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Fisiologia Celular: transportes de substâncias através das membranas celulares

- Tipos, mecanismos e funções dos transportes de substâncias através das membranas celulares.
- Membrana plasmática: estrutura que delimita compartimentos aquosos externo e interno.
Formada por bicamada lipídica (constituída por fosfolipídeos,colesterol e glicolipídeos) e por
moléculas proteicas (inseridas na bicamada lipídica, podendo ser: canais iônicos,
transportadores/carreadores, receptores e antígenos de superfície celular).
- LEC: Líquido extracelular e LIC: líquido intracelular
- Organização da bicamada lipídica: dois compartimentos aquosos (um intracelular e outro
extracelular), fosfolipídios apresentam uma estrutura de cabeças (glicerol fosforilado - natureza
hidrofílica em contato com LEC e LIC) e caudas (ácidos graxos - natureza hidrofóbica ou
lipofílica, formando camada interna).
- Funções das membranas plasmáticas: revestimento, proteção e permeabilidade seletiva
(seleciona quais substâncias entrarão ou sairão das células).
- Bicamada fosfolipídica: Aumenta permeabilidade (consegue penetrar camada lipofílica) a
compostos lipossolúveis (Co2, O2 - compostos pequenos -, ácidos graxos e hormônios
esteróides; reduz permeabilidade a compostos hidrossolúveis (íons, glicose e aminoácidos).
- Transportes pela membrana celular: importante para as funções vitais das células (recebem
sinais, nutrientes e O2 e excretam CO2 e metabólitos). A sobrevivência dos seres vivos
depende dos transportes através das membranas.
- Princípios dos transportes:
- Água: principal fluido corporal (onde os íons estão dissolvidos).
- Distribuição da água no organismo: 67% no LIC e 33% no LEC (plasma 25% e líquido
intersticial 75%).
- Proteínas de membrana (canais e transportadores): são vias alternativas de passagem de íons e
moléculas hidrofílicas.
- Canais: são estruturas protéicas que formam aberturas nos dois lados da membrana, transpassa
por toda essa estrutura (poro aquoso)
- Transportadores/ carregadores: não formam abertura entre os dois lados da membrana (em um
momento o transportador estará aberto para o LIC e fechado para o LEC e em outro momento
estará aberto para o LEC e fechado para o LIC, modificando sua conformação). A mudança da
abertura deve-se pela alteração conformacional, favorecendo a passagem da substância.
- Todas as proteínas de membrana apresentam seletividade (filtro de seletividade: dimensão da
abertura e carga elétrica - cargas presentes nos resíduos de aminoácidos que formam a estrutura
do poro da proteína - presente na abertura da proteína). Exemplo: a glicose só consegue entrar
na célula por transportadores de glicose com sítio ativo específico e os íons K+ só conseguem
entrar no canal específico eletricamente.
- Classificação dos canais: especificidade de célula determina os tipos de canais presentes.
De vazamento/ escoamento: estruturas constantemente abertas/ ativas, permitindo a passagem
contínua de íons pelos canais. Se houver diferença de gradiente químico (diferença de
concentração de íons do meio intra e extracelular), vai haver fluxo desse íon pelo canal de
vazamento.
Controlados: apresentam portões/comportas que só se abrem e fecham em resposta a um
estímulo específico (capaz de alterar abertura de canais). Quando o canal está fechado, mesmo
que haja um gradiente de concentração dos íons, não há passagem dessas estruturas. Quando
está aberto, há fluxo dos íons de acordo com a seletividade do canal. Este tipo de canal pode
ser controlado de diferentes formas (propriedades distintas): por voltagem, por temperatura
(fisicamente), por ligação com neurotransmissores (quimicamente).
Alteração da expressão gênica de canais de membrana determinam entrada e saída de íons
quantidade - o que pode ser determinado por estímulo, por fármacos). Isso ocorre por células
que são excitáveis.
- Classificação dos transportadores/ carreadores: sem abertura contínua através da membrana.
- Uniportador: capacidade de transportar apenas um tipo de molécula.
- Simportador: permite o transporte de mais de um tipo de substância na mesma direção.
Exemplo: íon Na+ e glicose.
- Antiportador: garante transporte de diferentes substâncias em direções opostas. Exemplo: íon
Na+ (entra) e H+ (sai).
- Interação dos íons/ moléculas com o transportador: gera mudança conformacional que garante
o transporte para uma determinada direção.
- Transporte pela membrnana: estabelece diferença de composição química entre o LEC e o LIC.
Em condições fisiológicas normais, existe maior quantidade de Na+, Cl- e Ca+ no meio
extracelular e maiores concentrações de K+ e proteínas (carga negativa dos resíduos de
aminoácidos) no meio intracelular.
- A distribuição de solutos e íons é controlada pelo transporte através das proteínas de membrana
(canais e transportadores), os quais conferem permeabilidade à membrana a diferentes
compostos, determinando as diferenças químicas entre LEC e LIC.
- Os transportes pela membrana vão seguir os mesmos princípios das reações químicas:
- Movimento espontâneo (passivo) - substâncias passam de um meio de alta concentração ou alta
energia para um meio de baixa concentração ou baixa energia.
- Movimento na direção oposta - substâncias saem de áreas de baixa energia ou concentração
para regiões de alta energia ou concentração. Requer uma energia adicional
(predominantemente vem do ATP).
- Tipos de transporte: transporte passivo (não utiliza energia adicional) e transporte ativo
(depende da energia do ATP)
- Transporte passivo: osmose, difusão simples (sem uso de canal de membrana e com canal de
membrana), difusão facilitada (uso de proteínas transportadoras). Ocorre por movimento
aleatório, através dos espaços intermoleculares da membrana (moléculas pequenas ou de
natureza lipofílica) ou em combinação com uma proteína (que pode ser canal ou
transportadora). Sempre a favor de um gradiente de energia (nesse caso, concentração de íons),
do meio de maior concentração para o meio menos concentrado. Não utiliza energia adicional.
Difusão: tendência natural das moléculas ou íons se dispersarem no ambiente.
As substâncias em solução são dotadas de energia cinética - estão em constante movimento;
movem-se de forma espontânea e aleatória (movimento browniano). Esse movimento
possibilita a colisão das moléculas e mudança na direção e na colisão. O movimento resultante
será na direção de maior concentração (mais energia mediada pelas colisões) para a direção de
menor concentração; à favor do gradiente de concentração.
Difusão simples: por espaços intermoleculares (interstícios na bicamada) ou por canais aquosos
(que penetram na membrana integralmente - maior concentração para menor concentração). No
caso desse tipo de transporte, as moléculas que passam pelo canal não interagem diretamente
com as proteínas canais (diferente das proteínas transportadoras).
Exemplos de proteína canal:
- Aquaporina: canal para água (existem várias isoformas, expressas de acordo com o
tecido), possui passagem seletiva do poro (muito estreito).
- Canal para potássio (K+): filtro de seletividade (cargas elétricas dos aa)
Difusão facilitada: mediada por proteínas transportadoras/ carreadoras (não tem abertura para os dois
lados da membrana - não cria uma abertura contínua entre as faces da membrana), facilita a passagem
de moléculas através da membrana a partir da interação da molécula com a proteína transportadora.
Essa interação gera uma mudança conformacional, favorecendo o transporte para o outro lado da
membrana (interação do soluto com a proteína).
Estudo do gráfico de comparação entre velocidade de difusão simples e de difusão facilitada.
Eixo y: velocidade da difusão
Eixo x: concentração do soluto.
Nesse gráfico, a difusão simples é representada por uma reta; já a difusão facilitada é representada por
uma “hipérbole”. Isso indica que, para a difusão simples, quanto maior a concentração de soluto, maior
será a velocidade. Já no caso da difusão facilitada, verifica-se que a velocidade tende a um limite
máximo, de modo que, mesmo aumentando a concentração, a velocidade não se modifica. Isso ocorre
porque, na difusão facilitada, as proteínas transportadoras possuem uma interação com o soluto, de
modo que as carreadoras podem estar todas ocupadas/ saturadas pelas interações com as substâncias
(situação de saturação - não adianta aumentar o soluto, pois todas as proteínas já estão ocupadas para o
transporte).
Determinantes da intensidade da difusão
- Velocidade da difusão (movimento cinético):
1. Concentração: quantidade de substância disponível (maior probabilidade de colisões)
2. Tamanho das moléculas ou íons (menor tamanho indica maior velocidade)
3. Temperatura do meio (quanto maior a temperatura, maior a probabilidade de colisões,
agitações, aumentando a entropia do meio)
- Área e espessura da membrana: Lei de Fick (difusão dos gases) - velocidade de difusão dos
gases é proporcional à área da membrana e ao gradiente de
- Diferença de pressão através da membrana pressão parcial do gás (só existe fluxo se houver
diferença de pressão - sangue, gases pressão parcial)
- Velocidade de difusão de um gás: proporcional à area da membrana e a gradiente de pressao
parcial do gás e inversamente proporcional à espessura dessa membrana
- Número de proteínas inseridas na membrana: variado de acordo com fatores que alteram a
expressão gênica (especificidade dos sistemas). Menor número de canais, menor viabilidade de
transporte de íons (menor intensidade de difusão de íons específicos para esse canal). Maior
número de canais significa maior intensidade de difusão (confere maior permeabilidade ao
íon).

- Osmose: transporte passivo - difusão de solvente/água (principal solvente do nosso organismo)


devido à diferença de concentração de soluto através de uma membrana semipermeável. Água
passa de uma reunião de menor concentração de soluto para uma área de maior concentração
de soluto, para promover o equilíbrio. Passagem de água modifica o nível das colunas de água
até que a diferença de pressão os dois lados da membrana semipermeável ela seja suficiente
para opor a osmose (pressão de ambos os lados parecida). Movimento cessa ao atingir a
pressão osmótica (relaciona-se à força de atração que o soluto exerce sobre o solvente para que
ocorra o equilíbrio), que é determinada pelo número de partículas na solução (concentração
osmolar).
- Pressão (P) é a soma das forças das moléculas que se chocam sobre uma área. Portanto, quanto
mais partículas, maior a pressão osmótica.
- Osmolaridade: número de partículas de soluto por litro de solução.
- Classificação das soluções segundo a pressão osmótica: representação - glóbulo vermelho em
diferentes meios ou soluções.
- Meios/ soluções: isotônico (meio e célula apresentam a mesma concentração de soluto,
portanto a pressão osmótica é igual) , hipotônico (meio apresenta menos soluto que o interior
da célula, portanto possui menor pressão osmótica, o que estimula a entrada de água na célula
para o equilíbrio osmótico) e hipertônico (meio apresenta mais soluto que a célula, portanto,
maior pressão osmótica, o que estimula a saída de água da célula para o meio externo - força de
atração do soluto, puxando a água de dentro da célula, fazendo com que ela murche). À medida
que aumenta a concentração da solução, aumenta também a pressão osmótica da solução
- Transporte ativo: uso de proteínas transportadoras junto a energia. Movimento através da
membrana em combinação com uma proteína transportadora/ carreadora contra um gradiente
de energia, por isso requer uma energia adicional (ATP). Exige fonte extra de energia (além de
energia cinética E) - ATP proveniente do metabolismo energético.
