Você está na página 1de 40

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

AULA 5 – Conversão Eletromecânica


de Energia I

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

AULA 5 – Conversão Eletromecânica


de Energia I

❖ TRANSFORMADORES
– Revisão

– Transformador ideal

– Reatâncias no transformador e circuitos equivalentes.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Revisão
❖ Vamos idealizar as propriedades desse transformador supondo
que as resistências dos enrolamentos são desprezíveis, que
todo o fluxo está confinado ao núcleo enlaçando
completamente ambos os enrolamentos (o fluxo disperso é
considerado desprezível), que não há perdas no núcleo e que a
permeabilidade do núcleo é tão alta que apenas uma FMM de
excitação insignificante é requerida para criar o fluxo.

❖ Na prática com os transformadores reais, aproximações muito


boas dessas propriedades são alcançadas, mas nunca
inteiramente. Um transformador hipotético que apresente essas
propriedades é em geral denominado transformador ideal.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Revisão
❖ Dadas essas suposições, quando uma tensão v1 variável no
tempo é aplicada aos terminais do primário, então um fluxo
φ deve ser estabelecido no núcleo de modo que a FCEM e1
seja igual à tensão aplicada v1. Assim,

❖ Dadas essas suposições, quando uma tensão v1 variável no


tempo é aplicada aos terminais do primário, então um fluxo
φ deve ser estabelecido no núcleo de modo que a FCEM e1
seja igual à tensão aplicada v1. Assim,

❖ Da razão entre as equações, vem:

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Revisão
❖ Dessa forma, um transformador ideal transforma tensões na
razão direta das espiras de seus enrolamentos.

❖ Agora, vamos assumir que uma carga que consome uma


corrente i2 é conectada ao secundário. A corrente de carga
produzirá assim uma FMM N2.i2 no secundário. Como a
tensão aplicada no primário determina o fluxo no núcleo
conforme especificado pela equação de e1, o fluxo no núcleo
não se altera pela presença de uma carga no secundário. Além
disso, como a FMM liquida que atua no núcleo (igual a N1.i1 −
N2.i2) deve permanecer desprezível, as correntes do primário e
do secundário devem satisfazer à equação:

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Revisão

❖ Da anterior, vemos que uma FMM de compensação deve surgir


no primário para cancelar a do secundário. Portanto,

❖ Dessa discussão, concluímos que o requisito de que o fluxo no


núcleo e, consequente mente, a respectiva FMM liquida
permaneçam inalteradas é o meio pelo qual o primário “toma
conhecimento” da presença de uma corrente de carga no
secundário. Qualquer mudança na FMM que circula no
secundário, resultante de uma carga, se faz acompanhada de
uma mudança correspondente na FMM do primário.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Revisão
❖ Observe que, para os sentidos de referência mostrados na
figura, os valores de FMM de i1 e i2 estão em sentidos opostos
e, portanto, compensam-se.

❖ Da equação,

❖ Portanto, um transformador ideal transforma correntes na


razão inversa das espiras de seus enrolamentos.

❖ Observe também, das equações, que:


Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Revisão

❖ Observe também, das equações, que:

❖ ou seja, a potência instantânea de entrada do primário é


igual à potência instantânea de saída do secundário, uma
condição necessária porque todos os mecanismos
dissipativos e de armazenamento de energia foram
desconsiderados.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Transformador Ideal
❖ Uma propriedade adicional do transformador ideal pode ser
vista examinando-se o caso em que se aplica uma tensão
senoidal e usa-se uma impedância como carga. O circuito está
mostrado de forma simplificada na figura da esquerda, na qual
os terminais do transformador, assinalados com marcas
circulares, correspondem aos terminais marcados de forma
semelhante na figura da direita.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Transformador Ideal

❖ Como todas as tensões e correntes são senoidais, elas são


representadas por suas amplitudes complexas. As marcas
circulares indicam terminais de polaridades correspondentes;
isto é, se seguirmos ao longo dos enrolamentos primário e
secundário da figura anterior, começando nos terminais com
marcas, verificaremos que ambos os enrolamentos circundam
o núcleo no mesmo sentido em relação ao fluxo.

❖ Portanto, se comparamos as tensões dos dois enrolamentos,


as tensões de um terminal com marca até o outro sem marca
terão as mesmas polaridades instantâneas no primário e no
secundário.
Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Transformador Ideal
❖ Em outras palavras, as tensões V1 e V2 da figura da
esquerda estão em fase. As correntes Î1 e Î2 também estão
em fase, como se vê a partir da equação.

