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AULA 4

FISIOPATOLOGIA DA PELE

Profª Beatriz Essenfelder Borges


TEMA 1 – INTRODUÇÃO À PELE

A pele é o maior órgão do corpo, recobrindo toda a superfície. Possui


diversas funções, entre elas proteger o organismo da entrada de patógenos,
manter a temperatura e impedir desidratação.
Devido à sua constituição, protege contra atrito e, por possuir terminações
nervosas sensoriais, consegue perceber o meio ambiente e informar o sistema
nervoso central e periférico para gerar respostas fisiológicas.
Possui vasos sanguíneos, glândulas específicas e tecido adiposo que
auxilia perfeitamente no controle de temperatura do organismo.
O entendimento desta aula só será possível se lembrarmos do tecido
epitelial, conjuntivo e adiposo, pois a pele está intimamente relacionada a esses
tecidos.
Estruturalmente a pele possui uma parte epitelial de origem da ectoderme,
que é a epiderme e outra porção conjuntiva de origem mesodérmica, que é a
derme.
A espessura da epiderme determina a pele em espessa ou fina. A pele
espessa está presente em locais como palma das mãos e planta dos pés e em
algumas articulações. Já a pele fina está em todo o restante do corpo.
Logo abaixo da derme vem a hipoderme (Figura 1), que é um tecido celular
subcutâneo conjuntivo, propriamente dito frouxo, e não faz parte da pele, pois
apenas serve como união entre a pele e os órgãos. Esse tecido conjuntivo possui
na sua estrutura as células adiposas formando o panículo adiposo.

Figura 1 – Desenho esquemático das camadas da pele e da hipoderme

Fonte: Solar 22/Shutterstock.

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A epiderme e a derme se encontram em uma região irregular. A derme
possui papilas dérmicas que se encaixam nas curvas da epiderme que são
chamadas de cristas epidérmicas, fazendo com que aumente a ligação entre as
camadas.
A pele apresenta estruturas anexas conhecidas como unha, pelos, glândula
sebácea e glândula sudorípara.
Depois de termos uma ideia da pele, vamos detalhar cada parte com todas
as suas estruturas, para que depois possamos falar das patologias relacionadas
à pele.

TEMA 2 – EPIDERME

A epiderme possui um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. As


células predominantes na epiderme são os queratinócitos, mas também existem
os melanócitos, as células de Langerhans e as de Merkel.
A espessura da epiderme é variável, dependendo do local em que se
encontra. Em regiões como a palma das mãos, esse epitélio é espesso, chegando
até a 1,5 mm e apresenta cinco camadas. Essas camadas são basal, espinhosa,
granulosa, lúcida e córnea, como mostrado na Figura 2.

Figura 2 – Camadas da epiderme

Fonte: Shutterstock/Blamb.

