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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA

TEMA:
Transitórios Devido a Ações de Manobra
Subtema: Interrupção das Correntes de Curto-Circuito

Nome ǀ Número do Estudante

Américo Fernando Nhone No: 2015100285

Denise Marina Massangaia No: 2017100582

Pais Lino Bartolomeu No: 2016100492

Docentes:

____________________________________________
Eng.o Valder Fombe

_______________________________________________
Eng.o Fernando Chacaia, Msc

Songo, Julho de 2022


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO
LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA

TEMA:
Transitórios Devido a Ações de Manobra
Subtema: Interrupção das Correntes de Curto-Circuito

Nome ǀ Número do Estudante

Américo Fernando Nhone No: 2015100285

Denise Marina Massangaia No: 2017100582

Pais Lino Bartolomeu No: 2016100492

Trabalho de carácter avaliativo


elaborado por estudante de 4o ano,
da turma de engenharia Eléctrica
na Unidade de Competência de
Aparelhagem de Manobra e
Proteção, do Instituto Superior
Politécnico de Songo.

Songo, Julho de 2022


Resumo

As sobretensões que surgem numa rede, podem, de uma forma


simplista, dividir-se em sobretensões de origem externa e de origem interna. As
sobretensões de origem externa têm a sua origem em condições atmosféricas
(descargas eléctrica) ou em sistemas externos ao sistema (contacto entre
redes a tensão diferente, por exemplo). As sobretensões de origem interna têm
a sua origem no próprio sistema e resultam de um modo geral de ações de
manobra (abertura ou fecho de circuitos). Nestas notas apenas irá ser
abordado de uma forma fundamental o problema das sobretensões de
manobra. Por outro lado, dado que as sobretensões de manobra ocorrem
aquando do fecho ou abertura dos circuitos, a frequência com que podem
ocorrer é grande. Apesar de este fenómeno durar pouquíssimo tempo, é
necessário que se tenham equipamentos para minimizar as sobretensões/
correntes devido a estas manobras, e que os equipamentos dos Sistemas
Eléctricos de Potência estejam dimensionados para suportar estes picos de
tensão e coerente.

Além dos fenómenos transitórios, o Sistema Eléctrico de Potência (SEP)


é susceptível á um fenómeno extremamente perigoso, o Curto-Circuito. Este
fenómeno corresponde a uma alteração estrutural abrupta num Sistema
Eléctrico de Potência, caracterizada pelo estabelecimento de um contacto
eléctrico, fortuito através de um circuito de baixa impedância entre dois
potenciais diferentes. Uma corrente de curto-circuito pode causar danos
irreparáveis aos equipamentos ligados ao sistema de potência e podendo ainda
causar vítimas humanas. O efeito térmico extremamente elevado, pode chegar
a derreter barramentos, cabos e outros equipamentos ao longo de todo
Sistema. Para evitar tais danos é necessário interromper a corrente de curto-
circuito antes de criar as consequências negativas.

Sendo assim, este trabalho desenvolve o estudo sobre os Transitórios devido a


Acções de Manobra e a Interrupção das Correntes de Curto-Circuito, que
ocorrem em um Sistema de Potência.
Abstract

The surges that arise in a network can, in a simplistic way, be divided into
surges of external and internal origin. Overvoltages of external origin have their
origin in climatic conditions (electrical discharges or in systems external to the
system (contact between networks of different configuration, for example).
operation (opening or closing of circuits). In these notes, only the problem of
switching overvoltages will be fundamentally relevant. On the other hand, given
that switching overvoltages occur when closing or opening, the frequency with
which they can occur Although this phenomenon lasts for a very short time, it is
necessary to have equipment to minimize overvoltages/currents to these
maneuvers, and that the electrical power system equipment has dimensioned
for these peaks of and coherence.

of transient phenomena, the Electric Power System (EPS) is susceptible to an


extremely dangerous phenomenon, the Short Circuit. This phenomenon
corresponds to an abrupt structural change in an Electric Power System, and
the establishment of a low impedance circuit, through two different potentials. A
short circuit current can cause irreparable damage to power equipment and can
even cause harm to man. The extremely high electrical effect can reach buses,
cables and other equipment throughout the entire system. To avoid such
damage, it is necessary to interrupt the short-circuit current before creating
negative consequences.

Therefore, this work develops the study on the Transients to Maneuver Actions
and the Interruption of Short-Circuit Currents, which occurs due to a Power
System.
Índice

1. Introdução……………………………………………………………….. 1

1.1. Objectivos ............................................................................................. 1


1.1.1. Objectivo Geral ........................................................................ 1
1.1.2. Objectivos Específicos ............................................................. 2
1.1.3. Metodologia ............................................................................. 2
2. TRANSITÓRIOS DEVIDO A AÇÕES DE MANOBRA ................................. 3
2.1. Transitórios impulsivos .......................................................................... 3
2.2. Transitórios. Oscilatórios ....................................................................... 4
2.3. Princípios de Protecção Contra Sobretensões Transitórias .................. 4
3. Interrupção de Correntes de Curto-Circuito.................................................... 6
3.1. Curto-Circuito em Sistemas Eléctricos ..................................................... 6
3.2. Correntes de curto-circuito ....................................................................... 8
3.3. Sistema de protecção Contra Correntes de Curto-Circuito. ................... 13
Objectivos de um Sistema de Protecção ................................................... 15
Requisitos do Sistema de Protecção ......................................................... 15
3.3.1. Transformadores de Instrumentação. .............................................. 17
3.3.2. Relés................................................................................................ 20
3.3. Coordenação de Dispositivos de Protecção de Sobrecorrente em baixa e
média Tensão. .............................................................................................. 25
3.3.1 Coordenação entre Disjuntor e Fusível ............................................ 26
4. CONCLUSÃO ............................................................................................ 27
5. BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 28
LISTA DE FIGURA

