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CAPÍTULO 3 

Pesquisa científica: o planejamento  
André Luís Teixeira Fernandes 
Fábio Rocha Santos 
Valeska Guimarães Rezende da Cunha 

INTRODUÇÃ O 

Para  que  uma  pesquisa  possa  ser  caracterizada  como  científica,  é  preciso  que  ela 
siga  um  processo  minucioso  e  sistemático,  subsidiado  por  procedimentos 
metodológicos. 

Nesse  sentido,  iniciamos  propondo  discussões  acerca  desses  procedimentos.  Em 


seguida, prosseguiremos as orientações sobre a elaboração do projeto de pesquisa 
–  documento  essencial  no  planejamento,  na  execução  e  na  documentação  das 
pesquisas  científicas.  Por  fim,  concluiremos  as  nossas  orientações  propondo 
reflexões sobre as  questões  éticas  que  necessitam permear  o nosso  dia a  dia,  não 
apenas  como  pesquisadores,  acadêmicos  e  profissionais,  mas  também,  como 
sujeitos sociais. 

OBJETIVOS 

Ao término dos estudos propostos neste capítulo, esperamos que você esteja apto (a) 
a: 
•  conhecer a organização de uma pesquisa científica em todas as suas etapas; 

•  perceber que a realização de pesquisas é um auxílio para compreensão dos 

assuntos investigados; 

•  elaborar projetos de pesquisa; 

•  realizar apresentações em eventos científicos; 

•  compreender os aspectos éticos aplicados à pesquisa.
ESQUEMA 

Etapas de uma pesquisa científica 

Planejamento 

Escolha do tema 

Revisão de literatura 

Elaboração da justificativa 

Formulação do problema 

Determinação dos objetivos 

Elaboração da metodologia 

Documentação e publicação 

Redação e apresentação do trabalho científico 

Publicação do trabalho científico 

O projeto de pesquisa 

Ética em pesquisa

Leituras indicadas e atividades propostas 
1  Etapas de uma pesquisa científica 

A pesquisa científica parte de um problema que deverá ser submetido a um  conjunto de 
procedimentos para que possamos obter respostas e, em alguns casos, soluções. 

Estes  procedimentos  são  comumente  chamados  de  etapas  ou  fases.  São  várias  as 
etapas  de  uma  pesquisa,  mas  nem  todas  estarão  presentes  em  todos  os  tipos  de 
pesquisa.  Em  determinadas  pesquisas,  algumas  etapas  são  apresentadas  e,  em 
outras, não. 

As  pesquisas  experimentais,  por  exemplo,  são  realizadas  predominantemente  em 


laboratórios.  Já  as  pesquisas  documentais  se  baseiam  em  aspectos  de  documentos 
originais que ainda não passaram por nenhum processo analítico para a publicação. Ou 
seja,  na  pesquisa  experimental,  temos  uma  etapa  em  laboratório  que  não 
necessariamente fará parte das etapas de uma pesquisa documental. 

Temos,  na  literatura,  autores  que  defenderiam  a  ideia  de  que  tanto  o 
experimento  (a  pesquisa  experimental),  quanto  a  manipulação  dos 
documentos (em uma  pesquisa  documental)  poderiam ser  procedimentos 
ou etapas com finalidades afins, por isso não se distinguiriam. Mas, o mais importante 
aqui,  é  perceber  que  entre  as  etapas  que  estudaremos  a  seguir,  algumas  são 
exploradas  em  determinadas  situações  e  outras  etapas  são  exploradas  em  outras 
situações  e  o  fator  que  determinará  a  sua  presença  no  processo  poderá  ser 
justamente o tipo de pesquisa que se está realizando. 

Em  virtude  dessa  distinção  entre  os  tipos  de  pesquisa,  seja  pelos  seus  objetivos, 
seja  pelos  procedimentos  que  farão  parte  da  rotina  da  pesquisa,  é­nos  difícil 
apresentar  um  esquema  padrão  de  etapas  de  pesquisa.  Não  obstante, 
apresentaremos  uma  sequência  de  etapas  que,  independente  das  variáveis  que 
possam interferir  na  definição do  uso  ou não  uso delas,  essa sequência  pode ser 
utilizada em qualquer tipo de pesquisa que você for realizar. 

Sugerimos que, sempre, ao realizar uma pesquisa, relembre  as etapas estudadas
aqui e faça um estudo mais aprofundado sobre o tipo de pesquisa que for desenvolver 
para verificar  se  não haveria  outra  etapa –  aqui  não  mencionada– que seria  de suma 
importância para o sucesso da sua pesquisa. 

As etapas da pesquisa e suas importantes relações 

Podemos  compreender  que  as  etapas  são  intimamente  relacionadas  e  que,  para  fins 
didáticos,  podemos  separá­las  ou  agrupá­las  em  categorias,  como  as  que 
apresentaremos, a seguir. 

Vamos às três categorias:

1.  Pl an ejam en t o  –  refere­se  às  etapas  responsáveis  pelo  “pensar  como 


será”; 
2.  Exec u ção  –  esta  categoria  se  caracteriza  pelo  conjunto  de  etapas  que 
“fazem”; 
3.  Do cu m en t aç ão /d i vu lg ação  –  esta  categoria  assume  o  papel  cartorial  da 
pesquisa, ou  seja,  da  função  de  reunir  num  documento  de  caráter  científico 
toda  a  trajetória  e,  também,  os  resultados  obtidos  e  interpretados  da 
pesquisa. 

Cada  uma  dessas  categorias  pode  ser  dividida  em  etapas,  conforme  vamos  ver  no 
esquema a seguir: 
ETAPAS DE PLA NEJ AMENTO 
(Pensar “como será “) 

•  Escolha do tema 
•  Revisão da li teratura 
•  Elaboração da justificativa 
•  Formulação do problema 
•  Determinação de objetivos 
•  Planejamento da metodologia ­ das 
ações/das atividades 

ETAPAS DE EXECUÇÃO 
(Etapas “que f azem”) 

•  Coleta e tabulação de dados 
•  Análise e discussão dos resul tados 

ETAPAS DE DOCUMENTAÇÃO /  PUBL I CAÇÃO 

•  Redação e apresentação do trabalho científico 
•  Publicação dos resul tados 

Muitas  dificuldades  poderão  ser  encontradas  no  caminho  daquele  que  se  propõe  a 
realizar um trabalho investigativo de natureza científica. O primeiro deles que pode ser 
observado  é  quanto à escrita. Sobre isso, Fazenda  (1997, p.14)  explica que é comum 
esse  tipo  de  problema,  mediante  o  fato  de  que,  em  muitas  circunstâncias,  o 
pesquisador, por não possuir ainda um discurso  escrito  próprio,  utiliza­se  ou apropria­ 
se  do  discurso  alheio  e,  ao  somar  textos,  não  percebe  que  muitas vezes essa  soma 
apresenta­se  desconexa ou conflitante, tornando  o texto  resultado  dessa  investigação, 
uma “colcha de retalhos”. 

O  estilo  da  redação  utilizada  em  trabalhos  científicos  é  chamado  técnico­científico, 


“diferindo do utilizado em outros tipos de composição, como a literária, a jornalística, a 
publicitária”  (UFPR,  2000, p.1).  Com  características e  normas  específicas,  o  estilo da 
redação  científica  possui  certos  princípios  básicos,  universais,  apresentados  em
diversas  obras,  principalmente  em  textos  de  metodologia  científica,  que  colaboram 
para  o  desempenho  eficiente  da  redação  científica.  Nos  Quadros  1,  2  e  3,  serão 
apresentadas as principais informações e princípios básicos sobre o estilo da redação 
técnico­científica, baseando­se em três trabalhos que tratam do tema. 

Bastos et  al. (2000)  estruturam  os princípios  básicos  da uniformização redacional em 


quatro  itens  indispensáveis:  clareza,  precisão,  comunicabilidade  e  consistência, 
conforme Quadro 1. 

Quadro 1 ­ Descrição dos princípios básicos da redação técnico­científica 
Característica  Descrição 

· não deixa margem a interpretações diversas;
Clareza · não utiliza linguagem rebuscada, termos desnecessários ou ambíguos;
· evita falta de ordem na apresentação das ideias. 

Precisão · cada palavra traduz exatamente o que o autor  transmite. 

· abordagem direta e simples dos assuntos;
· lógica e continuidade no desenvolvimento das ideias;
Comunicabilidade
· uso correto do pronome relativo “que”;
· uso criterioso da pontuação. 

· de expressão gramatical – é violada quando, por ex., numa enumeração 
de 3 itens, o 1° é um substantivo,  o 2º, uma frase e o 3º, um período 
completo;
Consistência · de categoria – equilíbrio existente nas seções de um capítulo ou 
subseções de uma seção;
· de sequência – ordem na apresentação de capítulos, seções e subseções 
do trabalho. 
Fonte: Bastos et al . (2000) 

No  Quadro  2,  constam  as  características  da  redação  técnico­científica  em  diversos 
princípios básicos, segundo a UFPR (2000). 

Quadro 2 – Descrição dos princípios básicos da redação técnico­científica 
Característica  Descrição 
· abordagem simples e direta do tema;
· sequência lógica e ordenada de ideias;
Objetividade e 
· coerência e progressão na apresentação do tema, conforme objetivo 
coerência
proposto;
· conteúdo apoiado em dados e provas, não opinativo; 
· evita comentários irrelevantes e redundantes;
Clareza e precisão · vocabulário preciso (evita linguagem rebuscada e prolixa);
· nomenclatura aceita no meio científico; 
· evita ideias pré­concebidas;
Imparcialidade
· não faz prevalecer seu ponto de vista; 
Uniformidade · uniformidade ao longo de todo texto (tratamento, pessoa gramatical,
números, abreviaturas, siglas, títulos de seções); 
Conjugação · uso preferencial da forma impessoal dos verbos; 
Fonte: UFPR (2000) 

Santos (2000) estabelece o estilo e as propriedades da redação científica, enumerando 
várias características importantes para cada tipo, sendo os principais apresentados no 
Quadro 3. 

