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FISIOLOGIA DA PELE

PROFª MSC MARANA SOARES MARTINS


MARANA.MARTINS@KROTON.COM.BR

Tecnologia Farmacêutica III


DEFINIÇÃO

 A pele é o maior órgão do corpo humano.


 Reveste o organismo preservando a homeostasia do meio interno.
 Protege o corpo da invasão de microrganismos.
 Evita o ressecamento e perda de água para o meio externo.
 Renovação: 30 a 45 dias.
FUNÇÃO DA PELE

 Proteção contra agentes externos (físicos, químicos, mecânicos e biológicos)


 Termorregulação
 Sensorial
 Secreção
 Excreção
 Metabolização (hormônios, vit D)
Constituição
Anexos cutâneos
As estruturas anexas da pele são os pelos, as unhas e as glândulas sebáceas e sudoríparas

O pelo é uma matéria semiviva originada de invaginações da


epiderme. Distribuídos por quase todo o corpo; Em certas regiões,
como nas aberturas naturais exercem papel de proteção

As unhas são lâminas córneas formadas pela camada córnea.


Em sua extremidade proximal uma estreita prega da epiderme
se estende, formando o eponíquo. Possuem coloração rosada e
crescem cerca de 1 mm por semana.
As glândulas sudoríparas distribuem-se em quase
todo o corpo. Seu número varia em cada região e
diminui com a idade. Estimulação dos nervos
simpáticos – secreção de fluido de cloreto de sódio,
ureia, sulfatos e fosfatos a depender de fatores como
temperatura e umidade do meio e atividade muscular.

As glândulas sebáceas são encontradas anexas aos pelos em todas as regiões


do corpo, sendo mais numerosas, mas de menor volume, nas regiões onde os
pelos são abundantes. Sua secreção é uma mistura de lipídios cuja função é a
lubrificação da pele, além da ação bactericida.
ANATOMIA DO PELO
Um pelo completo é formado por três regiões com diferentes níveis de queratinização:
1. medula (porção mais central e fracamente queratinizada)
2. córtex (região mais queratinizada que envolve a medula)
3. cutícula (região mais externa, fortemente queratinizada, que envolve o
córtex sob a forma de escamas)
GLÂNDULAS SEBÁCEAS

 São exócrinas e secretam uma substância rica em lipídios


denominada sebo.
 Estruturas formadas a partir de tecido epitelial.
 É essa substância que garante a lubrificação da pele, evita o
ressecamento de pelos e impede a perda de água de maneira
excessiva.
 Até a puberdade as glândulas sebáceas produzem pouco sebo, a
partir dessa fase, os hormônios começam a agir e inicia-se uma
grande produção de secreção.
GLÂNDULA SUDORÍPARA

 As glândulas são estruturas formadas por tecido epitelial


 Característica principal: propriedade secretora.
 Responsáveis pela produção do suor.
 O suor é uma secreção responsável pela termorregulação do
organismo. Não é o suor que resfria o corpo, mas sim a
evaporação dessa substância, que leva a uma perda de calor.
 Eliminação de produtos que o corpo não necessita.
 Substância inodora.
EPIDERME

 Epitélio pavimentoso multiestratificado queratinizado;


 Principais células: queratinócitos, células de Langherans, células de Merkel,
melanócitos;
 Recebe nutrição da derme através de difusão;
 Constante divisão - epitélio germinativo;
 Constante migração e descamação.
EPIDERME

Formada por cinco camadas:


 Camada basal ou germinativa: Dá suporte a
epiderme e faz a união com a derme; rica em células-
tronco; principal responsável pela renovação da
epiderme; constituída por células basais, melanócitos
e células de Merkel.
 Camada espinhosa: caracteriza-se pela presença
de desmossomos, que garantem a união das células
dessa camada. Célula de Langerhans presente.
EPIDERME

 Camada granulosa: Rica em enzimas;


Constituída por grânulos de queratina; células não
tem capacidade de divisão.
 Camada lúcida: camada evidente e espessa que
é formada por células achatadas e translúcidas.
Não possuem núcleo e o citoplasma é rico em
queratina.
 Camada córnea: Formada por células mortas,
anucleadas, achatadas e ricas em queratina. Sua
espessura é variável.
QUERATINÓCITOS

 Ligados entre si por desmossomas;


 Ligados a membrana basal por hemidesmossomas;
 Células predominantes na epiderme (80%);
 Produzem queratina (proteína que forma a camada superficial da pele);
 Os queratinócitos originam-se na camada basal e sofrem um processo de
diferenciação à medida que atingem a superfície da pele, formando as diferentes
camadas da epiderme.
MELANÓCITOS

 Função: síntese de melanina, pigmentação da pele e faz proteção dos


efeitos perigosos da radiação UV.
 Prolongamentos penetram em reentrâncias na camada basal e espinhosa,
fazendo a transferência da melanina para a região;
 O número de melanócitos é igual nas diferentes raças, sendo a cor da pele
determinada por morfologia, tamanho e distribuição dos melanócitos;
 Presentes na junção entre a epiderme e a derme, ou entre os
queratinócitos da camada basal.
CÉLULA DE LANGERHANS

