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Sistema Digestivo
10. Rever as estruturas do tracto gastrointestinal.
No sistema digestivo, o alimento é dividido e os nutrientes são absorvidos, os resíduos podem ser
recolhidos ou eliminados, vitaminas são sintetizadas e enzimas são produzidas. O trato gastrointestinal (GI)
está cada vez mais a ser reconhecido como um órgão endócrino que produz e aumenta hormonas que
contribuem para a regulação do apetite, para a ingestão de nutrientes e função do uso e armazenamento dos
mesmos. Existem três grupos de hormonas: gastrina, colecistoquinina (CCK), e secretinas - pode afetar o trato
GI de várias maneiras tais como via endócrina, parácrina e neurócrina. O trato GI possui múltiplas células
especializadas intercaladas no tecido GI que secretam esses tipos de hormonas. Difere portanto da tiroide já
que esta é constituída principalmente por coleções densas de células especializadas.
O trato gastrointestinal é também referido como trato digestivo, canal alimentar, e por vezes, intestino.
A porção intestinal também pode ser chamada de intestino. O fígado e o pâncreas produzem secreções que
auxiliam a digestão e são considerados órgãos acessórios.
As principais funções fisiológicas do sistema gastrointestinal são digerir alimentos e absorver nutrientes
para a corrente sanguínea. Este desempenha estas funções através da motilidade, secreção, digestão e
absorção. No aparelho digestivo, alimentos e outros materiais movem-se lentamente ao longo de todo o seu
comprimento, onde eles são sistematicamente divididos em iões e moléculas e posteriormente podem ser
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absorvidos ao longo de todo o corpo. No intestino grosso, os nutrientes não absorvidos, bem como os resíduos
são recolhidos para posterior eliminação. Estruturalmente, o trato GI é um tubo comprido com um lúmen (isto
é, possui centro oco) começando no esófago e terminando no reto (fig. 44.1). Os nutrientes para pertencerem
ao ambiente interno (corrente sanguínea e linfática) têm que passar através da parede intestinal. O trato GI
pode ser dividido em três partes:
1. Parte superior boca, esófago e estômago funciona como uma fonte de ingestão e é a via por
onde o alimento passa, onde já começam a existir processos de digestão embora que iniciais.
2. Parte média duodeno, jejuno e íleo é onde a maioria dos processos digestivos e a absorção
ocorre.
3. Segmento inferior ceco, cólon e reto serve como um canal de armazenamento para uma
eliminação eficiente dos resíduos.
Os órgãos acessórios, que incluem as glândulas salivares, fígado e pâncreas, produzem secreções que ajudam
na digestão.
Esófago
O esófago é um tubo flexível linear com cerca de 25 cm de comprimento. Este encontra-se por detrás
da traqueia e liga a orofaringe com o estômago. A principal função do esófago é servir como canal para a
passagem dos alimentos a partir da faringe até ao estômago. As camadas musculares lisas fornecem os
movimentos peristálticos necessários ao transporte dos alimentos ao longo de todo o seu comprimento. Além
disso, as mucosas e glândulas submucosas secretam muco, que protege a superfície e auxilia na lubrificação
do alimento.
Estômago
O estômago é uma estrutura pouchlike (em forma de bolsa) que se encontra no lado esquerdo do abdómen e
serve como um reservatório para o armazenamento de alimentos durante as fases iniciais da digestão. O
esófago abre-se para o estômago através de uma abertura chamada orifício cardíaco (denominado assim por
causa da sua proximidade com o coração). A pequena parte do estômago que rodeia o orifício cardíaco é
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denominada região cardíaca. A região em forma de cúpula acima da região cardíaca é chamada de fundo, a
porção média é chamada de corpo, e a parte em forma de funil que se liga com do intestino delgado é chamada
a região pilórica (fig. 44.2). A parte mais larga e superior da região pilórica, o antro, estreita-se para formar o
canal pilórico pois aproxima-se do intestino delgado. No final do canal pilórico, a camada circular de músculo
liso engrossa para formar o esfíncter pilórico. Este músculo serve como uma válvula que controla a velocidade
de esvaziamento do estômago e impede o refluxo do conteúdo intestinal novamente para dentro do
estômago.
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descendente estende-se desde a flexura cólica ao reto. O reto estende-se do cólon sigmóide ao ânus. O canal
anal passa entre as duas fronteiras mediais dos músculos elevadores do ânus. Os músculos do esfíncter
impossibilitam a incontinência fecal.
Primeira Camada
A mucosa interior (primeira) camada é constituída por epitélio de revestimento, tecido conjuntivo subjacente
chamado de lâmina própria e camada muscular, composta por células de músculo liso que podem contrair,
mudar a sua forma e a área de superfície da mucosa. A camada mucosa executa várias funções em o seu papel
como uma interface entre o corpo e o ambiente, incluindo:
Segunda Camada
A submucosa (segunda) camada consiste em tecido conjuntivo denso agregado a tecido adiposo. Esta
contém os vasos sanguíneos, nervos e estruturas responsáveis pela secreção das enzimas digestivas. As
glândulas submucosas secretam diretamente para o lúmen das glândulas mucosas ou através de condutas que
passam através da mucosa para a superfície luminal.
Terceira Camada
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A terceira camada, a muscular externa, é constituída por uma camada interior de células musculares
lisas dispostas circularmente e uma camada exterior de células musculares lisas dispostas longitudinalmente,
as quais facilitam o movimento do conteúdo do trato GI.
Quarta camada
A quarta camada serosa é uma membrana serosa constituída por mesotélio, que possui uma camada
de epitélio escamoso simples, e tecido conjuntivo subjacente. Esta é a camada mais externa (também
conhecido como peritoneu visceral) dos órgãos que estão suspensos na cavidade peritoneal. Esta é contínua
com o peritoneu parietal e com os mesentérios que compõem a parede abdominal ventral e dorsal.
O peritoneu é a maior membrana serosa do corpo, tendo uma área de superfície aproximadamente
igual à da pele. O peritoneu é composto por duas camadas contínuas, o peritónio visceral e o peritónio parietal
(que revestem a parede da cavidade abdominopélvica). Entre as duas camadas encontra-se a cavidade
peritoneal, que contém um espaço com o fluido que é secretado pelas membranas serosas. Este líquido seroso
forma uma húmida e escorregadia que evita o atrito entre as estruturas abdominais que se encontram em
movimento contínuo.
O mesentério é a camada dupla de peritónio que abrange uma porção ou a totalidade das vísceras
abdominais e atribui-o à parede abdominal (fig. 44.4A). O mesentério contém os vasos sanguíneos, nervos e
vasos linfáticos que fornecem a parede intestinal (fig. 44.4B). Ele também mantém os órgãos no lugar e
armazena gordura. Existe mesentério dorsal, bem como ventral. No entanto, na maioria dos lugares, o
mesentério é dorsal e é este que se prende à parede abdominal posterior. O mesentério do jejuno e íleo é
formado por dobras que se ligam à parede abdominal dorsal ao longo de uma pequena linha de inserção. Isto
dá uma aparência em forma de leque, com os intestinos na borda.
Um omento é uma extensão do peritoneu ou uma prega dupla em camadas, que passa a partir do
estômago ou numa parte proximal do duodeno, para órgãos adjacentes na cavidade abdominal ou para a
parede abdominal. O omento maior estende-se a partir do estômago para cobrir o cólon transverso e as
dobras do intestino. O omento menor estende-se entre a fissura transversal do fígado e a curvatura menor do
estômago (fig. 44.4C). O omento maior contém sempre alguma gordura, que pode ser uma quantidade
considerável em algumas pessoas obesas. O omento maior tem mobilidade considerável e move-se em torno
da cavidade peritoneal aquando dos movimentos peristálticos do intestino. Por vezes forma adesões (isto é,
faixas de tecido cicatricial fibroso) adjacentes aos órgãos inflamados, como o apêndice, compartimentando a
infeção e, assim, impedindo a sua propagação. O omento maior também amortece os órgãos abdominais
contra lesões e proporciona isolamento contra a perda de calor do corpo.
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Motilidade intestinal
Organizada para otimizar a digestão e absorção de nutrientes e a propulsão de material não
digerido para o cólon;
Movimentos peristálticos misturam a comida ingerida com enzimas digestivas e secreções e
fazem circular o conteúdo intestinal para facilitar o contacto com a mucosa intestinal;
A regulação da motilidade resulta de uma interação do sistema (1) entérico e (2) do sistema
nervoso autónomo e da atividade intrínseca pacemaker (3) das células do músculo liso
intestinal.
Todo o tecido contráctil no tracto GI é um músculo liso, excepto que na faringe, no terço superior do
esófago, e no esfíncter anal externo.
Embora o músculo liso encontrado em cada região do trato GI apresente diferenças estruturais e
funcionais, determinadas propriedades básicas são comuns a todas as células musculares.
Todo o músculo liso do trato GI é músculo liso unitário (unitário: as suas fibras estão agregadas em
lâminas ou feixes e suas membranas celulares aderem entre si, em múltiplos pontos, de modo que a
força gerada em uma fibra muscular pode ser transmitida à seguinte).
Vias de baixa resistência, chamadas de junções comunicantes (gap junctions),acoplam eletricamente
as células. Isto permite que os sinais elétricos que iniciem contrações musculares para mover
rapidamente a partir de uma fibra para a próxima dentro de cada feixe.
Como as células auto-excitáveis do músculo cardíaco, algumas células musculares lisas do trato
gastrointestinal funcionam como células pacemaker. As células intersticiais de Cajal que são
encontradas em grupos entre as camadas de tecido de músculo liso hipoteticamente funcionam como
pacemakers. Estas células apresentam oscilações espontâneas e rítmicas no potencial de membrana,
chamadas ondas lentas (slow-wave), que variam em frequência desde cerca de 3 por minuto no
estômago a 12 por minuto no duodeno e a 8 ou 9 por minuto no íleo. A amplitude e, em menor
medida, a frequência das ondas lentas pode ser modulada pelo sistema nervoso entérico, que se situa
inteiramente no interior da parede do trato GI, e por divisões simpáticas e parassimpáticas do ANS
(sistema nervoso autónomo?).
Além disso, um certo número de peptídeos, incluindo neurotransmissores e hormonas
gastrointestinais, ajudam na regulação da motilidade gastrointestinal.
Em geral:
- Atividade do sistema nervoso simpático - diminui a amplitude das ondas lentas ou elimina-as
completamente.
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Músculo liso intestinal tem uma atividade de ondas lentas intrínseca. Pensa-se que esta atividade
reside numa rede de células de pacemaker especializadas, as células intersticiais de Cajal que são, interpostas
entre as células do músculo liso.
As ondas lentas não são os potenciais de ação, e elas não induzem diretamente contração muscular;
em vez disso, elas são oscilações rítmicas, semelhantes a ondas (wavelike), do potencial de membrana que
trazem ciclicamente a membrana mais perto do limiar.
Se o de pico voltagem da onda lenta excede potencial limiar da célula, um ou mais potenciais de ação
pode ser desencadeados. Como os potenciais de ação ocorrem no pico de uma onda suave, a frequência das
ondas lentas determina a taxa de frequência das contrações do músculo liso.
O alongamento da musculatura lisa intestinal e a estimulação do sistema nervoso parassimpático
aumenta a excitabilidade das células do músculo liso, ao passo que a estimulação simpática diminui a
excitabilidade.
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O sistema GI tem seu próprio sistema nervoso, o sistema nervoso entérico. O sistema
nervoso entérico é composto principalmente por dois plexos: o plexos mioentérico e o submucoso
localizados na parede do trato gastrointestinal.
Estes dois plexos são redes de fibras nervosas e corpos celulares ganglionares (do
gânglio?). Os interneurónios nos plexos conectam fibras aferentes sensoriais, neurónios motores
eferentes e células secretoras, para formar circuitos reflexos que estão localizados
exclusivamente na parede do trato gastrointestinal.
A atividade dos neurônios nos plexos é regulada por influências locais, pelo (“input”) ANS (sistema
nervoso autónomo), e por fibras interconectantes que transmitem informações entre os dois
plexos.
Mecanorreceptores monitorizam
o estiramento e distensão da
parede do trato GI, e os
quimiorreceptores controlam a
composição química (isto é, a
osmolalidade, pH, e produtos da
digestão da proteína e do
metabolismo da gordura) do seu
conteúdo. Estes recetores podem
comunicar diretamente com as
células ganglionares nos plexos
intramurais ou com fibras
aferentes viscerais que
influenciam o controlo da função
GI pelo ANS.
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- A inervação parassimpática para o estômago, intestino delgado, ceco, cólon ascendente, cólon transversal
ocorre através do nervo vago. A restante parte do cólon é inervada por fibras parassimpáticas que saem os
segmentos sacral da medula espinal através de nervos pélvicos.
Fibras parassimpáticas pré-ganglionares podem fazer sinapse com neurónios do plexo intramural, ou
podem agir diretamente no músculo liso intestinal (os neurônios pós-ganglionares estão localizados
principalmente no plexo mioentérico e da submucosa) Além disso, estes mesmos feixes nervosos possuem
muitos nervos aferentes, cujos recetores encontram-se dentro dos vários tecidos do intestino. Os seus nervos
“projetam-se” para a medula espinhal e para o cérebro para fornecerem estímulos sensoriais que serão
integrados.
- A inervação simpática ocorre através da cadeia torácica de gânglios simpáticos e pelos gânglios celíaco,
mesentérico superior, e mesentérico inferior (a inervação simpática é fornecida pelos nervos que estão entre
a medula espinhal e os gânglios pré-vertebrais e entre estes gânglios e o intestino). O sistema nervoso
simpático exerce vários efeitos sobre a função gastrointestinal (estimulação maioritariamente inibitória):
Controla a extensão da secreção de muco pelas glândulas mucosas (reduz secreção);
Reduz a motilidade por inibição da atividade dos neurónios do plexo intramural;
Melhora a função do esfíncter;
Aumenta o tónus do músculo liso vascular dos vasos sanguíneos que fornecem o trato GI.
O efeito de estimulação simpática é o bloqueio da libertação
dos neuromediadores excitatórios nos plexos intramurais,
inibindo a motilidade gastrointestinal.
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Motilidade gástrica
- A mistura peristáltica e contrações agitadas (turbulentas? churning) começam numa área pacemaker
no meio do estômago e avançam em direção ao antro. Elas ocorrem com uma frequência de três a cinco
contrações por minuto, cada uma com duração de 2 a 20 segundos.
- À medida que a onda se aproxima do antro peristáltico, ela empurra o bolo alimentar para o piloro
que se encontra fechado. A contração do antro inverte o movimento do quimo, levando (retornando) as
partículas maiores para o corpo do estômago para posterior agitação e amassamento.
- Como o piloro está contraído durante a contração antral, os conteúdos gástricos são esvaziados para
o duodeno entre as contrações.
- O esfíncter pilórico impede o refluxo do conteúdo gástrico e permite que este prossiga para o
duodeno a uma taxa proporcional à capacidade do duodeno em aceitá-lo. Isto é importante porque a
regurgitação de sais biliares e conteúdo duodenal pode danificar a superfície da mucosa do antro e conduzir
a úlceras gástricas. Da mesma forma, a mucosa duodenal pode ser danificada pelo influxo rápido do conteúdo
gástrico altamente ácido.
Como outras partes do trato GI, o estômago é ricamente inervado pelo sistema nervoso entérico pelas
suas conexões com o sistema nervoso simpático e parassimpático. Os axônios dos plexos intramurais inervam
os músculos lisos e glândulas do estômago. A inervação parassimpática é feita pelo nervo vago e inervação
simpática pelo gânglio celíaco.
O esvaziamento do estômago é regulado por mecanismos hormonais e neurais. As hormonas CCK e o
polipéptido insulinotropico dependente de glucose (GIP - glucosedependent insulinotropic polypeptide)
(anteriormente conhecido como péptido inibitório gástrico), que se pensam que controlem em parte o
esvaziamento gástrico, são libertados em resposta ao pH, á osmolalidade, e á composição de ácidos gordos
do quimo.
