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Dermatologia

Bloco I
Dermatologia- Aula 01-Anatomia e Fisiologia
2. Percepção
da Pele Os elementos nervosos que
–Introdução existem, sobretudo na derme, possibilitam
A pele do ser humano, o reconhecimento de sensações
corresponde a 15% de seu peso corporal, especiais, como calor, frio, dor e tato, o
é um órgão que reveste e delimita o que conduz a um mecanismo de defesa
organismo, protegendo-o e interagindo no sentido da sobrevivência.
com o meio exterior. Sua resistência e 3. Hemorregulação e
flexibilidade determinam sua plasticidade. termorregulação
Essencialmente dinâmica, a pele A pele, com seus extensos plexos
apresenta alterações constantes, sendo vasculares e corações periféricos (os
dotada de grande capacidade renovadora glomos), colabora na manutenção e na
e de reparação, e de certo grau de regulação do débito circulatório.Em
impermeabilidade. determinadas ocasiões, o aumento do
–Funções da Pele débito cardíaco sanguíneo periférico é
Em toda a escala animal, a pele compensado pela constrição dos glomos,
exerce diversas funções que se modificam com desvio da circulação para a rede
filogenéticamente. No que diz respeito ao capilar, e pela utilização plena da
ser humano, a pele é um órgão de grande capacidade total de enchimento de outros
importância, pois visa manter um vasos.
equilíbrio com o meio exterior, no sentido A homeotermia ou
da manutenção do meio interior. As termorregulação é mantida por um
funções da pele são: mecanismo comandado pelo centro
1. Proteção termorregulador por meio das vias do
A proteção é exercida das mais sistema nervoso autônomo, levando a
diversas maneiras contra as agressões do vasoconstrição ou vasodilatação. No
meio exterior. A pele tem uma resistência mecanismo de termorregulação, exercem
relativa aos agentes mecânicos por sua uma ação especial as glândulas
capacidade moldável e elástica. sudoríparas écrinas que, sob estímulo
No sentido físico, essa proteção se colinérgico, aumentam a sudorese,
realiza pela capacidade de, por meio de causando a perda de calor.
seu sistema melânico, neutralizar as 4. Secreção
radiações lumínicas ultravioleta (RUV). A função excretora das glândulas
Pela sua relativa impermeabilidade écrinas é a eliminação do suor composto
à água e aos eletrólitos, a pele mantém o basicamente por água, eletrólitos e
equilíbrio hidroeletrolítico. Outros tipos de bicarbonato. Outros componentes são
proteção são: físico-química, no sentido ureia, glicose, metais pesados,
da manutenção do pH ácido da camada medicamentos, dentre outros, à
córnea, a química, por meio do manto semelhança do rim.
lipídico com atividade antimicrobiana; e a Obs: O suor, em sua forma natural, não
imunológica, presente, na epiderme, possui nenhum odor. Uma doença nas
pelas células de langerhans e, na derme, glândulas sudoríparas, a bromidrose
à custa de macrófagos, linfócitos e écrina, é o que causa o odor ruim do
mastócitos. suor. Além dessa doença outros fatores
como alimentos, fármacos e acúmulo de

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queratina (chulé) podem também 30 dias para a formação de um novo


influenciar negativamente no cheiro do tecido.
suor. A psoríase é uma doença que tem
–Estrutura e fisiologia como fisiopatologia a redução do
A pele é constituída basicamente intervalo de regeneração celular, sendo
por três camadas interdependentes: a este inferior a 4 dias. Tal fato implica na
epiderme, mais externa; a derme, formação de vários tecidos sobrepostos,
intermediária; e a hipoderme, mais caracterizando as “casquinhas”.
profunda.
1. Epiderme
É um tecido epitelial estratificado e
queratinizado, com variações estruturais e
funcionais significativas dependendo da
localização anatômica. É constituída por
sistemas e camadas.
Psoríase
c-)Camada Espinhosa: ao deixarem a
camada basal rumo à superfície, os
queratinócitos sofrem contínuas e
importantes modificações morfológicas,
moleculares e histoquímicas passando a
ter um aspecto mais espinhoso.
Quando a camada espinhosa se
desprende e ocorre a entrada de
líquido no espaço superior ou inferior à
a-)Sistema Queratinócito: Responsável ela, tem-se a formação de vesículas.Um
por pelo menos, 80% das células ponto importante a ser destacado é que
epidérmicas, é caracterizado pela quanto mais profunda a entrada de líquido
disposição lado a lado de suas células for, mais rígida a bolha se tornará.
e por sua constante renovação. O alto
índice de multiplicação celular dos
queratinócitos da sua camada mais
profunda, a camada basal, fornece às
células diferenciação e migram para a
superfície, formando a camada
espinhosa.
b-)Camada Basal: é a camada celular
mais profunda da epiderme, e sua d-)Camada granulosa: indo em direção à
participação é vital na formação e superfície, as células formam algumas
manutenção da junção dermoepidérmica. fileiras em que se apresentam repletas de
Na pele normal, ela é composta de uma grânulos basofílicos, constituindo a
única fileira de queratinócitos justapostos, camada granulosa. Essa camada
a maioria com capacidade de caracteriza-se pela grande atividade
multiplicação (células germinativas) que metabólica, objetivando a síntese dos
apresentam morfologia colunar. A elementos necessários ao processo
camada basal possui rápida final da cornificação, que resulta no
regeneração celular com o intervalo de súbito surgimento da camada córnea.

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e-)Camada Córnea: sendo a camada


mais externa da epiderme, a camada
córnea constitui o verdadeiro limite entre o
indivíduo e o meio ambiente. Além da
proteção mecânica, a camada córnea
previne o trânsito de água e substâncias
solúveis pelas suas lâminas lipídicas
intercelulares presentes nas suas porções
média e baixa, mantendo a homeostasia 2. Derme
do indivíduo frente ao ambiente. A derme é uma camada de tecido
O excesso na produção desses conjuntivo composta por um sistema
elementos para a camada córnea, integrado de estruturas fibrosas,
resulta em ictiose (imagem abaixo). filamentosas e amorfas, na qual são
acomodados vasos, nervos e anexos
epidérmicos. Fibroblastos, histiócitos,
células dendríticas e mastócitos são suas
células residentes, enquanto linfócitos,
plasmócitos e elementos celulares do
sangue são encontrados em número
variável e de forma transitória.
Sua interação com a epiderme é
fundamental para a manutenção dos
dois tecidos; ambos colaboram na
formação da junção dermoepidérmica e
→Melanócito: são células dendríticas dos anexos epidérmicos, assim como no
derivadas da crista neural e produtoras do processo de reparação da pele. A derme
pigmento intrínseco da pele, a melanina, pode ser dividida em duas partes:
que, por sua vez, é responsável pela -Camada superficial ou papilar: com
absorção e difusão da RUV. São vistos grande celularidade e onde predominam
predominantemente na camada basal. finos feixes fibrilares de colágeno
A quantidade de melanócitos não varia de dispostos mais verticalmente.
raça para raça, sendo a mesma -Camada profunda ou reticular:
quantidade tanto para negros quanto para constituída por feixes mais grossos de
ruivos, por exemplo. O que muda é a colágeno, ondulados e dispostos
produção de melanina que varia de horizontalmente.
acordo com o estímulo oferecido à pele e
fatores genéticos.

Melasma x Vitiligo: a diferença é a produção de


melanina.

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3. Hipoderme Dermatologia- Aula 02- Dermatoses


É a camada mais profunda da
Bacterianas
pele, constituída de lóbulos adipócitos
–Introdução
delimitados por septos de colágeno com
Piodermites são processos
vasos sanguíneos, linfáticos e nevos. A
infecciosos, classificados como cutâneos
hipoderme, além de ser um depósito de
por impetiginização ou por infecção
calorias, protege o organismo de traumas
secundária quando a pele estiver
e de variações de temperatura, modela o
previamente lesada. Podem ser
corpo e permite mobilidade da pele em
classificadas por duas formas:
relação às estruturas subjacentes.
–Etiologia
4. Anexos Cutâneos
A. Estafilocócicas;
São estruturas que surgem de
B. Estreptocócicas;
modificações da epiderme ainda na vida
–Profundidade da infecção na pele
embrionária; são elas: folículo
A. Infecção superficial da pele:
pilossebáceo, glândulas sudoríparas e
impetigo
unhas.
B. Infecção mais profunda: erisipela e
-Glândulas Sudoríparas Écrinas:
celulite
principal responsável pela
C. Folículo piloso juntamente com a
termorregulação do corpo humano em
glândula sebácea: furúnculo
decorrência da perda evaporativa de
O achado de microrganismos na
calor, está distribuída por toda a pele, com
pele doente deve sofrer sérias críticas
maior densidade nas regiões
antes de ser considerado a causa de
palmoplantares.
determinado quadro clínico, pois a pele
-Glândulas Sudoríparas Apócrina: Na
normal é rica em bactérias, que podem
puberdade, sob ação dos hormônios
ser agrupadas em residentes
andrógenos, aumenta de volume e entra
permanentes e residentes
em atividade, sendo portanto
transitórias.Por outro lado, deve-se
andrógeno-dependente. As secreções
considerar a questão do oportunismo, isto
têm aspecto oleoso, inodoro, mas rica em
é, um germe normalmente comensal
material orgânico. Estão mais presentes
pode, por fatores circunstanciais, passar a
nas regiões axilar, mamilar e anogenital.
exercer função patogênica, especialmente
-Aparelho pilossebáceo: composto de
em imunodeprimidos.
folículo piloso, glândula sebácea e
→Impetigo
músculo eretor do pelo, é sempre provido
de terminações nervosas; em algumas
regiões (axilas, púbis, mama)
desembocam no folículo da glândula
apócrina.

–Conceito
É uma infecção piogênica primária
da pele, contagiosa, superficial,
produzida por estafilococos e
estreptococos.

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Acometem preferencialmente a b-)Impetigo Bolhoso


face e os membros superiores, embora, Tem etiologia exclusivamente
com disseminação por autoinoculação, estafilocócica. Não há necessidade de
possam comprometer qualquer região. solução de continuidade cutânea para o
–Clínica aparecimento das lesões, com
São reconhecidas duas formas predominância em neonatos e também
clínicas: impetigo não bolhoso (70%) e em crianças.
impetigo bolhoso. Tem como características clínicas
a-)Impetigo Não Bolhoso a formação de vesículas que rapidamente
Tem como etiologia predominante se transformam em bolhas grandes que
o Streptococcus pyogenes, sobretudo sofrem processo de pustulização. As
nos países industrializados. A localização crostas resultantes são finas e
preferencial é em torno do nariz e da boca acastanhadas e, por vezes, tomam
nas extremidades, e a pele apresenta aspecto circinado. As localizações
solução de continuidade para instalação preferenciais são face, períneo, nádegas
do processo. Ocorre nos locais de e extremidades.
pequenos traumatismos como
escoriações, queimaduras e picadas de
insetos, com predominância em crianças.
Inicialmente ocorre mácula
eritematosa que evolui rapidamente para
bolhas e/ou vesículas efêmeras de
Obs: O impetigo comum ocorre como
paredes finas, porém a crosta resultante é
propagação de uma infecção secundária
espessa e de coloração amarelada
nas regiões lesadas por outros agentes,
(lembra melicérica).
tanto por lesões de barreiras quanto por
A lesão lembra queimadura de
situações de imunossupressão. É
cigarro recebendo o nome de lesão em
importante lembrar de que indivíduos
queimadura de cigarro.
imunossupressores, tanto por doenças
congênitas, adquiridas ou por uso de
medicamentos como imunossupressores,
têm maior chance de desenvolver
infecções secundárias e complicações.
Logo, áreas lesadas, por exemplo, por
–Diagnóstico diferencial coceira, podem surgir como fonte
Por possuir placas crostosas, base importante de infecção por germes
eritematosa, mácula hipocrômica e sem oportunistas.
prurido, pode lembrar a verruga e a –Complicações
pitiríase versicolor (o que diferencia é As complicações podem surgir
que a pitiríase tem lesão furfurácea, ou principalmente em casos de infecções
seja, descamativas). recorrentes e não tratadas previamente,
mas não excluem outras situações.
Dentre elas, destaca-se a
glomerulonefrite pós estreptocócica,
que é uma lesão renal após infecção pelo
S.pyogenes, cerca de 20 dias após a
infecção de pele. Um dos principais
Pitiríase
aspectos dessa complicação é a não
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resposta a antibióticos, visto que ocorre ● ATB Tópico: Mupirocina 2% ou


lesão glomerular pelos imunocomplexos Ácido Fusídico, 2-3x/dia por 7 dias.
circulantes e não por ação direta da Os tratamentos locais devem ser
bactéria. Os sinais e sintomas clássicos feitos e incluem a limpeza com água e
dessa doença são: hematúria, edema, sabão. A remoção das crostas pode ser
hipertensão arterial e proteinúria. Além de feita com permanganato de potássio,
eventualmente possuir manifestações 1cp para cada 4 litros de água aplicado de
como prostração, fraqueza ou 2-3 vezes por dia. Toalhas de rosto e
indisposição. O diagnóstico é clínico e banhos não devem ser compartilhadas!
laboratorial. Após identificação dos →Eritrasma
sintomas e relato da infecção prévia a –Conceito
suspeita já deve ser evidente, em É uma infecção intertriginosa por
associação com sumário de urina, PCR, corynebacterium, que é mais comum em
ureia, creatinina e complemento sérico. pacientes diabéticos e em indivíduos que
Espera-se encontrar alteração da vivem em climas mais quentes.
função renal com elevação de ureia, por –Clínica
exemplo, baixa de complemento. O O eritrasma assemelha-se a
tratamento é iniciado com medidas intertrigo ou tinea. Mais comumente afeta
dietéticas como restrição hídrica e de os pés, onde se manifesta como
sódio para minimizar o edema e evitar descamação superficial, fissuras e
complicações renais, bem como restrição macerações.
de potássio e proteínas. É uma doença Eritrasma na virilha se manifesta
de caráter autolimitado e benigno, como mancha rósea ou de cor marrom,
portanto, trate os sintomas e avalie se irregular, mas bem delimitada, com
há necessidade de maiores descamação fina. Eritrasma também
intervenções. acomete as axilas, dobras submamárias
A reinfecção pode ser considerada ou abdominais, períneo, principalmente
uma complicação em casos de higiene em mulheres obesas de meia-idade e em
precária, pois evidenciam a maior chance diabéticos, em suma é uma doença que
de infecções associadas por outros acomete principalmente regiões de
germes, estas podem evoluir para dobras.
complicações pulmonares, cardíacas, –Diagnóstico
neurológicas, dentre outras. O diagnóstico é basicamente
–Diagnóstico clínico, mas é possível fazer um exame a
É clínico, mas podem ser partir da Luz de Wood, em que é possível
realizados exames bacterioscópicos e perceber uma coloração vermelho-coral
cultura para identificação do agente. Entre no local das lesões.
os diagnósticos diferenciais, destacam-se
herpes simples, candidíase,
dermatofitose, periporite e miliária.
–Tratamento
Na maioria das piodermites,
sobretudo nas agudas, o tratamento com
antibióticos deve ser iniciado
imediatamente.
● ATB Sistêmicos: Cefaclor ou –Tratamento
Cefalotina.

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● ATB Sistêmico: Claritromicina 1g eritematosa com vários pontos de necrose


(dose única), Clindamicina que evolui para grande área ulcerada.
(300mg, 12/12 horas por 5 dias); O furúnculo é um nódulo
● ATB Tópico: Mupirocina 2% ou eritematoso, com rubor, calor e dor, além
Ácido Fusídico. de possuir uma área flutuante para
–Diagnóstico diferencial drenagem do conteúdo pustulento. A
Psoríase Invertida: O paciente já ocorrência de várias lesões semelhantes
fez uso de diversos tratamentos e não determina o quadro de furunculose. A
melhora do quadro, exceto com corticoide infecção pode ocorrer tanto em folículos
ou metotrexato. diversos pelo corpo quanto de forma
localizada, com vários nódulos
acometidos simultaneamente, estes,
chamados de antraz.

Psoríase invertida
Antraz
→Furúnculo –Diagnóstico
–Conceito É clínico. Quando necessário,
É uma doença estafilococcia exame bacteriológico e antibiograma no
necrosante do aparelho pilossebáceo, ou caso de suspeita de MRSA comunitário. O
seja, tanto do folículo piloso quanto das principal diagnóstico diferencial é a
glândulas sebáceas, que ocasiona a hidradenite na fase inicial.
formação de furúnculos que se estendem
além da região dos folículos, acometendo
a região do tecido subcutâneo.

