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Diagnóstico de tireoidopatias na APS

No hipotireodismo, a suspeita clínica é levantada com base no quadro clínico, contudo, a


confirmação diagnóstica se dá laboratorialmente, haja vista a inespecificidade da
sintomatologia. É necessário que seja feito, de início, uma investigação por meio da dosagem
do TSH. Há três cenários possíveis diante do resultado:

 TSH elevado: Repetir TSH e proceder com dosagem de T4 livre ou total a fim de


confirmar hipotireoidismo primário;

 TSH normal + quadro clínico típico: Repetir TSH e proceder com dosagem de T4 livre
ou total a fim de confirmar hipotireoidismo secundário de causa central;

 Hormônio tireoestimulante reduzido: Repetir TSH e proceder com dosagem T3 e T4


livres para averiguar hipertireoidismo.

No hipertireoidismo a investigação deve ser iniciada por meio da dosagem do TSH e T4 livre ou
total. Há três cenários possíveis diante do resultado: 

 Quadro clínico típico + TSH reduzido + T4 elevado: Diagnóstico de hipertireoidismo


primário bem definido

 Quadro clínico típico + TSH reduzido + níveis normais de T4: Solicitar dosagem de T3 a


fim de confirmar hipertireoidismo

 T3 elevado: Também caracteriza hipertireoidismo

 T3 normal: Configura-se hipertireoidismo subclínico, que deve ser confirmado com


repetição da dosagem de TSH.

Questões de tireoidopatias na prova de residência médica

Questão 1 

1. Homem, 67a, refere dispneia aos esforços, batedeira, ansiedade, queimação


retroesternal e emagrecimento não intencional de 5 kg, apesar de bom apetite, há um
mês. Refere dificuldade para dormir e aumento do hábito intestinal para três vezes por
dia. Antecedente pessoais: infarto do miocárdio há dois anos, em uso regular de
captopril 150mg/dia, amiodarona 100 mg/dia, atorvastatina 40 mg/dia e AAS 100
mg/dia. Exame físico: PA= 152×96 mmHg; FC= 96 bpm; T= 37,3ºC; FR= 16 irpm;
Oximetria de pulso (ar ambiente)= 95%. A CONDUTA É (UNICAMP – FACULDADE DE
CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP, 2022)

1. Realizar ecocardiograma

2. Dosar hormônio estimulante da tireoide

3. Realizar cateterismo

4. Dosar cálcio sérico

Comentário da questão 

O paciente tem sintomas compatíveis com tireotoxicose e tem motivo para tal (uso de
amiodarona), portanto o primeiro passo é confirmar a alteração hormonal, e diante da suspeita
de quaisquer disfunções primárias na tireoide, seja tireotoxicose ou hipotireoidismo, o TSH
(hormônio tireoestimulante) é o exame mais sensível.

Questão 2

2. Leia o caso clínico a seguir. Paciente de 25 anos, do sexo feminino, refere ganho de peso
excessivo nos últimos anos e acredita ser por alteração em tireoide. Refere indisposição,
fraqueza, queda de cabelo e unhas quebradiças. Faz uso de anticoncepcional oral. Ao exame
físico: PA: 130/85 mmHg, FC 85 BPM, peso 85 kg, altura 1,55 m. Exames laboratoriais: TSH – 5,6
(VR 0,3 a 4,5), T4 livre – 0,96 ng/dl (VR 0,85 a 1,5ng/dl), Hb 11,7 g/dl (VR 12 a 16 g/dl) VCM 75
fl (VR 80 a 100 fl), HCM 26 pg (VR 26 a 32 pg), leucócitos 6800 (VR 4000 a 11000), plaquetas
275000, CT 210, LDL 150, HDL 35, TGL 180. Nesse caso, em relação ao diagnóstico, sabe-se que
(HCG – HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE GOIÁS, 2022):

1. A presença de sintomas compatíveis com hipotireoidismo associada a um exame de


TSH acima do valor referencial confirma o diagnóstico e indica a reposição imediata de
levotiroxina para evitar piora do quadro clínico.

2. Seria necessário repetir a dosagem de TSH e, caso o valor seja confirmado, o


tratamento com levotiroxina deve ser iniciado, já que a paciente está sintomática.

3. não podemos confirmar o diagnóstico de hipotireoidismo pois, os sintomas relatados


pela paciente podem ter outras causas e é possível que a alteração do TSH seja
secundária à própria obesidade.

4. antes de iniciar o tratamento é necessário dosar o selênio e o iodo, pois pode ser
necessário tratamento prévio com lugol e selênio em caso de deficiências confirmadas.

Comentário da questão

Todos estes achados são sugestivos de um quadro de hipotireoidismo, que é um estado clínico
resultante de uma redução da quantidade de hormônios da glândula tireoide para suprir as
funções orgânicas de forma adequada. Pela queda dos hormônios tireoidianos na circulação
sanguínea, há um aumento do hormônio tireoestimulante (TSH) através de feedback negativo.
Essa queda também favorece uma diminuição no metabolismo basal do paciente, que se
apresenta mais hipoativo e com redução do gasto energético diário, contribuindo com ganho
de peso.

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