❖ Observe novamente que a polaridade de Î1 é definida como


entrando no terminal marcado e a polaridade de Î2, como
saindo do terminal marcado.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Transformador Ideal
❖ Os circuitos da figura nos permitirão investigar as propriedades
da transformação de impedâncias de um transformador. Em
forma fatorial, as equações:

❖ Podem ser expressas como:

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Transformador Ideal
❖ Das equações anteriores, vem:

❖ Observamos que a impedância de carga Z2 relaciona-se com a


tensão e a corrente do secundário por

❖ onde Z2 é a impedância complexa da carga.


Consequentemente, das equações acima, vemos que a
impedância Z1 vista nos terminais a-b é igual a:

❖ Nos terminais a-b, uma impedância Z2 no circuito secundário


poderá ser substituída por uma impedância equivalente Z1 no
circuito primário se satisfizer à relação:

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Transformador Ideal
❖ Os três circuitos da figura são indistinguíveis quando os seus
desempenhos são observados a partir dos terminais a-b.

❖ Esse modo de transferir a impedância de um lado a outro de


um transformador é conhecido por referir ou refletir a
impedância para o outro lado. As impedâncias são
transformadas proporcionalmente ao quadrado da relação
de espiras.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Transformador Ideal

❖ Do mesmo modo, as tensões e correntes podem ser


referidas a um lado ou outro, usando-se as equações abaixo
para calcular a tensão e a corrente equivalentes no lado
escolhido.

❖ Em resumo, em um transformador ideal, as tensões são


transformadas na razão direta da relação de espiras; as
correntes, na razão inversa, e as impedâncias, na razão
direta da relação de espiras ao quadrado. A potência e os
volts-ampères não se alteram.
Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Transformador Ideal
❖ Exemplo: o circuito equivalente da figura mostra um
transformador ideal em que a impedância R2 + jX2 = 1 + j4Ω
está conectada em série com o secundário. A relação de
espiras é N1/N2=5:1. (a) Desenhe um circuito equivalente cuja
impedância em série esteja referida ao primário. (b) Para uma
tensão eficaz de primário de 120V e um curto-circuito
conectado entre os terminais do secundário (V2 = 0), calcule a
corrente do primário e a corrente que circula no curto-circuito.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Transformador Ideal
❖ Resolução (a): o novo circuito equivalente está mostrado na
figura. A impedância do secundário é referida ao primário
pela relação de espiras ao quadrado. Assim,

❖ Um curto aparecerá no primário do transformador ideal da


figura porque a tensão zero do curto será refletida pela
relação de espiras N1/N2 ao primário. Assim, a corrente do
primário será

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Transformador Ideal

❖ Resolução (b): Um curto aparecerá no primário do


transformador ideal da figura porque a tensão zero do curto
será refletida pela relação de espiras N1/N2 ao primário.

❖ correspondendo a um valor eficaz de 1,16 A eficazes. A


corrente do secundário será igual a N1/N2=5 vezes a
corrente do primário. Portanto, a corrente no curto terá um
valor eficaz de 5*(1,16) = 5,8A eficaz.
Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Reatâncias no transformador

❖ As diferenças de um transformador real em relação a um


ideal devem ser incluídas em grau maior ou menor na
maioria das análises de desempenho dos transformadores.

❖ Um modelo mais completo deve levar em consideração os


efeitos das resistências dos enrolamentos, os fluxos
dispersos e as correntes finitas de excitação relativas à
permeabilidade finita (não linear, na realidade) do núcleo.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Reatâncias no transformador
❖ Em alguns casos, as capacitâncias dos enrolamentos
também tem efeitos importantes, notavelmente em
problemas que envolvem o comportamento do transformador
em frequências acima da faixa de áudio, ou durante
condições transitórias com variações muito rápidas, como as
encontradas em transformadores de sistemas de potencia,
resultantes de surtos de tensão causados por raios ou
transitórios de chaveamento.

❖ Entretanto, a analise desses problemas de alta frequência


está além do escopo desta abordagem e, por essa razão, as
capacitâncias dos enrolamentos serão desprezadas.
Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Reatâncias no transformador
❖ Dois métodos de analise, pelos quais as características reais
e não as ideais podem ser levadas em consideração, são (1)
uma técnica de circuito equivalente baseada em raciocínio
físico e (2) uma abordagem matemática baseada na teoria
clássica dos circuitos magneticamente acoplados.