Tanto os circuitos locais como os centrais estão envolvidos no controlo neural do esvaziamento
gástrico. Fibras recetoras aferentes fazem sinapse com os neurónios do plexo intramural ou provocam reflexos
intrínsecos através de percursos vagais ou simpáticos que participam reflexos extrínsecos.
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O intestino delgado é o local principal para a digestão e a absorção de alimentos. Os seus movimentos
são de mistura e propulsão. Existem dois padrões de contrações no intestino delgado – contrações de
segmentação e peristálticas.
Com as ondas de segmentação, contrações lentas da camada muscular circular ocludem o lúmen e
conduzem o conteúdo para a frente e para trás (Fig. 44.7A). A maior parte das contrações que produzem ondas
de segmentação são acontecimentos locais que envolvem apenas 1 a 4 cm de intestino de cada vez. Eles
funcionam principalmente para misturar o quimo com as enzimas digestivas do pâncreas e para assegurar a
adequada exposição de todas as partes do quimo com a superfície da mucosa do intestino delgado, onde a
absorção acontece. A frequência da atividade segmentação aumenta após uma refeição. Presumivelmente, é
estimulada pelos recetores no estômago e no intestino.
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O primeiro tipo de movimentos são movimentos de mistura segmentares. Estes movimentos são
chamados agitação haustral porque ocorrem dentro de compartimentos, chamados haustra. Estes
movimentos envolvem enchimento e a expelição do conteúdo da haustra, o que assegura que todas as
porções da massa fecal são expostas à superfície intestinal.
Em segundo lugar estão os movimentos de massa propulsivos, em que um grande segmento do cólon
(≥20 cm) contrai como uma unidade, movendo o conteúdo fecal para a frente como uma unidade. Os
movimentos de massa duram aproximadamente 30 segundos, seguidos por um período de 2 a 3 minutos de
descanso, após o qual ocorre outra contração. Uma série de movimentos de massa dura apenas 10 a 30
minutos e pode ocorrer apenas várias vezes por dia.
O esfíncter externo, que é composto por músculo estriado voluntário, circunda (rodeia, cobre) o
esfíncter interno. O esfíncter externo é controlado por fibras nervosas do nervo pudendo, que faz parte do
sistema nervoso somático e, por conseguinte, sob o controlo voluntário.
Um destes reflexos é o reflexo mientérico intrínseco mediado pelo sistema nervoso entérico local. É
iniciado por distensão da parede retal, com iniciação de ondas peristálticas reflexas que se espalham através
do cólon descendente, cólon sigmóide e reto.
Para evitar que a defecação involuntária ocorra, o esfíncter anal externo está sob o controlo
consciente do córtex. Como os impulsos aferentes chegam ao nervo sacral (sacral cord? plexo?), sinalizando
que o reto se encontra distendido, as mensagens são transmitidas para o córtex. Se a defecação é inadequada,
o córtex inicia impulsos que contraem o esfíncter externo e inibem a atividade parassimpática eferente.
Normalmente, os impulsos aferentes neste arco reflexo (reflex loop) fatigam-se facilmente, e a vontade de
defecar rapidamente cessa. Num momento mais conveniente, a contração dos músculos abdominais
comprime o conteúdo no intestino grosso, reiniciando impulsos aferentes para o nervo?(cord).
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Em suma:
Motilidade do tracto GI impulsiona produtos e fluidos de alimentos ao longo de seu
comprimento da boca ao ânus;
A atividade do músculo liso gastrointestinal é auto-propagável e pode continuar sem a
participação do sistema nervoso. No entanto, uma rede de neurónios intramurais que
recebem a inervação do ANS e recetores locais que monitorizam o estiramento da
parede e a composição química do conteúdo luminal, regulam a taxa (rate/frequência) e
a força contrações.
A inervação parassimpática ocorre através do nervo vago e fibras nervosas de
segmentos sacrais da medula espinhal. Esta inervação aumenta a motilidade GI.
A atividade simpática ocorre através da saída toracolombar da medula espinhal; o seu
gânglio paravertebral; e celíaca, mesentérica superior, e gânglios da mesentérica
inferior.
A estimulação simpática aumenta a função do esfíncter e diminui a motilidade pela
inibição da atividade dos neurónios do plexo intramural.
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A ação de muitas destas hormonas sobrepõe-se (ex: duas ou mais hormonas podem afetar o mesmo
processo GI na mesma direção ou inibindo-se mutuamente). (VER hormonas e funções respetivas na TABELA
44.1).
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Secreções Gastrointestinais
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Todos os dias, aproximadamente 7000mL de fluido é secretado para o TGI (VER TABELA 44.2). Cerca
de 100-200mL de fluído são excretados nas fezes. O restante é absorvido nos intestinos delgado e grosso.
Estas secreções são maioritariamente água com concentrações de sódio e potássio semelhantes às do fluído
extracelular. Como a água e os eletrólitos das secreções do TGI ão derivadas dos fluídos extracelulares, uma
secreção excessiva ou absorção inadequada podem provocar um défice nos fluídos extracelulares.
As funções secretoras e digestivas do intestino são influenciadas por fatores locais, humorais e neurais.
O controlo neural da secreção no TGI é mediado pelo SNAutónomo. A atividade secretora, tal como a
motilidade, é aumentada pela estimulação parassimpática e inibida pela atividade simpática. Muitas das
influencias locais, incluindo pH, osmolaridade e o quimo, agem como estimulantes dos mecanismos neurais e
humorais.
SECREÇÕES SALIVARES
Funções da Saliva:
1. Proteção e Lubrificação – a saliva é rica em muco que protege a mucosa oral e envolve a comida
enquanto passa pela boca, faringe e esófago. As secreções tipo muco são libertadas pelas
glândulas Sublingual e Bucal.
2. Ação antimicrobiana protetora – a saliva limpa a boca e contém lisozima, que tem ação
antibacteriana.
3. Início da digestão – a saliva contém ptialina (forma de amílase encontrada na saliva humana e de
alguns animais) e amílase que iniciam a digestão de amidos alimentares.
SECREÇÕES GÁSTRICAS
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Células epiteliais secretoras de muco revestem a superfície luminal e os poços gástricos (pits) do
estômago e servem como barreira protetora da superfície de entrada do estômago (FIGURA 44.9). Para além
disso, a mucosa do estômago tem outros tipos de células que secretam subtâncias necessárias à digestão.
Estas incluem:
As células parietais e principais estão localizadas em 80% da zona proximal do estômago (corpo e fundo)
e situadas na base dos poços gástricos (VER FIGURA 44.9).
Existe cerca de 1 bilião de células parietais no estômago, secretoras de ácido clorídrico (HCl) e de fator
intrínseco (este é necessário para a absorção de Vit.B12). As duas funções principais do ácido gástrico são:
destruição química e desinfeção da comida ingerida.
As células princiapais secretam Pépsinigénio, que é convertido rapidamente a Pepsina quando exposto
ao pH ácido das secreções gástricas. A Pepsina é uma enzima que inicia a proteólise ou “destruição” das
proteínas. O antro localiza-se em 20% da zona distal do estâmago. Esta área contém células G, que secretam
Gastrina.
O mecanismo celular para a libertação de HCl pelas células parietais do estômago envolve um
transportados adenosina trifosfatase (ATPase) Hidrogénio(H+)/Potássio (K+) e canais de cloreto (Cl-) localizados
na membrana luminal (VER FIGURA 44.10). Durante o processo de secreção de HCl, o dióxido de carbono (CO2)
produzido no metabolismo aeróbio combina-se com água (H2O) para formar ácido carbónico (H2CO3),
catalisado pela anidrase carbónica. Este (H2CO3), dissocia-se e, H+ e bicarbonato (HCO3-). O H+ é secretado com
o Cl- no estômago e o HCO3- sai da célula para o sangue pela manbrana basolateral.
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o Acetilcolina (ACh) é libertada do nervo vagal que inerva o estâmago e liga-se aos recetores de
ACh nas células parietais.
o A Gastrina é secretada por células G no antro do estômago e atinge as células parietais através
da circulação. Liga-se aos recetores CCK tipo 2 (CCK-2) nas células parietais.
o A Histamina é libertada por células endócrinas especiais na mucosa gástrica e difunde-se para
as células parietais próximas, onde se liga aos recetores de Hitamina-2 (H2). Bloqueadores de
H2 (Cimetidina) são usados no tratamento de úlceras pépticas e refluxo gastroesofágico.
Barreia Mucosa
Uma característica importante do mucosa gástrica é a resistência a secreções altamente ácidas que
ela produz. Em contraste com os fatores estimuladores de ácido discutidos previamente, a Prostaglandina E2,
após ligação com o recetor respetivo, inibe a secreção de ácido e estimula a produção de muco. Assim, é um
importante fator na manutenção da barreira mucosa gástrica.
Contudo, quando a aspirina, AINE’s, Helicobacter pylori, álcool etílico ou sais biliares danificam a
mucosa gástrica, esta barreira é interrompida e os iões de hidrogénio movem-se para dentro do tecido.
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SECREÇÕES INTESTINAIS
O intestino delgado secreta fluídos digestivos e recebe secreções do fígado e pâncreas. Uma extensa
variedade de glândulas produtoras de mucos, as glândulas de Brunner, concentra-se no local onde os
conteúdos do estômago e secreções do fígado e pâncreas entram no duodeno. Estas glândulas secretam
grandes quantidades de muco alcalino que protege o duodeno a partir do teor de ácido gástrico no quimo e
da ação das enzimas digestivas. A atividade das glândulas de Brunner é altamente influenciada pela atividade
do SNAutónomo. A estimulação simpática provoca uma diminuição acentuada na produção de muco,
aumentando a susceptíbilidade à irritação. Como resultado, é 4 vezes mais provável o aparecimento de úlceras
no duodeno que no estômago.
Fluído Seroso (pH 6,5-7,5) – segregado por células especializadas (ex: Criptas de Lieberkuhn) na
mucosa intestinal. Este fluído é produzido com uma taxa de 2000mL/dia. Atua como veículo para
a absorção.
Secreção de Enzimas – constituído por peptidases (enzimas que degradam aminoácidos) e
dissacaridases (enzimas que degradam açúcares) que facilitam a absorção.
Apesar do intestino normalmente não secretar água ou eletrólitos, estas substâncias perdem-se em
grandes quantidades quando o intestino se torna irritado ou inflamado.
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RESUMO
As secreções do TGI incluem Saliva, Fluídos Gástricos, Bílis e Secreções
Pancreáticos e Intestinais.
Os fluídos do TGI, para além de enzimas, também contêm hormonas, como Gastrina,
Grelina, Secretina, CCK e Hormonas Incretinas (GLP-1 e GIP). Estas influenciam o apetite, a
motilidade intestinal, a atividade enzimática e a secreção e ação de hormonas de crescimento,
insulina e glucagon.
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Refluxo Gastroesofágico
Refluxo Gastroesofágico - movimento de recuo do conteúdo gástrico para o esófago, uma doença que
provoca azia ou pirose.
· Os sintomas associados geralmente ocorrem logo depois de comer, são de curta duração, e raramente
causam problemas mais sérios.
O esfíncter esofágico inferior regula o fluxo de alimentos desde o esófago para dentro do estômago.
Mecanismos intrínsecos e extrínsecos funcionam para a manutenção da função anti-refluxo do
esfíncter inferior do esôfago.
· Os músculos oblíquos do estômago, localizados abaixo do esfíncter esofágico inferior, formam uma aba
que contribui para a função anti-refluxo do esfíncter interno. Relaxamento do esfíncter esofágico
inferior é um reflexo do tronco cerebral, mediado pelo nervo vago, em resposta a uma série de
estímulos aferentes.
· Relaxamento transitório com refluxo é comum após as refeições. Distensão gástrica e refeições ricas
em gordura aumentam a frequência de relaxamento. Normalmente, o material refluxado é devolvido
para o estômago por ondas peristálticas secundárias no esófago, e a saliva engolida neutraliza e lava o
refluxo ácido.
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Manifestações clínicas.
Sintoma mais frequente: azia.
· Frequentemente é grave, ocorrendo 30 a 60 minutos após a ingestão.
· Muitas vezes é agravada pela dobra da cintura e decúbito e, geralmente, aliviada pela posição de
sentado.
· A gravidade da azia não é indicativo do grau de lesão da mucosa. Apenas uma pequena percentagem
de pessoas que se queixam de ter azia têm lesão da mucosa.
· Muitas vezes, a azia ocorre durante a noite.
· Antiácidos dão alívio imediato, embora transitória.
O refluxo do conteúdo gástrico também pode produzir sintomas respiratórios tais como asma, tosse
crónica, e laringite, mas é importante notar que a presença destes sintomas, muitas vezes é
multifactorial para além do diagnóstico ou DRGE.
· Os mecanismos propostos de asma e tosse crónica associada a refluxo são: microaspirações e
macroaspiração, lesões da laringe e broncoespasmo mediado pelo vago.
Figura 1.
Tratamento
Medidas não farmacológicas:
· Evitar posições e condições que aumentem o refluxo gástrico.
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· Evitar grandes refeições e alimentos que reduzem o tónus do esfíncter esofágico (por exemplo,
cafeína, gorduras, chocolate), álcool e tabagismo.
· As refeições devem ser feitas sentado e a posição de decúbito ser evitada por várias horas após uma
refeição.
· Dobrar por longos períodos deve ser evitado, pois tende a aumentar a pressão intra-abdominal e
causar refluxo gástrico.
· Dormir com a cabeça elevada ajuda a evitar o refluxo durante a noite.
· A perda de peso é geralmente recomendada em pessoas com excesso de peso.
Medidas farmacológicas:
· Antiácidos ou uma combinação de anti-ácidos e ácido algínico.
Ácido algínico produz uma espuma quando entra em contato com o ácido gástrico; Se ocorre o refluxo, é a
espuma e não o ácido que sobe para o esófago.
Gastrites
Gastrite – inflamação da mucosa gástrica.
Gastrite aguda
Caracterizada por um processo inflamatório da mucosa aguda, geralmente, de natureza transitória.
· A inflamação pode ser acompanhado por emese, dor, e, nos casos mais graves, hemorragia e
ulceração.
· Esta forma erosiva é uma importante causa de hemorragia aguda gastrointestinal.
Associada a:
· Irritantes locais, como a aspirina ou outros AINEs doentes podem ser totalmente inconscientes da
condição ou podem queixar-se apenas de azia ou estômago azedo.
· Álcool provoca desconforto gástrico transitório, o que pode levar a vómitos e, em situações mais
graves, sangramento e hematemese (saída de sangue pela boca, proveniente do estômago ou exófago)
· Toxinas bacterianas geralmente tem um início abrupto e violento, com desconforto gástrico e
vômitos que se seguiu aproximadamente 5 horas após a ingestão de uma fonte de alimentos
contaminados
· A administração oral de corticosteróides;
· Qualquer doença grave ou trauma que é acompanhada por um profundo stress fisiológico que requer
tratamento médico ou cirúrgico substancial torna a mucosa gástrica mais vulneráveis a gastrite
hemorrágica aguda por causa de lesão da mucosa (discutido sob úlceras de estresse).
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Gastrite aguda é normalmente uma doença auto-limitante, com uma regeneração completa e a cura ocorre
dentro de vários dias após a remoção do agente agressor.
Gastrite crónica
Gastrite crónica – caracterizada pela ausência de erosões nitidamente visíveis e a presença de alterações
inflamatórias crónicas, levando eventualmente à atrofia do epitélio glandular do estômago.
· Há um aumento de produção de citocinas pró-inflamatórias (IL-6, IL-8) que servem para recrutar
e activam os neutrófilos.
· Várias proteínas de H. pylori são imunogénicas, que evocam uma resposta imunitária intensa na
mucosa.
· Tanto as células T e B pode ser visto na gastrite crónica causada por H. pylori. As células T podem
ser responsáveis pela diminuição da resposta inflamatória constante causada pelas citocinas,
permitindo que o H. pylori mantenha a sua colonização do estómago por longos períodos de
tempo.