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Vamos detalhar essas camadas iniciando da derme para a superfície.
Assim, a camada basal possui células prismáticas ou em formato de cubos que
repousam na membrana basal, local que separa a epiderme da derme. Essa
camada também é chamada de camada germinativa por apresentar muitas
células troncos no seu interior. Possui uma grande atividade mitótica, pois é
responsável, juntamente com a camada espinhosa, pela renovação da epiderme.
Dependendo do local e até mesmo da idade do indivíduo, a epiderme pode sofrer
renovação a cada 15 dias, podendo chegar até 30 dias. Nessa camada, existem
muitos filamentos de queratina, mas conforme as camadas vão se aproximando
da superfície, a quantidade desses filamentos aumenta.
A camada espinhosa possui células cuboides ou um pouco achatadas com
um núcleo bem central. No seu citoplasma, há expansões com filamentos de
queratina chamados de tonofilamentos que se unem com as células vizinhas pelos
desmossomos. Essa arquitetura, quando vista no microscópio eletrônico, dá à
célula um aspecto espinhoso. Na epiderme, os filamentos de queratina e os
demossomos são importantes, pois dão adesão celular e resistência ao atrito.
Nessa camada, também temos as células tronco de queratinócitos.
A camada granulosa tem células poligonais com núcleo central e com
apenas três a cinco camadas. No citoplasma das células estão presentes os
grânulos de querato-hialina, que não possuem membrana envolvendo mas lá
existem proteínas histidinas fosforiladas e ricas em cistina, o que confere
característica de grânulos basófilos. As células dessa camada também possuem
os grânulos lamelares, que só podem ser visualizados ao microscópio eletrônico
e apresentam discos lamelares envolvidas com bicamadas lipídicas e membrana.
A finalidade desses grânulos lamelares é se fundir com a membrana da célula e
secretar o conteúdo lipídico para que esse se deposite e forme uma barreira de
impermeabilização, impedindo a desidratação.
A camada lúcida é bem mais evidente na pele espessa e possui células
achatadas sem organelas e núcleos, pois essas estruturas foram digeridas por
enzimas lisossomais. Apresentam muitos filamentos de queratina e podem-se
observar os desmossomos aderindo-se às células vizinhas.
A camada córnea tem células achatadas, mortas e sem núcleo. Possuem
citoplasma com muita queratina. A diferenciação dos queratinócitos faz com que
os tonofilamentos modifiquem a sua composição. Na camada basal, temos células
com queratina de peso molecular baixo, e quando os queratinócitos estão bem

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diferenciados, eles sintetizam queratinas com peso molecular mais alto. Na
camada córnea, esses tonofilamentos estão agrupados com a matriz de grânulos
de querato-hialina, assim não possuem vida e descamam continuamente.
Essas camadas da epiderme com todas as características citadas fazem
parte da pele espessa, já a pele fina frequentemente não possui camada
granulosa e lúcida, e a camada córnea geralmente é muito pequena.
A Figura 3 é uma fotomicrografia de corte de pele espessa da planta do pé
de um ser humano, mostrando as camadas da epiderme e a derme invadindo a
epiderme com as papilas dérmicas sendo representadas. E mais abaixo também
podemos ver o tecido conjuntivo.

Figura 3 – Fotomicrografia das camadas da epiderme

Fonte: Junqueira; Carneiro, 2013.

Na junção da epiderme com a derme ou entre os queratínócitos da camada


basal, podemos encontrar uma célula chamada de melanócito. Essas células têm
origem embriológica da crista neural e apresentam prolongamentos do citoplasma
que penetram nas células da camada basal e espinhosa da epiderme enviando a
melanina para estas.

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Os melanócitos se aderem à membrana basal pelos hemidesmossomos,
estruturas especializadas da membrana.
A melanina é uma proteína produzida pela ajuda da enzima tirosinase, que
transforma o aminoácido tirosina em dopa na presença de oxigênio molecular e
depois em dopa-quinona, que, após algumas reações, forma o composto tirosina
melanina que se junta com proteínas formando as melanoproteínas. Essas, por
sua vez, vão polimerizar e formar ao final a melanina.
A enzima tirosinase é produzida nos polirribossomos do retículo
endoplasmático rugoso, depois enviada ao complexo de Golgi para ser acumulada
em vesículas secretoras. Essas vesículas se chamam melanossomos e é nelas
que a síntese de melanina se inicia. Nos melanossomos iniciais, existe tanto
melanina quanto tirosinase, mas quando acaba a síntese da melanina, esse
melanossomo passa a ser chamado de grânulo de melanina, pois não tem mais
atividade da tirosinase (Figura 4).
Depois de formados esses grânulos de melanina, eles vão para os
prolongamentos dos melanócitos até chegar nos queratínócitos, que depositam a
melanina. Os grânulos se aderem ao lisossomo dos queratinócitos e, dessa
maneira, as células mais da superfície não possuem melanina.

Figura 4 – Desenho de um melanócito produzindo e liberando grânulos de


melanina

Fonte: Designua/Shutterstock.

