro do sulco do rotor.
Vários tipos de rotores estão disponíveis para cada tipo de matéria-prima e produto final desejado.
Veja na figura 155 alguns exemplos de diferentes configurações do sulco do rotor e recomendações de uso.
T-Rotor TC-Rotor
Aplicação universal para todos os Utilizado para obter fios resistentes e
materiais. Utilizado para obter fios de mais grossos (inferior a Ne12),
alta uniformidade, destinados à destinados à produção de jeans na
tecelagem. tecelagem.
K-Rotor DS-Rotor
Utilizado para fios de algodão Utilizado para obter fios mais grossos
destinados à tecelagem. (inferior a Ne10) de algodão e misturas,
destinados à malharia e produção de
jeans na tecelagem.
G-Rotor GM-Rotor
Aplicação universal para todos os Utilizado para obter fios mais finos,
materiais. Utilizado para obter fios destinados à tecelagem e malharia.
volumosos para a malharia.
U-Rotor
Utilizado para obter fios mais grossos
(inferior a Ne10) de algodão e misturas,
Artur Paz
Os cabos dos rotores do filatório estão posicionados sobre dois discos de suporte e são movimentados
por uma correia tangencial, onde o acionamento é realizado por um rolo de pressão. Se for aberta a caixa
de fiação por algum motivo, o rolo de pressão é levantado e os discos são freados.
Após a parada, o rotor pode ser retirado facilmente para análise do problema ocorrido.
2
1
Artur Paz
Após saírem da cardinha, as fibras (1) são sugadas pelo canal de transporte (3) e depositadas no rotor
(4), que está girando em alta velocidade devido à ação dos discos (5).
5
4
Artur Paz
A força centrífuga gerada pela alta velocidade do rotor (4) força as fibras (1) a ficarem depositadas no
sulco do rotor (6).
66 44 4
4
55 55 11 5
5
55 11
Artur Paz
77 77
Figura 156 - Entrada das fibras no rotor
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
As fibras (1) se entrelaçam com a ponta do fio (7), que está introduzida dentro do rotor (4) e são puxadas
pelos cilindros de saída por meio do tubo de saída (8).
11 44 55
55
77
33
33 8
8
Artur Paz
Figura 157 - Sequenciamento do funcionamento do rotor
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
BOCAL
Quando o fio for removido do rotor, ele será desviado perpendicularmente pelo bocal de cerâmica e
puxado pelos cilindros de saída por meio do tubo de saída do fio. O bocal é responsável por aplicar uma
falsa torção no fio.
Artur Paz
No bocal, o fio fica em contato com a parte cerâmica durante toda a sua formação. O desenho do bocal
levanta o fio breve e repetidamente, causando uma vibração que promove a propagação da torção no
sulco do rotor.
A superfície do bocal exerce uma influência decisiva na estrutura e pilosidade do fio.
Veja a seguir alguns dos bocais utilizados:
Davi Leon
Bocal liso
Figura 159 - Bocal liso
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
Os bocais lisos são recomendados para produção de fios lisos com baixa pilosidade e proporcionam
alta torção no fio, devido à baixa falsa torção aplicada.
Davi Leon
Bocal espiral
Figura 160 - Bocal espiral
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
Os bocais espirais são recomendados para produção de fios de algodão compactos e finos, com baixa
pilosidade e uniformidade.
Davi Leon
Bocais com 3, 4 e 8 entalhes
Os bocais com 3, 4 e 8 entalhes são recomendados para a produção de fios de algodão, de fibras artificiais
e suas misturas. O entalhe proporciona maior falsa torção17, maior estabilidade no fio, mas alta pilosidade.
com entalhes
Figura 162 - Bocal externamente serrilhado com entalhes
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
17 Nome dado para a torção que não é esperada, ou seja, que não foi programada.
Os bocais externamente serrilhados com entalhes são recomendados para a produção de fios
extremamente peludos, volumosos e macios.
Os bocais com pequenos raios e pequenos entalhes são recomendados para a produção de fios de
poliéster. Menor ponto de contato do fio com a superfície do bocal.
FORMAÇÃO DA EMBALAGEM
Bobina de fio
Cilindro bobinador
Arco de
compensação
Barra de tensão
Artur Paz
Figura 164 - Região de enrolamento
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
A tensão de enrolamento é controlada por um arco de compensação e uma barra de tensão do fio. O
arco é usado para compensar a distância maior entre os cilindros de saída e as bordas da embalagem. A
barra é usada para controlar a tensão desejada de enrolamento do fio.