Quadro 3 – Descrição dos princípios básicos da redação técnico­científica. 

Tipo  Característica  Descrição 

· Brevidade · afirmativas compactas e claras;
· Concretude · evita substantivos abstratos e sentenças vagas;
· Consistência · usa termos correntes e aceitos;
Estilo da 
· Impessoalidade · visão objetiva dos fatos, sem envolvimento pessoal;
redação
· Precisão · usa linguagem precisa (correspondência entre a 
· Simplicidade linguagem e o fato comunicado);
· texto sem complicações e explicações longas. 

· Clareza · redação clara, compreendida na 1ª leitura;
· Coerência · as partes do texto são interligadas;
Propriedades 
· Direção · indica o caminho que vai seguir (unidade de pensamento);
do texto
· Objetividade · imparcialidade na redação;
· Seletividade · prioriza conteúdos importantes. 
Fonte: Santos (2000) 

Por mais que esse não seja um problema que conseguimos resolver de um dia para 
outro, é importante se atentar a ele, assim como para os exercícios de compreensão 
e interpretação dos  textos, que servirão de  fonte  primária  no processo  investigativo, 
de  maneira  que  possa  prosseguir  com  o  andamento  da  nossa  pesquisa,  uma  vez 
que a  criação, a compreensão e a interpretação de textos se tornam imprescindíveis 
e podem determinar não só o rumo da pesquisa como, principalmente, a qualidade e 
a contribuição dela. 

Vamos discutir, agora, cada uma das etapas do 
planejamento de forma mais detalhada.

2 Pl anej a mento 

2.1  Etapa 01: Escolha do tema 
Podemos começar esta etapa a partir de algumas perguntas: 
­ o que vou pesquisar? 
­ como procurar um assunto? 
­ onde encontrar informações relevantes e como organizá­las? 

Obter  essas  respostas  não  é  uma  tarefa  rápida,  mas  ao  obtê­las,  você  estará  bem 
encaminhado. 

O  objetivo  delas  é  fazer  com  que  o  pesquisador  saiba  exatamente  o  que  ele  vai 
pesquisar, mesmo  que, no  decorrer  da pesquisa,  ele mude de ideia.  Ao  escolher o 
tema, precisamos considerar aspectos, tais como: 

•  clareza  quanto  ao  conhecimento  da  área  de  interesse  do  assunto:  para  se 
pesquisar sobre determinado assunto, é recomendável o pesquisador tenha domínio 
sobre o assunto. 

Conforme Pádua (2003, p. 37), 

No  geral,  a  área  de  especialização  do  pesquisador  é  o  primeiro  critério  de 
seleção  do  tema,  pela  sua  familiaridade  em  relação  aos  problemas  da  sua 
área, quer no sentido da necessidade de maior fundamentação teórico­prática, 
quer no sentido da falta de explicações científicas para determinados fatos ou 
circunstâncias.  Uma lacuna  em  nossa  formação  profissional também  pode  se 
constituir  num  critério  para  a  escolha  do  tema.  O  desafio  de  superar  uma 
“falha”  em  nosso  conhecimento  de  um  determinado  assunto  pode  ser  motivo 
para a seleção de um tema para a pesquisa. 

•  afetividade em relação a um tema ou alto grau de interesse pessoal: ter prazer ao 
discutir o  assunto  pretendido  é  necessário  para  que  o  pesquisador  tenha  sucesso 
durante  a  elaboração  e  a  condução  de  um  projeto  de  pesquisa.  Trabalhar  um 
assunto  que  não seja  do  seu  agrado,  tornará  a  pesquisa  um exercício  de tortura  e 
sofrimento.  Porém,  não  podemos  confundir  motivação  com  interesse  pessoal 
exagerado,  pois  isso  pode  levar  a  uma  possível  distorção  ou  manipulação  dos 
resultados da pesquisa; 

•  tempo  disponível  para  a  realização  do  trabalho  de  pesquisa:  toda  a  equipe 
envolvida  no  projeto,  especialmente  o  seu  coordenador,  deve  definir, 
preliminarmente,  quanto  tempo  cada  envolvido  terá  para  elaborar  o  projeto  e 
conduzi­lo;
•  capacidade  do  pesquisador  em  relação  ao  tema  pretendido:  é  preciso  que  o 
aluno­pesquisador tenha consciência de sua limitação de conhecimentos para não 
se aventurar em assuntos fora de sua área; 

•  o  significado  do  tema  escolhido,  seus  valores  acadêmicos  e  sociais  e  as 


oportunidades que o tema poderá trazer à equipe: ao escolher um tema, deve­se 
tomar  cuidado  para  definir  um  assunto  que  seja  de  interesse  do  grupo  ou  da 
comunidade; 

•  material  de  consulta  e  dados  necessários  ao  pesquisador:  deve­se  levar  em 
conta  a  quantidade  de  informações  disponíveis  sobre  o  assunto  a  ser  pesquisado. 
Às  vezes,  um  assunto  pode  ser  de  grande  interesse  para  uma  pesquisa,  mas  a 
inexistência  de  fontes  bibliográficas  sobre  tal  assunto  pode  inviabilizar  o  projeto. 
Por  outro  lado,  escolher  temas  com  poucos  trabalhos  afins  pode  significar 
produção de conhecimento inédito, que pode trazer grandes benefícios à equipe do 
projeto, como veremos posteriormente. 

• disponibilidade  de  capital:  ao  s e  definir  um  tema,  deve­se  ter  em  mente  que  há 
sempre  um  custo  financeiro  para  a  condução  de  qualquer  projeto  de  pesquisa. 
Vamos ver  adiante  este  item  com  mais  detalhes,  mas  por  mais  simples  que  possa 
ser  um  projeto  de  pesquisa,  sempre  há  necessidade  de  capital,  por  exemplo,  para 
despesas, às vezes, consideradas irrisórias, como passagem de ônibus, xerox, etc. 

Importante!

Algumas  vezes,  o  tema  escolhido  é  pouco  trabalhado  por  outros  autores  e  não 
existem  fontes suficientes para consulta. A escassez de  fontes obriga o pesquisador a 
buscar  outras.  Para  isso,  ele  necessi ta  de  um  tempo  maior  para  a  realização  do 
trabalho  (por  exemplo,  trabalhos  em  ou tros  idiomas).  Este  problema  não  impede  a 
realização  da  pesquisa ,  mas  deve  ser  levado  em  consideração  para  que  o  t empo 
previsto não seja ul trapassado. 

Antes  de  definir  o  tema,  consulte  o  assunto  em  fontes  diversas,  a  partir  de  vivências 
diárias, reflexões, leituras, conversações, debates, eventos científicos e discussões com 
pessoas que possam incentivar a realização da pesquisa. 
O pesquisador deve levar em conta também seus limites pessoais para a realização da 
pesquisa – formação intelectual e os limites institucionais – condições que a instituição 
oferece e garante para que o projeto possa ser realizado. 

Ainda  sobre  a  questão  do tema, numa  investigação  científica,  a  professora  Inani 


Fazenda registra que: 

Temas  pouco  explorados  também  geram  dificuldades  na  pesquisa.  Neles  o 


pesquisador age como um  garimpeiro que,  de repente,  no meio do cascalho, 
encontra uma pedra valiosa.  Pedras valiosas são raras,  tanto nos temas mui to 
explorados como nos pouco explorados, pois algo se torna valioso , na medida 
do interesse específico do indivíduo que pesquisa (FAZENDA, 1997, p.18). 

Dessa  forma,  caso  você se  depare  com uma pesquisa sobre um tema  ainda  pouco 


explorado,  sugerimos  que  repense  sobre  o  assunto,  analisando  se  terá 
disponibilidade de tempo e disposição suficientes para “desbravar” o novo tema, pois 
pode  fazer  dessa  dificuldade  um  diferencial  para  sua  pesquisa.  Nesse  sentido,  ela 
pode  ser  uma  precursora  num  assunto que,  até  então,  tenha  sido pouco  explorado 
no campo da investigação científica. 

Há ainda alguns autores que fazem distinção entre os termos ­  escolha do tema e 
delimitação do assunto ­  enfatizando a escolha: 

Selecionar  um  tema  equivale  a  eliminar  aqueles que,  por  uma  razão  plausível , 
devem ser  evi tados e fixar­se  naquele  que  merece prioridade.  Não pode haver 
seleção  sem  critério  de  seleção:  convém,  port anto,  definir  os  critérios  que  o 
estudante  levará  em consideração quando  tiver  que proceder à  escolha de um 
assunto.  Tais  critérios  desempenham  a  f unção  de  guia  me todológico, 
orien tando  o  estudante  em  direção  ao  assunto  priori tário  (CERVO,  2002, 
p.81­83). 

Nessa  distinção  entre  a  escolha e  a  delimitação,  Cervo  (2002,  p.82)  explica  que  a 
delimitação equivale a uma decomposição melhor, a um desdobramento do tema em 
partes,  enquanto  que  a  definição  do  tema  implica  na  enumeração  dos  elementos 
constitutivos  ou  explicativos  de  uma  pesquisa.  O  estudioso  afirma  ainda  que  nem 
todos  os  temas  podem  ser  delimitados  com  o  auxílio  dessa  técnica  de 
desdobramento,  também  chamada  de  decomposição  e  que,  de  acordo  com  a 
natureza  do tema  proposto para a pesquisa, pode  ser necessária  uma outra  técnica 
para a sua  delimitação.
Fachin  (2006)  sugere  algumas  perguntas  que  poderão  auxiliar  na  escolha  do 
assunto:
· o assunto pode ser tratado em forma de pesquisa?
· trará contribuições para a sociedade atual e para a ciência?
· despertará interesse na área científica?
· tem coisas novas para oferecer?
· traz segurança para o pesquisador?
· pode ser direcionado para uma pesquisa científica? 

