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SISTEMA DIGESTÓRIO

TUBO: esôfago, estômago,


intestino delgado
e intestino grosso

Profa. Ana Paula Horn


Objetivos dessa aula

- Compreender a estrutura geral do tubo digestório;

- Compreender as características histológicas das


diferentes porções desse tubo, que originam
diferentes órgãos, cada um com a sua função;

- Estabelecer quais são as características diferenciais


de cada órgão, para a partir daí saber identifica-los
numa lâmina histológica.
Em vermelho estão os
órgãos que compõe o Glândulas Salivares
TUBO digestório –
todos são ocos, Cavidade oral
apresentando uma luz
Faringe (orofaringe)
por onde o alimento
passa e vai sendo Esôfago
transformado, até ser
eliminado como fezes.

Fígado Estômago
Vesícula Biliar Pâncreas

Intestino Duodeno
Intestino Grosso
Delgado Jejuno-íleo (Cólon)

Ânus
Apêndice
Cecal
Estrutura geral do tubo
- Os órgãos ocos, aqui falando especialmente dos que pertencem ao
tubo digestório, possuem uma microanatomia muito semelhante. Você
vai perceber nos próximos slides que todos possuem uma estrutura
organizacional muito parecida (mesmas camadas e tecidos em cada
camada), possuindo diferenças mais significativas apenas na camada
MUCOSA (em contato com a luz).

- Preste atenção nas estruturas e células presentes na camada


mucosa de cada órgão. São essas células diferentes que

fazem com que a função de cada um deles seja tão diferente

ao longo desse tubo contínuo!


Organização geral do tubo digestório
 Camada Mucosa
 Epitélio de revestimento (MUDA de acordo com o órgão)
 Lâmina própria - tecido conjuntivo frouxo com vasos, glândulas
e ocasionalmente nódulos linfáticos
 Muscular da mucosa – tecido muscular liso
 Camada Submucosa
– tecido conjuntivo moderadamente denso fibroelástico; vasos
sanguíneos e linfáticos; nódulos linfáticos ocasionais
 plexo nervoso de Meissner (plexo submucoso)
 glândulas mucosas ocasionais (no esôfago e duodeno)
 Camada Muscular – tecido muscular liso
 camada interna – circular à luz
 plexo nervoso de Auerbach (plexo mioentérico)
 camada externa – longitudinal à luz
 Camada Serosa ou adventícia (depende do órgão)
– tecido conjuntivo frouxo, vasos sanguíneos e linfáticos, tecido
adiposo
 mesotélio  epitélio de revestimento simples pavimentoso na serosa
MUCOSA

SUBMUCOSA
Nódulo
MUSCULAR linfático

SEROSA
Particularidades da camada mucosa ao longo do tubo –
observe que é a que mais se altera nos diferentes órgãos

Kierszenbaum, 2008
Esôfago –
epitélio
estratificado
pavimentoso
Mudanças
na camada
mucosa ao Estômago –
glândulas
longo do gástricas
tubo são
facilmente
visualizáveis
Intestino
Delgado –
vilosidades e
glândulas
intestinais
Funções do tecido epitelial
do tubo digestório

- funcionar como uma barreira semipermeável


- sintetizar e secretar enzimas para a digestão
- absorver os produtos da digestão
- secretar hormônios para coordenar a
atividade do tubo digestório
- produzir muco para proteção e lubrificação.
A partir de agora estudaremos as
particularidades de cada órgão do tubo.

Atente sempre para as características


diferenciais que cada um possui em suas
camadas, principalmente para as células
presentes em sua camada mucosa.

