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TÉCNICA DE RESPIRAÇÃO E APOIO DA ESCOLA INGLESA

Fisiologia da voz - Prof.(a) Gisane

1. Ronaldo Guilherme
2. Tiago A. Dutra

A escola Inglesa considera que para uma respiração correta, o corpo deve estar
ligeiramente inclinado para a frente de forma a permitir que os músculos das costas se
expandam e a caixa torácica distenda. Ao tomar esta posição, o cantor permite que se crie
mais espaço para a respiração, pois as costelas inferiores não entram em colapso. Esta
posição, é uma das principais características pela qual os cantores da escola inglesa podem
ser reconhecidos (Cobb-Jordan, 2001). Para além da posição anteriormente referida, segundo
Herbert Witherspoon (cantor, 1873-1935), na expiração os músculos abdominais devem ser
puxados para cima. É através desta coordenação da respiração com o abdômen que é
conseguido o suporte (Cobb-Jordan, 2001).
O livro utilizado para fazer admissão aos professores de canto da Inglaterra apresenta
um capítulo que mostra a “forma correta de respirar”, o qual traz as seguintes afirmações:

 Se a inspiração é feita muito profundamente, causando distensão do abdômen,


será impossível conseguir uma ação livre das costelas e uma expansão
apropriada do tórax;
 Inspire para baixo até que haja uma ligeira expansão da parte superior do
abdômen (região epigástrica), pressionando-o imediatamente em seguida para
dentro, e elevando e expandindo as costelas;
 Por meio desta pressão do abdômen, os órgãos internos são pressionados para
cima, dando apoio então para a “fixação” do diafragma;
 Não eleve os ombros;
 Não expanda o abdômen inferior;
 Não segure o ar na “garganta”, mas com os músculos do diafragma e os
intercostais.
Esta postura do tronco é tida como facilitadora em trazer mais compressão ao ar
inspirado e maior proximidade dele com a laringe. Alguns exercícios são feitos para
desenvolver os músculos peitorais e superiores do abdômen, como levantar uma cadeira ou
objeto pesado com os braços esticados durante vocalizes. A atenção é dirigida para o alto
grau de adução das pregas vocais e também para as sensações correspondentes de apoio no
alto abdômen e no tórax.
O tenor William Shakespeare (1849- 1931) foi a maior influência nesta pedagogia,
referindo no seu livro The Art of Singing que o cantor deve respirar o mais alto possível,
sentindo uma grande extensão nas costas (Shakespeare, 1910). Há ainda, na escola inglesa,
uma teoria que consiste em expandir o epigastro na inspiração e logo de seguida, colocar a
parede abdominal para dentro, de forma a obter uma expansão lateral das costelas, obtendo
uma posição semelhante à dos culturistas em concursos (Valente T. S., 2013).
Em suma, pode-se dizer que a respiração na escola inglesa é direcionada à região
epigástrico-torácica, com ação conjunta do abdômen superior e atividade intercostal,
evitando-se quase totalmente a técnica alemão de respiração baixa, podendo então afirmar
que as técnicas da escola inglesa incluem: respiração dorsal superior; tórax elevado; fixação
costal; respiração diafragmática estável; e abdômen contraído.
No apoio, a escola inglesa teve uma abordagem completamente oposta à da escola
alemã, o apoio foca-se e envolve a zona superior do corpo. Ou seja, durante a ação
respiratória, é utilizada uma combinação abdominal e intercostal (Valente T. S., 2013).
Assim, após uma respiração alta expandindo os músculos intercostais, o apoio é conseguido
com a manutenção desses mesmos músculos expandidos durante a expiração.

Ott & Ott (2006) relata que o apoio é realizado por meio de uma inspiração
concentrada na parte superior das costas e no tórax, mais do que apenas diafragmática,
trazendo uma contração do ventre. Esta pressão do ar um pouco mais reduzida pelo
mecanismo do apoio no peito produz uma energia fonatória mais poética, mantendo uma
emissão propícia somente às intensidades moderadas, suprimindo grandes atuações
dramáticas e épicas. Jackson & Menaldi (1993), reiteram que esta expiração de retenção
mediana, com apoio no peito, não produz um canto vigoroso.

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