Para  finalizar  este  item,  podemos  dizer  que  o  bom  senso  e  a  atitude  crítica  do 
pesquisador devem levar à escolha de um tema exequível para o seu projeto, tanto 
no  que  diz  respeito  ao  acesso  dos  dados  que  permitam  realizá­la  quanto  ao  real 
interesse de seus resultados para a comunidade científica ou acadêmica. 

2.2  Et ap a 02:  Revi s ão d e l it er at u r a 

Esta  etapa  da  pesquisa,  também  mencionada  em  algumas  obras  como  levantamento 
de  dados,  consiste  em  realizar  um  estudo  que  possibilite  conhecer  pesquisas 
semelhantes  e  o  quanto  já  se  pesquisou  sobre  o  assunto.  Para  isso,  é  bom  realizar 
uma  busca  de  trabalhos semelhantes  a  partir  das  fontes  de  pesquisa:  nas  bibliotecas 
convencionais e virtuais. 

Uma  boa  alternativa  é  consultar  artigos  recomendados  pelo(a)  orientador(a),  de 


preferência utilizando palavras­chave  ou  unitermos  (keywords).  Se  achar  um  texto  de 
interesse,  é  aconselhável  consultar  as  referências  contidas  nesse  texto.  Essas 
referências, por sua vez, vão proporcionar novas referências. 

Essa  busca  viabilizará  a  realização  de  pesquisas  sobre  as  produções 


acadêmico­científicas na área e nos ajudará a concluir sobre a viabilidade, a relevância 
e  a pertinência da pesquisa. Conhecer o que se tem produzido na área da pesquisa a 
ser  realizada  pode  auxiliar  bastante.  Por  isso,  a  revisão  de  literatura  é  uma  etapa 
imprescindível à continuidade do estudo. 

A  revisão  bibliográfica  abrange  a  leitura,  análise  e  interpretação  de  livros,  periódicos, 


textos  legais,  mapas,  fotos,  manuscritos,  documentos,  etc.  Todo  material  recolhido  é 
submetido a uma triagem, a partir da qual é possível estabelecer um plano de leitura.
Trata­se  de  uma  leitura  atenta  e  sistemática  que  se  faz  acompanhar  de  anotações  e 
fichamentos  que,  eventualmente,  poderão  servir  à  fundamentação  teórica  do  estudo. 
Este  trabalho  tem  por  objetivo  conhecer  as  diferentes  contribuições  científicas 
disponíveis sobre determinado tema. 

Essa revisão dá suporte a todas as fases de qualquer tipo de pesquisa, uma vez que 
auxilia  na  definição  do  problema,  na  determinação  dos  objetivos,  na  construção  de 
hipóteses,  na  fundamentação  da  justificativa  da  escolha  do  tema  e  na  elaboração  do 
relatório final. Sua elaboração é baseada em citações (diretas, indiretas e de citação), 
conforme já vimos no capítulo 1. 

Importante!

Não basta  procurar livros e revistas nem basta ler tudo. É preciso fazer uma revisão da 
literatura. Para isso, é necessário resumir e comentar o que se leu. Não é recomendável 
“juntar  o  material”,  para  depois  começar  a  redigir.  É  interessante  que  se  façam  várias 
leituras antes de se elaborar o resumo. 

Sugestão: 
“Não reinvente a roda!” 
A  originalidade  de  um  assunto  não  é  pré­requisito  para  a 
realização  de  uma  pesquisa.  Você  pode  abordar  um  assunto 
que  já  es teja  em  discussão  na  sociedade  ou  até  mesmo  em 
pesquisa .  Preocupe­se  apenas  se  o  seu  en foque  é  diferente  do 
que já está em estudo. 

Conforme Pádua (2000), o levantamento bibliográfico tem os seguintes objetivos: 
a)  evitar pesquisas com  a  mesma abordagem  (a  não ser  em  casos de verificação  ou 
confirmação); 
b) pesquisar se existem outras abordagens do problema levantado e verificar como foi 
pesquisado,  quais  os  instrumentos  (técnicas)  utilizadas  e  se  há  possibilidade  de 
aperfeiçoar técnicas já existentes; 
c)  estabelecer  uma  visão  global  e  crítica  a  respeito  do  problema  e  das  hipóteses 
levantadas para sua solução; 
d)  fazer  uma  pré­seleção  bibliográfica,  indicando  a  possível  bibliografia  básica  e  a 
complementar para o estudo da temática proposta. 
Segundo Cervo; Bervian; Da Silva (2006), quanto à natureza, os documentos a serem 
consultados podem ser:
· primários – coletados em primeira  mão, como pesquisa de campo, testemunho 
oral, depoimentos, entrevistas, questionários;
· secundários  –  quando  colhidos  em  relatórios,  livros,  revistas,  jornais  e  outras 
fontes impressas, magnéticas ou eletrônicas;
· terciários – quando citados por outra pessoa. 

No  Quadro  4,  podemos  visualizar  os  principais  tipos  de  instrumentos  de  trabalho 
utilizados (documentos secundários) para elaboração de uma boa revisão bibliográfica. 

Quadro 4 – Exemplos e definições dos principais instrumentos de trabalho. 
Instrumento  Definição 

Constituem­se  no  principal  instrumento  da  formação  acadêmica,  sendo  a  base  do 
estudo e da pesquisa. É importante verificar se o livro consultado tem  o ISBN, pois 
apesar de não ter relação com a qualidade da  publicação, pelo menos indica que o 
livro  é  cadastrado  na  Biblioteca  Nacional.  Outro  cuidado  que  pode  ser  tomado  na 
escolha do livro a  ser  publicado é se o livro foi publicado por  editora com conselho 
Livros e  editorial, o que confere confiabilidade à publicação. 
capítulos de 
livros  Segundo  a  Fundação  Biblioteca  Nacional  (2010),  O  ISBN  ­  International  Standard 
Book  Number  ­  é  um  sistema  internacional  padronizado  que  identifica 
numericamente os livros segundo o título, o autor, o país, a editora, individualizando­ 
os  inclusive  por  edição.  É  utilizado  também  para  identificar  software,  sendo  seu 
sistema  numérico  convertido  em  código  de  barras,  o  que  elimina  barreiras 
linguísticas e facilita a sua circulação e comercialização. 

É  a  apresentação  concisa  dos  pontos  relevantes  de  um  documento.  Antes  de  ler  a 
publicação  na  íntegra,  você  pode  ler  o  resumo  e,  se  realmente  interessar,  pode 
trabalhar com o texto integral. 
Segundo a ABNT (2003), o resumo pode ser:
· crítico:  redigido  por  especialistas  com  análise  crítica  de  um  documento, 
também chamado de resenha;
Resumos  · indicativo:  indica  apenas  os  pontos  principais  do  documento,  não 
apresentando  dados  qualitativos,  quantitativos,  etc.  De  maneira  geral,  não 
dispensa a consulta ao texto original;
· informativo:  informa  ao  leitor  finalidades,  metodologia,  resultados  e 
conclusões  de  um  documento,  de  tal  forma  que  este  possa,  inclusive, 
dispensar a consulta ao original. 

São  publicações  em  fascículos  ou  volumes,  em  geral,  numeradas  cronológica  e/ou 
sequencialmente,  sem  data  prevista  de  término,  podendo  ser  editada  sob  a  forma 
impressa ou não.  Têm papel muito importante para o aluno universitário, permitindo 
Publicações  que  o  mesmo  fique  atualizado  nas  mais  variadas  áreas  do  saber,  fornecendo 
seriadas ­  também informações bibliográficas importantes. 
magazines, 
jornais, revistas  Para  identificar  uma  publicação  seriada,  utilizamos  o  ISSN  (International  Standard 
técnicas.  Serial  Number), que é uma sigla adotada internacionalmente para indicar o número 
padronizado desta publicação (ABNT, 2005). 

Como exemplos, podemos citar jornais como Folha de São Paulo, Estadão, Revista 
Veja,  Revista  Época,  Revista  Globo  Rural,  etc.  É  importante  notar  a  diferença
existente  entre  este  tipo  de  publicação  periódica  e  as  publicações  em  revistas 
indexadas, que é o nosso próximo item. 

Também  é  uma  publicação  seriada,  porém,  destinada  à  publicação  de  artigos 


científicos  sujeitos  à  avaliação.  Uma  revista  de  prestígio  pode  ser  definida  como 
aquela  que  publica  as  melhores  pesquisas  pelos  melhores  pesquisadores.  Para 
tanto,  a  revista deve ter reputação consolidada na comunidade científica pertinente. 
Quanto  mais  prestígio  tiver  o  periódico,  mais  provável  será  o  interesse  dos 
investigadores de querer usar seu conteúdo. 

Tanto os leitores quanto os autores são atraídos pelas revistas mais importantes de 
modo que, ao publicar nestas revistas, os autores têm maior probabilidade de atingir 
o público desejado. 

Segundo  Mota  (2006),  o  grau  de  relevância  de  uma  revista  é  evidenciado  por:  a) 
originalidade,  qualidade  e  cientificidade  dos  artigos  publicados;  b)  critérios  de 
arbitragem  para  avaliar  os  trabalhos  a  serem  publicados;  c)  representatividade 
científica  dos  membros  do  conselho  editorial;  d)  número  de  bases  de  dados  onde 
está indexada. 

Outro  fator  a  ser  considerado  em  artigos  de  periódicos  científicos  é  o  fator  de 
Publicações  impacto na comunidade científica, que reflete o uso que os pesquisadores fazem de 
seriadas –  cada  revista  e,  indiretamente,  influi  na  avaliação  das  pesquisas  publicadas.  Em 
revistas  geral,  autores  são  altamente  influenciados  pelo  fator  de  impacto  das  revistas  onde 
indexadas.  publicam seus trabalhos. 

