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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

AULA 4 – Conversão Eletromecânica


de Energia I

Prof. MSc Tiago Drummond Lopes


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AULA 4 – Conversão Eletromecânica


de Energia I

❖ TRANSFORMADORES
– Introdução

– Condições sem carga (a vazio);

– Efeito da corrente do secundário;

– Transformador ideal.

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Transformadores - Introdução

❖ Basicamente, um transformador consiste em dois ou mais


enrolamentos acoplados por meio de um fluxo magnético
comum.

❖ Se um desses enrolamentos, o primário, for conectado a


uma fonte de tensão alternada, então será produzido um
fluxo alternado cuja amplitude dependerá da tensão do
primário, da frequência da tensão aplicada e do numero de
espiras.

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Transformadores - Introdução

❖ Uma porção desse fluxo, denominado fluxo mutuo,


concatena um segundo enrolamento, o secundário,
induzindo neste uma tensão cujo valor depende do número
de espiras do secundário, assim como da magnitude do
fluxo comum e da frequência.

❖ Ao se estabelecer uma proporção adequada entre os


números de espiras do primário e do secundário,
praticamente qualquer relação de tensões, ou relação de
transformação, pode ser obtida.

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Transformadores - Introdução

❖ A essência de funcionamento de um transformador requer


apenas a existência de um fluxo mutuo, variável no tempo,
enlaçando dois enrolamentos. Tal acabo pode ocorrer entre
enrolamentos acoplados pelo núcleo.

❖ No entanto, o acoplamento entre enrolamentos pode ser


muito mais eficiente com o uso de um núcleo de ferro ou de
algum outro material ferromagnético. Nesse caso, a maior
parte do fluxo fica confinada a um caminho delimitado, de
alta permeabilidade, enlaçando os enrolamentos.

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Transformadores - Introdução

❖ Tal transformador é normalmente denominado transformador


de núcleo de ferro. A maioria dos transformadores é desse
tipo. A maior parte da discussão a seguir ocupa-se dos
transformadores de núcleo de ferro.

❖ Como discutido nas aulas anteriores, para reduzir as perdas


causadas por correntes parasitas no núcleo, o circuito
magnético consiste geralmente em uma pilha de chapas
delgadas.

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Transformadores - Introdução
❖ Dois tipos comuns de construção estão mostrados de forma
esquemática na figura.

❖ Vistas esquemáticas de transformadores de (a) núcleo


envolvido e (b) núcleo envolvente.
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Transformadores - Introdução
❖ No tipo de núcleo envolvido, os enrolamentos envolvem
duas pernas de um núcleo magnético retangular e, no tipo
de núcleo envolvente, os enrolamentos envolvem a perna
central de um núcleo de três pernas.

❖ Chapas de aço-silício de 0,014 polegadas (0,55 mm)


costumam ser usadas em transformadores que operam com
frequências inferiores a algumas poucas centenas de hertz.

❖ O aço-silício tem as propriedades desejáveis de baixo custo


e baixas perdas no núcleo, apresentando alta
permeabilidade em densidades de fluxo elevadas.

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Transformadores - Introdução

❖ Algumas vezes, os núcleos de pequenos transformadores,


usados em circuitos de comunicação de altas frequências e
baixos níveis de energia, são constituídos de ligas
ferromagnéticas pulverizadas e comprimidas conhecidas
como ferrites.

❖ Em cada uma dessas configurações, a maior parte do fluxo


está confinada ao núcleo e, portanto, enlaça ambos os
enrolamentos. Os enrolamentos também produzem fluxo
adicional, conhecido como fluxo disperso, enlaçando um dos
enrolamento sem enlaçar o outro.

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Transformadores - Introdução
❖ Embora o fluxo disperso represente uma fração pequena do
fluxo total, desempenha um papel importante na
determinação do comportamento do transformador.

❖ Na pratica, a dispersão dos transformadores é reduzida


subdividindo-se os enrolamentos em seções colocadas o
mais próximo possível entre si.

❖ Nos transformadores de núcleo envolvido, cada enrolamento


consiste em duas seções, uma em cada perna das duas
pernas do núcleo, e os enrolamentos do primário e do
secundário são bobinas concêntricas.

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Transformadores - Introdução

❖ Nos transformadores de núcleo envolvente, variações da


configuração de enrolamentos concêntricos podem ser
usadas ou, então, os enrolamentos podem consistir em
diversas bobinas delgadas em forma de “panquecas” que
são montadas em uma pilha, intercalando-se as bobinas do
primário e do secundário.

