Você está na página 1de 7

2.

SISTEMA TEGUMENTAR

O tegumento recobre toda a superfície do corpo e é constituído por uma


porção epitelial a epiderme, e uma porção conjuntiva, a derme. E em
continuidade com a derme está à hipoderme, tela subcutânea, que embora
tenha a mesma origem e morfologia da derme não faz parte da pele, a qual é
formada apenas por duas camadas (GUIRRO e GUIRRO 2004).

A pele é caracterizada por três camadas superpostas: “ epiderme “, parte


externa constituída por um aglomerado de células dispostas em camadas, não
contem vasos sanguíneos, estando em renovação constante; ” derme “,
camada intermediaria, composta essencialmente de fibras colágeno e
elásticas, sendo irrigada por inúmeros vasos sanguíneos e linfáticos, e onde se
localizam os nervos; “ hipoderme “, camada constituída pelo tecido gorduroso
(interno) que desempenha importante papel na proteção dos órgãos internos
contra traumas e perda de calor. As glândulas sebáceas estão presentes em
toda a pele, á exceção das regiões plantares e palmares, sendo o produto de
sua atividade o sebo. Campbell (1996).

A pele desempenha um papel importante na manutenção da


homeostase do corpo, assegurando assim a continuação da atividade normal
das próprias células. Dentre as suas funções, destaca-se a proteção,
representada pela barreira física que protege o corpo contra a invasão de
microrganismos, devido a existência de uma película liquida com plácido,
podendo atuar como antisséptico e retardar o crescimento de microrganismos
na sua superfície, impedindo a entrada de substâncias estranhas do meio
externo (incluindo a água); proteger contra o excesso de radiação ultravioleta e
reduzir grandemente a perda de água do corpo para o meio (Spencer, 1991).

Desempenha, também, a regulação da temperatura do corpo,


constituindo-se numa barreira protetora impermeável capaz de impedir a perda
de líquidos e a penetração de substâncias. Protege o organismo das radiações
ultravioletas do sol, sendo a sede de reações imunológicas responsáveis pela
defesa do organismo. Nos idosos, estas funções da pele decaem tornando-a
mais suscetível a agressões do meio ambiente, especialmente no que diz
respeito aos raios solares. A exposição continuada e intensa ao sol acelera o
processo de envelhecimento da pele, podendo produzir queimaduras e
desenvolver certos tipos de câncer. (Sampaio & Rivitti, 2001). A perda de água
da pele (desidratação) inicia-se por volta dos 25 anos e está acompanhada da
diminuição de fibras do colágeno, proteína que dá a sua elasticidade. Também
a diminuição das glândulas sebáceas e sudoríparas torna a pele mais seca e
com menor capacidade de adaptação as variações de temperatura do meio
ambiente ( Guyton, 1992 ).

A integridade da pele é essencial para preservar as funções orgânicas


como as mudanças que ocorrem nela, com o envelhecimento, quais sejam:
alteração da permeabilidade, resposta imunológica diminuída, menor
elasticidade, redução na produção de vitamina D e percepção sensorial
deficiente (Philips; Gilchrest, 1995, Meneghin; Lourenço, 1998).

2.1 Epiderme

A camada mais superficial da pele. Ela é muito importante no ponto de


vista cosmético porque é essa camada que dá à pele sua textura e umidade e
contribui para a sua cor. Se a superfície da epiderme for seca ou áspera, a pele
parece envelhecida (BAUMANN, 2004).

A epiderme é formada pelas células epiteliais, ceratinócitos, onde reside


uma das principais defesas do órgão contra a penetração de produtos
exteriores. Integradas na epiderme encontram-se ainda os melanócitos, as
células de Langherans que constituem a primeira linha de identificação
imunitária das substâncias que franqueiam a epiderme e células sensoriais
denominadas células de Merkel (TOMA, 2004).

As camadas da epiderme recebem suas denominações de acordo com


essas características típicas. Por exemplo, a primeira camada é a camada
basal, porque e está localizada na base da epiderme. As células basais soam
de forma cuboide. As células basais unem-se com outras células basais e às
células espinhosas sobrejacentes por meio de desmossomos para formar a
membrana basal. Esses ceratinócitos basais contêm as ceratinas 5 e 14 e
mutações resultam em uma doença hereditária chamada edermólise bolhosa
simples.