Outro  mecanismo  utilizado  para  a  classificação  dos  periódicos  é  o  QUALIS,  da 


Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Segundo a 
CAPES  (2010),  Qualis  é  o  conjunto  de  procedimentos  utilizados  pela  Capes  para 
estratificação  da  qualidade  da  produção  intelectual  dos  programas  de  pós­ 
graduação.  Disponibiliza uma lista com a  classificação  dos  veículos utilizados pelos 
programas de pós­graduação para a divulgação da sua produção. 

A Capes considera  como  “periódicos”  apenas os  veículos de divulgação com corpo 


editorial reconhecido, com avaliação pelos pares (pareceristas ad hoc) e dotados de 
ISSN.  Além  disso,  no  caso  das  áreas  que  apresentam  critérios  de  indexação  bem 
estabelecidos,  suas  bases  de  dados  podem,  para  esse  fim,  ser  utilizadas  como 
referência. 
A  classificação  de  periódicos  é  realizada  pelas  áreas  de  avaliação  e  passa  por 
processo  anual  de  atualização.  Esses  veículos  são  enquadrados  em  estratos 
indicativos da qualidade ­ A1, o mais elevado; A2; B1; B2; B3; B4; B5; C ­ com peso 
zero. 

Muitas revistas cientificas, hoje, são publicadas tanto em formato impresso como em 
digital.  A  publicação  eletrônica  também  é  publicação,  porém,  exige  algumas 
Publicações 
considerações  especiais,  como:  a)  os  sites  devem  indicar  o  nome  dos  editores, 
seriadas – 
autores  e das pessoas que contribuíram e  suas  afiliações, credenciais relevantes e 
revistas 
conflitos  de  interesses  relevantes;  b)  documentação  e  indicação  de  referências  e 
indexadas 
fontes para todos os conteúdos; informação sobre direitos autorais; c) declaração de 
eletrônicas 
propriedade  do  site  e  declaração  de  patrocínios,  anunciantes  e  financiamento  por 
empresas comerciais. 

Além de artigos científicos, de revistas técnicas e jornais, a internet também pode ser 
utilizada para consulta de textos para compor uma revisão bibliográfica. Recomenda­ 
se  apenas  o  cuidado  de  consultar  sites  idôneos,  confiáveis,  evitando  que 
informações não comprovadas, equivocadas, componham o texto final. 
Sites de internet 
É importante observar que as informações eletrônicas não são duradouras, ou  seja, 
não  ficam  disponíveis,  na  sua  maioria,  por  muito  tempo.  Esta  questão  deve  ser 
analisada  com  cautela  pelo  pesquisador,  principalmente  quando  se  tratar  de  um 
trabalho científico. 

Dicionários  O  dicionário  é  um  livro  que  possui  a  explicação  dos  significados  das  palavras,
apresentadas  em  ordem  alfabética.  Existem  também  os  dicionários  de  tradução  de 
línguas,  destinados  a  mostrar  os  significados  ou  sinônimos  das  palavras  em  outra 
língua.  Podem também ser utilizados  os  dicionários de termos  técnicos, usados  em 
áreas específicas do conhecimento. O uso de dicionário é muito importante para os 
estudantes e profissionais de todas as áreas. 

Depois  de  ler  e  resumir, deve­se ordenar  o  material  de  que  se  dispõe,  por  tópicos.  É 
preciso  reler,  para  saber  se  serão  necessárias  mais  informações.  Se  sim,  é  preciso 
complementar.  Uma  estratégia  interessante  de  sistematização  do  processo  de 
levantamento  bibliográfico  é  a  utilização  de  instrumentos  de  estudos  como  o 
fichamento, por exemplo. 

Relembrando

No capítulo 1 você já viu várias formas de fichamento. É interessante rever e treinar este 
tipo de organização de material. 

2.3  Etapa 03: Elaboração da justificativa 

Esta  é  a  etapa  da  pesquisa  em  que  reunimos  os  “porquês”  de  se  pesquisar 
determinado  tema.  É  o  momento  em  que  reunimos  os  argumentos  que  justificarão  a 
realização  da  pesquisa  para  que  sejamos  convincentes  quanto  à  sua  importância. 
Segundo Fachin (2006, p.110­111), 

[...]  faz­se  uma  narração  sucinta,  porém  completa,  dos  aspectos  de  ordem 
teórica e prática necessários para a realização da pesquisa. Devem ficar claras 
as  raízes  da  preferência  pela  escolha  do  assunto  e  a  importância  deste  em 
relação  a  outros.  Quando  as  etapas  antecedentes  forem  bem  focalizadas  e 
logicamente ordenadas, a justificativa torna­se uma atividade simples. 

Podemos  enumerar  as  vantagens  e  os  benefícios  que  a  pesquisa  irá  proporcionar,  a 
importância pessoal ou cultural, de maneira que os outros reconheçam que é necessário 
dar  continuidade  do  trabalho.  Essa  etapa  depende  bastante  da  anterior  ­  revisão  da 
literatura ­, pois precisamos encontrar, na literatura, argumentos que possam justificar o 
nosso  trabalho.  Por  isso,  o  sucesso  da  revisão  da  literatura  incidirá  diretamente  na 
elaboração de uma boa justificativa. 

Uma estratégia interessante que também  podemos utilizar ao construirmos a nossa 
justificativa  é  o  uso  de  citações  diretas  e  indiretas,  a  partir  dos  resultados  de 
nossas  buscas  na  literatura.  Esse  recurso  consolida  os  argumentos  apresentados 
na  justificativa.  Dependendo  do  assunto,  é  comum  e  recomendável  a  inclusão  de 
estatísticas  nesta  etapa,  para  dar  maior  confiabilidade  às  informações.  Apenas 
devemos  ter  o  cuidado  de  incluir  números  corretos,  de  fontes  confiáveis,  sempre 
citando as fontes. 

Barral (2003, p. 88­89) oferece alguns itens importantes que podem fazer parte de uma 
boa justificativa. São eles: 

a) atualidade do tema: inserção do tema no contexto atual; 
b) ineditismo do trabalho: proporcionará maior importância ao assunto; 
c) interesse do autor: vínculo do autor com o tema; 
d) relevância do tema: importância social, jurídica, política, entre outras; 
e) pertinência do tema: contribuição  do  tema  para  o  debate  na  área  de 
conhecimento. 

2.4  Etapa 04: Formulação do problema 

Sabemos  que  a  pesquisa  surge  a  partir  da  caracterização  de  um  problema.  Saber 
defini­lo  e  delimitá­lo  claramente  em  termos  de  tempo  e  de  espaço  é  um  dos 
principais  objetivos  dessa  etapa.  Para  que  ela  seja  bem  sucedida,  você  pode 
começar  buscando  “pistas”  que  irão  norteá­lo(la),  na  delimitação  do  seu  problema 
de pesquisa. 

O que espero responder com minha pesquisa? 
Para responder o que desejo, qual deve ser o melhor recorte? 

Ao  responder  a  essas  indagações,  você  terá  uma  visão  da  abrangência  de  sua 
pesquisa,  ou seja,  até  onde  irá  com  ela.  Isso  se  faz necessário  porque  em  alguns 
assuntos,  as  pesquisas  podem  se  estender  por  períodos  incomensuráveis, 
tornando­as inviáveis. Daí a importância da clareza na delimitação do problema. 

Abordar o tema de forma a identificar a situação ou o contexto no qual o problema está 
inserido assegura a agilização do processo de pesquisa. A formulação  do  problema  é 
também considerada como  a  continuidade  da  delimitação  da pesquisa, só que bem
mais específica, pois indica exatamente qual a dificuldade que se pretende resolver ou 
responder, de maneira que possamos apresentar, de forma clara, a ideia central do 
trabalho. 
O pesquisador deve contextualizar, de forma sucinta, o tema de sua pesquisa. Essa é 

uma  forma  de  introduzir  o  leitor  no tema  em  que  se  encontra  o  problema,  permitindo 
uma visualização situacional da questão (OLIVEIRA, 2002, p. 169). 

O que isso significa? 

Na  formulação  do  problema,  o  pesquisador,  após  escolher  o  seu  tema  de  pesquisa, 
deverá  delimitá­lo,  a  partir  da  situação  problema,  no  sentido  de  encaminhar 
operacionalmente  o  desenvolvimento  da  sua  pesquisa.  Em  geral,  o  tema  tem  uma 
amplitude  que  comporta  vários  estudos  e  interpretações,  cabendo  ao  pesquisador  a 
tarefa  de  decompô­lo  e  selecionar  com  precisão  o  seu  campo  de  atuação,  sem 
descontextualizar o tema ou perder a referência do todo (PÁDUA, 2000). 

Cervo  (2002,  p.  84­86)  reforça  ainda  que  nunca  devemos  passar  diretamente  da 
escolha  do tema à coleta de dados. Segundo o estudioso, as vantagens da formulação 
do problema são inegáveis, pois: 
a)  delimita, com exatidão, qual tipo de resposta deve ser procurado; 
b)  leva o pesquisador a uma reflexão benéfica e proveitosa sobre o assunto; 
c)  fixa,  frequentemente,  roteiros  para  o  início  do  levantamento  bibliográfico  e  da 
coleta de dados; 
d)  auxilia,  na  prática,  a  escolha  de  cabeçalhos  para  o  sistema  de  tomada  de 
apontamentos; 
e)  discrimina,  com  precisão,  os  apontamentos  que  serão  tomados,  isto  é, 
todos  e,  tão  somente  aqueles  que  respondem  às  perguntas  formuladas 
(SALVADOR,  1970,  p. 30 apud CERVO, 2002, p. 85). 

