Levantamento de problemas e questionamento sobre o que parece óbvio, com a criação de conceitos para compreender o que os surpreende. O mundo e a valorização das aplicações imediatistas das coisas. Cura do câncer ou da aids, matemática no ensino médio, visando ENEM e vestibular, a formação técnica de médicos, engenheiros, fisioterapeutas, advogados e outras funções para exercícios profissionais. E a Filosofia? Pra que serve? Serve a nada! Por que? Porque a nada e a ninguém serve! E ainda é perigosa, quando desestabiliza o status quo, ao se confrontar com o poder. (Foto do operário August Landmesserm, que não saudou Hitler, em Hamburgo, 1936, ascensão do nazismo). Radical – não no sentido corriqueiro de ser inflexível, mas porque busca explicitar os conceitos fundamentais usados em todos os campos do pensar e do agir. Rigorosa – por ser argumentativa e por manter a coerência de suas diversas partes, evitando a ambiguidade, e visando diálogo com outras mentes pensantes, com conceitos claramente definidos. De conjunto – por ser um tipo de reflexão totalizante, de conjunto, porque examina os problemas relacionando diversos aspectos entre si, visando o todo, o caráter transdisciplinar, buscando elo entre as diversas expressões do saber e do agir. Ironia – guia-se pelo princípio de que nada sabe e dessa perpexidade primeira inicia a interrogação e o questionamento de tudo o que parece óbvio. Maiêutica – questiona o interlocutor, a fim de que este encontre dentro de si mesmo, e em suas vivências, as respostas para seus questionamentos. Não é dogmático, pois enfrenta os dogmas sem construir novos, não se mostrando como farol, mas como construtor de discussões e busca de soluções. Subversivo, pois desnorteia a ordem do fazer e do conhecer. Só sei que nada sei (leitura da fonte). Diferença entre sofista e filósofo. Monistas e pluralistas. Tales de Mileto (água), Pitágoras de Samos (número), Parmênides (ser), Heráclito de Éfeso (fogo), Anaximandro (Ilimitado), Anaxímenes (ar ou frio), Demócrito e Leucipo (átomo). Parmênides, racionalista, rejeitava o empirismo, pois acreditava no imobilismo do Uno, indivisível e imutável, recusando os sentidos, que nos enganam, pois nada se move. Heráclito, a fluidez e a síntese de opostos. Empédocles e a articulação de Parmênides e Heráclito, mediante o pluralismo (4 elementos fundamentais – água, fogo, terra e ar – combinando-se em diferentes proporções). Amor é ódio se opõem e fazem reunião ou distanciamento entre as substâncias (quando o amor atua mais, há harmonia; quando o ódio atua mais, há o desequilíbrio). Demócrito e o átomo (empirista, acreditava na observação dos fenômenos naturais, tendo o átomo como a menor partícula, e invisível a olho nu). As diferentes formas e tamanhos dos átomos explicariam a infinidade de coisas existentes e todos os processos têm causas materiais (materialista). Contra os sofistas. Utilização da Ironia. Maiêutica socrática. Opiniões, percepções sensoriais e imagem das coisas são fonte de erro, mentira e falsidade. As ideias se referem à essência íntima, invisível, verdadeira das coisas, e só pode ser alcançada pelo pensamento puro, fugindo dos dados sensoriais, hábitos recebidos, preconceitos e opiniões. O dualismo platônico e o mundo das ideias, com a Alegoria da caverna, Livro VII de “A República”; Mundo sensível como mera cópia do mundo ideal; as ideias já estariam gravadas em nossa mente, pois existiriam ideias inatas, nascemos com elas; As ideias são realidades objetivas, modelos eternos daquilo que conseguimos enxergar, as cópias imperfeitas dos modelos ideais; Ideias são como a forma de biscoitos; os biscoitos são amassados, podem se quebrar, se queimar e ser comidos, mas a forma permanece perfeita, intacta, eterna e imutável. Ao contrário dos sofistas, Platão enxerga a felicidade como desconectada do prazer, pois à satisfação dos desejos falta estabilidade e plenitude, visto que novos desejos levam a novos sofrimentos, em um movimento sem fim; Política: os sistemas são também degenerados, pois a aristocracia tenderia à oligarquia, a monarquia tenderia à tirania e a democracia tenderia à anarquia; O ser humano deve buscar a educação política e da alma, e os filósofos, por estarem sempre em busca da verdade, devem estar perto do poder; Divisão da sociedade em classes: classe econômica, classe militar e classe legislativa, onde a educação política deve vir da Filosofia, para não ser mera busca de poder, mas trabalho pelo bem coletivo. Ao contrário do idealista Platão, que nega a experiência, Aristóteles parte do fato, buscando apoio sólido na realidade que nos cerca; Os 3 caracteres de sua grande síntese: observação fiel da natureza (experiência sensível), rigor no método (define objeto, enumera as soluções históricas e indica a própria solução, refutando sentenças contrárias) e proposta de visão de conjunto (sistema de síntese onde todas as partes se compõem, se correspondem, se confirmam; Percorre todos os caminhos do saber: da biologia à metafísica, da psicologia à retórica, da lógica à política, da ética à poesia; A virtude, para Aristóteles, reside no justo meio entre os opostos, isto é, ele refuta os antagonismos extremos; Seriam 6 as formas de governo (por 2 critérios: número e justiça), sendo 3 os regimes políticos considerados bons, mas que se podem tornar em algumas formas degeneradas (a monarquia que se torna uma tirania, a aristocracia que se torna uma oligarquia e a politeia que se torna uma democracia (não pensando no que é hoje). Averróis, seu principal comentarista, traz a visão orientalista de seus ensinos diretamente do mundo árabe, sendo que São Tomás de Aquino traz seu conhecimento para a Teologia, trabalhando a Teoria das causas (material, formal, eficiente e final, pressupondo, ainda, a primeira causa, a causa sem causa, o primeiro motor do cosmo, que, para muitos, seria Deus); Defende que, ao contrário da Teoria das ideias, de Platão, não se pode pensar uma coisa sem lhe atribuir uma substância, uma qualidade, uma quantidade, uma atividade, uma passividade, uma posição no tempo e no espaço etc.; Os objetos são constituídos pela perfeição (o ato) e a imperfeição (a potência), sendo que o ato explica a unidade do ser e a potência explica a multiplicidade e a mudança; Para Aristóteles, o ser humano é um ser social. Quem vive em isolamento é um Deus ou uma besta. O virtuoso é o indivíduo que vive o caminho da moderação; Justiça retributiva (de cunho mais socialista, distribuir riquezas e honra entre as pessoas, mas de acordo com o mérito) e retificativa (manter o equilíbrio entre os indivíduos, através de trocas). Ciência, intuição e sabedoria nos ajudam a escolher pela razão o mais virtuoso a ser feito. Platão: age no plano das ideias, usa somente a razão e não atenta às transformações da natureza; a realidade é o que pensamos, sendo que o que vemos é o reflexo do que existe no mundo das ideias. Despreza o rumor e a opinião. Aristóteles: interessa-se pelas transformações da natureza e seus processos físicos: crê que a realidade é não somente o que pensamos, mas também o que percebemos e sentimos; defende que o que está na alma do ser humano é tão somente os reflexos do que vemos na natureza, já que a razão está vazia enquanto não sentimos nada. Atenta para a opinião e a doxa, pois quer retirar delas o que há de verossímil, além de lhes avaliar o contrário; trata a cidadania (direito de voto e participação no exercício do poder); Platão é poético, Aristóteles é pormenorizado, preferindo, porém, o fragmento ao detalhe.