FIGURA 1: Diagrama Unifilar e Diagrama de Impedâncias. .............................. 7


FIGURA 2: Componentes de corrente contínua e alternada no início de um
Curto-circuito ...................................................................................................... 8
FIGURA 3: Comportamento da corrente de curto-circuito excluindo a
componente CC. .............................................................................................. 10
FIGURA 4: Amortecimento da Corrente ........................................................... 11
FIGURA 5: Esquema de Proteção Contra Sobrecorrente. ............................... 15
FIGURA 6: Associação entre Relé e Disjuntor................................................. 21
FIGURA 7: Diagrama Unifilar do Esquema de Protecção da Saída de um
Alimentador Radial. .......................................................................................... 21
FIGURA 8 Diagrama Unifilar do Exemplo Prático. ........................................... 22
FIGURA 9: Coordenação entre Disjuntor e Fusível. ........................................ 26
LISTA DE SIGLAS

AIEE – American Institute of Electrical Engineers

ANSI – American National Standards Institute

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

CC – Corrente Contínua

CA – Corrente alternada

FEM‟s – Força Electromotriz

IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers

NBR – Norma Brasileira

SE – Subestação Eléctrica

SEP‟s – Sistemas Eléctricos de Potência

TC - Transformador de corrente

TP – Transformador de Potencial
Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

1. INTRODUÇÃO

O termo transitório tem sido aplicado à análise das variações do sistema de


energia para denotar um evento que é momentâneo e indesejável. De outra
forma, entende-se por transitórios electromagnéticos as manifestações ou
respostas eléctricas locais ou nas adjacências, oriundas de alterações súbitas
nas condições operacionais de um sistema de energia eléctrica. Os sistemas
eléctricos estão sujeitos a inúmeros fenómenos transitórios, variando desde as
oscilações electromecânicas (baixas frequências) até as rápidas variações de
tensões e correntes causadas por chaveamentos ou mudanças bruscas de
estado.

Além dos fenómenos transitórios, o Sistema Eléctrico de Potência (SEP) é


susceptível um fenómeno extremamente perigoso, o Curto-Circuito. Este
fenómeno corresponde a uma alteração estrutural abrupta num Sistema
Eléctrico de Energia, caracterizada pelo estabelecimento de um contacto
eléctrico, fortuito através de um circuito de baixa impedância entre dois
potenciais diferentes. Uma corrente de curto-circuito pode causar danos
irreparáveis aos equipamentos ligados ao sistema de potência. O efeito térmico
extremamente elevado, pode chegar a derreter barramentos, cabos e outros
equipamentos ao longo de todo Sistema. Para evitar tais danos, é necessário
interromper a corrente de curto-circuito antes de criar as consequências
negativas.

Sendo assim, este trabalho desenvolve o estudo sobre os Transitórios


devido a Acções de Manobra e a Interrupção de Correntes de Curto-Circuito,
que ocorrem em um circuito eléctrico fechado, onde existem fontes geradoras
de energia eléctrica e cargas que irão consumi-la, tudo isso interligado por
condutores, sistemas de protecção, controlo e manobra, para fazerem
percorrer a electricidade.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral

 Abordar sobre os transitórios devido a acções de manobra;


 Abordar sobre a interrupção das correntes de curto-circuito

1
Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

1.1.2. Objectivos Específicos

 Explicar e Classificar os fenómenos transitórios;


 Apresentar os Princípios de Protecção Contra Sobretensões
Transitórias;
 Descrever o fenómeno de Curto-Circuito em Sistemas Eléctricos;
 Apresentar as Componentes das Correntes de curto-circuito;
 Descrever o Sistema de Interrupção de Correntes de Curto-Circuito
(Sistema de Protecção Contra Sobrecorrentes).
 Apresentar sobre a Coordenação de Dispositivos de Protecção Contra
Sobrecorrentes em baixa e média Tensão.

1.1.3. Metodologia

O desenvolvimento deste trabalho baseou -se em bibliografias sobre


Transitórios Devido a Acções de Manobra e Análise das Interrupções das
Correntes de Curto-Circuito, através de pesquisas científicas didácticas e
matéria já dada nesta unidade de competência (Aparelhagem de Manobra de
Protecção), assim como em outras unidades de competência.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

2. TRANSITÓRIOS DEVIDO A AÇÕES DE MANOBRA

Uma das funções básicas do dispositivo de manobra é a protecção, que é a


interrupção de curto-circuito e correntes de falha e/ou de sobrecarga, mantendo
o serviço para circuitos não afectados. Ele também fornece isolamento de
circuitos de fontes de alimentação bem como também é usado para aumentar a
disponibilidade do sistema, permitindo que mais de uma fonte alimente uma
carga.