Ao escolher um problema, Minayo (1999), coloca algumas questões: 

•  trata­se de um problema original e relevante? 
•  ainda que seja “interessante”, é adequado para mim? 
•  tenho hoje possibilidades reais para executar tal estudo? 
•  existem recursos financeiros para o estudo?
•  há tempo suficiente para investigar tal questão? 

Importante! 

Questões como essas podem auxiliar muito na escolha do problema e na viabilidade da 
realização  da  pesquisa,  por  isso,  sempre  que  for  iniciar  um  trabalho  científico,  faça 
essas perguntas antes de definir o problema a ser estudado. 

Veja como podemos  encontrar um problema,  mas, antes, perceba que os exemplos 


apresentados, a seguir, são criados a partir de pergunta(s), de maneira que a própria 
pesquisa  viabilize  a  construção  das  possíveis  respostas.  Por  outro  lado,  é 
interessante  preocupar­se  em  limitar  também  o  número  de  perguntas  para  não 
cometer o erro de serem apresentadas respostas inadequadas. 

Exemplificando!

•  a desnutrição determina o rebaixamento intelectual? (GIL, 1999, p. 50). 
•  técnicas  de dinâmica  de grupo facilitam a interação entre os  alunos?  (GIL,1999, 
p. 50). 

Após  definido  o  problema,  são  formuladas  as  hipóteses  científicas,  de  grande 
importância num projeto de pesquisa. 

Segundo Pádua (2003, p. 42), a função da hipótese é fixar a diretriz da pesquisa, tanto 
no  sentido  prático,  orientando  a  coleta  de  dados,  quanto  no  sentido  teórico, 
coordenando os resultados em relação a um sistema explicativo ou em relação a uma 
teoria. 

Ainda segundo este mesmo autor, no plano da ciência, a característica operacional de 
uma hipótese é ser passível de verificação, que pode ser realizada de duas maneiras: 
1.  pela observação sistemática: estudo dos fenômenos tais como se apresentam; 
2.  pela  experimentação:  estudo  dos  fenômenos  em  condições  controladas  pelo 
pesquisador. 
Segundo Cervo; Bervian; Da Silva (2006), algumas características acerca da natureza 
da hipótese são: 
a) não deve contradizer nenhuma verdade já aceita ou explicada; 
b) deve ser simples; 
c) deve ser sugerida e verificável pelos fatos. 

A  hipótese  científica  também  pode  ser  considerada  como  a  afirmação  positiva, 


negativa  ou  condicional  (ainda  não  testada)  sobre  determinado  problema  ou 
fenômeno, podendo ser classificada em: 

a)  Hipótese afirmativa – positiva 

O resultado da pesquisa deve comprovar a afirmação. 

Por exemplo: 
“A  Educação a Distância permite que o aluno tenha a mesma compreensão do 
conteúdo obtida nas aulas presenciais”. 

b)  Hipótese afirmativa – negativa 
O resultado da pesquisa deve comprovar a afirmação. 

Por exemplo: 
“Não se consegue na Educação a Distância rendimento dos alunos superior à forma 
presencial”. 

c) Hipótese condicional 
O resultado  da  pesquisa é condicionado  aos  resultados  do  experimento. 

Por exemplo: 
“Se  for assegurada qualidade do ensino não presencial, o rendimento dos alunos 
pode  ser similar ao obtido nos estudos presenciais”.
Sintetizando...

Hipótese científica 
É  um conjunto estruturado de argumentos e  explicações que possivelmen te justificam 
dados  e  in formações,  porém,  que  ainda  não  f oi  conf irmado  ou  rejei t ado  por 
observação ou experimen tação. 

2.5  Etapa 05: determinação de objetivos 

Nesta  etapa,  devemos  ter  como  meta  a  obtenção  de  respostas  para  um 
questionamento: o que pretendemos alcançar com a pesquisa? 

Para facilitar o  entendimento do que almejamos,  podemos dividir os objetivos em dois 


grupos:

a)  objetivo  geral  –  nesse  tipo de objetivo,  temos  que  especificar o  propósito  da 
pesquisa e o que se pretende conseguir com a investigação; 

b)  objetivos  específicos  –  abertura  do  objetivo  geral  em  outros  menores. 
Podem  ser  caracterizados  também  como  um  conjunto  de  objetivos  que 
viabilizem alcançar o objetivo geral. 

Na  exposição  do  objetivo  geral,  segundo  Filho  e  Santos  (2000),  o  pesquisador  não 
deve  se  preocupar  com  a  delimitação  do  tema,  que  será  devidamente  especificado 
nos  objetivos específicos.  É importante que o  pesquisador utilize  uma  linguagem clara 
e precisa. 

Conforme Barreto; Honorato (1998), os objetivos [...] 

São ações individuais ou coletivas que se ma terializam  através de verbos. Por 


isso, é import ante uma grande precisão na escolha do verbo, escolhendo aquele 
que  rigorosamente  exprime  a  ação  que  o  pesquisador  pretende  executar 
(BARRETO; HONORATO,  1998). 

O  objetivo  é  expresso  por  verbos  fortes,  no  infinitivo,  constituindo­se  em  um 
conteúdo  resumido,  porém,  expressivo,  que  indique  uma  atividade  intelectual  e 
mensurável. 
Veja alguns verbos que podem ser utilizados na elaboração dos objetivos: identificar, 
levantar, descobrir, caracterizar, descrever, traçar, analisar ,  explicar, classificar, 
aplicar, distinguir, enumerar, exemplificar e selecionar. 

Sobre a  construção  de  um objetivo de  uma pesquisa, sobretudo  no que  se  refere  aos 


verbos  utilizados  neles,  Santos  (2004)  registra  a  informação  de  que  é  sabido  que  o 
cérebro  humano  é  capaz  de  estágios  ou  estados  cognitivos  diversos,  com  diversos 
níveis  de  complexidade  de  raciocínio,  sendo  eles:  conhecimento,  compreensão, 
aplicação, análise, síntese e avaliação. 

O  autor  afirma  ainda  que  cada  um desses  estágios  cognitivos  possibilita  atividades 
ou  ações  intelectuais,  expressos  por  verbos  específicos  e  que  constituem  os 
objetivos de uma investigação científica, conforme detalhado a seguir:
· O  estágio  de  conhecimento  se  expressa  em  verbos  como:  apontar,  citar, 
conhecer, definir, descrever, identificar, reconhecer, relatar.
· O  estágio  de  compreensão,  em  verbos  como:  compreender,  concluir,  deduzir, 
demonstrar, determinar, diferenciar, discutir, interpretar, localizar, reafirmar.
· O  estágio  de  aplicação,  em  verbos  como:  aplicar,  desenvolver,  empregar, 
estruturar, operar, organizar , praticar, selecionar, traçar.
· O  estágio  de  análise,  em  verbos  como:  analisar,  comparar,  criticar,  debater, 
diferenciar, discriminar, examinar, investigar, provar.
· O  estágio  de  síntese,  em  verbos  como:  compor,  construir,  documentar, 
especificar, esquematizar, formular, produzir, propor, reunir, sintetizar.
· O estágio de avaliação, em verbos como: argumentar, avaliar, contrastar, decidir, 
escolher, estimar, julgar, medir, selecionar. 

Exemplificando!

Vamos a um exemplo de objetivo geral: “Identificar os aspectos que influenciam no 
assoreamento do Rio Uberaba.” 

Vamos pensar? 

Quais  seriam  outras  ações  que  poderiam  ser  executadas  em  nossa  pesquisa,  de 
maneira que fosse viabilizado o alcance do objetivo geral? 

Veja algumas alternativas de objetivos específicos: 

2.6  Et ap a 06:  Elaboração  d a m et o d o l o g ia 

O  método  se  constitui  num  instrumento  do  conhecimento  que  proporciona  aos 
pesquisadores  uma  orientação  geral  que  facilite  planejar  sua  pesquisa,  formular 
hipóteses, coordenar investigações, realizar experiências e interpretar os resultados. 
Trata­se  da escolha de  procedimentos sistemáticos  para  descrição e  explicação  de 
um estudo. 

Conforme  a  natureza  específica  de  cada  problema  investigado,  estabelece­se  a 


escolha  dos  métodos  apropriados  para  se  atingir  um  objetivo.  Essa  escolha  não 
pode  ser  casual;  um  método  é  valido  quando  terminam  os  seus  procedimentos, 
quando a escolha se baseia, principalmente, em dois motivos (FACHIN, 2006): 
a)  natureza do objeto a que se aplica; 
b)  objetivo que se tem em vista. 

A  metodologia  de um projeto  deve responder, de forma detalhada, “como” o  projeto 


será  realizado.  Assim,  o  projeto  deve  apresentar  as  etapas  ou  fases,  dispostas, 
preferencialmente,  em  ordem  cronológica,  numeradas  e  nominalmente  definidas, 
subdivididas,  quando  necessário,  contendo  uma  descrição  dos  procedimentos  a 
serem seguidos.  Note  que  a  descrição detalhada  das  etapas  e subetapas  permitirá 
ao proponente quantificar os recursos humanos  e  materiais,  bem como  estabelecer
o  tempo  necessário  para  a  sua  realização.  O  conjunto  de  etapas  dispostas 
organizadamente em uma  tabela, em função  do tempo, dá  origem a  um  resumo  do 
cronograma de execução do trabalho. 

O método científico confere ao pesquisador inúmeras vantagens, oferecendo­ 
lhe  um  conjunto  de  atividades  sistemáticas  e  racionais,  mostrando­lhe  o 
caminho  a  ser  seguido  e  permitindo­lhe  detectar  erros  e  auxiliando  nas 
decisões.  Sua  aplicação  correta  proporciona  segurança  e  economia,  e 
permite  obter  conhecimentos  eficazes,  com  qualidades  essenciais  à  sua 
natureza (FACHIN, 2006, p.31). 

