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UNIVERSIDADE

FEDERAL DE
OURO PRETO

MÁQUINAS ELÉTRICAS I

Professor: Caio Meira Amaral


Ementa
✓ Conversão eletromecânica de energia

✓ Transformadores elétricos

✓ Máquinas de corrente contínua

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Avaliações
A avaliação consistirá em três provas ao longo do semestre:
▪ Primeira avaliação, dia 07/06, valor 20 pontos. Tema: conversão
eletromecânica de energia;
▪ Segunda avaliação, dia 10/07, valor 20 pontos. Tema: Transformadores
elétricos;
▪ Terceira avaliação, dia 21/08, valor 20 pontos. Tema: Máquinas de
corrente contínua;
▪ Relatórios das aulas práticas 40 pontos.

Maio/2023 Junho/2023 Julho/2023 Agosto/2023


D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S
1 2 3 4 5 6 1 2 3 1 1 2 3 4 5

7 8 9 10 11 12 13 4 5 6 7 8 9 10 2 3 4 5 6 7 8 6 7 8 9 10 11 12

14 15 16 17 18 19 20 11 12 13 14 15 16 17 9 10 11 12 13 14 15 13 14 15 16 17 18 19

21 22 23 24 25 26 27 18 19 20 21 22 24 24 16 17 18 19 20 21 22 20 21 22 23 24 25 26

28 29 30 31 25 26 27 28 29 30 23 24 25 26 27 28 29 27 28 29 30 31

30 31

3
Horário de atendimento
Horário de atendimento sem necessidade de agendamento:

Segunda-feira, das 17h às 19h;


Quarta- feira, das 17h às 19h.

Sala A410

Fora desse horário, é necessário o agendamento por meio do e-mail:


caio.luz@ufop.edu.br

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Aula 29/05

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Lembre dos quatro princípios fundamentais que regem o
funcionamento de qualquer sistemas eletromecânico:

1. Um fio condutor de corrente produz um campo magnéticos


em sua vizinhança;
2. Um campo magnético variável no tempo induzirá uma
tensão em uma bobina se esse campo passar através da
bobina. (Ação do transformado)
3. Um fio condutor de corrente, na presença de um campo
magnético, tem uma força induzida nele. (Ação de motor)
4. Um fio movendo-se na presença de um campo magnético
tem uma tensão induzida nele. (Ação do gerador)

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Introdução
O transformador não é um dispositivo de conversão
eletromecânica, ou seja, não há conversão de energia elétrica em
energia mecânica ou vice-versa.

Entretanto, ressalta-se que é um componente de extrema


importância em diversos ramos da engenharia elétrica. Além disso, os
princípios básicos estudados em aulas anteriores podem ser usados para
descrever seu funcionamento. Por esse motivo, ele dispositivo
geralmente é inserido em um curso de máquinas elétricas.

Além disso, ressalta-se que seu entendimento é fundamental


para compreender o funcionamento das máquinas elétricas, sobretudo, o
motor de indução que, em diversos aspectos se assemelha ao
transformador.

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Introdução

Quanto as funções dos transformadores, pode-se


citar:

✓Fornecer isolamento galvânico entre dois circuitos;


✓Ajustar a tensão de saída de um estágio do sistema à
tensão de entrada do estágio seguintes.
✓Ajustar a impedância do estágio seguinte à impedância
do estágio anterior (casamento de impedâncias)

8
Introdução
No que diz respeito suas aplicações, podem ser classificados
da seguinte maneira:
•Transformadores de potência
✓Força
✓Distribuição

9
Introdução
Esse transformadores são essenciais nos sistemas elétricos
de potência. Sua função principal consiste em alterar o nível de
tensão.

A título de exemplo, a energia elétrica é gerada em níveis de


tensão de aproximadamente 30 kV. Entretanto, esse nível de tensão
é baixo para ser transmitido a longas distâncias. Nesse caso faz-se
necessário a elevação dessa tensão para níveis adequados.
Por que é necessário elevar a tensão ?

10
Introdução

Link: https://www.youtube.com/watch?v=gh0VRnPPIMw&t=1s
11
Introdução
•Transformadores de instrumentação
✓Medição (TPs e TCs)
✓Proteção (TPs e TCs)

12
Introdução
•Transformadores de Baixa potência
✓Eletrônica
✓Comando

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Aspectos construtivos
Conforme apresentado em aulas passadas, quando uma bobina é
alimentada com uma fonte de tensão haverá o surgimento de um fluxo
magnético ao seu redor.

Além disso, quando uma bobina está submetida a um fluxo magnético


variante no tempo haverá o surgimento de uma tensão induzida .

Logo, se essas duas bobinas são postas próxima uma da outras, o


fluxo magnético produzida por uma irá influenciar a outra. Esse fenômeno é
denominado acoplamento mútuo.

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Aspectos construtivos
A bobina na qual a fonte de tensão está conectado é conhecido
denominado enrolamento primário. Já o enrolamento que recebe o
fluxo produzido pelo primário é denominado enrolamentos
secundário.

Deve-se ressaltar, entretanto, que tal denominação não é comum


em sistemas de potência pois pode haver alterações no fluxo de
potência. Logo, é mais conveniente usar os termos lado de Alta Tensão
(A.T.) e lado de Baixa Tensão (B.T.).

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Aspectos construtivos
Quando se utiliza apenas o ar como meio para produzir o
acoplamento mútuo entre os enrolamentos, observa-se uma grande
quantidade de fluxo de dispersão. Isso afeta de maneira considerável
o processo de conversão de tensão nos transformadores.

Para lidar com esse problema, normalmente são utilizados


materiais ferromagnéticos, cuja principal função é tornar o
acoplamento entre os enrolamentos mais intimo.

16
Aspectos construtivos
A escolha do material ferromagnético empregado na confecção
de transformadores é fundamental e varia de acordo com a potência e
frequência ao qual esse transformador é será submetido.

A titulo de exemplo, em transformadores usados em fontes de


alimentação, em que operam com elevadas frequências, normalmente o
material mais empregado é o ferrite.

Por outro lado, em transformadores de potência, normalmente,


emprega-se chapas de aço-silício, que apresentam ciclo de histerese
estreito e, consequentemente, baixas perdas por histerese. Além disso,
ressalta-se que o silício contribui para elevar a resistividade das chapas,
dificultando a circulação das correntes parasitas.