–Clínica Hidradenite
Inicia-se por lesão eritemato- –Tratamento
inflamatória bastante dolorosa, centrada O furúnculo tem tempo de
por pelo, com evolução aguda (dias), evolução autolimitada, em torno de 10-14
levando à necrose central que acaba por dias; portanto, o uso de antibiótico
eliminar-se. É comum nas áreas mais sistêmico se faz mais no sentido da
pilosas e sujeitas à fricção, como axilas e prevenção de uma furunculose do que do
nádegas, e tem preferência pelo adulto tratamento da lesão.
jovem. Forma-se então uma tumoração
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As lesões com muita flutuação ou


muito dolorosas devem ser drenadas. A
descolonização é feita como sabonetes
antissépticos, como clorexidina, e uso
tópico de mupirocina. Outras medidas
incluem tomar banho com sabonete
individual, secar bem todo o corpo,
inclusive a região do furúnculo e,
posteriormente, depositar uma quantidade
suficiente da loção tópica para cobrir a –Diagnóstico
lesão e evitar contato com a mesma. É fundamentalmente clínico.
Ademais, podem ser feitas Pode-se realizar cultura para identificação
compressas de água morna de 12/12 do agente infeccioso. Deve-se diferenciar
horas, por 5 minutos e posteriormente faz de trombose venosa profunda e
o uso da mupirocina 2%. tromboflebite.
Obs: Além dos locais de lesão deve ser –Tratamento
indicado o uso dos agentes tópicos em A maioria dos pacientes não
região de virilhas, região nasal, ponta dos necessita de internação, exceto nos casos
dedos, perianal e umbigo, pois são áreas de comorbidade.
possíveis de reservatório de bactérias. ● ATB: Penicilina procaína,
→Erisipela Cefalexina, Ceftriaxona,
–Conceito Levofloxacino, Eritromicina.
É uma infecção aguda da derme ● ATB para recorrência: Penicilina
com importante comprometimento Benzatina, 1.200.000 U de 3 em 3
linfático. É de natureza semanas por muitos meses.
predominantemente estreptocócica, Obs: Celulite e Erisipela
entretanto, é o estafilococo que se Há necessidade de internação em
estabelece secundária ou em casos de casos de: imunossuprimidos, lesões em
celulite. face e falência do tratamento oral. É
–Clínica importante ter atenção, pois em 25% dos
O período de incubação é de casos há recidiva da doença e se essas
poucos dias. Manifesta-se por eritema recidivas ocorrerem em mais de 3 vezes
vivo e intenso edema doloroso, com ao ano, a orientação é utilizar antibiótico
bordas delimitadas que avançam profilático (penicilina benzatina, IM, a cada
rapidamente sobre a pele circunvizinha. 3 semanas).
Quando o processo é intenso, surgem
bolhas e, até mesmo, necrose com
ulceração posterior.
É acompanhada de linfangite e
linfadenopatia regional, seguida de
fenômenos gerais (febre, mal-estar,
→Celulite
calafrios e outros). Característica
–Conceito
relevante é a sua capacidade de
É a denominação para o mesmo
recorrência e, após cada uma delas,
processo da erisipela quando atinge
permanece certo grau de edema duro
fundamentalmente a hipoderme. Devido
(linfedema) que acaba levando à
a essa localização, as bordas da lesão
elefantíase.
são geralmente mal definidas, em
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contraste com as bordas bem definidas da SNC. Evolui de maneira crônica,


erisipela, e o eritema é menos vivo. apresentando, eventualmente, períodos
–Clínica de agudização denominados de reações
A evolução é semelhante à da hansênicas. Pode causar incapacidade
erisipela, sendo o eritema menos vivo, as física e social e, embora curável, seu
bordas mal delimitadas, acompanhadas diagnóstico causa grande impacto
de sinais flogísticos. A presença de psicossocial, pelas deformidades físicas e
vesículas, bolhas, pústulas ou tecido preconceitos que envolvem a doença
necrótico caracteriza infecção grave. desde a antiguidade.
Febre, calafrios, mal-estar e ● Definição de caso
linfadenopatia regional podem estar A OMS define como hanseníase
associados. aquela pessoa que apresenta uma ou
Complicações como mais das seguintes características:
glomerulonefrite pós-estreptocócica, 1. Lesão ou lesões da pele com
linfadenite, endocardite bacteriana alteração da sensibilidade (1);
aguda e sepse são raras e mais comuns 2. Acometimento de nervo (s) com
em crianças e imunodeprimidos. espessamento neural;
–Diagnóstico e Diagnóstico Diferencial 3. Baciloscopia positiva (no entanto,
É clínico. Em casos de dúvida, a baciloscopia negativa não
exame de imagem como USG de alta afasta o diagnóstico)(2).
frequência, biópsia cutânea e cultura para Obs1: As alterações sensitivas se dão na
identificação do agente infeccioso podem seguinte ordem:
auxiliar no diagnóstico. Térmica→Dolorosa→Tátil
Os diagnósticos diferenciais mais Obs2:50% dos pacientes têm exame
importantes são tromboflebite (pernas), laboratorial negativo, mas possuem
angioedema e herpes-zóster (face) e hanseníase.
erisipelóide (mão). –Epidemiologia
–Tratamento O Brasil tem um grande número de
O tratamento inclui repouso com casos da doença, o segundo país. É uma
elevação do membro, analgesia e doença que atinge pessoas de todas as
antibioticoterapia sistêmica, que deve ser idades, sendo raras em crianças, não
parenteral nos casos intensos ou tendo predileção por gênero. Tem como
localizados na face, devendo-se fator de risco os conglomerados
considerar as possibilidades etiológicas habitacionais, por ser uma doença
na escolha do tratamento. respiratória. Assim, pessoas em
● ATB: Penicilina procaína, condições socioeconômicas desfavoráveis
Cefalexina, Ceftriaxona, fazem parte do grupo de risco.
Levofloxacino, Eritromicina. –Transmissão
Dermatologia- Aula 03- Hanseníase O M.leprae pode ser transmitido
–Introdução tanto pela pessoa doente com o bacilífero,
A hanseníase é uma doença como também por macacos e tatus. A
infectocontagiosa causada pelo infectividade é alta, mas a
Mycobacterium leprae, que acomete patogenicidade é baixa, ou seja, muitas
principalmente pele e/ou nervos pessoas contraem a doença, mas poucos
periféricos. A doença pode afetar a manifestam.
praticamente todos os órgãos e sistemas A quantidade de bacilos
em que existam macrófagos, exceto o eliminados pelas vias aéreas do doente

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virchowiano é extraordinariamente
elevada (185.000 bacilos em 10 minutos
de fala). Argumentos de ordem
experimental tornam possível aceitar as
vias respiratórias como a principal porta
de entrada. A transmissão ocorre por
contágio direto, embora haja possibilidade
mais remota de se processar por meio
indireto (objetos contaminados, até No entanto, se essas defesas
mesmo por vetores). Admite-se que a forem parcialmente deficientes, surge a
inoculação ocorra pela mucosa nasal e, forma indeterminada ou incaracterística
por exceção, pela pele em presença de (I), podendo assim permanecer por meses
soluções de continuidade, já que o bacilo ou anos, até que sofra uma definição
não é capaz de penetrar a pele íntegra. imunopatologia no sentido da cura ou de
A detecção dos bacilos é feita por evolução para um dos polos da doença
um raspado dérmico de ambos lóbulos (HT ou HV) ou para um tipo que incluiria
da orelha e cotovelos, os locais mais frios aqueles pacientes imunologicamente mais
do corpo, à temperatura de tropismo do instáveis, com característica dos polos
M.leprae. tuberculóide e virchowiano, a hanseníase
–Etiopatogenia dimorfa ou borderline.
Existe uma correlação bem nítida Dermatologia- Aula 04- Hanseníase parte 02
entre as apresentações clínicas da ● Classificação da hanseníase
doença e o grau de imunidade inata
específica do paciente; imunidade celular
preservada nas formas benigna e
deprimida, com exaltação da imunidade
humoral nas apresentações bacilíferas.
Após a penetração do M.leprae
inicia-se uma luta entre o bacilo e as
defesas do indivíduo, de cujo resultado
vai originando-se o grau de
→Hanseníase Indeterminada
patogenicidade. Com base nessa
A hanseníase indeterminada (HI)
diversidade de comportamento, definiu-se
é, em geral, a forma inicial da doença.
tipos polares, isto é, um polo benigno
Caracteriza-se por manchas hipocrômicas
(hanseníase tuberculóide- HT) e um
ou eritemato-hipocrômicas com
polo maligno (hanseníase virchowiana-
hipoestesia. Geralmente, são poucas
HV).
lesões, as bordas podem ter boa ou má
Naqueles em que o sistema
definição e não há local preferencial; no
linfócito-macrofágico é competente do
entanto, em crianças, é comum a
ponto de vista imunológico, a pessoa
localização na face e nos membros
infectada não adoece, ou seja,
inferiores. A seguir, são listadas as
estabelece-se uma infecção subclínica
principais características da HI:
demonstrada por testes imunológicos,
➢ As lesões surgem após um
culminado com a eliminação dos bacilos.
período de incubação variável;
➢ Caracteriza-se por manchas
hipocrômicas, com alteração da

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sensibilidade, ou simplesmente de ➢ Nesta forma clínica,


hipoestesia da pele; encontram-se lesões bem
➢ As lesões são em pequeno delimitadas, em número reduzido,
número e podem se localizar em anestésicas e de distribuição
qualquer área da pele, com assimétrica;
possibilidade de diminuição da ➢ Descrevem-se lesões em placa
sudorese e rarefação de pelos. ou anulares com bordas
➢ Frequentemente, apenas a papulosas, e áreas da pele
sensibilidade térmica eritematosas ou hipocrômicas;
encontra-se alterada; ➢ Não tem tendência à ulceração;
➢ Não há comprometimento de ➢ A hanseníase tuberculóide,
tronco nervoso (sem sintomas de juntamente com a indeterminada
parestesia ou dormência). Não há constituem as formas
espessamento do nervo. paucibacilares da hanseníase;
➢ A pesquisa de BAAR revela-se ➢ Observa-se, ainda,a forma neural
negativa; pura, em que não se encontra
➢ Após períodos de tempo que varia lesões cutâneas (HNP);
de poucos meses até anos, ocorre ➢ Lesões precoces, agressivas e
evolução para cura espontânea ou assimétricas;
para outra forma clínica; ➢ Há espessamento do tronco
➢ A forma indeterminada é a fase nervoso e dano, em especial,
ideal para tratamento: o doente quando atinge nervos
não oferece riscos de contágio e a sensitivo-motores. (reação
chance de lesões neurais é quase granulomatose);
nula. ➢ A lesão neural é mais grave
→Hanseníase Tuberculoide porque há o encapsulamento do
nervo e destruição do mesmo pelo
sistema imune celular;
➢ Necrose caseosa dos nervos
(característica dessa forma
clínica);
→Forma neural pura
As lesões da hanseníase Ocorre em todos os sexos e em
tuberculóide (HT) podem apresentar qualquer faixa etária e a principal
aspecto papuloso ou tuberoso, na maior característica é a ausência de lesões
parte das vezes agrupando-se em placas, dermatológicas. O paciente queixa-se de
de tamanhos variados, com boa sintomatologia parestésica, que evolui
delimitação. Outras vezes, formam lesões para hipo ou anestesia da área,
circinadas ou anulares, assimétricas, progredindo para o comprometimento
quase sempre únicas ou pouco motor. Há espessamento neural e pode
numerosas. haver amiotrofias.
A hipoestesia ou anestesia é Na maioria dos casos, o
precoce e sempre ocorre. Em geral, o comprometimento é assimétrico e as
comprometimento neurítico é de um ou características imunológicas e
poucos nervos. A seguir, são listadas as bacterioscopias são de pacientes
principais características da HT: tuberculóides ou dimorfos. Em geral o
acometimento é de mais de um tronco

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nervoso. A diferença com o acometimento ➢ Na pele apresenta lesões


neural dos quadros reacionais é que, polimorfas: mácula com limites
nestes, em geral, o nervo estará doloroso, imprecisos> evolui placas
espontaneamente ou à palpação. infiltradas> lesões sólidas
→Hanseníase Virchowiana papulosas, pápulo-nodulares,
nodulares (hansenomas) e placas;
➢ A pele torna-se xerótica, com
aspecto de pergaminhamento e
tonalidade semelhante ao cobre;
➢ Há rarefação dos pelos nos
membros, cílios e supercílios;
➢ A infiltração da face, incluindo os
pavilhões auriculares, com
madarose e manutenção da
cabeleira, forma o quadro
conhecido como fácie leonina;

A hanseníase virchowiana (HV) é


caracterizada por lesões cutâneas
eritemato-infiltradas com limites
externos pouco definidos. A cor das
lesões é eritemato-acastanhada e
eritemato-amarelada; tubérculos e
nódulos ocorrem com frequência. São, em
geral, simétricas e localizam-se em
praticamente todo o corpo. A seguir, são
listadas as principais características da
HV:
➢ Trata-se de forma multibacilar, ➢ Acometimento neural é simétrico,
reconhecida por corresponder ao extenso, mas pouco intenso
polo de baixa resistência, dentro inicialmente (discreta reação
do espectro da doença. Portanto, inflamatória), acomete múltiplos
manifesta-se naqueles nervos;
indivíduos que apresentam ➢ Anestesia tardia em luva ou em
imunidade celular deprimida bota ( diagnóstico diferencial de
para Mycobacterium leprae; neuropatia diabética);
➢ Admite-se que a HV possa evoluir ➢ Tardiamente há lesão e destruição
a partir da forma indeterminada ou do eixo nervoso;
se apresentar como tal desde o ➢ Mão em garra, sinal de HV
início; avançada (10-15 anos da
➢ Sua evolução crônica manifestação da doença).
caracteriza-se pela infiltração →Hanseníase dimorfa
progressiva e difusa da pele,
mucosa das vias aéreas
superiores, olhos, testículos,
nervos, podendo afetar, ainda,
linfonodos, fígado e baço.

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13
Dermatologia

➢ A baciloscopia é o exame
microscópico onde se observa o
Mycobacterium leprae;
➢ Podem ser colhidos esfregaços
intradérmicos das lesões
hansênicas ou de outros locais de
coleta selecionados: lóbulos
auriculares e/ou cotovelos.
➢ A sensibilidade é baixa (50%), mas
As lesões dimorfas ou borderline a especificidade é alta;
são infiltradas e a cor varia do eritema à ➢ É um apoio diagnóstico e também
coloração ferrugínea. Lesões anulares serve como um dos critérios de
com borda interna nítida e externa confirmação de recidiva quando
apagada (lesões foveolar) são comparado ao resultado no
encontradas com frequência. momento do diagnóstico e da cura;
Alguns casos apresentam muitas ➢ Por nem sempre evidenciar o
características da apresentação Mycobacterium leprae, nas lesões
virchowiana e outros exibem hansênicas ou em outros locais de
características da tuberculóide; ainda, coleta, a baciloscopia negativa
podem existir lesões com características não afasta o diagnóstico da
de ambas as apresentações no mesmo hanseníase;
paciente, daí a designação dimorfa.A ➢ Quando a baciloscopia estiver
seguir, são listadas as principais disponível e for realizada, não se
características da HD: deve esperar o resultado para
➢ Este grupo é caracterizado pela iniciar o tratamento do paciente;
instabilidade imunológica, o que ➢ O tratamento é iniciado
faz com que haja uma grande imediatamente após o diagnóstico
variação em suas manifestações de hanseníase e a classificação do
clínicas, seja na pele, nos nervos paciente em pauci ou multibacilar;
ou no comprometimento sistêmico; ➢ Paucibacilares→ indeterminada e
➢ As lesões da pele revelam-se tuberculóide→baciloscopia
numerosas e sua morfologia negativa;
mescla aspectos da HV e HT, ➢ Multibacilares→dimorfa e
podendo haver predominância de virchowiana→baciloscopia
diferentes sintomatologias; positiva;
➢ Lesões foveolar (típicas): placas →Tratamento
eritemato-ferruginosas ou ➢ Tem que notificar;
violáceas, com bordas internas -Classificação operacional: a OMS
nítidas e limites externos difusos; propôs uma classificação simples e
➢ Lesões neurais: os troncos fundamental para fins operacionais do
nervosos estão afetados; controle da endemia e para a utilização
➢ As lesões são precoces, dos medicamentos e esquemas
assimétricas e, com frequência, terapêuticos;
levam a incapacidades físicas; →Paucibacilares: até 5 lesões da pele;
→Diagnóstico →Multibacilares: casos com mais de 5
lesões da pele.

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14
Dermatologia

O esquema chamado de ➢ No multibacilar a duração do


poliquimioterapia (PQT) baseia-se na tratamento é de 12 doses mensais
classificação dos pacientes em 2 grupos: supervisionadas de rifampicina e
paucibacilares (PB) e multibacilares (MB). os critérios de alta são de 12
No primeiro grupo, enquadram-se os doses supervisionadas em até 18
pacientes os pacientes das formas meses;
tuberculóide e indeterminada, que fariam –Peculiaridades
o tratamento durante 6 meses. ➢ Casos multibacilares que iniciam o
Entretanto, a classificação foi tratamento com numerosas lesões
simplificada com base no exame e/ou extensas áreas de infiltração
baciloscópico, isto é, todos aqueles com cutânea poderão apresentar uma
baciloscopia positiva seriam regressão mais lenta das lesões
classificados como MB. de pele;
Os MB são pacientes das formas ➢ A maioria desses pacientes
dimorfa e virchowiana que devem utilizar continuará melhorando após a
3 substâncias e manter o tratamento por 2 conclusão do tratamento com 12
anos, no mínimo, ou até a negativação da doses;
baciloscopia. ➢ É possível, no entanto, que alguns
desses casos demonstre pouca
melhora e, por isso, poderão
necessitar de 12 doses adicionais
de PQT-MB.
→Reações Hansênicas
Os quadros reacionais da
hanseníase podem ocorrer antes, durante
ou após a instituição do tratamento
específico. São fenômenos agudos que
interrompem a evolução crônica da
doença. Os dois tipos de reações
–Medicações hansênicas, tipo 1 (ou reação reversa) e
Dapsona, rifampicina e clofazimina. tipo 2(ou eritema nodoso hansênico),
➢ Rifampicina: uma dose mensal de refletem o processo inflamatório
600mg (2 cápsulas de 300mg) imunomediado, envolvendo distintos
com administração superficial; mecanismos de hipersensibilidade.
➢ Clofazimina: uma dose mensal de Reações hansênicas são
300mg (3 cápsulas de 100mg) caracterizadas por reação inflamatória
com administração supervisionada súbita, podem ocorrer em qualquer forma
e uma dose diária de 50mg; clínica da doença, excluindo HI, são
➢ Dapsona: uma dose mensal de causadas pelo aumento da atividade
100mg supervisionada e uma dose imunológica.
diária autoadministrada de 100mg; Vários fatores desencadeantes
–Duração e critérios de alta foram correlacionados com as reações
➢ No paucibacilar a duração do (infecções intercorrentes, estresse,
tratamento: 6 doses mensais trauma físico ou psicológico,
supervisionadas de rifampicina. contraceptivos orais e outras substâncias,
Critérios de alta: 6 doses vacinas), contudo, sem comprovação por
supervisionadas em 9 meses estudos clínicos controlados.

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15
Dermatologia

–Reação tipo 1 ou Reação Reversa ➢ Tratamento: talidomida na dose


(RR) de 100 a 400mg/dia (não trata
➢ Ocorrem em tuberculóide nenhuma mulher em idade fértil) e
(raramente) e dimorfo nos outros casos prescrever
(comumente); prednisona;
➢ As lesões já existentes se tornam ➢ Quando ocorrer neurite,
mais eritematosas e edematosas e orquiepididimite→prednisona;
aparecem outras lesões;
➢ Os limites das lesões tornam-se
Característic Reação reversa Recidiva
mais evidentes e definidos; novas
as
lesões com as mesmas
características podem surgir; Intervalo de Ocorre Ocorre
➢ Pode ocorrer hiperestesia ou geralmente normalmente
tempo
acentuação da parestesia sobre as durante a muito tempo
lesões cutâneas; quimioterapia ou depois do
➢ As reações são mais comuns nos dentro de seis término da
dimorfos e acometem maior meses após quimioterapia,
número de nervos do que nos completado o em geral
tuberculoides, mas a lesão neural tratamento depois de um
dos tuberculoides é mais grave; intervalo de
➢ Tratamento: analgésicos e AINES um ano
nas formas leves e prednisona na
dose de 1 a 2mg/Kg/dia nos casos Aparecimento Súbito e Lento e
inesperado insidioso
moderados e graves.
–Reação tipo 2 ou eritema nodoso Distúrbios Podem vir Geralmente
hansênico sistêmicos acompanhados não vêm
➢ Costuma aparecer depois de de febre e mal acompanhado
iniciado o tratamento, em torno do estar s de febre e
sexto mês. 60% dos virchowiano mal estar
são acometidos;
➢ Acomete pacientes virchowianos e Lesões Algumas ou todas Algumas
dimorfo-virchowianos; antigas se tornam podem
➢ Pode-se observar o aparecimento eritematosas, apresentar
de pápulas, nódulos e placas, brilhantes e borda
consideravelment eritematosa
eritematosas ou eritemato-
e inchadas, com
violáceas, dolorosas, na pele de
infiltração
aspecto normal, distribuindo-se
universalmente em todo o corpo; Lesões novas Em geral várias Poucas
➢ Podem evoluir para o eritema
nodoso necrosante; Ulcerações Muitas vezes as Raramente
➢ Há sintomatologia sistêmica e lesões se há ulcerações
manifestações extra-cutâneas, agravam e ficam
podendo ocorrer febre, mal-estar, ulceradas
hiporexia, perda de peso,
neuropatia, orquiepididimite, Regressão Com descamação Não há
descamação
glomerulonefrite, miosite e outros;

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16
Dermatologia

➢ Lesão elementar: placas


Envolvimento Muitos nervos Pode ocorrer
eritemato-escamosas;
dos nervos podem estar em um único
envolvidos nervo. Essas placas são reflexo clínico da
rapidamente Perturbações hiperqueratose, paraqueratose, acantose
ocorrendo dor, motoras da epiderme, vasos tortuosos e dilatados,
alteração da ocorrem muito assim como do processo inflamatório
sensibilidade e lentamente. composto principalmente por linfócitos.
perturbações
motoras.