Na  metodologia  da  pesquisa  é  que  definimos  como  ela  será  realizada,  observando, 
detalhadamente, cada etapa/subetapa a ser seguida. Por exemplo: 

Subetapa 1 ­ Qual ou quais tipo(s) de pesquisa é(serão) necessário(s)? 

Subetapa 2 ­ Qual será a população  e a amostra da pesquisa? 

Subetapa 3 ­ Quais serão os instrumentos (formulários, questionários, gravadores) e 
técnicas de coletas de dados (entrevista, observação)? 

Subetapa 4 ­ Quais as abordagens metodológicas serão utilizadas ­ quantitativa, 
qualitativa ou de triangulação? 

Subetapa 5 ­ Quantos e quais serão os pesquisadores participantes? 

Realizando uma  espécie de check­up, após de fin ida a  metodologia da pesquisa, 


verifique se estão claras as  respostas para cada uma das perguntas a seguir. Se 
isso ocorrer, seu trabalho, no que se refere ao planejamento metodológico, estará 
atingindo o objetivo: 

a)  os caminhos para se chegar aos objetivos propostos estão bem delimitados e 
claros? 
b)  qual ou quais os tipos de pesquisa que serão explorados? 
c) quais métodos? (quantitativo, qualitativo, triangulação) 
d)  qual o universo/população da pesquisa? 
e)  será utilizada a amostragem? 
f) quais são os instrumentos de coleta de dados?
g)  como foram construídos os instrumentos de pesquisa? 

h)  quais as técnicas de coletas de dados serão utilizadas? 
i) qual a forma que será usada para a tabulação de dados? 
j) como serão analisados e interpretados os dados e informações? 
k)  houve  a  realização  de  uma  pesquisa  bibliográfica,  a  partir  de  leituras  em 
materiais primordiais? 
l) como pretende acessar suas fontes de consulta, fichá­las, lê­las e resumi­las, 
para a construção de seu texto? 

Comparando

População 
Totalidade  de  pessoas,  animais,  objetos,  situações  et c.  que  possuem  um  conjunto  de 
características comuns, que os define. Podemos fixar como população  todos os indivíduos 
de de terminada nacionalidade ou que  residam  em  certa  cidade  ou  mesmo  que  possuam 
uma  série  de características  definidoras  simul tâneas  específicas. (APPOLINÁRIO,  2006 , 
p.  125). 
Amostra 
Subconjunto  de  sujeitos  extraídos  de  uma  população  por  meio  de  alguma  técnica  de 
amostragem. Quando essa amostra é representativa dessa população,  supõe­se que  tudo 
que  concluímos  acerca  dessa  amostra  será  válido  também  para  a  população  como  um 
todo (APPOL INÁRIO,  2006, p. 125). 

Barreto;  Honorato (1998) re forçam que a metodologia da pesquisa,  num planejamen to, 


deve  ser  entendida  como  o  conjunto  de talhado  e  sequencial  de  mé todos  e  t écnicas 
científicas  a  serem execu tados  ao  longo  da  pesquisa,  de  tal  modo que se consiga 
atingir os objetivos inicialmente  propostos  e,  ao  mesmo  tempo,  atender  aos  critérios 
de menor custo ,  maior rapidez, maior eficácia e mais confiabilidade de informação. 

3  Documentação e Publicação 

3.1 Etapa 01: Redação e apresentação do trabalho científico 
Esta  é  a  etapa  em  que  a  equipe  pesquisadora  deve  redigir  o  documento  que  registra 
todos  os  passos  da  pesquisa.  Em  caráter  de  planejamento,  estaríamos  falando  do 
projeto  de  pesquisa.  Já  em  caráter  documental,  ou  seja,  acerca  dos  resultados 
registrados  na  pesquisa,  podemos  nos  referir  a  vários  documentos  científicos,  como: 
relatórios  de pesquisa,  artigos científicos  ou  papers ,  dissertações  de  mestrado,  teses 
de doutorado, monografias, entre outros. 

Independente  do  tipo  de  documento  científico  escolhido  pela  equipe  pesquisadora 
para  o  registro  dos resultados  da  pesquisa, ele  deve  apresentar  uma  redação clara, 
objetiva,  simples,  concisa  e  precisa  (APPOLINÁRIO,  2006,  p.  95),  embasada  nas 
normas de documentação da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. 

Para pesquisar

Para informações mais detalhadas, acesse: www.abnt.org.br//www.iso.org 

Várias  são  as  formas  de  divulgação  das  pesquisas,  sendo  as  mais  comuns  nas 
universidades: 

Artigos científicos ou  papers  
São textos menores que as monografias, cuja finalidade é  sua publicação em 
periódicos científicos. 

Monografia 
É um dos tipos de trabalhos científicos que versa sobre um único tema ; 
estudo minucioso sobre um t ema restrito. 

Trabalho de conclusão de curso – TCC 

Corresponde  a  trabalhos  acadêmico­científicos,  elaborados  e 


apresentados pelos alunos,  ao  final dos  seus  cursos  superiores, sempre 
sob a orientação de um ou mais professores da área de conhecimento do 
tema do TCC. 
Teses e dissertações 
Tese:  é  o  documento  essencial  para  a  obtenção  do  grau  de  doutor.  Deve 
revelar  a  capacidade  de  seu  autor  em  incrementar  a  área  de  estudo  que  foi 
alvo  de  suas  investigações,  constituindo­se  em  real  contribuição  para  a 
especialidade  em  questão. Em  geral,  apresenta  o  resultado  de  investigação 
complexa e aprofundada sobre tema mais ou menos amplo, com  abordagem 
teórica definida. 

Dissertação:  é  um  trabalho  acadêmico  baseado  em  estudo  teórico  de 


natureza reflexiva, que consiste na ordenação de ideias sobre um determinado 
tema.  A  característica  básica  da  dissertação  é  o  cunho  reflexivo­teórico. 
Geralmente,  é  feita  em  final  de  curso  de  pós­graduação  stricto  sensu 
(mestrado), com a finalidade de treinar os estudantes no domínio do assunto 
abordado e como forma de iniciação a pesquisa mais ampla. 

Os TCCs são os mais utilizados em cursos de graduação. Podem ser considerados 
como exemplos de TCC: monografias, projetos, artigos e relatórios. 

Cada  curso  superior  apresenta,  em  sua  proposta  pedagógica,  quais  as 
possibilidades  que o(a)  aluno(a)  tem para  elaborar  o  seu  TCC. 

Além das dificuldades relacionadas  à escrita, a  dificuldade de expressão oral. Segundo 


Fazenda (1997, p. 15), geralmente, “uma escrita truncada decorre de bloqueios no falar” 
e  “uma  das  formas  que  considero  mais  eficiente  para  vencer  essa  dificuldade  é  a 
formação de grupos de estudo”. 

Tal como a escrita,  a expressão oral também requer contínuo exercício.  Somos produto 


da “escola do silêncio” em que um grande número de alunos apaticamente fica sentado 
diante do professor esperando receber dele todo o conhecimento.  Classes numerosas e 
conteúdos extensos completam o quadro desta escola. Isso se complica muito quando o 
aluno já é introvertido (FAZENDA, 1997, p. 15). 

3.2  Etapa 02: Publicação do trabalho científico
Quem investiga, experimenta e produz constantemente conhecimentos em suas áreas 
de conhecimento,  proporcionando  relações,  comparações,  refutações  entre  conceitos 
e  teorias,  colaborando  com  o  avanço  da  ciência,  necessita  divulgar  estes 
conhecimentos. Entre os procedimentos mais eficazes e rápidos para a divulgação dos 
resultados de uma pesquisa, ou mesmo para o debate acerca de uma teoria ou ideia 
científica,  a  academia  utiliza  principalmente  o  artigo  científico,  o paper,  o review,  a 
comunicação  científica,  o  resumo.  São  veiculados  em  publicações  especializadas 
como revistas e jornais científicos, periódicos, anais etc., impressos ou eletrônicos no 
mundo todo. 

Atualmente, esse formato de publicação científica é maciçamente utilizado pela maioria 
dos  pesquisadores  e  grupos  de  pesquisa  no  mundo,  para  divulgação  de  novos 
conhecimentos  e  como  meio  para  adquirir  notoriedade  e  respeito  dentro  da 
comunidade  científica.  Convém  salientar  que  a  apresentação  de  resumos,  resumos 
expandidos e trabalhos completos em eventos é de grande importância para a equipe 
pesquisadora  e  para  a  instituição,  mas  a  publicação  de  trabalhos  científicos  em 
periódicos especializados tem valor ainda maior para ambos. 

Parada para reflexão

Para  relembrar  as  características  da  linguagem  que  deve  ser  usada  em  um  artigo 
publicado em  revistas científicas, você pode reler o Quadro 1, deste capítulo. 

Porém,  o  pesquisador  iniciante  tem  certa  dificuldade  na  organização  e  redação  dos 
primeiros  artigos  técnico­científicos,  principalmente  em  relação  à  estrutura  e 
organização do texto, das ideias, utilização de certos termos, subdivisão dos assuntos, 
inserção de citações durante a elaboração do texto, entre outros. 

Estas dificuldades podem ser minimizadas se o autor se organizar e estiver convencido 
de que o trabalho deve possuir rigor científico. Segundo Ramos et al. (2003, p.15), 

Executar  uma  pesquisa  com  rigor  científico  pressupõe  que  você  escolha  um 
tema  e  defina  um  problema  para  ser  investigado.  A  definição  dependerá  dos 
objetivos  que  se  pretende  alcançar.  Nesta  etapa,  você  elabora  um  plano  de 
trabalho e, logo após, deverá explicitar se os objetivos foram alcançados, [...]. 
O  artigo  científico  não  é  extenso,  totalizando  normalmente  entre  5  a  10  páginas, 
podendo  alcançar,  dependendo  de  vários  fatores,  até  20  páginas,  garantindo­se,  em 
todos  os  casos,  que  a  abordagem  temática  seja  a  mais  completa  possível,  com  a 
exposição  dos  procedimentos  metodológicos  e  discussão  dos  resultados  nas 
pesquisas  de  campo,  caso  seja  necessário  a  repetição  da  mesma  por  outros 
pesquisadores (LAKATOS e MARCONI, 1991; MEDEIROS, 1997; SANTOS, 2000). 

