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- Tipos, mecanismos e funções dos transportes de substâncias através das membranas celulares.
- Membrana plasmática: estrutura que delimita compartimentos aquosos externo e interno.
Formada por bicamada lipídica (constituída por fosfolipídeos,colesterol e glicolipídeos) e por
moléculas proteicas (inseridas na bicamada lipídica, podendo ser: canais iônicos,
transportadores/carreadores, receptores e antígenos de superfície celular).
- LEC: Líquido extracelular e LIC: líquido intracelular
- Organização da bicamada lipídica: dois compartimentos aquosos (um intracelular e outro
extracelular), fosfolipídios apresentam uma estrutura de cabeças (glicerol fosforilado - natureza
hidrofílica em contato com LEC e LIC) e caudas (ácidos graxos - natureza hidrofóbica ou
lipofílica, formando camada interna).
- Funções das membranas plasmáticas: revestimento, proteção e permeabilidade seletiva
(seleciona quais substâncias entrarão ou sairão das células).
- Bicamada fosfolipídica: Aumenta permeabilidade (consegue penetrar camada lipofílica) a
compostos lipossolúveis (Co2, O2 - compostos pequenos -, ácidos graxos e hormônios
esteróides; reduz permeabilidade a compostos hidrossolúveis (íons, glicose e aminoácidos).
- Transportes pela membrana celular: importante para as funções vitais das células (recebem
sinais, nutrientes e O2 e excretam CO2 e metabólitos). A sobrevivência dos seres vivos
depende dos transportes através das membranas.
- Princípios dos transportes:
- Água: principal fluido corporal (onde os íons estão dissolvidos).
- Distribuição da água no organismo: 67% no LIC e 33% no LEC (plasma 25% e líquido
intersticial 75%).
- Proteínas de membrana (canais e transportadores): são vias alternativas de passagem de íons e
moléculas hidrofílicas.
- Canais: são estruturas protéicas que formam aberturas nos dois lados da membrana, transpassa
por toda essa estrutura (poro aquoso)
- Transportadores/ carregadores: não formam abertura entre os dois lados da membrana (em um
momento o transportador estará aberto para o LIC e fechado para o LEC e em outro momento
estará aberto para o LEC e fechado para o LIC, modificando sua conformação). A mudança da
abertura deve-se pela alteração conformacional, favorecendo a passagem da substância.
- Todas as proteínas de membrana apresentam seletividade (filtro de seletividade: dimensão da
abertura e carga elétrica - cargas presentes nos resíduos de aminoácidos que formam a estrutura
do poro da proteína - presente na abertura da proteína). Exemplo: a glicose só consegue entrar
na célula por transportadores de glicose com sítio ativo específico e os íons K+ só conseguem
entrar no canal específico eletricamente.
- Classificação dos canais: especificidade de célula determina os tipos de canais presentes.
De vazamento/ escoamento: estruturas constantemente abertas/ ativas, permitindo a passagem
contínua de íons pelos canais. Se houver diferença de gradiente químico (diferença de
concentração de íons do meio intra e extracelular), vai haver fluxo desse íon pelo canal de
vazamento.
Controlados: apresentam portões/comportas que só se abrem e fecham em resposta a um
estímulo específico (capaz de alterar abertura de canais). Quando o canal está fechado, mesmo
que haja um gradiente de concentração dos íons, não há passagem dessas estruturas. Quando
está aberto, há fluxo dos íons de acordo com a seletividade do canal. Este tipo de canal pode
ser controlado de diferentes formas (propriedades distintas): por voltagem, por temperatura
(fisicamente), por ligação com neurotransmissores (quimicamente).
Alteração da expressão gênica de canais de membrana determinam entrada e saída de íons
quantidade - o que pode ser determinado por estímulo, por fármacos). Isso ocorre por células
que são excitáveis.
- Classificação dos transportadores/ carreadores: sem abertura contínua através da membrana.
- Uniportador: capacidade de transportar apenas um tipo de molécula.
- Simportador: permite o transporte de mais de um tipo de substância na mesma direção.