Resposta aos Excelente Não


corticóides pronunciada

–Profilaxia
➢ Pelas normas atuais do MS, a
prevenção consiste no diagnóstico
precoce de casos e na utilização
do BCG; –Epidemiologia
➢ Vacina para contactantes que ➢ Distribuição universal;
residem no mesmo local do doente ➢ De 1-3% da população;
por um período de 5 anos. ➢ Mais rara em negros;
Dermatologia- Aula 05- Psoríase ➢ Acomete igualmente os sexos.
–Lesões
As lesões típicas são
eritemato-escamosas, em placas, de
limites precisos e, por vezes, circundadas
por halo periférico claro (halo de
Woronoff); as escamas, são, geralmente,
argênicas.
O tamanho das lesões varia de
alguns milímetros (psoríase gutata) a
Psoríase grandes placas de vários centímetros; a
–Conceito morfologia pode ser variada: numular,
Doença imune-inflamatória, girata, anular e outras. A simetria é a
cutâneo-articular, crônica e recorrente que regra, embora possam existir casos de
se caracteriza por hiperplasia epidérmica, lesão única e isolada. Os locais mais
ciclo evolutivo acelerado dos comuns são: face extensora de
queratinócitos e ativação imune membros–sobretudo cotovelos e joelhos–,
inapropriada. Características: tronco, região sacra e couro cabeludo; há,
➢ Dermatofitose inflamatória crônica entretanto, casos com localização nas
da pele e recorrente, áreas de flexão (psoríase invertida).
imunologicamente mediada,
associada a manifestações
sistêmicas;
➢ Base hereditária (não
necessariamente de psoríase, mas
de qualquer outra doença);

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17
Dermatologia

b-)Psoríase invertida: É quando as


lesões se situam nas áreas de flexura.
Ocorre com frequência em HIV-infectados
e melanodérmicos (diagnóstico
diferencial: intertrigo/dermatite seborréica)
c-)Psoríase gutata: Tem início abrupto,
com lesões pequenas e arredondadas,
predominantemente no tronco. Ocorre
frequentemente 2-3 semanas após
Psoríase invertida
estreptocócica do trato respiratório
Lesões de mucosa são raras, mas
superior. São pápulas eritemato-
podem ocorrer queilite, glossite, língua
descamativas em tronco.Podem
geográfica e fissurada que, inclusive, se
desaparecer em 3 meses, persistir ou
associam frequentemente, blefarite,
evoluir para psoríase em placas.
conjuntivite e ceratite.
As unhas estão comprometidas
em 35-50% dos pacientes com psoríase e
em até 83% daqueles com doença
articular; as lesões podem ocorrer por
dano na matriz ou por comprometimento
do leito ungueal.
Psoríase afetando a matriz
ungueal provoca depressões cupuliformes
ou puntiformes ou unha em dedal, d-)Psoríase palmo-plantar: acomete
leuconíquia (manchas brancas na lâmina mais adultos, simétrica e placas
ungueal) ou “esfarelamento” da unha. delimitadas, hiperceratose intensa,
Quando o acometimento é do leito, há podendo ocorrer fissuras.
onicólise, onicorrexe, ceratose e-)Psoríase ungueal: 50-80% dos casos,
subungueal, hemorragia em estilha e a acometimento da prega ungueal proximal,
mancha em óleo/salmão. levando a depressão cupuliforme (pits
ungueais). Onicólise (descolamento),
mancha em óleo (salmão), onicodistrofia
(má formação) e traquioníquia
(espessura) devido à lesão da matriz
ungueal.
f-)Psoríase eritrodérmica:mais de 80%
do tegumento está comprometido,
O prurido ocorre em podendo ocorrer alterações gerais na
aproximadamente 80% dos pacientes e termorregulação, na hemodinâmica, nos
alguns têm a sensação de queimação. equilíbrios hidroeletrolíticos e proteico. Em
Podemos distinguir várias manifestações geral, a forma eritrodérmica é secundária
clínicas de psoríase, como: e costuma decorrer de tratamento
a-)Psoríase em placa (vulgar): acomete intempestivos (ex: coaltar em altas
cerca de 90% dos doentes e se manifesta concentrações) ou pela retirada do
com placas secas, brancas ou prateadas, corticosteróides; alguns casos podem ser
bem delimitadas, geralmente simétricas, primários.
no couro cabeludo, extensão dos g-)Psoríase pustulosa: caracteriza-se
membros e região e região sacra; por pústulas estéreis. Há uma

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18
Dermatologia

apresentação generalizada com *A curetagem de Brocq é a


morfologia anular, que tem início súbito, manobra semiológica que caracteriza a
febre, comprometimento geral e placa psoriásica, apesar de não ser
leucocitose que pode evoluir para êxito patognomônica: no primeiro momento,
letal; e apresentações localizadas. destacam-se escamas brancas
Atualmente o impetigo herpetiforme é, nacaradas, estratificadas (sinal da vela),
atualmente, considerado uma variante de surgindo a seguir uma membrana branca
psoríase pustulosa generalizada que transparente, que uma vez curetada dá
ocorre durante a gravidez, com febre e lugar a um sangramento puntiforme (sinal
comprometimento geral intenso e do orvalho sangrante ou sinal de
hipocalcemia podendo provocar auspitz).
abortamento. –Diagnósticos diferenciais
Obs SanarFlix: A forma generalizada é ➢ Dermatite seborreica;
decorrente, muitas vezes, da suspensão ➢ Eczema;
abrupta de corticóides sistêmicos. Em ➢ Micoses superficiais;
psoríase não pode usar corticóide ➢ Lúpus;
sistêmico, pois a suspensão pode levar a ➢ Líquem plano;
essas formas generalizadas. ➢ Intertrigo;
–Outras formas –Índices de severidade
➢ Criança; Com o intuito de escolher e avaliar
➢ Idoso; protocolos de tratamento, foi criado um
➢ Artropática: simétrica, mutilante, instrumento para medir a gravidade e a
axial, mono ou oligoarticular extensão do comprometimento cutâneo
assimétrica. (PASI), que avalia:
–Diagnóstico ● Grau do eritema;
É feito em bases clínicas. ● Espessura;
Clínica→ inflamação na derme ● Descamação;
(eritema) + hiperproliferação da Com escores que variam de rigor
epiderme (escamas) de 0 a 4 e de extensão de 1 a 6. O
Em geral, não requer resultado é multiplicado pela área de
complementação laboratorial. Grande acometimento.
valor semiológico é dado à curetagem
metódica da curetagem de Brocq*.
O laboratório é inespecífico, com
eventuais aumentos de ácido úrico nas
apresentações extensas e ativas e de
velocidade de hemossedimentação,
alfa-2-globulina e PCR na formas
artropáticas.
–Tratamento
Devido à patogênese da doença, o
objetivo da terapêutica é o seu controle
clínico, de preferência com remissão
prolongada e reflexos positivos na
qualidade de vida.
Os diversos medicamentos atuam
bloqueando, em níveis diferentes, a

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19
Dermatologia

proliferação exagerada dos queratinócitos –Prognóstico


e a ativação linfocitária que produz muitas Eminentemente crônica, com fases
e diferentes citocinas pró-inflamatórias. A de acalmia e recidiva, sem cronologia
exposição ao sol, sempre que possível, precisa, trata-se de uma doença que
deve ser recomendada. compromete negativamente a qualidade
É importante ter em mente a de vida. Pode ser incapacitante nos casos
cronicidade da doença, para estabelecer de artropatia psoriásica. Raramente,
a associação de diferentes medicamentos ocorrem infecções nas placas e,
ou modalidades terapêuticas. ocasionalmente, na forma eritrodérmica.
a-)Tópico Complicações excepcionais como a
Em formas localizadas de síndrome de extravasamento capilar
psoríase, são empregados corticoides sistêmico e a síndrome do desconforto
tópicos como loções no couro cabeludo, respiratório ocorrem nos casos de
como cremes para a face e áreas manifestação pustulosa generalizada e
intertriginosas e como pomadas para eritrodérmica.
lesões no tronco e nos membros. Fatores de piora do prognóstico:
● Corticóide: ação anti-inflamatória, tabagismo, corticoide oral, fatores
antiproliferativa, vasoconstritora e emocionais, álcool e clima;
antipruriginosa; Dermatología-Aula 06- Eczema Atópico
● Coatar: em gel, creme, shampoo, –Conceito
podendo usar de 1-20%; A dermatite atópica (DA) é a
● Antralina: em concentração de 1% principal manifestação cutânea da atopia.
(queratolítica); Foi definida como a tendência hereditária
● Calcipotriol: Daiovonex, daivobet a desenvolver alergia a antígenos
(suprime a proliferação do alimentares ou inalantes, manifestando-se
queratinócito); por eczemas, asma ou rinite alérgica.
● Imunomoduladores: Elidel, tarfic, Trata-se de doença genética, de
protopic; herança poligênica, com evidente
● Tazaroteno (retinoide): está alterações imunológicas, fortemente
indicado nos casos os quais o influenciada por fatores ambientais e,
acometimento não ultrapasse 20% eventualmente, emocionais.
da superfície corpórea; –Conceitos importantes:
b-)Oral ➢ É uma enfermidade cutânea
● Metotrexato 2,5mg; inflamatória de caráter crônico,
● Acitretina; recidivante, em que o prurido
● Ciclosporina; intenso e a xerose cutânea são
● Imunobiológicos: Infliximabe frequentes; algumas referências
5mg/Kg nas semanas 0-2-6 colocam o prurido como critério
Obs: Em formas mais extensas de diagnóstico;
psoríase, pode ser empregada a ➢ A topografia das lesões está
fototerapia UVB. Trata-se de uma opção relacionada à idade;
terapêutica utilizada de modo isolado ou ➢ Os termos dermatite e eczema são
combinado a outras modalidades empregados como sinônimos;
terapêuticas, tópicas ou sistêmicas. O –O que é atopia?
mecanismo de ação da fototerapia se faz ➢ Significa doença estranha,
por meio da atividade antiproliferativa, referente a pessoas com tendência
anti-inflamatória e imunossupressora.

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Dermatologia

a sofrer de dermatite, rinite ➢ Excesso de higiene; o excesso


alérgica e asma; de produtos químicos desperta
–Classificação anticorpos contra os antígenos
➢ Mista: 60% dos casos e ocorre em desses produtos;
associação com quadro ➢ Maior exposição e sensibilização a
respiratório (asma e/ou rinite); antígenos ambientais;
➢ Pura: quando não há doença ➢ Menor tempo de aleitamento
respiratória associada; materno;
➢ Tríade atópica: DA + Rinite –Etiopatogenia:
alérgica +Asma; É complexa e multifatorial
➢ Pode ocorrer de forma parcial ou 1. Genética: É provável que a
completa; interação do meio ambiente com o
–Então podemos afirmar que a dermatite polimorfismo genético possa ser
atópica é uma dermatite alérgica? A responsável pelo processo; se
dermatite atópica pode ou não ser nenhum dos pais tem DA a
alérgica, com os fatores alérgenos probabilidade é de 19%, se um
negativos e nesses casos, tem-se uma dos pais tem é de 56% e se os
barreira cutânea deficitária, causando dois têm a probabilidade é de
uma maior sensibilidade a produtos 81%;
químicos, calor e outros agentes. 2. Ambiente: perfil dos atópicos:
–A forma pura é dividida em: famílias pequenas, mais ricas,
➢ Extrínseca: representa 75% dos áreas urbanas, mães com maior
pacientes, tendo resposta escolaridade; perfil da
específica de IgE e reatividade personalidade do atópico:
cutânea aos alérgenos inalantes labilidade emocional, inteligência
ou alimentares; alteração maior é superior à média, hiperatividade,
a disfunção de barreira que torna agressividade reprimida;
os indivíduos mais suscetíveis a 3. Imunologia: A imunidade inata
fatores externos e alérgenos está alterada e a adaptativa vai ser
(hipótese outside-in); alterada pelo contato com
➢ Intrínsecas: em 25% dos substâncias químicas; aumenta a
portadores, os níveis de IgE são produção de células B (que
normais e não há sensibilização aumenta IgE), aumento das
específica; doença essencialmente células T e da expressão da IL-31.
mediada por citocinas com uma Além disso, vai ter alteração da
disfunção epidérmica reativa autoimunidade, aumentando a
(hipótese inside-out); produção de IgE contra as próprias
–Epidemiologia células (queratinócitos e células
➢ Inicia-se nos primeiros anos de endoteliais)- vasculite e dermatite);
vida: 60% no primeiro ano e 85% 4. Barreira cutânea alterada: a água
antes dos 5 anos de idade; evapora em maior quantidade,
–Possíveis explicações para aumento de permitindo a entrada de alérgenos;
DA nos últimos 10 anos; as alterações da função barreira
➢ Diagnóstico mais precoce e do estrato córneo estão presentes
preciso; não somente na pele lesada, mas
➢ Vida moderna: poluição, estresse também na pele aparentemente
emocional; não comprometida; ocorre

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Dermatologia

diminuição de ceramidas e ácidos critérios maiores a 3 critérios menores.


linoléicos, aumento de ácido
gamalinoleico, afeta a função do
estrato córneo como barreira,
levando à perda de água e à pele
seca, maior suscetibilidade às
infecções;
–Fatores emocionais
Foi demonstrado que o estresse é
capaz de alterar a barreira cutânea. Foi
evidenciado que o estresse influencia na
produção de interleucinas Th2. Crianças
moradoras de áreas próximas de estradas
e ruas movimentadas apresentam mais
DA e formas mais graves.
37% das crianças com DA
moderada à grave têm alergia alimentar.
No entanto, é importante ressaltar que a
maioria dos alérgenos implicados está
presente em muitos alimentos, sendo
difícil evitá-los.
Há estudos evidenciando maior
quantidade de ácaros na poeira
doméstica da casa de indivíduos atópicos.
A colonização estafilocócica da pele está
presente em mais de 90% dos pacientes
com DA, em contraste com indivíduos
normais, que é de 5 a 30%. Criança
entrou em crise, com ou sem impetigo,
entrar com antibiótico (sulfa, cefaclor,
cefadroxila uso sistêmico e mupirocina em
uso tópico).
–Critérios diagnósticos
O diagnóstico é basicamente –Outros critérios menores
clínico, corroborado muitas vezes por uma ➢ Xerose cutânea;
história familiar ou pessoal de atopia; ➢ Início precoce do quadro
eosinofilia e aumento de IgE circulante compatível com DA;
podem reforçá-lo. A confirmação ➢ Queilite;
diagnóstica é feita pelos critérios de ➢ Hiperlinearidade palmar;
Hanifin e Rajka. É necessária a ➢ Dupla prega de Dennie-Morgan;
associação de um mínimo de 3 ➢ Pitiríase alba;
➢ Intolerância alimentar;
➢ Sinal de Hertoghe: perda da
porção distal dos supercílios;
A gravidade da DA é avaliada
tanto pelo EASI quanto pelo SCORAD.
Ambos avaliam a área da pele acometida

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Dermatologia

e a gravidade de uma lesão em especial, ➢ Complicações: infecções


destacando-se: eritema, edema, presença secundárias; impetigo;
de crostas, sinais de escoriações e –Eczema pré-puberal
liquenificação. ➢ Início aos 3 até 12 anos;
No SCORAD, considera-se ainda ➢ Locais de acometimento: face e
a avaliação do paciente ou cuidador faces flexoras dos membros,
incluindo perguntas sobre a qualidade do punho, dorso das mãos e dos pés,
sono e intensidade do prurido nos últimos dobras antecubitais;
3 dias que antecederam a avaliação. ➢ Evolui com fases de agudização
Pontuações: com eritema e vesiculação. Prurido
● 0 a 14: dermatite atópica leve; variável;
● 15 a 40: dermatite atópica ➢ Pode agravar ou desaparecer em
moderada; decorrência da produção de
● Acima de 41: dermatite atópica andrógenos que hidrata a pele;
grave. –Eczema do adulto:
–Clínica ➢ A partir dos 12 anos;
Trata-se de dermatose crônica de ➢ Atinge preferencialmente áreas de
evolução flutuante, podendo ocorrer em flexura: pescoço, fossa antecubital,
qualquer idade a partir do 3º mês de vida. poplítea, face na região periorbital;
O prurido é intenso e sempre está ➢ Liquenificação e escoriações;
presente. A morfologia das lesões variam ➢ Evolui com fases de agudização
com a idade, tendendo a ser mais com eritema e vesiculação. Prurido
exsudativa na primeira infância e variável;
liquenificadas nas faixas etárias mais –Diagnóstico diferencial
avançadas. Devem ser consideradas:
Tende-se a dividir a dermatite dermatite seborreica, dermatite de
atópica nas seguintes fases: infantil, contato, eczema numular, escabiose,
pré-puberal e adulto, podendo evoluir de psoríase (principalmente palmo-plantar),
uma fase para outra, ou iniciar-se em dermatite herpetiforme e doença de
qualquer uma delas. Darier.
–Eczema infantil –Tratamento
➢ Início do 3º mês até 2 anos de Os principais objetivos são evitar a
idade; coçadura, a xerodermia e afastar os
➢ Ao término do 2º ano de vida, agravantes (sabões, lã, extremos de
observa-se resolução espontânea temperatura, baixa umidade do ambiente,
em menos da metade dos casos; exposição a antígenos inalantes, banhos
na maioria, as lesões tornam-se demorados e quentes, roupas sintéticas,
menos exsudativas, mais substâncias irritantes à pele etc.). O
papulosas e com tendência a tratamento se subdivide em:
liquenificação, comprometendo ➢ Cuidados gerais;
principalmente as dobras ➢ Medicamentos tópicos;
antecubitais, poplíteas, punhos, ➢ Medicamentos sistêmicos;
face e pescoço; →Cuidados gerais:
➢ Locais de acometimento: face, ➢ Informar aos pais ou ao doente
faces extensoras dos membros, sobre a doença e sua evolução;
couro cabeludo e nuca; ➢ Não há cura, tentar sempre o
controle;