Admite-se que as ceratinas 5 e 14 estabeleçam um citoesqueleto que


permite a 3 flexibilidade das células. Esta flexibilidade permite às células
moverem -se para fora da camada basal e migrarem superficialmente, desse
modo sofrendo o processo de ceratinização. As células basais são
responsáveis pela manutenção da epiderme, por meio da renovação contínua
da população celular. Da camada basal, 10% das células são células-tronco,
50% são células amplificadoras e 40% são células pós-mitóticas que se
movem superficialmente para tornarem células supra basais. Vale notar que as
células basais produzem antígenos penfigóides bolhosos, os quais são
proteínas que podem conduzir ao desenvolvi mento da doença penfigóide
bolhoso, se o corpo produzir anticorpos cor respondentes (BAUMANN,c 2004).

A camada seguinte é a camada espinhosa que tem de cinco a dez


camadas de células basais à custa de um citoplasma amplo e eosinófilo, de
formato poliédrico. Esta camada é assim denominada devido ao aspecto
celular periférico que parece emitir espinhos considerados, antes da
microscopia eletrônica, como comunicações intercelulares, mas que foram
identificados como desmossomos, responsáveis pela grande coesão celular
dos epitélios, resistentes a grandes trações e pressões. Os desmossomos não
são estruturas fixas, demonstrado pela diferente velocidade de progressão de
queratinócitos, quando marcados pela tiamina triatiada (KEDE; SABATOVICH,
2004)

A epiderme é composta pelas seguintes camadas: córnea; translúcida,


granulosa, espinhosa e basal (TATE, 2003). Estas camadas são
caracterizadas pelas diferentes etapas de diferenciação mitótica e que
contribuem para a regeneração do estrato córneo (SC) (LANE, 2011).

Na camada basal, as células proliferam. Quando estas migram para a


superfície tendem a diferenciar-se. A última diferenciação ocorre no SC
transformando-se em células mortas repletas de queratina (células
queratinizadas ou corneócitos) que se encontram unidas por desmossomas.
Ao redor destas células encontram-se os lípidos que foram libertados dos
corpos lamelares (TATE, 2003). São estes os responsáveis pelas
características de permeabilidade da pele, retenção de água e proteção contra
agressões externas (GAUR, et al., 2013). A derme é composta por tecido
conjuntivo. Este tecido é maioritariamente constituído por colágeno e fibras de
elastina na proporção de 75:4(%). O tipo principal de células presentes nesta
camada é o fibroblasto (LANE, 2011). No entanto, também se encontram
presentes mastócitos e melanócitos (LANE, 2011).

2.2 Derme
A derme é uma espessa camada de tecido conjuntivo sobre o qual se
apoia a epiderme, comunicando está com a hipoderme. A derme está
conectada com a fáscia dos músculos subjacentes por uma camada de tecido
conjuntivo frouxo, a hipoderme. Na derme situa-se as fibras elásticas e
reticulares, bem como muitas fibras colágenas, e elas são supridas por vasos
sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Também contém glândulas
especializadas e órgãos do sentido. A derme apresenta variação considerável
de espessura nas diferentes partes do corpo, sendo que sua espessura média
é de aproximadamente 2 milímetros. Sua superfície externa é extremamente
irregular, observando-se papilas dérmicas (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

A derme situa-se entre a epiderme e a gordura subcutânea. Uma vez


que ela é responsável pela espessura da pele, desempenha um papel-chave
na aparência cosmética. A espessura da derme varia nas diferentes partes do
corpo, e duplica entre as idades de 3 e 7 anos e novamente na puberdade.
Com o envelhecimento, essa camada básica diminui de espessura e
hidratação. A derme, que é cheia de nervos, vasos sanguíneos e glândulas
sudoríparas, consiste principalmente em colágeno. A parte mais superior
dessa camada, que se situa embaixo da epiderme, é conhecida como derme
papilar, e a parte inferior é conhecida como derme reticular (BAUMANN, 2004)

A derme é dividida em duas camadas: a camada reticular (mais


profunda) e a camada papilar (TATE, 2003). A camada reticular é composto por
fibras dispostas irregularmente, mas orientadas predominantemente numa
determinada direção (TATE, 2003). Camada papilar é composta por papilas que
se alongam até à epiderme (TATE, 2003). Neste compartimento encontram-se
unidades pilos sebáceas (folículo pilos sebáceo) e outros apêndices, como
sejam as glândulas sudoríparas (OLÁ, 2012).