Normalmente,  entrega­se  um  trabalho  científico  para  publicação  de  uma  revista 
científica indexada, de nível, vários meses antes de o trabalho ser publicado, para que 
o  mesmo  seja  aprovado  para  publicação.  Esta  demora  é  devido  ao  trâmite  de  cada 
revista,  que  envolve  o  envio  a  vários  revisores,  retorno  aos  autores,  nova  leitura  dos 
revisores, correção textual e ortográfica, diagramação, etc. 

Além  disso,  recomenda­se  uma  determinada  normatização  para  essas  publicações, 


tanto na estrutura básica, quanto na uniformização gráfica, como também na redação e 
organização  do  conteúdo,  diferenciando­se  em  vários  aspectos  das  monografias, 
dissertações e teses, que constituem os principais trabalhos acadêmicos. 

A veiculação do  conhecimento  construído,  a  partir  das  pesquisas  científicas,  realiza­ 


se  das mais variadas  formas.  Hoje,  predominantemente,  acontece  por meio  de  livros 
e periódicos, tanto na forma impressa como na digital – via Web . 

4  O Projeto de pesquisa 

Toda e qualquer ação metodologicamente desenvolvida, com o objetivo de contribuir, 
de forma  inovadora, para  o  avanço científico  das  diferentes  áreas  do  conhecimento, 
constitui um projeto de pesquisa. 

Na  verdade,  o  projeto  é  um  texto  que  define,  com  detalhes,  o  planejamento  do 
caminho  a  ser  seguido  na  construção  de  um  trabalho  científico.  É  um planejamento 
que impõe ao autor ordem e  disciplina para  execução  do  trabalho de  acordo  com os 
prazos  estabelecidos.  Ele pode ser utilizado para que o seu autor: 
•  discuta suas ideias com colegas e professores em reuniões apropriadas; 
•  inicie contatos com possíveis orientadores; 
•  participe de seminários, congressos, simpósios e outros encontros científicos;
•  apresente  trabalho  acadêmico  às  disciplinas  de  Metodologia  da  Pesquisa, 
Metodologia do Trabalho Científico ou outras semelhantes; 
•  solicite bolsa de estudos ou financiamento para o desenvolvimento da pesquisa; 
•  participe de concurso para ingresso em Programas de Pós­graduação; 
•  seja  arguído  por  membros  de  bancas  de  qualificação  ao  mestrado  ou 
doutorado. 

A  elaboração  de  um  projeto  de  pesquisa  visa  registrar  a  ideia  do  proponente, 
permitindo  a  terceiros  uma  análise  técnica  e  de  mérito  do  seu  conteúdo.  Por  essa 
razão,  o  projeto deve ser elaborado de forma completa e organizada, contemplando os 
conteúdos e ações de forma clara e cronologicamente dispostos. Para que isso ocorra, 
o projeto deve conter, preferencialmente: 

I.  Capa 
II.  Folha de rosto 
III. Resumo 
IV.  Sumário 
V. Objetivo(s) – geral e específicos 
VI.  Justificativa 
VII. Introdução 
VIII. Revisão de literatura 
IX.  Metodologia (Material e Métodos) 
X. Orçamento detalhado 
XI.  Pessoal envolvido 
XII.  Resultados esperados 
XIII. Referências 

Vejamos, agora, detalhadamente cada um dos tópicos: 

I) Capa 

Segundo  a  ABNT  (2005),  capa  é  a  “proteção  externa  do  trabalho  e  sobre  a  qual  se 
imprimem as  informações  indispensáveis à  sua identificação”.  Os  elementos  utilizados 
na capa são os seguintes (devendo­se respeitar a ordem): 
•  Nome da instituição (opcional) 
•  Nome(s) do(s) autor(es)
•  Título 
•  Subtítulo, se houver 
•  Local 
•  Ano da entrega 

O  título  deve  expressar,  da  maneira  mais  clara  possível,  o  tema  do  projeto,  sendo 
apresentado  de  forma  concisa.  Deve mos  lembrar  que  o  título  do  trabalho  (projeto) 
será lido  por muitas pessoas. O trabalho final (artigo científico, tese, dissertação, etc.), 
será sempre referenciado pelo seu título. 

Um bom título deve ser: 

•  curto 
•  específico 
•  sem fórmulas de qualquer espécie. 

Importante!

Atenção!  Não  se recomendam:  títulos­frases, títulos­perguntas. 

II) Folha de rosto 

É  na folha  de rosto  que são dispostos  os elementos essenciais à  identificação  do 


trabalho e é também nela que se esclarece qual é o tipo do  documento, se é uma 
monografia, uma tese, um projeto de pesquisa, dentre outros. 

Os elementos que devem compor uma folha de rosto, nesta ordem, são: 
•  Nome do autor. 
•  Título. 
•  Subtítulo, se houver. 
•  Natureza  do  trabalho  (tese,  dissertação,  projeto  de  pesquisa)  e  objetivo 
(aprovação em disciplina,  grau  pretendido,  atendimento  a  um  edital  de  órgão  de 
fomento, etc.) nome da instituição a que é submetido; área de concentração. 
•  Local. 
•  Ano da entrega. 

III) Resumo 
É  um  texto  de  dimensões  reduzidas  em  relação  ao  tamanho  do  projeto,  com  a 
finalidade  de  traduzir,  em  menos  palavras,  o  pensamento  do(s)  autor(es), 
preservando  suas  intenções  e  realçando  os  pontos  para  os  quais  se  dispensou 
maior atenção. 

IV) Sumário 
Representa uma relação das principais divisões, seções e outras partes do projeto de 
pesquisa,  que  devem  ser  dispostas  na  mesma  ordem  em  que  aparecem  no  texto, 
com indicação do número da página. 

V) Objetivo 
O objetivo de um projeto, juntamente com o título, deve dizer de forma simplificada “o 
que”  se  pretende  fazer.  Normalmente,  o  objetivo  é  descrito  por  verbos  fortes,  no 
infinitivo,  constituindo­se  um  conteúdo  resumido,  porém  expressivo.  Reveja  mais 
detalhes  no início deste capítulo. 

VI) Justificativa 
A justificativa de um projeto deve apresentar, de  forma convincente, o “porquê” de sua 
realização.  Em  outras  palavras,  a  justificativa  deve  esclarecer  ou  convencer, 
principalmente  as  pessoas  ligadas  à  área  do  projeto,  sobre  a  importância  de  sua 
realização.  Reveja mais detalhes no início deste capítulo. 

Algumas  propostas  de  projeto  substituem  os  três  itens  apresentados  acima  por 
Introdução  e  Revisão  bibliográfica,  sem  mencionar  o  tópico  sugerido  como 
Justificativa. 

VII) Introdução 
Deve dar ao leitor a informação necessária para entender de que assunto trata o seu 
trabalho,  sem  precisar  recorrer  a  outras  fontes.  Para  auxiliar  na  elaboração  da 
introdução,  algumas perguntas podem ser respondidas:
•  De que assunto trata o seu trabalho (projeto)? 
•  Por que é importante tratar esse assunto? 
•  Como você tratou o assunto? 
•  Qual é o seu objetivo? 

VIII) Revisão de literatura 
Para  qualquer  trabalho  que  se  faça,  é  necessário  ler.  Nunca  se  deve  considerar  a 
leitura  como  perda  de  tempo,  mas  como  investimento  na  sua  formação  como 
pesquisador. 

IX) Metodologia (Material e Métodos) 
Esta é uma  das  partes mais importantes do projeto, pois é  por meio  de sua perfeita 
elaboração que se definem as necessidade relativas ao pessoal, material e tempo de 
realização. 

Em  geral,  a  última  etapa  da  metodologia  é  o  Cronograma.  Como  a  pesquisa  se 
desenvolve  em  várias  etapas,  é  necessário  fazer  a  previsão  do  tempo  necessário 
para  se  passar  de  uma  etapa  a  outra.  Para  isso,  a  definição  de  um cronograma  é 
fundamental  para  o  sucesso  de  um  projeto  de  pesquisa.  No  Quadro  5,  é  possível 
visualizar um exemplo de um cronograma. 

Qu adro  5 –  Cronograma  das atividades. 

Período  1ºano  2º ano 


Etapas  1ºbim  2ºbim  3ºbim  4ºbim  5ºbim  6ºbim  1ºbim  2ºbim  3ºbim  4ºbim  5ºbim  6ºbim 
1. Complementação da revisão 
X  X  X  X  X 
bibliográfica 
2. Operacionalização dos 
X  X 
conceitos 
3. Elaboração dos questionários  X  X 
4. Validação dos questionários  X  X 
5. Seleção da amostra  X  X 
6. Impressão dos questionários  X 
7. Seleção dos pesquisadores 
X  X 
(entrevistadores) 
8. Coleta de dados  X  X  X  X 
9. Análise e interpretação dos 
dados 
X  X  X 
10. Redação do relatório final do 
X  X 
projeto 
11. Apresentação dos resultados 
em eventos científicos 
X  X 
12. Envio de trabalho para 
publicação em revista  X  X
especializada 
X) Orçamento detalhado 
Mesmo  que  a  pesquisa  não  exija  financiamento  externo,  é  necessário  que  o  projeto 
envolva  considerações  do  orçamento  da  pesquisa,  respeitando­se  um  cronograma 
pré­estabelecido.  Sem  esse  planejamento,  o  pesquisador  corre  o  risco  de  perder  o 
controle do projeto. 

