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Boca
A boca é a entrada do tubo digestório. A ingestão, a digestão parcial e a lubrificação do
alimento, ou bolo alimentar, são as principais funções da boca e de suas glândulas
salivares associadas.
Os lábios possuem três regiões: (1) a região cutânea, (2) a região vermelha, e (3) a
região da mucosa oral.
A gengiva é semelhante a região vermelha dos lábios, exceto em sua borda livre, onde
uma queratinização significativa é observada. A lâmina própria da gengiva une-se
intimamente ao periósteo do processo alveolar da maxila e da mandíbula e ao ligamento
periodontal. A gengiva não possui submucosa e nem glândulas.
O palato mole e a úvula são revestidos por epitélio pavimentoso estratificado não
queratinizado que se estende até a orofaringe, onde se torna contínuo com o epitélio
pseudo-estratificado cilíndrico ciliado do trato respiratório superior. A submucosa é
frouxa e contém glândulas mucosas e glândulas serosas em abundância. Fibras
musculares esqueléticas estão presentes no palato mole e na úvula.
Língua
Os dois terços anteriores da língua são formados por uma massa central de fibras
musculares esqueléticas orientadas em três direções: longitudinal, transversal e oblíqua.
O terço posterior apresenta agregados de tecido linfoide, as tonsilas linguais.
As células precursoras gustativas têm um tempo médio de vida de 10 a 14 dias. Elas dão
origem às células de sustentação (ou células gustativas imaturas), que por sua vez, se
tornam células receptoras gustativas maduras. A porção basal de uma célula receptora
gustativa está em contato com uma terminação nervosa aferente derivada de neurônios
em gânglios sensitivos dos nervos, facial, glossofaríngeo e vago.
Doce, azedo, amargo e salgado são as quatro sensações clássicas do sentido do paladar.
Uma sensação específica de um sabor é gerada por uma célula receptora gustativa
específica. O nervo facial transmite todos os sabores; o nervo glossofaríngeo transmite
as sensações de sabores doce e amargo.
A submucosa é formada por tecido conjuntivo denso não modelado com grandes vasos
sanguíneos, vasos linfáticos e nervos que se ramifica na mucosa e na túnica muscular.
Glândulas estão presentes na submucosa do esôfago e duodeno.
A túnica muscular contêm duas camadas de músculo liso: a camada circular interna,
organizadas ao redor do lúmen do tubo, e a camada longitudinal externa, dispostas ao
longo do tubo. A contração das fibras musculares da camada circular interna diminui o
lúmen; a contração das fibras da camada longitudinal externa encurta o tubo. Fibras
musculares esqueléticas estão presentes na porção superior do esôfago e no esfíncter
anal.
A camada adventícia do trato digestório é formada por várias camadas contínuas de
tecido conjuntivos adjacentes. Quando o tubo digestório é suspenso por uma prega do
mesentério ou peritoneal, a camada adventícia é recoberta por um mesotélio, constituído
de epitélio simples pavimentoso, e sustentada por uma delgada camada de tecido
conjuntivo, que juntas forma uma serosa, ou membrana serosa.
Organização geral do tubo digestório
Esôfago
O esôfago é um órgão tubular que liga a faringe ao estômago. Sua função é transportar
alimento da boca ao estômago.
A mucosa esofágica é formada por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado.
De modo geral, o esôfago possui as mesmas camadas que o resto do trato digestivo. A
mucosa e a submucosa no esôfago não distendidos formam pregas longitudinais que dão
um aspecto irregular ao lúmen. Conforme o bolo alimentar se move para baixo no
esôfago, as pregas desaparecem temporariamente, e em seguida, são restauradas devido
à fibras elásticas da submucosa.
Apenas a parte do esôfago que está na cavidade peritoneal é recoberta por uma
membrana serosa. O restante é envolvido por uma camada de tecido conjuntivo, a
adventícia, que se mistura, com o tecido conjuntivo circundante.
Estômago
O estômago, similarmente ao intestino delgado, é um órgão que exerce funções
exócrinas e endócrinas, digerindo o alimento e secretando hormônios. Trata-se de um
segmento dilatado do trato digestório, cuja função principal é transformar este bolo
alimentar em uma massa viscosa (quimo).
No estômago são identificadas quatro regiões: cárdia, fundo, corpo e piloro. As regiões
do fundo e corpo possuem estrutura microscópica idêntica e, portanto, histologicamente
apenas três regiões são consideradas.
O estômago vazio apresenta pregas da mucosa gástrica, ou rugas, cobertas por fossetas
ou fovéolas gástricas.