Exemplo: íon Na+ e glicose.
- Antiportador: garante transporte de diferentes substâncias em direções opostas. Exemplo: íon
Na+ (entra) e H+ (sai).
- Interação dos íons/ moléculas com o transportador: gera mudança conformacional que garante
o transporte para uma determinada direção.
- Transporte pela membrnana: estabelece diferença de composição química entre o LEC e o LIC.
Em condições fisiológicas normais, existe maior quantidade de Na+, Cl- e Ca+ no meio
extracelular e maiores concentrações de K+ e proteínas (carga negativa dos resíduos de
aminoácidos) no meio intracelular.
- A distribuição de solutos e íons é controlada pelo transporte através das proteínas de membrana
(canais e transportadores), os quais conferem permeabilidade à membrana a diferentes
compostos, determinando as diferenças químicas entre LEC e LIC.
- Os transportes pela membrana vão seguir os mesmos princípios das reações químicas:
- Movimento espontâneo (passivo) - substâncias passam de um meio de alta concentração ou alta
energia para um meio de baixa concentração ou baixa energia.
- Movimento na direção oposta - substâncias saem de áreas de baixa energia ou concentração
para regiões de alta energia ou concentração. Requer uma energia adicional
(predominantemente vem do ATP).
- Tipos de transporte: transporte passivo (não utiliza energia adicional) e transporte ativo
(depende da energia do ATP)
- Transporte passivo: osmose, difusão simples (sem uso de canal de membrana e com canal de
membrana), difusão facilitada (uso de proteínas transportadoras). Ocorre por movimento
aleatório, através dos espaços intermoleculares da membrana (moléculas pequenas ou de
natureza lipofílica) ou em combinação com uma proteína (que pode ser canal ou
transportadora). Sempre a favor de um gradiente de energia (nesse caso, concentração de íons),
do meio de maior concentração para o meio menos concentrado. Não utiliza energia adicional.
Difusão: tendência natural das moléculas ou íons se dispersarem no ambiente.
As substâncias em solução são dotadas de energia cinética - estão em constante movimento;
movem-se de forma espontânea e aleatória (movimento browniano). Esse movimento
possibilita a colisão das moléculas e mudança na direção e na colisão. O movimento resultante
será na direção de maior concentração (mais energia mediada pelas colisões) para a direção de
menor concentração; à favor do gradiente de concentração.
Difusão simples: por espaços intermoleculares (interstícios na bicamada) ou por canais aquosos
(que penetram na membrana integralmente - maior concentração para menor concentração). No
caso desse tipo de transporte, as moléculas que passam pelo canal não interagem diretamente
com as proteínas canais (diferente das proteínas transportadoras).
Exemplos de proteína canal:
- Aquaporina: canal para água (existem várias isoformas, expressas de acordo com o
tecido), possui passagem seletiva do poro (muito estreito).
- Canal para potássio (K+): filtro de seletividade (cargas elétricas dos aa)
Difusão facilitada: mediada por proteínas transportadoras/ carreadoras (não tem abertura para os dois
lados da membrana - não cria uma abertura contínua entre as faces da membrana), facilita a passagem
de moléculas através da membrana a partir da interação da molécula com a proteína transportadora.
Essa interação gera uma mudança conformacional, favorecendo o transporte para o outro lado da
membrana (interação do soluto com a proteína).
Estudo do gráfico de comparação entre velocidade de difusão simples e de difusão facilitada.
Eixo y: velocidade da difusão
Eixo x: concentração do soluto.
Nesse gráfico, a difusão simples é representada por uma reta; já a difusão facilitada é representada por
uma “hipérbole”. Isso indica que, para a difusão simples, quanto maior a concentração de soluto, maior
será a velocidade. Já no caso da difusão facilitada, verifica-se que a velocidade tende a um limite
máximo, de modo que, mesmo aumentando a concentração, a velocidade não se modifica. Isso ocorre
porque, na difusão facilitada, as proteínas transportadoras possuem uma interação com o soluto, de
modo que as carreadoras podem estar todas ocupadas/ saturadas pelas interações com as substâncias
(situação de saturação - não adianta aumentar o soluto, pois todas as proteínas já estão ocupadas para o
transporte).