Por que o estômago possui uma função tão


diferente da função do intestino delgado?
Porque as células presentes em seu
epitélio apresentam funções e
características bem diferentes!
Faringe
 Epitélio pseudoestratificado Pertence aos
sistemas
colunar ciliado – região que se digestório e
comunica com a cavidade nasal – respiratório. O
importante aqui
nasofaringe- com epitélio respiratório; é saber a
característica do
 Epitélio estratificado epitélio, que se
altera
pavimentoso – região que inicia após dependendo da
a cavidade oral e se continua com o localização.

esôfago – orofaringe. Possui o mesmo


epitélio da boca e do esôfago.
Esôfago
Função: conduzir o alimento da orofaringe para o estômago

- mucosa: epitélio de revestimento estratificado pavimentoso


lâmina própria: TCF + glândulas esofagianas
muscular da mucosa apenas próxima ao estômago

- submucosa: tecido conjuntivo denso fibroelástico;


glândulas esofágicas (produzem muco)

- muscular: - circular interna


- longitudinal externa
*músculo estriado esquelético na porção inicial

- adventícia ou serosa (em sua união com a traqueia e na região


da tireoide possui uma adventícia, nas outras regiões é serosa)
Epitélio
estratificado
pavimentoso

Glândulas
esofágicas
na submucosa
MUCO

MUSCULAR
A observação de como Circular e longitudinal a
estão cortadas as quem?? Sempre tome
subcamadas musculares como referência a luz do
Circular interna (CM) e tubo. A interna circula a
Longitudinal externa (LM) luz e a externa anda
dirá a vocês qual o plano longitudinalmente a ela.
de corte do órgão Por que?? Para o
movimento peristáltico
de “aperta” e “empurra”.
Cárdia: transição esôfago - estômago
Você percebe
essa transição
pela mudança
abrupta no tipo
de epitélio, que
deixa de ser
estratificado e
Glândulas passa a ser
mucosas simples colunar
e com
invaginações
formando
glândulas

Importância do muco na região de transição: quando há a abertura


do esfíncter do estômago há extravasamento do líquido estomacal,
extremamente ácido. Essa região final do esôfago precisa estar
protegida por muito muco para não haver lesão tecidual.
Estômago
- Funções: - processar o alimento formando o quimo
- digestão das proteínas

- É uma porção dilatada do tubo digestório

- Anatomicamente apresenta 4 porções - cárdia, fundo, corpo e piloro

- Histologicamente possui 3 porções (classificadas em relação ao tipo de


glândula que está presente)

- rugas: são projeções longitudinais da mucosa e submucosa


(que desaparecem quando o órgão está distendido, cheio)

- o órgão possui a superfície coberta por pequenas invaginações, que


são as criptas ou glândulas gástricas
Kierszenbaum, 2008
Mucosa gástrica:
-Epitélio: - colunar simples é formado por células mucosas superficiais
- secreta muco alcalino  proteção contra elementos abrasivos
do quimo e agressores endógenos
como HCl, pepsina e lipase
- não possui capacidade absortiva, porém podem ser absorvidos
água, sais, drogas lipossolúveis e álcool.
- forma as invaginações chamadas glândulas gástricas, com
células especializadas

-Lâmina própria
- escassa, localizada nas glândulas gástricas
- estroma com fibras reticulares e fibroblastos
- células do sistema imunológico: linfócitos, plasmócitos, macrófagos,
eosinófilos

-Muscular da mucosa
Submucosa: vasos, plexo submucoso

Muscular: 3 camadas musculares


- oblíqua interna (diferencial!)
- circular média Por que mais
- longitudinal externa uma
Plexo mioentérico orientação de
músculo?

Serosa: tecido conjuntivo frouxo e


mesotélio (Tec. ep. Rev. Simples Pavimentoso)
Morfologia das
glândulas de cada
região do
estômago
Glândulas Fundícas:

Possuem 3 regiões: istmo (entrada), colo e base

- células superficiais de revestimento - mucosas

- células tronco  pequena quantidade na região do istmo e colo

- células mucosas do colo  semelhantes às superficiais de


revestimento, secretam mucina com propriedades antibióticas

- células parietais (ou oxínticas)  grandes e eosinófilas, existem


na metade superior e na base da glândula
 Bombeiam próton e cloreto  pH 1-2
 Secretam fator intrínseco gástrico  promove a
absorção de vitamina B12 no íleo

principais (ou zimogênicas)  estão na base da glândula


- células
 secretam pepsinogênio

- células enteroendócrinas  secretam hormônios que regulam


principalmente a atividade do estômago
Fosseta =
Células
mucosas
antes de
iniciar a
glândula

istmo

colo

base
Observe que a
posição das células
na glândula é
diferente. As células
oxínticas (eosinófilas)
são mais centrais
(seta vermelha) e as
células zimogênicas
(basófilas) são mais
basais (seta verde).