Artur Paz
As bobinas podem pesar até 6 kg, com diâmetro de 350 mm. A produção da bobina pode chegar a 300
m/min para cada unidade da fiação.
O filatório por jato de ar também dispensa o uso da maçaroqueira no processo de fabricação de um fio
e não necessita de uma conicaleira para produzir uma bobina cilíndrica ou cônica.
O material de entrada é a fita do passador (ou penteadeira), e o de saída, o fio em bobina, envolvendo
estiragem e torção.
Figura 166 - (a) Material de entrada – 1 fita; (b) Material de saída – 1 fio
7.9.1 ELEMENTOS
Vamos entender melhor o que acontece com as fibras no filatório por jato de ar?
Para entender o funcionamento do filatório por jato de ar, é necessário conhecer primeiramente seus
elementos.
Observe com atenção a imagem a seguir e identifique os principais elementos da máquina.
Legenda
1. Fita 5. Monitoramento 9. Transporte de
2. Alimentação 6. Formação da bobina embalagens
3. Trem de estiragem 7. Carro de emenda do fio
Artur Paz
4. Bico de torção 8. Carro de troca de bobina
GAIOLA
A fita é puxada pelo trem de estiragem e, em seguida, passa por uma gaiola com guias. Nesse momento
de alimentação do filatório por jato de ar, a fita está sendo relaxada para ser estirada.
Gaiola
Artur Paz
TREM DE ESTIRAGEM
O trem de estiragem do filatório por jato de ar é semelhante ao trem de estiragem dos outros maqui-
nários da fiação, ou seja, possui cilindros de borrachas no braço pendular, que são pressionados sobre os
cilindros de aço.
A estiragem no filatório por jato de ar varia de 65 a 450 vezes!
Podemos fazer fios no filatório por jato de ar com títulos de 15 até 60 Ne.
Fita
Silver
Trem de
estiragem
Nozzle
Spindle
Yarn clearer
Bobina
de Fio
Davi Leon
FIQUE Nesse elemento do filatório, o trem de estiragem é onde definimos a finura do pro-
ALERTA duto final, ou seja, o título desejado no fio.
BICO DE TORÇÃO
Logo após as fibras serem estiradas, elas são torcidas por um bico de torção, o qual recebe um turbilhão
de ar de forma helicoidal18, responsável por torcer as fibras das extremidades sobre um fecho de fibras
paralelas, localizadas no núcleo. A velocidade do ar no interior do bico de torção pode chegar a 1.000.000
de rpm, e a fibra, 300.000 rpm, devido ao atrito envolvido entre eles.
Fita
Ar Ar
Bico de
torção
Bobina
de Fio
Davi Leon
Figura 170 - Bico de torção do filatório por rotor
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
Os sensores óticos ou capacitivos estão localizados logo após o bico de torção, para monitorar a quali-
dade de 100% do fio.
Os defeitos de fio, tais como neps, pontos grossos ou finos, são detectados e eliminados.
Caso tenha alguma ruptura no fio, o processo de fiação é parado e sinalizado, para que ocorra a emenda
necessária.
Não ok Ok
Front roller
Nozzle
Spindle
Sensor de
defeitos
Bobina
de Fio
Davi Leon
Sensor de contato
Figura 171 - Monitoramento da qualidade do fio
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
CARROS
O carro de emenda possui um sensor que detecta a unidade de fiação que está parada e atua de forma
eficaz na emenda do fio. A emenda tem que ser de boa qualidade, para que não ocorram problemas nos
processos subsequentes à fiação, ou seja, na tecelagem ou malharia.
O carro de troca retira as bobinas que estão no diâmetro padrão e recoloca um novo tubo para ser
formada outra bobina.
As bobinas podem ter até 300 mm de diâmetro, ou 4,3 kg.
O filatório por jato de ar pode produzir até 450 m/min de fios singelos em bobina.
Carro de troca
de bobina
Senai Cetiqt
Carro de emenda
do o
Figura 172 - Carros do filatório por rotor
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
Dois carros são de grande importância no filatório por jato de ar, os quais são utilizados para fazer a
emenda após a ruptura do fio e para retirar a bobina quando atingir o diâmetro desejado.