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Transformadores - Introdução
❖ A figura ilustra a construção interna de um transformador de
distribuição, tal como usado em sistemas públicos de
fornecimento de tensões adequadas ao uso por
consumidores residenciais.

❖ Transformador de distribuição típico dos


tamanhos de 2 a 25 kVA, 7200:240/120
V com proteção própria. Apenas um
isolador de alta tensão e um protetor
contra raios são necessários porque um
lado da linha de 7200 V e um lado do
primário estão aterrados.

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Transformadores - Introdução
❖ Um transformador de
potência de grande porte
está mostrado na figura ao
lado.

❖ Autotransformador de
230kV Y - 115kV Y,
100/133/167 MVA.

❖ (Empresa SPX Transformer


Solutions, Inc.).

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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)


❖ A figura mostra esquematicamente um transformador com o
seu circuito secundário aberto, e uma tensão alternada v1
aplicada aos terminais do primário.
❖ Para simplificar os desenhos, é
prática comum, em diagramas
esquemáticos de
transformadores, mostrar os
enrolamentos do primário e do
secundário como se estivessem
em pernas separadas do núcleo,
como na figura, embora na
prática, estejam intercalados.
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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)


❖ Uma pequena corrente, de regime estacionário iφ,
denominada corrente de excitação, circula no primário e
estabelece um fluxo alternado no circuito magnético. Esse
fluxo induz uma FEM no primário igual a:

❖ Onde:

❖ λ1 = fluxo concatenado do enrolamento primário;


❖ φ = fluxo no núcleo enlaçando ambos os enrolamentos;
❖ N1 = número de espiras do enrolamento primário.
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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)


❖ Em geral, a corrente de excitação corresponde ao valor
liquido de ampères-espiras (FMM) que atua no circuito
magnético, não sendo possível distinguir se circula no
enrolamento primário, no secundário ou parcialmente em
cada um deles.

❖ Como já discutido, o termo FEM (forca eletromotiva) é usado


muitas vezes no lugar de tensão induzida para representar
aquela componente da tensão referente a um fluxo
concatenado variável no tempo.

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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)


❖ A tensão e1 é em volts quando φ é em webers. Essa FEM,
junto com a queda de tensão na resistência de primário R1
(mostrada esquematicamente como uma resistência em
serie na figura), deve igualar-se à tensão aplicada v1. Assim,

❖ Observe que, para os objetivos


desta discussão, estamos
desprezando os efeitos do fluxo
disperso do primário, o que
corresponderia a acrescentar um
termo adicional de FEM induzida à
equação.
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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)


❖ Em transformadores comuns, esse fluxo é uma porcentagem
pequena do fluxo do núcleo, por isso é justificável desprezá-
lo aqui para nossos propósitos.

❖ Entretanto, representa um papel bem importante no


comportamento dos transformadores, e será discutido com
algum detalhe na sequência.

❖ Na maioria dos transformadores de grande porte, a queda


de tensão a vazio (sem carga) na resistência de primário é
de fato bem pequena.

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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)

❖ Além disso, a FEM induzida e1 iguala-se bem de perto à


tensão aplicada v1. Ainda, as formas de onda de tensão e
fluxo são quase senoidais. A analise pode então ser
bastante simplificada, se o fluxo instantâneo φ for:

a tensão induzida e1 será:

onde φmax é o valor máximo do fluxo e ω = 2 πf, onde a


frequência é f em Hz.
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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)

❖ Em relação aos sentidos de referencia da corrente e da


tensão mostrados na figura, a FEM induzida está adiantada
90° em relação ao fluxo. O valor eficaz da FEM induzida e1
é:

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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)

❖ Conforme a equação, se a queda de tensão na resistência


for desprezível, a forca contraeletromotriz (FCEM) será igual
à tensão aplicada.

❖ Nessas condições, quando uma tensão senoidal é aplicada


a um enrolamento, um fluxo senoidal deve estabelecer-se no
núcleo com um valor máximo de φmax, satisfazendo a
condição de que E1 na Eq. 2.5 é igual ao valor eficaz V1 da
tensão aplicada. Assim,

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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)

❖ Nessas condições, o fluxo do núcleo é determinado


unicamente pela tensão aplicada, a sua frequência e o
numero de espiras do enrolamento.