- Transporte ativo primário: energia derivada diretamente da degradação do ATP ou outro
composto fosfato de alta energia. O principal exemplo é a bomba de sódio/potássio ATPase.
Todas as células apresentam a bomba de Na+/ K+ ATPase, normalmente expressa na
membrana basolateral, mediando o transporte de sódio e potássio contra os gradientes de
concentração. É importante para que sempre se mantenha as condições de maior quantidade de
K+ dentro da célula e maior quantidade de Na+ fora da célula. É responsável pela diferenla de
concentração iônica de Na+ e K+ nos líquidos intra e extracelular. Além disso é importante
para a manutenção da eletronegatividade na face interna da membrana celular. As células
excitáveis no estado de repouso (sem emissão de sinais elétricos) apresentam a face interna
negativa e a face externa da membrana positiva. O fornecimento de fosfato do ATP para a
proteína transportadora media o transporte de 3 sódios para fora da célula e 2 potássios para
dentro da célula.
- Transporte ativo secundário: energia derivada secundariamente da energia adicional.
Dependente indiretamente de ATP, de modo que se estabelece um gradiente de concentração
pelo transporte ativo primário. Transporte ativo secundário depende do primário, portanto se o
primário for deficiente, o secundário não irá ocorrer.
- Transporte ativo secundário pode ser dividido em:
- Co-transporte: transporta as substâncias para o mesmo lado (simportador media um
co-transporte)
- Contra-transporte: transporta as substâncias para lados contrários (antiportador media um
contra-transporte).
- Exemplo: transporte na membrana luminal dos enterócitos (células epiteliais do intestino -
microvilosidades estão voltadas para o lúmen intestinal, região que vai receber os nutrientes,
que podem ser lançados na corrente sanguínea após adentrar os enterócitos, captando energia
alimentar).
- Co-transporte: transporta para o mesmo lado. Exemplo: co-transporte de sódio e glicose na
membrana luminal dos enterócitos. Borda em escova (lado da célula com microvilosidades e
voltada para o lúmen intestinal - microvilosidades faz contato com o lúmen intestinal) e do lado
oposto está a membrana basolateral (em contato com a região do líquido extracelular). A
bomba de sódio/potássio/ ATPase é expressa na membrana basolateral, responsável pelo
influxo de 2 K+ e pelo efluxo de 3 Na+ (transporte ativo primário, usando ATP). Quando isso
acontece, a concentração de sódio dentro da célula diminui, assim o transporte ativo primário
favorece um gradiente de concentração, gerando energia por meio da mudança desse gradiente,
de modo a favorecer uma entrada de sódio na célula. Na membrana luminal, há expressão do
transportador SGLTI (exemplo de simportador: transportador de sódio e glicose). Assim,
quando o sódio se liga ao receptor para entrar na célula, a glicose também se liga, ocorrendo
uma mudança conformacional, de modo que o sódio carreia junto com ele a glicose para dentro
da célula. O transporte de glicose na membrana luminal depende da entrada de sódio no
transportador. O GLUT2 irá fazer uma difusão facilitada para transporte de glicose, galactose e
frutose do meio mais concentrado para o menos concentrado (LIC para LEC)
- SGLTI: transportador de sódio/glicose - simporte que leva a glicose e a galactose contra sue
gradiente de concentração pelo acoplamento do transportador ao Na+
- Transporte de Na+ para o LEC (transporte ativo primário) gera energia pelo gradiente de
concentração formado. Se não houver transporte ativo primário, não há mudança de gradiente
de concentração do sódio, não gera energia para. Não vai entrar sódio e glicose. Depende
indiretamente de ATP. O transporte ativo secundário é da glicose, o sódio está apenas
auxiliando na passagem para dentro da célula. sódio atua favprecenod a entrada de glicose e
carreia outras substãncias junto a ele.
- Contra-transporte: transporta substâncias para lados contrários. Exemplo: contra-transporte de
sódio e de H+ (membrana luminal dos enterócitos). NHE: transportador de sódio/hidrogênio:
antiporte de Na+ e H+ (transporte ativo secundário).
- Processo similar: bomba de sódio/ potássio na membrana basolateral (entra 2 K+ e sai 3 Na+
para o LEC). No lúmen intestinal, há expressão do transportador NHE na borda em escova
(microvilosidades). Após a saída de sódio, forma-se um gradiente de concentração que gera
energia para a entrada de sódio na célula. O transportador tem um sítio de ligação para sódio e
outro para hidrogênio.Então, quando o sódio se liga a ele, o hidrogênio consegue se ligar ao
transportador para sair da célula (lúmen para ser excretado). Também ocorre nos néfrons, para
controlar a acidez da região - células epiteliais intestinais e renais.

Fisiologia Celular: potenciais de membrana


- Potenciais de membrana em repouso: algumas células são excitáveis, como as células
musculares e os neurônios, que podem apresentar um outro tipo de potencial (o potencial de
ação). Esse potencial estabelece uma diferença na composição química do meio intra e
extracelular (meio extracelular: maior concentração de Na+, Cl-, Ca2+ e HCO3-; meio
intracelular: maior concentração de K+ e proteínas, com cargas negativas, devido às cadeias
laterais de aminoácidos carregadas negativamente).
- Com relação à proporção iônica entre LIC e LEC, os principais íons que vão influenciar os
potenciais de membrana são o sódio e o potássio. Proporção de Na+: 10 LEC : 1 LIC;
Proporção de K+: 1 LEC : 40 LIC.
- A distribuição iônica desigual de K+ e Na+ será a responsável por gerar o potencial de
membrana (Pm) - que é a diferença de potencial elétrico entre os dois lados da membrana. Isso
significa que a face interna e externa da membrana apresentam uma diferença de potencial
elétrico, que pode ser determinado em miliVolts, que corresponde à força elétrica que movem
os íons, gerando a corrente iônica.
- Fatores que determinam o movimento de íons:
- Gradiente químico (gradiente de concentração): gerado pela diferença de concentração iônica
nos dois lados da membrana. Movimento ocorre de um meio de alta concentração de soluto
para um meio de baixa concentração de soluto, por difusão.
- Gradiente elétrico : gerado pela diferença de carga elétrica através da membrana. Em relação à
força elétrica, cargas opostas se atraem e cargas semelhantes se repelem. Quanto maior a
quantidade de carga, maior a força elétrica gerada.
- Moviemtno dos íons serã influenciado por:
- Concentração iônica: capaz de gerar o movimento espontâneo, do meio de maior concentração
de íons para o meio de menor concentração.
- Potencial elétrico: que representa a capacidade de atração ou de repulsão entre cargas.
- Explicando a corrente/fluxo elétrico nas células: considerando a permeabilidade da célula
apenas ao potássio. Considerando primeiro o gradiente químico, o K+ sai do interior da célula
para o meio extracelular (sai do meio de alta concentração para o meio de baixa concentração).
Porém, como o potássio tem carga positiva, ao sair da célula, ele deixa o meio intracelular mais
negativo. Assim, a face interna da membrana fica negativa e a face externa positiva, gerando
um campo elétrico (pela passagem de cargas). As cargas positivas que se acumularem na parte
externa da membrana irão repelir o potássio que migrou para o LEC, estimulando, por
gradiente elétrico, o seu influxo para a célula (retorno). O movimento vai ocorrer até que o
potássio atinja seu equilíbrio (não havendo movimento efetivo - isto é, movimento que cause
alguma alteração significativa na quantidade de íon nas duas faces da membrana - então o
mesmo tanto que entra será o mesmo tanto que sai). Se as forças do gradiente de concentração
e do gradiente elétrico se anularem, não haverá movimento efetivo do íon. A migração e o
retorno acontecem até que seja atingido um equilíbrio, com concentrações semelhantes e cargas
semelhantes de potássio no LEC e no LIC. Equilíbrio do gradiente químico e elétrico.
- Polarização das moléculas da membrana.
- Exemplo da permeabilidade da célula somente ao sódio: maior concentração de sódio no meio
extracelular, portanto tende a entrar na célula por difusão (carga positiva se acumula no interior
da célula). Lado externo da membrana negativa e lado interno positivo. Porém, o acumulo de
carga positiva irá repelir o sódio, de modo que o gradiente elétrico irá estimular o retorno do
sódio para o meio externo. Isso ocorre até que se atinja o equilíbrio elétrico e químico, até que
não haja mais movimento efetivo.
- A combinação entre as forças químicas e elétricas formam a força eletroquímica.
- Significância da força eletroquímica: determinação da direção do movimento iônico, até que
este íon entre em equilíbrio.
- O equilíbrio iônico é estabelecido quando a força elétrica equilibra a força química, de modo
que a força resultante será zero, sem movimento efetivo.
- Importante destacar: íon sempre tende a se mover em direção ao seu equilíbrio. Por exemplo:
potencial de equilíbrio do potássio (-80mV); potencial de membrana de um neurônio é - 70mV,
potássio vai tender a entrar em equilíbrio. Assim, o potássio vai se movimentar até que o
potencial de membrana chegue a - 80mV. K+ só entrará em equilíbrio se o Pm variar até
-80mV (fluxo de potássio de dentro para fora da célula, perdendo carga positiva). Pm: mais
negativo. Efluxo de K + representa a perda de carga (+), assim a face interna da membrana
torna-se mais negativa.
- Como determinar o potencial de equilíbrio de um íon:
- Equação de Nerrnst: estabelece o potencial de equilíbrio de um íon. Potencial no qual não há
movimentação efetiva deste íon.
- Potencial de equilíbrio: Cátions: -61 log [interna] / [externa] Ânions: + 61 log [interna] /
[externa]
- Para determinar essa equação, é preciso conhecer as concentrações de um íon no LIC e no
LEC.
- Células apresentam permeabilidade para mais de um íon. Em condições fisiológicas, os íons
não atingem seu equilíbrio. Como a célula apresenta permeabilidade a vários íons, todos eles
vão influenciar o potencial de membrana. Desse modo, o íon mais permeante exercerá maior
influência (mais facilidade de cruzar a membrana). Potencial de membrana em repouso na
célula estará mais próximo do potencial de equilíbrio do íon mais permeante.
- Pm da célula: ficará mais próximo do Pequi deste íon.
- Pela influência de vários íons, a equação de Nernst não é suficiente para determinar o potencial
de membrana de uma célula.
- Potencial de repouso é determinado por vários íons. A contribuição de cada íon dependera de
sua concentração e de sua permeabilidade à membrana.
- Determinado pela equação de Goldman-Hedgkin-Katz: Pm (milivolts) = - 61 log [interna] x
permeabilidade / [externa] x permeabilidade externa - de todos os principais íons da célula.
- Considera a concentração de cada íon dentro e fora da célula; considera a permeabilidade da
membrana à cada íon.
- Potencial de membrana (Pm): diferença de potencial elétrico do espaço intracelular em relação
ao extracelular. Face interna da membrana: negativa em relação ao exterior. Isso é a condição
da célula polarizada no estado de repouso (devido à diferença de potencial elétrico).