· A activação das células B dirigida por células T pode estar envolvido na patogénese de linfomas
gástricos.
o Tratamento:
· Terapia de combinação que inclui a utilização de antibióticos, tais como amoxicilina, tetraciclina,
aminoglicósidos, sais de bismuto ou em combinação com inibidores da bomba de protões tais
como lanzoprazole e omeprazole.
· A combinação de dois ou mais agentes antimicrobianos aumenta as taxas de cura e reduz o risco
de desenvolvimento de estirpes resistentes.
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Gastrite Crónica auto-imune e Multifocal: representa menos de 10% dos casos de gastrite crónica
· Resultado da presença de auto-anticorpos contra componentes das células parietais das
glândulas gástricas e fator intrínseco. Glândula gástrica e a atrofia da mucosa conduz a uma
perda de produção de ácido.
· Nos casos mais graves, a produção de factor intrínseco é perdida, conduzindo a uma deficiência
de vitamina B12 e anemia perniciosa.
· Este tipo da gastrite crónica é frequentemente associada com outras doenças auto-imunes,
tais como tiroidite de Hashimoto, doença de Addison, e a doença de Graves.
Úlceras pépticas
As formas mais comuns de úlcera péptica são úlceras duodenais e gástricas. Aproximadamente 10% da
população tem ou vai desenvolver uma úlcera péptica.
As úlceras duodenais ocorrem 5 vezes mais que as úlceras gástricas, podendo ocorrer em qualquer idade
(a idade máxima tem aumentado. Hoje, é entre os 30 e os 60 anos).
As úlceras gástricas são mais prevalentes entre adultos de meia-idade e mais velhos.
· Para úlceras duodenais, há uma predominância do sexo masculino, enquanto a incidência de
úlceras gástricas é distribuído de forma mais equitativa entre homens e mulheres.
A úlcera péptica pode afetar uma ou todas as camadas do estômago ou duodeno (Fig. 45.6).
· A úlcera pode penetrar apenas a superfície da mucosa, ou pode estender-se às camadas de
músculo liso.
· Ocasionalmente, uma úlcera penetra na parede externa do estômago ou do duodeno. Remissões
espontâneas e exacerbações são comuns. Cura da camada muscular envolve a substituição por
tecido cicatricial.
Embora as camadas mucosas que cobrem o músculo cicatrizado regenerem, essa regeneração não é
completa, o que contribui para episódios repetidos de ulceração.
Etiologia e Patogénese
Ambos prejudicam os mecanismos que
protegem a mucosa gástrica contra os
efeitos destrutivos do ácido corrosivo,
que apresenta um continuo desafio
Infecção por H. Pylori.
para a mucosa do tracto GI superior, e
a ulceração reflecte uma falha destes
mecanismos
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Existem fatores independentes que aumentam o efeito da infecção por H. pylori e NSAID:
· Idade avançada
· Antecedentes de úlcera péptica
· Uso de múltiplos NSAIDs
· Uso concomitante de varfarina (anticoagulante) e corticosteróides.
Fumar pode aumentar o risco de úlcera péptica, prejudicando a cicatrização. O consumo de álcool pode
causar aumento da produção de ácido.
Não há nenhuma evidência convincente de que factores dietéticos desempenhem um papel no
desenvolvimento de úlcera péptica.
Há um aumento na incidência de úlcera péptica em famílias, devido ao agrupamento familiar de infecção
por H. pylori e os fatores genéticos que refletem respostas ao microrganismo provavelmente
desempenham um papel secundário.
Manifestações clínicas
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· Uma característica adicional de dor úlcera é periodicidade. A dor tende a se repetir em intervalos de
semanas ou meses. Há uma exacerbação, que ocorre por dia durante um período de várias semanas,
e, em seguida, uma remissão até à próxima repetição.
· Caracteristicamente, a dor é aliviada por alimentos ou antiácidos.
Obstrução da saída é causada por edema, espasmo ou contração do tecido cicatricial e interferência
com a livre passagem do conteúdo gástrico através do piloro ou áreas adjacentes. A apresentação de
uma obstrução é geralmente insidiosa, com sintomas de saciedade precoce, sensação de plenitude
epigástrica e sensação de peso após as refeições, refluxo gastroesofágico, perda de peso e dor
abdominal. Com obstrução grave, há vómitos de alimentos não digeridos.
Diagnóstico e Tratamento
Procedimentos:
· Anamnese
· Exames laboratoriais
· Exames radiológicos
· Exame endoscópico.
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o Tratamento farmacológico:
Essencialmente três tipos de anti-ácidos são usados para aliviar a acidez gástrica:
· carbonato de cálcio
· hidróxido de alumínio
· hidróxido de magnésio.
O hidróxido de alumínio reage com o ácido clorídrico para formar cloreto de alumínio.
Combina-se com o fosfato no intestino, e a utilização prolongada pode levar ao
esgotamento de fosfato e osteoporose.
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Os antagonistas dos recetores H2 bloqueiam a secreção de ácido gástrico, estimulada pela histamina
(principal mediador fisiológico para a secreção de ácido clorídrico), gastrina, e acetilcolina.
· A concentração de pepsina é também reduzida.
· A absorção do fármaco não é afetada pela presença ou ausência de comida no estômago.
Os inibidores da bomba de protões bloqueiam a fase final da secreção de iões de hidrogénio,
bloqueando a ação da bomba de protões da célula parietal gástrica.
Entre os agentes que melhoram as defesas das mucosas estão os análogos das prostaglandinas e
sucralfato.
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úlceras hemorrágicas, a hemostasia pode muitas vezes ser conseguida por métodos endoscópicos, e a
dilatação do balão endoscópica frequentemente é eficaz no alívio dos sintomas de obstrução.
Zollinger-Ellison
Síndrome de Zollinger-Ellison - condição rara causada por um tumor secretor de gastrina (gastrinoma).
O aumento da secreção de ácido gástrico resulta em GERD ou úlcera péptica grave.
· Os tumores podem ser únicos ou múltiplos; tumores duodenais respondem por 50% a 88% deste tipo
de gastrinoma. Aproximadamente 50% dos tumores produtores de gastrina são malignos.
· O aumento das secreções gástricas causa sintomas relacionados com a úlcera péptica.
· A diarreia pode resultar de hipersecreção ou da inactivação da lipase intestinal e digestão de gordura
diminuída que ocorre com uma diminuição no pH intestinal.
· Hipergastrinemia também pode ocorrer numa doença autossómica dominante chamado de síndrome
de neoplasia endócrina múltipla tipo 1 (MEN 1), que é caracterizado por múltiplas neoplasias
endócrinas.
o Tratamento:
· Envolve o controlo da secreção do ácido gástrico por inibidores da bomba de protões;
· Tratamento da neoplasia maligna.
· A remoção cirúrgica é indicada quando o tumor é maligno e não tem metástase.
Úlcera de Stress
Úlcera de Stress – Ulcerações GI que se desenvolvem em relação ao stress fisiológico.
Risco de desenvolvimento de úlceras de stress:
· queimaduras de superfície da área de grande-(úlcera de Curling)
· trauma
· Sepsia
· Síndrome de dificuldade respiratória aguda
· insuficiência hepática grave
· principais procedimentos cirúrgicos.
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Estas lesões ocorrem com maior frequência na região do fundo e do corpo do estômago e resultam de
isquemia para o tecido da mucosa e alterações na barreira da mucosa gástrica.
Úlcera de Cushing - outra forma de úlcea de stress da mucosa gástrica. Consiste em úlceras gástrica,
duodenal e do esófago, resultantes em pessoas com lesão intracraniana, operações, ou tumores.
· É causada pela hipersecreção de ácido gástrico, resultante da estimulação dos núcleos vagais
por aumento da pressão intracraniana.
· Pessoas internadas em unidades de terapia intensiva do hospital estão particularmente em
risco para o desenvolvimento de úlceras de stress.
· Inibidores da bomba de protões são a primeira linha de medicamentos utilizados na prevenção
de úlcera de stress e carcinoma gástrico.
O revestimento do estómago é, normalmente, impermeável ao ácido que segrega, uma propriedade que
permite que o estómago contenha ácido e pepsina, sem ter as suas paredes digeridas.
Vários factores contribuem para a protecção da mucosa gástrica, incluíndo uma cobertura da superfície das
células epiteliais apropriada e, por conseguinte, impermeável. Esta é acoplada com o muco tenaz, espesso,
que é segregado pelas células, o que cria uma cobertura de protecção para o interior da parede do
estômago que também contém bicarbonatos, que servem para manter um pH neutro.
As células epiteliais gástricas são conectadas por junções apertadas que impedem a penetração do ácido e
são cobertas por uma camada lipídica hidrofóbica impermeável que impede a difusão de moléculas de água
ionizadas solúveis.
A aspirina, que é não ionizada e lipossolúvel em soluções acídicas, rapidamente se difunde através da
camada lipídica, aumentando a permeabilidade da mucosa e danificando as células epiteliais.
Irritação gástrica e sangramento oculto causados pela irritação gástrica ocorrem num número significativo
de pessoas que tomam aspirina regularmente.
Os ácidos biliares também atacam os componentes lipídicos da barreira mucosa e aumentam o potencial
para irritação gástrica quando há refluxo do conteúdo duodenal para o estômago. Normalmente, a secreção
de ácido clorídrico pelas células parietais do estômago é acompanhada de secreção de iões bicarbonato
(HCO3-).
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Para cada ião de hidrogénio (H +) que é secretado, um HCO3- é produzido, e enquanto a produção de HCO3-
é igual á secreção de H+ não ocorre lesão da mucosa.
Mudanças no fluxo sanguíneo gástrico, como em estado de choque, tendem a diminuir a produção de HCO3-
. Isto é particularmente verdadeiro, em situações nas quais uma diminuição do fluxo de sangue é
acompanhada por acidose.
A aspirina e os anti-inflamatórios não esteróides (AINEs), também prejudicam a secreção de HCO3-, inibindo
a COX-1, enzima que sintetiza o ácido gordo de prostaglandinas que medeiam a secreção de
bicarbonato.
· insolúvel em água - forma um gel fino, estável, que adere à superfície da mucosa gástrica e fornece
protecção contra a acção proteolítica da pepsina (proteína que digere) . Também forma uma camada não
agitada que intercepta bicarbonato, formando uma interface alcalina entre o conteúdo luminal do
estômago e a sua superfície mucosa.
· solúvel em água - O muco solúvel em água é removido da superfície da mucosa e mistura-se com o
conteúdo luminal; a sua natureza viscosa torna-o num lubrificante que evita danos mecânicos à superfície
da mucosa.
O facto de fármacos como a aspirina e os AINEs inibirem a síntese de prostaglandinas pode contribuir
para a sua capacidade de produzir irritação gástrica. Há uma predisposição para a doença da úlcera em
fumadores e pessoas idosas, isto porque há uma redução da concentração de prostaglandinas gástricas e
duodenais.
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Se se impedir o contacto do ácido e pepsina com as úlceras, estas cicatrizam. Isto é possível através
de várias abordagens:
· Por inibição da secreção ácida (com bloqueadores de receptores H2, pirenzepina, derivados
benzimidazólicos ou prostaglandinas);
· Pela neutralização da secreção ácida (com antiácidos);
· Por revestimento da cratera ulcerosa e prevenção da sua agressão (com sucralfato);
· Por aumento da defesa da mucosa (com carbenoxolona ou prostaglandinas).
ANTIÁCIDOS
Fármacos que neutralizam ou removem ácido do conteúdo gástrico (sendo usados frequentemente
para múltiplos sintomas gastrointestinais) filosofia de sem ácido não há úlcera.
Por neutralização da acidez do conteúdo gástrico, aliviam a dor.
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O bicarbonato de sódio exógeno neutraliza a acidez gástrica, poupando bicarbonato intestinal, que pode ser
absorvido. Excretando então o excesso de bicarbonato e catião, o rim mantém o equilíbrio ácido-base,
alcalinizando a urina.
· No intestino, a parte catiónica dos antiácidos não sistémicos forma compostos básicos
insolúveis não absorvíveis assim, não determinam alterações importantes do equilíbrio
ácido-base.
Gel de hidróxido de alumínio: determina obstipação (os antiácidos sob a forma de gel contêm
frequentemente uma quantidade apreciável de cálcio que é absorvível)
Sais de magnésio: provocam diarreia
· Alterações iónicasCarbonato
(menos frequentes).
de cálcio: pode causar uma ou outra
Hipercalcémia (frequente com carbonato de cálcio): surge mais na fase inicial da terapia
- À subida de cálcio plasmático está associada um aumento de gastrina e, consequentemente, de
secreção ácida
Hipermagnesiémia: significativo nos insuficientes renais (determinando hipotensão, náuseas e vómitos
seguidos de diminuição dos reflexos osteotendinosos, depressão respiratória e coma)
Hidróxido de alumínio e de magnésio: diminui a absorção de fósforo. Os fosfatos de alumínio formados
no intestino não são absorvidos por serem insolúveis.
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Os ácidos fracos (como os salicilatos ou os barbitúricos) são bem absorvidos no estômago pois a pH
ácido estão predominantemente não ionizados.
· Porém, se o conteúdo gástrico se tornar alcalino, ionizam-se e são menos absorvidos.
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A sua ação é menor na secreção gástrica induzida pela alimentação do que na secreção ácida
basal.
Atrasam o esvaziamento gástrico, podendo ser utilizados para manter os antiácidos no estômago
durante mais tempo.
A necessidade de individualização da dose contra-indica a utilização em associações de dose fixas
com tranquilizantes e sedativos.
A sua utilização terapêutica permanece controversa, sendo sobretudo usados para diminuir a
secreção nocturna, justificando-se então a escolha de um anti-muscarínico de ação prolongada.
Os anti-muscarínicos estão contra-indicados em casos de:
· Na esofagite de refluxo pois diminuem o tono do esfíncter esofágico inferior;
· Na estenose pilórica, por dificultarem o esvaziamento gástrico;
· Após hemorragia gastrointestinal, porque dificultam a valorização clínica da taquicardia;
· No glaucoma e na hipertrofia prostática.
Prostaglandinas
As prostaglandinas E1 e E2 (PGE1 e PGE2) inibem a secreção ácida basal, bem como a secreção estimulada
pela histamina, pentagastrina ou pelas refeições.
No homem, a prostaglandina E2, usada em doses inferiores às necessárias para inibir a secreção ácida,
tem ação preventiva das lesões erosivas da aspirina e da indometacina e impede a exfoliação da mucosa
determinada pelo etanol a 40%. Por outro lado, a exposição repetida a “irritantes fracos” estimula a produção
de prostaglandinas endógenas que podem proteger o estômago da necrose determinada por agentes “mais
potentes”. Estes factos sugerem uma resposta fisiológica de “citoproteção” em relação a substâncias
potencialmente lesivas, mediada por prostaglandinas.
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Análogos destas prostaglandinas, absorvidas por via oral, inibem a secreção gástrica e aceleram a
cicatrização da úlcera péptica. Poderão ser clinicamente úteis se as reações adversas, como a diarreia, as
cólicas uterinas, as meno e metrorragias e os abortamentos, forem de evitar. Largo espetro de ação biológica
impõe estudos cuidadosos das reações adversas, além de ensaios clínicos controlados para determinação da
eficácia.
As prostaglandinas são quase ubíquas e intervêm em processos biológicos divergentes, sendo, por isso,
difícil um manuseamento farmacológico unívoco. Exemplo destas ações divergentes é a sua intervenção na
patogenia das doenças inflamatórias gastrintestinais, enquanto que, em contrapartida, conferem proteção
celular da mucosa digestiva à agressão do álcool, do ácido acetilsalicílico e do ácido clorídrico. A proteção
celular parece depender, pelo menos em parte, da sua capacidade de aumentarem o fluxo sanguíneo da
mucosa e de estimularem a secreção de muco e de bicarbonato.