 Tipo de células dendríticas, realizando a função de células apresentadoras


de antígenos encontradas em tecidos linfóides e não linfóides;
 Em tecidos não linfóides são especializados na defesa e processamento
de antígenos estranhos;
 Função imunológica vital que envolve apresentação do antígeno e
estimulação da resposta imunitária mediada por linfócitos timo-
dependentes (linfócitos T).
CÉLULAS DE MERKEL

 Tipo de células neuroendócrinas da pele;


 Encontradas principalmente na Camada basal;
 São encontradas principalmente em lábios,
dedos, boca e membrana externa dos folículos
pilosos e funcionam como mecanorreceptores;
 Ajudam a sentir o toque leve, sensibilidade
tátil.
MECANISMOS DE ADESÃO DAS CÉLULAS

 Desmossomos: é formado por glicoproteínas transmembranas denominadas


caderinas, que podem ser de dois tipos: desmogleína e desmocolina.
 É uma junção que apresenta a função de ancoragem, permitindo que uma célula fique
aderida a outra. Ele apresenta-se como uma estrutura em forma de disco, que é
observada em uma célula e na adjacente a ela.
 Hemidesmossomos: estruturas de adesão semelhantes aos desmossomos, no
entanto apresentam uma única placa de aderência e unem a membrana das células
basais à membrana basal.
DERME

 Formada por tecido conjuntivo, serve de suporte a epiderme e une a pele ao tecido
celular subcutâneo;
 Principais células: fibroblastos, histiócitos, mastócitos e células dendríticas;
 As células sanguíneas, linfócitos, plasmócitos, eosinófilos e neutrófilos, podem estar
presentes em graus variados;
 A derme divide-se em papilar e reticular;
 Aloja as estruturas anexiais: glândula sudorípara, unidade pilossebácea e músculo
eretor do pelo, estruturas nervosas e vasculares.
DERME

 Derme papilar: fibras colágenas mais finas e dispostas verticalmente.


Essas fibras formam as papilas dérmicas, que se moldam aos cones
epiteliais da epiderme.A derme papilar apresenta maior celularidade.

 Derme reticular: composta por fibras colágenas mais espessas e


onduladas dispostas paralelamente à epiderme.
HIPODERME

 Tecido subcutâneo localizado abaixo da derme, é uma profunda camada de


tegumento;
 Formada por lóbulos de adipócitos delimitados por septos de tecido conectivo
vascularizados e inervados;
 Funciona como isolante térmico e mecânico, depósito de calorias e ainda favorece a
mobilidade da pele sobre os músculos;
HIPODERME

 É considerada um importante local de


produção e conversão hormonal;
 Ela é formada por tecido conjuntivo e
representa entre 15% a 30% do peso
corporal;
 A ligação entre a derme e a hipoderme é
garantida por fibras de elastina e colágeno.
HIPODERME - FUNÇÕES

 Reserva de energia: o tecido adiposo armazena energia que pode ser utilizada
pelo corpo em momentos de necessidade.
 Defesa contra choques físicos: protege os órgãos e ossos, servindo para
"acolchoar" essas estruturas e amortecer contra traumas físicos.
 Isolante térmico: a camada de tecido subcutâneo contribui para regular a
temperatura corporal. Por exemplo, uma camada de tecido adiposo protege o corpo
contra o frio.
 Conexão: a hipoderme conecta a derme aos músculos e ossos. Portanto, é
responsável por fixar a pele a estruturas adjacentes.
PERMEABILIDADE CUTÂNEA
PERMEABILIDADE CUTÂNEA

É a facilidade ou a resistência que a superfície cutânea oferece ao ser


atravessado pelas partículas de uma determinada substância.

DEFINIÇÕES:
 Penetração: substâncias atingem a camada córnea/Epiderme (Geralmente os
cosméticos);
 Permeação: substâncias que atingem a derme, porém não atingem vasos sanguíneos.
(Geralmente cosméticos onde o objetivo seja chegar mais profundamente)
 Absorção: substâncias que atingem a corrente sanguínea. (Geralmente
medicamentos)
PERMEABILIDADE CUTÂNEA

 A permeabilidade da pele e de seus anexos funciona de acordo com as suas


características físico-químicas:
 pH cutâneo, carga elétrica, lipossolubilidade ou hidrossolubilidade das secreções
sudoríparas e sebáceas, frente aos produtos que podem penetrar na pele.
 Existem algumas técnicas que aumentam a permeabilidade cutânea:
 Massagem: por meio de manobras na superfície cutânea, o cosmético é
introduzido. Os vasos sanguíneos se dilatam, favorecendo a permeabilidade.
PERMEABILIDADE CUTÂNEA