- Potencial de repouso: diferença de potencial elétrico (do espaço intracelular para o
extracelular) quando a célula não emite sinais/ impulsos elétricos (só canais de vazamento
atuando). Potencial de membrana não varia (fica constante).
- Qualquer variação medida entre a face interna e externa da membrana representa o potencial de
membrana no contexto geral. Então, esse potencial de membrana pode ser um potencial de
repouso (se a célula excitável não emite sinal) ou potencial de ação se a célula emite sinal
suficientemente intenso para mudar a polaridade da célula. O potencial de equilíbrio (somente
para um íon) é o valor do potencial de membrana em que o íon apresenta equilíbrio entre meio
interno e externo (força elétrica e força química se anulam, sem haver movimento efetivo).
Potencial de repouso é mais influenciado pelo potencial de equilíbrio do íon mais permeante.
- O íon mais permeante das células é o potássio (na condição do potencial de repouso = mais
próximo do potencial de equilíbrio do potássio). Porém, outros íons também interferem no
potencial de repouso.
- Potencial de repouso: não há variação de voltagem na membrana e é estabelecido pelos canais
de vazamento (constantemente abertos, com corrente iônica determinada pelo gradiente
químico) presentes em toda a membrana. Os potenciais de repouso são sempre negativos
(célula apresenta elevada permeabilidade ao potássio e este tende a sair da célula). O que
permite a maior permeabilidade da membrana ao potássio é a maior quantidade de canais de
vazamento para esse íon. Permeabilidade ao potássio pode ser até 100 vezes maior que a
permeabilidade ao sódio, devido ao número de canais de vazamento para K+. Além disso, as
proteínas de carga negativa (radical da cadeia lateral negativo) são compostos grandes, o que
impede sua passagem para o meio extracelular (impermeabilidade da membrana a proteínas
carregadas negativamente - LIC). Essa impermeabilidade também confere caráter negativo ao
potencial de repouso da célula.
- Existe uma variação de potencial de repouso das células.Negativo: varia entre as células (-5mV
a -100mV), devido ao tipo e ao número de canais expressos em cada célula. Assim, quanto
mais canais de potássio na célula, mais próximo o potencial de repouso estará do potencial de
equilíbrio do potássio (influência maior). Diminui quantidade de canais para K+, reduz
permeabilidade do íon e menor influência no potencial de membrana (Pm menos negativo).
- Potencial de repouso: Estabelecido pelo gradiente de concentração iônica através da
membrana. Principalmente mediado pela: permeabilidade da membrana aos íons (canais
iônicos de vazamento - maior permeabilidade ao potássio do que ao sódio) e impermeabilidade
da membrana a proteínas carregadas negativamente (LIC). É mantido pela bomba de Na+/K+
(mantém o gradiente de concentração desses íons - bomba de sódio/ potássio executa transporte
ativo primário, degrada ATP utiliza a energia para lançar 3 Na+ para o extracelular e lançar 2
K+ para o lado intracelular). Bomba não determina o potencial de membrana, mas mantém
gradiente de concentração de íons (sem a bomba, o retorno do potássio para o interior da célula
seria mais lento, bem como seria mais difícil manter o gradiente de concentração, que é
importante para manter o potencial de membrana - suas modificações indicam a necessidade de
gerar uma resposta fisiológica ou não).
- Considerações importantes:
- LIC e LEC: apresentam constituição química diferente, mas tendem a ser eletroneutros no
potencial de repouso.
- Somente o líquido em contato com a face interna e a face externa da membrana apresenta
polaridade. A face interna estará negativa e o líquido em contato com a face externa estará
positiva.
- A diferença ocorre apenas na região em contato com a membrana, devido À separação de
cargas (efluxo de K+). A membrna é muito fina, então a passagem do potássio para o LEC,
aucmulando cargas positivas na parte externa e negativas na parte interna da membrana. Existe
uma força eletrostática entre essas cargas, ocorrendo a separação de cargas positivas e
negativas.
- Membrana: espessura fina - 5 micrômetros, gerando atração eletrostática entre cargas opostas.
- Interior da célula: 0 mV
- Potencial de membrana: resulta da separação de cargas na membrana, que origina a diferença
de potencial elétrico (voltagem) da membrana.
- A maior parte do citosol e do fluido extracelular será eletroneutro, de modo que cada ânion
anula um cátion (eletricamente neutros), embora os tipos iônicos sejam diferentes (mais K +
interno e mais Na+ e Cl- externo).
- Variações no potencial de membrana: descritas de acordo com as mudanças no potencial de
repouso (Pr) - referência para entender as variações do potencial de membrana.
- No repouso: a célula polarizada, pois existe maior permeabilidade ao K+ e menor
permeabilidade ao Na+ (de modo que há maior efluxo K+, perdendo carga positiva e ficando
com a face interna negativa e a face externa positiva).
- Exemplo: potencial de membrana em repouso de alguns neurônios: - 70 mV (qualquer valor
maior, isto é, mais “positivo”, indicará a despolarização da célula). Aumento do potencial de
membrana: Pm> Pr, indica maior permeabilidade ao Na+ e menor permeabilidade ao K+.
Potencial de membrana menos negativo indica a despolarização da célula.
- Já na situação em que há o retorno do potencial de membrana (Pm) ao potencial de repouso
(Pr): a permeabilidade ao sódio reduz e a permeabilidade ao potássio aumenta. Esse processo é
a repolarização - redução do potencial de membrana, até atingir o potencial de repouso (célula
volta a se polarizar).
- Variações mais negativas que o potencial de repouso da membrana indica o fenômeno de
hiperpolarização, com a redução do potencial de membrana - Pm < Pr, de modo que a
permeabilidade ao K+ se mantém alta.
- Como é possível alterar a permeabilidade da membrana: o que determina o potencial de
repouso (sem variação no potencial de membrana) é o número de canais iônicos de vazamento
(abertos constantemente - grande permeabilidade ao potássio) e a impermeabilidade a
proteínas.
- Para alterar a permeabilidade da membrana é necessário alterar o número de canais disponíveis
na membrana. Para isso, ativa-se os canais controlados (possuem comportas e precisam de
estímulos para manter-se aberto ou fechado). Se mudar a configuração dos canais controlados,
muda-se a permeabilidade da membrana. Os canais de vazamento permanecem abertos, mas
muda-se a configuração dos canais controlados (pelo estímulo)para modificar o potencial de
membrana.
- Importância da variação da permeabilidade iônica pela membrana: geração de sinais elétricos
em células excitáveis (músculos e neurônios) - respostas fisiológicas. Células sofrem ação de
estímulos, gerando respostas fisiológicas. O evento elétrico precede o evento mecânico, isto é,
o impulso elétrico precede o batimento cardíaco.
- Se durante o Pr (potencial de repouso) a célula não emite sinais elétricos, para que haja emissão
de sinais e comunicação celular é preciso gerar potenciais de ação.
- Potenciais de ação: são rápidas alterações no Pm (potencial de membrana), que se propagam
rapidamente por toda a fibra (muscular ou nervosa), mediante um estímulo.
- A sinalização elétrica decorrente de um estímulo é capaz de gerar uma resposta (exemplo:
estímulo - pisar em uma tachinha; resposta - retirar o pé; reflexo).
- Como um potencial de ação é gerado: exemplo - percepção da tachinha penetrando no pé. Esse
estímulo de pisar em tachinha irá ativar canais iônicos regulados (localizados nos neurônios
sensoriais da pele). A regulação pode ser mecânica ou por dor. A partir da abertura de canais
regulados, ocorre o influxo de cátions Na+. Isso vai alterar o potencial de membrana, causando
a despolarização da célula, ao tornar o potencial de membrana menos negativo. Anteriormente,
a face interna da membrana estava muito negativa, porém com a entrada de Na+, torna-se
positiva (revertendo a polaridade, despolarizando a membrana).
- A despolarização gerou um potencial gerador, que se for suficientemente intenso, atinge um
limiar (ponto crítico) e gera um potencial de ação.
- Estímulos sublimiares: menor que o limiar, com pequena despolarização, sendo insuficiente
para atuar como potencial de ação. O sinal se dissipa, sem gerar dor e volta ao potencial de
repouso.
- Quando o estímulo é suficiente para atingir o limiar (despolarização suficiente), deflagra-se o
potencial de ação: três fases - ascendente, descendente e hiperpolarização.
- O potencial de ação só ocorre após o potencial de membrana atingir o limiar de despolarização.
- O limiar é o nível de despolarização necessário para abrir um número suficiente de canais para
sódio dependentes de voltagem (Nav); precisa abrir um número de canais suficiente para que
ocorra a despolarização intensa e rápida, para deflagrar o potencial de ação. O influxo de Na+
pelos Navs é maior que o efluxo de K+ pelos canais de vazamento (o qual estava atuando o
tempo todo - antes prevalecia). Dessa forma, com mais entrada de sódio e menos saída de
potássio, o meio intracelular torna-se mais positivo, formando a fase ascendete do potencial de
ação. Por isso que o potencial de membrana passa rapidamente para um valor positivo.
- Para atingir o limiar, ocorre a despolarização ocasionada por estímulo. Todos os canais
controlados por voltagem estão aptos a abrirem mediante a despolarização. Qualquer estímulo
que altere a voltagem , vai estimular a abertura de canais dependentes da voltagem. O estímulo
tirá abrir canais controlados (por voltagem, por mecanismos físicos). Na sequência, como muda
o potencial de membrana mediante uma pequena despolarização, a variação do potencial de
membrana (despolarização) vai ativar os canais dependentes de voltagem (grandes agentes do
potencial de ação). Por mais que outros canais estejam envolvidos na resposta causada pelo
estímulo inicial, quem gera o potencial de ação que se inicia no limiar são os canais
dependentes de voltagem.
- Qualquer variação do potencial de membrana que o torne menos negativo é despolarização.
- Fases do potencial de ação:
- 1ª fase do potencial de ação (despolarização rápida): reversão das cargas - Pm negativo torna-se
Pm positivo. Isso ocorre por meio da ativação de canais regulados, que vão permitir o influxo
de cátions, causando mudanças no Pm (potencial de membrana) até atingir o limiar. Com isso,
obtém-se a abertura dos canais para sódio dependentes de voltagem (Nav). Se atingir o limiar,
deflagra o potencial de ação. É no limiar que um número grande de canais para sódio
dependente de voltagem está aberto, favorecendo a despolarização rápida e intensa,
aumentando significativamente a permeabilidade ao sódio (influxo de Na+).
- A pele apresenta vários receptores de membrana, que, ao serem ativados, causam a abertura de
canais controlados, que propiciam a corrente iônica (despolarização). Normalmente, os canais
são ativados por despolarização. Mesmo que inicialmente, os canais controlados sejam ativados
fisicamente (estiramento da pele que ativa canais iônicos controlados fisicamente, abriu canal e
possibilitou influxo de cátion, causando a despolarização inicial; se a despolarização atingir o
limiar, ela irá abrir vários canais de sódio dependentes de voltagem, deflagrando o potencial de
ação).