O dispositivo de manobra para tensões mais baixas pode ser totalmente


fechado dentro de um edifício. Para tensões mais altas (acima de cerca de
66kV), o dispositivo de manobra é normalmente montado ao ar livre e isolado a
ar, embora isso exija uma grande quantidade de espaço. Ele também pode ser
isolado a gás economizando espaço em comparação com o equipamento
isolado a ar, embora o custo do equipamento seja mais alto. Já ele isolado a
óleo apresenta risco de derramamento de óleo.

As chaves podem ser operadas manualmente ou ter accionamentos de motor


para permitir o controlo remoto. Nesta operação surge variações desde as
oscilações electromecânicas (baixas frequências) até as rápidas variações de
tensões e correntes causadas por chaveamentos ou mudanças bruscas de
estado, e estas variações denominam-se, transitórios e a sua duração é muito
pequena, mas de grande importância, uma vez que os equipamentos presentes
nos sistemas eléctricos estarão submetidos a grandes solicitações de tensão
e/ou corrente.

Os fenómenos transitórios podem ser classificados em dois grupos, os


chamados transitórios impulsivos e os transitórios oscilatórios.

2.1. Transitórios impulsivos

Um transitório impulsivo é uma súbita alteração não desejável no sistema, que


se encontra em condição de regime permanente, reflectido nas formas de
ondas da tensão e/ou corrente, sendo unidireccional na sua polaridade
(primeiramente positivo ou negativo).

Normalmente são causados por descargas atmosféricas com frequências


bastante diferentes daquela da rede eléctrica.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

Os transitórios impulsivos são normalmente caracterizados pelo seu tempo de


aumento e decaimento, os quais podem ser revelados pelo conteúdo espectral
do sinal em análise.

2.2. Transitórios. Oscilatórios

Também como para o caso anterior, um transitório oscilatório é uma súbita


alteração não desejável da condição de regime permanente da tensão,
corrente ou ambas, em que as mesmas incluem valores de polaridade positivos
ou negativos. É caracterizado pelo seu conteúdo espectral (frequência
predominante), duração e magnitude da tensão.

2.3. Princípios de Protecção Contra Sobretensões Transitórias

Os problemas de sobretensão transitória devem ser controlados pela fonte


geradora, alterando-se as características do sistema afectado pelos transitórios
ou pela utilização de equipamentos de protecção junto à carga. Como exemplo,
podemos tomar os transitórios gerados pelo chaveamento de capacitores nos
sistemas eléctricos das concessionárias de energia. Estes podem ser
controlados na fonte geradora, realizando o chaveamento no momento da
passagem por zero da onda de tensão. Da mesma forma, pode-se evitar a
amplificação deste tipo de transitório não utilizando capacitores em baixa
tensão nas instalações dos consumidores fiais. Como forma de protecção de
equipamentos sensíveis dos consumidores seria a utilização de filtros de linha,
bem como o uso de pára-raios.

Muitos problemas de transitórios em consumidores envolvem o sistema de


aterramento das instalações eléctricas e sua interacção com os sistemas de
comunicação, sejam as redes de comunicação local ou sistemas de protecção
de equipamentos e controle de processos. Na maioria das vezes, os
transitórios são drenados pelos equipamentos, como pára-raios, varistores,
capacitores de surto etc., para o sistema de aterramento. Tais sobretensões
podem gerar acoplamentos com os sistemas de comunicação, em que mesmo
transitórios de baixa magnitude podem causar má operação ou falhas de
componentes. Para estes casos, devem-se utilizar tipos especiais de protecção
específicos.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

Dentre os principais equipamentos de protecção contra sobretensões


transitórias podem citar:

 Supressores de surto, como varistores, centelhadores, capacitores


surtem, díodos tipo Zener, etc.; Transformadores isoladores;
 Filtros passa-baixa;
 Pára-raios (ZnO).

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

3. Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

3.1. Curto-Circuito em Sistemas Eléctricos

Num sistema eléctrico, é necessário o cálculo de curto-circuito com a finalidade


de dimensioná-lo adequadamente para que tenha condições de suportar as
solicitações impostas durante o curto-circuito, e protege-lo devidamente contra
tal ocorrência.

Os componentes do sistema, tais como: chaves seccionadores, disjuntores,


transformadores de corrente (TC‟s), condutores, devem ser dimensionados
para suportarem aos esforços térmicos e mecânicos decorrentes da ocorrência
do curto-circuito. Quando se deseja analisar o comportamento de um sistema
em condições de carga ou durante a ocorrência de um curto-circuito, o
diagrama unifilar deve ser transformado num diagrama de impedância.

Sendo a corrente de magnetização de um transformador normalmente


insignificante se comparada com a corrente de plena carga, a admitância em
paralelo não é colocada no circuito equivalente do transformador. A resistência
pode ser omissa nos cálculos de faltas. Nos elementos principais como
geradores e transformadores, a reactância é normalmente, pelo menos cinco
vezes maior que a resistência (X 5R).

A corrente de curto-circuito calculada desprezando-se a resistência dos


elementos principais, introduz um certo erro, porém os resultados serão
satisfatório desde que a reactância indutiva do sistema seja muito maior que
sua resistência, o que normalmente acontece. Este erro está a favor da
segurança.