❖ Ambos os métodos são de uso recorrente e ambos


encontram paralelos quase iguais nas teorias de máquinas
rotativas. Como oferece um excelente exemplo do processo
de raciocínio usado na conversão de conceitos físicos em
uma teoria quantitativa, a técnica do circuito equivalente será
apresentada aqui.
Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Reatâncias no transformador
❖ Para iniciar o desenvolvimento de um circuito equivalente de
transformador, examinaremos primeiro o enrolamento
primário.

❖ O fluxo total que concatena o enrolamento primário pode ser


dividido em duas componentes: primeiro, o fluxo mutuo
resultante, confinado essencialmente ao núcleo de ferro e
produzido pelo efeito combinado das correntes de primário e
de secundário e, segundo, o fluxo disperso de primário, que
concatena apenas o primário.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Reatâncias no transformador
❖ Essas componentes estão identificadas no transformador
esquemático mostrado na figura onde, para simplificar, os
enrolamentos do primário e do secundário estão mostrados em
pernas opostas do núcleo.

❖ Vista esquemática dos fluxos


mutuo e disperso de um
transformador. O sinal × e o
ponto indicam sentidos da
corrente nas diversas bobinas.

❖ Em um transformador real, com enrolamentos entrelaçados, os


detalhes da distribuição de fluxo são mais complicados, mas as
características essenciais permanecem as mesmas.
Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Reatâncias no transformador
❖ No enrolamento primário, o fluxo disperso induz uma tensão
que se soma àquela produzida pelo fluxo mutuo. Como a
maior parte do caminho do fluxo disperso está no ar, esse
fluxo e a tensão induzida por ele variam linearmente com a
corrente Î1 de primário.

❖ Portanto, pode ser representado por uma indutância de


dispersão do primário (igual ao fluxo de dispersão
concatenado com o primário, por unidade de corrente de
primário). A correspondente reatância de dispersão de
primário é dada por:

❖ Nota: o índice l refere-se à dispersão (leakage, em inglês).


Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Reatâncias no transformador
❖ Além disso, haverá uma queda de tensão na resistência de
primário R1.Vemos agora que a tensão nos terminais do
primário consiste em três componentes: a queda Î1.R1 na
resistência do primário, a queda oriunda do fluxo disperso do
primário e a FEM Ê1 induzida no primário pelo fluxo mutuo
resultante. A figura mostra um circuito equivalente do
enrolamento primário que inclui todas essas tensões.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Reatâncias no transformador
❖ O fluxo mutuo resultante concatena ambos os enrolamentos,
primário e secundário, e é criado por suas FMMs
combinadas.
❖ É conveniente tratar essas FMMs considerando que a
corrente do primário deve atender a duas condições do
circuito magnético: deve não só produzir a FMM requerida
para produzir o fluxo mutuo resultante, mas deve também
contrabalancear o efeito da FMM do secundário que atua no
sentido de desmagnetizar o núcleo.

❖ Um ponto de vista alternativo é que a corrente do primário


deve não só magnetizar o núcleo, como também fornecer
corrente para a carga conectada ao secundário.
Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Reatâncias no transformador
❖ De acordo com esse quadro, convém decompor a corrente
do primário em duas componentes: uma componente de
excitação e uma componente de carga.

❖ A componente de excitação Îφ é definida como uma corrente


de primário adicional, necessária para produzir o fluxo mutuo
resultante. É uma corrente não senoidal cuja natureza foi
descrita anteriormente. A componente de carga Î2′ é definida
como uma componente da corrente de primário que
contrabalança exatamente a FMM da corrente de secundário
Î2.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Reatâncias no transformador
❖ Como a componente de excitação é a que produz o fluxo do
núcleo, a FMM liquida deve ser igual a N1.Îφ e vemos assim
que e

❖ Pode-se observar que a componente de carga da corrente


de primário é igual à corrente de secundário referida ao
primário, como no transformador ideal.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Circuito Equivalente
❖ A corrente de excitação pode ser tratada como uma corrente
senoidal equivalente Îφ, podendo ser decomposta em uma
componente de perdas no núcleo Îc, em fase com a FEM Ê1,
e em uma componente de magnetização Îm, atrasada de 90°
em relação a Ê1.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Circuito Equivalente
❖ No circuito equivalente da figura, a corrente de excitação
senoidal equivalente foi levada em conta por meio de um
ramo em derivação conectado a Ê1. Compreende uma
resistência de perdas no núcleo Rc e, em paralelo, uma
indutância de magnetização Lm cuja reatância, conhecida
como reatância de magnetização, é dada por

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Circuito Equivalente
❖ No circuito equivalente, as perdas no núcleo, devido ao fluxo
mutuo resultante, são dadas pela potencia E1²/Rc. A resistência
Rc é referida como a resistência de magnetização que,
juntamente com Xm, forma o ramo de excitação do circuito
equivalente. A combinação em paralelo de Rc e Xm será referida
como a impedância de magnetização Zφ. Quando se assume que
Rc é constante, supõe-se, como consequência, que as perdas no
núcleo variem proporcionalmente a E1².