Mucosa
O epitélio que recobre a superfície do estômago é cilíndrico simples com células
secretoras de muco. Esse epitélio sofre invaginações em direção à lâmina própria,
formando as fossetas gástricas. No fundo dessas fossetas, na lâmina própria, se abrem
muitas glândulas pequenas, que são estruturalmente diferentes dependendo da região
considerada.
A lâmina própria do estomago é composta por tecido conjuntivo frouxo contendo fibras
colágenas e reticulares, já as fibras elásticas são raras. Separando a mucosa da
submucosa adjacente existe uma camada de músculo liso. A muscular da mucosa.
Região cárdia
A cárdia é uma banda circular estreita, com cerca de 1,5 a 3,0 cm de largura, na
transição entre o esôfago e estômago. Sua mucosa contém glândulas tubulares
enoveladas que se abrem nas fossetas gástricas, denominadas glândulas da cárdia. Suas
células secretoras produzem muco e lisozima, mas algumas poucas células produtoras
de H e Cl, também podem ser encontradas.
Fundo e corpo
A lâmina própria da região do corpo e fundo está preenchida por glândulas tubulares
ramificadas (glândulas fúndicas) das quais três a sete abrem-se no fundo de cada fosseta
gástrica. As glândulas possuem três regiões distintas: istmo, colo e base. A distribuição
dos diferentes tipos celulares epiteliais nas glândulas gástricas não é uniforme. O istmo
possui células mucosas em diferenciação que substituirão as células da fosseta e as
superficiais, células-tronco indiferenciadas e células oxínticas (parietais); o colo contêm
as células mucosas do colo, células-tronco mitoticamente ativas e células parietais; e a
base, representando a maior parte da glândula, contém principalmente células
parietais e zimogênicas.
As células mucosas superficiais revestem a superfície da mucosa gástrica e das fossetas
gástricas. As células enteroendócrinas estão distribuídas pelo colo e base das glândulas.
As glândulas fúndicas possuem cinco tipos celulares principais: (1) células mucosas do
colo, (2) células principais ou zimogênicas, (3) células parietais ou oxínticas, (4) células
tronco, e (5) células enteroendócrinas ou gastroenteroendócrinas (também denominadas
células enterocromafins, devido a sua afinidade de coloração por sais ácidos de cromo).
A mucosa gástrica do corpo e fundo possui duas classes de células produtoras de muco:
(1) as células mucosas superficiais, que revestem as fossetas, e (2) as células mucosa do
colo, localizadas na abertura da glândula fúndica na fosseta.
superfície dos enterócitos do íleo e é transportado para o fígado pela circulação porta.
Células zimogênicas ou principais
Predominam na região inferior da glândula fúndica. As células principais não estão
presentes nas glândulas cárdicas e raramente são encontradas no antro pilórico. A
células principais possuem todas as características de células que sintetizam e exportam
proteínas. Sua basofilia se deve ao retículo endoplasmático rugoso abundante. Secretam
a enzima inativa pepsinogênio que é rapidamente convertido na enzima pepsina após ser
secretado no ambiente ácido do estômago. Em humanos, as células zimogênicas
também produzem a enzima lipase. A exocitose do pepsinogênio é rápida e estimulada
pela alimentação (após jejum).
Células enteroendócrinas
Presentes na mucosa desde o estomago até o cólon (intestino grosso), sintetizam
hormônios peptídicos os quais regulam várias funções no sistema digestório e nas
glândulas associadas. São encontradas principalmente próximo à base das glândulas
gástricas.
Piloro
O piloro possui fossetas gástricas profundas, nas quais as glândulas pilóricas se abrem.
Comparada à região cárdia, a região pilórica possui fossetas mais longas e glândulas
mais curtas. Estas glândulas secretam muco, assim como quantidades apreciáveis de
lisozimas. A região pilórica apresenta muitas células enteroendócrinas secretoras de
gastrina, intercaladas com células mucosas.
A camada muscular é composta por fibras musculares lisas orientadas em três direções
principais. A camada externa é longitudinal, a média é circular e a interna é obliqua. No
piloro, a camada média encontra-se muito mais espessa para formar o esfíncter pilórico.
O estômago é revestido por uma membrana serosa delgada.
Contrações da túnica muscular estão sob o controle dos gânglios do plexo nervoso
autônomo (plexo mioentérico de Auerbach), localizados entre as camadas de músculos.
Intestino Delgado
O intestino delgado é o sítio terminal de digestão dos alimentos, absorção de nutrientes
e secreção endócrina.
Mucosa
A mucosa do intestino delgado apresenta várias estruturas que aumentam a sua
superfície, aumentando assim a área disponível para a absorção de nutrientes, são elas:
(1) as pregas circulares, (2) as vilosidades ou vilos intestinais, (3) as glândulas
intestinais e (4) os microvilos na superfície apical das células do epitélio de
revestimento (enterócitos).