A prostaglandina E2, ao contrário dos seus análogos metilados, quando administrada por via oral, não
tem atividade anti-secretora.
Em doses baixas, revelou-se eficaz na prevenção da hemorragia gastroduodenal causada pelo ácido
acetilsalicílico e pela indometacina. A sua “ação citoprotetora” parece não só prevenir lesões gastroduodenais,
mas também acelerar a cicatrização de úlceras em atividade.
Os seus análogos metilados, que combinam ações anti-secretoras e de citoproteção, são eficazes na
prevenção da hemorragia gastroduodenal em doentes reumáticos tratados com anti-inflamatórios não
esteróides e promovem a cicatrização da úlcera gástrica e duodenal.
Os mecanismos de ação não estão inteiramente esclarecidos, invocando-se a conjunção de efeitos
resultantes da inibição da secreção ácida, do aumento do fluxo sanguíneo, da estimulação da secreção de
bicarbonato, da produção e libertação de glicoproteínas do muco e de ação trófica (alimentação) sobre a
mucosa.
Descreveu-se uma redução da produção ou libertação de prostaglandinas E na mucosa gástrica dos
doentes com úlcera, sugerindo-se a ligação desta deficiência, que tornaria a mucosa mais suscetível às
substâncias nocivas, à patogenia da afeção. O misoprostol e o risoprostil, derivados da prostaglandina E1, e o
emprostil e o trimoprostil, derivados da prostaglandina E2, são os análogos sintéticos mais conhecidos. O
abraprostil poderá ser útil, por administração nasal, nas hemorragias grastrintestinais.
Os resultados dos ensaios clínicos com o misoprostol, na posologia de 200 µg, 4 vezes por dia, e do
emprostil, na posologia de 70 µg, 2 vezes por dia, permitem antever uma eficácia ligeiramente menor do que
a dos bloqueadores dos recetores H2 no tratamento da úlcera péptica. A diarreia é o efeito colateral mais
frequente. Ambos os fármacos protegem a mucosa gástrica da agressão da aspirina.
A sua utilização poderia estar preferencialmente indicada em grupos particulares de doentes (com
artrite reumatóide, medicados com anti-inflamatórios não esteroides, com úlcera resistente ao tratamento
com bloqueadores H2, com gastrite de refluxo, úlcera de stress, etc.).
Sucralfato
O sucralfato, sal de octassulfato de sacarose e alumínio, dissocia-se em meio ácido (pH 3 ou 4).
Libertando-se iões [AL2(OH)]+ das moléculas de octassulfato de sacarose, resulta um composto carregado
negativamente. As moléculas de octassulfato de sacarose polimerizam-se, formando uma “pasta” viscosa que
é a forma ativa do sucralfato. Embora pareça necessário pH ácido para se constituir a forma ativa, esta mantém
a eficácia, mesmo em meio alcalino, como é habitualmente o duodeno.
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O sucralfato não inibe a secreção de ácido clorídrico, nem tem efeito neutralizador do ácido segregado.
As moléculas de sucralfato carregadas negativamente ligam-se às proteínas da úlcera. Esta adesão ao
tecido necrótico das úlceras foi bem demonstrada em doentes gastrectomizados, nos quais se verificou haver
6 a 7 vezes mais sucralfato na úlcera que na mucosa normal.
O seu ensaio clínico no tratamento da úlcera duodenal, na posologia de 1 grama, 4 vezes ao dia, uma
hora antes de cada refeição e ao deitar, indicou eficácia sobreponível à da cimetidina ou da ranitidina. Dado
que não inibe a secreção ácida nem neutraliza eficazmente, não está indicado em estados de hiper-secreção
de ácido, como a síndrome de Zollinger. A sua absorção é inferior a 5%. A incidência de efeitos colaterais é
percentualmente idêntica à da cimetidina, sendo a obstipação o mais frequente (2 a 3%).
O sucralfato pode determinar aumento acentuado dos níveis circulantes de alumínio em doentes com
insuficiência renal. A absorção de outros fármacos pode ser diminuída pelo sucralfato (cimetidina, difenil-
hidantoína, digoxina, tetraciclinas). Dado que o sucralfato é ativado em meio ácido, não devem ser utilizados
antiácidos na meia hora que antecede e na que sucede a sua toma.
Os polissacarídeos sulfatados, tais como o sulfato de amilopectina, são responsáveis pelo aparecimento
de colite ulcerosa. O sucralfato parece não partilhar esse efeito.
Subcitrato de bismuto
Os sais de bismuto têm atividade antiulcerosa e dados bibliográficos antigos sugeriam que, após a
cicatrização com subcitrato de bismuto coloidal, as reincidências da úlcera duodenal eram menos frequentes.
Estes dados são agora reinterpretáveis, conhecida a atividade supressora do bismuto sobre a proliferação do
Helicobacter pylori.
O subcitrato de bismuto coloidal é a preparação mais estudada. A sua eficácia é sobreponível à dos
outros antiulcerosos. Têm sido invocados vários mecanismos de ação: pode ligar-se às proteínas da cratera
ulcerosa protegendo a base da úlcera; parece estimular a produção de prostaglandinas e diminui a secreção
de pepsina. Não está esclarecida a ligação entre estes efeitos e a ação supressora exercida sobre Helicobacter
pylori.
O bismuto é um metal pesado, com potencial neurotóxico, especialmente em doentes com insuficiência
renal. Durante o tratamento há absorção de bismuto e a excreção urinária pode persistir elevada até três
meses após o termo de um período de utilização de seis semanas. A absorção é variável com a formulação,
sendo menor para carbonato de bismuto. Os sais de subsalicilato de bismuto têm ações similares na
proliferação do Helicobacter pylori.
O tratamento com sais de bismuto por períodos curtos parece seguro, não sendo, todavia,
recomendada a sua utilização prolongada.
A posologia recomendada é de 120 mg, quatro vezes ao dia, ou, em alternativa, 240 mg, duas vezes ao
por dia. Quando o objetivo da terapêutica é a erradicação do Helicobacter pylori, não deve ser utilizado
isoladamente, pois a sua eficácia é muito reduzida.
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Agentes antiulcerosos
A secreção de ácido gástrico ocorre ao nível das células parietais da glândula oxíntica na mucosa gástrica (Fig.
37,17), produzindo 2 a 3 L de suco gástrico por dia, pH= 1 com ácido clorídrico. Em última análise, este processo
de secreção ocorre através de um H+, K1-ATPase que troca de iões hidrónio (H3O+) com a captação de um ião
de potássio.
Diversos mediadores regulam esta secreção por meio de sistemas de recetores na membrana basolateral. A
via H2 histaminérgica é cAMP dependente. A gastrina e os recetores muscarínicos também regulam a secreção
de ácido gástrico por vias dependentes de iões de cálcio. Em células parietais, prostaglandinas da série E
trabalham em oposição à via histaminérgica, há inibição da atividade da adenilil-ciclase estimulada pela
histamina. Outras células epiteliais na mucosa sob a influência de vias mediadas pela prostaglandina secretam
muco e bicarbonato, ambos são importantes na proteção da mucosa gástrica contra os efeitos da secreção de
ácido. Em muitos casos, a hipersecreção de ácido gástrico parece estar associada com uma infeção por
Helicobacter pylori, que pode contribuir para defeitos nas defesas de proteção das mucosas. Evidências
sugerem que alguns anti-histamínicos H2, particularmente cimetidina e ranitidina, têm efeitos reguladores
na proliferação celular de linfócitos T aumentando a produção de citocinas e Imunoglobulinas.
Figura 37.17. : secreção de ácido gástrico e úlcera péptica. A Histamina é secretada de células endocromafina-
like (ECL) que é inervada por recetores muscarínicos (M) via sistema nervoso entérico e por recetores de
gastrina (G). A ocupação agonista de recetores H2 em células parietais leva à secreção gástrica. Outro input
nas células parietais inclui as prostaglandinas (PGs), recetores de gastrina e muscarínicos.
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Os anti-histamínicos H2 são usados no tratamento de úlceras duodenais, úlceras gástricas, doença do refluxo
gastroesofágico (DRGE), distúrbios de hipersensibilidade patológicos, e hemorragia digestiva alta em
pacientes críticos. Também são usados na erradicação do H. pylori, em tratamento de úlceras pépticas e antes
da cirurgia para evitar a pneumonia por aspiração.
Como os anti-histamínicos H1, os anti-histamínicos H2 são agonistas inversos que bloqueiam o nível basal de
atividade neste recetor. Combinações de anti-histamínicos H1 e H2 são úteis na urticária idiopática quando
não responder a anti-histamínicos H1 e em prurido e rubor de anafilaxia, prurido e dermatite de contato.
Requisitos estruturais
Os anti-histamínicos H2 projetados especificamente
para diminuir a secreção de ácido gástrico são
baseados em uma abordagem de investigação extensa
para desenho de fármacos, que começou a partir das
estruturas de moléculas agonistas parciais muito
estreitamente relacionadas com a histamina. Em
última análise, este trabalho resultou no
desenvolvimento de cimetidina, em que o anel de imidazole como o da histamina é mantido.
Metabolismo
Biodisponibilidade: a cimetidina, a ranitidina e a famotidina são sujeitas a um metabolismo de primeira
passagem, e cada uma tem uma biodisponibilidade oral de aproximadamente 50%. A biodisponibilidade oral
de nizatidina é de aproximadamente 90%.
Tempo de meia-vida: todas têm uma meia-vida de 1,5 a 4,0 horas sendo a de nizatidina com o tempo de meia-
vida mais curto.
Excreção: grandes quantidades são excretadas na forma inalterada, com pequenas quantidades de produtos
urinários de sulfoxidação (característica comum metabólica). Ocorre a hidroxilação do grupo metil imidazol C-
4 da cimetidina. A ranitidina é excretada inalterada, mas vias metabólicas menores incluem a N-desmetilação
e N- e S-oxidação. A nizatidina tem um metabolito N-desmetil que retém a atividade anti-histamina H2.
A cimetidina é um inibidor de secreção tubular renal de alguns fármacos (procainamida). Estes efeitos da
secreção tubular também são menos prevalentes ou mesmo ausente com outros agentes dessa classe.
Os outros agentes no grupo são mais potentes do que a cimetidina, e diferenças significativas são observadas
entre eles. Destes, ranitidina é o mais amplamente utilizado. Os agentes são de venda livre e estão
amplamente disponíveis para a hiperacidez gástrica.
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Mecanismo de ação
O omeprazol, lansoprazol, e análogos relacionados (Tabela 37.11), inibem a secreção de ácido gástrico
independentemente do processo de estimulação do recetor.
Apenas algumas mudanças nos anéis heterocíclicos são bem sucedidas. Estes agentes têm efeitos irreversíveis
sobre a secreção de ácido gástrico, porque esta molécula reorganiza-se no ambiente fortemente ácido da
célula parietal. A ligação covalente do inibidor rearranjado ao H+, K+-ATPase resulta em inativação da função
catalítica da bomba de protões. As evidências indicam que duas moléculas do intermediário do omeprazol
ligam-se ao sítio ativo; um destes locais tem sido identificado como cisteína-813 em cisteína rica em H+, K+-
ATPase. Estas cisteínas estão em diferentes ambientes e diferentes inibidores da bomba de protões ligam-se
diferentemente a eles e a outros grupos sulfidrilo. Nas ligações covalentes, são formadas ligações de
dissulfureto com o recetor. De forma análoga, mas um pouco diferente, os resultados são relatados para o
lansoprazol, pantoprazol e rabeprazol. Um mecanismo químico para o processo é mostrado na Figura 37.18.
Forma de administração: Porque o rearranjo inicial só ocorre a um pH fortemente ácido, as formas de dosagem
oral ácido-estáveis são utilizadas e permitem a dissolução, libertação e absorção do fármaco no duodeno (p.
ex.: grânulos de revestimento entérico em cápsulas ou comprimidos com revestimento entérico). Mais
recentemente, as preparações granulares de lansoprazol (grânulos com revestimento entérico) e o
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O rearranjo do fármaco absorvido catalisado pelo ácido ocorre seletivamente no ambiente ácido do canalículo
(espaço muito fino que se forma entre as células do fígado e entre as células dos ossos) pois é segregado para
o lúmen gástrico das células parietais.
Figura 37.18. : Ativação acido-catalisada do omeprazole à sulfonamida reativa. Na célula parietal H+/K+-
ATPase, um resíduo de cisteína reagem para formar o inibidor de enzima ligado por dissulfureto.
Metabolismo
O metabolismo do omeprazole e outros inibidores da bomba de protões ocorre principalmente no fígado (Fig.
37,19). Obtêm-se metabolitos sulfona, hidroxilados, e desmetilados. O omeprazol é um substrato,
principalmente para CYP2C19 e pode elevar as concentrações de outros fármacos (p.ex.: diazepam). O
lansoprazole é metabolizado por vias análogas. Têm sido relatadas menos interações medicamentosas com
lansoprazol, embora também seja um substrato para a CYP2C19.
As úlceras pépticas, maioritariamente, estão relacionadas com infecções por H. pylori e por fármacos anti-
inflamatórios não esteróides (AINE’s). O Helicobacter pylori penetra na camada de muco gástrico através da
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produção de amoníaco e dióxido de carbono (hidrólise catalisada por urease de ureia) para suportar o
ambiente ácido do estômago. Mais de 90% dos pacientes com úlcera duodenal (excluindo aqueles com
gastrinoma ou a tomar AINE’s) mostram a presença de H. pylori.
A determinação de infeção por H. pylori é rotineiramente realizada por medição da produção de dióxido de
carbono (respiração) ou bicarbonato (sangue) após a administração oral de C13 ou C14-ureia marcado. O
exame endoscópico e testes serológicos baseados em antigénios pode ser utilizado para confirmar.
Na terapia são usados vários antibióticos, mas também são usados inibidores da bomba de protões e
antagonistas dos recetores H2 (menos usados). São usadas combinações, com os inibidores da bomba de
protões com amoxicilina e claritromicina ou metronidazol.
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A comparação entre duas modalidades – cimetidina durante uma ou quatro semanas - permitiu verificar
resultados idênticos quando se avaliava a cicatrização às quatro semanas.
Com os fármacos disponíveis, cerca de 80% das úlceras cicatrizam em quatro semanas. Nas de
cicatrização mais difícil, é legítima a seguinte sequência de atitudes: prolongamento do tratamento, elevação
da dosagem, mudança para outro bloqueador de recetores H2 ou fármaco que atue por outro mecanismo,
associação de antiulcerosos com mecanismos de ação diversos, recurso aos derivados benzimidazólicos,
cirurgia.
Quais os doentes que necessitam de terapêutica de manutenção, por quanto tempo e quais os critérios
de seleção?
Sabe-se que os bloqueadores H2, os inibidores da bomba de protões e a pirenzepina são eficazes na
prevenção de reincidências. Mas a consecução deste objetivo impõe a manutenção da terapêutica,
indefinidamente, com os consequentes riscos iatrogénicos. Em que doentes se justifica correr esse risco?
Acumulam-se argumentos a favor da caracterização da úlcera péptica como manifestação clínica
comum de doenças etiopatologicamente distintas, na hereditariedade, na fisiopatologia, na história natural e
nas respostas a medidas preventivas e à terapêutica. Este conceito de heterogeneidade obriga a reavaliar
conclusões de ensaios clínicos anteriores (populações heterogéneas tratadas como homogéneas), e, em
contrapartida, a estimular a investigação -> melhor caraterização de critérios de escolha de fármacos,
definição mais precisa de grupos de doentes em que se imponha profilaxia ou manutenção de terapêutica,
etc.
A terapêutica “ideal” poderá, no futuro, ser adequada ao subgrupo em questão e não padronizada
indistintamente, como até agora.
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idênticos, com altas taxas de eficácia (superiores a 90%). As associações incluindo um inibidor da secreção
ácida com apenas um antibiótico são menos eficazes.