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Dermatologia

➢ Informar sobre tendência à ➢ Hidratação: fisiogel, hydraporin,


melhora, com momentos de cetaphil e lipikar; SUS: vasenol e
recidivas. neutrogena;
➢ Banho: água morna e de curta ➢ Corticóides: a preferência é pelos
duração, usar sabonetes suaves, corticóides de baixa potência
preconiza-se uso de sabonetes (mometasona, prednisolona,
com pH ácido ou neutro, porque hidrocortizona); nas lesões
não interferem na microflora eczematosas agudas deve-se usar
cutânea e são menores irritantes; em forma de creme;
➢ Almofadas de amido no chuveiro ➢ Antibióticos tópicos: mupirocina,
ou no banho de imersão; ácido fusídico ou gentamicina;
➢ Óleos miscíveis na água da (staphylo, strepto e pseudomonas)
banheira; –Classificação dos corticosteróides
➢ Corte de unhas duas vezes por tópicos
semana nas crianças; a-)Muita alta potência
➢ Luvas de algodão atenuam ➢ Indicações: processos
escoriações; inflamatórios intensos, lesões
➢ O ato de coçar parece contribuir crônicas e espessas (psoríase,
para o desenvolvimento da líquen simples e LES); alternativa
dermatite por aumentar as a corticoterapia sistêmica para
respostas imunológicas através da tratamento de áreas localizadas;
liberação de citocinas decorrentes ➢ Duração: Deve ser usado
do trauma dos ceratinócitos; somente por períodos curtos e
➢ Alimentos: papel controversos sobre áreas pequenas, devido à
(para restringir é preciso comprar possibilidade de atrofia local;
que a criança tem intolerância ou ➢ Não indicado na face e áreas
alergia ao alimento); intertriginosas e sob oclusão.
➢ As grandes investigações b-)Alta potência
laboratoriais a fim de determinar ➢ Indicações:processos
hipersensibilidade a antígenos inflamatórios mais intensos.
específicos não apresentam valor Dermatoses eczematosas mais
prático, sendo mais recomendada graves, como líquen simples
a higienização do ambiente crônico e psoríase.
(retirada de cortinas e carpetes), ➢ Duração: Permite o uso por tempo
afastando os alergênicos inalantes mais prolongado em áreas de pele
em geral; espessada por dermatite crônica.
→Medicamentos tópicos: Não indicado para uso crônico.
➢ A terapêutica tópica para ➢ Pode ser usado na face e em
hidratação da pele é feita com áreas intertriginosas, somente por
emolientes, especialmente de períodos curtos.
amêndoas doces, vaselina ou c-)Média potência
alfa-hidroxiácidos, associados ou ➢ Indicações: Processos
não a cremes de corticosteróide de inflamatórios de intensidade
potência variável segundo a área, moderada. Dermatoses
o tipo de lesão a ser tratada e a eczematosas crônicas, tais como,
idade do paciente; eczema atópico e eczema da mão.

Marília Miranda Santana P6


24
Dermatologia

➢ Duração: Pode ser usado em ➢ Hidroxizina, cetirizina,


tratamento de manutenção, nos clorfeniramina (são sedativos para
casos mais graves e por períodos conseguirem dormir);
não muito prolongados; ➢ Terfenadina;
➢ Pode ser usado na face e em
áreas intertriginosas por períodos
limitados.
d-)Baixa potência
➢ Indicações: Processos
inflamatórios mais brandos;
➢ Duração: Ideal para uso crônico,
tratamentos prolongados e de
manutenção;
➢ Pode ser usado de forma segura,
na face em áreas intertriginosas,
com ou sem oclusão, mesmo em
lactentes e crianças pequenas.

→Medicamentos sistêmicos:
➢ Antibióticos: cefalosporina,
eritromicina ou doxiciclina;
➢ Indica-se antibioticoterapia
antiestafilocócica, mesmo na
ausência de evidência franca de
infecção secundária, com ótimos
resultados, sobretudo em casos de
piora súbita;
➢ Anti-histamínico: para controle do
prurido;

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25
Dermatologia

Bloco II Há dois tipos de HSV, 1 e 2, que


diferem entre si pelo local de tropismo,
Dermatologia- Aula 07- Dermatoviroses
chamando cada um, respectivamente, de
–Conceito
herpes não genital e herpes genital. A
Enquanto as bactérias agem
infecção pelo HSV-2 é, geralmente, de
fundamentalmente por intermédio de
transmissão sexual, com grande
toxinas, os vírus agem de maneira direta,
incremento no início da puberdade. Já
alterando o metabolismo das células
o HSV-1 é adquirido desde a infância e
parasitadas; estas, para se tornarem
acomete 50% das crianças na faixa
infectadas, necessitam apresentar em sua
etária de 12 anos.
superfície receptores específicos para
A inoculação do vírus, em sua
determinados vírus.
grande maioria, leva à infecção
As infecções virais podem ser
inaparente, apenas detectada pela
localizadas (verrugas, moluscos),
presença de anticorpos (período de
generalizadas (rubéola) ou inaparente
incubação entre 7 e 10 dias).
(herpes simples).
A primoinfecção pode ocorrer sem
Herpes Vírus sintomatologia geral, ou com febre e
A família Herpesviridae prostração; sobretudo as lesões de
encontra-se largamente disseminada na inoculação são acompanhadas de
natureza, afetando diversos organismos adenopatia regional; a primoinfecção
eucarióticos. Mais de 100 diferentes herpética pode se manifestar com
representantes já foram identificados, oito quadros benignos diversos
dos quais em seres humanos. (gengivoestomatite, vulvovaginite) ou
a-)Herpes Simples quadros gerais mais graves
(meningoencefalite, erupção variceliforme
de Kaposi e herpes disseminado do
recém-nascido ou do paciente
imunodeprimido).
–Herpes Simples tipo I
➢ Infecção primária: é a primeira
infecção com o vírus herpes
simples em um paciente
Lesões: Vesículas agrupadas em base eritematosa.
soronegativo;
Caracteriza-se clinicamente pela
➢ Geralmente em crianças. Em
formação de vesículas túrgidas brilhantes,
adulto só é adquirida após o
dispostas, em geral, em grupo de 5 a 10
contato sexual;
lesões que lembram cacho de uva, em
➢ Geralmente subclínica;
torno de orifícios (boca, vulva, ânus) ou,
➢ Infecção primária→latentes nos
menos frequentemente, em qualquer
gânglios;
outra parte do corpo.
➢ 90-95% da população é portadora
Pode estar acompanhada de
do vírus;
manifestações prodrômicas, como
➢ Caracteriza-se por vesículas
sensação de parestesia local, seguida de
agrupadas em base eritematosa,
discreto eritema. As vesículas involuem
podendo acometer pele e
espontaneamente em cerca de 5 dias, e a
mucosas.
cura total do processo ocorre em torno de
–Infecção recorrente da infância: vírus
2 semanas.
latente→nervos periféricos→pele;

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26
Dermatologia

➢ Clínica: 1-gengivoestomatite ➢ Tópicos são poucos efetivos:


herpética; crianças de 1-5 anos; Aciclovir creme 5x/dia alivia
período de incubação de 3 a 10 sintomas locais; (não serve de
dias; nada);
➢ A infecção pode ser inaparente, Obs:HS Recidivante: o tratamento é o
moderada ou grave; mesmo da infecção primária.
➢ Início: febre, vesículas e erosões; ➢ Infecção bacteriana: antibiótico
tópico ou sistêmico;
➢ GE: antisséptico + anestésicos
locais/ hidratação em casos
graves;
b-)Varicela

Gengivoestomatite herpética
–Herpes Simples Recidivante
➢ Mais comum em adultos;
➢ Prurido e queimação: vesículas
sobre base eritematosa que evolui
para ulceração;
➢ Fatores desencadeantes:
exposição solar, trauma labial, É uma doença comum à infância
estresse, menstruação, infecções que afeta grande parcela desta população
respiratórias. e causa soroprevalência de cerca de 95%
–Herpes Simples tipo II na população adulta. É transmitida por
➢ Geralmente aparece de 5 a 10 aerossol (período de incubação de 2-3
dias os sintomas; semanas), mas também pelo contato com
➢ Duração: 2 semanas; as lesões cutâneas da doença.
➢ Lesões ulcerosas que duram até 2 O quadro costuma ser de evolução
semanas; benigna, mas infecção secundária é
–Diagnóstico comum. É uma doença altamente
➢ Clínico; contagiosa e altamente patogênica.
➢ Citodiagnose de Tzank (método O VZV permanece latente nos
eletivo); gânglios paravertebrais por muitas
➢ Histopatologia; décadas, podendo reativar-se na idade
➢ Sorologia (Sorologia HSV 1 e 2 adulta. Essa reativação é conhecida como
IgG e IgM); herpes-zóster.
–Tratamento Obs:Nunca o zoster é causado pela
➢ Aciclovir (5x por dia por 5 dias, primoinfecção. O herpes-zoster é uma
4/4h), fanciclovir (2x dia 5 dias; erupção cutânea variada dolorosa
12/12h), valaciclovir (2x dia 5 dias; resultante da reativação da varicela-zoster
12/12h); nos gânglios da raiz dorsal. Não precisa
➢ Imunodeficientes–doses maiores, ter tido a doença, basta ter contato com o
maior período; vírus.
➢ Reações adversas discretas; Excepcionalmente, há pacientes
que desenvolvem herpes-zoster após

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27
Dermatologia

contato com doentes de varicela e, até Tem incidência preponderante no


mesmo, com outro doente de zoster, o adulto depois da 5ª década de vida, no
que indica a possibilidade de uma entanto, não é raro em jovens. É uma
reinfecção em paciente já previamente doença benigna, autolimitada, durando
imunizado. É também possível uma cerca de 2 semanas, salvo em pacientes
criança adquirir varicela por contato com imunodeprimidos, em que o quadro clínico
doente de zoster; é mais extenso e arrastado.
–Quadro clínico Há casos descritos de adultos com
As lesões cutâneas iniciam-se com zóster transmitindo varicela para criança e
máculas eritematosas, de distribuição vice-versa. O vírus encontra-se latente
craniocaudal, que, em um período de nos gânglios paravertebrais e, daí, por
cerca de 8 a 12 horas, evoluem para invasão dos nervos correspondentes,
vesículas, pústulas e crostas, em um chega à pele, onde se formam vesículas
processo contínuo que causa agrupadas e em disposição metamérica.
polimorfismo regional. (lesões polimórficas Os nervos mais frequentemente
em troncos. Inicia na face e dissemina acometidos são: torácicos, cervical,
para o tronco; os pródromos não são trigêmeo, incluindo o oftálmico e o
comuns). Lesão cicatricial rara. Lesões lombossacral. Os nervos cranianos
deixam máculas hipocrômicas; produzem erupção de localização
–Complicações correspondente aos seus trajetos
Doença benigna, mas pode evoluir anatômicos. O comprometimento em geral
com pneumonia (mais comum); infecção é de um único gânglio, e, por isso, a
bacteriana secundária; OTM; meningite erupção é assimétrica e respeita do
supurativa. dimídio.
–Tratamento –Quadro Clínico
Para pessoas sem risco de O quadro dermatológico
agravamento da varicela, o tratamento caracteriza-se por eritema com vesículas
deve ser sintomático. Pode administrar agrupadas e/ou bolhas confinadas ao
antitérmico, analgésico não salicilato e trajeto nervoso acometido; formação de
para atenuar o prurido, anti-histamínico crostas e, posteriormente, escamas
sistêmico; higienização da pele com água aparecem durante a evolução do
e sabonete, com adequado corte de processo.
unhas. A erupção é unilateral, raramente
O tratamento específico com ultrapassa a linha mediana e segue o
antiviral aciclovir é indicado para trajeto de um nervo; surge de modo
pessoas com risco de agravamento. gradual e leva de 2 a 4 dias para se
Administrado por via EV, nas primeiras estabelecer. Quando não ocorre infecção
24 horas após o início dos sintomas. secundária, as vesículas se dissecam,
c-)Herpes Zoster formam-se crostas e o quadro evolui para
a cura em duas a 4 semanas.
A principal complicação: neuralgia
pós-herpética.O diagnóstico do
herpes-zóster é puramente clínico.
–Tratamento
➢ Valaciclovir(2cp, 8/8h ao dia por 7
dias);

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28
Dermatologia

➢ Aciclovir (2cp, 5x ao dia, 4/4 horas Molusco Contagioso


por 7 dias);
➢ Fanciclovir (1cp, 8/8h por 7 dias);
➢ Analgésicos/opiáceos; água
boricada, se generalizar: usar
aciclovir IV;
Na neuralgia pós-herpética:
carbamazepina, amitriptilina e creme de
capsaicina.

Pápulas lisas, cor da pele, com umbilicação central.


Dermatose produzida vírus que
mais se conhece e que pertence ao grupo
Poxvírus. As lesões são constituídas por
pápulas cônicas, com certo brilho,
translúcidas, medindo, em média, 5mm,
podendo haver lesões “gigantes”, elas
apresentam umbilicação central
característica.
Nem sempre são numerosas e
localizam-se preferencialmente no tronco,
podendo, contudo, ocorrer em qualquer
parte da pele e, excepcionalmente, em
mucosas.É autoinocultável, sendo,
portanto, mais problemático o tratamento
de lesões nas dobras.
É uma doença mais prevalente em
crianças, principalmente atópicas; pode
ter transmissão por contato sexual.
–Diagnóstico: clínico
–Varicela e Herpes Zoster –Tratamento
➢ A vacina está licenciada no Brasil Dentre as técnicas utilizadas para
na apresentação monovalente ou tratamento, existem métodos físicos,
vacina tetraviral (sarampo, químicos e imunoterápicos, além da
caxumba, rubéola, varicela); possibilidade de aguardar resolução
➢ A imunoglobulina humana espontânea do quadro, com regressão
antivaricela-zóster (IGHAVZ) é das lesões. Até o momento, não há
obtida de plasma humano terapêutica específica para tratamento de
contendo títulos altos de IgG MC. Outro método nem sempre utilizado é
contra o vírus da varicela; a, curetagem cirúrgica;
Verrugas Virais
–Conceito
As verrugas são proliferações
epidérmicas benignas causadas por
diversos tipos de HPV (papilomavírus).

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29
Dermatologia

–Epidemiologia presença de pontos trombóticos, um


A prevalência das verrugas na sinal patognomônico para a verruga
população geral é desconhecida, vulgar.
estimando-se incidência de 10% para b-)Verruga filiforme
crianças e adultos jovens. O pico de
incidência ocorre entre 12 e 16 anos de
idade, sendo 70% verrugas vulgares, 24%
plantares e 3,5% planas. Pode acometer
qualquer idade.
–Clínica
As lesões clínicas resultantes das
infecções por HPV podem ser divididas
em suas categorias: cutâneas e
extracutâneas. As cutâneas incluem as Lesões filiformes perpendiculares à superfície
verrugas comuns ou vulgares, filiformes, cutânea.

planas, plantares (tipo mirmécia e Trata-se de elementos filiformes


mosaico), anogenital e papulose muito ceratósicos, em geral isolados,
bowenóide. pouco numerosos, com maior frequência
As extracutâenas ocorrem nas na face de pessoas adultas (comum em
membranas mucosas e incluem verruga profissionais que manipulam carne)
vulgar oral, condiloma acuminado oral, c-)Verrugas palmo-plantares
hiperplasia epitelial focal, papilomatose
oral florida, papiloma nasal, papiloma
conjuntival, papilomatose laríngea e
verrugas da cérvice.
a-)Verruga vulgar

Lesões palmo-plantares: pápulas endofíticas,


hiperceratósicas em palmas e plantas e nas bordas
laterais das mãos e pés, com um leve afinamento nas
bordas e uma depressão central; pouco salientes;
São pápulas que, devido à sua
localização, crescem de forma endofítica.
Em geral, são assimétricas e pouco
numerosas, medindo de alguns milímetros
a alguns centímetros. São dolorosas e
Lesão elementar: pápulas ceratósicas de superfície podem impedir a marcha normal. Mostram
grosseira, isoladas ou agrupadas e com tamanhos
superfície ceratósica grosseira, com
variados;
São pápulas ceratósicas de pontos negros correspondendo a
superfície grosseira, isoladas ou capilares trombosados no topo das
agrupadas na superfície cutânea, papilas e, por vezes, um anel periférico de
medindo alguns milímetros de diâmetro, espessamento da pele, sendo
em número variado, situadas em qualquer popularmente chamado de “olho de
região do corpo (maior frequência em peixe”.
dorso das mãos, dedos e joelhos das
crianças).Essas lesões contam com a
Marília Miranda Santana P6
30
Dermatologia

Quando múltiplas e superficiais as lesões genitais e, portanto, com a


coalescem formando placas, constituindo transmissão venérea, seguido pelo
a chamada verruga plantar tipo mosaico. HPV-11. Está bem estabelecida a relação
d-) Verruga plana entre HPV e carcinoma espinocelular
(CEC), sobretudo da cérvice uterina, com
lesões de longa duração.
O condiloma acuminado é a
infecção sexualmente transmissível (IST)
mais frequente e corresponde a mais de
10% dos casos. Na infância, sua
presença pode ser um indício de abuso
sexual.
Obs: Homens circuncidados têm menor
Lesões verrugas-planas: pápulas planas ligeiramente chance de transmitirem e serem
salientes, numerosas, cor da pele ou rosada de
portadores do vírus.
superfície lisa;
f-)Papulose bowenoide
Constitui pápulas pouco salientes
de superfície plana e lisa, com menos de
5mm de diâmetro, muito numerosas,
localizadas em geral na face, braços e no
dorso da mão (mais comum em crianças e
imunodeprimidos). Apresentam cor clara a
castanho-escura e, muitas vezes,
mostram-se em arranjo linear pelo
fenômeno isomórfico.
e-)Verruga genital ou condiloma
acuminado Lesões papulose bowenóide: pápulas planas,
castanhas.
Localização preferencial na
genitália externa, como pênis, região
perianal, períneo e, eventualmente, região
inguinal de adultos jovens sexualmente
ativos. A etiologia está relacionada com o
HPV, sobretudo do tipo 16.
g-)Epidermodisplasia verruciforme

Lesões genitais: lesões vegetantes, úmidas, isoladas


ou agrupadas, com aspecto de couve-flor (condiloma
acuminado), pápulas sésseis, ceratósicas.
Infecção causada por um
DNA-vírus pertencente ao grupo Clinicamente, a EV lembra a
papovírus, também denominado HPV. verruga plana e, por vezes, a pitiríase
Inúmeros tipos de HPV são descritos, mas versicolor, mas as lesões são em maior
o HPV-6 é o que mais se relaciona com número, têm início na infância, nas 2ª ou

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31
Dermatologia

3ª décadas de vida, e são de ocorrência


familiar.
Obs: HPV + defeito imunitário.
–Tratamento
Existem diversas modalidades
terapêuticas, em especial as que levam à
destruição ou à remodelação das lesões
visíveis, ou à indução de citotoxicidade
contra as células infectadas.
a-)Tinea Corporis (Impingem)
1-Podofilina: mucosas. Concentração de
● T.rubrum
10-30% em solução por até 4hrs;
● T.mentagrophytes
2-Imiquimode em creme 5%: 3x por
semana, até 16 semanas no máximo;
3-Outras opções: ATA; Criocirurgia,
eletrocirurgia, 5-fluorouracilna, vacina;
Dermatología-Aula 08- Dermatoses fúngicas
–Conceito
Embora o termo “dermatofitose”
não corresponda à classificação
taxonômica, ficou consagrado para
designar doenças causadas por um grupo
de fungos que, geralmente, em vida
parasitária, vivem à custa de queratina da
pele, dos pelos e das unhas.
O quadro clássico é representado
–Epidemiologia
por lesões eritematoescamosas,
Atualmente, são descritas 40
circinadas, isoladas ou confluentes, uma
espécies de dermatófitos. Destas, 30 são
ou várias com crescimento centrífugo (os
patogênicas para o homem. Têm
fungos estão vivos nas bordas e no centro
distribuição universal, mas com certas
o sistema imune mata as colônias, por
peculiaridades (T.soudanense, na África;
isso é de cura central), de modo que a
T.concentrium, na Ásia, na América
parte externa é mais ativa; por vezes pode
Central e no Brasil); essas variações de
ter aspecto concêntrico. Pode-se dizer
frequência dependem de migrações.
que são lesões anulares, com
A dermatofitose capitis (tinea do
crescimento centrífugo e de cura
couro cabeludo) é quase exclusiva da
central.
criança e regride espontaneamente
O prurido está sempre presente
com a puberdade, à exceção da
e suas localizações usuais são os braços,
produzida pelo T.schoenleinii (tinea
a face e o pescoço.
fogosa), que pode persistir por toda a
b-)Tinea cruris
vida. As onicomicoses são típicas dos
● T.rubrum
idosos devido ao crescimento lentificado
● T.epidermophyton
das unhas. O T.rubrum é, de longe, o
Caracterizada por lesão
agente etiológico mais frequente.
eritematoescamosa, a partir da prega
inguinal. Avançando sobre a coxa, com
nitidez de borda, a lesão pode invadir
períneo e propagar-se para as nádegas, a

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32
Dermatologia

região pubiana e, até mesmo, o baixo corpo e são muito pruriginosas. É


ventre. característica de determinadas regiões,
como no Mato Grosso e Amazônia, sendo
denominada pelos povos indígenas de
“chiberê”.