- Estímulo mediado por canal controlado por ligante: exemplo do músculo esquelético, quando
tem contração muscular, é necessário a ativação do receptor de duas moléculas de acetilcolina,
garantindo abertura do receptor e entrada de sódio, despolarizando a membrana e causando a
ativação de canais dependentes de voltagem. O estímulo inicial vai ativar canais regulados
(independentemente do tipo de regulação do canal), que permite a despolarização inicial
(potencial gerador), que vai induzir a abertura de canais dependentes de voltagem. Assim,
quando um número de canais de sódio dependentes de voltagem abrir suficientemente, ocorre
um influxo grande de sódio, pelo aumento brusco de sua permeabilidade (mudança rápida de
um Pm negativo para um positivo, próximo ao potencial de equilíbrio do sódio).
- Variações na voltagem propiciam mudanças na conformação dos canais iônicos dependentes de
voltagem, que inicialmente estavam fechados. Geralmente, estes canais são ativados por
despolarização (menos negativo). Quanto mais canais estiverem abertos, maior a
permeabilidade ao sódio. Esse influxo de cátion atua como uma cascata, pois modifica ainda
mais o potencial de membrana, causando despolarização e a ativação de mais canais iônicos
dependentes de voltagem. Depois de atingir o limiar, a permeabilidade estará
significativamente aumentada para o sódio (influxo alto, despolarização rápida). Os íons vão
em busca do potencial de equilíbrio.
- Lidocaína: anestésico local (vai agir no lugar onde passar), ação sobre os canais para sódio
dependentes de voltagem. Atua bloqueando o poro do canal que possibilita a passagem do íon.
Assim, mesmo havendo diferença de concentração (mais sódio para fora do que para dentro),
com o bloqueio de canal, a permeabilidade estará alterada (bloqueio ocorre na membrana da
célula). Bloqueando o canal, não passa o estímulo. O potencial de ação será a sinalização que
gerará o impulso elétrico. Se não tem passagem do sódio para o interior da célula, não vai
ocorrer a sinalização, então o estímulo não vai ser propagado (sem sensibilidade à dor).
Lidocaína - sítio de ativação e afinidade - possui um tempo de ação (farmacocinética).
- 2ª fase do potencial de ação (repolarização): Pm retorna ao Pr (meio intracelular deixa de ser
positivo e volta a ser negativo). Os valores positivos do potencial de membrana retornam aos
valores iniciais negativos de potencial de repouso. Permeabilidade ao potássio volta a ser alta,
redução da permeabilidade ao sódio (inativação dos Nav - canais para sódio dependentes de
voltagem - comportas), diminui a permeabilidade ao sódio e o influxo de sódio.
- A primeira despolarização (que levou à primeira fase do potencial de ação) permite a ativação
dos canais para sódio e para potássio dependentes de voltagem. No entanto, os canais de
potássio são lentos (abrem lentamente em comparação aos canais para sódio). Sendo assim,
quando os canais para potássio começam a atuar, aumentando permeabilidade ao K+ (efluxo),
os ráidos canais para sódio já estão entrando em inativação e inviabilizando a passagem do
sódio, por isso o potencial de membrana vai retornando ao potencial de repouso.
- Ao mesmo tempo em que se fecham os canais para sódio, a abertura dos canais para potássio
dependentes de voltagem (Kv) possibilita a maior permeabilidade ao K+ e o maior efluxo desse
íon, reduzindo o potencial de membrana da célula.
- Canais de vazamento estão sempre funcionando para polarizar a célula (saída de potássio,
entada de sódio). Com estímulo, abre vários canais regulados (entra sódio e despolariza célula -
fica positiva na face interna). Ao atingir um valor máximo (pico de ultrapassagem), os canais
para sódio serão inativados, assim o sódio para de entrar e somente os canais de potássio
continuam atuando, abrindo, por serem mais lentos - voltou a sair o potássio (efluxo de K+).
Isso irá repolarizar a célula, pois a face interna voltará a se tornar negativa.
- Só próximo à membrana ocorre a polarização.
- Logo no início da repolarização, a permeabilidade ao Na+ é maior que a permeabilidade ao K+
(pico de ultrapassagem): por que o potencial de membrana se repolariza? A permeabilidade ao
Na+ só cai à medida que a célula se repolariza.
- O potencial de membrana se repolariza pelo auxílio da bomba Na+/K+/ ATPase. O aumento
intracelular de sódio que ocorreu na fase de despolarização (ascendente) faz com que os canais
para sódio dependentes de voltagem (Nav) inativem (três configurações: repouso, aberto e
inativo - no repouso está fechado). A despolarização é estímulo tanto para abertura quanto para
inativação. Então, o aumento intracelular de sódio também inativa canais de sódio dependentes
de voltagem. Além disso, o aumento das concentrações intracelulares de sódio (influxo pelos
canais dependentes de voltagem) estimula a ativação da bomba de sódio/potássio (jogando 3
Na+ para fora e lançando 2 K+ para dentro, contra o gradiente de concentração). Retirando o
sódio, reduz a carga positiva da face interna da membrana, tornando-a mais negativa
(repolarizando-a). A bomba de sódio/potássio mais ativada em concentrações intracelulares de
Na+ maiores auxilia no processo de repolarização.
- 3ª fase do potencial de ação (hiperpolarização): Pm abaixo do potencial de repouso (potencial
de membrana está mais negativo que o potencial de repouso - polarizada). Canal para K+
dependente de voltagem é lento, portanto da mesma maneira que demora para abrir, ele demora
para fechar. Assim, enquanto ele continua aberto, a permeabilidade ao potássio continua alta,
de modo que o potássio continua saindo da célula, com o potencial ficando mais negativo,
retornando ao valor de repouso quando finalizar o fechamento dos canais para potássio.
- Cinética dos K: lenta (abre e fecha devagar). Permeabilidade ao K+ continua elevada. Quando
o potencial retorna ao repouso, acabou o potencial de ação.
- Canais iônicos dependentes de voltagem e o potencial de ação:
- Mudanças na permeabilidade da membrana estão associadas às fases do potencial de ação e
ocorrem devido à abertura ou ao fechamento de canais dependentes de voltagem.
- Canais para sódio dependente de voltagem: apresentam três configurações (comportar e portões
que abrem e fecham os canais de sódio): conformação de repouso (impede influxo de sódio;
comporta de ativação -meio externo - está fechada e a comporta de inativação - meio interno -
está aberta); conformação de ativado (estímulo da despolarização da membrana, abrindo
comportas, para o influxo de sódio; comportas de ativação e de inativação estão abertas) e a
conformação de inativação (comporta de inativação está fechada e da ativação está aberta).
- Cerca de 1 a 2 ms após a ativação, a comporta de inativação se fecha, respeitando a cinética do
canal, impedindo o sódio de entrar na célula. Junto com a abertura do canal de potássio e com a
ativação da bomba Na+/K+, culmina na repolarização da célula.
- Despolarização: estímulo para ativação e inativação
- Repolarização: efeito da inativação.
- Canais para potássio dependentes de voltagem: apresenta só uma comporta em sua estrutura e
duas conformações: repouso (comporta fechada, impedindo saída de potássio da célula) e
ativação lenta (abertura de comporta - despolarização: estímulo para abertura e repolarização:
efeito da abertura, efluxo de potássio possibilita que o potencial de membrana volte a ser
negativo).
- Particularidades dos potenciais de ação:
- Não aumentam em magnitude em proporção ao estímulo supralimiar. Ou seja, estímulos acima
do limiar não vão aumentar a intensidade do potencial de ação. O pico que se atinge no
potencial de ação não vai se modificar em mesma célula, mesmo que o estímulo seja
supralimiar.
- Os estímulos supralimiares (maior intensidade) causam efeito na codificação da frequência dos
potenciais de ação. A intensidade do estímulo altera a frequência dos disparos, favorecendo a
ocorrência de um novo potencial de ação.
- Lei que rege potencial de ação: princípio do tudo-ou-nada: “ se a membrana não for
despolarizada até o limiar, nenhum potencial de ação ocorre. Mas a amplitude de um potencial
de ação independe de uma despolarização supralimiar”.
- Estímulo sublimiar: não abre um número suficiente de Nav (influxo de Na+ é menor que o
efluxo de K+), assim, não gera potencial de ação.
- Estímulo supralimiar: evoca um potencial de ação (mesma amplitude). O que diferencia no
caso do estímulo supralimiar é a formação de um novo potencial de ação mais rapidamente.
- Potenciais de ação apresentam períodos refratários:
- Períodos refratários = períodos de menor excitabilidade celular; ocorrem durante todo o
potencial de ação. É importante porque a membrana fica menos excitável do que no repouso, o
que evita um colapso celular. Impede que as células fiquem hiperexcitadas (trabalhando mais
do que deveriam para adequação da resposta).
- Períodos refratários ocorrem ao longo de todo o potencial de ação e podem ser classificados
em: período refratário absoluto (não é possível aumentar a excitabilidade da célula) e período
refratário relativo (é possível gerar novo potencial de ação sob condições específicas de
ocorrência de estímulo mais intenso).
- Período refratário absoluto abrange toda a despolarização e grande parte da repolarização.
Nesse período, a célula é incapaz de gerar um segundo potencial de ação (independente da
intensidade do estímulo). Isso acontece porque, na fase de despolarização rápida, os canais Nav
já estão abertos e não podem abrir novamente para um novo estímulo antes de passarem pela
configuração de inativação. Já na repolarização os canais Nav estão inativos e precisam voltar
para a configuração fechada que ocorre durante o repouso para que possam se abrir novamente
(então, não é possível abrir uma quantidade suficiente de canais Nav para que ocorra um novo
potencial de ação).
- O novo PA só será gerado quando a maioria dos Nav estiverem no estado de repouso (ocorre
próximo ao final da repolarização)
- Período refratário relativo: ocorre imediatamente após o período refratário absoluto, maior
duração que o período refratário absoluto (ocorre muito rapidamente). É possível gerar um
novo PA (mediante um estímulo mais forte). Em repouso: a despolarização até atingir o limiar
é menor que a despolarização necessária para atingir o limiar a partir da hiperpolarização
(variação bem maior).
- O período refratário relativo ocorre devido à maior probabilidade ao K+ e inativação de alguns
Nav (início do PRR - período refratário relativo).
- Canal vai passar de inativado para repouso depois de o potencial atingir o repouso.
- Os períodos refratários são consequência das conformações dos canais de sódio.
- Células diferentes apresentam limiares diferentes. Condições hormonais podem modificar o
limiar para a dor (exemplo: mulher no período pré-menstrual). Canais relacionados à dor vão
ser ativados numa variação de voltagem menor do que ocorreria em condições normais.
- Mecanismos de analgesia endógena: o próprio corpo tem um mecanismo que atua com o
farmacocinético para alterar a estimulação do receptor de dor.
- A cinética dos canais para sódio (aberto, inativo e fechado) garante a ocorrência de períodos
refratários (menor excitabilidade) durante o potencial de ação (há especificidade da
configuração desses canais). Se o potencial de ação depende da abertura de canais, não há
como ocorrer na despolarização ou na repolarização, pois os canais estão abertos ou inativos
(configuração que não permite a adequação para receber um fluxo intenso de sódio). Já na fase
do período refratário relativo, boa parte dos canais estão fechados (próximos ao potencial de
repouso), prontos para abrir mediante um estímulo, é possível gerar um novo potencial de ação
desde que a intensidade do estímulo seja maior.