❖ Essa importante relação aplica-se não somente aos


transformadores, mas também a qualquer dispositivo que
opere com uma tensão aplicada senoidal, desde que as
quedas de tensão referentes a resistência e à indutância do
fluxo disperso sejam desprezíveis.

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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)

❖ O fluxo do núcleo é estabelecido pela tensão aplicada e a


corrente de excitação necessária é determinada pelas
propriedades magnéticas do núcleo. A corrente de excitação
ajusta-se sozinha de tal forma que a FMM necessária é
produzida criando o fluxo definido pela equação.

❖ Não se deve subestimar a importância e utilidade desse


conceito. Em geral, é muito útil na analise de maquinas
elétricas alimentadas com fonte de tensão mono ou
polifásicas.
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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)

❖ Em um primeiro momento, a resistência de enrolamento


pode muitas vezes ser desconsiderada.

❖ Apesar dos enrolamentos adicionais (como, por exemplo, o


enrolamento em curto do rotor nas máquinas de indução), o
fluxo da maquina é determinado pela tensão aplicada e as
correntes de enrolamento devem se ajustar para produzir a
FMM correspondente.

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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)

❖ Devido às propriedades magnéticas não lineares do ferro, a


forma de onda da corrente de excitação difere da forma de
onda do fluxo. A corrente de excitação de uma forma de
onda de fluxo senoidal não será senoidal.

❖ Esse efeito é especialmente evidente em circuitos


magnéticos fechados, como os encontrados em
transformadores. Em circuitos magnéticos, nos quais a
relutância é determinada em sua maior parte por um
entreferro com característica magnética linear, como é o
caso de muitas maquinas elétricas, as relações entre o fluxo
liquido e a FMM aplicada é relativamente linear. Nesse caso,
a corrente de excitação será muito mais senoidal.
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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)


❖ No caso de um circuito magnético fechado, uma curva da
corrente de excitação, em função do tempo, pode ser obtida
graficamente a partir do laço de histerese CA, mostrado na
figura.
❖ Se a corrente de excitação for analisada
por métodos baseados em serie de
Fourier, constata-se que ela consiste em
uma componente fundamental e uma serie
de harmônicas impares. A componente
fundamental pode, por sua vez, ser
decomposta em duas componentes: uma
em fase com a FCEM e a outra atrasada
90° em relação à FCEM.
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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)

❖ A componente em fase fornece a potencia absorvida no


núcleo pelas perdas por histerese e por correntes parasitas.
É referida como a componente de perdas no núcleo da
corrente de excitação. Quando a componente de perdas no
núcleo é subtraída da corrente total de excitação, o
resultado é denominado corrente de magnetização.

❖ Compreende uma componente fundamental atrasada 90°


em relação à FCEM, junto com todas as harmônicas. A
harmônica principal é a terceira. No caso de
transformadores de potencia comuns, a terceira harmônica
representa cerca de 40% da corrente de excitação.
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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)

❖ Exceto em problemas que tratam diretamente dos efeitos


das correntes harmônicas, em geral as peculiaridades da
forma de onda da corrente de excitação não precisam ser
levadas em consideração, porque a corrente de excitação
em si é pequena, especialmente em transformadores de
grande porte.

❖ Por exemplo, no caso de um transformador de potencia


comum, a corrente de excitação constitui cerca de 1 a 2% da
corrente a plena carga. Logo, os efeitos das harmônicas são
muitas vezes encobertos pelas correntes senoidais
fornecidas aos outros elementos lineares do circuito.
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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)

❖ A corrente de excitação pode então ser representada por


uma corrente senoidal equivalente, de mesmo valor eficaz e
frequência, capaz de produzir a mesma potencia media que
a corrente de excitação real.