Uma prega circular é uma prega permanente formada pela mucosa e pela submucosa
envolvendo o lúmen do intestino. Essas pregas são mais desenvolvidas no jejuno.
Os vilos intestinais são projeções digitiformes da mucosa, cobrindo totalmente a
superfície do intestino delgado. O epitélio que reveste os vilos se entende
profundamente na mucosa, formando criptas que terminam na camada muscular da
mucosa. O comprimento dos vilos depende do grau de distensão da parede intestinal e
da contração das fibras musculares lisas dos vilos. Entre os vilos existem pequenas
aberturas de glândulas tubulares simples denominadas de glândulas intestinais ou criptas
de Lieberkunh.
A camada muscular da mucosa é o limite entre a mucosa e a submucosa. A túnica
muscular é formada por uma camada de músculo liso circular interna e por uma camada
de músculo liso longitudinal externo. A túnica muscular é responsável pela segmentação
e pelos movimentos peristálticos do conteúdo do intestino delgado. A serosa, uma fina
camada de tecido conjuntivo recoberta por um epitélio pavimentoso simples ou
mesotélio, forma o peritônio visceral. O peritônio parietal recobre a superfície interna da
parede abdominal.
Lâmina própria à
serosa
A lâmina própria do intestino delgado é composta por tecido conjuntivo frouxo com
vasos sanguíneos e linfáticos, fibras nervosas e fibras musculares lisas que preenche a
vilosidade intestinal.
A muscular da mucosa não apresenta qualquer peculiaridade nesse órgão. A submucosa
contém, na porção inicial do duodeno, grupos de glândulas tubulares enoveladas
ramificadas que se abrem nas glândulas intestinais. Estas são as glândulas duodenais ou
glândulas de Brunner, secretoras de um muco alcalino que protege a mucosa duodenal
contra os efeitos da acidez do suco gástrico e neutraliza o pH do quimo, aproximando-o
do pH ótimo para a ação das enzimas pancreáticas.
A lâmina própria e a submucosa do intestino delgado contêm agregados de nódulos
linfoides conhecidos como placa de Peyer, um importante componente do tecido
linfoide associado ao trato digestivo. Cada placa consiste em 10-200 nódulos e é visível
a olho nú como uma área oval no lado antimesentérico do intestino. Existem
aproximadamente 30 placas em humanos, a maioria no íleo.
Duodeno: (1) Ele possui glândulas de Brunner na submucosa, (2) os vilos são largos
e curtos (em formato de folha), (3) o duodeno é envolto por uma serosa incompleta
é por uma extensa adventícia, (4) o duodeno recebe a bile e as secreções do
pâncreas transportadas pelo ducto biliar comum (ducto colédoco) e pelo ducto
pancreático, respectivamente. O esfíncter de Oddi está presente na porção ampular
terminal dos dois ductos convergentes. (5) A base das criptas de Lieberkuhn pode
conter células de Paneth.
Jejuno: (1) Ele possui longos vilos digitiformes e um vaso quilífero bem
desenvolvido no eixo do vilo. (2) O jejuno não contém glândulas de Brunner na
submucosa. (3) A lâmina própria pode apresentar placas de Peyer, embora não
sejam dominantes. As placas de Peyer são estruturas características do íleo. (4) As
células de Paneth são encontradas na base das criptas de Lieberkunh.
Íleo: possui uma proeminente característica para o seu diagnóstico: as placas de
Peyer, conjuntos de grandes folículos linfoides encontrados na mucosa e
submucosa. A ausência de glândulas de Brunner na submucosa e a presença de vilos
digitiformes mais curtos- quando comparados com os vilos do jejuno- são
características adicionais do íleo. Assim como no jejuno, as células de Paneth são
encontradas na base das criptas de Lieberkuhn.
Intestino grosso
O intestino grosso é formado pelo (1) ceco e apêndice associado, (2) pelo cólon
ascendente, transverso e descendente, (3) colon sigmoide, (4) pelo reto e (5) pelo ânus.
Sua principal função é a absorção de água e formação da massa fecal. A absorção de
água é passiva, seguindo o transporte ativo de sódio pela superfície basal das células
epiteliais.
As pregas circulares e as vilosidades intestinais não são observadas após a válvula
íleocecal. A mucosa do intestino grosso é revestida por um epitélio cilíndrico simples
formado por enterócitos e muitas células caliciformes, produtoras de muco. Os
enterócitos tem microvilos apicais curtos. Um das principais funções dos enterócitos no
intestino grosso é o transporte de água e íons. Os produtos secretados pelas células
caliciformes lubrificam a superfície da mucosa.
https://www.unifal-mg.edu.br/histologiainterativa/sistema-digestorio/