Cargas que não envolvam máquinas girantes têm pequena influência na


corrente total durante a ocorrência de uma falta, sendo frequentemente
omitidas. Cargas constituídas por motores síncronos, no entanto, são sempre
incluídas no cálculo de faltas uma vez que as forças electromotrizes (FEM‟s)
nelas geradas contribuem para a corrente de curto-circuito. Os motores de
indução também devem ser representados para se calcular a corrente
imediatamente após a ocorrência de uma falta. Esses motores podem ser
ignorados no cálculo da corrente uns ciclos após a ocorrência da falta porque a
contribuição de corrente feita pelo motor de indução cessa logo após o

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

curto-circuito do motor. Assim, a corrente de curto-circuito que circula entre as


fontes e o ponto de curto, é limitada apenas pela impedância entre as fontes e
o ponto de defeito.

FIGURA 1: Diagrama Unifilar e Diagrama de Impedâncias.

Fonte: Dualibe, Paulo. – Consultoria para Uso Eficiente de Energia Eléctrica

Quando a resistência e a reactância de um dispositivo forem dadas pelo


fabricante em percentagem ou em pu, subentende-se que as bases são os kVA
e os kV nominais do dispositivo. As concessionárias de energia eléctrica
fornecem tabelas contendo as correntes de curto-circuito (Iccconc.) que podem
ocorrer em pontos de ligação dos seus sistemas. Normalmente, as tabelas
fornecem os MVAccconc, sendo:

√ Equação 1

Desprezando-se a resistência e a capacitância em paralelo o circuito


equivalente monofásico de Thévenin que representa o sistema consta de
uma força electromotriz (FEM) igual à tensão nominal de linha dividida por √
em série com uma reactância indutiva de:


[ ] Equação 2

( )
Equação 3

Se a base em kV for igual aos kVnominais, convertendo em pu obtém-se:

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

[ ] Equação 4

3.2. Correntes de curto-circuito

A escolha, por exemplo de um disjuntor, para um circuito de potência depende


não só da corrente que ele deverá conduzir em condições de operação, como
também da máxima corrente que esse disjuntor deve suportar
momentaneamente e da corrente que possa ter que interromper, na tensão da
linha na qual está colocado. Portanto, é sempre necessário determinar o valor
inicial da corrente quando ocorre uma falta no sistema, de modo a escolher um
disjuntor com capacidade suficiente de suportar esta carga momentânea.

A fim de abordar o problema do cálculo da corrente inicial que circula quando


um alternador é curto-circuitado, considere o que ocorre quando uma tensão
CA é aplicada a um circuito com valores constantes de resistência e indutância.
Seja Vm seno( t + ) a tensão aplicada, onde t=0 por ocasião da aplicação da
tensão. Então determina o módulo da tensão quando se fecha o circuito. Se a
tensão instantânea for zero e estiver aumentando no sentido positivo quando é
aplicada pelo fechamento da chave, será zero. Se a tensão estiver no seu
máximo positivo, será igual a ⁄ . A equação diferencial é:

| | ( ) ⁄ Equação 5

cuja solução será:


| | ⁄
( ) ( ) Equação 6
| |

O 1o termo da equação vária senoidalmente com o tempo; o 2o não é periódico,


mas é decrescente exponencialmente com uma constante de tempo L/R, sendo
chamado de componente CC da corrente.

FIGURA 2: Componentes de corrente contínua e alternada no início de um Curto-circuito

Fonte: PAIVA, Lucas. - Estudo da limitação de corrente de curto-circuito aplicado às embarcações do tipo FPSO

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

Assim, quando ocorre um curto-circuito em um sistema de potência, a corrente


resultante é composta de duas componentes: uma componente simétrica (CA)
determinada pelo valor da tensão da fonte e pela impedância (R+jX) da rede, e
uma componente de corrente contínua (CC) cujo valor inicial e taxa de
decréscimo são determinados em função do instante de ocorrência do curto na
onda de tensão, do valor da tensão da fonte e da relação X/R da rede. A
assimetria da corrente resultante de curto-circuito decorre da presença da
componente CC. O valor da componente CC pode variar desde zero até um
valor igual ao valor de pico da componente simétrica de corrente alternada. O
valor inicial da componente CC é igual ao valor da componente simétrica de
corrente alternada no instante que ocorre o curto-circuito.

Num sistema teórico, em que R=0, a componente CC permaneceria com


valor constante. Entretanto, num sistema prático, em que a resistência está
presente, a componente CC decai até zero, de acordo com a energia
armazenada e representa a perda de energia sob forma de I 2R na resistência
do sistema. O efeito deste decréscimo é que a corrente de curto-circuito cai
gradualmente desde o valor assimétrico até o valor simétrico da corrente de
curto-circuito, em relação ao ponto zero da tensão.

Existem dois factores que fazem com que o valor inicial da corrente de curto-
circuito seja maior que em regime permanente. Um destes factores é a
reactância variável das máquinas rotativas, é levada em consideração no
cálculo da corrente de curto-circuito.

O segundo factor é a assimetria, também já abordada, em função do


decréscimo da componente de CC.

A Figura 3 apresenta o comportamento da corrente de curto-circuito excluindo


a componente CC.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

FIGURA 3: Comportamento da corrente de curto-circuito excluindo a componente CC.

