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ARTIGO
Todos nós, cantores e professores, que lidamos com o canto, sabemos a incrível polêmica que
existe em relação aos diferentes mecanismos de respiração e apoio, que variam
consideravelmente de acordo com as Escolas de Canto. Cada um deles tem fervorosos
defensores, implacáveis detratores, cientistas que os corroboram e os invalidam
alternadamente, etc. Porém, essas escolas européias ( a alemã, a inglesa, a francesa e a italiana)
produziram e continuam a produzir alguns dos mais magníficos cantores da cena lírica mundial,
o que nos permite concluir que, em matéria de técnicas de respiração e apoio, não há a verdade
absoluta e final.
A ESCOLA ALEMÃ
O apoio (Stutze ou Atemstutze) é conseguido com o retardamento dos movimentos para dentro
da parede abdominal e para cima do diafragma. Deve-se então exercer uma pressão para fora
dos músculos abdominais. Como é difícil manter a elevação do esterno durante a pressão para
fora do abdômen, o alemão prefere uma postura relaxada do tórax. Para conseguir maior apoio,
a área pélvica se firma, as nádegas se contraem e entra em jogo um movimento dos músculos
inferiores das costas.
A melhor maneira de livrar o peito ou tórax de “elevar o ar” é a de transferir uma “ação de
retenção” das massas inferiores de ar para o nível da base das costelas. A região da base dos
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Esta ação de retenção é o elemento mais importante no controle do ar. Uma vez que se
consegue manter aberta a área de expansão da base posterior das costelas, acrescenta-se o
desenvolvimento da ação de outros músculos, como os da região inferior da musculatura
abdominal, ajudando a fixar a posição mais baixa da coluna de ar.
Segundo os defensores desta técnica, os músculos mais fortes que ligam o diafragma à
caixa torácica estão na parte interna das costas, gerando a expressão utilizada por muitos
cantores: “cantar com as costas”.
- CONTRAÇÃO GLÚTEO-PÉLVICA
Também conhecida como “apoio pélvico” e “apoio glúteo”. Embora reconheçam que os
pulmões, a região intercostal e o diafragma sejam os elementos mais importantes do
mecanismo respiratório, muitos praticantes da técnica alemã sustentam que a origem
muscular para a emissão do ar se localiza bem abaixo no tronco. Recomenda-se que a
pélvis seja ligeiramente inclinada para a frente (muitas vezes com um pé mais avançado
que o outro) e que as nádegas sejam contraídas. Esta postura tem a intenção de
proporcionar o apoio essencial para o som cantado (“sentar no ar”).
Defensores deste sistema afirmam que o movimento ascendente do diafragma pode ser
retardado voluntariamente mantendo-o baixo durante a maior parte da expiração. O
conceito é mais expressado como “Mantenha seu diafragma baixo”.
- DISTENÇÃO DO ABDOMEN
É caracterizada pela pressão “para fora” da parede abdominal. A pressão é sustentada até o
final da frase cantada e até o novo ar começar a entrar. Alguns cantores usam um colete ou
cinto para aumentar o apoio muscular e para fazer pressão contrária às vísceras abdominais.
A ESCOLA INGLESA
Enquanto a técnica alemã se concentra na região dorsal inferior, a inglesa se restringe mais
à dorsal superior. Freqüentemente observam-se cantores, especialmente em oratórios, com
ombros arredondados à volta da partitura, na tentativa de expandir lateralmente alguns
músculos da parte superior das costas. Não se deve, entretanto, perder a liberdade e a
elasticidade nos ombros e o colo deve se elevar apenas ligeiramente. Essa respiração na
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Qualquer professor lecionando canto na Inglaterra terá passado por um exame da Academia
Real de Música e do Colégio Real ou Faculdade Real de Medicina, que possuem um
volume oficial preparado por David Salter sobre Fisiologia da Voz e o Ensino do Canto,
contendo um capítulo sobre “A Respiração Correta” que apresenta o seguinte:
Esta postura do tronco é tida como facilitadora em trazer mais compressão ao ar inspirado e
maior proximidade dele com a laringe. Alguns exercícios são feitos para desenvolver os
músculos peitorais e superiores do abdômen, como levantar uma cadeira ou objeto pesado
com os braços esticados durante vocalises. A atenção é dirigida para o alto grau de adução
das pregas vocais e também para as sensações correspondentes de apoio no alto abdômen e
no tórax.
A ESCOLA FRANCESA
Alguns conselhos:
2 – Respirar deve se conservar como ação instintiva. Nada mais perigoso que entregar um
ato tão automático como a respiração a intervenções cerebrais a tentar se tornar
excessivamente consciente de um mecanismo tão complexo.
A energização do som está num nível possivelmente mais baixo que nas outras escolas. O
cantor tipicamente francês tem uma respiração basicamente rasa por causa da noção
prevalecente de que não se deve aumentar a atividade respiratória para o canto.
A ESCOLA ITALIANA
O “appoggio” começa com uma atitude postural: o esterno deve estar numa posição
moderadamente alta durante o ciclo respiratório. Esta posição é obtida elevando-se os
braços acima da cabeça e depois baixando-os ao longo do corpo. Relaxam-se os ombros,
assegurando-se de que o esterno não desceu. Esta postura talvez seja a marca registrada da
escola italiana.
Para se obter a sustentação do som, o ar deverá ser expelido lentamente. Para isso, os
músculos inspiratórios, numa ação contínua, empenham-se em segurar o ar dentro dos
pulmões e se opõem à ação dos músculos expiratórios. A isso se chama lutta vocale (luta
vocal).
O professor italiano pede que, durante todo o tempo do ato de cantar, o esterno fique
relativamente estável, nem se elevando nem baixando. Isto assegura que a caixa torácica
permaneça bem posicionada. Uma sensação de expansão transversa através do corpo inteiro
ocorrerá na inspiração e durante toda a frase cantada.
A parede abdominal superior move-se lentamente para dentro, mas a sensação de apoio é
conseguida mantendo-se a sensação de equilíbrio muscular em toda a área lombo-dorsal,
assim como na área epigástrica-torácica.
No “appoggio”, não há pressão para fora contra as vísceras durante a inalação, nem para
baixo com o abdômen, nem contração das nádegas, nem báscula da pélvis, tampouco
tensão muscular localizada nas pernas. Equilíbrio muscular do corpo interno é o objetivo
principal.
A expressão utilizada pelos italianos é: “Respire no som”. Para eles, inspirar e cantar não
são atos opostos.
Bem, agora cabe a você chegar às suas próprias conclusões. Boa sorte!!!