Com a ação automática dos carros, as bobinas são padronizadas em comprimento e diâmetro, e as
emendas são realizadas de forma muito mais rápida e eficaz do que uma emenda manual.
Após a fabricação do fio, ele já pode ser direcionado para os processos de tecelagem ou de malharia
para fabricação do tecido.
Para conhecer outras máquinas que produzem o fio têxtil, tais como fiação por fricção
SAIBA ou dref, leia a seguinte bibliografia:
MAIS ARAÚJO, M.; CASTRO, E. M. M. Manual de engenharia têxtil. Lisboa: Fundação Calous-
te Gulbenkian, 1986.
Shutterstock/QiuJu Song
Figura 173 - Conicaleira
Você já viu que o produto de saída do filatório por anel é um fio singelo em espula.
A espula formada no filatório possui pouca metragem, o que acarretaria em muitas paradas nos proces-
sos posteriores à fiação, ou seja, na tecelagem e malharia.
A conicaleira é responsável por reunir várias espulas de fio em uma única bobina, com maior metragem.
Shutterstock/QiuJu Song
Figura 175 - (a) Material de entrada – 1 espula (b) Material de saída – 1 bobina
Outra função da conicaleira é eliminar as impurezas e irregularidades encontradas nos fios (pontos finos19,
pontos grossos20, slubs21, neps, etc.), proporcionando um produto final com melhor qualidade.
Senai Cetiqt
Por fim, a terceira função da conicaleira é enrolar embalagens em formatos previstos, com densidades
sob controle que permitam operações a úmido, como alvejamento e tingimento. As camadas de fios são en-
roladas com pouca tensão, para o corante entrar em contato com os fios nas camadas interiores da bobina.
hutterstock/Teodora D
Figura 177 - Bobinas de fios tintos
7.10.1 REGIÕES
REGIÃO DE DESENROLAMENTO
Shutterstock/zhengzaishuru
Figura 180 - Região de desenrolamento de uma conicaleira de alimentação por magazine alimentador
Diego Fernandes
Figura 182 - Sistema de controle do balão
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
A tensão a ser aplicada durante a operação de enrolamento deverá estar entre 10 e 15% da resistência
do fio.
Existem três tipos de tensores: de discos, de pinos e combinados.
a b c
A tensão de enrolamento pode ser detectada continuamente por sensores que interagem com o dispo-
sitivo tensor, alterando a pressão sobre o fio quando necessário.
Nível tensão
PC
Diego Fernandes
Em algumas situações, após o tensor, o fio passa por um dispositivo parafinador, que é composto, nor-
malmente, por um disco de material lubrificante (parafina) ou ceras solúveis.
Geralmente, o parafinador é aplicado quando se procede o enrolamento de fios que irão alimentar má-
quinas de malharia e alguns fios de trama para a tecelagem.
Na região de limpeza localiza-se o mecanismo de corte ou expurgador, que pode ser mecânico ou ele-
trônico. O expurgador identifica e elimina a irregularidade por meio do corte do fio no ponto onde houver
a imperfeição.
O expurgador mecânico consiste em um conjunto constituído basicamente por lâminas, onde a distân-
cia entre elas define o diâmetro de corte da irregularidade.
Mola tensionada
Encosto
Plataforma
Diego Fernandes
Lâmina em repouso Lâmina em trabalho
No expurgador capacitivo, a variação de massa do fio passando ao longo do sensor altera a capacitância
da unidade, e quando o sinal gerado atinge determinado valor, o fio é cortado.
Fio
Condensador
Oscilador
Ana Beatriz Silva
Ampli cador de
condicionamento
de sinal
Figura 189 - expurgador eletrônico capacitivo
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
No expurgador fotoelétrico, o fio passa entre uma fonte de luz e uma fotocélula, e qualquer flutuação
na espessura do fio é detectada por ela devido à variação da luz, cortando o fio.
Esse tipo de expurgador também pode detectar fibras estranhas, aumentando a qualidade do material
enrolado.
Sempre que um fio se romper, o enrolamento é interrompido. Para reiniciá-lo, é preciso que ocorra uma
emenda.
As emendas podem ser realizadas manualmente ou com o auxílio de atadores manuais ou automáticos.
Os atadores podem ser do tipo splicer ou mecânicos.
Nas emendas manuais, tem que se avaliar o fator tempo de execução, podendo o seu custo ser maior
que o da aquisição de atadores automáticos.