- Como os canais de potássio demoram mais para fechar, durante a repolarização e a
hiperpolarização, a permeabilidade ao potássio continua elevada. Torna o potencial de
membrana negativo e, à medida que for fechando os canais, torna-se mais próximo do
potencial de repouso (se não houver novo potencial de ação, apenas os canais de vazamento
vão permanecer atuantes).
- Potencial de repouso: o que mantém esse potencial é maior permeabilidade ao potássio
(próximo ao potencial de equilíbrio do K+), mantém bomba de Na+/K+ (manutenção dos
gradientes químicos do sódio e do potássio) e impermeabilidade das proteínas grandes e
carregadas negativamente.
- O aumento da concentração de sódio intracelular (pico) ativa ainda mais a bomba de Na+/K+.
- Propagação do potencial de ação: realizada pela condução eletrotônica - é a propagação passiva
da despolarização no LIC.
- Essa despolarização se restringe a uma região por vez.
- Exemplo: fibra nervosa ou muscular: local com região despolarizada (face interna positiva e
face externa negativa). Cargas opostas se atraem, portanto a carga positiva da face interna do
local despolarizado irá ser atraído pelas cargas negativas das regiões adjacentes (antes e depois
do local polarizado), ocorrendo a disseminação da despolarização.
- A: ocorre a despolarização local; B: o fluxo de corrente local despolariza as regiões adjacentes,
devido à propriedade das cargas opostas se atraírem.
- Condução eletrotônica pode ocorrer nos dois sentidos. Porém, em se tratando dos neurônios, a
propagação do PA é unidirecional. Isso ocorre por uma especificidade dos neurônios
(dendritos, corpo celular e axônio - final tem botões terminais). A parte que conecta o corpo
celular ao axônio é denominada cone axonal ou cone de implantação. Nos neurônios
multipolares, também é denominada zona de disparo.
- Nos neurônios: PAs são gerados no cone de implantação (cone axonal ou zona de disparo).
- Após estímulos gerados no neurônio (transmissão sináptica), se houver uma despolarização
suficiente para atingir o limiar, essa despolarização integrada ao cone axonal vai deflagrar o
potencial de ação, gerando as despolarizações passivas e nas regiões adjacentes.
- No axônio, após a despolarização no cone axonal, a despolarização passiva adjacente se dará
apenas na região posterior ao cone (à frente no axônio), enquanto não haverá geração de PA no
segmento anterior (que estará na condição de período refratário absoluto). O segmento seguinte
à região despolarizada sofrerá a disseminação passiva da despolarização, porém o anterior
(mais próximo do cone axonal) estará em período refratário absoluto, sendo impossível a
geração de um novo potencial de ação. Por isso, o potencial de ação no neurônio é
unidirecional. Isso é importante para que a informação não seja perdida (saia de processamento
e vá para local de propagação, para que ocorra comunicação com outras células).
- Nos neurônios: PA iniciado na zona de disparo se propaga para gerar novos PAs ao longo do
axônio até o botão terminal.
- PA não se desloca no axônio: é auto-regenerado. Cria um potencial de ação em um local, gera
uma nova corrente, ocorrendo uma despolarização do segmento adjacente, criando um novo
potencial de ação até chegar no botão terminal.
- 1º potencial de ação produzido na zona de disparo: gera uma corrente que produz o segundo
potencial de ação na membrana adjacente, gerando nova corrente e consequentemente novo
PA, até atingir o botão terminal.
- Prolongamento de um axônio do neurônio: despolarização local -> causa despolarização
adjacente -> promovendo abertura dos Nav (canais para sódio dependentes de voltagem)
vizinhos -> a cada abertura desses canais, serão gerados novos PAs, de modo que estes
potenciais de ação serão auto-regenerados (gerar por si mesmo) até chegar ao botão terminal. à
medida que gera um novo potencial de ação, por apresentar a mesma amplitude, o sinal não se
perde, mesmo em neurônios muito longo até chegar à região de comunicação com outra célula.
- Propagação do potencial de ação:
- Mecanismos de propagação: diferem em axônios amielinizados e mielinizados (bainha de
mielina: constituição lipídica, protege o axônio e permite a condução mais rápida do impulso).
- Tanto em axônios amielinizados quanto mielinizados: A corrente fluirá pelo canal de menor
resistência.
- Em fibras amielínicas: a condução eletrotônica é contínua; o que faz variar a condução de
fibras amielínicas é o diâmetro do axônio; o diâmetro do axônio determina a rapidez de
disseminação da corrente. Quanto maior o diâmetro, maior a condutância, menor a resistência
ao fluxo e maior a rapidez de propagação.
- Em fibras mielinizadas: bainha de mielina em torno do axônio (fibras enoveladas por lipídios);
a condução eletrotônica é saltatória; a mielina aumenta a resistência através da membrana e
reduz a resistência longitudinal; os nódulos de Ranvier: contém CDV - responsável pela
produção de potenciais de ação; a corrente flui nódulo a nódulo, se movendo rapidamente.
- A região que não é coberta por bainha de mielina é chamada de Nódulo de Ranvier e são
nessas regiões que estão localizados os canais dependentes de voltagem.
- A mielina gera uma resistência através da membrana, portanto, os íons não conseguem
atravessar a membrana nesta região. Contudo, como não há outros canais expressos na região
recoberta por mielina (que significariam pontos de despolarização para abrir novos canais), a
mielina também configura uma menor resistência longitudinal, porque a despolarização passiva
vai percorrer a região mielinizada até atingir outra região em que há canais dependentes de
voltagem. Por isso, a condução é chamada saltatória (porque não há como haver trocas onde há
bainha de mielina e a corrente vai fluir de nódulo a nódulo, se movendo mais rapidamente.
- Fibras amielínicas: propagação de potenciais de ação param em vários pontos do axônio (onde
há canais de sódio dependentes de voltagem). Fibras mielínicas: propagação de potenciais de
ação param em pontos específicos e mais distantes do axônio.
- Bainha de mielina: quanto mais espessa, mais difícil a troca de íons entre a membrana. Além
disso, a membrana abaixo da camada lipídica não expressam canais de íons. A propagação das
cargas via ser muito rápida porque a região coberta pela mielina não tem canais proteicos para
abrir, assim a propagação das cargas será direta até o novo nódulo de Ranvier. O que está
ocorrendo dentro do axônio não está sendo impedido pela bainha de mielina - ou seja, o fluxo
de cargas ainda se propaga. A bainha de mielina impede a troca no sentido interno e externo da
membrana (“vertical” - transversal), mas não impede o fluxo/ troca no sentido longitudinal
(horizontal). O impedimento se dá na transferência para fora da membrana. As trocas internas
de carga não são impedidas. Sem canal para abrir na região de mielina, a despolarização passa
rapidamente por essa região, até encontrar os canais dependentes de voltagem para abrir,
causando a despolarização de um outro canal localizado em outro nódulo de Ranvier. Estímulo
para os íons atingirem o outro nódulo de ranvier.
- Célula sem mielina: condução eletrotônica é contínua (atração elétrica); com bainha de
mielina: condução eletrotônica é saltatória.
- Período refratário absoluto garante a propagação unidirecional (mesmo que o potencial de uma
região anterior volte ao estado de repouso, o que se segue estará refratário, impedindo o
“retorno do potencial de ação”). Não tem que esperar abrir comporta e fechar para passagem de
íons.

- Transmissão sináptica: transmissão de informação de um neurônio a outro neurônio ou a uma


célula efetora.
- Sistema nervoso: um elo entre o ambiente interno e externo. Pode ser dividido em sistema
nervoso central e sistema nervoso periférico.
- Sistema nervoso central (SNC): Composto por encéfalo e medula espinhal. Responsável por
reunir, processar e armazenar informações. Além disso, organiza respostas reflexas, planeja e
participa da execução de movimentos voluntários. Executa cerca de 100 a 200.000 conexões
neurais.
- Sistema nervoso periférico (SNP): conecta o SNC ao restante do corpo; formado pelos nervos
cranianos e medulares; apresenta neurônios sensitivos/aferentes (responsáveis por captar sinais)
e neurônios eferentes, que conduzem a informação do SN aos órgãos efetores.
- O sistema nervoso apresenta diferentes células, que podem ser classificadas de acordo com sua
função. As células da glia correspondem a 90% das células do SN, atuando como células de
apoio aos neurônios, suporte estrutural e metabólico. Além disso, apresentam funções extras.
Elas se constituem de células presentes no SNC (células ependimárias, astrócitos, microglia,
oligodendrócitos) e células no SNP (células de Schwann e células satélites).A partir dos
estudos dessas células, foram descobertas novas funções. As células ependimárias também
criam barreiras entre compartimentos e são fontes de células-tronco neurais. Os astrócitos
também são fontes de células-tronco neurais; captam K+, água e neurotransmissores; secretam
fatores neurotróficos, ajudam a formar a barreira hematoencefálica; e fornecem substratos para
a produção de ATP. A microglia (célula do sistema imune modificada) atua como célula
fagocitária. Os oligodendrócitos formam bainhas de mielina. As células de Schwann formam
bainhas de mielina e secretam fatores neurotróficos. Já as células satélites atuam como corpos
celulares de apoio. Além das células da glia, o sistema nervoso é formado por neurônios, que
constituem as unidades funcionais do SN; recebem, integram e enviam sinais. São cerca de 100
bilhões de neurônios no corpo.
- Neurônios sensoriais são pseudounipolares ou bipolares (sentidos somáticos - exemplos:
neurônios da olfação ou da visão); interneurônios (possibilitam comunicação entre dois
neurônios) do sistema nervoso são multipolares ou bipolares e os neurônios efetores que são
multipolares (várias ramificações dendríticas, corpo celular, axônio e terminal axonal).
- Anatomia funcional dos neurônios: entrada de sinal, integração e saída ocorre de acordo com
estruturas específicas. Os sinais são captados pelos dendritos, a integração ocorre no corpo
celular e cone de implantação e a saída de sinal ocorre por meio do segmento do axônio até
chegar no terminal axonal/ botão terminal.
- O cone de implantação é uma região de baixo limiar de excitabilidade, isto é, excita facilmente,
porque apresenta muitos canais para sódio dependente de voltagem, sendo, portanto, facilmente
excitado quando estimulado. O neurônio constitui uma unidade sinalizadora, que gera e conduz
sinais elétricos e a morfologia adaptada desses neurônios possibilita a recepção, processamento
e transmissão de sinal, conforme as regiões (Condução do sinal: dendritos, corpo celular e
axônio).
- Canais iônicos e localização nos neurônios:
- As diferentes regiões dos neurônios apresentam funções especializadas devido aos tipos
específicos de canais iônicos que expressam.
- Os canais de vazamento estão sempre abertos, são expressos por toda a membrana do neurônio,
sendo responsável pela geração do potencial de repouso.