Fonte: Dualibe, Paulo. – Consultoria para Uso Eficiente de Energia Eléctrica

Onde:
oa valor máximo da corrente de curto-circuito permanente;

Valor eficaz da corrente de curto-circuito em regime permanente;


| |
| |
Reactância síncrona do eixo directo ( Eg: tensão em vazio do
alternador);

Valor eficaz da corrente transitória;


| |
Reactância transitória do eixo directo;

Valor eficaz da corrente subtransitória;


| |
Reactância subtransitória do eixo directo;

A corrente subtransitória ( ) é muitas vezes chamada de corrente eficaz


simétrica inicial (porque contém a ideia de desprezar a componente CC).
Inserindo a componente CC da corrente, a corrente em função do tempo para
uma falta ficaria assim:

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

FIGURA 4: Amortecimento da Corrente

Corrente inicial subtransitória de curto-circuito;

Corrente inicial subtransitória de curto-circuito incluindo a componente


CC.

| | Corrente de regime permanente, valor eficaz;

| | Corrente transitória, valor eficaz excluindo a componente CC;

| | Corrente subtransitória, valor eficaz excluindo a componente CC.

Reatância síncrona do eixo directo (limita a corrente no primeiro ciclo,


após a ocorrência do curto);

Reactância transitória do eixo directo (limita a corrente até 2


segundosapós a ocorrência do curto);

Reactância subtransitória do eixo directo (limita a corrente após


estabelecido o regime permanente de curto).

Como já foi visto, a corrente subtransitória é a corrente eficaz simétrica inicial e


não inclui a componente contínua da corrente de falta transitória. O cálculo
exacto do valor eficaz da corrente de falta num sistema de potência é
demasiadamente complicado; métodos aproximados são mais práticos e dão
resultados suficientemente precisos. O método recomendado pelo AIEE
SWITCHGEAR COMMITTEE leva em conta a componente CC pela aplicação
de um factor de multiplicação à corrente eficaz simétrica calculada.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

Tensões > 5 kV 1,6;

600V 5 kV 1,5;

Tensões 600V 1,25.

Os factores de multiplicação recomendados para determinar a corrente


nominal de interrupção do disjuntor são:

Disjuntores de 8 ciclos ou mais lentos 1,0;

Disjuntores de 5 ciclos 1,1;

Disjuntores de 3 ciclos 1,2;

Disjuntores de 2 ciclos 1,4.

Se os disjuntores estiverem na barra do gerador e a potência trifásica for


superior a 500.000 kVA, os factores dados anteriormente devem ser acrescido
de 0,1 cada. Os disjuntores a ar abaixo de 600 V são considerados de abertura
instantânea e suas correntes momentâneas e de interrupção têm o mesmo
valor.

No caso de chaves seccionadores, os valores de corrente de curto-circuito que


devem ser especificados são os seguintes:

Corrente Suportável Nominal de Curta Duração

Segundo a ANSI: valor eficaz da corrente total (componente CA simétrica +


componente CC) que a chave pode conduzir por um pequeno intervalo de
tempo.

Valor de Crista Nominal da Corrente Suportável de Curta Duração


Segundo ABNT/IEC: valor de crista da corrente que a chave pode conduzir
sem deterioração de seu material. Os valores padronizados desta corrente (em
kA crista) são 2,5 vezes a corrente nominal de curta duração.

Corrente Momentânea

Segundo ANSI: Valor eficaz da corrente total no máximo ciclo que a chave
pode conduzir pelo menos durante um ciclo.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

A seguir são apresentadas as equações de conversão e as fórmulas a serem a


serem utilizadas no cálculo da corrente de curto-circuito.

Equação 7

Equação 8

Equação 9

Onde:
Reactância por fase;
Potência trifásica
Tensão fase-fase.
Equação 10

Equação 11

Onde:
Potência base em kVA;
Tensão entre fases em kV.
Reactância da Concessionária
A concessionária deverá informar a potência máxima de curto-circuito trifásico,
na entrada da SE receptora. Entretanto, a reactância da concessionária, neste
ponto, referida a sua própria potência base é 1,0 pu.

3.3. Sistema de protecção Contra Correntes de Curto-Circuito.

A função de um esquema de protecção em um sistema eléctrico de potência é


detectar falta e isolar a área afectada no menor tempo possível, de forma
confiável e com mínima interrupção possível.

Os sistemas de protecção têm três componentes básicos:

- Transformadores de Instrumentação (current transformer - CT ou


Transformador de corrente e Voltage Transformer – VT ou transformador de
tensão);

- Relés;

- Disjuntores.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

A Figura 5 mostra um esquema simples de protecção de sobrecorrente com:


(1) um tipo de transformador de instrumento - o transformador de corrente (TC),
(2) um relé de sobrecorrente (OC- overcurrent relay) e (3) um disjuntor (CB -
Circuit Breake ) para uma linha de fase. A função do TC é reproduzir em seu
enrolamento secundário uma corrente que é proporcional à corrente primária
. O TC converte correntes primárias na faixa de kiloAmpères em correntes
secundárias na faixa de 0-5 amperes para conveniência de medição, com as
seguintes vantagens:

Segurança: Os transformadores de instrumentos fornecem isolamento


eléctrico do sistema de energia para que o pessoal que trabalha com relés
trabalhe em um ambiente mais seguro.

Economia: As entradas de relé de nível inferior permitem que os relés sejam


menores, mais simples e mais baratos.

Precisão: Os transformadores de instrumentos reproduzem com precisão as


correntes e tensões do sistema de energia em amplas faixas de operação.

A função do relé é discriminar entre a operação normal e as condições de


falha. O relé de sobrecorrente (OC- overcurrent relay) da Figura 5 possui uma
bobina de operação (Breaker Trip Coil), que é conectada ao enrolamento
secundário do TC, e um conjunto de contactos. Quando | | excede um valor de
„„pickup‟‟ especificado, a bobina de operação faz com que os contactos
normalmente abertos se fechem. Quando os contactos do relé fecham, a
bobina de disparo do disjuntor é energizada, o que faz com que o disjuntor
abra.