As células de Langerhans estão por toda a epiderme, mas aparecem com


maior frequência na camada espinhosa. São células ramificadas que ficam entre
os queratinócitos. Surgem a partir de célula precursora da medula óssea e
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caminham pelo sangue. Essas células têm capacidade de apresentar os
antígenos para os linfófitos T, participando assim da imunidade cutânea.
As células de Merkel estão presentes principalmente na pele espessa.
Estão na parte mais profunda da pele, sobre a membrana basal e aderidas aos
queratínócitos pela especialização de membrana conhecida como desmossomo.
Essas células funcionam como mecanorreceptores na sensibilidade ao tato. Em
contato com a base dessa célula, temos fibras nervosas aferentes que fazem a
sinalização para sistema nervoso central.
Na Figura 5, temos um desenho esquemático mostrando os tipos celulares
que tem em cada camada da epiderme.

Figura 5 – Esquema das células presentes na epiderme

Fonte: Designua/Shutterstock.

TEMA 3 – DERME

Essa camada é o tecido conjuntivo em que a epiderme se apoia e junta a


pele ao tecido subcutâneo ou mais conhecido como hipoderme.
A derme possui espessura variada de acordo com o local, mas chega no
máximo a 3mm na planta dos pés. Possui borda irregular, com saliências e papilas
dérmicas que acompanham as curvas da epiderme. Essas papilas possuem a
função de aumentar a superfície de contato da derme com a epiderme, deixando
a região de união forte.
Dividida em duas camadas com limites nada distintos entre elas. A camada
papilar é a mais superficial, e a camada reticular é a mais profunda.
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A camada papilar possui tecido conjuntivo propriamente dito frouxo que
forma as papilas dérmicas. Nessa camada há as filbrilas de colágeno que unem a
membrana basal e a derme, fazendo com que fique presa à epiderme. E os vasos
sanguíneos que estão presentes nessa camada fazem a nutrição e oxigenação
de toda a epiderme.
A camada reticular é mais grossa, formada por tecido conjuntivo
propriamente dito denso. Possui feixes colágenos mais espessos.
As duas camadas possuem muitas fibras elásticas, pois são responsáveis
pela elasticidade parcial da pele. Essas fibras se orientam de forma diferenciada
nas camadas da derme. Na camada papilar, estão dispostas perpendicularmente
à epiderme, já na camada reticular são paralelas e mais grossas.
Esse sistema elástico possui fibras elásticas diferentes: fibras oxitalâmicas,
eulaunínicas e maduras. As oxitalâmicas estão mais na superfície e são dispostas
perpendicularmente à junção dermoepidérmica. As eulaunínicas estão na parte
intermediária da derme, ligando as fibras oxitalâmicas com as fibras da derme
reticular. E por último, estão as fibras elásticas maduras, que possuem 90% de
elastina e estão na derme reticular. O fato de estas últimas possuírem muita
elastina faz com que consigam absorver os choques e participar das distensões
da pele sem sofrer muitos estragos.
A derme ainda apresenta vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos.
Aparecem também as glândulas sebáceas, sudoríparas e os folículos pilosos.
Os vasos sanguíneos que suprem a nutrição da pele estão dispostos em
dois plexos: um que está presente entre a derme e a hipoderme e outro que fica
entre as camadas da derme, papilar e reticular.
Os vasos linfáticos são revestidos por células endoteliais dispostas em uma
única camada ao longo da derme papilar. Formam um plexo linfático na derme
que vai chegar à hipoderme.
A inervação da derme confere à pele sensibilidade a pressão, temperatura,
tato, dor e prurido. A atividade motora da derme é de responsabilidade do sistema
nervoso autônomo, que atua no músculo eretor do pelo e nas células do músculo
liso dos vasos para que possam se contrair.
A inervação da pele pode ocasionar vasoconstrição para evitar perda de
calor e regular a temperatura, impedindo a circulação do sangue nas arteríolas
superficiais, como vasodilatação para permitir a circulação sanguínea na derme.