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Aspectos construtivos
No que tange os aspectos geométricos do núcleo bem como a
disposição dos enrolamentos, os transformadores podem se
classificados em:

•Núcleo Envolvido:

Transformador cujo núcleo é constituído por colunas


interligadas e todas elas atravessando as bobinas dos enrolamentos.

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Aspectos construtivos

19
Aspectos construtivos
•Núcleo Encouraçado ou Envolvente:

Transformador cujo núcleo é constituído por colunas


interligadas, onde algumas não atravessam as bobinas dos
enrolamentos.

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Transformador Ideal
Para começar a compreender como as tensões e correntes se
relacionam em um transformador, iniciaremos analisando o
transformador ideal.

Para que um transformador seja considerado ideal, assume-se as


seguintes suposições:

1. A resistência dos enrolamentos são desprezíveis;

2. Todo o fluxo está confinado no núcleo e atravessa ambos


enrolamentos. Ou seja, não há fluxo de dispersão;

3. A perdas no núcleo são desprezíveis;

4. A permeabilidade do núcleo é infinita. Portanto, a corrente de


magnetização necessária para estabelecer o fluxo no núcleo é
desprezível. Ou seja, a força magnetomotriz requerida para
estabelecer um fluxo no núcleo é zero.
21
Transformador Ideal
Baseando-se nessas premissas, o transformador ideal pode
ser representado conforme ilustrado na figura abaixo. Sendo ϕ12 o
fluxo produzido pelo enrolamento 1 e que se concatena com o
enrolamento 2.

Para o transformador sem carga, ou a vazio, pode-se assumir


o fluxo mútuo é igual ao fluxo ϕ12 , ou seja, ϕM=ϕ12 . Isso toma como
base a suposição que o fluxo de dispersão é nulo e não há força
forma contraeletromotriz.

ϕ12

22
Transformador Ideal
Como a tensão aplicada ao transformador possui característica
senoidal, o fluxo mútuo também terá um comportamento senoidal.
Assim:
Mútuo (t ) = Max  cos wt (1)
De acordo com a lei de Faraday, o fluxo magnético variando no
tempo induz no enrolamento N1 a tensão e1(t) e no enrolamento N2 a
tensão e2(t). Assim:

d (Mútuo (t ) ) d (Max  cos wt )


e1 (t ) = − N1  e1 (t ) = − N1
dt dt (2)
d (Mútuo (t ) ) d (Max  cos wt )
e2 (t ) = − N 2  e2 (t ) = − N 2
dt dt
Portanto:
e1 (t ) = N1  Max    cos t
(3)
e2 (t ) = N 2  Max    cos t
23
Transformador Ideal
Logo, por meio da equação (3), tem-se as tensões induzidas
instantâneas nos enrolamentos N1 e N2. Além disso, por meio da
equação (3), os valores máximos das tensões induzidas nos
enrolamentos são:

E1max = N1  Máx  
(4)
E2max = N 2  Máx  
Já os valores eficazes das tensões pode ser calculado da
seguinte maneira:

E1máx N1  máx   N1  máx  2    f (5)


E1ef = = =  E1ef = 4, 44  f  N1  Máx
2 2 2

E2 máx N 2  máx   N 2  máx  2    f


E2 ef = = =  E1ef = 4, 44  f  N 2  Máx (6)
2 2 2 24
Transformador Ideal
Fazendo a divisão da equação (5) pela (11), tem-se:
E1ef E2 ef E1ef N
= 4, 44  f  Máx =  = 1 (7)
N1 N2 E2 ef N 2
Baseando-se na premissa que as resistência dos enrolamentos
são desprezíveis, tem-se: V1 = E1ef e V2 = E2ef . Portanto
V1 N1
= =a
V2 N 2 (8)
em que “a” é definido como relação de espiras
N1
a=
N2
Assim, a equação (8) indica que a relação entre as tensões
primária e secundária são diretamente proporcionais à quantidade de
espiras do enrolamento primário e secundário.
25
Transformador Ideal
Como determinar agora a relação entre as correntes do
primário e secundário ?

Para isso, considere a situação em que o interruptor é fechado e


a corrente i2 flui pela carga.

ϕ12

Como consequência, a corrente i2 criará uma força contra


eletromotriz nada por N2i2 que irá se opor a força eletromotriz N1i1.
Isso se torna claro mediante a aplicação da regra da mão direita.
26
Transformador Ideal
Partido da premissa que a permeabilidade do núcleo é infinita e
as perdas no núcleo são desprezíveis, a mmf necessária para estabelecer
um fluxo no núcleo é zero. Assim, pode-se escrever a seguintes
equação:
N1i1 − N 2i2 = mmf _ líquida = 0 (9)
Dessa forma, pode-se reescrever:

N1i1 = N 2i2 (10)


Ou:
i1 N 2 1
= = (11)
i2 N1 a

Ou seja, a corrente no enrolamento secundário é inversamente


proporcional a quantidade à relação de espiras dos enrolamentos.

27
Transformador Ideal
Das equações (8) e (11), tem-se:

v1i1 = v2i2 (12)

Ou seja, a potência instantânea na entrada (letra minúscula) é


igual a potência instantânea na saída. Isso, por sua vez, já é esperado,
pois, estamos lidando com o transformador ideal.

Observe-se ainda que mesmo não havendo qualquer tipo de


contato físico entre os enrolamentos, quando há um aumento da
potência drenada pela carga, a mesma potência deve ser fornecida
pela fonte.

Logo, o transformador fornece uma isolação entre carga e


fonte enquanto mantem uma continuidade elétrica.
28
Transformador Ideal
Se a fonte de tensão v1 é senoidal, então as expressões (x)
podem ser rescritas em termos de valores RMS

V1 N1 (13)
= =a
V2 N 2

I1 N 2 1 (14)
= =
I 2 N1 a

V1 I1 = V2 I 2 (15)

29
Transformação de impedância
Considere a situação em que uma tensão senoidal é aplicada ao
transformador e ao seu enrolamento secundário é conectado a uma
impedância Z2, conforme ilustrado na figura a seguir:

Dessa forma, tem-se:


V2
Z2 = (16)
I2
30
Transformação de impedância
Logo, a impedância de entrada pode ser calculada da
seguinte forma:
V1 aV2 2 V2
Z1 = = =a (17)
I1 I 2 a I2
Dessa forma:

Z1 = a 2 Z 2 = Z 2' (18)
Logo, a impedância Z2 conectada ao
enrolamento secundário é vista como A²z2 pelo
enrolamento primário.
O circuito ao lado, portanto, é o
equivalente do circuito da figura anterior.