Junqueira e
Carneiro,
2013
Células Enteroendócrinas
 dispersas entre as outras células dentro da glândula, geralmente
mais próximas da base

 não são somente um tipo de células, existem diferentes tipos que


secretam diferentes substâncias (células D, células G, célula X...)

 liberam o conteúdo de seus grânulos na lâmina própria e atuam


na vizinhança ou entram na circulação sanguínea

 Ex.1: serotonina e substância P  o movimento peristáltico

 Ex.2: histamina  produção de HCl

 Ex.3: gastrina  a produção de HCl, a motilidade gástrica e a


proliferação de células basais.
Células
zimogênicas
ou principais –
ricas em retículo
endoplasmático
rugoso, para
sintetizar muito
pepsinogênio
(proteína)

Células
oxínticas
ou parietais – ricas
em mitocôndrias,
que produzem a
energia necessária
para as bombas de
prótons e cloreto
Células oxínticas
ou parietais

Células Parietais

Junqueira e
bombas de prótons e cloreto Carneiro,
2013
Intestino delgado
Definições importantes

 Pregas – projeções da mucosa e da


submucosa na direção da luz

 Vilosidades intestinais – evaginações


digitiformes da camada mucosa

 Microvilosidades – pregueamento da
membrana plasmática apical dos
enterócitos para aumento de absorção.
Intestino delgado:
Possui pregas com
vilosidades
A prega é diferente da ruga do
estômago, pois não consegue
ser completamente distendida (é
permanente)
4 estratégias
para aumento
da superfície de
absorção –
PREGA
VILOSIDADE
GLÂNDULA (CRIPTA)
MICROVILOSIDADE
Circulação sanguínea, linfática e inervação nas
Vilosidades intestinais

Chamado
de lacteal

Músculo liso
responsável
pelo
movimento
da vilosidade
Vaso
linfático
chamado de
Lacteal ou
Quilífero –
muito
importantes
para o
transporte
dos
quilomícrons
CÉLULAS DO EPITÉLIO DA MUCOSA DO INTESTINO
DELGADO
Enterócitos - células absortivas, cilíndricas, com borda em escova, possuem em
torno de 3 mil microvilosidades cada.
- secretam dissacaridases e dipeptidases, que completam a digestão

Células caliciformes – situadas entre os enterócitos; produzem mucina

Células de Paneth - na porção basal das glândulas intestinais (de Lieberkühn)


- regulam a microbiota intestinal do intestino delgado
- secretam lisozimas

Células enteroendócrinas - CCK e secretina a atividade da vesícula biliar e


do pâncreas
(efeito parácrino ou endócrino) - GIP inibe a secreção de HCl pelo estômago e
aumenta a secreção de insulina
- motilina  a motilidade gástrica e intestinal

Células tronco – para renovação do epitélio


tronco
Mecanismos defensivos no
tubo digestório
 Lisozima na saliva (germicida)
 Placas de Peyer no íleo (acúmulo de células de
defesa)
 Secreção pelos plasmócitos da imunoglobulina IgA
 Células de Paneth produzindo moléculas
germicidas na glândula intestinal
 Acidez do suco gástrico que inativa os
microorganismos ingeridos
 Peristaltismo que reduz a colonização bacteriana
Particularidades das camadas no intestino delgado
Mucosa:
- Epitélio simples colunar com microvilosidades e células caliciformes
- Lâmina Própria: TCF, fibras nervosas e musculares lisas (responsáveis
pelos movimentos rítmicos das vilosidades), rica em vasos linfáticos e
vascularização sanguínea.
- Muscular da mucosa

Submucosa: - glândulas duodenais ou de Brünner, secreção


mucosa alcalina (pH 8,1-9,3), somente no duodeno
- placas de Peyer, somente no íleo