- Os canais regulados possuem comportas e se abrem e fecham mediante a estímulos. Eles vão
estar localizados de acordo com a função especializada da região. Exemplos: os receptores de
neurônios aferentes são canais iônicos regulados fisicamente (por temperatura, luminosidade,
estiramento, pressão), isto é, ao ocorrer alguns dos fenômenos físicos, os receptores ão ativado,
a comporta é aberta, permitindo a difusão iônica de acordo com o gradiente de concentração;
no corpo celular e nos dendritos, são encontrados comumente os canais regulados por ligante
(NT: neurotransmissores - apresenta sítio de ligação, bre, permitindo o influxo de íons), como
os receptores de acetilcolina; nos axônios, os canais comumente encontrados são canais
regulados por voltagem, como Nav (canais para sódio dependentes de voltagem - presente em
todo axônio), Kv (canais para sódio dependentes de voltagem - presente em todo axônio e cone
axonal) e Cav (canais para cálcio dependentes de voltagem - presentes nos botões terminais).
- Sinalização elétrica nos neurônios: os sinais elétricos atuam no neurônio gerando potenciais
graduados (qualquer variação no potencial de membrana que não seja potencial de ação) e
potenciais de ação. Essa sinalização elétrica transmite mensagens intracelulares (potencial de
ação em um segmento que leva a despolarização do segmento adjacente, gerando
auto-regeneração dos potenciais de ação ao longo de uma mesma fibra axonal. Os neurônios
são capazes de se comunicar entre si e com outras células efetoras. Essa comunicação se dá por
meio de uma transmissão sináptica.
- É possível ter canais para uma mesma substância estimulado de diferentes formas.
- A linguagem das células é elétrica, então só vai conseguir responder com o potencial de ação
mediante transferência iônica e alteração de potencial de membrana.
- A despolarização inicial antes de alcançar o limiar pode ser causada por qualquer tipo de canal
regulado, dependendo do tipo de estímulo. A partir do início da despolarização, altera-se a
voltagem e cria-se condição para abrir canais dependentes de voltagem e deflagrar potencial de
ação. O que precede o potencial de ação é o estímulo elétrico.
- Definição: sinapse (termo de Charles Sherington): universaliza o microambiente de
comunicação neuronal. Ou seja, a sinapse é o lugar de comunicação entre neurônios ou
neurônio e célula efetora (ex: fibra muscular ou célula epitelial). É onde a informação elétrica
vinda de um neurônio é veiculada para outra célula.
- Classificação das sinapses:
- Quanto às células envolvidas: sinapse entre neurônios (interneural); sinapse neurônio-músculo
(junção neuromuscular); e sinapse neurônio-glândula (junção neuroglandular).
- Quanto à localização: axô-dendrítica (entre axônio e dendrito - 80 a 95¨%); axo-somática (entre
axônio e corpo celular - 5 a 20%) e axo-axônica (entre dois axônios - modulatórias, que ocorre
por meio do aumento ou redução da liberação de neurotransmissor - menos de 1%).
- Quanto à funcionalidade (interneural): sinapse elétrica (sinal elétrico vindo de um nerônio
pré-sináptico é passado por um neurônio pós-sináptico, por meio de sinal elétrico que atravessa
uma junção comunicante) e sinapse química (sinal elétrico proveniente da despolarização da
membrana no neurônio pré-sináptico é transformado em sinal químico por meio da liberação de
neurotransmissores, que se ligam a receptores localizados na membrana do neurônio
pós-sináptico, de modo que, após a ligação, ocorre a abertura de canais iônicos, ocasionando a
transferência de cargas e a alteração do potencial de membrana e o sinal volta a ser elétrico)
- Sinapse elétricas: entre neurônios ou neurônio-glia (exemplo: células da retina e células
corticais). Células são unidas por conéxons (hemicanais: uma parte localizada na célula 1 e
outro na célula 2, quando unidas formam um poro de comunicação entre ambas as células -
separação das células: fenda sináptica de 3nm). Possibilita a transferência de correntes iônicas
entre as células. Os conéxons são formados por várias proteínas conexinas (canais que formam
a junção GAP).
- Características importantes: as dimensões pré ou pós-sinápticas podem ser prejudicadas, podem
alterar a propagação do sinal elétrico (discrepância do tamanho das células com uma muito
maior que a outra - corrente elétrica ineficiente para a despolarização, prejudica a comunicação
elétrica nas células). A vantagem é que essa transmissão é muito rápida (condições em que
precisa haver respostas simultâneas (sincronizar respostas).
- Sinapses químicas (as mais comuns): ocorrem entre neurônios e neurônio-célula efetora. Esse
tipo de sinapse é unidirecional: predominantemente no sentido axonal para dendrito ou corpo
celular de outra célula em série; nesse caso a fenda sináptica é um pouco maior, com 20 - 50
nm; a comunicação se dá por meio da liberação de neurotransmissores (NT) e por sua ligação a
receptores específicos de outra membrana pós-sináptica. A transmissão será mais lenta que a
elétrica, porém pode ser modulada (se o NT for excitatório, irá causar despolarização da
membrana pós-sináptica, propagando estímulo; se for inibitório, irá causar hiperpolarização da
membrana e dificultar a propagação do potencial de ação). Essa sinapse pode produzir
amplificação (sinal elétrico que chega ao botão terminal promove a liberação de vários NT, que
podem atuar em vários receptores, os quais podem ativar cascatas de segundos mensageiros,
que ativam enzimas ou proteínas na célula pós-sináptica em grande quantidade). O primeiro
sinal que chegou pode gerar uma sinalização amplificada.
- Elementos das sinapses químicas: célula pré-sináptica (vesículas com neurotransmissores),
fenda sináptica (espaço entre duas células) e receptores de membrana específicos para NT
(células pós-sinápticas).
- Neurotransmissores: compostos químicos produzidos por neurônios; são armazenadas em
vesículas pré-sinápticas (exceção do NO - gás consegue se difundir pela membrana celular
constituída de bicamada fosfolipídica); promovem abertura de canais (causando resposta na
célula pós-sináptica). O efeito do neurotransmissor irá depender do tipo de resposta gerada pela
ligação NT-receptor (pode causar excitação ou inibição). Um mesmo neurotransmissor pode se
ligar a receptores diferentes e específicos que geram respostas diferentes. Exemplo: pode abrir
canais de sódio, que promove excitação; ou canais de cloreto (mais externo) promovendo a
hiperpolarização e inibição do potencial de ação (inibição da célula pós-sináptica).
- Classificação: NT de moléculas pequenas (sintetizados e armazenados no terminal axonal, já na
sua forma ativa e possui ação rápida; possui 4 classes - a I contém a acetilcolina - SNC e SNP,
junção muscular-esquelética, sinapses ganglionares do SNA e das sinapses pós-ganglionares do
SN Parassimpático; classe II - das aminas, como norepinefrina, epinefrina (NT do SN
simpático), dopamina (afeto, motivação, movimentos), serotonina (regulação do humor, medo
sono, dor) e histamina (ação alérgica); classe III - aminoácidos - GABA (ácido amino-butírico -
NT inibitório do SNC), glicina - NT inibitório); glutamato - principal NT excitatório do SNC -,
aspartato - NT excitatório; classe IV- NO -óxido nítrico, não é armazenado em vesículas, sendo
formado pela ação do NOS - óxido nítrico sintase, que age sobre a L-arginina e o NO se
difunde pelas membranas celulares até as células-alvo) ou de moléculas grandes (sintetizados e
armazenados no corpo celular, sua forma ativa é formada a partir da clivagem da molécula e
apresentam ação prolongada; são peptídeos e atuam como hormônios - vários tipos).
- Sinapses químicas - liberação dos neurotransmissores: a importância do Ca2+ na liberação dos
neurotransmissores. Mediante estímulo que chega no terminal pré-sináptico, há liberação de de
muitos NT, para que isso ocorra existe a participação do cálcio intracelular do neurônio
pré-sináptico.
- Um potencial de ação despolariza o terminal axônico (neurônio pré-sináptico). A
despolarização favorece a abertura de canais dependentes de voltagem, como os canais de
cálcio controlados por voltagem (que são amplamente expressos nos terminais axônicos) e o
Ca2+ entra na célula. Como existe maior concentração de cálcio no meio extracelular, quando
os canais se abrem, verifica-se a entrada desse íon na célula por difução. O aumento de calcio
intracelular mediante despolarização é condição essencial para que vesículas ricas em NT
migrem até a membrana, se fundam na membrana e liberem NT na fenda sináptica. Esse
influxo de cálcio inicia a exocitose do conteúdo das vesículas sinápticas. O neurotransmissor se
difunde através da fenda sináptica e se liga aos receptores específicos na célula pós-sináptica,
gerando uma resposta da célula pós-sináptica. Após o retorno do potencial de membrana das
células, os canais de cálcio dependentes de voltagem se fecham e o Ca2+ acumulado na célula
é transportado novamente para fora da célula por transporte ativo). VGCC se fecham e Ca2+
vai para LEC (transporte ativo). A proporção de NT liberado depende da concentração de Ca2+
intracelular e da frequência de disparo PA (quanto mais despolarizações sucessivas, mais canais
dependentes de voltagem são abertos para cálcio, mais cálcio interno e mais vesículas migram
e são fundidas à membrana liberando neurotransmissores). Mecanismo molecular: proteínas
Snares, que são ativadas pelo cálcio, aproximando da membrana, fundindo-se à membrana e a
vesículas.
- Os neurotransmissores liberados são rapidamente inativados (inativação de NT livres, para
evitar que as células pós-sinápticas fiquem muito tempo excitadas). A inativação pode ocorrer
de três formas distintas. Os NT podem ser captados e retomar aos terminais axônicos para
reutilização (armazenado na vesícula sináptica) ou ser transportados para as células da glia
(serotonina); as enzimas específicas inativam os neurotransmissores, degradando-os, perdendo
ação sobre os receptores (acetilcolina); os neurotransmissores podem difundir-se para fora da
fenda sináptica, onde não tem receptor específico, por difusão (glutamato). Possíveis
localizações enzimáticas: neurônio pré-sináptico, células gliais adjacentes, fenda sináptica.
- As sinapses químicas podem gerar respostas rápidas ou lentas, mediante receptores de
membrana distintos. Os receptores são moléculas proteicas que recebem e traduzem a
mensagem química do neurotransmissor. A ativação dos diferentes tipos de receptores pode
gerar respostas rápidas, no caso dos receptores ionotrópicos; ou respostas lentas pelos
receptores metabotrópicos.
- Receptores ionotrópicos são canais iônicos controlados por ligantes (resposta rápida): ligou NT,
abriu canal e ocorre fluxo de íon de acordo com gradiente de concentração. A resposta é rápida
pois depende somente da ligação do NT nos canais regulados por ligantes. NT abre o canal
iônico diretamente.
- Receptores metabotrópicos: acoplados a proteínas G (resposta lenta), relacionadas à transdução
e amplificação de sinais. NT abre o canal iônico indiretamente. Há uma sucessão de sinais. O
NT se liga a um receptor acoplado à proteína G, que muda sua conformação, ativando
indiretamente o canal iônico para que ocorra a corrente iônica. Por ser um meio que requer
mais de uma etapa, a resposta é lenta.