31
Exemplo 1
Exemplo 1: Um auto falante de 9 Ω é conectado a uma fonte de
10V com impedância interna de 1 Ω, conforme ilustrado na figura
abaixo.
a) Determine a potência absorvida pelo auto
falante
b) Pra maximizar a potência transferida ao
autofalante, um transformador com uma
relação de espira de 1:3 é usado entre a fonte
e o auto falante conforme ilustrado na figura
x, determine a potência drena pelo auto
falante.

32
Aula 31/05

33
Polaridade magnética
Normalmente, transformadores e outras máquinas elétrica
são marcadas por um ponto a fim de indicar os terminais de igual
polaridade.

Na figura ao lado, os terminais 1


e 3 são idênticos. Isso porque a corrente
eu flui em ambos enrolamentos possuem
sentidos tal que produzem fluxo na
mesma direção.

Se esse dois enrolamentos são concatenados pelo memos


fluxo variante no tempo, a polaridade da tensão induzida nos
terminais dos enrolamentos 1-2 será a mesma que a induzida nos
enrolamentos 3-4. Ou seja, e12 está em fase com e34.

34
Transformador real
Embora as suposições estabelecidas para o transformador
ideal sejam almejadas por projetistas de transformadores e, em
algumas situações, o nível de idealidade seja tão elevado quanto o
possível, certamente elas não são válidas. Logo, em estudos mais
detalhados de transformadores, torna-se necessário considera as
não idealidades.

Há, na literatura especializada, dois métodos que podem ser


usados para o estudo do transformador ideal:

1. Um modelo de circuito equivalente baseado em raciocínio


físico.

2. Um modelo matemático clássico baseado na teoria de circuitos


magnéticos acoplados. 35
Transformador real
O efeito mais fácil de ser modelado são as perdas no cobre.
Estas, por sua vez, são representadas por resistores agrupados em
série com o enrolamento conforme ilustrado na figura abaixo.

Ao observar a figura acima, observa-se a ocorrência de


fluxos de dispersão. Isto é, fluxos que concatenam apenas um dos
enrolamentos. O fluxo de dispersão se comporta de maneira
semelhante a um indutor e, como consequência, pode ser
modelado por este.
36
Transformador real
Dessa forma, o circuito equivalente de um transformador,
considerado as duas não idealidades apresentadas até o momento pode
ser representada como:

Além disso, salienta-se que assim como qualquer núcleo


ferromagnético real, há uma certa permeabilidade. Logo, uma corrente
de magnetização iM é necessária para estabelecer uma corrente no
núcleo.

37
Corrente de magnetização
Se a bobina enrolada em um núcleo magnético for conectada a
uma fonte de tensão senoidal, haverá o estabelecimento de uma
corrente que, como consequência, estabelecerá um fluxo no interior do
núcleo.

A corrente que flui pela bobina e que é necessária para


estabelecer o fluxo magnético é denominada corrente e
magnetização, iϕ. Caso a relação B-H ou λ-i do núcleo seja não linear,
a corrente de magnetização não será senoidal.

Há duas situações que devem ser analisadas: Na primeira, o


efeito da histerese é desconsiderado. Já na segunda, o efeito da
histerese é levado em consideração.

38
Corrente de magnetização
Note que a corrente de magnetização é não senoidal, mas está
em fase com o fluxo ϕ. Além disso, observa-se que a componente
fundamental da corrente de magnetização está atrasada em 90°.
Portanto não há perdas envolvidas. Isso já era esperado, pois, a
histerese, que representa as perdas, é desconsiderado nessa situação

39
Corrente de magnetização
Nessa situação, a corrente de magnetização é não simétrica
e está defasada em relação ao fluxo. A corrente de magnetização
pode ser decomposta em duas componentes, uma é a componente
ic, que está em fase com a tensão e a outra im defasada em 90°.

40
Transformador real
Esse efeito pode ser representado por uma indutância de
magnetização Lm.

Além disso, lembre-se, de aulas anteriores, que todo núcleo


possui em essência dois tipos de perdas, são estas: as perdas histeréticas
e a por corrente Foucault. Estas, por sua vez podem ser agrupadas e
modeladas por meio de um resistor em paralelo conforme ilustrado na
figura abaixo:

41
Circuitos equivalentes
O circuito apresentado no slide anterior é o modelo
completo de transformador real e contempla todas as não
idealidades do mesmo.

Entretanto, ressalta-se que esse circuito é de difícil análise.


Logo, deve-se procurar por maneira mais fáceis e adequadas para
realizar sua manipulação.

Uma primeira tentativa nesse sentido se dá pela


transferência de todas as impedâncias do lado esquerdo ou direito
para o primário ou secundário do transformador.

Essa estratégia é quase inevitavelmente feita. O circuito


equivalente, da figura a seguir, ilustra a situação em que os
componente são referidos ao primário:
42
Circuitos equivalentes

Por conveniência, o circuito do transformador ideal pode ser


omitido. Assim, o circuito pode ser representado da seguinte maneira:

As mudanças realizadas no circuito da figura acima não alteram


as características do transformador. Entretanto, se um nível de
simplicidade ainda maior é demandado, algumas modificações que,
geralmente, alteram minimamente a característica elétrica podem ser
realizadas. 43
Circuitos equivalentes
A primeira dessas modificações parte do pressuposto que a
queda de tensão nos enrolamentos do transformador é pequena. Logo,
|E1|≈|V1|.

Se essa suposição for verdade, pode-se deslocar o ramo de


magnetização ou para a esquerda ou para direita conforme ilustrado na
figura a seguir:

44
Circuitos equivalentes
Esse modelo simplifica o calculo da corrente por que tanto
o ramo de magnetização quando o ramo de carga estão conectados
diretamente à fonte de alimentação.

Além disso, a impedância de ambos enrolamentos podem


ser agrupadas formando um Zeq1.

Por fim, uma simplificação ainda maior pode ser alcançada


partindo do pressuposto que a corrente que flui pelo ramo de
magnetização é menor que 5% da corrente nominal do
transformador real. Assim, pode-se remover completamente o ramo
de magnetização. Conforme ilustrado na figura a seguir.

45
Circuitos equivalentes

Ressalta-se que esse modelo é muito útil em sistemas elétricos


de potência.