Luiz Meneghel
As emendas com atador automático são realizadas de forma mais uniforme, pois não dependem do
operador.
Paulo Cordeiro
Figura 192 - Atador automático
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
Com o atador splicer o nó desaparece, sendo substituído por um discreto aumento de volume na região
da emenda, que pode ser realizada pelo ar, pela água ou pelo calor.
REGIÃO DE ENROLAMENTO
A região de enrolamento é onde a embalagem com material a ser utilizado no processo posterior é
enrolada com tensão constante e uniforme.
O enrolamento dos fios é realizado pelo acionamento da embalagem por atrito.
Shutterstock/zhengzaishuru
Figura 194 - Região de enrolamento
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
No acionamento da embalagem por atrito, a embalagem gira por estar em contato com um tambor
acionador. A velocidade do tambor é constante.
O tambor acionador é, ao mesmo tempo, acionador e guia, pois tem duas hélices cortadas sobre a sua
superfície cilíndrica, que realizam o movimento do fio ao longo do acionador.
Quanto maior o número de espiras por curso, maior deverá ser a densidade da embalagem23 e melhor
será o seu desenrolamento futuro.
Ana Beatriz Silva
A quantidade de espiras por curso deve ser maior na medida em que os fios sejam mais finos, por serem
menos rígidos e permitirem melhor acomodação das camadas.
23 Quantidade de massa de fios em um determinado volume da embalagem. Quanto maior a densidade, mais compactados
ficam os fios e vice-versa.
Paulo Cordeiro
de 2,5 espiras com 3 espiras com passo 2 espiras com passo
passo crescente decrescente constante
Figura 196 - Três diferentes tipos de tambor acionador
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
A produção da conicaleira pode chegar a 2.000 m/min para cada unidade de enrolamento.
Figura 197 - (a) Material de entrada – 2 ou mais fios em espulas ou bobinas separadas; (b) Material de saída – 2 ou mais fios em uma única bobina
7.11.1 REGIÕES
Para que ocorra a reunião dos fios, eles precisam passar por três regiões bem distintas:
a) Região de enrolamento;
b) Região de tensionamento e limpeza;
c) Região de desenrolamento.
Região de
enrolamento
Região de
tensionamento
e limpeza
Região de
Luiz Meneghel
desenrolamento
REGIÃO DE DESENROLAMENTO
A região de desenrolamento é constituída de suportes para colocação das espulas ou bobinas, e o de-
senrolamento é realizado de forma axial.
Separadores e guias-fios individualizados são usados para evitar que os fios se entrelacem.
Davi Leon
REGIÃO DE TENSIONAMENTO
REGIÃO DE ENROLAMENTO
A região de enrolamento é onde a embalagem com material a ser utilizado no processo posterior é
enrolada com tensão constante e uniforme.
O enrolamento é realizado pelo atrito entre a embalagem com o tambor acionador ranhurado.
A produção da binadeira pode chegar a 1.200 m/min por unidade de enrolamento.
Davi Leon
Figura 201 - Região de enrolamento
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
A retorcedeira é alimentada por bobinas de fios singelos ou binados para produzir fios retorcidos.
Figura 203 - (a) Material de entrada – 2 ou mais fios singelos em espulas ou bobinas separadas ou binados. (b) Material de saída – 2 ou mais fios retorcidos uma única
espula ou bobina.
O processo de retorção consiste em unir e torcer dois ou mais fios, com o objetivo de torná-los mais regu-
lares, flexíveis e resistentes, obtendo fios e tecidos de melhor qualidade, muito embora o custo seja mais alto.
Paulo Cordeiro
As retorcedeiras mais utilizadas na indústria têxtil são as de anel e as de dupla torção. Veremos mais
sobre elas a seguir.
RETORCEDEIRA DE ANEIS
As retorcedeiras de anéis são idênticas aos filatórios por anéis, com exceção do trem de estiragem, que
é substituído por cilindros alimentadores.
Vamos entender como acontece a torção na retorcedeira de anel?
Gaiola
Cilindro alimentador
Rabo-de-porco
Quebra de balão
Mesa de aneis
e viajantes
Fuso
Marina Calvo
Espula
Após o transporte, as espulas ou bobinas são colocadas na gaiola. Gaiolas são como estruturas com
suportes para fixar as bobinas de fios singelos ou binados.
Varões orientam os fios para os cilindros alimentadores, a fim de obter um eficiente desenrolamento.