Observe que o disjuntor não abre até que sua bobina de operação seja
energizada, manualmente ou por operação de relé. Com base nas informações
dos transformadores de instrumentos, uma decisão é tomada e "retransmitida"
para a bobina de disparo do disjuntor, que realmente abre o circuito de
alimentação - daí o nome relé.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

FIGURA 5: Esquema de Proteção Contra Sobrecorrente.

Fonte: GLOVER, J. DUNCAN et all -POWER SYSTEM ANALYSIS AND DESIGN

Objectivos de um Sistema de Protecção

− Segurança pessoal;

− Manter a integridade dos equipamentos;

− Isolar a parte afectada do restante do sistema;

− Assegurar a continuidade de fornecimento de energia eléctrica.

Requisitos do Sistema de Protecção

Propriedades que descrevem as características funcionais de um sistema de


protecção são:

− Selectividade – determina a coordenação da protecção;

− Rapidez ou Velocidade;

− Sensibilidade;

− Confiabilidade;

− Custo.

Selectividade: é a propriedade da protecção em discriminar e somente


desconectar do sistema a parte atingida pelo defeito. A selectividade é a
principal condição para assegurar ao consumidor um serviço seguro e contínuo
por desconectar a menor seção da rede necessária para isolar a falta.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

Rapidez e Velocidade - capacidade de resposta do sistema de protecção


dentro do menor tempo possível. Quanto menor o tempo de permanência da
falta, maior poderá ser o carregamento do sistema.

Sensibilidade - é a capacidade do sistema de protecção de identificar uma


condição anormal que excede um valor limite ou de pick-up para a qual inicia
uma acção de protecção quando as quantidades sentidas excedem o valor
limite. A sensibilidade refere-se ao nível mínimo de operação - corrente,
tensão, potência, etc. - de relés ou de esquemas de protecção.

Em outras palavras, Sensibilidade é a capacidade de resposta dentro de uma


faixa esperada de ajuste, ou seja, é a capacidade da protecção responder às
anormalidades nas condições de operação, e aos curtos-circuitos para os quais
foi projectada.

Equação 12

Em que:

- Factor de Sensibilidade da protecção;

– Valor de corrente de curto-circuito no extremo mais afastado da falta.

– Valor mínimo de corrente especificada no relé, que sensibiliza a


protecção causando o início da operação em relés electrónicos e digitais, ou
causando a partida dos contactos móveis em relés electromecânicos. O valor
de pick-up é o valor determinado para o relé operar.

O relé ou esquema de protecção é considerado sensível se os parâmetros de


operação são baixos – Alto.

Confiabilidade - probabilidade de um componente, equipamento ou sistema


funcionar correctamente quando sua actuação for requerida.

Custo - máxima protecção ao menor custo possível.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

3.3.1. Transformadores de Instrumentação.

Para a interrupção de correntes de curto-circuito convém abordar acerca dos


transformadores de interrupção, em particular do Transformador de corrente
TC (em inglês current transformer – CT).

2.3.1.1. Principais Características Eléctricas dos TC’s


As principais características dos TC‟s são:

- Corrente Secundária Nominal: Padronizada em 5 A.

- Corrente Primária Nominal: Caracteriza o valor nominal suportado em


regime normal de operação pelo TC. Sua especificação deve considerar a
corrente máxima do circuito em que o TC está inserido e os valores de curto-
circuito.

- Classe de Exactidão: Valor máximo do erro do TC, expresso em


percentagem, que poderá ser causado pelo TC aos instrumentos a ele
conectados. A tabela da mostra as classes padronizadas.

Tabela 1: Classes de Exactidão:

TC para TC para
Medição Proteção
ABNT 0,3 ; 0,6 ; 1,2 ; 5 ; 10
3,0
ANSI 0,3 ; 0,6 ; 1,2 10

- Carga Nominal do TC: Carga na qual se baseiam os requisitos de exactidão


do TC. A Tabela 2 mostra a designação da carga nominal dos TC‟s
segundo a ABNT: EB-251.2.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

Tabela 2: Carga Nominal dos TC: EB-251.2

Designação Resistênci Reactância Potência Factor Impedância


da Carga a ( ) Aparente de ( )
( ) (VA) Potência
C 2,5 0,09 0,0436 2,5 0,90 0,1
C 5,0 0,18 0,0872 5,0 0,90 0,2
C 12,5 0,45 0,2180 12,5 0,90 0,5
C 25,0 0,50 0,8661 25,0 0,50 1,0
C 50,0 1,00 1,7321 50,0 0,50 2,0
C 100,0 2,00 3,4642 100,0 0,50 4,0
C 200,0 4,00 6,9283 200,0 0,50 8,0

- Factor Térmico: Factor pelo qual deve-se multiplicar a corrente primária


nominal para se obter a corrente primária máxima que o TC é capaz de
conduzir em regime permanente, sob frequência nominal, sem exceder os
limites de elevação de temperatura especificados e sem sai de sua classe de
exactidão.

- Nível de Isolamento: Define a especificação do TC quanto às condições que


deve satisfazer a sua isolação em termos de tensão suportável.