É muito pruriginosa e, por isso, a


liquineficação é frequente. O não
comprometimento da pele da bolsa
escrotal demonstra especificidade da
ceratinofilia dos dermatófitos e ajuda no
diagnóstico diferencial com a
candidíase. São muito comuns em
bebês, sendo conhecida como dermatite
das fraldas, por ser um ambiente propício →Tratamento de tinea corporis, cruris e
(umidade da urina, ambiente fechado e pedis
escuro) para a proliferação dos fungos. É importante que no tratamento
c-)Tinea pedis sempre se associe fármacos tópicos com
os sistêmicos.
1-Agentes tópicos
● Isoconazol ou oxiconazol 2x ao dia
por 2-3 semanas.
2-Agentes sistêmicos
● Terbinafina 250mg, 1x/dia, 2-4
semanas;
● Cetoconazol 200mg, 1x ao dia, 4
semanas;
Três formas são descritas: a forma ● Itraconazol 100mg, 1x ao dia, 2-4
aguda que é representada por vesículas semanas;
em geral plantares e digitais, esta é ● Fluconazol 150mg, 1x na semana,
causada pelo T.mentagrophytes e por 2-4 semanas.
manifesta-se com vesículas, sendo Obs: O antifúngico aprovado para
bastante pruriginosa; a forma crianças com menos de 12 anos é a
intertriginosa é causada também pelo griseofulvina com a posologia de 10-20
T.mentagrophytes, de localização nas mg/Kg/dia por 2-4 semanas (corpo) e 4-8
pregas interpododáctilas, caracterizada semanas (pés).
por fissuras e macerações. Obs: O tratamento da tinea plantar tem
A forma crônica é caracterizada tempo de tratamento maior do que a tinea
por lesões descamativas pouco interdigital.
pruriginosas, acometendo praticamente e-)Tinea capitis
toda a região plantar Caracteriza-se pelo
d-)Tinea imbricata comprometimento dos cabelos, que são
● T.concentricum invadidos e lesados; há também lesões
Apresenta lesões escamosas em eritematoescamosas do couro cabeludo.
círculos concêntricos ou que formam É subdividida em tinea capitis tonsurante
arabescos, atingindo grandes áreas do e tinea capitis inflamatória. Na tinea
Marília Miranda Santana P6
33
Dermatologia

tonsurante, os cabelos são fraturados Obs: Nas duas variações da tonsurante,


próximo à pele, produzindo as típicas os cabelos voltam ao normal com o
áreas de tonsura, caracterizada por tratamento ou com a involução
pequenos cotos de cabelo ainda espontânea, na época da puberdade. E
implantado associados a uma ou mais explicação para essa regressão seria o
placas de alopecia aparente. Ela é a mais início da produção de ácidos graxos com
frequente apresentação clínica das propriedades fungistáticas.
dermatofitoses, com acometimento Outra classificação diferente da
preferencial em crianças em idade escolar tonsurante, é a tinea inflamatória que se
(4 aos 10 anos). subdivide em kerinum celsi ou favosa.
De maneira geral são tineas que possuem
pus de infecções secundárias. A kerium é
localizada no couro cabeludo ou na barba,
representada por placa de foliculite aguda
ou subaguda, eminentemente
hiperalérgica, com intensa supuração e
cura espontânea, às vezes com alopecia
cicatricial. A lesão é pouco dolorosa e,
geralmente, não desenvolve
linfadenopatia e nem provoca febre no
A tinea tonsurante pode ser hospedeiro.
microspórica, quando causada pelo
Microsporum canis (comum em cães e
gatos), e é caracterizada por poucas
lesões de diâmetro extenso, com quebra
do cabelo rente ao couro cabeludo.

Tinea capitis inflamatória kerium celsi ou supurativa


Já a tinea favosa é causada pelo
Trichophyton schoenleinii e nessa
variedade ocorre atrofia com alopecia
definitiva ou cicatricial. Na fase inicial da
infecção surge, em torno do pelo, gotas
de líquido seroso, que com o passar do
Tinea capitis tonsurante microspórica tempo forma uma crosta amarelada
Além da forma microspórica, a (escútulas fávicas; godet) com odor de
tinea tonsurante pode ser tricofítica, que urina de rato. A alopecia definitiva é mais
possui áreas de deglabação pequenas e frequente devido à foliculite intensa que
disseminadas. leva a um processo cicatricial no folículo
piloso.

Tinea capitis tensurante tricofitica


Tinea capitis inflamatória favosa

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34
Dermatologia

–Diagnósticos diferenciais ● Infecção fúngica superficial crônica


Através da luz de wood é possível e assintomática da cutícula do
fazer uma série de diagnósticos pelo;
diferenciais, pois a coloração da tinea, ● Clínica: nódulos de coloração
azul-esverdeado, é diferente de outras branco a castanho, amolecidos
afecções dermatológicas. que afetam áreas pelos genitais,
barba e em menor grau, o couro
cabeludo.
2-Piedra preta
● Piadraia hortae;
● Infecção fúngica crônica e
assintomática da cutícula do
cabelo;
● Clínica: nódulos firmes e
irregulares de coloração negra
localizados apenas nos cabelos.

–Tratamento de tinea capitis


É importante sempre instituir o
tratamento sistêmico.
a-) Redução do contágio:
● Shampoo de cetoconazol 2% ou;
● Shampoo de sulfato de selênio 1%
+ ácido salicílico;
b-)Tratamento sistêmico
● Griseofulvina (crianças)
10-20mg/Kg/dia, até que o cabelo
volte a crescer;
● Terbinafina
○ 250mg, 1x/dia, 4 semanas
(T.tonsurans);
○ 250mg, 1x/dia, 4-8
semanas (M.canis); –Onicomicose
○ Crianças: 125mg, 1x/dia, Caracteriza-se por lesões
4-8 semanas. destrutivas e esfarinhentas das unhas,
● Itraconazol iniciando-se pela borda livre, de cor
○ 3-5mg/Kg/dia por 30 dias. branco-amarelada, como o marfim velho;
● Fluconazol geralmente, há ceratose do leito ungueal.
○ 150mg, 1x na semana por É uma doença eminentemente crônica,
8-12 semanas. comprometendo uma ou várias unhas dos
–Piedra branca e piedra negra pés (preferencialmente as do hálux) ou,
1-Piedra branca com frequência bem menor, das mãos.
● Trichosporon spp.

Marília Miranda Santana P6


35
Dermatologia

Diversas alterações podem –Tipos de dermatofitoses


aparecer nas unhas, como: Tinea: toda e qualquer lesão dermatofítica
que acomete exclusivamente o estrato
córneo.
● Tinea do couro cabeludo (tinea
capitis);
● TInea da barba (tinea barbae);
● Tinea do corpo (tinea corporis);
● Tinha inguinal (tinea cruris);
● Tinea dos pés (tinea pedis);
● Tinea das mãos (tinea manun);
A onicomicose se classifica em:
● Tinha das unhas (tinea unguium)
–Tinea negra
● Ag: Hortae werneckii (não é um
dermatófito)
● Infecção fúngica e assintomática
da camada córnea;
Obs: destas a mais comum é a ● Clínica: máculas acastanhadas
onicomicose subungueal distal (tinea assintomáticas, de crescimentos
unguium). precisos e escurecimento
–Características progressivo e escurecimento
● Têm elevada frequência, mas há progressivo;
dificuldade tanto para diagnóstico ● Acomete região palmar, plantar,
quanto o tratamento (demorado); pescoço e tórax;
● Geralmente ocorre em apenas ● O diagnóstico diferencial é com os
uma unha (mais comum no hálux) nevos melanocítico e o melanoma
e isso a diferencia do líquen plano maligno.
que acomete todas as unhas.
–Tratamento
a-)Tratamento sistêmico
● Terbinafina 250mg, VO, 1x ao dia
por 12-24 semanas;
● Itraconazol
○ 200mg, 1x/dia, 3 meses;
○ 200mg, 12/12 horas, 1
semana por mês durante
3-4 meses;
–Pitiríase versicolor
● Fluconazol 50-300mg, 1x por
● Ag: Malassezia spp;
semana por 6-12 meses
● 97% couro cabeludo e 92% em
b-)Tratamento tópico (25% de eficácia
tronco em indivíduos normais;
isolado)
● É uma infecção crônica da camada
● Amorolfina 1 a 2x na semana por
córnea, geralmente assintomática;
12 meses;
● Distribuição universal, sobretudo
● Ciclopirox Olamina Esmalte 2x na
em climas tropicais e subtropicais;
semana.
● Fatores predisponentes: sudorese
excessiva, má nutrição,
avitaminose, gravidez, DM, doença
Marília Miranda Santana P6
36
Dermatologia

de cushing, corticoterapia, ACO e ● Ag: Candida Albicans (70-80% dos


imunodeficiências; casos);
● Clínica: lesões maculares com ● São leveduras que podem fazer
descamação fina. comensalismo e reproduzir uma
● O diagnóstico clínico é feito com o grave doença;
Sinal de Besnier, em que ocorre a
descamação furfurácea da lesão
quando esta é raspada com a
unha, e o Sinal de Zireli que é o
discreto esfacelamento da
queratina local após leve
estiramento com os dedos da
região;
● Tem diagnóstico diferencial com a
tinea cruris; na candidíase há
lesões satélite e elas são mais
difusas;

Tinea cruris x Candidíase


–Tratamento da pitiríase versicolor –Clínica
a-)Tópico ● Cutaneomucosa: frequente e
● Sulfato de selênio 2,5% ocorre em imunocompetentes
○ Aplicar como espuma e também. Há presença de lesões
deixar atuar por 10 satélites;
minutos; ● Oral: Estomatite cremosa, mais
○ 1x ao dia por 7 dias ou 3-5x comum em RNs que usam
na semana por 2-4 mamadeiras, adultos idosos,
semanas. diabéticos, imunodeprimidos, uso
b-)Sistêmico de prótese dentária e chupeta;
● Cetoconazol ● Intertriginosa: áreas de dobras, má
○ 400mg, VO, dose única; higiene, obesidade, gestação e
○ 200 mg, VO, 1x dia por 7 DM;
dias. ● Vaginal: frequente, roupas justas,
● Itraconazol gestação, ACO, DM e
○ 400mg, VO, 1x dia por 3-7 imunodeprimidas;
dias; ● Ungueal: onicomicose e
● Fluconazol paroníquia;
○ 400mg, VO, dose única; ● Sistêmica grave: candidemia
○ 3cp de 150 mg. (sangue)-neonatos,
–Candidíase transplantados, neoplasias
● Infecção cutânea, mucosa ou malignas, grandes queimados e
sistêmica causada por levedura imunossupressão grave;
do gênero candida;

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37
Dermatologia

–Tratamento ● O parasita sobrevive de 24-36


a-)Candidíase orofaríngea horas em ambiente favorável;
● Nistatina 5mL Vo, 6/6 horas por ● Sulco formado no extrato córneo e
10-14 dias ou miconazol gel; granuloso da epiderme;
● Itraconazol 100mg Vo, 1x ao dia –Clínica
por 15 dias ou fluconazol 150mg
VO, 1x na semana;
b-)Candidíase esofágica
● Fluconazol 100mg, VO, 1x ao dia
14-30dias;
c-)Candidíase vulvovaginal
● Agentes tópicos (azóis): 1x dia p/
7-14 dias
● Ag. Tópico: violeta de genciana,
ác. Bórico, Nistatina Túnel escabiótico

● Itraconazol: 200mg VO, 12/12h, p/ ● O prurido é a principal


1 dia manifestação clínica, com piora à
● Fluconazol: 150mg, VO, DU noite decorrente do calor do leito e
predominante em locais mais
Dermatologia- Aula 09- Dermatoses
quentes do corpo (entre os dedos,
parasitárias genitália, axilas, glúteos e punhos);
–Introdução ● O prurido ocorre por dois
Dermatozoonose é uma mecanismos 1- alérgico (eosinofilia
designação ampla, porque engloba toda e sanguínea) 2-mecânico, isto é,
qualquer alteração tegumentar, ocasional pela progressão do parasita;
ou permanente, desencadeada por ● Quadro clínico manifesta-se 3 a 4
protozoários, vermes, insetos e semanas após a primeira infecção,
celenterados, quer sejam parasitárias ou mas na reinfecção os sintomas
não. são imediatos;
O parasitismo é definido como ● Lesão elementar:
afecção causada por ser vivo que retira papulovesiculares (reação local
do hospedeiro sua nutrição, vivendo não muito comum de ser vista) e
obrigatoriamente ou não, nos tecidos, eritemato papulosas (reação
como fazem percevejos, pulgas, piolhos, generalizadas);
larvas de moscas e vermes. ● O túnel escabiótico é outra lesão
a-)Escabiose (sarcoptidíases) típica e número destes aumenta
● Conceito: doença contagiosa com a duração da doença. É uma
produzida pela fêmea do lesão eritematosa e contém, em
Sarcoptes scabiei, que produz sua extremidade, uma pápula ou
uma dermatose pruriginosa pústula, onde se aloja o parasita.
predominantemente noturna; ● O túnel escobiótico é também
● O contágio é direto e geralmente chamado de lesão
se faz no leito; existe a vesícula-pápula perlácea;
possibilidade longínqua de o ● Em recém-nascidos os locais mais
contágio processar-se acometidos são face, mão e couro
indiretamente por roupa pessoal cabeludo e lesões palmoplantares
ou do leito recentemente usado são importantes nessa faixa etária
pelo paciente; (dos lactentes devido às
Marília Miranda Santana P6
38
Dermatologia

escoriações o diagnóstico pode em 2 a 3 de água para adultos e


ser prejudicado); em 3 a 4 de água para crianças;
● Em adultos ocorrem as lesões ● Enxofre precipitado 5% em
clássicas; vaselina (por 4 noites); usado em
● Em idosos a pele reage menos e crianças abaixo de dois anos e
pode ser confundido com prurido gestantes;
senil. ● Benzoato de Benzila loção 25%
–Diagnóstico diferencial (por 4 noites- risco de irritação);
● Dermatite atópica; 2-)Tratamento sistêmico
● Erupção medicamentosa; ● Ivermectina 6mg (oral) e 1%
● Piodermites. (tópico) em propilenoglicol (por 1
–Tratamento dia e repetir após 1 semana);
Antes de se iniciar o tratamento da ● Tiabendazol e monosulfiram são
escabiose, é preciso fazer um pouco usados.
levantamento de todos os habitantes
da casa e avaliar os que estão de fato
acometidos. Nos casos de dúvida, é
melhor tratar todos, pois, do contrário, um
novo ciclo familiar pode ocorrer. Então,
todos os habitantes/contactantes da
casa farão apenas o tratamento por via
oral.
Não há necessidade de ferver
roupas pessoais, de cama ou toalhas,
b-)Pediculose
bastando apenas lavá-las até após o 2º
dia de tratamento. Nos casos em que até
após 1 semana de tratamento persistam
as lesões, recomenda-se repetir o
tratamento, de preferência, com outro
escabicida.
A medicação deve ser
Piolho e lêndeas
administrada por 2 a 3 noites seguidas e ● Conceito: dermatoses
repetida uma vez uma semana depois. No pruriginosas produzidas por
adulto, aplica-se do pescoço para baixo, piolhos, com três localizações
no corpo inteiro, e, nas crianças até 10 principais: cabeça (Pediculus
anos, aplica-se inclusive no couro humanus var capitis), tronco
cabeludo. Os medicamentos devem ser (P.humanus var corporis) e região
removidos no banho na manhã pubiana (Phthirus pubis);
seguinte ao tratamento. ● O piolho da cabeça tem tempo de
1-)Tratamento tópico vida de até 40 dias. A fêmea
● Permectrina creme ou loção 5% coloca até 10 ovos (lêndeas) por
por 2 noites com repetição em 7 dia dia que eclodem 10 dias para
dias. Não é permitido para se tornarem adultos;
crianças abaixo de dois anos, Obs: O diagnóstico diferencial da
gestantes e lactentes; lêndea é a piedra branca.
● Monossulfiram em solução 25%: ● O Pediculus corporis é uma
diluir uma parte do medicamento espécie análoga que causa a