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A regulação do fluxo periférico também é controlado por estruturas
chamadas de glomos, as quais estão nas pontas dos dedos, face e orelhas e nada
mais são do que anastomoses de arteríolas e vênulas que se contraem para que
o fluxo seja controlado, regulando assim a temperatura.
Nas mãos, pés, lábios e genitais existem nervos sensitivos que formam as
estruturas que recebem estímulos do meio ambiente. Existem receptores
encapsulados e não encapsulados. Os não encapsulados são as terminações
nervosas livres que são sensíveis ao toque e à pressão, chamados também de
receptores táteis. Já os encapsulados são os corpúsculos de Ruffini, Vater-Pacini,
Meissner e Krause.
O corpúsculo de Meissner é responsável pela sensibilidade tátil e estão
presentes em maior quantidade na derme papilar, principalmente em mãos e pés.
O corpúsculo de Vater-Pacini são receptores específicos para percepção de
pressões e estão mais localizados nas palmas das mãos. O corpúsculo de Krause
está entre a mucosa e a pele (área de transição) como nos lábios, língua,
pálpebras, glande, clitóris e lábios vulvares. E possuem maior sensibilidade ao
frio. Os discos de Merkel são terminações nervosas sensíveis ao tato e à pressão,
e estão localizados principalmente nos dedos. O corpúsculo de Ruffini está
relacionado com a sensação de calor e está presente principalmente permeando
as fibras de colágeno. Na Figura 6, podemos observar todos os receptores
sensoriais da pele e verificar um resumo da função específica de cada um deles.

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Figura 6 – Desenho esquemático dos receptores sensoriais da pele com as
sensibilidades específicas de cada um

Fonte: Tefi/Shutterstock.

TEMA 4 – HIPODERME

A hipoderme não faz parte da pele; é uma camada que está abaixo da
derme e é formada por tecido conjuntivo propriamente dito frouxo.
Essa camada tem como uma de suas funções aderir a derme aos órgãos
que estão por baixo. É responsável por permitir o deslizamento da pele sobre as
estruturas. Pode ter uma camada de tecido adiposo, que, quando está
desenvolvida, pode formar o panículo adiposo, o qual é responsável por dar forma
ao corpo, além de servir como reserva energética e proteção contra o frio. As
células pertencentes a essa camada são os adipócitos, que têm formato
arredondado e no seu interior triglicerídeos.
Portanto, as principais funções dessa camada são ligar a derme a músculos
e ossos, participar da termoregulação, modelar o corpo e auxiliar contra choques,
e pode ainda servir como reserva energética devido à presença de tecido adiposo.
Como já descrito, na hipoderme temos vasos sanguíneos, tecido fibroso,
nervos e muito tecido adiposo.

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TEMA 5 – ANEXOS DA PELE

As estruturas anexas da pele possuem origem embriológida da ectoderme.


São os pelos, unhas, glândula sebácea e sudorípara. Assim, vamos falar de cada
uma delas.

5.1 Pelos

Os pelos são finos e, queratinizando-se, surgem a partir da invaginação da


epiderme. A coloração do pelo, o seu tamanho e a disposição na pele variam
conforme a localização e a cor da pele de cada pessoa. Podem estar presentes
em toda a superfície corpórea, com exceção de poucos locais.
Não possuem crescimento contínuo, pois apresentam fases de repouso
entre as fases de crescimento, as quais variam conforme a região. No couro
cabeludo, por exemplo, a fase de repouso é bem curta e a de crescimento é muito
longa. Os pelos da face e da região pubiana sofrem influência de hormônios
sexuais no seu desenvolvimento.
A invaginação da epiderme que origina o pelo é chamada de folículo piloso.
Esse folículo, quando em crescimento, apresenta uma dilatação terminal chamada
de bulbo piloso. No centro desse bulbo, existe a papila dérmica, que é recoberta
por células formando a raiz do pelo que tem o eixo do pelo.
Nos pelos mais grossos, as células que estão no centro da raiz produzem
células vacuolizadas que originam a medula do pelo. Essa estrutura é pouco
queratinizada. Ao redor dessa medula, as células se diferenciam, formando o
córtex. E as células depois do cortex formam a cutícula, que possuem muita
queratina. E as células periféricas formam as bainhas epiteliais, que envolvem o
eixo do pelo.
Os músculos eretores do pelo estão colocados na bainha e na camada
papilar da derme. Esses músculos funcionam contraindo o pelo para posição
vertical, ficando ereto.
A coloração dos pelos está relacionada com os melanócitos, que ficam
entre a papila e o epitélio da raiz do pelo que distribuem a melanina para o córtex
e a medula. Evento parecido acontece na epiderme para a coloração da pele.
O processo de queratinização do pelo é diferente do processo da epiderme,
principalmente porque no pelo a queratinização está no bulbo piloso e na
epiderme está por toda a superfície.