Determinantes da intensidade da difusão
- Velocidade da difusão (movimento cinético):
1. Concentração: quantidade de substância disponível (maior probabilidade de colisões)
2. Tamanho das moléculas ou íons (menor tamanho indica maior velocidade)
3. Temperatura do meio (quanto maior a temperatura, maior a probabilidade de colisões,
agitações, aumentando a entropia do meio)
- Área e espessura da membrana: Lei de Fick (difusão dos gases) - velocidade de difusão dos
gases é proporcional à área da membrana e ao gradiente de
- Diferença de pressão através da membrana pressão parcial do gás (só existe fluxo se houver
diferença de pressão - sangue, gases pressão parcial)
- Velocidade de difusão de um gás: proporcional à area da membrana e a gradiente de pressao
parcial do gás e inversamente proporcional à espessura dessa membrana
- Número de proteínas inseridas na membrana: variado de acordo com fatores que alteram a
expressão gênica (especificidade dos sistemas). Menor número de canais, menor viabilidade de
transporte de íons (menor intensidade de difusão de íons específicos para esse canal). Maior
número de canais significa maior intensidade de difusão (confere maior permeabilidade ao
íon).
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Os canais de sódio possuem duas comportas, uma voltada para o líquido extracelular (porção externa
da membrana - comporta de ativação) e outra voltada para o líquido intracelular (porção interna da
membrana - comporta de inativação). No estado de repouso (-90 milivolts), a comporta de ativação
está fechada e a de inativação está aberta, como mostrado no canto esquerdo superior da figura.
Quando essa comporta está fechada, nenhuma quantidade de sódio atravessa esses canais. Quando
ocorre alteração no potencial de membrana (normalmente ele chega a -70 ou a -50 milivolts) ocorre
uma alteração conformacional abrupta no canal de sódio, ou seja, a comporta de inativação se abre
repentinamente, fazendo com que o canal fique totalmente aberto e permeável ao sódio (Estado
Ativado). Para termos uma ideia, nesse estado ativado, a membrana aumenta sua permeabilidade para
o sódio de 500 a 5.000 vezes. E, como podemos imaginar, muito sódio entra através da membrana.
Rapidamente, esses canais de sódio passam para um estado inativo, fechando suas comportas internas.
Ao fechar, cessa-se o influxo (entrada) de sódio, e o potencial da membrana começa a retornar ao seu
valor normal negativo. Esse processo é o que chamamos de Repolarização. O interessante aqui, é que
essa comporta interna do canal de sódio (a de inativação) só volta a se abrir quando o potencial da
membrana chega ao seu potencial de repouso (-90 milivolts).
A parte inferior da figura acima mostra dois estados dos canais de potássio em relação ao potencial de
ação. À esquerda, um estado inativado (repouso) e depois, à direita, um estado ativo, que acontece ao
final do potencial de ação. Os canais de potássio, então, encontram-se fechados quando a membrana
está em seu potencial de repouso (-90 milivolts) e só se abrem quando a membrana se aproxima do
potencial de 0 milivolts (pico do potencial de ação - pico da despolarização), ou seja, só abrem quando
os canais de sódio estão começando a se fechar. Assim, a diminuição da entrada de sódio e o aumento
da saída de potássio aceleram o processo de Repolarização, quando a membrana volta ao seu potencial
de repouso.
Reparem, na figura abaixo, o que acontece em cada etapa do potencial de ação. Começamos com um
potencial de repouso, seguido da despolarização (grande entrada de sódio), na terceira etapa, a de
repolarização, o sódio para de entrar (canais se fecharam) e o potássio começa a sair (canais de
potássio se abriram), até chegarmos ao quarto estágio da figura, onde começam a agir também a
bomba de sódio e potássio e o potencial retorna ao normal. Notem na figura, que na parte superior
temos escrito Potencial de Ação no exato lugar onde ele ocorre, no pico da despolarização.