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39
Dermatologia

doença no corpo, mas hoje é rara, ● Ivermectina 6mg e 0,5% loção por
sendo mais restrita às populações 10 minutos;
de rua.
● A transmissão se faz pelo contato
direto pessoal e/ou por objetos
(roupas, pentes etc);
● O mecanismo de
hipersensibilidade, causado pela
presença de saliva e fezes do
parasito, que se instala em torno
de 10 dias após a infestação, é o
responsável pela maioria das
manifestações clínicas. c-)Tungíase
–Clínica ● Conceito: dermatose autolimitada
● Lâmpada de Wood: lêndeas produzida pela menor das pulgas,
fluorescem; a Tunga penetrans, que entra na
● Prurido é decorrente da pele e deixa sua parte posterior
hipersensibilidade à saliva do para fora, enquanto sua parte
ácaro. Ele costuma ser intenso, anterior, no interior da pele,
com preferência pelas regiões acumula ovos;
occipital e retroauriculares; ● Esse processo forma o que se
● Em casos graves pode ocorrer chama de neosoma;
anemia ferropriva, já que o piolho ● Presente em locais secos, zona
é hematógago; rural, currais e chiqueiros;
● Pode haver sinais de escoriações ● Hospedeiros: homens e porcos;
e infecção secundária, com ● São hematofagos;
repercussão ganglionar; –Clínica
● Além do achado do parasito,
encontram-se as lêndeas, ovos
alongados e esbranquiçados.
–Diagnóstico
● O diagnóstico se dá por meio da
visualização das lêndeas e dos
piolhos que ficam
preferencialmente na região
occipital;
● Lâmpada de Wood;
–Tratamento Tungíase (neosoma)
● Permectrina 1% shampoo (deixar ● O neosoma é muito característico
agir por 10 minutos) ou e consiste em pequena pápula
permectrina 5% também pode ser esférica, branco-amarelada, com
usada, deixando agir por 12 horas um ponto negro central;
(noite) e repetir após 7 dias; ● Prurido e dor discreta;
● Sulfametoxazol + trimetoprima ● Localizações preferenciais: regiões
(400-800mg de 8/8 horas por 3 plantares, periungueais,
dias); interdigitais;
● Dimeticone loção 4% e gel líquido; –Tratamento

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Dermatologia

● Remoção completa do parasita; com febre, alterações


● Tiabendazol 25mg/Kg por 10 dias respiratórias, infiltrados
em infestação maciça; pulmonares e eosinofilia periférica;
–Tratamento
● Albendazol 400mg;
● Ivermectina 6mg;
● Tiabendazol sistêmico e tópico 5%
(Foldan 50mg/g pomada 3x por dia
por 5 dias);
● Nitrogênio líquido pode ser usado.
e-)Oxiúros

d-)Larva Migrans
● Conceito: é uma dermatose
pruriginosa produzida pela
inoculação acidental na pele de
larvas de ancilóstomos de animais
(cães e gatos);
● Também é conhecida como verme
de praia, bicho geográfico,
dermatite linear;
● Ovos ingeridos, eclosão e
● Ag: Ancylostoma brasiliensis;
migração para região perianal;
–Clínica
● Transmissão pode ser por mãos
contaminadas, contato sexual,
objetos contaminados. Pode
ocorrer retroinfecção;
● Principal sintoma: prurido anal
noturno;
–Tratamento
Larva migrans ● Pamoato de pirantel 11 mg/Kg
● A lesão elementar é uma pápula dose única (pyr-pan ou pyverm);
eritematosa de alguns milímetros, ● Albendazol 400mg/dose única;
intensamente pruriginosa; essa ● Mebendazol 200mg/dia por 3 dias;
forma papulosa é menos f-)Potó
frequente;
● A larva caminha e produz um túnel
eritemato papulosas, sinuoso, cuja
extremidade migrante
apresenta-se mais ativa;
● Pés, pernas e nádegas, são locais
mais acometidos;
● Lesões pruriginosa, linear, saliente
e eritematosas; ● Gênero paederus e a espécie
● A larva migrans disseminada é brasiliensis é o mais frequente;
rara e pode desencadear a ● Alimentam-se de lavouras de
síndrome de Loeffler, que cursa feijão, outros insetos e até
canibalismo;
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41
Dermatologia

● São animais atraídos pelas luzes


das residências;
–Clínica
● Ardor e prurido (liberação de
líquido vesicante-hemolinfa nas
áreas expostas). Sinais: eritema,
vesículas, bolhas e pústulas,
deixando hipercromia residual; Comentário: Alternativa A: INCORRETA.
● Diagnóstico diferencial: Quem transmite a febre maculosa é o
fotodermatose e zoster. carrapato amblyomma cajennense ou
–Tratamento \"carrapato estrela\" Alternativa B:
● Compressas com permanganato CORRETA. Por ser causada por parasitas
de potássio (1 comprimido diluído hematófagos, a infestação maciça por
em 1 copo de água e depois piolhos (Pediculus humanus capitis)
mistura em 4 litros de água); podem ocasionar anemia ferropriva,
● Cremes com corticóides e quadro encontrado principalmente em
antibióticos; crianças. Alternativa C: INCORRETA. Por
○ Verutex B, mupirocina ou viverem nas roupas e não no hospedeiro
ácido fusídico; propriamente, os piolhos do corpo, são
Obs: Evitar o uso de neomicina para não mais frequentes em climas frios, onde se
contrair dermatite de contato. usam mais casacos e roupas de tecidos
Questões SanarFlix grossos. Alternativa D: INCORRETA. A
Ivermectina sistêmica é contra-indicada
em crianças menores de 5 anos (algumas
referências citam 6 anos) e também em
gestantes.
Dermatologia-Aula 10-Leishmaniose
–Introdução
As leishmanioses representam um
Comentário: Verruga vulgar: superfície conjunto de enfermidades diferentes entre
seria mais rugosa, sem associação com si, que podem comprometer pele,
área rural e apresenta black dots mucosas e vísceras, dependendo da
esparsos. B. Correta. Pápula com ponto espécie do parasito e da resposta do
enegrecido central sem inflamação em pé hospedeiro.
após contato com solo de área rural é A leishmaniose tegumentar (LT) é
característico de tungíase. C. Incorreta. uma doença infecciosa, não contagiosa,
Calosidade: seria em área de pressão em com evolução eminentemente crônica,
pés, evolução crônica e sem pontos que atinge exclusivamente a pele e, às
centrais escurecidos. D. Incorreta. vezes, também mucosas.
Molusco contagioso: seria lesão É causada por um protozoário do
vesiculosa com umbilicação central, sem gênero Leishmania e é transmitida ao
associação com área rural. homem pela picada do flebótomo fêmea
infectado, que é o vetor da doença.
–Características importantes
1. Infecciosa;
2. Não contagiosa;
3. Transmitida por mosquito;

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42
Dermatologia

4. Endêmica; interiorizadas pelos macrófagos da pele e


5. Sempre tem que notificar. se transformam em amastigotas. As
–Transmissão formas amastigotas, multiplicam-se por
Os vetores da Leishmaniose divisão binária até ocupar todo citoplasma
Tegumentar (LT) são insetos conhecidos celular. Formam ninhos de leishmanias
popularmente, dependendo da localização deslocando o núcleo para a periferia.
geográfica, como mosquito palha, São numerosos os registros de
tatuquira, birigui, entre outros. A infecção em animais domésticos.
transmissão da Leishmaniose Tegumentar Entretanto, não há evidências científicas
(LT) ocorre pela picada de fêmeas que comprovem o papel desses animais
infectadas desses insetos. como reservatórios das espécies de
No homem e animais parasitários leishmanias, sendo considerados
a forma amastigota, que são organismos hospedeiros acidentais da doença.
ovóides ou arredondados, é encontrada No homem, o período de
nos infiltrados inflamatórios no interior dos incubação, tempo que os sintomas
macrófagos. Elas são ingeridas pelos começam a aparecer desde a infecção, é
flebótomos de animais infectados e, de, em média, 2 a 3 meses, podendo
posteriormente, evoluem no intestino para apresentar períodos mais curtos, de 2
a forma promastigota. O flebotomíneo semanas, e mais longos, de 2 anos.
libera a fêmea ao se nutrir de sangue que
inocula no homem as formas
promastigotas infectantes.

Ciclo da leishmaniose
A evolução no hospedeiro
depende da espécie da Leishmania e da
resposta imunológica.
Mosquitos flebotomíneos, conhecidos
como birigui, mosquito-palha, tatuquira
Gêneros dos mosquitos:
● Lutzomyia
● Psychodopygus contém
(L.(v)braziliensis)
● Phlebotomus
As formas amastigotas são Na Amazônia o principal vetor é o
ingeridas pelos flebótomos de animais mosquito Lutzomyia umbratilis.Talvez o
infectados. Evoluem no intestino para próprio homem seja fonte de infecção.
formas promastigotas. Ao se nutrir de No Brasil: 6 espécies de Leishmanias:
sangue, a fêmea do flebotomíneo inocula ● L.(v) braziliensis (80%)
no homem as formas promastigotas ● L.(v) guyanensis
infectantes. As formas promastigotas são ● L.(v) lainsoni

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43
Dermatologia

● L.(v) shawi: macacos, bicho e estas dependem dos hábitos


preguiça e quati. sociológicos de cada região.
● L.(v) naiffi: tatus. A morfologia da lesão pode ser
● L.(l) amazonensis apenas a de um eritema com edema e
Em outras regiões do país: infiltração, pápula, tubérculos,
animais domésticos infectados cão, verrucosidade ou úlcera.
cavalo e muares.
–Epidemiologia
Trata-se de um problema de saúde
pública, já que tem incidência anual de
aproximadamente 2 milhões de casos
novos e 12 milhões de pessoas infectadas
no mundo. Nas Américas, a LT apresenta
ampla distribuição e no território brasileiro
está se disseminando ainda mais, com
35.000 casos por ano.
Há três perfis epidemiológicos
fundamentais de transmissão:
Leishmaniose cutânea–úlcera de inoculação com
a-)Silvestre
típica “borda em moldura”, apresentando ao fundo
● Quando o homem penetra na granulações grosseiras, com localização
selva e é picado pelo flebótomo característica (perna).

infectado; A partir da lesão de inoculação,


● Rompe, assim, acidentalmente o pode surgir, com certa frequência,
ciclo biológico natural da zoonose; linfangite centrípeta discreta e, às vezes,
● Ciclo biológico: animal silvestre adenopatia insignificante. A úlcera é a
● reservatório→flebótomo fêmea apresentação mais frequente (95%), é
infectada→animal silvestre sadio; caracteristicamente circular, com bordas
b-)Ocupacional ou lazer elevadas e infiltradas (em moldura), fundo
● A incidência é preponderante no com granulação grosseira e avermelhada,
adulto masculino que realiza recoberta por exsudato discreto.
atividades na floresta; Involui espontaneamente após
● O ciclo passa a ser: animal alguns meses (6 a 15), deixando cicatriz
silvestre reservatório→flebótomo atrófica e apergaminhada, pigmentação
fêmea infectada→homem; salpicada, muitas vezes intensa na
c-)Periurbana ou rural periferia, com arranjo que lembra os raios
● Tem a participação do animal de uma bicicleta, denunciando o ponto de
doméstico (cão e outros) ou não e, inoculação nos pacientes com a doença já
até mesmo, do homem como avançada (forma mucosa).
reservatório;
● Ciclo: homem ou cão
doente→flebótomo
fêmea→homem sadio.
–Clínica
O período de incubação varia de
poucos dias a meses. A lesão de
inoculação acontece em áreas expostas,
Leishmaniose cutânea: aspecto cicatricial típico.
Lembra os raios da roda de bicicleta.

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Dermatologia

–Formas clínicas: apresenta edema, eritema e


hipertrofia nasal.
● Ordem de acometimento: nariz,
palato duro, faringe e laringe.

Obs: A forma cutânea localizada pode


ter múltiplas úlceras.
a-)Forma cutânea mucosa:

● Envolve: lábio superior e inferior,


palato, gengivas, língua, faringe e
laringe.
● Na cavidade oral: lesões
úlceras-vegetantes com
granulações grosseiras.
● Forte resposta imune celular; ● Separações por sulcos: "Cruz da
● Produção de citocinas Th1; espundia ou escomel”.
● Ativação dos macrófagos; b-)Leishmaniose Cutânea Localizada:
● Intenso dano tecidual e raros
parasitos;
● É a evolução da forma cutânea
localizada se for causada pelo
subgênero Viannia, ou seja,
trata-se da forma cutânea
localizada tratada erroneamente
ou não tratada;
● As lesões mucosas podem
aparecer precocemente.
● Representa 95% dos casos, ou
● Geralmente surgem de 1 a 2 anos
seja, a maioria dos indivíduos
após o início da infecção por
possuem uma boa resposta celular
disseminação hematogênica.
à doença;
● Eritema + infiltração do septo
● As lesões cutâneas são similares
nasal: processo ulcerativo leva ao
nas várias formas de
“nariz de Tapir ou Anta” (destruição
leishmanioses tegumentares;
do septo).
● Período de incubação de 1 a 4
● Atinge a mucosa das faces laterais
semanas: inicia como uma pápula
das asas do nariz e elementos
eritematosa múltipla ou única que
contíguos. A área ao redor

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45
Dermatologia

evolui cronicamente com ● Ausência de imunidade celular, de


ulceração. produção de citocinas Th1 e
● Ocorre em áreas expostas do inativação dos macrófagos;
corpo. ● Boa resposta Th2;
● Há adenopatia regional e ● Múltiplas lesões em paciente sem
linfangite; imunidade celular;
● Sintomas gerais: febre, calafrios,
mialgias (durante período de
disseminação).
● Surge semanas após lesão inicial
ulcerada
● As lesões podem chegar a
centenas e são de vários tipos,
pápulas, nódulos e ulcerações ou
queloidianas. O comprometimento
de mucosa está presente em 30%
Linfangite discreta e úlceras grandes (ao contrário da dos casos.
esporotricose) ● Ag etiológico: L. amazonensis
● Lesão típica: úlceras com (mais comum) e L. braziliensis.
contornos circulares, bordas altas ● Encontrada em imunodeprimidos
e infiltradas, em moldura de (deficiência da Resposta Imune
quadro, fundo com granulações Celular – Th1). Assemelha-se a
grosseiras, vermelho, coberto por Hanseníase Virchowiana.
exsudato seroso ou ● Imunocompetentes: provável
sero-purulento. Geralmente cepas mais virulentas de L.(v)
indolor. braziliensis.
● Podem haver lesões em várias
fases de evolução, a depender dos
pontos de inoculação e da
resposta imunológica do indivíduo,
● Pode ocorrer satelitose.
● As úlceras podem evoluir para
cicatrização ou para cura
espontânea (6 a 15 meses).
● Placas vegetantes, verrucosas
(imagem da face de uma criança)
ou sarcoídeas, infiltradas
c-)Forma cutâneo difusa (anérgica):

Leishmaniose cutânea difusa.

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Dermatologia

–Leishmaniose recidivante: ● Leitura feita de 48 a 72hs. Melhor


● É caracterizada por recorrência no custo benefício;
local original da úlcera, geralmente ● Reação é positiva quando a
num período de 2 anos e pápula é maior que 5mm de
frequentemente na borda da lesão; diâmetro;
● Não é uma recontaminação, ou ● Sensibilidade e especificidade
seja, o paciente não foi picado próximas de 100% (S. – 85 a 97%
novamente. e E. – 75 a 90%).
–Exames complementares: Obs:Reação pode ser negativa:
a-)Parasitológico direto: ● Em até 1 ou 2 meses do início da
● Solicitado em lesões recentes; doença;
● Raspagem ou justaposição da ● Em imunodeprimidos;
lâmina na ulceração. Com ● Na forma tegumentar difusa;
coloração de Wright, Leishman ou ● Na leishmaniose visceral (calazar);
Giemsa. –Tratamento:
● Quase sempre feito em lesões ● Deve ser sempre endovenoso;
recentes (na borda da úlcera). Não ● Complementar: eletrocirurgia e
é muito realizado em lesões criocirurgia + medicamentos;
tardias; ● Lesões verrucosas (curetagem e
● Baixo custo e propicia diagnóstico eletrocoagulação);
de certeza; ● Nitrogênio líquido;
● Sensibilidade: 15 a 70%. ● Cirurgia corretiva para tratar
● Especificidade: 99%. sequelas cicatriciais pós
b-)Histológico: tratamento;
● Solicitado em lesões recentes; a-)Antimoniais:
● Formas recentes: encontra as ● N-metil-glucamina (Glucantime)
Leishmanias (não necessita do ● Maior atividade e menor
Giemsa). toxicidade;
● Lesões tardias: rara, mas pode ser ● Ampolas de 5ml – 1,5g do sal (425
encontrada; mg de Sb pentavalente)
c-)Reação de Montenegro: Obs:Não deve ser administrada em:
● A partir desse exame é possível ● Gestantes: pode impregnar no
testar a imunidade Th1 do tecido nervoso do feto, levando a
indivíduo; síndromes severas de retardo
● É um teste prognóstico, ou seja, mental;
ele revela para qual forma clínica ● Cardiopatas;
de leishmaniose o paciente vai ● Nefropatas;
evoluir; ● Hepatopatas;
● Recurso mais utilizado; ● Pacientes com Chagas;
● Solicitado no mínimo 2 meses ● TB pulmonar;
depois do surgimento da lesão. b-)Pentamidina:
● Aplicação intradérmica de 0,1 a ● Isotionato de pentamidina uso IM
0,3ml de solução fenolada de (Pentacarina 300 mg por ampola);
leptomonas (formas ● Alternativa entre a Glucamina e a
promastigotas) na concentração Anfotericina B;
de 2 a 3 milhões por ml. ● Bons resultados na leishmaniose
cutânea pela L. guyanensis;