46
Determinação dos parâmetros do circuito equivalente
O circuito equivalente do transformador, figura abaixo, é útil para
predizer as características do transformador real. Entretanto, os parâmetros
R1, Xl1, Rc1, Xm1, R2, Xl2 e a (=N1/N2) devem ser conhecidos para que o
modelo possa ser usado.

Uma das maneira de determinar esse parâmetro se dá por meio do


conhecimento dos parâmetros dos componentes usando no projeto. Por
exemplo:
A resistência dos enrolamentos podem ser determinadas mediante a
resistividade do fio de cobre, seu comprimento e a seção transversal, ou seja:

  l1   l2
R1 = R2 = (19)
A1 A2
47
Determinação dos parâmetros do circuito equivalente
Já indutância de magnetização pode ser calculada por meio do
numero de espiras e da relutância do caminha magnético. Ou seja:
N2
Lm = (20)

Assim, a impedância é dada por:

X m1 = j Lm (21)
O cálculo da indutância de dispersão é mais complicado.
Entretanto, há na literatura formulas que podem ser usadas para esse
propósito.

Ressalta-se, entretanto, que esses parâmetros podem ser mais


facilmente determinados por meio ensaios que envolvem pequeno
consumo de energia. São estes: o ensaio a vazio e o ensaio da corrente
de curto circuito.
48
Determinação dos parâmetros do circuito equivalente
Geralmente, as especificações
de potência e tensão dos
transformadores são inseridas em sua
placa de identificação.

A figura ao lado, por exemplo,


ilustra uma típica placa de
identificação de transformadores.

Observa-se as seguintes
especificações: 100 kVA e 11000/415
voltes.

O que isso significa ?

49
Determinação dos parâmetros do circuito equivalente
Basicamente, a relação entre as tensões significa que o
transformador possui dois enrolamentos, um dimensionado para 11000
V e o outro para 415 V.

Essa tensões são proporcionais ao seu respectivo número de


espiras. Logo, a relação de tensão também representa a relação de
espiras (a = 11000/415 = 26,5).

A especificação da potência significa que cada enrolamento é


projetado para 10 kVA. Logo, a máxima corrente que pode fluir pelo
enrolamento de alta tensão é 100000/(1,73*11000) = 5,25 A e pelo de
baixa tensão 100000/(1,73*415) = 139,28 A

50
Determinação dos parâmetros do circuito equivalente
Ensaio a vazio
Esse ensaio é realizado mediante a aplicação da tensão nominal
a um dos terminais do transformador enquanto o outro é mantido em
aberto. A figura a seguir ilustra o diagrama esquemático dessa
situação:

Normalmente, é aconselhável aplicar a tensão no lado de baixa


tensão pois é mais fácil encontrar tensões mais baixas.

Portanto, do circuito equivalente do transformador, o circuito


equivalente sob condição de circuito aberto é ilustrado na figura do
slide a seguir. 51
Determinação dos parâmetros do circuito equivalente

52
Determinação dos parâmetros do circuito equivalente
Ensaio a vazio
Dessa forma, a corrente medida no primário é equivalente a
corrente de magnetização enquanto as perdas medidas pelo
wattímetro são essencialmente as perdas no núcleo.

O circuito equivalente mostra que Rc e Xm podem ser


determinadas pelo voltímetro, amperímetro, e wattímetro.

Além disso, note que as perdas do núcleo são


essencialmente as mesmas se a tensão for aplicada ao lado de alta
tensão.
53
Determinação dos parâmetros do circuito equivalente
Ensaio de curto circuito
Este ensaio é realizado curto circuitando um dos enrolamento
do transformador enquanto no outro enrolamento é aplicado uma
corrente nominal.

Como o ramo de magnetização do transformador possui uma


elevada impedância, essa parte do circuito pode ser desprezada. Logo,
o circuito equivalente para essa situação é representado conforme
ilustrado na figura abaixo.

54
Determinação dos parâmetros do circuito equivalente
Ensaio de curto circuito
Como a impedância do enrolamento é pequena, para atingir a
corrente nominal é necessário apenas uma pequena tensão.

Nesse sentido, é aconselhável realizar esse teste aplicando uma


tensão ao lado de alta tensão.

os parâmetros do circuito equivalente Req e Xeq podem ser


determinados mediante a leitura do voltímetro, amperímetro, e
wattímetro.

Note que devido a tensão aplicada sob condição de curto ser


pequena, as perdas no núcleo são desprezíveis nessa condição. Assim, a
potência medida pelo wattímetro representa quase que inteiramente as
perdas nos enrolamentos do cobre.

55
Determinação dos parâmetros do circuito equivalente
Exemplo 2: A tabela abaixo ilustra os resultados obtidos por meio de
um teste realizado em um transformador monofásico de 10kVA,
2200/220 e 60Hz.

a) Determine os parâmetros para o circuito equivalente referido tanto


ao lado de baixa tensão quanto o lado de alta tensão.
b) Expresse a corrente de magnetização como uma porcentagem da
corrente nominal
c) Determine o fator de potência para o ensaio a vazio e de curto
circuito
56
Aula 05/06

57
Regulação de tensão
Em transformadores reais, mesmo quando a tensão de entrada
permanece constante, a tensão de saída sofre uma alteração. Essa
alteração depende, sobretudo, do tipo de carga que é conectada aos
seus terminais e das características construtivas do transformador.

Para compreender o por que da ocorrência desse fenômeno,


pode-se recorrer ao circuito simplificado do transformador real
ilustrado na figura abaixo.

58
Regulação de tensão
Se o transformador opera a vazio, nenhuma corrente é drenada.
Logo, a tensão terminal é dada por:
V1
V2 NL
= (22)
a
Agora, se o interruptor é fechado e a carga é conectada ao
secundário do transformador, a tensão a qual a carga será submetida é

V2 L
= V2 NL
 V2 (23)

59
Regulação de tensão
A tensão na carga pode ser maior, menor ou igual a tensão
terminar. O tipo de comportamento dependerá da natureza da carga ao
qual o transformador está conectado.

Ressalta-se, entretanto, grandes variações são indesejáveis em


diversos sistemas. Logo, para reduzir a magnitude da variação de
tensão, deve-se prezar por transformadores com baixo valor de Zeq

60
Regulação de tensão
Visando avaliar a variação de tensão em transformadores, uma
figura de mérito denominada regulação de tensão é usada.