- Corrente Térmica Nominal: Maior corrente primária que um TC é capaz de


suportar durante 1 segundo, com o enrolamento secundário curto- circuitado,
sem exceder, em qualquer enrolamento, a temperatura máxima especificada
para sua classe de isolamento.

do disjuntor Equação 13

- Corrente Dinâmica Nominal: Valor de crista da corrente primária que um TC


é capaz de suportar durante o primeiro meio ciclo com o enrolamento
secundário curto-circuitado, sem danos devido às forças electromagnéticas
resultantes. É igual a 2,5 vezes o valor da corrente térmica nominal.

- Polaridade: Normalmente é utilizada a polaridade subtractiva.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

2.3.1.2. Designação Normativa dos TC’s


Tabela 3: TC‟s para Serviço de Protecção.

Características Nominais Designação

Impedância Classe de Potência Tensão ANSI ABNT (EB-


Secundária Exatidão Aparente Secundária (C.57.13) 251.2)
Interna (V) Rev. 1968 Ver. 1980
(%) (VA)

10 2,5 10 T 10 10A 10
10 5,0 20 T 20 10A 20
10 12,5 50 T 50 10A 50
Alta 10 25,0 100 T 100 10A 100
10 50,0 200 T 200 10A 200
10 100,0 400 T 400 10A 400
10 200,0 800 T 800 10A 800
10 2,5 10 C 10 10B 10
10 5,0 20 C 20 10B 20
10 12,5 50 C 50 10B 50
Baixa 10 25,0 100 C 100 10B 100
10 50,0 200 C 200 10B 200
10 100,0 400 C 400 10B 400
10 200,0 800 C 800 10B 800

2.3.1.3. Determinação da Corrente Primária Nominal do TC


Por recomendação do IEEE, a relação ideal do TC é a que atende a
condição:

Onde “k” é a relação de transformação nominal do TC, ou seja: ,

resultando:

Equação 14

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

Além disso:

- Função da Capacidade Dinâmica

Equação 15

- Função da Capacidade Térmica

Equação 16

Sendo:

IN1 – Corrente nominal primária do TC;

IM – Corrente momentânea do disjuntor do sistema ou ramal eléctrico;

b1 – Coeficiente do limite de corrente de curta duração para efeito mecânico;

IIN – Corrente de interrupção nominal do disjuntor do sistema ou ramal eléctrico;

b2 – Coeficiente do limite de corrente de curta duração para efeito térmico.

3.3.2. Relés

Os relés de protecção são dispositivos responsáveis pelo gerenciamento e


monitoramento das grandezas eléctricas em um determinado circuito. Os relés
são projectados para sentir perturbações no sistema eléctrico e
automaticamente executar acções de controlo sobre dispositivos de disjunção a
fim de proteger pessoas e equipamentos. Os relés de protecção actuam a partir
da comparação dos dados medidos no sistema eléctrico com valores pré-
ajustados no próprio relé. Os relés recebem sinais de tensão e/ou sinais de
corrente através de transformadores de instrumentos, TP e TC,
respectivamente, compara com valores pré-definidos, e caso identifiquem a
existência de alguma anormalidade, ou seja, as grandezas medidas pelo relé
na zona de protecção sob a sua responsabilidade atingir valores acima ou
abaixo dos valores pré-definidos, os relés enviam comandos de abertura (trip)
para o (s) disjuntor (es) e este isola a parte do sistema eléctrico sob falta, do
restante do sistema.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

FIGURA 6: Associação entre Relé e Disjuntor.

Fonte: LEÃO,Ruth. – Homepage: www.dee.ufc.br/~rleao

A filosofia geral de aplicação de relés em uma subestação é dividir o sistema


eléctrico em zonas separadas, que podem ser protegidas e desconectadas
individualmente na ocorrência de uma falta, para permitir ao resto do sistema
continuar em serviço se possível. A lógica de operação do sistema de
protecção divide o sistema de potência em várias zonas de protecção, cada
uma requerendo seu próprio grupo de relés.

Na Figura 7 tem-se um exemplo do esquema de protecção das funções de


sobre corrente instantânea e temporizada 50/51, respectivamente, de fase e de
neutro da saída de um alimentador radial. Os relés enviam sinal para o
disjuntor 52.

FIGURA 7: Diagrama Unifilar do Esquema de Protecção da Saída de um Alimentador Radial.

Fonte: LEÃO,Ruth. – Homepage: www.dee.ufc.br/~rleao

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

Exemplo Prático:
A Figura 8 apresenta o diagrama unifilar simplificado de uma SE de 69 kV. O
conjunto de relés apresenta carga total de 85 VA localizados a 40 m do TC e
serão ligados ao secundário deste através de condutor de seção 6 mm2com
10 /km de resistência (admitir cos = 0,8 para carga de relé e TC de baixa
impedância interna). Especificar o TC e o disjuntor 52-1, considerando que a
corrente de linha chegará a 350 A.

Dados:

Coeficiente de limite de corrente de curta duração para efeito mecânico (b1):


300;

Coeficiente de limite de corrente de curta duração para efeito térmico (b2): 120;

Corrente de curto-circuito subtransitória ( ) : 21,5 kA (rms);

Corrente de curto-circuito de regime permanente ( ): 20,9 kA


(rms);

Observação: Corrente de interrupção nominal do disjuntor 52-1= .

FIGURA 8 Diagrama Unifilar do Exemplo Prático.