Muscular: - plexo nervoso mioentérico ou de Auerbach ao longo


de todo o tubo digestório
- circular interna e longitudinal externa

Serosa
Plexo nervoso – mioentérico – entre as camadas
musculares circular interna e longitudinal externa
Diferenças histológicas
das 3 porções do
intestino delgado
Intestino grosso

Diferenciam-se 3 regiões histológicas:


cólon, apêndice cecal e reto.
Intestino grosso - Cólon
Mucosa: - glândulas intestinais longas, com muitas células
caliciformes e absortivas e poucas células enteroendócrinas
- Lâmina própria rica em nódulos linfáticos
- Não há pregas e vilosidades
Na região Reto-Anal: colunas retais ou de Morgani (dobras
longitudinais da camada mucosa)
Submucosa: sem nenhum diferencial

Muscular: aparecimento das tênias do cólon (são


especializações na muscular longitudinal externa, 3 faixas
espessas de 1 cm de largura igualmente espaçadas)

Serosa: apêndices epiplóicos (acúmulo de tecido adiposo)


Apêndices
Em humanos não
epiplóicos
há células de
Paneth na base
da glândula Tênia do
* cólon
Permite uma
colonização
diferente no IG,
alterando e
favorecendo o
crescimento da
microbiota
intestinal.

Artigo sugerido
nas referências
bibliográficas
Glândulas intestinais
(simples tubulares retas)
MUCOSA

SUBMUCOSA
Nódulo
MUSCULAR linfático

SEROSA
Apêndice
Cecal

É um apêndice
do intestino
grosso,
possuindo uma
estrutura
histológica bem
mais simples.
Sua mucosa e
submucosa são
ricas em
nódulos
linfáticos e sua
camada
muscular é bem
mais simples.
Não há aqui
tênias do cólon
nem apêndices
epiplóicos.
Reto
• A camada mucosa é mais espessa do que no cólon e
possui veias proeminentes. A muscular da mucosa é
bastante desenvolvida.

• As glândulas intestinais são mais longas e revestidas


predominantemente por células caliciformes (coradas em
azul na lâmina apresentada no slide seguinte).

• Adventícia com vasos calibrosos. Note que aqui não há o


mesotélio (que caracterizava a serosa), sendo essa região
contínua com os tecidos circundantes.
ADVENTÍCIA SUBMUCOSA
MUSCULAR

MUCOSA
Canal Anal
– se estende da junção reto-anal até o ânus

• Transição do epitélio simples cilíndrico (no reto)


para o epitélio estratificado pavimentoso (ânus - pele)
Hemorróidas internas
são dilatações dos
• Glândulas mucosas anais vasos da submucosa
• Para lubrificação, já que não há mais o muco das células caliciformes
presentes nas glândulas intestinais

• Esfincter interno do ânus – músculo liso (circular interna se


espessa)

• Esfincter externo do ânus – músculo estriado esquelético


(Controle voluntário)
Transição anal  reto

Epitélio estratificado Epitélio simples colunar com


pavimentoso células caliciformes e
glândulas intestinais
Bibliografia utilizada:

1- Gartner, L.P. & Hiatt, J.L. Tratado de Histologia. Rio de Janeiro: Guanabara-
Koogan – 2ª ed., 2003.

2- Junqueira, L.C.U. & Carneiro, J. Histologia Básica. Rio de Janeiro: Guanabara-


Koogan – 13ª ed., 2017.

3- Kierszenbaum, A. L. Histologia e Biologia Celular – uma introdução à patologia.


Eselvier, 4ª ed., 2016.

4- Kühnel W. Histologia Texto e Atlas. Porto Alegre: Artmed – 12ª ed., 2010.

5- Ross, M.H.; Kaye, G.I. & Pawlina, W. Histologia: Texto e Atlas – Rio de Janeiro:
Guanabara-Koogan - 7ª ed., 2016.

Artigo sugerido: Paixão e Castro, 2016. “A colonização da microbiota


intestinal e sua influência na saúde do hospedeiro”, disponível em
https://publicacoes.uniceub.br/cienciasaude/article/view/3629/3073

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