A regulação de tensão é definida como a variação da magnitude


da tensão secundária entre a condição a vazio e com carga.
Matematicamente, tem-se:

V2 − V2
VR = NL L
(24)
V2 L
O valor absoluto é usado para indicar que apenas a variação na
magnitude é importante. Ressalta-se que essa expressão pode ser usada
tanto referendo os valores para o primário quanto para o secundário.

61
Regulação de tensão
A tensão na carga é, normalmente, tomada como referencia.
Portanto:

V2 NL
= V2 nominal

V1' = V2 + (R eq2 + jX eq2 ) I 2 (25)


Z eq
Na situação a vazio, I2=0. Assim V’1=V2. Ou seja:

V2 NL
= V1'
Das expressões 2.17, 2.18 e 2.20:

V1' − V2 nominal
VR(%) = 100% (26)
V2 nominal 62
Regulação de tensão
A regulação de tensão depende do fator de potência da carga.
Isso pode ser verificado do diagrama a seguir:

63
Regulação de tensão

64
Regulação de tensão
Exemplo 3: Considere o transformador do exemplo 2, ilustrado
novamente na figura abaixo. Determine a regulação de tensão, em
porcentagem, para as condições de carga.

a) 75% da carga nominal, fator de potência 0,6 atrasado.


b) 75% da carga nominal, fator de potência 0,6 adiantado.
c) Desenhe o diagrama fasorial para as duas situações

65
Eficiência
transformadores bem projetados podem alcançar eficiências
superiores à 99%. Isso se deve a fatores como a ausência de
entreferros e movimentos rotacionais.

A eficiência é definida da seguinte maneira:


potência de saída (Pout )
= (27)
potência de saída (Pin )
Pout
= (28)
Pout + perdas
Há em essência duas perdas nos transformadores reais. São
estas, as perdas no cobre (Pc) e perdas no núcleo (Pcu). Portanto:

Pout
= (29)
Pout + Pc + Pcu
66
Eficiência
As perdas nos enrolamentos podem ser determinadas se as
correntes e resistências são conhecidas. Assim:
Pcu = I12 R1 + I 22 R2 (30)

Ou seja, as perdas no cobre são função da corrente de carga.

Já as perdas no núcleo depende da máxima densidade de fluxo


que flui no núcleo. Que, por sua vez, depende da tensão aplicada aos
terminais do transformador.

Como a tensão permanece essencialmente constante, as perdas


no núcleo não tendem a variar e podem ser obtidas por meio do ensaio
a vazio do transformador.

67
Eficiência
Portanto, se os parâmetros do circuito de um transformador
são conhecidos, a eficiência do transformador sob qualquer condição
pode ser determinado. Agora:

Pout = V2 I 2 cos  2 (31)


Portanto:
V2 I 2 cos  2
= (32)
V2 I 2 cos  2 + Pc + I 22 Req 2

Normalmente, a tensão na carga é mantida fixa. Portanto, a


eficiência depende da corrente de carga (I2) e do fator de potência (cos
ϴ2).

68
Máxima eficiência
Para a condição em que a tensão de saída V2 e o ângulo do
fator de potência Ѳ2 permanecem constantes, a máxima eficiência
ocorre quando: d
=0 (33)
dI 2
Logo, se essa condição é aplicada à expressão (32), tem-se:

Pc = I 22 Req 2 (34)
Isto é, perda no núcleo = perdas no cobre. Para condição
nominal.
Pc , FL = I 2,2 FL Req 2
(35)

69
Máxima eficiência
Considerando
I2
X= (36)
I 2,FL

E dividindo as equações (34) e (35) e usando (36), tem-se:

Pc = X 2 Pcu , FL (37)

70
Máxima eficiência
Por outro lado, para valores e
tensão V2 e corrente constantes, a
máxima eficiência ocorrente quando:
d
=0 (38)
d 2
Se essa condição é aplicada à
expressão (32), a condição para a máxima
potência é:
2 = 0
(39)
cos  2 = 1
O fator de potência deve ser 1.
Em suma, a máxima eficiência
ocorre quando o fator de potência é
unitário e a corrente de carga é tal que as
perdas do cobre são iguais a do núcleo.
71
Máxima eficiência
Exemplo 4: Para o transformador do exemplo 2, ilustrado novamente
na figura abaixo. Determine:

a) A eficiência a 75% da carga nominal e FP = 0.6


b) Potência de saída na máxima eficiência e o valor da máxima
eficiência. Em qual porcentagem da potência nominal a máxima
eficiência ocorre.

72
Aula 12/06

73
Autotransformadores
Em algumas situações é necessário fornecer apenas pequenas
alterações nos níveis de tensão. Por exemplo, pode ser necessário
elevar tensão de 110 V para 120 V ou 13,2kV para 13,8kV. Logo, pode
ser dispendioso e complicado utilizar um transformador de dois
enrolamentos nessa essa situação.
E1 N1
=
E2 N 2
=a (40)

I1 N 2 1
= = (41)
I 2 N1 a

S = V1 I1 = V2 I 2 (42)
Uma solução mais adequada para esse problema pode se
alcançada caso isolação galvânica possa ser sacrificada. Como
consequência, uma topologia com maior rendimento e sem grande
redução da capacidade em kVA pode ser obtida.
74
Autotransformadores

75
Autotransformadores

76
Autotransformadores
O autotransformador é um transformador especial no qual
parte do enrolamento é comum aos circuitos do primário e do
secundário.

Ele pode ser visto (e analisado) como um transformador de


dois enrolamentos ligados em série ou como um transformador com
um único enrolamento de onde se deriva o primário e o secundário.