Dois tipos de aplicação cutânea de fármacos:


 Tratamento de doenças dermatológicas: os fármacos têm como objetivo atuar
nos tecidos mais profundos da pele, necessitando de atravessar a camada córnea para
chegar ao seu local de ação.
 Administração sistêmica: os fármacos aplicados topicamente devem atingir
rapidamente a corrente sanguínea, sem que ocorra absorção ou formação de
reservatórios na pele.
PERMEABILIDADE CUTÂNEA

A absorção de fármacos através da pele pode ocorrer por três processos


distintos:

1. Absorção total até atingir a circulação sanguínea;


2. Formação de um reservatório cutâneo - ligação a componentes da camada
córnea ou ao tecido adiposo subcutâneo - o composto é lentamente
libertado para os capilares;
3. Metabolização pelas enzimas cutâneas.
PERMEABILIDADE CUTÂNEA - CARACTERÍSTICAS
 É indolor e não invasiva, aumentando a adesão dos pacientes à terapia;
 Ausência de perturbações gastrintestinais;
 Impede a ocorrência do efeito de primeira passagem do fígado;
 Melhor controle e monitorização da janela terapêutica do fármaco, minimizando
o risco de surgimento de efeitos adversos ou níveis subterapêuticos;
 Facilidade em suspender o tratamento quando surgem reações adversas.

Via não é muito utilizada, devido às propriedades da barreira da pele e à


dificuldade em conseguir fármacos que a atravessem a uma velocidade razoável
que lhes permita atingir a corrente sanguínea na dose terapêutica pretendida.
FORMAS FARMACÊUTICAS DE USO CUTÂNEO

 Pomadas
 Cremes
 Géis
 Pastas
 Emplastros
 Sprays e aerossóis
 Sistemas transdérmicos (adesivos, patches)
VIAS DE PERMEABILIDADE CUTÂNEA

 Para que um ativo farmacêutico/cosmético


exerça seu efeito na pele, é necessário que sua
molécula ultrapasse a barreira do estrato
córneo e atinja seu local de ação.
 Se o ativo não for capaz de permear através
do estrato córneo, o produto não
desempenhará sua ação efetiva.
Vias de penetração da pele:

▪ Transepidérmica – Através da
camada córnea:
▪ Intercelular: Entre as células
▪ Intracelular:Através das células

▪ Transanexial – Através dos anexos


cutâneos:
▪ Transfolicular
▪ Transudorípara
VIAS DE PERMEABILIDADE CUTÂNEA

Via transanexial:
 Permite a penetração através das glândulas sudoríparas, folículos pilosos e
glândulas sebáceas.
 Esta via proporciona a penetração rápida de substâncias devido à superfície da
epiderme ser permeável nestes locais.
 É a principal via de transporte de íon e de moléculas de elevado peso molecular,
pois dificilmente atravessam a camada córnea.
VIAS DE PERMEABILIDADE CUTÂNEA

Via transepidérmica:
 Envolve a passagem das moléculas pela camada córnea.
 Pode ser feita:
 através das células (via intracelular) – compostos polares
 através da matriz lipoproteica existente entre as células (via intercelular) -
compostos apolares se difundem nos espaços intercelulares com penetração
mais lenta.
 A via intercelular é considerada a principal via de passagem, embora muitas
moléculas atravessam a camada córnea por ambas as vias.
VIAS DE PERMEABILIDADE CUTÂNEA

 A escolha entre as vias transanexial e transepidérmica varia com as


propriedades da molécula de fármaco que se pretende administrar.

 As duas vias podem se complementar, pois a via anexial tem uma


penetração inicial mais rápida, mas a quantidade de fármaco que
penetra através da via transepidérmica é maior.
INTERFERENTES NA PERMEABILIDADE CUTÂNEA

 Espessura da Epiderme – Queratina espessa dificulta a permeação.


 Idade – Espessamento da capa córnea e falta de hidratação em pessoas idosas dificultam a
permeação.
 Fluxo sanguíneo – Hiperemia facilita a permeação.
 Hidratação – Quanto mais hidratada a pele maior a permeação.
 Região da Pele – Região com grande número do folículos pilosos ou mais vascularizada é
mais permeável.
 PH da pele – Quanto mais alcalina maior permeabilidade.
INTERFERENTES NA PERMEABILIDADE CUTÂNEA

 Eletroterapia – Alguns aparelhos de eletroterapia aumentam a permeabilidade da pele.


Exemplo: iontoforese, fonoforese, eletroporação.
 Temperatura elevada – Aumenta a permeabilidade cutânea.
 Umidade do ambiente – Aumenta a permeabilidade cutânea.
 Concentração do princípio ativo – Poder de difusão aumenta a permeabilidade.
 Veículos – A forma cosmética pode aumentar a permeabilidade cutânea.
 Higienização da pele – Diminui a barreira lipídica aumentando a permeabilidade cutânea.
 Traumas – Pele ferida aumenta a permeabilidade.

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