- Sinapse excitat´roia: NT excitatório - liga a receptor específico; efeito: abertura de canais (Na+,
Ca2+ - promove influxo) ou, fechamento de canais K+ (cargas positivas deixam de sair da
célula; impede efluxo, mantém despolarizada); despolarização da membrana (PPSE -potencial
pós-sináptico excitatório).
- Sinapse inibitória: NT inibitório - liga a um receptor específico; efeito: abertura de canais de
K+ (efluxo) ou Cl- (influxo) - potencial fica mais negativo - ou fechamento de canais de Na+
(impede influxo de cargas positivas), causando hiperpolarização da membrana (PPSI -
potencial pós-sináptico inibitório).
- Os receptores de acetilcolina é um canal catiônico monovalente (permite tanto entrada de sódio
quanto saída de potássio, mas o fluxo resultante é maior entrada de sódio do que uma saída de
potássio, culminar na despolarização celular).
- Potenciais pós-sinápticos são potenciais graduados (variações decrementais - à medida que que
afasta da origem do estímulo, perde sua força, sua energia, potencial vai ficando cada vez mais
fraco - do Pm, reduzem ao se afastarem da origem do estímulo). O estímulo é o mesmo, porém
próximo ao local do estímulo a intensidade do potencial é maior e no cone axonal a intensidade
diminui (perda de energia e carga). Porém, é no cone axonal que há a deflagração dos
potenciais de ação. O neurônio recebe vários estímulos de vários neurônios, então tudo precisa
ser processado para interpretação do cone axonal (somação)
- Potenciais pós-sinápticos podem ser excitatórios - se causarem despolarizações (aproxiam Pm
do limiar, facilitando a geração de PA); inibitórios - se causarem hiperpolarizações (afastam o
Pm do limiar, dificultando a geração do PA).
- A comunicação neural não é estabelecida por apenas uma sinapse.
- Integração neural: determinação do PA pela combinação de várias sinapses ativas (efeito
líquido - detectado no cone de implantação). Um neurônio pode receber informações de vários
axônios, alguns inibitórios (hiperpolarização) e outros excitatórios (despolarização). Gra´fico
de medição das variações de Pm, verifica-se que a resposta excitatória foi maior que a
inibitória, portanto o efeito líquido é a despolarização no cone de implantação, que, se atingir o
limiar, gera potencial de ação e deflagra vários PAs ao longo do axônio de neurônio.
- Cone axonal (neurônio pós-sináptico): integra todos os sinais que ali chegam, sejam eles
inibitórios ou excitatórios (PPSE e/ou PPSI) - somação (resultado interpretado no cone de
implantação - geração ou não de um PA). É necessária porque um único potencial pós-sináptico
raramente tem magnitude para despolarizar o neurônio até o limiar, uma vez que ele vai
diminuindo até chegar ao cone de implantação. é importante que ocorra a somação para que
ocorra uma possível geração de um potencial de ação.
- Somação dos potenciais pós-sinápticos:único potencial graduado, geralmente não desencadeia
um PA.Mas podem se domar (temporal e espacialmente).
- Somação temporal: ocorre por estímulos repetidos rapidamente, aumentando a frequência de
disparo neuronal e o potencial não se dissipa antes de ocorrer o próximo, de modo que esses
potenciais se somam, causando uma despolarização limiar. Quanto maior a sobreposição, maior
a somação. Potencial graduado chega à zona de disparo rapidamente - somação temporal gera
PA. Dois estímulos aplicados muito rapidamente (antes da primeira despolarização terminar, de
modo que ambas as despolarizações se somaram atingindo um limiar e sendo capazes de
deflagrar o PA).
- O potencial pós-sináptico é graduado, decremental, perde sua intensidade à medida que se
afasta da origem. Se não houver somação desse potencial graduado, ele se perde e não gera
potencial de ação.
- Somação temporal está relacionada ao tempo em que mais de um estímulo é aplicado. Células
excitadas mais de uma vez em um tempo curto, ocorre somação temporal, para atingir o limiar
e deflagrar a despolarização para o PA. Antes que o primeiro potencial graduado se dissipe
(afaste suficientemente do ponto de origem), o segundo estímulo gera novo potencial graduado
e as variações que os dois geram são suficientes para gerar um PA (somadas).
- Períodos refratários só se relacionam aos potenciais de ação, mas não aos potenciais
graduandos (anteriores aos de ação).
- As despolarizações iniciais não dependem de canais dependentes de voltagem, elas podem
estar relacionadas a ligação com neurotransmissores e estes não apresentam refratariedade.
Sem relação direta com os canais iônicos dependentes de voltagem que geram os PAs.
- Somação espacial: ocorre por estímulos de diferentes fontes que se sobrepõem (duas sinapses
no mesmo neurônio pós-sináptico). Sinapses excitatórias e inibitórias se somam, gerando uma
despolarização maior, que atinge o limiar para gerar o PA.
- As sinapses químicas também são moduladas. Modulação sináptica:
- Somação convencional (modulação pós-sináptica): neurônio inibitório vai modular o sinal, de
modo a causar uma inibição pós-sináptica. Exemplo: na condição em que o neurônio
excitatório faz sinapse com neurônio pós-sináptico, mas um neurônio inibitório modula o sinal
(um neurônio excitatório e um inibitório pré-sináptico disparam). O sinal modulado no
neurônio pós-sináptico gerado no cone axonal estará abaixo do limiar de despolarização. Sendo
assim, nenhum potencial de ação será iniciado na zona de disparo e nenhuma resposta ocorrerá
nas células-alvo.Sendo assim, todos os alvos dos neurônios pós-sinápticos serão inibidos.
Importância da modulação: evitar a hiperativação sináptica. Exemplo: região no hipotálamo
chamada hipotálamo-dorsomedial (HDM), cuja desinibição gabaérgica se relaciona ao
comportamento do pânico. Assim, a inibição gabaérgica tônica que ocorre nessa região é
importante para não gerar uma hiperexcitabilidade dessa região e causar um comportamento
diferente daquele que é tido como fisiológico.
- Modulação pré-sináptica: se dá por sinapses axoaxônicas, que regulam a comunicação de outra
sinapse. Três neurônios: a sinapse de A e B será modulada pelo neurônio C. Nesse caso, o NT
liberado pelo neurônio modulador (C) não irá gerar sinais elétricos no neurônio pós-sináptico
(B). Como consequência, induz-se mudanças na concentração de cálcio intracelular
(despolarização) do neurônio pré-sináptico (A), alterando o número de NT liberado por esse
neurônio. A modulação pré-sináptica pode gerar uma facilitação (neurônio modulador vai
promover o aumento da liberação do NT, desencadeado pelo neurônio C, facilitando a sinapse
entre o neurônio C e o neurônio X) ou uma inibição pré-sináptica. O neurônio modulador irá
reduzir a liberação de NT do neurônio F, de modo a inibir a sinapse com o outro neurônio Y).

- Receptores de membrana, segundos mensageiros e transdução de sinais


- Comunicação celular: capacidade das células se comunicarem entre si e com o meio. Permite
que cada célula detecte o que ocorre ao seu redor; responda aos sinais gerados no ambiente
externo e se adapte ao meio. Ocorre por diferentes tipos de sinalização: curto e alto alcance. A
todo momento nossas células enviam e recebem inúmeras mensagens na forma de moléculas
químicas de sinalização. A comunicação celular ocorre predominantemente por meio de sinais
químicos.
- Os mensageiros químicos ou ligantes são moléculas secretadas por células emissoras (mediante
a estímulos), vão atuar em receptores específicos, a partir de uma célula-alvo. A ligação do
ligante ao receptor irá garantir uma resposta específica. Ligante só terá efeito em células-alvo,
que terão receptores para esses ligantes. Cèlulas sem receptores para o ligante são chamadas
células não-alvo. Nem todas as células são capazes de perceber determinada mensagem
química (sem receptores são incapazes de compreender a mensagem - essencial possuir um
receptor apropriado).
- Sinalização: mecanismo de comunicação em que os sinais químicos são traduzidos em
respostas biológicas.
- Ligação ligante-receptor gera alteração na forma ou na atividade do receptor, que vai
desencadear diversas mudanças intracelulares. Assim, a mensagem do ligante será
retransmitida por uma cadeia de mensageiros intracelulares.
- As combinações de sinais induzem a respostas específicas: diferentes células vão responder a
diferentes moléculas sinalizadoras, gerando respostas específicas. A ligação ligante-receptor
vai gerar eventos intracelulares, afetando o comportamento celular.
- Existem diferentes tipos de sinalização celular relacionados aos diferentes tipos de alcance
(curto ou alto).
- Tipos de sinalização:
- 1) dependente de contato: célula sinalizadora que possui uma molécula sinalizadora é um
ligante de membrana, que vai atuar sobre uma célula-alvo que apresenta um receptor para essa
ligação.
- 2) parácrina: próximo. Ocorre em células-alvo localizadas adjacentes às células sinalizadoras,
que liberam um hormônio local, que vão atuar sobre as células-alvo por meio da ligação das
moléculas sinalizadoras com receptores específicos.
- 3) sináptica: neurônio libera neurotransmissores, que são moléculas químicas, lançadas na
fenda sináptica e atuam nos receptores localizados nas células pós-sinápticas.
- 4) endócrina: célula endócrina libera hormônios que serão lançados na corrente sanguínea,
sendo capaz de percorrer longas distâncias, atuando em células-alvos distantes que expressam
receptores para as moléculas.
- 5) autócrina: célula emissora secreta hormônios locais, que agem sobre os receptores
localizados na própria célula emissora.
- Principal diferença é a distância que o sinal percorre até alcançar a célula-alvo.
- Receptores e ligantes possuem diferentes formas; mas existem características comuns a esses
elementos: são pares alinhados, ou seja, existe um receptor para um ou poucos ligantes
específicos; um ligante para um ou poucos tipos de receptores-alvo; a ligação ligante-receptor
muda sua forma ou atividade, garantindo transmissão de um sinal ou produção de alterações
intracelulares.
- Receptor colinérgico nicotínico: para acetilcolina e para nicotina (ligantes que ativam esse
receptor).
- A acetilcolina atua tanto sobre receptores colinérgicos nicotínicos quanto em receptores
colinérgicos muscarínicos.
- Ligantes podem ser: peptídeos, proteínas, aminoácidos (natureza hidrofílica - atuam sobre
receptores de membrana; exemplo: encefalina e glicina); esteróides (estradiol e testosterona) e
gases (exemplo: óxido nítrico; natureza hidrofóbica - atuam sobre receptores intracelulares,
porque, por serem lipofílicos conseguem penetrar a membrana plasmática, atuando em
receptores localizados internamente).
- Receptores podem ser de superfície celular (receptores de membrana) ou intracelulares
(citoplasmáticos ou nucleares). Os intracelulares alteram diretamente a transcrição gênica,
alterando a expressão proteica dessas células.