2.3 Funções

A barreira epidérmica protege a pele de microrganismos, substâncias


químicas, traumatismos físicos e ressecamento por perda trans epidérmica de
água. Essa barreira é criada pela diferenciação dos queratinócitos à medida
que se movem da camada de células basais para o estrato córneo. (BAUMANN
2004)

Os queratinócitos da epiderme são produzidos e renovados por células-


tronco existentes na camada basal, o que resulta em substituição da epiderme
a aproximadamente cada 28 dias. Essas células levam 14 dias para atingir o
estrato córneo e outros 14 dias para descamar. Os queratinócitos produzem as
queratinas, proteínas estruturais que formam filamentos que fazem parte do
citoesqueleto do queratinócito. (GREGORI 2010)

No estrato espinhoso, filamentos de queratina irradiam a partir do núcleo


e conectam-se aos desmossomos, estruturas proeminentes ao microscópio,
conferindo às células um aspecto “espinhoso”. À medida que as células se
movem para o estrato granuloso, formam-se grânulos querato-hialinos
compostos por queratina e profilagrina. A profilagrina é convertida em filagrina
(proteína de agregação de filamento), responsável por agregar e alinhar os
filamentos de queratina em feixes paralelos e altamente comprimidos que
formam a matriz para as células do estrato córneo. (BARONI, 2010)

Mutações no gene da filagrina estão associadas à ictiose vulgar e à


dermatite atópica. Conforme os queratinócitos se movem para o estrato córneo,
perdem seus núcleos e organelas e desenvolvem uma forma hexagonal plana.
Essas células são empilhadas, formando um padrão em “tijolos e argamassa”
com 15 a 25 camadas de células (tijolos) circundadas por lipídeos (argamassa).
Os lipídeos são ceramidas, ácidos graxos livres e colesterol. (BARONI, 2010).
REFERENCIA:

SPENCER, A.P Anatomia Humana Basica, 2 ed. São Paulo: Manole Ltda, 1991
p. 77-93

SAMPAIO, S.A .P, RIVITTI, E.A Dermatologia, 2 ed. Artes medicas, p.3-17.
2001.

GUYTON, A.C. Tratado de Fisiologia Medica. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan , 1992.

PHILIPS, T.J: GILCHREST, B.A. Alteracoes e Disturbios cutâneos; São Paulo,


Roca, 1995 p. 1097-9 ( Manual Merck de Geriatria)

MENEGHIN, P; LOURENCO, M.T.N. A utilização da escala de BRADEN como


instrumento para avaliar o risco de desenvolvimento de ulceras de pressão em
pacientes de um serviço de emergência. Nursing 1998.

CAMPBELL, G. A M. A pele do idoso In. GUIDI, M.L.M, MOREIRA, M.R.L.P


Rejuvenescer a velhice: novas dimensões da vida. Brasilia, Universidade de
brasilia , p.63-69, 1996.

Lane, M. E. Nanoparticles and the skin – applications and limitations. J


Microencapsul. 2011; 28(8): 709–716. PMID: 21767116

TATE, S.S. Anatomia e Fisiologia. Ed. Mcgraw -Hill education. n 6, pp.


150-170, 2003.

Oláh, A.; Szöllősi, A. G. e Bíró, T. Th e channel physiology of the skin.


Rev Physiol Biochem Pharmacol. 2012;163:65-131. PMID: 23184015

GUIRRO, E GUIRRO, R. Fisioterapia Der mato-Funcional: funda mentos,


recursos e patologias. São Paulo: Manole, 2004

BAUMANN, Leslie. Dermatologia Cosmética: Princípios e Prática. Rio de


Janeiro : Revinter Ltda 2004
KEDE, M. P . V; SABATOVICH, O. Dermatologia Estética. São P aulo:
Atheneu, 2004.

Baroni A, Buommino E, De Gregorio V, Ruocco E,Ruocco V, Wolf R. Estrutura e


função do epiderme relacionada às propriedades de barreira. Clin Dermatol
2010.

Você também pode gostar