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Depois de entendermos como o pelo é constituído, vamos observar na
Figura 7 as estruturas presentes no folículo piloso e ao seu redor.

Figura 7 – Esquema da estrutura de um pelo com todos os seus componentes:

Fonte: Disignua/Shutterstock.

5.2 Unhas

As unhas, que têm origem embrionária na ectoderme, são camadas de


células queratinizadas que ficam dispostas na parte superior da falange dos dedos
e têm como funções proteger as pontas dos dedos e auxiliar na manipulação de
objetos.
Possui três camadas: uma mais interna chamada de unha ventral, que é
bem macia; a camada intermediária, que possui grande quantidade de queratina;
e a camada mais externa, chamada de unha dorsal. Essas camadas são
achatadas com células queratinizadas e fundidas chamadas de onicócitos, os
quais não possuem como função descamar.
A composição da unha é queratina, água, minerais e lipídios. A queratina,
como já mencionada, é o componente que dá resistência. Já a água, que está na
concentração aproximada de 12%, auxilia na característica de dureza, isso devido
ao fato de estar em baixa concentração. Os minerais presentes são magnésio,
cálcio, sódio, ferro, cobre e zinco. E o principal lipídio encontrado é o colesterol,
tanto que quando entramos em contato com substâncias que possuem solventes,
as unhas ficam quebradiças, pois ocorre a degradação do colesterol.
Na Figura 8, temos uma unha com toda a sua estrutura. A unha livre é a
parte que fica para fora do dedo e, assim, acaba sendo um local de reserva de

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microrganismos. A placa ungueal é a unha propriamente dita, parte visível. A
lúnula é a parte em formato de meia lua que tem como função proteger os vasos
sanguíneos que estão na epiderme. A cutícula ou eponíquio é uma camada
bastante transparente de células que adere a unha na base e tem como função
principal vedar a placa da unha e o sulco ungueal. A retirada dessa estrutura pode
levar a processos inflamatórios pela entrada de microrganismos ou até mesmo
sujeiras. O hiponíquio é o local que a lâmina possui contato com a epiderme. O
leito ungueal possui poucas camadas e não possui células granulares, e é onde a
unha cresce sobre o dedo, tem muita irrigação e não possui melanócitos. E por
últimos, temos a matriz, que é o local por onde a unha cresce.

Figura 8 – Estrutura da unha

Fonte: Monomoon/Shutterstock.

A unha cresce continuamente e pode ser afetada de muitas maneiras pela


temperatura, por infecções, por doenças genéticas, por problemas
dermatológicos, e por conta da alimentação. No caso da alimentação, para que
não se tenha problemas como unhas quebradiças, é preciso controlar a ingestão
de vitaminas e sais minerais que são essenciais para o crescimento adequado
dessa estrutura.