Fonte: Dualibe, Paulo. – Consultoria para Uso Eficiente de Energia Eléctrica

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

Resolução:
1.o Dimensionamento do TC

- Corrente Nominal Primária do TC ( ):

Onde:

, Corrente de linha que circula no primário do transformador de


corrente.

Segundo valor padronizado, pela ABNT: .

- Capacidade Dinâmica:

√ x x

Os factores de multiplicação Recomendados para o cálculo da corrente


momentânea são:

Tensões> 5 kV 1,6;

600V Tensões 5 kV 1,5;

Tensões 600V 1,25

, Atende a condição Dinâmica.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

- Capacidade Térmica.

Onde,

Corrente de interrupção nominal do disjuntor do sistema ou ramal


eléctrico.

, Atende a condição Térmica

Então adopta-se TC: 500-5 A.

Corrente dinâmica de curto-circuito Idinâm:300*

Corrente térmica de curto-circuito Iterm: 120*

- Carga Nominal no secundário do TC.

Condutores: P = RI2

P = R*I2

Considerando 2 condutores,

Então a carga nominal é: ( )

Pela Tabela 3, o TC imediatamente superior é o C200 (cos j = 0,5), o número


200 indica a potência aparente de 200 VA.

Impedância Interna

( )

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

Tensão Secundária

Designação do TC:

ABNT: 10B800

ANSI: C800

2. o Dimensionamento do Disjuntor 52-1:

Pelo valor padronizado pela ABNT, tem-se:

Especificação do disjuntor:

Corrente nominal: 1200 A;

Corrente de interrupção nominal: 31,5 kA (rms);

Corrente momentânea: 78 kA (pico); Tensão nominal: 69 kV;

Classe de tensão: 72,5 kV.

3.3. Coordenação de Dispositivos de Protecção de Sobrecorrente em baixa e


média Tensão.

A selectividade determina a coordenação da protecção. A coordenação da


protecção é o relacionamento adequado entre as características e os tempos
de operação dos dispositivos de protecção de um sistema ou parte de um
sistema eléctrico, ou de um equipamento eléctrico de forma a garantir a
selectividade (NBR 5660, 1996).

O princípio básico de protecção é a técnica de seleccionar, coordenar, ajustar e


aplicar os vários equipamentos e dispositivos protectores a um sistema
eléctrico, de forma a guardar entre si uma determinada relação, tal que uma

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

anormalidade no sistema possa ser isolada, sem que outras partes do mesmo
sejam afectadas.

A coordenação é o acto ou efeito de dispor dois ou mais dispositivos de


protecção em série, segundo certa ordem, de forma a actuarem em uma
sequência de operação pré-estabelecida.

3.3.1 Coordenação entre Disjuntor e Fusível

A Figura 9 apresenta, por exemplo, duas curvas de funcionamento, a de um


disjuntor (D) e a de um fusível (F), coordenadas de modo que o fusível actue
primeiro em caso de curto-circuito, mas que não actue em caso de pequena
sobrecorrente, deixando que o disjuntor assegure essa protecção.

FIGURA 9: Coordenação entre Disjuntor e Fusível.

Fonte: LEÃO,Ruth. – Homepage: www.dee.ufc.br/~rleao

Pelo exame da Figura 9 verifica-se que, para qualquer corrente inferior a ,o


disjuntor funciona primeiro, ao passo que, para intensidades superiores, o
tempo de funcionamento do fusível é mais curto que o do disjuntor.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

4. CONCLUSÃO

Com a realização do trabalho, foi possível constatar que em Sistemas


Eléctricos de Potência (SEP‟s) ocorrem fenómenos indesejados como,
Transitórios Devido Acções de Manobra e Curto-Circuitos. Quando se
projectam os SEP‟s é necessário se levar em conta os equipamentos de
protecção contra sobretensões transitórias para minimizar os efeitos desta
falta, e o dimensionamento do sistema de protecção contra sobrecorrentes, o
qual permite a interrupção de correntes de curto-circuito limitando desta forma
os efeitos negativos para os equipamentos e as cargas da rede.

Os dispositivos de protecção contra curtos-circuitos deverão provocar a


interrupção automática do circuito afectado sempre que um condutor, pelo
menos, seja percorrido por uma corrente de curto-circuito. A interrupção deverá
ocorrer num tempo suficientemente curto para reduzir ao mínimo os danos no
órgão onde se produziu o curto-circuito, para que as canalizações e aparelhos
não sejam danificados e para evitar perturbações na rede de alimentação. Os
disjuntores e dos transformadores de instrumentação e os relés de
sobrecorrente devem estar correctamente dimensionados. Em, suma os
disjuntores e fusíveis devem ter uma capacidade de ruptura adequada para
que durante o curto-circuito possam funcionar e cumprir a sua função sem
avarias nem constituir perigo para o pessoal e o equipamento eléctrico.

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Transitórios e Interrupção de Correntes de Curto-Circuito

5. BIBLIOGRAFIA

DUALIBE, Paulo. –1999 - Consultoria para Uso Eficiente de Energia Eléctrica.

DUNCAN J. Glover, SARMA Mulukutla S., and OVERBYE Thomas J. - Power


System Analysis and Design, Fifth Edition, SI

LEÃO, Ruth - Capítulo 4. Distribuição de Energia Eléctrica - Homepage:


www.dee.ufc.br/~rleao.

PAIVA, Lucas – 2015 - Estudo da limitação de corrente de curto-circuito


aplicado às embarcações do tipo FPSO.

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