❖ Tal representação é essencial à construção de um diagrama


fasorial, que representa em forma vetorial as relações de
fase entre as varias tensões e correntes de um sistema.
Cada sinal é representado por um fasor, cujo modulo é
proporcional à amplitude do sinal e cujo ângulo é igual ao
ângulo de fase do sinal, medido em relação a um sinal de
referência escolhido.
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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)


❖ Na figura, os fasores Ê1 e, respectivamente, representam as
amplitudes complexas da FEM eficaz induzida e do fluxo. O
fasor Îφ representa a amplitude complexa da corrente
senoidal equivalente eficaz de excitação.
❖ Em relação à FEM induzida Ê1, ela está
atrasada de um ângulo θc. Também
mostrado na figura, está o fasor Îc, em
fase com Ê1, que é a componente de
perdas no núcleo da corrente de
excitação. A componente Îm, em fase
com o fluxo, representa uma corrente
senoidal equivalente com o mesmo valor
eficaz que a corrente de magnetização.
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Transformadores - Condições sem carga (a vazio)


❖ O valor das perdas no núcleo Pnúcleo, igual ao produto das
componentes em fase de Ê1 e Îφ, é dado

❖ As figuras mostram, em volts-ampères, algumas curvas características da


excitação e das perdas no núcleo para chapas de aço-silício de alta qualidade,
usadas em transformadores de potência e distribuição.
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Transformadores - Efeito da corrente do secundário


❖ Como uma primeira aproximação para uma teoria
quantitativa, considere um transformador com um
enrolamento primário de N1 espiras e um secundário de N2
espiras, como mostrado esquematicamente na figura.
❖ Observe que a corrente do
secundário é definida como
positiva quando sai do
enrolamento. Assim, uma
corrente positiva no secundário
produz uma FMM de sentido
oposto ao criado por uma
corrente positiva no primário.
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Transformador Ideal
❖ Vamos idealizar as propriedades desse transformador supondo
que as resistências dos enrolamentos são desprezíveis, que
todo o fluxo está confinado ao núcleo enlaçando
completamente ambos os enrolamentos (o fluxo disperso é
considerado desprezível), que não há perdas no núcleo e que a
permeabilidade do núcleo é tão alta que apenas uma FMM de
excitação insignificante é requerida para criar o fluxo.

❖ Na prática com os transformadores reais, aproximações muito


boas dessas propriedades são alcançadas, mas nunca
inteiramente. Um transformador hipotético que apresente essas
propriedades é em geral denominado transformador ideal.

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Transformador Ideal
❖ Dadas essas suposições, quando uma tensão v1 variável no
tempo é aplicada aos terminais do primário, então um fluxo
φ deve ser estabelecido no núcleo de modo que a FCEM e1
seja igual à tensão aplicada v1. Assim,

❖ Dadas essas suposições, quando uma tensão v1 variável no


tempo é aplicada aos terminais do primário, então um fluxo
φ deve ser estabelecido no núcleo de modo que a FCEM e1
seja igual à tensão aplicada v1. Assim,

❖ Da razão entre as equações, vem:

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Transformador Ideal
❖ Dessa forma, um transformador ideal transforma tensões na
razão direta das espiras de seus enrolamentos.

❖ Agora, vamos assumir que uma carga que consome uma


corrente i2 é conectada ao secundário. A corrente de carga
produzirá assim uma FMM N2.i2 no secundário. Como a
tensão aplicada no primário determina o fluxo no núcleo
conforme especificado pela equação de e1, o fluxo no núcleo
não se altera pela presença de uma carga no secundário. Além
disso, como a FMM liquida que atua no núcleo (igual a N1.i1 −
N2.i2) deve permanecer desprezível, as correntes do primário e
do secundário devem satisfazer à equação:

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Transformador Ideal

❖ Da anterior, vemos que uma FMM de compensação deve surgir


no primário para cancelar a do secundário. Portanto,

❖ Dessa discussão, concluímos que o requisito de que o fluxo no


núcleo e, consequentemente, a respectiva FMM liquida
permaneçam inalteradas é o meio pelo qual o primário “toma
conhecimento” da presença de uma corrente de carga no
secundário. Qualquer mudança na FMM que circula no
secundário, resultante de uma carga, se faz acompanhada de
uma mudança correspondente na FMM do primário.

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Transformador Ideal
❖ Observe que, para os sentidos de referencia mostrados na
figura, os valores de FMM de i1 e i2 estão em sentidos opostos
e, portanto, compensam-se.

❖ Da equação,

❖ Portanto, um transformador ideal transforma correntes na


razão inversa das espiras de seus enrolamentos.

❖ Observe também, das equações, que:


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Transformador Ideal

❖ Observe também, das equações, que:

❖ ou seja, a potencia instantânea de entrada do primário é


igual à potencia instantânea de saída do secundário, uma
condição necessária porque todos os mecanismos
dissipativos e de armazenamento de energia foram
desconsiderados.

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