Transformador de dois Transformador de um


enrolamentos enrolamento

Transformador comum operando Transformador já fabricado como


como autotransformador autotransformador 77
Autotransformadores
Chave
Varivolt
compensadora

78
Autotransformadores
Autotransformador abaixador

Relação de tensão:
N1  N1 + N 2   N1 + N 2 
V A = E1 + E2 = E2 + E 2 =   E2 =  VB (43)
N2  N2   N2 
V A N1 + N 2
= = (a + 1)  trafo abaixador de tensão
VB N2
79
Autotransformadores
Autotransformador abaixador

Relação de Corrente:
N1  N1 + N 2 
IB = I A + I2 = I A + I A =   I A (44)
N2  N2 

IA N2  1 
= =   trafo elevador de corrente (45)
I B N1 + N 2  a + 1  80
Autotransformadores
Autotransformador abaixador

Potência aparente:
Sautotrafo = VA I A = VB I B = VB (I1 + I 2 ) = VB I1 + VB I 2 (46)
Sendo VBI1 a potência diretamente transferida ao secundário pela corrente
primária sem qualquer transformação. Ela é chamada potência conduzida.
Scond = VB I1 (47)
E VBI2 a potência transferida ao secundário pela corrente I2 pela ação
transformadora. Ela é chamada potência transformada ou eletromagnética
S transf = VB I 2 (48) 81
Autotransformadores
Comparação entre a potência transferida do primário para o
secundário em transformadores e autotransformadores
S trafo = E1 I1 = E2 I 2 (49)
Sautotrafo 
= ( E1 + E2 ) I1 =  E1 +

E1
a  1

( )
 I = 1 + 1 E I (50)
a 1 1

Sautotrafo ( )
= 1 + 1 S trafo
a
(51)

Conclusão ► Sautotrafo > Strafo


Isto ocorre porque a conexão elétrica entre os dois
enrolamentos permite que uma quantidade de energia adicional
possa ser (eletricamente) transmitida para a carga além da energia
transmitida (magneticamente) através do campo magnético.
Obs: Os valores nominais de corrente de cada bobina continuam
sendo respeitados como autotransformador.
82
Autotransformadores
Autotransformador elevador

VB E1 N1 1
= = = (52)
VA E1 + E2 N1 + N 2 1 + N 2
I A = I2 N1
VB 1 (53)
I B = I1 + I 2 =  Relação de tensão
I2
VA VA 1 + 1
VB a
IB 1
= 1 +  Relação de corrente (54)
IA a
Sautotrafo = ( E1 + E2 ) I 2 = E1 I 2 + E2 I 2 = aE2 I 2 + E2 I 2

Sautotrafo = (1 + a ) S trafo (55) 83


Autotransformadores
Vantagens:
- É possível transferir uma potência maior com o mesmo
transformador quando este é ligado como um autotransformador
(potência transformada + potência conduzida)
- Autotransformadores têm melhor rendimento, são fisicamente
menores e mais baratos do que um transformador convencional
correspondente.
- Autotransformadores podem ser utilizados como fontes de tensão
variável através de contatos móveis que variam a relação N1/N2.

Desvantagens:
- O enrolamento de baixa tensão demanda melhor isolamento uma vez
que está exposto ao enrolamento de alta tensão.

84
Exemplo 5
Exemplo 5: Um transformador monofásico de 100kVA, 2000/200 V é
conectado como um autotransformador, como indicado na figura a
seguir. Determine a potência máxima que pode ser processada por este
autotransformador sem exceder as capacidades dos enrolamentos. Pra
este caso, determine a potência transformada e a potência conduzida
pelo autotransformador.

85
Aula 14/06

86
Transformadores trifásicos
Os transformadores monofásicos foram o foco principal até o
momento. Entretanto, deve-se ressaltar que em sistemas elétricos de
potência utiliza-se, majoritariamente, transformadores trifásicos, pois:
▪ O volume de material condutor na transmissão em sistemas trifásicos é
menor para a mesma quantidade de energia transmitida quando
comparado com sistemas monofásicos ou outros sistemas polifásicos.
▪ A capacidade dos geradores aumenta em função do número de fases.
▪ A potência em sistemas monofásicos é pulsante com o dobro da
frequência da rede, ao passo que a potência em sistemas trifásicos é
constante. Portanto, possibilitando um funcionamento mais suave dos
motores.
▪ Para o funcionamento dos motores elétricos é necessário termos
campos magnéticos girantes, o qual não é possível ser gerado em
sistemas monofásicos.
Transformadores monofásicos possuem em geral pequena capacidade
de potência aparente (chamada capacidade de transformação). Quando
se necessita de maiores potências utilizam-se transformadores
trifásicos 87
Transformadores trifásicos
Os transformadores trifásicos podem ser construídos de duas maneiras:
(a) banco trifásico (composto por 3 transformadores monofásicos)
(b) núcleo trifásico (composto por um único núcleo – mononuclear)

Um transformador trifásico é constituído de pelo menos três


enrolamentos no primário e três enrolamentos no secundário, os quais (como
qualquer componente trifásico) podem ser conectado em Estrela (Y) ou Delta
(). Por conseguinte, temos quatro possibilidades de ligação (conexão):
Primário Secundário
Y Y
Y Δ
Δ Y
Δ Δ

Cada conexão possui determinadas características que determinam o uso mais


adequado conforme a aplicação.
88
Transformadores trifásicos
➢Exemplo de conexão Y- com três transformadores monofásicos:

Vantagem: a conexão em banco trifásico facilita a manutenção e


substituição dos transformadores.
89
Transformadores trifásicos

90
Transformadores trifásicos
➢Exemplo de conexão Y- com núcleo único:

Vantagem: esta forma de ligação resulta em transformadores menores


e mais baratos devido à necessidade de menos material
ferromagnético, porém com menor flexibilidade de manutenção.
91
Transformadores trifásicos

92
Transformadores trifásicos
Nota-se que para todas as possíveis conexões, a potência kVA
total do transformador trifásico é compartilhada igualmente por cada
fase do transformador. Contudo, a tensão e corrente de cada um
depende do tipo de conexão.

Primário Secundário
Este tipo de conexão é comumente usado para atenuar elevados
Y Δ níveis de tensão. O ponto neutro, no lado de alta tensão, pode
ser aterrado, que é desejável na maioria dos casos.
Δ Y Esta conexão é comumente usada para elevar a tensão
A principal vantagem desse tipo de conexão é que um dos
enrolamentos pode ser retirado para manutenção enquanto os
Δ Δ
demais continuam a fornecer potência a uma potência de 58%
da nominal.
Essa conexão é raramente usada devido à problemas com a
Y Y
corrente de magnetização e tensão induzida
93
Transformadores trifásicos
Defasagem introduzida por transformadores trifásicos
As conexões Y- e -Y envolvem defasagens de 300 entre as tensões
de linha do primário e o secundário.

Prova: considere as seguintes tensões de fase aplicadas ao primário de


um transformador Y-:

Van = V cos(t)
Vbn = V cos(t − 1200)
Vcn = V cos(t + 1200)

Pode-se mostrar que Vab, Vbce Vca são:

Vab = Van − Vbn = 3V cos(t + 300)


Vbc = Vbn − Vcn = 3V cos(t − 900)
Vca = Vcn − Van = 3V cos(t + 1500)
94
Transformadores trifásicos
Circuito elétrico monofásico

Uma maneira mais conveniente para trabalhar com


transformadores trifásicos é por meio do seu circuito monofásico. Para
que isso seja possível, é necessário que as seguintes premissas sejam
satisfeitas:

✓ Os três enrolamentos do primário e secundário são aproximadamente


iguais.
✓ As cargas são e fontes são balanceadas.