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47
Dermatologia

● Dose: 4mg/kg, 3 aplicações IM obstrução nasal (nariz entupido) e


com intervalo de 2 dias. secreção nasal há 2 meses. Paciente com
● Dosagens maiores que 1,5g passado de lesão ulcerada em pele de
avaliação hepática, cardiológica e membro inferior direito que cursou com
renal. cura espontânea há aproximadamente 11
● Liberado para cardiopatia, meses. Durante a consulta o paciente
hepatopatia, doença de Chagas; referiu contato com "muriçocas" na roça
c-)Anfotericina B desoxicolato ou em que trabalha das 8:00 às 18:00 horas
convencional: todos os dias. Ao exame da cavidade
● Indicada a formas resistentes à nasal (interior do nariz) foi observada
terapia antimonial; pequena lesão ulcerada em parede septal
● Controles de função renal e (septo nasal) da narina direita. São
cardíaca; exames complementares que poderiam
● Droga de escolha na gravidez; ser solicitados para confirmar sua
● Infusão intravenosa diluída em suspeita diagnóstica:
soro glicosado 5% + 25 a 50mg de I. Exame histopatológico do fragmento de
hidrocortisona solúvel gota a gota biópsia de lesão cutânea ou nasal corado
por 6 horas. Aplicações diárias ou ao Giemsa.
em dias alternados. II. Detecção de anticorpos contra o
● Anfotericina B lipossomal: alto parasito por ELISA ou imunofluorescência
custo. É eficaz e menos tóxica que indireta.
a anterior. Indicada para formas III. Cultivo do parasito em meio bifásico
graves e resistentes; LIT/NNN.
Obs: Na leishmaniose tegumentar Comentário:Trata -se de um caso de
difusa não há terapia efetiva. Leishmaniose Tegumentar Americana,
Glucamina, anfotericina B e com apresentação clínica em sua forma
pentamidina proporcionam regressão mucocutânea. Para diagnóstico desta
parcial com recidivas após a forma pode-se empregar a microscopia e
suspensão. cultivo do parasito (em meio LIT/NNN), a
–Profilaxia: biópsia ou aspirado da lesão, PCR (teste
● Leishmaniose domiciliar ou peri molecular), ou ainda a Intradermorreação
domiciliar: inseticidas anti de Montenegro ou sorologia (ex. ELISA
flebótomos. Proteção com telas. com Ag Leishmania). Assim, todas as
Eliminação de reservatórios. opções estão corretas.
● Leishmaniose selvática: Q2- Após dois meses de um final de
repelentes, proteção com roupas e semana de pescaria em rancho à beira do
evitar entrar na selva no fim do dia Rio Pardo-SP, dois estudantes
ou da noite. procuraram atendimento médico por
Questões SanarFlix apresentarem lesões cutâneas em perna
Q1-JCS, 32 anos, sexo masculino, pardo, direita e antebraço esquerdo,
proveniente do município de Valença no respectivamente. Em ambos os casos, as
sudoeste do estado da Bahia, é referido lesões eram indolores, com bordas altas e
ao ambulatório de otorrinolaringologia eritematosas e área central ulcerada, com
(especialidade que cuida de enfermidades granulação grosseira, cor vermelho vivo,
envolvendo ouvido, nariz, boca, faringe e sendo recoberto por exsudato
laringe) para avaliação diagnóstica por seropurulento. Os pacientes
apresentar queixa de sensação de encontravam-se em bom estado geral e

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48
Dermatologia

afebris. Qual sua principal hipótese indolores com fundo granuloso e bordas
diagnóstica? altas e eritematosas, podendo apresentar
A. Ectima contagioso apenas uma ou múltiplas lesões.
B. Cromomicose Resposta correta, letra E.
C. Tuberculose cutânea
D. Esporotricose
E. Leishmaniose T. Americana
Comentário: Alternativa A: INCORRETA.
Caracteriza-se por lesões crostosas,
afetando principalmente em ovinos e
caprinos, embora também possa ser
transmitida ao homem. O padrão de lesão
dessa doença não é, portanto, compatível
com as lesões dos estudantes. Alternativa
B: INCORRETA. Tem evolução crônica e
as lesões se caracterizam pela presença Dermatologia- Aula 11- Dermatoses Alérgicas
de nódulos, lesões verrucosas e placas –Introdução
atróficas, afetando preferencialmente 1-)Dermatite atópica
membros inferiores. O padrão de lesão 2-)Urticárias
dessa doença não é, portanto, compatível 3-)Dermatite de contato
com as lesões dos estudantes. Alternativa As três patologias se subdividem
C: INCORRETA. A Primo-infecção da em forma alérgica e não alérgica e isso
tuberculose na pele é muito rara; caso exclui a premissa de que sempre serão
aconteça desenvolve-se o complexo alérgicas.
primário tuberculoso e a lesão local é
–Urticárias
denominada de cancro tuberculoso que
A urticária é caracterizada pelo
surge três a quatro semanas após a
rápido aparecimento de urticas, as quais
inoculação, caracterizada por pápula,
podem ser acompanhadas pelo
placa ou nódulo que evolui cronicamente
angioedema. O edema da derme
para ulceração e fistulização (abscesso
superficial é denominado urticária,
frio), com ou sem linfangite. O padrão de
enquanto o da derme profunda, do
lesão dessa doença não é, portanto,
subcutâneo e do trato gastrointestinal é
compatível com as lesões dos estudantes.
chamado de angioedema.
Alternativa D: INCORRETA. Na sua forma
cutâneo-localizada, a esporotricose se
caracteriza por um nódulo avermelhado.
Esse nódulo pode ser duro com superfície
áspera ou ulcerada. Além dos membros
superiores, as lesões podem acometer as
mucosas (olhos e a boca). O padrão de
lesão dessa doença não é, portanto,
compatível com as lesões dos estudantes.
Alternativa E: CORRETA. As lesões da
leishmaniose tegumentar americana Urticas
apresentam o padrão descrito no As urticas são lesões elementares
enunciado. Elas podem começar como descritas como uma placa eritematosa
pápulas, que evoluem para úlceras levemente elevada que some à

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49
Dermatologia

digitopressão. A urtica é constituída por –Fisiopatologia


três características típicas: Após a ativação dos mastócitos,
1. Edema central de tamanho muitas substâncias, além da histamina,
variado, circundado por eritema são liberadas: acetilcolina, anafilotoxinas,
reflexo; bradicinina, serotonina, leucotrienos,
2. Prurido associado; prostaglandinas. É importante lembrar que
3. Natureza efêmera com duração de a liberação de histamina pode ocorrer em
até 24 horas; outros processos não alérgicos, como em
A urticária se apresenta com atividades físicas.
diversas formas clínicas e causas Provavelmente a histamina é a
distintas. Constituindo uma das principal mediadora, uma vez que
dermatoses mais frequentes, 15 a 20% da apresenta maiores concentrações
população têm pelo menos um teciduais após a degranulação. Por isso,
episódio da doença em sua vida. deve ser prescrito o anti-histamínico
Representa 1-2% dos atendimentos nas ou, em situações de recidivas,
especialidades de dermatologia e aumentar a dose ou associar a outro
alergologia. anti-histamínico.
Entre os doentes com urticária, –Clínica
50% continuarão a apresentar a doença a-)Urticária Aguda
um ano após o caso inicial e pelo menos ● As lesões são placas
20% continuarão a experimentar eritêmato-edematosas grandes,
episódios da doença por mais de 20 anos. pruriginosas, de início súbito e
A urticária é um edema superficial duração efêmera, acompanhadas,
da derme, já o edema da derme profunda, com frequência de fenômenos
do subcutâneo e do trato gastrointestinal gerais;
é chamado de angioedema. ● O episódio de urticária aguda pode
–Epidemiologia persistir por horas e até 6 dias;
● Acometimento de 15-20% da ● Não é difícil encontrar o fator
população; desencadeante, estando, em
● Prevalência de 0,1%; geral, relacionado às causas
● Idade de prevalência do listados a seguir:
acometimento é de 20 a 40 anos;
Origem idiopática
● Predomínio do sexo feminino;
● A urticária comum é a maioria dos Alimentos: frutas (morango), frutos do mar,
casos, representando 72%; castanhas, condimentos, chá, chocolate e produtos
● Urticárias físicas representam de laticínios
20%;
● O angioedema hereditário Medicamentos: antibióticos (penicilina e
acomete 0,5%. sulfonamidas), AAS e AINH, morfina e codeína
● Em 40% dos casos a urticária
Hemoderivados
acontece isoladamente;
● Em 50% dos casos a urticária é Radiocontrastes
associada ao angioedema;
● Em 10% o angioedema ocorre de Infecções virais e doenças febris
forma isolada.
Picadas de abelha e vespas

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50
Dermatologia

b-)Urticária crônica

→Manobras de avaliação das urticárias


físicas:
● Dermatografismo sintomático
● A urticária é considerada crônica
imediato: aplicação de uma
quando persiste por mais de seis
pressão de menos de 36 g/mm2.
semanas;
O teste é realizado no dorso, com
● É derivada da urticária idiopática
um instrumento denominado
ou espontânea, em que não há
dermatografômetro ou objeto de
nenhum desencadeador externo
ponta romba;
conhecido;
● Urticária de contato ao frio
● Cerca de 30% dos doentes com
adquirida: aplicação de cubo de
urticária apresentam urticária
gelo no local por cinco minutos e
crônica. Tem evolução recorrente,
se aparecer em 10 minutos,
podendo prolongar-se até mesmo
comprova-se a urticária de contato
por anos;
ao frio;
● Há tendência à cura espontânea;
● Urticária ao frio reflexa: apenas a
c-)Urticárias físicas (não alérgicas)
exposição do corpo ao frio induz a
● As urticárias físicas formam um
urtica, sendo o teste do cubo do
grupo heterogêneo de doenças
gelo negativo. As urticas podem
devido à ampla variabilidade de
ser provocadas pelo resfriamento
estímulos desencadeantes ou
do corpo em sala a 4º, por 30
formas clínicas variáveis, bem
minutos;
como a sua associação com
● Urticária de pressão tardia:
outros tipos de urticária;
aplica-se uma roda
● Isso sugere que nas formas
perpendicularmente sobre o dorso
tradicionais participam
com peso de 2,5-4,5 Kg e após 20
mecanismos não específicos,
minutos confirma-se o diagnóstico;
como um menor limiar de ativação
● Urticária solar: exposição de 10
mastocitária ou maior reatividade
minutos que gera urticas;
das células-alvo (IgE do paciente é
● Urticária aquagênica: aplica-se
normal);
gaze embebida em água a 37ºC
● São de difícil tratamento por não
por 20 minutos ou banha-se o
possuírem um agente específico
doente em água na temperatura
desencadeante.
corporal;
–Investigação das urticárias físicas
● Urticária de contato ao calor
Paciente: crise de vermelhidão e coceira
adquirida: aplica-se um frasco
há 2 anos, que possui coceira, não
contendo água aquecida entre
apresenta um fator desencadeante e
38ºC e 50ºC por 1 a 5 minutos. As
surge em momentos variados.
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51
Dermatologia

urticas surgem em poucos minutos →Intervenções (Sequencial, só faz a


no local da aplicação; etapa 2 na falha da etapa 1):
● Urticária colinérgica: causada 1. Anti-histamínico de 2ª geração;
por exercício físico, então 2. Aumenta a dose em até 4x
submete-se o paciente a maiores do que as doses
exercícios (ex. corrida) até o ponto preconizadas em bula;
de sudorese, ou então, à imersão 3. Omalizumabe por 6 meses, 1 dose
parcial do corpo à água aquecida mensal;
há 42ºC por 10 minutos; 4. Ciclosporina;
–Tratamento 5. Outras terapias.
a-)Urticária aguda
● A abordagem terapêutica é
fundamentada em
anti-histamínicos de segunda
geração como abordagem padrão,
por no mínimo 10 dias;
● O uso de anti-H1 de segunda
geração na urticária aguda
constitui a única intervenção
terapêutica que apresenta grau B
de recomendação, devido à
Obs: Não se usa corticóides em
presença de estudos controlados
urticária crônica.
randomizados;
● Orientar o paciente quanto ao –Angioedema
retorno das urticas ao longo do O angioedema é definido por um
tratamento; edema súbito e acentuado da derme
● Alguns nomes comerciais se profunda e subcutânea, tem grande
seguem: relação com a dor e pouca com o
○ Cetirizina; prurido, com maior prevalência de
○ Fexofenadina; acometimento em mucosas. De maneira
○ Loratadina; geral a resolução do quadro é em torno
○ Mizolastina; de 72 horas, de forma mais lenta em
○ Levocetirizina; relação às urticas.
○ Desloratadina; Obs: O angioedema produz palidez
○ Ebastina. cutânea e aumento de volume.
● O tratamento medicamentoso de –Características:
segunda linha são os corticóides ● A urticária ocorre frequentemente
orais de curtos períodos ( até 7-14 com angioedema;
dia) em exacerbações importantes ● O prognóstico é pior com 75% dos
da urticária aguda, que não doentes apresentando episódios
responde completamente aos recorrentes em 5 anos;
anti-histamínicos. ● O angioedema pode representar
b-)Urticárias crônicas uma das manifestações clínicas da
● O tratamento deve compreender anafilaxia, a qual pode ser
as informações gerais dadas ao graduada de acordo com os
doente e farmacológicas; seguintes parâmetros:

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52
Dermatologia

–Tratamento
Grau Sinais clínicos
Urticária + angioedema
Grau I Sinais cutâneo mucosos ● Epinefrina é a primeira medida
generalizados: eritema, terapêutica medicamentosa a ser
urticária, com ou sem adotada em solução de 1mg/mL
edema; via SC ou, preferencialmente, IM
na coxa, com ciclos de 5 minutos
Grau II Agravo multivisceral até o paciente ficar
moderado com sinais hemodinamicamente estável;
cutâneo-mucosos, ● A adrenalina é a única medicação
hipotensão arterial
que reduz a mortalidade;
(queda sistólica,
● Dependendo da resposta à
taquicardia),
epinefrina podem ser necessárias
hiper-reatividade
outras medidas como:
brônquica (tosse,
dificuldade respiratória); i. Elevar as extremidades
inferiores (MMII);
Grau III Agravo multivisceral ii. Manutenção das vias
grave, ameaçador à aéreas;
vida, requerendo iii. Paciente que já começou
terapêutica específica: em choque anafilático, já
colapso cardiovascular, inicia a intubação
taquicardia ou orotraqueal preventiva;
bradicardia, arritmias, –Após os cuidados iniciais
broncoespasmo. Sinais 1. Ter 2 acessos venosos, calibrosos;
cutâneos ausentes ou 2. Iniciar 2L de cristalóide;
aparecem após a 3. Trocar para adrenalina EV;
correção da pressão
4. Continuar a reposição volêmica;
arterial;
5. Considerar associar
Grau IV PCR vasopressores;
6. Em casos de broncoespasmo
–Angioedema e anafilaxia grave:
● A anafilaxia é uma reação de a. Adultos: Sulfato de
hipersensibilidade imediata magnésio 2g, EV durante
sistêmica caracterizada por edema 20-30 minutos;
em muitos tecidos com a b. Crianças: sulfato de
diminuição da pressão sanguínea, magnésio EV 25-50mg/Kg;
secundária à vasodilatação; –Uso de glucocorticóides
● A diminuição do tônus vascular e ● É indicado em pacientes com
extravasamento de plasma história de anafilaxia idiopática e
causado pelos mediadores dos em asma quando a anafilaxia for
mastócitos podem levar a uma grave e prolongada;
diminuição da PA ou ao choque, ● Não atuam agudamente, porém
chamado de choque anafilático; podem prevenir anafilaxia
● Os efeitos cardiovasculares são recorrente ou protraída;
acompanhados pela constrição ● Quando usados, devem ser
das vias aéreas superiores e administrados a cada 6 horas em
inferiores, o paciente pode ou não
apresentar lesões urticariformes.
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53
Dermatologia

dose equivalente a 1. Irritantes produzem reações


metilprednisolona (1-2mg/Kg/dia); cutâneas não necessariamente
–Dermatite/Eczema de contato eczematosas;
–Introdução 2. O mesmo irritante pode causar
● Resposta inflamatória que diferentes reações, dependendo
acontece na pele por ação direta de sua concentração e duração do
ou indireta de substância através contato;
de um mecanismo de 3. Reação sempre restrita ao local de
hipersensibilidade; contato;
● Uma das dermatoses mais 4. Frequente caráter ocupacional;
comuns; 5. Pode apresentar: xerose, eritema,
● O quadro clínico mais comum é o eczema agudo, queimadura
eczema que é sempre localizado cáustica;
na região do corpo em contato b-)Dermatite de contato alérgica (DCA)
com o agente; ● Reação inflamatória da pele
● É considerada uma dermatoses mediada por linfócitos T
ocupacionais: desencadeada por decorrente de contato repetidos
substâncias presentes no com alérgenos sensibilizantes
ambiente de trabalho; na epiderme;
● É mais comum em adultos e ● É dividida em 3 fases;
ambos os sexos; i. Sensibilização ou indução
● Variação do efeitos dos irritantes ou imunização: duração de
conforme a espessura da camada 10-15 dias; não tem
córnea e da densidade dos sintomas com o contato do
folículos pilosos; alérgeno;
● A localização mais comum é nas ii. Elicitação: dura cerca de
mãos e nos pés; 24-48 horas. O indivíduo é
● É mediada pela imunidade celular; previamente sensibilizado
–Classificação pelo menos antígeno;
a-)Dermatite de contato por irritação iii. Resolução: tendência a
primária (DCI) perder a sensibilidade ao
● Pode ser causada por qualquer longo do tempo;
agente físico ou químico capaz de ● Há envolvimento de memória
produzir dano celular se aplicado imunológica e há a necessidade
por tempo suficiente em de sensibilização prévia;
concentração suficiente; –Tratamento
● Primários relativos: são contatos 1. Manifestação clínica mais comum
frequentes que somente ao longo é o eczema;
do tempo a irritação vai surgir. 2. QC agudo: eritema, edema,
Como a dermatite fraldas e a pápulas e vesículas;
dermatite dona de casa. 3. QC subagudo: lesões exsudativas
● O mecanismo de ação é a pelo rompimento de vesículas,
alteração da barreira cutânea; crostas;
● Não há envolvimento de memória 4. Crônico: liquenificação, fissuras,
imunológica e não há necessidade hipercromia;
de sensibilização prévia. 5. Localização mais comum: mãos,
–Quadro Clínico face, pescoço, pés e tronco;

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54
Dermatologia

6. Apresenta prurido intenso; mutações, o que a tornam capaz de se


c-)Dermatite de contato fototóxica e dividir descontroladamente.
fotoalérgica

A proteína P53 é responsável pela


proteção do organismo contra o tumor.
Esta tem a capacidade de inibir a
transformação de células e é expressa
quando o DNA sofre injúria. A proteína
● A radiação da luz faz com que haja p53 para o ciclo e tenta reparar o dano, se
um processo inflamatório; o reparo não é possível ele induz à
● A forma mais clássica é a apoptose.
fitofotodermatose; –Fotobiologia
–Tratamento
a-)Na fase aguda
1. Corticóides tópicos são a droga de
escolha no tratamento da DC;
2. Anti-histamínico para diminuir o
prurido;
3. Emolientes potentes
b-)Na fase crônica
1. Corticoides em alta potência e
oclusivo;
2. Anti-histamínicos para diminuir O comprimento de onda UVB é
prurido; absorvido pela pele, causando danos
3. Emolientes potentes; diretos às bases pirimidínicas do DNA, o
4. Antifúngicos ou antibióticos orais UVA também é absorvido, porém causa
ou tópicos; danos menores. Estes danos são
5. Tratar por 30 a 60 dias; reparados constantemente, entretanto se
Dermatologia-Aula 12-Neoplasias Malignas a exposição é contínua ela irá suprimir a
da Pele atividade da proteína P53.
● RUV: 5% da luz solar terrestre;
–Introdução
● Praticamente todo UVC e parte do
O câncer se desenvolve depois
UVB é absorvido pela camada de
que uma células acumula mutações em
de ozônio e oxigênio atmosférico;
diversos genes que controlam o
● UVB só está presente entre as 10
crescimento e a sobrevivência. Quando
horas da manhã e às 14 horas da
uma mutação parece irreparável, a célula
tarde;
afetada suicida-se; do contrário ela
poderá viver o bastante para acumular
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55
Dermatologia