As falhas da terapêutica podem dever-se à falta de adesão ou à resistência do Helicobacter pylori ao
metronidazole e, mais raramente, à claritromicina. Quando não se pretende usar claritromicina, deve associar-
se metronidazole à amoxiciclina. Em casos resistentes pode associar-se um inibidor da bomba de protões com
sal de bismuto e dois antibióticos e, eventualmente, prolongar-se o período de tratamento.
Emese
Vómito ou emese é a expulsão bucal súbita e forte do conteúdo do estômago.
Geralmente é precedido de náuseas.
O conteúdo expulso é denominado vomitus
São um mecanismo de proteção fisiológico, limitam a possibilidade de danos causados por agentes
nocivos ingeridos através do esvaziamento do estômago e porções do intestino delgado.
Náuseas e vómitos podem representar uma resposta do corpo à terapia medicamentosa, incluindo a
overdose, efeitos cumulativos, toxicidade e efeitos adversos.
1
Também designado como cinetose ou enjoos de movimento.
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Figura 2- Eventos fisiológicos envolvidos no vómito. CSF (zona trigger quimiorecetora), LCR.
Ato de vomitar
É um reflexo que é integrado no centro de vómito.
Consiste numa respiração profunda, fechando as vias aéreas e produzindo uma contração forte e
forçada do diafragma e músculos abdominais., juntamente com o relaxamento do esfíncter
gastroesofágico.
A respiração cessa durante o vómito.
Pode ser acompanhado de tonturas, sensação de cabeça leve, diminuição da pressão arterial e
bradicardia.
A hipoxia exerce um efeito direto sobre o centro de vómito, produzindo náuseas e vómitos. Este efeito direto
pode estar relacionado com vómitos durante os períodos de débito cardíaco reduzido, choque e isquémia
cerebral devido ao aumento da pressão intracraniana.
Este efeito está possivelmente relacionado com os vómitos que ocorrem durante os períodos de débito
cardíaco reduzido, choque e isquémia cerebral devido a aumento da pressão intracraniana.
A inflamação de qualquer órgão intra-abdominal, incluindo o fígado, vesícula biliar, ou do trato urinário, pode
causar vómitos, devido à estimulação das vias aferentes viscerais que comunicam com o centro de vómito. A
distensão ou irritação do trato GI também provoca vómitos através da estimulação dos neurónios aferentes
viscerais.
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Muitos fármacos para o enjoo (como o dimenidrinato) têm um forte efeito anticolinérgico e atuam
sobre os recetores no centro de vómito e áreas relacionadas ao sistema vestibular.
Resumo
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Cólon
Tem esfíncteres em ambas as extremidades:
Esfíncter ileocecal (separação com o intestino delgado)
Esfíncter anal (impede o movimento das fezes para o exterior)
O cólon atua como reservatório para o material fecal.
400 mL de água, 55 mEq de sódio, 30 mEq de cloreto, e 15 mEq de bicarbonato de cada dia são absorvidos
no cólon.
Aproximadamente 5 mEq de potássio é segregada no lúmen do cólon
A quantidade de água e eletrólitos que permanece nas fezes reflete a absorção ou secreção que ocorre
no cólon.
Em média um adulto evacua cerca de 100 a 200g de fezes por dia.
Distúrbios da motilidade GI
Os conteúdos luminais movem-se para baixo do trato GI como resultado dos movimentos peristálticos
regulados por uma complexa interação elétrica, neural e controlo hormonal.
A irritação local, composição e constituintes GI influenciam a motilidade através dos neurónios aferentes da
submucosa do sistema nervoso entérico. A distensão da parede, irritantes químicos, gradientes osmóticos
e toxinas bacterianas exercem muitos dos seus efeitos sobre a motilidade gastrointestinal através destas
vias aferentes.
Diarreia
Diarreia aguda
Duram pelo menos 4 dias
Predominantemente causada por agentes infeciosos
Auto-limitadas
Diarreia aguda no início e que persiste por menos de 2 semanas é geralmente causada por um agente
infecioso.
Geralmente é dividida em das categorias com base nas características das fezes:
Não inflamatória (grande volume)
Inflamatória (pequeno volume)
Organismos entéricos causam diarreia por diversas formas.
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Alguns são não invasivos e não causam inflamação, mas segregam toxinas que estimulam a
secreção de fluídos.
Outros invadem e destroem as células epiteliais do intestino, alterando assim o transporte de
fluidos, em que a atividade secretora continua, mas a absorção é interrompida.
Diarreia Crónica
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‒ Processos infeciosos
A diarreia fictícia é causada por uso indiscriminado de laxantes ou ingestão excessiva de alimentos
do tipo laxante.
Diarreia secretora
Causas:
Processos de secreção do intestino são aumentados.
Excesso de ácidos biliares permanece no contudo intestinal à medida que entram no cólon. Ocorre
na doença do íleo em que os sais biliares não são absorvidos.
Crescimento excessivo bacteriano no intestino delgado (interfere com a absorção da bílis)
Alguns tumores (síndrome de Zollinger-Ellison e síndrome carcinoide) produzem hormonas que
provocam a atividade secretora no intestino.
Diarreia Inflamatória
Inflamação aguda ou crónica ou doença intrínseca do cólon, tal como a colite ulcerosa ou doença de
Crohn.
Evidenciada pela frequência e urgência e cólicas.
Tenesmo (dor ao evacuar)
Defecações involuntárias
Despertar durante a noite com vontade de defecar.
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Infeções parasitárias crónicas podem causar diarreia crónica. Os patogéneos mais associados com a diarreia
crónica são: protozoário Giardia, E. histolytica, e Cyclospora.
Pessoas imunocomprometida são particularmente suscetíveis a infeções por microrganismos que podem
causar diarreia aguda ou crónica (incluindo o Cryptosporidium, citomegalovírus (CMV), e complexo
Mycobacterium avium intracelular)
Diagnóstico e tratamento
Baseado em queixas de fezes frequentes e uma história de fatores, tais como doenças concomitantes,
uso de medicamentos, exposição a potenciais agentes patogénicos intestinais.
Desordens como IBD (doença inflamatória intestinal) e doença celíaca devem ser considerados.
Surgimento de diarreia após uma viagem, deve considerar-se a possibilidade de diarreia do viajante.
- Embora a maioria das formas agudas de diarreia serem autolimitadas e não necessitarem de tratamento, a diarreia
pode ser particularmente grave em lactentes, crianças pequenas, pessoas com outras doenças, idosos e quando
ocorrem por um largo período de tempo.
Fármacos usados:
Difenoxilato
Diminuem a motilidade gastrointestinal e estimulam a absorção de água e
Loperamida eletrólitos.
Substâncias como caulino e pectina adsorvem toxinas responsáveis por certos tipos de diarreia e por
isso são incluídos em muitas preparações antidiarreicas.
Subsalicilato de bismuto pode ser usado para reduzir a frequência das fezes e aumentar a sua
consistência, particularmente em casos de diarreia do viajante.
- Inibe a secreção intestinal causada pela E.coli enterotoxigénica e toxinas da cólera.
- Fármacos antidiarreicos não devem ser usados em pessoas com diarreia sanguinolenta, com febre alta e
sinais de toxicidade, devido ao risco de agravamento de doença.
- Os antibióticos devem ser reservados para infeções com patogéneos entéricos identificados.
Causas:
Variam de acordo com a localização, época do ano e população.
Há um crescente reconhecimento de uma variedade cada vez maior de patogéneos entéricos que
causam diarreia.
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Medidas de prevenção:
Saneamento
Métodos adequados de processamento e preparação de alimentos.
Higiene adequada das mãos
Tratamento
Soluções de ORT podem ser usadas na diarreia para prevenir e/ou corrigir a desidratação.
Evidências sugerem que a alimentação ver ser continuada durante a diarreia, principalmente em crianças.
As dietas sem restrições não pioram os sintomas da diarreia e podem até diminuir as fezes.
Amido e pequenas proteínas proporcionam moléculas de co-transporte com pouca atividade osmótica,
aumentando a absorção de líquidos e eletrólitos pelas células intestinais.
Na teriapia de re-hidratação, alimentos com gordura e ricos em açúcar devem ser evitados.
Obstipação
Causas:
Doença primária da motilidade intestinal;
Efeito adverso de fármacos;
Problema associado com outra condição ou doença;
Sintoma de lesões obstrutivas do trato GI;
Falta de resposta na resposta à defecação
Falta de fibras na dieta
Ingestão de líquidos inadequada
Fraqueza da musculatura abdominal
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Sedentarismo
Gravidez
Hemorroides
Fisiopatologia
Idosos com obstipação prolongada podem sofrer dilatação do reto, cólon ou ambos. Esta condição
permite a acumulação de material fecal com pouca ou nenhuma perceção do individuo à sua presença.
A obstipação num contexto de uma mudança dos hábitos intestinais pode ser um sinal de cancro
colorectal.
Diagnóstico Tratamento
Baseado num historial de defecação pouco Um esforço consciente deve ser feito quando há
frequente; uma urgência de defecação;
Fezes duras e de forma irregular;
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Impactação Fecal
Obstrução intestinal
Envolve o comprometimento do movimento do conteúdo intestinal numa direção céfalo-caudal
(movimento da cabeça em relação aos pés).
As causas podem ser divididas em mecânicas ou paralíticas.
Pode ocorrer necrose do intestino, a qual pode conduzir a perfuração, peritonite e sepsis.
A obstrução mecânica do intestino pode apresentar um número considerável de causas e condições,
tais como:
· Causas pós-operativas, como certas hérnias (inguinal, femoral ou umbilical) são causas comuns.
· Estenoses, tumores, corpos estranhos, intussuscepção (entrada de um segmento de um órgão oco
noutra parte do mesmo órgão) ou vólvulos (obstruções intestinais ocorridas quando o intestino
sofre uma torção) já são menos frequentes.
2
Exame invasivo, com a utilização de uma sonda inserida pelo reto.
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A forma mais comum é a intussuscepção do íleo terminal para o cólon direito, apesar de outras áreas do
intestino poderem estar envolvidas.
Na maior parte dos casos, a causa é desconhecida.
A condição pode também ocorrer em adultos quando uma massa intraluminal ou tumor atuam como
força de tração e puxam o segmento à medida que este se desloca para o segmento distal.
Vólvulos: torção completa do intestino num eixo formado pelo seu mesentério.
Pode ocorrer em qualquer porção do trato gastrointestinal, mas envolve mais frequentemente o cólon
sigmóide e o ceco (primeira parte do intestino grosso) – este último caso é menos frequente.
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Isto promove o rápido crescimento bacteriano no intestino com obstrução, que tem então potencial
para se mover para o sistema linfático e órgãos circundantes.
O movimento de bactérias para fora do trato digestivo resulta num aumento da inflamação, que
pode resultar posteriormente em isquémia e falha de órgãos.
SINTOMAS
Os sintomas cardinais de obstrução intestinal são dor, obstipação absoluta, distensão abdominal,
sinais de défice no volume de fluidos e vómitos.
No caso de obstrução mecânica, a dor é mais severa e com cólicas.
Já no caso da obstrução paralítica, ocorre mais frequentemente uma dor mais contínua e abdómen
silencioso.
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Também ocorre borborigmo (rugidos estomacais causados por movimentos nos músculos gástricos e
intestinais), peristaltismo audível e rushes peristálticos que estão normalmente associados a episódios
de dor abdominal.
Normalmente tem-se noção destes movimentos intestinais, sendo também sentidas experiências
pautadas pela falta de descanso, para além de fraqueza, transpiração e ansiedade.
Contudo, se ocorrer estrangulamento do intestino, os sintomas alteram-se.
O caráter da dor é modificado de dor com cólicas intermitentes (causados por movimentos hiperperistálticos
do intestino) para um tipo de dor mais acentuado e severo.
Vómitos e desordens relativas a fluidos e eletrólitos ocorrem com ambos os tipos de obstrução.
DIAGNÓSTICO
É usualmente baseado em considerações do historial da pessoa e físicas.
Radiografia do abdómen pode ser usada para determinar a presença de obstrução, para além de
permitir diferenciação entre obstrução parcial e completa por análise dos padrões de gases existentes
dentro do intestino.
Scans CT E ultrassonografia podem ser usados para detetar obstrução mecânica.
TRATAMENTO
Depende da causa e tipo de obstrução.
A correção dos níveis de fluidos e electrólitos para valores basais e medições do output usando um
cateter de Foley são métodos recomendados.
A maior parte dos casos de obstrução adinâmica responde a descompressão do intestino através de
sucção nasogástrica.
O estrangulamento e obstrução completa do intestino requer intervenção cirúrgica.
Intraoperativamente, o intestino é observado para que haja retorno da sua cor e peristaltismo
normais.
Se tecido necrótico estiver presente, o mesmo é ressecado (cortado), e uma anastomose é efetuada.
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Domperidona
Análogo da metoclopramida;
Mecanismo de ação idêntico;
Não passa a BHE sem ações extrapiramidais;
Administrar 15-30 minutos antes das refeições;
O seu efeito antiemético parece dever-se à modificação da motilidade digestiva, embora antagonize
a emese determinada pela apomorfina;
Domperidona e metoclopramida aumentam a libertação de prolactina por bloqueio dos recetores
D2 usados para promover a lactação pós-parto; adenomas secretores de prolactina são
refratários à sua ação;
Como é desprovida de efeitos centrais é preferível em medicação pediátrica, gerontológica, em
associação com neuropéptidos, etc;
Eficaz no controlo de náuseas determinadas pela L-DOPA em doentes de Parkinson sem risco
de agravamento da sintomatologia extrapiramidal;
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Ondansetron
Antagonista dos recetores 5-HT3 competitivo;
Biodisponibilidade de 56-70%;
É O QUE POSSUÍ MENOR TEMPO DE SEMI-VIDA (~4H)
Via oral, i.v, i.m e na forma de supositório;
Ligação às proteínas de 70-76%;
Semi-vida de eliminação: 3-6h;
Metabolismo: por hidroxilação e glucoronização; metabolismo hepático pela CYP3A4 e
CYP2D6;
Excreção principalmente metabolizada na urina (40-60%) e nas fezes (25%); eliminada
inalterada cerca de 10%;
Granisetron
Via oral e i.v;
Antagonista intransponível;
Metabolismo: N-desmetilação, metabolismo hepático pela CYP3A4;
Excreção principalmente metabolizada na urina (48%) e nas fezes (38%); eliminada
inalterada cerca de 10%;
Duração de 8-24h;
Alosetron
Biodisponibilidade de 50-60%;
Ligação às proteínas de 82%;
Semi-vida de eliminação de 1,5-2h;
Metabolismo: 6-hidroxilação e N-desmetilação; CYP2C9++, CYP3A4; CYP1A2;
Excreção principalmente metabolizada na urina (70%) e nas fezes (25%); eliminada
inalterada cerca de 10%;
LAXANTES E CATÁRTICOS
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ANTIDIARREICOS
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ADSORVENTES HIDROFÍLICOS
Adsorvendo água podem modificar a consistência e numero de dejecções de doentes
com diarreia;
Podem alterar a consistência das fezes de doentes colostomizados ou ileostomizados;
Há um aumento de excreção de água e eletrólitos que pode atingir os 40%
Os mesmos fármacos podem ser úteis como laxantes formadores de volume;
ADSORVENTES DE FATORES ETIOLÓGICOS
Pectina, Carvão ativado, caulino, carboximetilcelulose (?)
Adsorvem bactérias, vírus, enterotoxinas, etc;
Alguns são hidrofílicos ou adsorvem sais biliares;
São uma abordagem racional para o tratamento e profilaxia;
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Tratamento
Concentra-se em métodos de gestão de stress, particularmente aqueles relacionados com a
produção de sintomas.
Tranquilidade é importante.
Normalmente, não é indicada nenhuma dieta especial, no entanto, a ingestão adequada de fibras
é normalmente recomendada.
Evitar dietas com substâncias que prejudiquem seguir dietas de eliminação específicas em que
não constam certos alimentos (como: alimentos gordurosos e produtores de gás, álcool e bebidas com
cafeína), pode ser benéfico.
