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Licenciaturas de Química Aplicada & Bioquímica – Métodos de Separação - TP N.

º 2 – 22-23

TRABALHO PRÁTICO N.º 2


CROMATOGRAFIA EM CAMADA FINA E EXTRACÇÃO POR SOLVENTES

Os estudantes têm que entregar em grupo, ANTES da sessão prática, um


esquema dos 13-14 passos da extração – duas páginas máximo - (ver
exemplo na página 5), indicando as fases aquosas e orgânicas e quais os
componentes da mistura analgésica em cada fase. Levar o esquema
para a aula prática. Indicar também a composição das soluções A e B.

1. OBJECTIVO
Utilização simultânea de técnicas de extracção e cromatografia em camada
fina para a separação e identificação dos componentes de uma mistura
analgésica comercial.

2. INTRODUÇÃO

Algumas das preparações comerciais para dores de cabeça e constipações são uma
mistura de cafeína, ácido acetilsalicílico e fenacetinaN. Para avaliar o seu grau de
pureza e averiguar de possíveis adulterações é necessário encontrar métodos de
análise compatíveis.
A cromatografia em camada fina revela-se não só um método seguro mas também de
fácil aplicabilidade.
As estruturas e polaridades dos três compostos diferem o suficiente para produzir
valores de RF compatíveis com uma boa separação por cromatografia em camada
fina.

NHCOCH3

CO2H

OCOCH3 OC 2H5
Ácido acetilsalicílico (A) Fenacetina (F) Cafeína (C)
RF ~ 0.59 RF ~ 0.39 RF ~ 0.20
O ácido acetilsalicílico pode ser separado da cafeína e fenacetina por extracção com
diclorometanto (DCM) em presença de uma fase aquosa e bicarbonato de sódio. Os
comprimidos depois de moídos, são dissolvidos em DCM e o ácido acetilsalicílico é
separado dos outros dois componentes por extracção com uma solução aquosa de
bicarbonato de sódio.
Se se desejar, é possível extraír de novo o ácido acetilsalicílico para DCM acidificando
a solução de bicarbonato. Porquê?

☠ A fenacetina foi retirada dos comprimidos pela Organização Mundial de Saúde.

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Obtêm-se, assim, duas soluções de DCM; uma contendo só o ácido acetilsalicílico e


outra com uma mistura dos outros dois componentes. Destas soluções tiram-se as
amostras para a cromatografia em camada fina, a fim de se analisar a pureza do
preparado.
Para verificar da existência e concentração dos compostos no analgésico pode fazer-
se uso da técnica espectrofotométrica de U.V. visto que os três componentes
absorvem a comprimentos de onda característicos nesta região do espectro.

Composto λ (nm)
Ac. Acetilsalicílico 275
Cafeína 275
Fenacetina 250

Para o caso de solução de DCM contendo fenacetina e cafeína podem usar-se, para
obtenção das respectivas concentrações, as equações indicadas, que resultam da
determinação espectrofotométrica de dois componentes que absorvem a
comprimentos de onda próximos.

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3. PARTE EXPERIMENTAL

3.1. Material, Aparelhagem e Reagentes


✦ Espectrofotómetro de U.V. /Visível e células de quartzo
✦ Tinas de cromatografia
✦ Funis de separação
✦ Placas de sílica gel para cromatografia
✦ Funis e Papel de filtro
✦ Micropipeta P200 e pontas
✦ Material de vidro
✦ HCl concentrado
✦ Diclometanto (DCM)
✦ Iodo sublimado
✦ Metanol
✦ Ácido acético
✦ Éter dietílico
✦ Tolueno
✦ Comprimido Melhoral
✦ Mistura analgésica

Soluções já preparadas
✓ Solução padrão de ácido acetilsalicílico (3% p/v) em DCM
✓ Solução padrão de cafeína (3% p/v) em DCM
✓ Solução padrão de fenacitina (3% p/v) em DCM
✓ Bicarbonato de Sódio 4%
✓ H2SO4 1 M
✓ Mistura Analgéisca (proporções: 400 mg ác. acetilsalicílico + 75 mg de fenacetina
+ 75 mg de cafeína)

Soluções a preparar
Para a parte da Cromatografia de Camada Fina
✦ Solução da mistura analgésica (500 mg em 5 mL de metanol) – uma por Turno
Prático.
✦ Solução de um comprimido de Melhoral (1 comprimido em 5 mL de metanol) –
uma por Turno Prático.

Muita atenção: Neste trabalho prático, vai ser necessário utilizar micropipetas
para pipetar soluções feitas em DCM. Neste caso e no de outros solventes
orgânicos, utilizar as micropipetas não vai funcionar. As soluções não param de
pingar quando estão nas pontas de plástico.
A solução é repetir o processo de pipetar a solução 4-5 vezes - dentro da solução
com que se está a trabalhar - para saturar a ponta de plástico e, finalmente,
pipetar a solução para a transferir.