Isso garante que as magnitudes das tensões e correntes em todas


as fases sejam idênticas, exceto que há uma defasagem de 120° entre
elas. Portanto, uma única fase é suficiente para determinais todas as
variáveis do sistema trifásico.

95
Transformadores trifásicos
Além disso, uma convenção que será assumida nas análises
seguintes é todos elementos do circuito devem estar conectados em
Y. logo, um circuito conectado em Δ pode ser convertido em Y por meio
da transformação Y-Δ

96
Transformadores trifásicos
Logo, a representação em Y do circuito é ilustrado na figura a
seguir:

Observe que as correntes de linha no primário e secundário e as


tensões de linha são idênticas a do circuito originário do slide anterior.
A relação de espiras a’ circuito equivalente Y-Y é:

V 3
a' = = 3a (56)
V 3a
97
Transformadores trifásicos
Portanto, a relação de espiras para o circuito monofásico
equivalente é a relação da tensão de linha do lado primário e secundário
do transformador real.

O circuito monofásico equivalente é mostrado na figura a seguir.


Este circuito será útil se os transformadores estão conectados à carga ou
a uma fonte de potência através de alimentadores.

98
Transformadores trifásicos
Exemplo 6: Três transformadores monofásicos, 50 kVA, 2300/230 V e
60 Hz são conectados para formar um transformador trifásico de
4000/230 V. A impedância equivalente de cada transformador referido
ao lado de baixa tensão é 0,012 + j0,016 Ω. O transformador trifásico
alimenta uma carga de 120 kVA, 230 V, FP = 0,85 (atrasado).
a) Desenhe o diagrama esquemático mostrando as conexões do
transformador.
b) Determine as correntes dos enrolamentos do transformador.
c) Determine a tensão de linha do primário requerida.
d) Determine a regulação de tensão.

99
Aula 19/06

100
Transformadores trifásicos
Exemplo 7: Uma fonte trifásica alimenta uma carga, também trifásica,
de especificação: 230 V, 27 kVA e FP = 0,9 (atrasado). Entre fonte e
carga tem-se um banco de três transformadores monofásicos na
configuração Y-Δ que possuem as seguintes especificações: 10kVA
1330/230 V, 60Hz e ZeqL= 0,12 + j0,25 Ω. A impedância da linha que
conecta a fonte ao transformador é de 0,8 + j5,0 Ω por fase. Já a
impedância da linha que conecta o transformador à carga é de 0,003 +
j0,015 Ω por fase:
Determine a fonte de tensão necessária para manter a tensão de
saída fixa em 230 V.

101
Transformadores trifásicos
Exemplo 7: Uma fonte trifásica alimenta uma carga, também trifásica,
de especificação: 230V, 27kVA e FP=0,9 (atrasado). Entre fonte e carga
tem-se um banco de três transformadores monofásicos na configuração
Y-Δ que possuem as seguintes especificações: 10kVA 1330/230 V, 60
Hz e ZeqL= 0,12 + j0,25Ω. A impedância da linha que conecta a fonte ao
transformador é de 0,8 + j5,0 Ω enquanto a impedância que conecta o
transformador à carga é de 0,003 + j0,015Ω por fase:
Determine a fonte de tensão necessária se a tensão de carga deve
ser fixa em 230 V.
0,8 + j5,0 Ω
0,003 + j0,015Ω

102
Transformadores trifásicos
0,8 + j5,0 Ω
0,003 + j0,015Ω

103
Aula 21/06

104
Conexão delta aberto
Conforme mencionado anteriormente, a principal vantagem da
conexão Δ-Δ reside no fato que, durante manutenção, um dos
transformadores pode ser retirado sem afetar o funcionamento do
conjunto.
A titulo de exemplo, considere a figura abaixo em que um dos
transformadores é retirado. Se as duas tensões secundárias
remanescentes forem VA=V∠0° e VB=V∠ − 120°. Logo a tensão no
vazio deixado será:
VC = −VA − VB
= −V 0 − V  − 120
= −V − (0,5V − j 0,866V )
= −0,5V + j 0,866V
= V 120

Ou seja, é a mesma tensão que apareceria caso o terceiro


transformador estivesse presente.
105
Conexão delta aberto
Entretanto, ressalta-se que haverá uma redução na capacidade de
potência que pode ser fornecida à carga.

Logo, pode-se perguntar: qual a potência fornecida à carga nessa


situação ?

Uma análise inicial levaria a crer que a nova potência nessa


situação é de 2/3 da potência nominal.

Entretanto, as coisas não são tão simples assim, para


compreender o que acontece quando uma das cargas é removida, pode-
se recorrer a figura do slide a seguir.

106
Conexão delta aberto

107
Conexão delta aberto
Observe que após a remoção do enrolamento, o ângulo de fase entre
tensão e corrente, que antes estavam em fase, agora são de 30°. Logo a
potência fornecida por cada transformador é:
Pab = Vab I a cos(30 +  ) (57)
Pbc = Vcb I c cos(30 −  )
Considerando:
Vab = Vcb = V , Tensão nominal do enrolamento secundário
I a = I c = I , Corrente nominal do enrolamento secundário
e ϕ = 0 para uma carga resistiva tem-se:
PV = Pab + Pbc = 2VI cos 30 (58)
Quando os três transformadores estão presentes, tem-se:
P = 3VI (59)
Assim:
PV 2 cos 30
= = 0,58 (60)
P 3 108
Harmônico em transformadores trifásicos
Normalmente, os transformadores são projetados para operar
próximo da região de saturação da curva de magnetização.

Isso se deve, sobretudo, a motivos econômicos. Pois, próximo à


saturação, obtém-se maior densidade de energia por metro cúbico. Ou
seja, tem-se maior transferência de energia com menor quantidade de
material.
Conforme discutido
anteriormente, essa característica
torna a corrente de magnetização não
senoidal.

Essa forma de onda distorcida


é caracterizada por uma componente
fundamental e harmônicos impares.
Em especial a terceira harmônica que
é predominante.
109
Harmônico em transformadores trifásicos

Interruptor SW1 fechado e SW2 aberto

Como o interruptor SW2 encontra-se fechado, não haverá fluxo


de corrente nos enrolamentos secundário. Logo, a corrente que flui pelo
primário é apenas a corrente de magnetização.