Vários agentes farmacológicos, incluindo fármacos antiespasmódicos e anticolinérgicos, têm sido
utilizados com graus variados de sucesso no tratamento da doença.
Alosetron, um antagonista de 5-HT3, foi o primeiro fármaco específico a ser aprovado para o
tratamento da doença do intestino irritável.
Age reduzindo a secreção intestinal, diminuindo a atividade do nervo aferente visceral
(reduzindo, assim, dor abdominal) e reduzindo a motilidade intestinal.
Foi indicado para o tratamento de mulheres com a forma de diarreia grave da doença;
Foi retirado do mercado por causa de efeitos colaterais graves, envolvendo colite isquémica
e prisão de ventre severa;
Reintroduzido no mercado no âmbito de um programa de prescrição restrita.
Doença inflamatória intestinal termo é usado para designar duas doenças inflamatórias intestinais
relacionadas: Doença de Crohn e colite ulcerativa.
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Embora as duas doenças sejam diferentes o suficiente para serem distintas, têm muitas características
em comum:
Ambas produzem inflamação do
intestino, a ambas falta uma evidência
confirmatória de um agente causador, ambas têm
um padrão de ocorrência familiar e podem ser
acompanhadas por manifestações sistémicas.
Doença de Crohn afeta mais comumente a
zona distal do intestino delgado e do cólon
proximal, mas pode afetar qualquer área do trato
GI do esófago até o ânus, enquanto que a colite
ulcerosa é confinada ao cólon e reto (Fig. 45.7). (As
características distintivas da doença de Crohn e
colite ulcerosa encontram-se resumidos na Tabela
45.1.)
Etiologia e patogénese
Uma característica notável do trato GI é que o sistema imunológico da mucosa está sempre pronto
para responder contra patógenos ingeridos mas não responde aos que constituem a microflora intestinal
normal.
De acordo com a hipótese atualmente aceite, este estado normal da homeostase é interrompido
em IBD, levando a respostas imunes não reguladas e exageradas.
A questão permanece se a resposta é um mecanismo de defesa adequado ao patógeno ou se o
sistema imunológico está a responder de forma inadequada. Assim, tal como em muitas outras doenças
auto-imunes, a patogénese da doença de Crohn e colite ulcerativa envolve uma falha de regulação
imunitária, predisposição genética e um iniciador ambiental, especialmente da flora microbiana.
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Suscetibilidade genética
Parentes de primeiro grau de pessoas diagnosticadas com o IBD tem um 30 a 100 vezes maior
incidência de IBD.
Para a doença de Crohn, um estudo recente descobriu uma taxa de concordância de 27% em gémeos
monozigóticos e 2% em gêmeos dizigóticos.
No caso de colite ulcerativa este componente genético é mais fraco, mas ainda presente.
Estas associações indicam claramente que a susceptibilidade genética desempenha um papel
importante no desenvolvimento de IBD.
Os padrões clássicos de herança mendeliana não são vistos, e portanto a IBD não pode ser atribuída
a um único gene.
Muitos genes candidatos são conhecidos por estarem associados com, e podem até contribuir para
o desenvolvimento, de IBD. Estes incluem associações de antigénio leucocitário humano (HLA).
Evidências sugerem que ambas, a doença de Crohn e colite ulcerativa, estão associadas com
desordens profundas da imunidade da mucosa.
Locus IBD1 no cromossoma 16 recentemente mostrado contribuir para a Doença de Crohn.
O produto do gene implicado, NOD2 (assim denominado porque a proteína codificada tem um
domínio de oligomerização de nucleótidos) ativa o factor de transcrição nuclear kappa beta (NFκβ).
A proteína NOD2 é expressa em muitos tipos de leucócitos, bem como em células epiteliais e pensa-
se atuar como um recetor intracelular para lipopolissacáridos nos micróbios.
Ao ligar produtos microbianos, podem desencadear a via NFκβ leva à produção de citoquinas e
outras proteínas envolvidas na defesa imunitária inata contra microorganismos.
As mutações NOD2 que estão associados à doença de Crohn podem reduzir a atividade da proteína,
resultando na persistência da micróbios intracelulares e respostas imunitárias prolongadas.
Outra região estudada extensivamente é IBD3 no cromossoma 6 esta área inclui o complexo de
HLA que tem sido associado à doença de Crohn e colite ulcerativa.
Outra área ligada especificamente a doença de Crohn é no cromossoma 5q (IBD5) área rica em
genes que codificam para várias citocinas que podem contribuir para a doença.
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Pensa-se que a relação entre a nicotina e IBD é devida a distúrbios de coagulação que ocorrem no
intestino ou como um resultado de uma resposta imune.
Manifestações clínicas
As manifestações clínicas de ambos Doença de Crohn e colite ulcerosa são em última análise o
resultado de ativação de células inflamatórias, com elaboração de mediadores inflamatórios que causam
danos teciduais não específicos.
Ambas as doenças são caracterizadas por remissões e exacerbações de diarreia, urgência fecal e
perda de peso.
Complicações agudas, como obstrução intestinal, podem desenvolver-se durante os períodos de
doença fulminante (Fig. 45.8).
Uma série de manifestações sistémicas foram identificadas em pessoas com doença de Crohn e
colite ulcerativa, incluindo:
artrite axial afetando a coluna vertebral e articulações sacro-ilíacas e artrite oligoarticular
afetando as grandes articulações dos braços e pernas;
condições inflamatórias do olho, geralmente, uveíte;
lesões de pele, especialmente eritema nodoso;
Estomatite;
Anemia auto-imune, hipercoagulabilidade do sangue e colangite esclerosante
(ocasionalmente, essas manifestações sistémicas podem anunciar a recorrência de doença intestinal).
Nas crianças, pode ocorrer atraso de crescimento, especialmente se os sintomas são prolongados
e a ingestão de nutrientes tem sido fraca.
Doença de Crohn
Doença de Crohn é um tipo de resposta inflamatória granulomatosa recorrente que pode afetar
qualquer área do trato GI.
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O íleo terminal ou ceco é a porção mais comum do intestino onde ocorre inflamação.
É uma doença de progressão lenta, inexorável e muitas vezes incapacitante.
Geralmente atinge pessoas nos seus vinte ou trinta anos.
Mais frequente nas mulheres que nos homens.
Característica da doença de Crohn: lesões granulomatosas bem demarcadas, que são cercadas por
tecido da mucosa aparentemente normal.
Quando as lesões são múltiplas, muitas vezes são referidas como “skip lesions” uma vez que são
intercaladas entre o que parecem ser os segmentos normais do intestino.
Todas as camadas do intestino estão envolvidas, com a camada da submucosa afetada em maior
extensão.
A superfície do intestino inflamado geralmente tem uma aparência “paralelepipédica” característica
resultante das fissuras e fendas que se desenvolvem, cercadas por áreas de edema submucosal (Fig. 45.9).
Geralmente, há uma escassez relativa das camadas de músculo liso do intestino, com alterações
inflamatórias e fibróticas marcantes da camada submucosa.
A parede do intestino, após algum tempo, muitas vezes, torna-se espessa e rígida a aparência tem
sido comparada a um tubo de chumbo ou mangueira de borracha.
O mesentério adjacente pode tornar-se inflamado, e os linfonódos regionais e canais podem tornar-
se alargados.
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Manifestações clínicas
Curso clínico variável com períodos de exacerbações e remissões; sintomas são relacionados com a
localização das lesões.
Os principais sintomas (dependentes da área do sistema GI que é afectado) incluem:
Diagnóstico
Tratamento
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corticosteróides
mercaptopurina
sulfasalazina
metotrexato
metronidazol
infliximab
azatioprina
Pode ser necessária resseção cirúrgica do intestino danificado, drenagem de abscessos ou reparação
de vias das fístulas.
Sulfasalazina
agente topicamente ativo (tem uma variedade de efeitos anti-inflamatórios). Os sues efeitos
benéficos são atribuídos a um componente ácido 5-aminossalicílico (5-ASA) (contém 5-ASA com
sulfapiridina ligada por uma ligação azo). Agentes que contêm 5-ASA afetam múltiplos locais na via do ácido
araquidónico (crítica para a patogénese da inflamação).
Fracamente absorvida a partir do intestino e a ligação azo é quebrada pela flora bacteriana no íleo
e cólon para libertar 5-ASA.
Metronidazole
antibiótico utilizado para tratar sobrecrescimento bateriano no intestino delgado.
Uma meta-análise recente descobriu dois fármacos tiopurina azatioprina e 6-mercaptopurina
com eficácia na redução da recorrência da doença de Crohn.
Metotrexato
outra opção ao invés de fármacos tiopurina (embora estudos sobre a sua utilização sejam
limitados).
Infliximab
anticorpo monoclonal que tem como alvo a destruição de factor de necrose tumoral (TNF), um
mediador da resposta inflamatória , cuja expressão é aumentada em processos inflamatórios, tais como
doença de Crohn.
Primeiro medicamento aprovado especificamente para a doença de Crohn e é utilizado no
tratamento de pessoas com doença de Crohn moderada a grave ativa que tenham tido uma resposta
inadequada a corticosteróides ou outros moduladores imunitários.
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Apesar de ser atualmente o único agente anti-TNF aprovado para o tratamento de pessoas com
IBD, os estudos de outros anti-TNF e agentes imunomoduladores como a talidomida, adalimumab e
certolizumab pegol estão em curso.
Nutrição
Deficiências nutritivas comuns na doença de Crohn causa de diarreia, esteatorreia e outros
problemas de má absorção. É recomendada uma dieta nutritiva é rica em calorias, vitaminas e proteínas.
Uma vez que as gorduras frequentemente agravam a diarreia, recomenda-se que sejam evitadas.
Dietas elementares, que são nutricionalmente equilibradas mas livres de resíduos, podem ser
usadas durante a fase aguda da doença estas dietas provocam em grande parte absorção no jejuno e
permitem que o intestino inflamado possa descansar.
A nutrição parentérica total (ou seja, hiperalimentação parenteral) consiste na administração
intravenosa de soluções hipertónicas de glucose a que podem ser adicionados aminoácidos e gorduras
esta forma de terapia nutricional pode ser necessária quando os alimentos não podem ser absorvidos a
partir do intestino; por causa da hipertonicidade destas soluções devem ser administradas através de
uma veia central de grande diâmetro.
Colite Ulcerativa
Doença inflamatória não específica do cólon.
Pode surgir em qualquer idade, com um pico de incidência entre as idades de 15 e 25 anos.
Ao contrário da doença de Crohn, que pode afetar vários locais do trato gastrointestinal, colite
ulcerativa é confinada ao reto e cólon.
A doença geralmente começa no reto e espalha-se proximalmente, afetando principalmente a
camada mucosa, embora se possa estender para a camada submucosa.
O comprimento da extensão proximal varia pode envolver o reto sozinho (proctite ulcerativa), o
reto e cólon sigmóide (proctosigmoiditis) ou todo o cólon (pancolitis).
Processo inflamatório confluente e contínuo ao invés de “saltar” áreas, como acontece na doença de
Crohn (“lesões skip”).
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Característica da doença: lesões que se formam nas criptas de Lieberkühn na base da camada
mucosa.
O processo inflamatório leva à formação de hemorragias
pontuais das mucosas que, com tempo, supuram e desenvolvem-
se em abscessos da cripta. Estas lesões inflamatórias podem tornar-
se necróticas e ulcerativas (embora as ulcerações sejam geralmente
superficiais, podem acabar por se estender, dando origem a áreas
desnudadas (Fig. 45,10)).
Como resultado do processo inflamatório, a camada
mucosa frequentemente desenvolve projeções língua-like que se
assemelham a pólipos e, portanto, são chamados pseudopólipos.
Engrossamento da parede do intestino em resposta a
episódios repetidos de colite.
Manifestações clínicas
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Diagnóstico e tratamento
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A terapia médica para IBD é complexa. Uma vez que não foi identificada qual a origem da IBD a terapia
actual visa atenuar a resposta inflamatória generalizada. Com base na resposta variável dos doentes à terapia,
os ensaios clínicos geralmente empregam avaliações quantitativas padronizados de eficácia que levem em
conta parâmetros clínicos e laboratoriais. A doença exibe flutuações acentuadas (mesmo na ausência de
terapia) levando a que eventualmente se possa verificar efeito placebo nos ensaios terapêuticos.
- manter a remissão,
Os glicocorticóides são inadequados para o uso a longo prazo por causa dos efeitos colaterais e sua
incapacidade de manter a remissão. Outros agentes imunossupressores, como a azatioprina, que necessitam
de várias semanas para atingir o seu efeito terapêutico, tem um papel limitado no quadro agudo, mas são os
preferidos para a gestão a longo prazo.
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imunes, como a azatioprina e ciclosporina, foram adaptados para a terapia de IBD. Avanços na compreensão
da resposta inflamatória e na biotecnologia conduziram ao desenvolvimento de agentes biológicos que podem
direcionar os fármacos para “passos” específicos do processo da resposta imune. A “entrega” do fármaco no
local de ação apropriado foi um dos desafios no desenvolvimento de agentes de segunda geração, com o
objetivo de aumentar a sua eficácia e diminuir os efeitos secundários.
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Embora a doença de Crohn e a colite ulcerativa tenham em comum uma série de manifestações GI e
extra-intestinais e respondam a uma matriz semelhante de fármacos, novas evidências sugerem que resultam
de mecanismos de patogénese diferentes. Histologicamente, as lesões transmurais da doença de Crohn
caracterizam-se por infiltração de linfócitos e macrófagos, formação de granulomas e fibrose submucosa,
enquanto que as lesões superficiais na colite ulcerativa têm infiltrações de linfócitos e de neutrófilos. No
intestino doente na doença de Crohn, o perfil de citocinas inclui aumento dos níveis de interleucina (IL) -12,
IL-23, interferon-γ, e fator de necrose tumoral-α (TNF) e linfócitos Th1. Em contraste, a resposta inflamatória
na colite ulcerosa compreende processos via TH2. Recentemente, essa classificação relativamente simplista
foi revista tendo em conta a descrição das células T reguladoras e células Th17 pro-inflamatorias, uma
população de células T que expressa o receptor IL-23 como um marcador de superfície e produz, entre outros,
citocinas pró-inflamatórias de IL-17, IL-21, IL-22, e IL-26. Vários estudos têm demonstrado um papel
importante de células TH17 na inflamação intestinal, particularmente na doença de Crohn.
Terapia de primeira linha para a colite ulcerosa leve a moderada geralmente envolve mesalamine
(ácido 5-amino-salicílico, ou 5-ASA). O protótipo para esta classe de medicamentos está sulfasalazina
(azulfidine), que consiste em 5-ASA ligado a sulfapiridina por uma ligação azo. Embora este fármaco tenha sido
desenvolvido como terapia para a artrite reumatóide, ensaios clínicos de serendipismo demonstraram um
efeito benéfico sobre os sintomas GI de doentes com colite ulcerosa. A sulfassalazina é um excelente exemplo
de um fármaco oral que é entregue de forma eficaz no trato GI distal. Dado individualmente, 5-ASA ou
sulfapiridina são absorvidos no tracto gastrointestinal superior; a ligação azo com sulfassalazina impede a
absorção no estômago e no intestino delgado, e assim os componentes individuais não são liberados para a
absorção de até que as bactérias do cólon clivem esta ligação.
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Mesalamina é um salicilato, mas o seu efeito terapêutico não parece relacionar-se com a inibição da ciclo-
oxigenase; de fato, os AINES tradicionais e inibidores selectivos da ciclooxigenase-2 ("coxibes") podem
exacerbar IBD. Foram identificados vários potenciais locais de acção in vitro para a sulfasalazina e a
mesalamina:
Para preservar o efeito terapêutico de 5-ASA sem os efeitos adversos da sulfapiridina foram desenvolvidos
vários compostos de 5-ASA de segunda geração. Estes são divididos em dois grupos:
- pró-fármacos - contêm a mesma ligação azo da sulfassalazina, mas substituiu-se a sulfapiridina por outro 5-
ASA ou por um composto inerte. Assim, estes compostos actuam em locais semelhantes aos da sulfasalazina
ao longo do tracto GI.