● UVB não bronzeia, queima. O UVA cutâneas, manchas solares e


faz o bronzeamento; câncer de pele;
● A vitamina D está presente no ● Causa: câncer, pigmentação e é o
UVB. O UVA e o protetor solar são principal indutor de
agentes negativos para vitamina fotossensibilidade. Pouco
D; eritrogênicos, provocam o
–Radiação ultravioleta (RUV) bronzeamento imediato;
A RUV é o principal carcinógeno b-)UVB
para a pele e age de duas maneiras: a ● Penetram mais superficialmente e
primeira gerando dímeros de timina e a contribuem para queimadura
segunda estaria relacionada com a solares, vermelhidão e também o
imunodepressão que causa ao depletar temido câncer de pele;
células de Langerhans da epiderme e ● Não atravessa o vidro;
estimular o aparecimento de clones de ● Causa: eritema, pigmentação e
linfócitos supressores, facilitando o principalmente alterações que
crescimento tumoral. induzem ao câncer cutâneo; são
As lesões pré-cancerosas mais muito eritogênicos (causam
frequentes são as ceratoses (actínica, eritema imediato) e induzem ao
alcatrão, arsênico). Os raios UV são do bronzeamento tardio;
tipo A, B e C; os últimos não atravessam a Obs: A radiação UVA penetra até a derme
ionosfera, de modo que apenas A e B e é constante durante o dia, sendo
atingem a pele do homem, provocando responsável pelas lesões de
alterações benéficas e maléficas, foto-envelhecimento. Já a radiação UVB é
dependendo da intensidade da radiação aquela presente principalmente nos
solar e da cor da pele. horários de 10 às 14 horas, que acomete
A intensidade é dada pela região as camadas superficiais da pele e causa
geográfica, ou seja, está na dependência queimaduras solares.
da latitude; pela exposição de áreas do –Principais efeitos da radiação
corpo, de acordo com os hábitos culturais 1. Efeito anti-inflamatório e
e de vestimenta; e pela profissão. A pele imunossupressor
mais vulnerável é aquela que nunca se a. Indução na produção de
pigmenta, isto é, que apenas se torna PGs e pelos queratinócitos:
eritematosa após exposição solar diminuição da expressão
(fototipo I). molecular nas superfícies
da células;
b. Diminuição da produção de
linfócitos T.
2. Efeito mutagênico
a. Mutação DNA celular e da
a-)UVA proteína P53;
● UVA são praticamente constantes 3. Efeito antiproliferativo
durante o dia e representam 95% a. Indução de apoptose dos
da radiação que atinge o corpo e o queratinócitos;
rosto; –Fotoproteção
● Danifica as fibras colágenas e ● Filtros solares são agentes tópicos
elásticas, causando o que protegem a pele da luz UV,
envelhecimento precoce, reações porém, não pode ser usado como

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56
Dermatologia

modo de permitir mais tempo sob ○ Cinamatos;


o sol; ○ Benzofenonas.
● Os filtros devem ser usados ● Protetor físico contém pequenas
mesmo em dias nublados, porque partículas de minerais inorgânicos,
a radiação UV ultrapassa as que formam um filme finíssimo
nuvens e a própria luz visível que refletem os raios solares;
causa danos à pele; ○ Dióxido de titânio;
● São agentes tópicos que ○ Óxido de zinco;
absorvem, dispersão ou repelem
os raios UV;
● Também pode ser realizada com
acessórios (chapéu, boné, roupas
e óculos);

–Câncer de pele
→Carcinoma Basocelular
● Trata-se de um tumor constituído
SanarFlix
de células morfologicamente
–Entendendo FPS semelhantes às células basais da
epiderme;
● Possui crescimento muito lento,
com capacidade invasiva
localizada, embora destrutiva,
sem, no entanto, provocar
metástase;
● É a neoplasia maligna de melhor
prognóstico;
● Acomete preferencialmente na
face;
● Significa o tempo de permanência ● O tumor já surgem como um
de ação do protetor em relação ao basocelular, ou seja, não tem uma
não uso do mesmo; lesão precursora;
● Quando se usa filtros solares FPS ● Se concentra na epiderme, e por
15, por exemplo, a mesma pele ser uma região avascular, esse
leva 15 vezes mais tempo para tipo de câncer não evoluiu com
ficar vermelha; metástase (exceção a raríssimos
● Protetor químico: contém casos relatados na literatura);
componentes sintéticos que ● É o câncer mais comum em
absorvem os raios UV e humanos, principalmente em
transformam em energia idosos;
inofensiva antes de causar dano; ● Cada vez mais comum em <50
○ Ésteres de PABA; anos, preferencialmente em
○ Salicilatos; mulheres;
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57
Dermatologia

–Comportamento biológico a pérola ocorre na borda da lesão que


Trata-se de proliferação celular cresce centrifugamente; em outras, ainda,
com as características basocelular, que se a pérola cresce como tal, tornando-se
dispõem em paliçada na periferia das uma lesão globosa, cuja superfície há
massas tumorais. É interessante notar discreta telangiectasia.
que a neoplasia é estroma-dependente, Em torno das lesões, não há
ou seja, necessita de tecido conjuntivo inflamação, ou seja, as lesões estão
para seu crescimento. encastoadas em pele sã; não há
A cultura de células tumorais, na comprometimento ganglionar ou
ausência do tecido conjuntivo, mostra a sistêmico.
conversão dessas células em células A localização preferencial é na
basais normais, inclusive com capacidade região cefálica (cerca de 90%), seguida
de ceratinização. Tal fato talvez explique a do tronco e, finalmente, dos membros.
raridade de metástase; quando esta Quando a localização é nas orelhas,
ocorre, é provável que o estroma tenha tende a ser mais agressivo, o que pode
migrado com as células tumorais. ser explicado por meio da patologia, pois
A velocidade de crescimento comumente é do tipo esclerodermiforme,
tumoral é lenta; no entanto, a infiltrativo, basoescamoso e micronodular.
multiplicação das células neoplásicas é O acometimento de mucosas ocorre
rápida, bem como é elevada a velocidade exclusivamente por contiguidade.
de morte dessas células, o que explicaria –Tipos Clínicos
o achado frequente de amilóide a-)CBC nodular ou nódulo ulcerado
intratumoral e/ou no estroma. Quanto a
invasão, podemos subdividir em:
1. Invasão local
a. Crescimento lento: invasão
de tecidos adjacentes;
b. Tecidos não demonstram
Na segunda foto é possível identificar a
resistência–tumores em
vascularização, achado importante de CBC
sulco nasolabial e ● Mais comum;
retroauricular podem ser ● Preferencialmente em áreas
profundos; fotoexpostas(cabeça e pescoço);
2. Invasão perineural ● Pápula ou nódulo translúcido com
a. Lesão mais agressivas e vascularização superficial;
recorrentes; b-)CBC pigmentado
b. Raro (0,2-0,8%);
c. Geralmente pré-auricular;
–Clínica
A lesão clínica mais característica
do CBC é a lesão “perolada”, ou seja,
lesão papulosa translúcida e brilhante
de coloração amarelo palha, que é
● É um subtipo do nodular;
frequente em quase todas as suas
● Se diferencia devido à presença
manifestações clínicas.
de melanina na massa tumoral;
Às vezes, a lesão papulosa
● Lesão patognomônica: Maple Leaf
perolada de dimensões pequenas é a
(folha canadense);
única manifestação do CBC; outras vezes,
● É mais comum em negros;
Marília Miranda Santana P6
58
Dermatologia

c-)CBC superficial ● LES;


● Esclerodermia em placa;
● Melanoma;
● Ceratose actínica;
● Nevo intradérmico;
● Dermatoses ulceradas;
→Carcinoma de Célula Escamosa ou
● Mais comum no tronco; Carcinoma Espinocelular
● Se manifesta com uma placa ● Trata-se de uma neoplasia
eritematosa, bem delimitada, maligna, isto é, com capacidade
semelhante ao eczema; de invasão local e de metastizar,
● O que o diferencia do eczema é o originária das células epiteliais do
tempo de permanência, sendo o tegumento (pele e mucosa), com
eczema transitório e o tumor certo grau, maior ou menor, de
constante e de evolução diferenciação no sentido da
progressiva; ceratinização;
d-)CBC esclerodermiforme ● Pode acometer qualquer local do
corpo;
● Pode evoluir ou não com
metástase;
● Fortemente associado à idade
avançada–aumento da incidência
é maior em >50 anos;
● Crescimento agressivo; ● Outras causas: tabagismo,
● Placa branco-mármore com imunossupressão medicamentosa,
cicatriz central ou em borda ou infecção por HPV, arsênio e
uma placa de esclerodermia; hidrocarbonetos aromáticos,
● A superfície é lisa e brilhante, de cicatriz e úlcera crônica;
cor amarelada; à palpação, ● A metástase mais frequente é no
sente-se certo grau de dureza dorso das mãos e após cicatrizes
devido à fibrose; de queimaduras;
● É altamente recidivante; –Clínica
–Diagnóstico
É realizado com base na idade
adulta do paciente e na morfologia da
lesão, que é de crescimento lento, em
geral na face e com aspecto perolado.
Devemos suspeitar quando qualquer
lesão passa a sangrar espontaneamente
ou por mínimos traumas, crescimento
súbito ou sintomatologia local. ● Pode surgir em pele sã, embora
O exame histopatológico é origine-se mais frequentemente
decisivo. A dermatoscopia possibilita em pele alterada por um processo
identificar critérios específicos para este anterior;
diagnóstico. ● A lesão inicial surge como uma
–Diagnóstico diferencial pequena pápula com certo grau de
● Doença de Bowen; ceratose;

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59
Dermatologia

● As localizações mais comuns são ● Outras lesões precursoras: queilite


áreas expostas ao sol, sobretudo actínica, contorno cutâneo, doença
face e dorso das mãos; o tronco de Bowen, eritroplasia de Queyrat,
(dependendo dos hábitos e da úlcera de marjolin,
raça) também é um local de ceratoacantoma;
acometimento; –Diagnóstico
● Em geral e com certo valor prático, ● Lesão ceratósica de crescimento
verifica-se que os carcinomas progressivo, que se instala em
acima da linha que vai da pele sã e/ou preferencialmente,
comissura labial ao lóbulo da em pele já comprometida, em
orelha são CBC, enquanto os pessoas adultas, leva à suspeita
abaixo são CEC; de CEC;
● Ao contrário dos CBC, os CEC ● A biópsia deve ser realizada o
surgem, com certa frequência, nas mais rápido possível;
mucosas e semimucosas (boca, ● À biópsia: hiperplasia com
lábio inferior, glande, vulva); grupos/ninhos de queratinócitos
atípicos, com aspecto da camada
córnea e espinhosa;
–Tratamento
● Exérese simples;
○ Tratamento mais eficaz;
○ Margens cirúrgicas: 0,3-0,5
cm;
● Curetagem e eletrocauterização;
● Cirurgia micrográfica de MOHS;
○ Tumores recorrentes;
○ >2cm;
● Seu crescimento é mais rápido do
○ Tipo histológico mais
que nos CBC;
agressivo;
● Além do crescimento rápido, um
○ Áreas de risco.
ponto de referência importante é o
sangramento discreto, embora
frequente;
● Como resultado, tem-se lesões
ulceradas de crescimento
contínuo, ulcerovegetantes,
vegetações verrucosas (secas) ou
condilomatosas (úmidas),
infiltrações e, menos
frequentemente, nódulos;
● CEC pode se manifestar na pele
como pápula, pápula queratósica,
nódulos, nódulos ulcerados, lesões
em placa, vegetantes ou
verrucosas;
● Principal lesão precursora:
ceratose actínica;

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Dermatologia

■ Parentes de 1ºgrau;
○ Presença de nevos;
○ Imunossupressão;
○ Alterações genéticas.
–Histopatologia
● As principais características são
assimetria da arquitetura, margens
mal definidas e perda da
arquitetura névica, com variação
no tamanho e na forma dos
ninhos;
● Alguns tornam-se confluentes e as
células no interior dos ninhos
mostram-se menos coesas
–Clínica

→Melanoma
● É um tumor maligno originário dos
melanócitos, em geral de
localização cutânea primária,
podendo, eventualmente, surgir
em outras áreas (olhos, mucosas, Sinal de Hutchinson
meninges e outros); O Melanoma pode advir de lesões
● Esses tumores caracterizam-se preexistentes ou surgir em pele sã. Os
por seu potencial metastático e precursores são nevos melanocíticos
consequente letalidade; congênitos (NMC), nevos displásicos,
● Acomete mais áreas fotoexpostas; nevus spilus e proliferação melanocítica
● É o câncer com maior incidência de mucosas e extremidades ou névicas.
em jovens (15-39 anos); Modificações indicadoras de
● Tem maior incidência em pessoas malignização são:
de pele clara; ● Sensação de prurido;
● Não tem relação com incidência ● Alterações da pigmentação e do
contínua dos raios solares, uma crescimento assimétrico da lesão;
única queimadura de raios ● Inflamação, ulceração e
solares pode gerar o melanoma; sangramento;
● É a causa mais comum de câncer ● Um sinal indubitável é o derrame
de mulheres entre 25-29 anos; de pigmento além das bordas da
● Nevo congênito gigante dificulta os lesão; qual ultrapassa a borda do
riscos de diagnóstico; tecido periungueal tem-se o sinal
● Fatores de risco: de Hutchinson;
○ Fotorradiação/ –Diagnóstico
fotossensibilidade; ● Alteração de cor, tamanho, forma e
○ História familiar e pessoal superfície;
de melanoma/CA de pele; ● Regra ABCDE

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Dermatologia

○ A- Assimetria a-)Melanoma extensivo superficial


○ B-Borda
○ C-Cor
○ D-Diâmetro
○ E-Evolução
● Qualquer profissional de saúde
pode fazer o exame;
● Dermatoscopia: é um exame
preventivo com precisão
diagnóstica de até 97% de acerto; ● É o mais frequente (cerca de 70%
● O dermatoscópio aumenta a dos casos);
imagem de 10 a 70 vezes; ● Frequente entre indivíduos entre
30 e 60 anos;
● Possui várias colorações como
castanho, preto, róseo, violeta;
● Pode ter hipopigmentação central
e expansão periférica;
● Matriz cinza-escuro translúcida é
altamente sugestivo para essa
forma clínica;
● É extensivo superficialmente,
mesmo tendo o nódulo;
b-)Melanoma Nodular

● É a segunda forma clínica mais


comum (15-30% dos casos);
● Atinge mais homens entre 50-60
anos;
–Dermatoscopia ● São primitivamente nodulares, isto
É um exame preventivo com é, sem fase prévia de crescimento
precisão diagnóstica de até 97% de radial;
acerto preservando o paciente de ● Apresenta-se como lesão
cirurgias desnecessárias e podendo papulosa, elevada, de cor
diagnosticar lesões malignas ainda na castanha, negra ou azulada;
fase inicial. ● São frequentes a ulceração e o
–Formas Clínicas sangramento;
● Tem uma variante amelanótica;

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Dermatologia

● Nas extremidades digitais, pode-se


apresentar como lesão tumoral
acastanhada subungueal,
melanoníquia estriada,
fragmentação longitudinal da
lâmina ungueal, além de
paroníquia crônica e persistente;
Melanoma amelanótico ● Sinal de Hutchinson pode estar
c-)Lentigo Maligno Melanoma presente;
● Tem pouca frequência (cerca de –Diagnóstico
5-15% dos casos); São pontos importantes como o
● Acomete pacientes entre a sexta e aparecimento de manchas ou nódulo de
sétima décadas de vida; crescimento rápido, alterações de cor e
● Surge em área de lentigo solar que tamanho de nevos preexistentes,
evoluem para melanoma; sintomatologia.
● Se apresenta como mácula A suspeita clínica de melanoma
acastanhada ou enegrecida, com fundamenta-se na regra do ABCDE vista
limites nítidos e irregulares, anteriormente. Outro ponto que tem sido
alcançando vários centímetros de valorizado em relação a lesões suspeitar
diâmetro; é o sinal do “patinho feio”, que é baseado
● As lesões são localizadas na face na apresentação clínica de uma lesão que
(em 90% dos casos), em mãos e se torna suspeita por destoar, em
em MMII (em 10% dos casos); aparência, das demais circunvizinhas.
● Surgem de uma mancha prévia na ● Biópsia, de preferência excisional
pele; –Classificação de Breslow e Clark
● Geralmente acomete áreas
fotoexpostas;

a-)Breslow:
● Avalia a espessura do tumor em
milímetros;
d-)Melanoma lentiginoso acral
● Fator preditor: isolado importante
nos melanomas localizados
b-)Clark:
● Avalia qual a profundidade do
tumor;
● Fase radial de crescimento
presente;
Nível I – envolve apenas a epiderme
(melanoma in situ), sem invasão
● Menos frequente;
Nível II – invade derme papilar, mas não a
● Mais frequente em não brancos;
interface derme papilar-reticular
● Pode surgir em extremidades
digitais, unhas;

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Dermatologia

Nível III – invade e expande na derme importantes. Os principais parâmetros do


papilar até a interface com a derme estadiamento incluem o número de
reticular, sem invadi-la mitoses (área da derme que contém mais
Nível IV – invade derme reticular, mas mitoses), ulceração (quando há ausência
não o tecido subcutâneo de um epitélio intacto sobre o melanoma),
Nível V – Invade o tecido subcutâneo espessura do tumor, envolvimento
–Tratamento regional (acometimento de linfonodos) e
● Multidisciplinar; Exérese simples; metástases a distância. Desses, a
● Cirurgia micrográfica de Mohs; espessura do tumor ou índice de Breslow
● Curetagem e eletrocoagulação;
é o fator mais importante na avaliação
● Criocirurgia;
histopatológica.
Questões SanarFlix

Comentário:É de extrema importância


que lembremos nas lesões de pele de
Comentário: O maior fator determinante
feridas que não cicatrizam e de lesões
ambiental para o câncer não-melanoma é
que sangram com frequência do
a exposição a raios UV, sendo muito
diagnóstico diferencial de carcinoma
incomum o aparecimento dessas
espino/escamocelular! A questão ainda
neoplasias em áreas fotoprotegidas.
traz dois fatores de risco extremamente
Nevos são lesões pré-malignas para os
presentes para a neoplasia, que são a pele
melanomas.
clara e a exposição a radiação UV
(paciente trabalhadora rural).

Comentário: O melanoma corresponde ao


câncer de pele de maior gravidade. O
exame histopatológico da lesão, a partir
de uma biópsia excisional, é considerado
padrão ouro para o diagnóstico, além de
fornecer informações prognósticas
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