5.3 Glândulas sebáceas

As glândulas sebáceas estão localizadas na derme e os ductos dessa


estrutura são cobertos pelo epitélio estratificado, abrindo-se geralmente nos
folículos piolosos. Mas, em determinadas regiões, os ductos podem se abrir para
a superfície da pele, por exemplo, nos lábios, mamilos, glande e pequenos lábios
vaginais. Nas mãos e pés não se encontra esse tipo de glândula.
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Estruturalmente as glândulas sebáceas são acinosas e podem possuir
vários ácinos que se abrem em um curto ducto. Esses ácinos possuem células
epiteliais sobre a membrana basal. Por sua vez, essas células achatadas e
epiteliais se diferenciam conforme proliferam, ficando arredondadas. Isso devido
ao fato de que precisam de espaço para armazenar o produto da secreção. As
células mais centrais acabam morrendo e rompem, liberando a secreção sebácea.
Até a puberdade essas glândulas quase não têm atividade, mas, com a
estimulação dos hormônios sexuais, passam a secretar seu produto. Essa
estrutura está representada na Figura 9.

Figura 9 – Desenho esquemático da glândula sebácea com seu ducto e as células


diferenciadas para o processo de secreção

Fonte: Designua/Shutterstock.

Essa glândula é holócrina, ou seja, o produto da secreção da glândula é


liberado juntamente com toda a célula, assim ocorre a morte da célula. Para que
as células mortas sejam repostas, as glândulas sebáceas possuem células tronco
localizadas na membrana basal, que sofrem multiplicações constantes pelo
processo de mitose para fazer a reposição do que foi perdido durante a secreção.
A secreção dessa glândula tem na composição uma complexa mistura de
lipídios que contêm triglicerídios, ácidos graxos, colesterol e ésteres de colesterol.

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5.4 Glândula sudorípara

A glândula sudorípara possui duas porções, a condutora e a secretora. E


na porção secretora ainda pode ser classificada como tubulosa enovelada. Além
dessa classificação, podemos dividir as glândulas sudoríparas em merócrinas e
apócrinas, como demonstrado na Figura 10.

Figura 10 – Desenho esquemático das glândulas sudoríparas merócrinas e


apócrinas

Fonte: Timonina/Shutterstock.

As glândulas sudoríparas merócrinas são aquelas que liberam o produto


de secreção sem perda de citoplasma. Estão em grande quantidade por toda a
pele, exceto na glande. Apresentam ductos que se abrem na superfície da pele,
não se ramificam e possuem tamanho menor que da parte secretora que está
localizada na derme. As células secretoras têm formato de pirâmide e entre elas
e a membrana basal encontramos as células mioepiteliais que auxiliam no
processo da secreção. A inervação dessas glândulas são por fibras colinérgicas.
Nessa glândula merócrina existem dois tipos de células: as escuras e as
claras. As escuras estão próximas ao lúmen e as claras ficam entre as células
mioepiteliais e as escuras. As células escuras têm muitos grânulos secretórios na
parte apical, que contém glicoproteínas, por isso, possuem uma grande
quantidade de retículo endoplasmático rugoso em seu citoplasma. Já as células
claras não possuem esses grânulos, contendo apenas muitas mitocôndrias e
dobras da membrana plasmática para que possa fazer transporte de fluído e sais.
Isso porque a função das células claras é fazer a produção da parte aquosa do
suor.

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O ducto dessa glândula se abre para a superfície da pele e possui uma
hélice que atravessa a epiderme. Possui duas camadas de células que estão
sobre a membrana basal.
O suor secretado pela glândula merócrina é bem diluído, com baixa
concentração de proteínas, mas com sódio, potássio, cloreto, ureia, amônia e
ácido úrico. Quando o suor chega à pele, é totalmente evaporado. Isso ocorre
para auxiliar na diminuição da temperatura corporal.
As glândulas apócrinas estão presentes na axilas, aréola mamária e região
perianal. Os ductos dessa glândula se abrem para o folículo piloso e possuem o
lúmen da parte secretora bem dilatado. O produto da secreção é viscoso e sem
cheiro, mas, quando em contato com as bactérias da pele, pode ter um odor
bastante desagradável. Na mulher, essas glândulas sofrem grande influência do
ciclo menstrual. A inervação ocorre através de fibras adrenérgicas.

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REFERÊNCIAS

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