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Em geral, as preparações mais recentes de 5-ASA têm uma eficácia terapêutica semelhante na colite ulcerosa
e têm menos efeitos colaterais que a sulfassalazina. Uma vez que estas preparações mais recentes não têm os
efeitos secundários associados com o aumento da dose que ocorria com a sulfapiridina podem ser usadas para
proporcionar doses mais elevadas de mesalamina com alguma melhoria no controlo da doença.
Não foi demonstrado que a sulfasalazina seja eficaz na manutenção da remissão e foi substituído por
preparações 5-ASA mais recentes. Não está documentado nenhum benefício da utilização de mesalamine na
terapia de manutenção da remissão. Os pró-fármacos de segunda geração 5-ASA não tem um efeito
significativo na doença de Crohn do intestino delgado.
As preparações tópicas de mesalamina suspensas num supositório matriz de cera ou numa suspensão enema
são eficazes na proctite activa e colite ulcerosa distal, respectivamente. Os enemas mesalamine devem ser
tomado ao deitar e devem ser mantidos durante pelo menos 8 horas. A resposta à terapia local com
mesalamina pode ocorrer dentro de 3-21 dias; no entanto, o curso da terapia habitual é de 3-6 semanas. Uma
vez conseguida a remissão são utilizadas doses baixas para manter a manutenção.
Farmacocinética
Apenas 25% de mesalamina é absorvida a partir do cólon, e a maior parte do fármaco é excretado nas fezes.
A pequena quantidade que é absorvida é acetilada na parede da mucosa intestinal e no fígado e, em seguida,
é excretada na urina. Assim, as concentrações Intraluminais de mesalamina são muito elevadas.
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Os micro-grânulos revestidos com etilcelulose são liberados no trato gastrointestinal superior sob a forma de
unidades de libertação prolongada de mesalamine. A mesalamina acetilada pode ser detectada na circulação
uma hora após a digestão, o que indica alguma absorção rápida, apesar de alguns micro-grânulos intactos
também poderem ser detetados no colon.
Efeitos adversos
- Alguns estão associados com a dose, incluindo dor de cabeça, náuseas e fadiga. Estas reacções podem ser
minimizados mediante o medicamento com as refeições ou por diminuição da dose.
- Reacções alérgicas incluem erupção cutânea, febre, síndrome de Stevens-Johnson, hepatite, pneumonite, a
anemia hemolítica, e supressão da medula óssea. Sulfassalazina - diminui o número e motilidade dos
espermatozóides, mas não afecta a fertilidade feminina.
-A sulfasalazina inibe a absorção intestinal de ácido fólico e é geralmente administrada com folato.
- As formulações de mesalamina mais recentes são geralmente bem tolerada, e os efeitos secundários são
relativamente pouco frequentes e de menor importância, estes incluem: dor de cabeça, dispepsia, e erupção
cutânea.
- Mesalamina tem sido associada com a nefrite intersticial e a função renal deve ser monitorizada.
- Embora ainda não haja muitos estudos a comprovar, pensa-se que as formulações mais recentes parecem
ser seguras durante a gravidez e os seus efeitos na IBD parecem superar os riscos associados.
Glucocorticoides
São indicados apenas para a IBD moderada e grave.
- não responderem.
Os glucocorticóide não são eficazes na manutenção da remissão em qualquer tipo de colite ulcerosa ou doença
de Crohn. Os seus efeitos colaterais significativos alertaram para a necessidade de limitar a dose e duração da
terapia com IBD.
Prednisona oral é o agente preferido para a doença moderada a grave. Para casos mais graves, os
glucocorticóides são administrados por via intravenosa.
A hidrocortisona é disponível como um enema de retenção. A aborção em preparações orais, embora seja
menor ainda é significativa. A hidrocortisona, também pode ser administrado uma vez ou duas vezes por dia
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como uma suspensão de espuma a 10%, esta formulação pode ser útil em doentes com proctite (inflamação
na mucosa do recto) distal e dificuldade na retenção de líquidos.
A Budesonida é uma forma de libertação entérica de um esteróide sintético, que é utilizado para a doença de
Crohn ileocecal. Propõe-se a entregar a terapia esteróide adequado para uma parte específica do intestino
inflamado, minimizando os efeitos colaterais sistémicos devido ao extenso metabolismo de primeira
passagem. A terapia tópica (por exemplo, enemas e supositórios) também é eficaz no tratamento de colite
limitada ao lado esquerdo do cólon. Embora a potência tópica de budesonida seja 200 vezes mais elevada do
que a da hidrocortisona, a sua biodisponibilidade sistémica oral é de apenas 10%. Em alguns estudos, a
budesonida foi associado com uma menor incidência de efeitos colaterais sistémicos que a prednisona,
embora os dados também indicam que os esteróides sistémicos são mais eficazes em doentes com um grau
mais avançado da doença de Crohn. Budesonida é eficaz na gestão de exacerbações agudas leves e moderados
de doença de Crohn, mas o seu papel na manutenção da remissão ainda não foi completamente definido.
Um número significativo de doentes não respondem aos esteóides. As razões para esta falha não estão
totalmente compreendidas, mas podem envolver:
- fibrose
- complicações na doença de Crohn, que não vai responder a medidas anti-inflamatórios por si só;
- complicações locais, tais como abcessos, caso em que a utilização de glucocorticóides pode levar a
sepsis/septicemia;
- infecções intercorrentes (intercorrente - a infeção ocorre durante outra patologia) com organismos como o
citomegalovírus e Clostridium difficile.
AGENTES IMUNOSSUPRESSORES
Vários fármacos desenvolvidos inicialmente para a quimioterapia ou como agentes
imunossupressores em transplantes de órgãos foram adaptados para o tratamento da DII. Embora o seu uso
inicial na DII fosse baseado nos seus efeitos imunossupressores, os seus mecanismos de acção específicos são
desconhecidos. Com o aumento da experiência clínica definiram-se papéis específicos para cada um desses
agentes como pilares na farmacoterapia da DII. No entanto, o seu potencial para causar efeitos adversos
graves exige uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios de cada paciente.
Derivativos tiopurina
Os derivados citotóxicos da tiopurina mercaptopurina (6-MP, Purinethol) e azatioprina (Imuran) são
utilizados para tratar pacientes com DII grave ou aqueles que são resistentes ou dependentes de esteróides.
Estes antimetabolitos tiopurina prejudicam a biossíntese de purinas e inibem a proliferação celular. Ambos
são pró-fármacos: azatioprina é convertida em mercaptopurina, que é subsequentemente metabolizada em
nucleótidos 6-tioguanina, que são a porção ativa (Figura 47-5).
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Estes fármacos são considerados igualmente eficazes na doença de Crohn e colite ulcerativa. Mantêm
ambas as doenças em estado de remissão; podendo também impedir (ou, mais geralmente, atrasar) a
recorrência de doença de Crohn após ressecção cirúrgica. Finalmente, eles são utilizados com sucesso para
tratar fístulas na doença de Crohn. A resposta clínica à azatioprina ou mercaptopurina pode levar semanas ou
meses, de modo a que outros medicamentos com um mais rápido início de acção (por exemplo, mesalamina,
glucocorticóides ou infliximab) são preferidos em casos agudos.
A decisão de iniciar a terapia imunossupressora é depende de uma avaliação precisa da relação risco
/ benefício. Em geral, os médicos que tratam DII acreditam que os riscos a longo prazo de azatioprina-
mercaptopurina são inferiores às dos esteróides. Assim, estas purinas são usadas na doença glucocorticoide-
resistente ou dependente e em pacientes que tiveram erupções recorrentes de doença que exige tratamentos
repetidos de esteróides. Além disso, os pacientes que não responderam adequadamente à mesalamina, mas
não são sofrem de doença aguda podem beneficiar da passagem de glucocorticóides a medicamentos
imunossupressores. Imunossupressores, por conseguinte, podem ser vistos como poupadores de esteróides.
Metabolismo e farmacocinética:
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Respostas favoráveis à azatioprina-mercaptopurina foram observadas em até dois terços dos pacientes.
Conhecimentos recentes sobre o metabolismo dos agentes tiopurina e valorização dos polimorfismos
genéticos nessas vias forneceram novos perceções sobre a variabilidade nas taxas de resposta e os efeitos
adversos. Como se mostra na Figura 47-5, a mercaptopurina tem três destinos metabólicos:
As atividades relativas destes caminhos diferentes podem explicar, em parte, as variações individuais na
eficácia e efeitos adversos desses imunossupressores.
O t1/2 plasmático da mercaptopurina é limitado pela sua relativamente rapida (ou seja, dentro de 1-2 horas)
captação pelos eritrócitos e outros tecidos. Seguindo essa captação, as diferenças na atividade da TPMT
determinam o destino do fármaco. Pessoas em que há uma atividade mínima da TPMT, o metabolismo da
mercaptopurina é afastado da 6-metil-mercaptopurina e levada até aos nucleótidos 6-tioguanina, o que pode
causar supressão severa da medula óssea. Quando atividade da TPMT é intermedia; dada uma dose
semelhante, esses indivíduos tendem a ter níveis mais elevados de 6-tioguanina que os metabolizadores
normais. No metabolizadores rápidos a mercaptopurina é afastada dos nucleótidos 6-tioguanina para MMP-
6, o qual tem sido associado com os testes de função hepática anormal. Além disso, em relação ao
metabolizadores normais, os níveis de 6-tioguanina destes metabolizadores rápidos são mais baixos para uma
dose oral equivalente, possivelmente reduzindo a resposta terapêutica. A 6- tioguanina está associada com
uma incidência elevada de uma anormalidade incomum fígado, regeneração hepática nodular e hipertensão
portal; sendo assim abandonada a terapia.
Metotrexato
O metotrexato foi projetado para inibir a dihidrofolato redutase, bloqueando deste modo a síntese de
ADN e causando a morte celular. Primariamente utilizado no tratamento do cancro, o metotrexato,
subsequentemente, foi reconhecido por ter efeitos benéficos em doenças auto-imunes tais como artrite
reumatoide e psoríase. Os efeitos anti-inflamatórios do metotrexato podem envolver outros mecanismos
além da inibição da dihidrofolato redutase.
Geralmente é reservado para os pacientes com DII resistente ou dependente de esteróides. Na doença
de Crohn, ele tanto induz como mantem a remissão, geralmente com uma resposta mais rápida do que a
observada com mercaptopurina ou azatioprina.
A terapia de DII com metotrexato difere um pouco da sua utilização noutras doenças auto-imunes.
Doses mais elevadas (por exemplo, 15-25 mg / semana) são dadas parentericamente. O aumento da eficácia
na administração parentérica pode refletir a absorção intestinal imprevisível em doses mais elevadas de
metotrexato. Por razões desconhecidas, a incidência da fibrose hepática induzida por metotrexato em
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pacientes com DII é menor do que a observada em pacientes com psoríase. O uso de metotrexato para o
tratamento da DII tem sido largamente suplantado por terapias biológicas (tais como anticorpos anti-TNFα).
Ciclosporina
A ciclosporina inibidora da calcineurina é um potente imunomodulador usado com mais frequência
após o transplante de órgãos. É eficaz em ambientes clínicos específicos na DII, mas a alta frequência de efeitos
adversos significativos limita o seu uso como medicamento de primeira linha.
A ciclosporina é eficaz em pacientes com colite ulcerosa grave nos quais o tratamento com
glucocorticoides falhou glucocorticóides. 50% e 80% destes pacientes melhora significativamente (geralmente
dentro de sete dias) em resposta à ciclosporina intravenosa (2-4 mg / kg por dia), por vezes, evitando
emergente colectomia3.
Ciclosporina oral é menos eficaz como terapia de manutenção da doença de Crohn, talvez devido à
sua absorção intestinal limitada. Os inibidores de calcineurina podem ser utilizados para tratar complicações
fistulosas de doença de Crohn. A rápida resposta significativa à ciclosporina intravenosa tem sido observada;
no entanto, as recaídas frequentes que acompanham a terapia com ciclosporina oral, obrigam a que se recorra
a outras estratégias médicas para manter a fístula fechada. Assim, os inibidores de calcineurina são
geralmente usados para tratar problemas específicos ao longo de um curto prazo, proporcionando uma ponte
para o tratamento de longo prazo.
Terapias biológicas
Infliximab é uma imunoglobulina quimérica (25% do rato, 75% humano) que se liga e neutraliza o TNF-
α. Embora muitas citocinas, tanto pró como anti-inflamatórias, sejam produzidas no intestino inflamado na
DII (Figura 47-1), há alguma lógica no direcionamento para a TNF-α, pois é uma das principais citocinas que
medeia a característica de resposta imunitária TH1 da doença de Crohn.
Embora infliximab tenha sido concebido especificamente para atuar na TNF-α, pode ter ações mais
complexas. O infliximab liga-se ao TNF-α que está, por sua vez, ligado à membrana e pode causar a lise destas
células por citotoxicidade mediada por células ou dependente do anticorpo. Assim, infliximab pode eliminar
populações específicas de células inflamatórias subepiteliais. Estes efeitos, juntamente com o seu t1/2
plasmática de 8-10 dias, pode explicar os efeitos clínicos prolongados do infliximab.
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raramente. Os anticorpos contra o infliximab podem diminuir a sua eficácia clínica. As estratégias para
minimizar o desenvolvimento destes anticorpos (por exemplo, o tratamento com glucocorticóides ou outro
imunossupressor) pode ser crítica para a preservação da eficácia do infliximab na terapia crónica ou
recorrente. Outras estratégias propostas para superar o problema da "resistência anticorpo" incluem o
aumento da dose de infliximab ou diminuir o intervalo entre as infusões.
O papel de terapias anti-TNF para a colite ulcerosa resistente ou dependente de esteróides é menos
claro. A razão para a sua utilização é baseada em encontrar níveis elevados de TNFα na mucosa dos pacientes.
Grandes ensaios clínicos controlados demonstraram que os agentes anti-TNF reduzem significativamente a
gravidade da inflamação. As taxas de remissão clínica rondam os 26-34%, com cura endoscópica em cerca de
metade dos pacientes tratados. Ao contrário da doença de Crohn, a colite ulcerosa é curada com cirurgia;
assim, o custo e os efeitos adversos graves associados com a terapia anti-TNF precisam de ser equacionados
com a eficácia do fármaco para impedir a necessidade de colectomia. Atualmente, não é conhecida a eficácia
de terapias anti-TNF para a prevenção, em oposição a atrasar, a colectomia. (it is not known how effective
anti-TNF therap ies are for p revention, as op p osed to delay , of colectomy .)
ANTIBIÓTICOS E PROBIÓTICOS
Um conceito emergente é que um equilíbrio no trato GI normalmente existe entre o epitélio da
mucosa, a flora intestinal normal e a resposta imune. Além disso, há dados experimentais e clínicos que
bactérias do cólon podem iniciar ou perpetuar a inflamação do DII e, como mencionado anteriormente,
estudos recentes têm implicado antígenos bacterianos específicos na patogénese da doença de Crohn. Assim,
certas estirpes bacterianas podem ser pro- (por exemplo, Bacteroides) ou anti-inflamatória (por exemplo,
Lactobacillus), levando às tentativas de manipular a flora do cólon em pacientes com DII. Tradicionalmente,
os antibióticos foram utilizados para esse fim, mais proeminentemente na doença de Crohn. Mais
recentemente, os probióticos têm sido utilizados para tratar situações clínicas específicas na DII.
4
Estado ou particularidade do organismo que não possui qualquer tipo de reação quando recebe antígenos
ou alérgenos.
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antibióticos incluem abscesso intra-abdominal e massas inflamatórias, doença perianal (incluindo fístulas e
abcessos perirretais), supercrescimento bacteriano que conduz à obstrução secundária ou parcial do intestino
delgado, infeções secundárias com microorganismos como C. difficile, e as complicações pós-operatórias. O
metronidazol pode ser particularmente eficaz para o tratamento da doença perianal.