- Receptores de superfície celular/ de membrana: Proteínas ancoradas à membrana, com sítio de
ligação com ligante e um parte intracelular. Apresenta 3 domínios: extracelular (ligação ao
ligante); hidrofóbico (estende-se pela membrana plasmática, com estruturas
transmembranares); e intracelular (transmissor do sinal).
- Tamanho e estrutura dos domínios: variam de acordo com o tipo de receptor e a região
hidrofóbica pode conter resíduos de aminoácidos que cruzam a membrana plasmática
(segmentos transmembranares).
- Receptores de membrana classificados em: receptor-canal ou receptor ionotrópico (ligação do
ligante abre ou fecha o canal); receptor enzimático ou receptor catalítico (ligação do ligante ao
receptor enzimático ativa uma enzima intracelular); receptor acoplado à proteína G ou receptor
metabotrópicos (ligação do ligante a um receptor acoplado à proteína G abre um canal iônico
ou altera a atividade de enzimas). Moléculas sinalizadoras extracelulares se ligam aos
diferentes receptores.
- Receptores acoplados a canais iônicos (ionotrópicos): envolvidos na transmissão sináptica
rápida , uma vez que são ativados ocorre o fluxo iônico pelo gradiente de concentração de íon
que pode cruzar o canal. associação ao ligante gera abertura e fechamento muito rápido
(milissegundo). Exemplo: receptor nicotínico de acetilcolina (canal catiônico monovalente
não-específico -entrada de sódio que será maior que a saída de potássio, pois nessas condições
o ´sodio está muito mais distante do seu potencial de equilíbrio, fluxo maior que causa
despolarização celular após abertura do receptor) e receptor GABAa (canal para Cl-, cujo
influxo leva cargas negativas e leva à hiperpolarização). Estrutura dos receptores: subunidades
protéicas integrais que formam um poro no centro da estrutura.
- Receptores catalíticos: principais são receptor de guanilato ciclase, de serina/ treonina quinase/
de tirosina quinase (mais estudados) e receptores associados à tirosina quinase. Atauam como
enzimas ou regulam outras enzimas, além de estarem envolvidos no controle do crescimento e
da diferenciação celular: a atividade deve ser controlada, pois uma hiperatividade de receptores
de fator de crescimento podem se associar ao câncer (descontrolada). O receptor vai fosforilar
proteínas e executar ações fisiológicas. Exemplos disso é o receptor de insulina que vai
fosforilar a tirosina quinase, gerando respostas fisiológicas como a translocação de GLUT4
para a membrana. Complexo ligante-receptor: variação TK intrínseca - fosforilação de si
mesma e de outras proteínas. Dímeros e monômeros - conformação do receptor. Região
receptora (extracelular)/ Região enzimática (citoplasmática)
- Receptores acoplados à proteína G (ativação do músculo liso, cardíaco, olfato e audição):
receptores metabotrópicos. Ligam-se a proteínas G (que se ligam a nucleotídeos de guanosina -
GDP e GTP). Quando GDP está ligado à subunidade alfa da proteína G, esta se encontra
inativa e quando o GTP liga-se à subunidade alfa da proteína, esta se encontra ativa (quando
receptor está conectado à proteína G). Localização intracelular; predominantemente
heterotriméricas (subunidades alfa,beta, e gama), também podem ser monoméricas. A
subunidade alfa confere a seletividade. Assim, diferentes subunidades alfa correspondem a
diferentes tipos de proteínas G. Dímero beta-gama é responsável pela ancoragem da
subunidade alfa e da regulação de processos específicos.
- Bomba de cálcio, troca 3 Na+ por 1 Ca2+
- Transdução de sinais: processo pelo qual as células detectam as alterações ambientais e as
convertem em sinal biológico para gerar uma resposta celular. essas vias são usualmente
rápidas (o fluxo iônico ocorre em milissegundos e a ativação das castacatas de quinases
ocorrem em minutos). As vias transdutoras podem amplificar o sinal, isto é, um pequeno
estímulo acarreta em uma grande resposta eficiente. As vias de transdução de sinais apresentam
redes complexas de ativação e desativação de proteínas, envolvendo muitas vezes a ação de
proteínas quinases.
- Aspectos comuns às vias transdutoras de sinais: molécula sinalizadora liga-se à proteína
receptora, que ativa as moléculas sinalizadoras intracelulares, as quais alteram as
proteínas-alvo e geram resposta celular específica. Assim, as cadeias de moléculas
intracelulares que são ativadas retransmitem os sinais intracelulares e são consideradas as vias
transdutoras de sinais intracelulares. As respostas ocorrem após as moléculas sinalizadoras
serem ativadas/ ligadas.
- Antes da ligação ligante-receptor, a via de sinalização intracelular estava desligada. Após a
conexão de ligante e receptor, o receptor é ativado, desencadeando uma série de reações,
ativando a via intracelular de transdução. O receptor ativa uma proteína de membrana, está
ativa outra proteína citoplasmática, que vai ativar o alvo-final (proteína-alvo), que vai
desencadear uma resposta.
- Essas alterações intracelulares ocorrem em grande velocidade e aumentam a eficiência e a
especificidade da resposta, por ser muito regulada por várias etapas de controle.
- As moléculas de uma célula podem ser “ligadas/ativadas” ou “desligadas/inativadas” a partir
do processo de fosforilação. A fosforilação age como um interruptor de modo a alterar a
atividade proteica (intracelular), causando ativação ou inibição.
- A adição de grupos fosfatos é catalisada por enzimas quinases (Quinase: ATP para ADP e
perde um fosfato para a proteína) e as enzimas fosfatases (fosfatase: perda de um fosfato pela
proteína).
- Proteína fosforilada - quinase; proteína desfosforilada - fosfatase. A
fosforilação muitas
vezes age como um interruptor, mas seus efeitos variam entre as
proteínas. Às vezes, a fosforilação deixará uma proteína mais ativa
(por exemplo, aumentando a catálise ou deixando-a vincular a um
parceiro). Em outros casos, a fosforilação pode inativar a proteína ou
fazê-la romper-se.
- Segundos mensageiros: moléculas de sinalização intracelular.
- Moléculas extracelulares vão atuar como primeiros mensageiros, ligando-se ao receptor e
transmitindo um sinal/informação (o sinal é iniciado pela ligação ligante-receptor) - Primeiro
mensageiro ativa uma proteína efetora (enzima), que vai gerar segundos mensageiros, que são
moléculas de sinalização intracelular, gerados pela ativação de uma proteína efetora).
Principais exemplos de segundos mensageiros: Cálcio (Ca2+), nucleotídeos cíclicos (AMPc e
GMPc - derivados do ATP e do GTP), inositol fosfatos (como o IP3 - trifosfato de inositol) e
diacilglicerol (DAG), que são sinalizados a partir de fosfolipídeos de membrana.
- A aprtir da produção de segundos mensageiros, ocorre a amplificação de sinal, de modo que o
complexo receptor-ligante ativa uma enzima amplificadora, forma vários segundos
mensageiros, que promovem alterações intracelulares e culminam na ativação de várias
proteínas intracelulares para que elas gerem resposta nessas células.
- O cálcio está envolvido em várias vias de sinalização. Importância do cálcio no neurônio: Após
o aumento das concentrações de cálcio intracelulares ocorre sinalização para que as vesículas
contendo neurotransmissores se movessem para a membrana plasmática e se fundissem e
liberassem neurotransmissores. Também é exemplo de sinalização celular mediada por cálcio.
- O cálcio (ação ampla sobre as células), no músculo, com concentrações intracelulares
aumentadas promove a sinalização para a contração do músculo.
- CA2+ regula vários processos biológicos. A maioria das células possui baixa concentração de
cálcio intracelular/ citoplasmática, devido à ação das bombas de Ca2+ (faz transporte ativo -
bombeia o cálcio para o meio extracelular - região de maior concentração). É armazenado no
retículo endoplasmático (no caso do músculo chama-se retículo sarcoplasmático) e em
mitocôndria. O armazenamento em organela possui finalidade de sinalização, por promover a
abertura de canais (receptores ionotrópicos), para que ocorra a liberação e o fluxo do cálcio
(extracelular ou do Retículo Endoplasmático) para o citoplasma, aumentando as concentrações
de cálcio citoplasmáticas e favorecendo a sinalização da célula, para que ela exerça sua função
(exemplo: célula pré-sináptica: liberação de neurotransmissor; no caso de músculos: causa
contração).
- Sinalização do cálcio se relaciona a liberação de NTs por neurônio; a liberação de insulina
(hormônios) pelas células beta-pancreáticas e a contração pelos músculos.
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Os canais de sódio possuem duas comportas, uma voltada para o líquido extracelular (porção externa
da membrana - comporta de ativação) e outra voltada para o líquido intracelular (porção interna da
membrana - comporta de inativação). No estado de repouso (-90 milivolts), a comporta de ativação
está fechada e a de inativação está aberta, como mostrado no canto esquerdo superior da figura.
Quando essa comporta está fechada, nenhuma quantidade de sódio atravessa esses canais. Quando
ocorre alteração no potencial de membrana (normalmente ele chega a -70 ou a -50 milivolts) ocorre
uma alteração conformacional abrupta no canal de sódio, ou seja, a comporta de inativação se abre
repentinamente, fazendo com que o canal fique totalmente aberto e permeável ao sódio (Estado
Ativado). Para termos uma ideia, nesse estado ativado, a membrana aumenta sua permeabilidade para
o sódio de 500 a 5.000 vezes. E, como podemos imaginar, muito sódio entra através da membrana.
Rapidamente, esses canais de sódio passam para um estado inativo, fechando suas comportas internas.
Ao fechar, cessa-se o influxo (entrada) de sódio, e o potencial da membrana começa a retornar ao seu
valor normal negativo. Esse processo é o que chamamos de Repolarização. O interessante aqui, é que
essa comporta interna do canal de sódio (a de inativação) só volta a se abrir quando o potencial da
membrana chega ao seu potencial de repouso (-90 milivolts).
A parte inferior da figura acima mostra dois estados dos canais de potássio em relação ao potencial de
ação. À esquerda, um estado inativado (repouso) e depois, à direita, um estado ativo, que acontece ao
final do potencial de ação. Os canais de potássio, então, encontram-se fechados quando a membrana
está em seu potencial de repouso (-90 milivolts) e só se abrem quando a membrana se aproxima do
potencial de 0 milivolts (pico do potencial de ação - pico da despolarização), ou seja, só abrem quando
os canais de sódio estão começando a se fechar. Assim, a diminuição da entrada de sódio e o aumento
da saída de potássio aceleram o processo de Repolarização, quando a membrana volta ao seu potencial
de repouso.
Reparem, na figura abaixo, o que acontece em cada etapa do potencial de ação. Começamos com um
potencial de repouso, seguido da despolarização (grande entrada de sódio), na terceira etapa, a de
repolarização, o sódio para de entrar (canais se fecharam) e o potássio começa a sair (canais de
potássio se abriram), até chegarmos ao quarto estágio da figura, onde começam a agir também a
bomba de sódio e potássio e o potencial retorna ao normal. Notem na figura, que na parte superior
temos escrito Potencial de Ação no exato lugar onde ele ocorre, no pico da despolarização.

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