110
Harmônico em transformadores trifásicos
Já que a terceira harmônica é
predominante perante as demais,
pode-se escrever, matematicamente,
as correntes da seguinte maneira:

iA = I m1 sin t + I m3 sin 3t


iB = I m1 sin (t − 120 ) + I m3 sin 3 (t − 120 )
iC = I m1 sin (t − 240 ) + I m3 sin 3 (t − 240 )

Logo, a corrente no neutro é:


iN ' N = iA + iB + iC = 3I m 3 sin 3t

A componente fundamental das correntes encontram-se


defasadas 120° entre si. Por outro lado, a terceira harmônica encontra-se
todas em fase. Logo, o fio de neutro conduz apenas as componentes
harmônicas nessa situação.
111
Harmônico em transformadores trifásicos

Interruptor SW1 fechado e SW2 aberto

Nesse caso, a corrente de terceira harmônica não pode fluir no


enrolamento primário. Portanto, as correntes primárias são em essência
senoidais. Se a corrente de magnetização é senoidal, o fluxo é não
senoidal devido a característica não linear B-H do núcleo magnético, e
ele contem componentes de terceira harmônica. Isto induzirá tensões de
terceira harmônica no enrolamento. As tensões de fase são portanto não
senoidais, contendo a componente fundamental e de terceira harmônica.
112
Harmônico em transformadores trifásicos
Matematicamente, tem-se:
v A = v A1 + v A3
vB = vB1 + vB 3
vC = vC1 + vC 3
A tensão de linha é:
v AB = v A − vB
= v A1 − vB1 + v A3 − vB 3
Como vA3 e vB3 estão em fase e possuem mesma magnitude:
v A 3 − vB 3 = 0

Portanto:
v AB = v A1 − vB1

113
Note que embora as tensões de fase possuam componentes de
terceira harmônica, a tensão de linha não.
A tensão do delta aberto do secundário é:
v 0 = va + vb + vc
= ( va1 + vb1 + vc1 ) + ( va 3 + vb 3 + vc 3 )
= ( va 3 + vb 3 + vc 3 )
= 3va 3

Logo, a tensão através de delta aberto é a soma das tensões


induzidas de terceiro harmônico no enrolamento secundário.

114
Harmônico em transformadores trifásicos

Interruptor SW1 aberto e SW2 fechado

se o interruptor SW2 é fechado, a tensão vΔ0 irá acionar correntes


de terceiro harmônico ao redor do delta secundário. Isso fornecerá uma
componente de terceiro harmônico ausente de corrente de excitação
primária e, consequentemente, o fluxo e a tensão induzida serão
essencialmente senoidais.
115
Especificações nominais de transformadores
Ao analisar a placa de identificação de transformadores,
normalmente, encontra-se quatro informações principais, sendo estas:

1. Potência aparente (kVA ou MVA);

2. Tensão primária e secundária (V ou Kv);

3. Frequência de operação (Hz);

4. Resistência e reatância em série por unidade.

116
Especificações nominais de transformadores
Tensão e frequência nominais de um transformador

A especificação da tensão possui duas funções principais:

117
Especificações nominais de transformadores
Tensão e frequência nominais de um transformador

A especificação da tensão possui duas funções principais:

1. Proteger a isolação de uma ruptura devido a um excesso de tensão


aplicada;

118
Especificações nominais de transformadores
Tensão e frequência nominais de um transformador

A especificação da tensão possui duas funções principais:

1. Proteger a isolação de uma ruptura devido a um excesso de tensão


aplicada;

2. A segunda, e mais importante, está relacionada com a curva de


magnetização e necessita de uma análise mais detalhada para sua
compreensão.

Para isso, considere uma tensão senoidal em regime permanente


aplicada ao enrolamento do transformado:
v(t ) = VM sen(t )
119
Se essa tensão senoidal é aplicada ao enrolamento primário, o
fluxo de magnetização que fui no interior do núcleo é expressa por meio
da lei de faraday:
1
 (t ) =
NP  V (t )dt

1
=
NP  VM sen(t )dt
Logo:
VM
 (t ) = − cos(t ) (61)
 NP
Se a amplitude da tensão for aumentada em 10%, o fluxo
também aumentará em 10%. Entretanto, sabe-se que devido a
característica não linear da curva de magnetização, essa relação linear
não é mantida.

120
121
Outro aspecto importante, está relacionado à frequência aplicada
ao transformador. Considerando a máxima amplitude do fluxo dada
pela equação (61), tem-se:
Vmax
max =
 NP

Assim, se um transformador de 60 Hz operar em 50 Hz, a tensão


aplicada também deverá ser reduzida em um sexto ou o fluxo de pico
no núcleo será demasiadamente elevado.
Essa diminuição na tensão aplicada com a frequência é
denominada redução de tensão nominal.
De modo similar, um transformador de 50 Hz poderá operar
com uma tensão 20% mais elevada em 60 Hz se esse procedimento não
causar problemas de isolação.

122
Avaliações
A avaliação consistirá em três provas ao longo do semestre:
▪ Primeira avaliação, dia 07/06, valor 20 pontos. Tema: conversão
eletromecânica de energia;
▪ Segunda avaliação, dia 10/07, valor 20 pontos. Tema: Transformadores
elétricos;
▪ Terceira avaliação, dia 21/08, valor 20 pontos. Tema: Máquinas de
corrente contínua;
▪ Relatórios das aulas práticas 40 pontos.

Maio/2023 Junho/2023 Julho/2023 Agosto/2023


D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S
1 2 3 4 5 6 1 2 3 1 1 2 3 4 5

7 8 9 10 11 12 13 4 5 6 7 8 9 10 2 3 4 5 6 7 8 6 7 8 9 10 11 12

14 15 16 17 18 19 20 11 12 13 14 15 16 17 9 10 11 12 13 14 15 13 14 15 16 17 18 19

21 22 23 24 25 26 27 18 19 20 21 22 24 24 16 17 18 19 20 21 22 20 21 22 23 24 25 26

28 29 30 31 25 26 27 28 29 30 23 24 25 26 27 28 29 27 28 29 30 31

30 31

123
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE
OURO PRETO

MÁQUINAS ELÉTRICAS I

Professor: Caio Meira Amaral

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