Os probióticos são misturas de bactérias benéficas liofilizadas administrados por via oral. Vários
estudos têm fornecido evidências dos efeitos benéficos de probióticos na colite ulcerativa e pouchite5. No
entanto, os estudos envolveram um número relativamente pequeno de pacientes e os vários estudos tinham
diferentes pontos finais. Assim, a utilidade dos probióticos como uma terapia primária para DII permanece
por esclarecer.
Mesalamina e glucocorticóides são fármacos FDA da categoria B 6 que são usados com frequência na
gravidez e, geralmente, são considerados seguros, ao passo que o metotrexato é claramente contraindicado
em pacientes grávidas. O uso de imunossupressores tiopurina é mais controverso. Porque estes
medicamentos são dados a longo prazo, tanto a sua iniciação como a sua interrupção são importantes decisões
de gestão do tratamento. Embora não existam estudos controlados desses medicamentos na gravidez, uma
experiência considerável emergiu ao longo dos últimos anos. Não parece haver um aumento dos efeitos
adversos em pacientes gravidas ema utilizar imunossupressores baseados em tiopurina. No entanto, as
decisões relativas à utilização destes medicamentos em pacientes gravidas são complexas e necessariamente
devem envolver a consideração dos riscos e benefícios envolvidos.
5
Complicação comum em pacientes que realizam este tipo de cirurgia, na qual a bolsa se torna inflamada, resultando na
passagem de sangue ou muco e aumento de frequência/ vontade de urinar.
6
Categorias farmacológicas na gravidez é um tipo de classificação de fármacos para identificar os riscos potenciais ao
feto durante o uso de determinados medicamentos durante a gravidez. Categoria B: Não há estudos adequados em
mulheres. Em experiências em animais não foram encontrados riscos, mas foram encontrados efeitos colaterais que não
foram confirmado nas mulheres, especialmente durante o último trimestre de gravidez.
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Alosetron é rapidamente absorvido a partir do trato GI; a sua duração de acção (~ 10 horas) é maior
do que o esperado a partir do seu t1/ 2 de 1,5 horas. É metabolizado por CYP's hepáticas. A droga deve ser
iniciada a 1 mg por dia, para as primeiras 4 semanas e aumentada até um máximo de 1 mg duas vezes ao dia,
se uma resposta adequada não é conseguida.
a) Vesícula biliar;
b) Ductos hepáticos direito e esquerdo – que se juntam para formar o ducto hepático comum;
c) Ducto cístico – que se estende até à vesícula biliar;
92
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d) Ducto biliar comum – que é formado pela união do ducto hepático comum com o ducto cístico.
Figura 3: (A) Vias extra-hepáticas biliares, vesícula biliar e ductos pancreáticos. (B) Entrada do ducto biliar e do ducto
pancreático na ampola hepatopancreática, que abre para o duodeno.
O ducto biliar comum descende posteriormente à primeira parte do duodeno, onde entra em contacto
com o ducto pancreático principal.
O músculo circular em redor da extremidade distal do ducto biliar é “engrossado”(?) para formar o
esfíncter do ducto biliar.
Vesícula biliar Saco muscular e distensível, em forma de pêra; localizada na superfície ventral do fígado.
Possui uma camada serosa peritoneal externa, uma camada de músculo liso intermédia, e uma
camada mucosa interna.
A função da vesícula biliar é armazenar e concentrar a bílis.
Na vesícula biliar, a água e os eletrólitos são absorvidos da bílis, tornando-a mais concentrada.
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Como nem a lecitina nem os sais biliares são absorvidos na vesícula biliar A solubilidade do
colesterol é mantida.
A entrada de comida no intestino faz com que a vesícula biliar contraia e o esfíncter do ducto biliar relaxe,
tanto que a bílis armazenada na vesícula biliar se mova para o duodeno. O estímulo para a contração da
vesícula biliar é principalmente hormonal.
A pressão no ducto comum é responsável pela regulação da passagem da bílis para o intestino.
Normalmente, a vesícula biliar controla esta pressão.
A vesícula biliar coleciona e armazena a bílis à medida que relaxa e a pressão no ducto biliar
comum diminui; e esvazia a bílis no intestino à medida que contrai, aumentando a pressão no ducto
biliar comum.
Duas desordens comuns do sistema biliar são a colelitíase (pedras na vesícula) e inflamação da vesícula biliar
(colecistite) ou do ducto biliar comum (colangite).
COLELITÍASE
A colelitíase, ou pedras na vesícula, é causada pela precipitação de substâncias presentes na bílis,
principalmente colesterol e bilirrubina.
Cerca de 80% das pedras da vesícula são constituídas principalmente por colesterol; as outras 20%
são pedras pigmentadas constituídas por glicoproteínas mucina e sais de cálcio.
Todos estes fatores fazem com que o fígado excrete mais colesterol para a bílis.
7
Sludge – mistura de mucoproteínas da vesícula biliar com pequenos cristais de colesterol encrustados.
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Manifestações Clínicas
Muitas pessoas com pedras na vesícula não apresentam sintomas.
As pedras vesiculares causam sintomas quando obstroem o fluxo biliar ou quando provocam
inflamação.
- Pedras pequenas podem passar no ducto comum, causando sintomas de indigestão e cólicas
biliares;
- Pedras de maiores dimensões têm maior probabilidade de obstruir o fluxo e provocar icterícia.
A dor das cólicas biliares é normalmente localizada no quadrante superior direito ou na área epigástrica, e
pode ser reflexa na parte superior das costas, no ombro direito, ou na região da omoplata.
As células da mucosa
Disrupção do
ficam vulneráveis à
revestimento mucoso
ação detergente dos
protetor do epitélio
sais biliares.
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Colecistite crónica – resulta de episódios repetidos de colecistite aguda ou irritação crónica da vesícula
biliar por pedras.
Colelitíase com colecistite crónica pode estar associada a exacerbações agudas de inflamação da
vesícula biliar, pedras no ducto comum, pancreatite e, raramente, carcinoma da vesícula biliar.
Manifestações Clínicas
•Dor com início agudo no quadrante superior direito •São mais vagas, em cmparação com a colecistite
ou na área epigástrica, frequentemente associada a aguda.
febres baixas, aorexia, náusea e vómitos •Pode ocorrer intlerância a alimentos ricos em
•Na colecistite aguda, a obstrução do ducto cístico gordura, arrotos e outras indicações de
é persistente, enquanto nas cólicas biliares é desconforto.
transiente. •Frequentemente, há episódios de dor cólica com
•Contagem elevada de células brancas, leve obstrução do fluxo biliar provocado por pedras.
elevação na AST, ALT, fosfatase alcalina e
bilirrubina.
•A dor pode aparecer muito repentinamente e •O início é mais insidioso, porque as manifestações
constituir uma emergência cirúrgica são mascaradas pelas condiçoes subjacentes que
•Na ausência de atenção médica, o ataque estão a precipitar o ataque.
normalmente diminui de intensidade entre 7 a 10
dias.
•Em pessoas que recuperam, a recorrência é
comum.
Diagnóstico
Métodos usados para diagnosticar doença da vesícula biliar:
a) Ultrassonografia
b) Colescintigrafia
c) CT scans.
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Ultrassonografia
Colescintigrafia
CT scans
•Não é tão preciso como a ultrassonografia, mas consegue mostrar o espessamento da parede da
vesícula biliar ou o fluido pericolecístico associado à colecistite aguda.
A doença da vesícula biliar é normalmente tratada através da remoção da mesma. A sua remoção
não interfere com o processo de digestão.
O procedimento faz-se normalmente por laparoscopia (colecistectomia laparoscópica).
Vantagens: só requer uma noite no hospital; as pessoas podem regressar ao trabalho em 1 a 2
semanas.
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Sais biliares.
· Conteúdo da Bílis em sais biliares depende das variações de colesterol na dieta.
· Os sais biliares são, em grande parte, reabsorvidos na porção distal do intestino delgado.
· Não havendo perturbações da recirculação entero-hepática da Bílis, a síntese de novo de sais biliares
não excede 800 mg por dia.
· O pool de sais biliares varia entre 2 e 5 g.
· São anfifílicos e constituem com os fosfolípidos biliares (lecitina, predominantemente) micelas que
emulsionam lípidos.
· São importantes para manter em solução os principais lípidos biliares, colesterol, ácidos gordos e
lecitina.
· São importantes para emulsionar os lípidos dietéticos, facilitando a sua digestão e absorção.
Os ácidos biliares primários, cólico e quenodesoxicólico, são sintetizados no fígado, por oxidação do
colesterol.
· São derivados do esteróide ácido colânico e encontram-se, fundamentalmente, na forma de sais
sódicos.
· São conjugados com glicina ou taurina e segregados sob a forma de sais sódicos dos conjugados;
Estes (os sais sódicos dos conjugados) são estáveis, resistem à hidrólise enzimática no intestino
e são reabsorvidos, sofrendo recirculação entero-hepática.
Os ácidos biliares secundários, desoxicólico e litocólico, são formados no tubo digestivo, a partir dos
ácidos primários, por redução enzimática bacteriana do grupo 7α-hidroxi.
· A maior parte do ácido litocólico formado no cólon precipita, não sendo reabsorvido.
Outras funções da Bílis e seus componentes (pouco claras):
· Aumento da motilidade gastrointestinal determinado pelos sais biliares;
· Excreção de sódio, potássio e água pelo cólon, determinado pelos ácidos quenodesoxicólico e
desoxicólico.
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Coleréticos e Colagogos
Fármacos coleréticos – fármacos capazes de aumentar o débito biliar.
Fármacos hidrocoleréticos – fármacos capazes de aumentar o débito biliar se a bílis for menos
concentrada. O ácido desidrocólico, semi-sintético, é o hidrocolerético mais potente, determinando
o aumento do fluxo arterial hepático.
Os ácidos biliares conjugados aumentam o volume biliar, mas a concentração é idêntica. Não
são verdadeiros colepoiéticos, pois aumentam a excreção à menina que são absorvidos e
excretados novamente.
Os sais e ácidos biliares não aumentam a excreção de bilirrubina pré-formada. Eventuais aumentos
da sua excreção devem-se ao efeito de “arrastamento ou lavagem” dos espaços mortos ou à acção hemolítica
dos próprios fármacos.
· Alguns (sais e ácidos biliares) diminuem mesmo a excreção de bilirrubina.
Ácido Quénico
O colesterol é praticamente insolúvel em água. Na bílis é mantido em solução pelos ácidos biliares e
pela lecitina.
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A terapêutica deve ser prolongada (1 a 2 anos); dado o risco de reconstituição dos cálculos.
· A falência da terapêutica deve-se, ao facto de 15 a 20% dos cálculos radiotransparentes não
serem de colesterol. Por vezes, os cálculos de colesterol estão já em fase inicial de calcificação e
não são opacos à radiação.
A dieta deve ser pobre em calorias e rica em resíduos celulósicos, os quais fixam o ácido desoxicólico,
impedindo a sua reabsorção. A absorção intestinal e a síntese hepática de ácido quénico,
normalmente frenadas pelo ácido desoxicólico, aumentariam nestas circunstâncias.
A administração noturna do fármaco permite reduzir os índices de saturação do colesterol (devido à
sua manutenção na circulação enterohepática).
Durante o jejum, a bílis é “sequestrada” na vesícula e a secreção de ácidos biliares baixa, sendo maior
a saturação em colesterol da bílis entretanto segregada.
· A incidência de efeitos laterais também parece ser mais baixa com a administração noturna.
O ácido quénico exerce efeito hipotrigliceridemizante.
Ácido ursodesoxicólico
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O ácido ursodesoxicólico reduz a síntese hepática de colesterol e a sua secreção para a bílis, mas não
inibe a síntese de ácidos biliares endógenos. Diminui também a reabsorção de ácidos biliares na porção
terminal do íleo.
O ácido ursico prolonga o tempo de nucleação da bílis vesicular, reorientando o colesterol das vesículas
para as micelas.
Todos estes efeitos concorrem para a diminuição da saturação do colestrol na bílis, sem alterações nos seus
níveis circulantes.
Com a associação de ácido quénico e de ácido úrsico, utilizando metade das doses usuais de cada um
dos fármacos, causa-se a dissolução mais rápida dos cálculos, diminuindo a incidência dos efeitos
laterais.
O ácido úrsico permite evitar a formação de cálculos nas situações de perda acentuada de peso em
intervalos de tempo curtos.
O ácido úrsico é eficaz na terapêutica da dispepsia biliar e dos sintomas associados (náuseas e
flatulência), não dependendo estes efeitos da dissolução dos cálculos.
Tem sido defendida a terapêutica com ácido úrsico, após a litotrícia extracorporal (tratamento não
invasivo de remoção de cálculos), para dissolução mais rápida dos cálculos residuais e para retardar a
eventual recidiva (= recaída, retorno da doença).
É elevada a incidência de cálculos biliares 5 anos após a suspensão do tratamento com ácido quénico
e ácido úrsico.
o Usos: Ácido úrsico é utilizado no tratamento da cirrose biliar primária, havendo evidência da sua
utilidade no controlo sintomático e eficácia no atraso na progressão da doença. Há poucos ensaios
clínicos que fundamentem a sua utilização noutras doenças hepáticas crónicas (colangite
esclerosante, colestase da gravidez, hepatite crónica ativa) e como adjuvante da terapêutica
imunossupressora em transplantes hepáticos, embora alguns dos resultados iniciais sejam
promissores.
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A amílase sérica é o teste de diagnóstico laboratorial universal para a determinação de pancreatite aguda.
A amílase sérica deriva das células acinares pancreáticas, e os seus níveis aumentam nas primeiras 2-
12 horas após o início de pancreatite aguda, atingem um pico às 48 horas, e voltam ao normal em 3-
5 dias.
A amílase sérica, associada a dor epigástrica de início abrupto, com náuseas e vómitos, ajuda a
confirmar o diagnóstico de pancreatite aguda.
Podem ser usados para distinguir dor abdominal vista na síndrome do intestino irritável da doença
inflamatória intestinal; e ainda distinguir os subtipos da doença inflamatória intestinal em colite
ulcerativa ou doença de Crohn.
Estes testes têm limitações e a sua interpretação requer uma compreensão cuidadosa dos mesmos.
Devido à baixa sensibilidade e especificidade (ver tabela abaixo), o uso destes testes deve estar
dependente da situação clínica.
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A função de cada um destes sistemas pode ser medida não-invasivamente através da determinação dos
níveis séricos de analitos específicos.
Uma das principais causas de lesão hepática é a hepatite viral, principalmente as hepatites A, B e C.
Todas induzem elevações agudas nas alanina e aspartato aminotransferases (AST e ALT).
O diagnóstico da hepatite viral pode ser realizada através do rastreio de antigénios virais
(especialmente na hepatite B), e de IgM e IgG direcionadas a antigénios virais específicos.
A confirmação do diagnóstico faz-se por PCR.
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Cirrose Hepática
No caso de cirrose, ocorre quase o padrão reverso daquele observado no primeiro caso.
Elevações na bilirrubina direta e na fosfatase alcalina, bem como nas enzimas GGT e 5’-N.
Todos os outros testes de função hepática são normais.
Caracterizada por uma leve elevação das aminotransferases (ALT e AST) e da LD.
Em casos mais severos, ocorre elevação da bilirrubina e da fosfatase alcalina.
Pode resultar de uma variedade de condições, como síndrome de Reye e hepatite C. Leva a
insuficiência hepática total.
AST e ALT atingem níveis excecionalmente altos.
Pelo contrário, os níveis de proteína e albumina totais são marcadamente baixos.
Os níveis de amónia são anormalmente elevados Provocando encefalopatia hepática.
LD, fosfatase alcalina e bilirrubina também são elevadas.
Há um aumento desproporcional de AST em comparação com ALT, o que confirma o diagnóstico.
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É vital reconhecer este padrão, porque a condição subjacente é uma emergência médica que deve ser
tratada rapidamente.
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