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3.2. Técnica Experimental

3.2.1. Extracção por solventes dos componentes do analgésico


Pensar com muito cuidado e atenção nos vários passos seguintes,
nomeadamente saber sempre quais são a fase orgânica e a fase aquosa em
cada etapa.
1. Pesar cerca de 250 mg (registar a massa rigorosa) da mistura analgésica.
2. Adicionar 10 mL de DCM, medidos em proveta, e transferir a mistura para um funil
de separação.
3. Extrair o ácido acetilsalicílico da solução, duas vezes, com cerca de 5 mL, de cada
vez, da solução a 4% de bicarbonato de sódio e, depois, uma vez com cerca de
2.5 mL de água destilada. Juntar estas três extrações numa outra ampola (na 1.ª
ampola qual é a fase aquosa? A de cima ou a debaixo?)
4. Lavar a totalidade deste extrato aquoso anterior 4x com cerca de 2.5 mL de DCM e
adicioná-los à solução de DCM inicial.
5. Deixar o extrato aquoso no funil de separação. Acidificar o extrato aquoso, no funil
de separação, com cerca de 2.5 mL de ácido sulfúrico 1 M. Este passo deve ser
executado sem demora para evitar a hidrólise do ácido acetilsalicílico. O ácido
deve ser adicionado lenta e cuidadosamente. Misturar bem, depois de cessar a
libertação de CO2. Não importa se se formar um precipitado branco.
6. Filtrar a solução de DCM inicial - com papel de filtro, para remover toda a água -
para um balão volumétrico de 25 mL e perfazer com DCM. Marcar como Solução
A.
7. Diluir 50 µL esta solução para um balão volumétrico de 10 mL. Perfazer com
DCM. Marcar como Solução A1.
8. Retomar o extrato aquoso acidificado mencionado em 5) e extraí-lo com 8 porções
de cerca de 5 mL cada de DCM, filtrando com papel de filtro, para um balão
volumétrico de 50 mL. Perfazer até 50 mL com DCM. Marcar como Solução B.
9. Diluir 200 µL desta solução para um balão volumétrico de 10 mL e perfazer com
DCM. Marcar como Solução B1.
10.Determinar quantitativamente os componentes da Solução A1 e da Solução B1,
traçando espectros entre 350 e 200 nm e registando a absorvância a 275 e 250
nm para a Solução A1 e a 275 nm para a Solução B1.

3.2.2. Separação dos componentes por cromatografia em camada fina


A câmara de cromatografia é cheia até cerca 0.8 cm de altura com o seguinte
solvente feito numa proveta de 250 mL na Hotte:

Metanol : ácido acético : éter dietílico : tolueno ( 1:18:60:120)

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Com um tubo capilar colocar 5 gotas da Mistura (Mist.), de Melhoral e de cada


uma das soluções padrão (F, C e A) e 10 gotas de cada uma das Soluções A e
B.

Sol A .
Sol B .
F .
C .
Mist .
A .
Melhoral .

Etapas da cromatografia de camada fina

3.2.3. Revelação do cromatograma


A revelação do cromatograma é feita em câmara de vapores de iodo.
Cuidados a ter: Devido às caracteristicas das folhas de sílica gel é necessário
fotografar a placa para posterior apresentação de resultados, já que as manchas de
iodo na placa tendem a desaparecer.

Esquema da extração a entregar antes da aula (indicar as 14


extrações)

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Questionário a entregar referente ao TRABALHO N.º 2

Nome(s) Data

Grupo Turno

4. QUESTIONÁRIO

4.1. Calcular as quantidades dos compostos analisados no produto de partida.


Sabendo que, idealmente, 550 mg da mistura - um comprimido - contêm 400
mg de ácido acetilsalicílico, 75 mg de fenacetina e 75 mg de cafeína.
NOTA: para calcular o coeficiente de extinção molar das soluções de ácido
acetilsalicílico, de fenacetina e de cafeína, utilizar os espectros de ultra violeta que são
fornecidos em apêndice.

4.2. No passo 5, quando da adição de H2SO4 1 M à fase aquosa, houve formação de


um precipitado. O que era o precipitado e porque é que se formou?

4.3. Discutir o método de extração utilizado e equilíbrios envolvidos.

4.4. Descrever e comentar a placa de cromatografia e relacionar os espectros das


solução A1 e B1 com as respectivas manchas A e B na placa.

5. BIBLIOGRAFIA
1. Dilts, R. V., “Analytical Chemistry” (1974) Van Nostrand, N. Y.
2. Van T. Lien, “Analysis of APC Tablets”, J. Chem. Ed., 48, 478 (1971).
3. Christian, G. D., “Analytical Chemistry”, John Wiley, N.Y. (1980)

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6. APÊNDICE - ESPECTROS DE ULTRA-VIOLETA DOS COMPONENTES DA MISTURA


6.1. FENACITINA

10 mg/l

A250 = 0.595

A275 = 0.090

5 mg/l

A250 = 0.283

A275 = 0.042

2.5 mg/l

A250 = 0.144

A275 = 0.025

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6.2. ÁCIDO ACETILSALICÍLICO

100 mg/l

A275 = 0.794

50 mg/l

A275 = 0.407

25 mg/l

A275 = 0.214

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6.3 CAFEÍNA

2020
mgmg/l
/l

A250
A275 = 0.247
= 1.234

A275 = 0.947

10 mg/l

A250 = 0.117

A275 = 0.470

5 mg/l

A250 = 0.060

A275 = 0.237

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