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Circuito Equivalente

❖ Estritamente falando, a reatância de magnetização Xm varia


com a saturação do ferro. Entretanto, frequentemente
assume-se que Xm é constante, logo, assume-se também
que a corrente de magnetização é independente da
frequência e diretamente proporcional ao fluxo mutuo
resultante.

❖ Muitas vezes, em operação normal, Rc e Xm são


determinados com os valores nominais de tensão e
frequência. Supõe-se também que permanecerão
constantes mesmo que ocorram pequenos desvios em torno
desses valores nominais.
Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Circuito Equivalente

❖ A seguir, acrescentaremos uma representação do


enrolamento secundário ao nosso circuito equivalente.
Começamos constatando que o fluxo mutuo resultante induz
uma FEM Ê2 no secundário.

❖ Como esse fluxo concatena ambos os enrolamentos, a


razão entre as FEMs induzidas deve ser igual à relação de
espiras dos enrolamentos, isto é,

❖ exatamente como em um transformador ideal.


Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Circuito Equivalente
❖ Essa transformação de tensão e mais a de corrente da podem ser
incluídas introduzindo-se um transformador ideal no circuito
equivalente, como mostrado na figura. Entretanto, como visto no
caso do enrolamento primário, a FEM Ê2 não é a tensão presente
nos terminais do secundário por causa da resistência R2 do
secundário e porque a corrente Î2 do secundário cria um fluxo
disperso no secundário.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Circuito Equivalente
❖ Entre a tensão nos terminais do secundário e a tensão induzida
Ê2, há uma diferença dada pela queda de tensão referido à
resistência de secundário R2 e à reatância de dispersão do
secundário (correspondente à indutância de dispersão do
secundário), como mostrado à direita de Ê2 no circuito
equivalente do transformador.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Circuito Equivalente

❖ A partir do circuito equivalente, pode-se ver que um transformador


real é equivalente a um transformador ideal mais impedâncias
externas. Referindo todas as grandezas ao primário, ou ao
secundário, o transformador ideal pode ser deslocado,
respectivamente, à direita ou à esquerda do circuito equivalente.

❖ Isso é feito quase sempre e o circuito equivalente é desenhado


em geral como na figura a baixo, onde o transformador ideal não é
mostrado e todas as tensões, correntes e impedâncias são
referidas ao enrolamento do primário ou secundário.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Circuito Equivalente
❖ No caso especifico da próxima figura, temos:

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Circuito Equivalente
❖ O circuito é chamado circuito equivalente T de um transformador.
No qual as grandezas do secundário foram referidas ao primário,
os valores referidos estão indicados com sinais de plica (′), por
exemplo, e R2′, para distingui-los dos valores reais.
❖ A seguir, lidaremos quase sempre com valores referidos e as
plicas serão omitidas. Deve-se simplesmente ter em mente o lado
do transformador ao qual todas as grandezas foram referidas.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Circuito Equivalente
❖ Exemplo: um transformador de distribuição de 50kVA, 2400:240
V e 60 Hz tem uma impedância de dispersão de 0,72 + j0,92Ω no
enrolamento de alta tensão e 0,0070 + j0,0090Ω, no de baixa
tensão. Na tensão e frequência nominais, a impedância Zφ do
ramo em derivação (igual à impedância de Rc e jXm em paralelo),
responsável pela corrente de excitação, é 6,32 + j43,7Ω, quando
vista do lado de baixa tensão. Desenhe o circuito equivalente
referido a (a) o lado de alta tensão e (b) o lado de baixa tensão,
indicando numericamente as impedâncias no desenho.

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS ITAJAÍ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROELETRÔNICA

Circuito Equivalente

❖ Resolução:

Prof. Dr. Tiago Drummond Lopes E-mail: tiago.drummond@ifsc.edu.br 2023

Você também pode gostar