Thinkstock / KORSHENKOV
Figura 206 - Gaiola da retorcedeira de anéis
Ao invés de um trem de estiragem, a retorcedeira possui um par de cilindros alimentadores, onde são res-
ponsáveis por alimentar os fios colocados na gaiola, entregando-os ao fuso para realizarem a torção desejada.
O cilindro inferior é contínuo por toda extensão da máquina, e os superiores são apoiados sobre pres-
são e individualizados para cada fuso.
Fagner Mariano
Logo abaixo dos cilindros alimentadores está localizado o rabo-de-porco e o quebrabalão. Eles são res-
ponsáveis por guiar os fios e quebrar o balão, conseguindo uma torção uniforme.
Fagner Mariano
Figura 208 - (a) Rabo-de-porco; (b) Quebra balão
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
O fuso é o principal responsável por torcer o fio. Cada giro do fuso representa uma quantidade de torção
determinada.
O anel e o viajante são elementos essenciais para o enrolamento do fio na canela que é encaixada no
fuso, formando a embalagem.
Fagner Mariano
Marina Calvo
10
9
8
Legenda 6
1. Fios 2
2. Fuso oco 1
3. Panela de metal 5
4. Disco reserva 3
5. Auxiliar de desenrolamento
6. Guia- o 4
7. Barra guia transversal
8. Tambor acionador
9. Enrolamento do o retorcido
Paulo Cordeiro
7
5
1
4
Paulo Cordeiro
Agora que você já sabe quais são os elementos responsáveis pela retorção, veja como acontece a dupla
torção.
No sistema de retorção das retorcedeiras de dupla torção, os fios da bobina (1) recebem duas torções
para cada rotação do fuso.
A primeira torção ocorre entre a parte superior do fuso (2) e a saída do fio no disco de reserva (4).
A segunda torção ocorre no “balão” (7), entre a saída do fio no disco de reserva (4) e o guia-fio (6).
2
7
5
1 7
1
4
Paulo Cordeiro
Figura 213 - Dupla torção
Fonte: SENAI CETIQT (2016)
Após a torção, os fios retorcidos (1) são puxados e enrolados no tubete (11), formando um cone ou uma
bobina (9) pela ação da rotação do tambor acionador (8) e do vai e vem da barra-guia transversal (7).
10
A retorcedeira de dupla torção pode conter em torno de 240 fusos e produzir fios retorcidos com títulos
de 6/2 Ne a 120/2 Ne.
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
Neste capítulo, você aprendeu sobre as máquinas utilizadas na fiação convencional e entendeu
como acontece a transformação das fibras descontínuas, em forma de fardos, em fios singelos e
retorcidos, que podem ser enrolados nos formatos de espula ou bobina.
Você adquiriu conhecimentos das características, aplicação, elementos e funcionamento de cada
máquina.
Aprendeu também como é importante saber sobre os ajustes necessários nas máquinas para pro-
duzir o fio com a qualidade desejada.
B
Balão, 184, 185, 186, 289, 290, 321, 322, 335, 336, 338, 347
Bobina cilíndrica, 296, 311, 347
Bobina cônica, 347
C
Câmara misturadora, 347
Cilindro-comporta, 223, 347
D
Densidade de embalagem, 347
Desenrolamento axial, 320, 347
Doffer, 182, 220, 240, 245, 246, 347
Duplicação, 181, 190, 205, 206, 207, 247, 257, 259, 260, 263, 347
E
Espira, 209, 278, 347
F
Falsa estiragem, 275, 347
Falsa torção, 306, 307, 308, 347
Flocos de fibras, 198, 217, 220, 222, 223, 224, 242, 347
Força centrífuga, 226, 302, 305, 347
G
Grelha, 181, 220, 222, 223, 347
Guarnição, 181, 202, 226, 234, 236, 244, 247, 340, 347
H
Helicoida, 347
M
Manchão, 183, 276, 277, 347
Mordedura, 266, 347
S
Slub, 348
T
Tingimento, 233, 318, 348
Robson Wanka
Gerência de Educação
Tikinet
Revisão ortográfica e gramatical
Artur Paz
Davi Leon Dias
Diego Fernandes
Luiz Eduardo de Souza Meneghel
Paulo Lisboa Cordeiro
Fotografias, Ilustrações e Tratamento de Imagens
Tikinet
Normalização
i-Comunicação
Projeto Gráfico