Comparando

A rubrica Custeio contém as diárias, materiais de consumo (nacionais e importados), 


remuneração de serviços pessoais, outros serviços e encargos (passagens etc.). 
A rubrica Capital contém os materiais permanentes (nacionais e importados), inclusive 
material  bibliográfico,  e  os  equipamentos  (nacionais  e  importados).  No  tocante  às 
Bolsas,  estas  podem  ser  de  diferentes  modalidades,  sendo  concedidas  por  um 
período igual ao da vigência do projeto, que deve ter duração entre um e dois anos. 

A origem do orçamento do projeto tem sua fundamentação nos itens (necessidades) 
identificados  na  metodologia,  especificamente  nas  etapas  e  subetapas.  Tratam­se 
dos recursos  humanos e  materiais disponíveis na instituição, bem como  daqueles a 
serem  contratados/adquiridos.  No  primeiro  caso,  enquadram­se  o  pessoal,  as 
instalações  físicas  e,  eventualmente,  alguns  materiais,  devendo  ser  considerados 
como  contrapartida  da  instituição  proponente.  Os  itens  Pessoal  Permanente  e 
Instalações físicas são dificilmente financiados por órgãos de fomento. 

Importante! 

É  importante  lembrar  que  os  itens  solicitados  para  financiamento  necessitam  de 
justificativa própria, relacionando­se sua utilização com uma ou mais etapas definidas na 
metodologia  do  projeto.  Um  resumo  das despesas (Custeio,  Capital,  Bolsas)  deve  ser 
apresentado  separadamente,  em  quadros  ou  tabelas,  contendo  os  respectivos 
elementos de despesa, assim como uma tabela/resumo das despesas totais do projeto. 
Para  as  solicitações  de  bens  de  capital  com  valores  expressivos,  é  recomendada  a 
inclusão,  no  projeto, de cotações de um ou mais fornecedores. 
Mater i al  p er m an en t e 

São aqueles materiais que têm uma durabilidade prolongada. Normalmente, é definido 
como bens duráveis que não são consumidos durante a realização da pesquisa. 

Podem  ser:  geladeiras,  refrigerador  de  ar,  computadores,  impressoras,  itens  de 
laboratório, dentre outros. (Tabela 1). 

Tabela  1  –  Exemplo  de  orçamento  para  Material  permanente. 


Descrição  Quantidade  Custo unitário  Custo total (R$)  Justificativa 
(R$) 
Computador  1  1.700,00  1.700,00  Montagem  de 
Impressora  1  500,00  500,00  estrutura  física 
Scanner  1  400,00  400,00  para  a  coleta  dos 
Mesa para o  1  300,00  300,00  dados do projeto. 
computador 
TOTAL (R$):  2.900,00 

Material de consumo 

São  aqueles  materiais  que  não  têm  uma  durabilidade  prolongada.  Normalmente,  são 
definidos como bens que são consumidos durante a realização da pesquisa. 

Podem  ser:  papel,  tinta  para  impressora,  gasolina,  material  de  limpeza,  caneta, 
fertilizantes, defensivos, etc. Veja um exemplo na Tabela 2. 

Tabela 2 – Exemplo de orçamento para material de consumo. 

Descrição  Quantidade  Custo unitário  Custo total (R$)  Justificativa 


(R$) 
Caixas de cd´s  10  10,00  100,00  Impressão  dos 
Resmas de papel  questionários  e 
10  15,00  150,00 
tipo A4  relatório  do 
Cartuchos de tinta  projeto  de 
02  150,00  300,00 
para impressora  pesquisa 
TOTAL (R$):  550,00
XI) Pessoal envolvido 

Em  uma  proposta  de  projeto,  é  extremamente  importante  ressaltar  que  ele  será 
desenvolvido  por  um  grupo  ou  equipe  de  trabalho.  Um  dos  participantes  deve 
aparecer  como  coordenador  responsável  pelo  projeto,  podendo  haver  um 
subcoordenador e  que  tenham titulação mínima de mestrado. 

O  comprometimento  do  pessoal  envolvido  deve  ser  feito  através  de  termo  de 
concordância  ou  de participação,  podendo­se  até  citar  em  quais  etapas  do  projeto  se 
dará  sua  contribuição.  Para  todos  os  participantes  de  nível  superior,  é  importante  a 
inclusão  do  seu  Curriculum  Vitae,  principalmente  do  coordenador,  não  sendo 
necessários os currículos do pessoal técnico e de alunos, eventualmente  participantes 
do projeto. 

Para  apresentar  a  equipe,  sugerimos  a  elaboração  de  uma  tabela  contendo  as 

informações descritas a seguir (Exemplo no Quadro 6): 

•  pessoais (nome completo, e­mail, cpf); 

•  acadêmicas (título, especialização); 

•  projeto (nome do projeto, instituição/unidade). 

Quadro 6 – Modelo para apresentação da equipe do projeto 

Nome  Título  Especiali­  Inst./Uni­  Funções no 


(Bs, MsC,  CPF  e­mail 
completo  zação  dade  projeto 
Dr.) 
João da Silva  Doutor  Estatística  150.021.265­00  UNIUBE  joao@uniube.br  Análise dos dados 

XII) Resultados esperados 

Neste tópico, os autores devem discorrer de forma resumida o que esperam do projeto,


quais os resultados que pretendem alcançar depois dele finalizado. 

XIII) Referências 

As referências devem constar necessariamente, no final do projeto, dentro dos padrões 

definidos por normas. Para trabalhos no Brasil, a recomendação é para a utilização da 

NBR  6023  (ABNT  2002).  Como  o  número  de  materiais  disponíveis  sobre  o  tema 

geralmente não é completo na fase de proposição do projeto, deve­se prever, no início 

da  metodologia,  uma  etapa  específica  para  Revisão  bibliográfica,  com  o  objetivo  de 

ampliar o conhecimento sobre o assunto. 

5  Ética em pesquisa 

Vivenciamos  diariamente  situações  em  que  não  refletimos  e  nem  buscamos  os 
“porquês”  de  nossos  comportamentos  ou  dos  hábitos  e  dos  costumes  que  nos 
cercam.  No  nosso  dia a dia,  geralmente,  não  fazemos  distinção  entre valor,  ética e 
moral. 

Vejamos, a seguir, a distinção entre esses termos: 

MORAL  É definida como o conjunto de normas, princípios, costumes e valores que 
norteiam o comportamento do indivíduo  no seu grupo social. Segundo Chauí 
(2006), é um juízo que enuncia obrigação, avalia intenções e ações, segundo 
o critério do correto e incorreto. 

Do Latim  valere  – “que tem valor, custo”. 


Segundo  Cohen  e  Segre  (2006),  o  valor  expressa  o  sentimento  e  o  propósito 
de nossas vidas, sendo a base de nossas escolhas. 

VALOR  Exemplificando... 
Tomemos  como  valor  cultural,  o  fato  de  ser  o  dinheiro  o  maior  valor  para  os 
americanos em  relação aos orientais;  como valor universal  temos: a religião, 
o  crime  e  outros;  como  valor  individual  temos:  a  escolha  profissional,  a  opção 
por uma conduta.
Do grego  eth os  – “modo de ser” 
A ética é um comportamento moral que explica, compreende, justifica e critica a 
moral da sociedade. Podemos afirmar que é construída histórica e socialmente 
a partir das relações dos seres humanos na sociedade. 

É nessa convivência com o outro que o indivíduo se descobre enquanto um 
ser moral e ético. Por sermos seres históricos e culturais, cujas ações se 
ÉTICA  desenvolvem no tempo, reconhecemos que a ética se transforma para atender 
às exigências da sociedade e da cultura. 

A ética exprime a maneira como a cultura e a sociedade definem para 
si  mesmas  o  que  julgam  ser  a  violência  e  o  crime,  o  mal  e  o  vício  e,  como 
contrapartida,  o  que consideram  ser  o  bem  e a  virtude. Por  realizar­se  como 
relação intersubjetiva e social, a ética não é  alheia ou indiferente às condições 
históricas e políticas, econômicas e culturais da ação moral (CHAUÍ, 2000).
Como evidenciamos atitudes éticas? Quando denominamos que certa 
conduta é ética? Como se manifesta a conduta moral? 

Veremos,  a  seguir,  os  constituintes  do  campo  ético,  a  importância  da  ética  na 
pesquisa  e os  principais enfoques da maioria dos códigos de éticas. 

Constituintes do campo ético 

A  conduta  ética  se  manifesta  quando  o  indivíduo  exprime  uma  consciência  moral, 
sendo  capaz  de  avaliar  as  suas  motivações  pessoais,  as  exigências  feitas  por 
determinadas situações,  as  consequências  de  seus  atos  para  si  próprio  e  para  os 
outros,  a  conformidade  entre  meios  e  fins  (não  empregar  meios  imorais  para 
alcançar  fins  morais),  a  obrigação  de  respeitar  o  estabelecido  e  a  obrigação  de 
transgredir determinadas regras quando o estabelecido for imoral. 

Parada para reflexão

Em que situações podemos afirmar que o indivíduo é ético? 
Que condições  ou situações evidenciam que  o indivíduo é ético? 

O indivíduo é um ser, uma pessoa moral que é instaurada pela vida intersubjetiva e 
social, que necessita ser educado para os valores morais e para as virtudes. Para 
Chauí (2000), o indivíduo ético ou moral precisa de: 

a)  ser consciente da existência de si mesmo e dos outros; 
b)  ser capaz de controlar e orientar seus desejos, sentimentos e tendências; 
c) ser responsável pelos efeitos  e consequências de suas  ações  sobre si mesmo 
e sobre os outros; 
d) ser capaz de autodeterminar­se, aplicando a si mesmo as regras de conduta. 
Nesse sentido, 
a ética precisa contar com a capacidade de os indivíduos encont rarem saídas 
plausíveis e racionais para seu agir,  pois nasce amparada no ideal da busca 
do  agenciamento do agir  humano de  tal  f orma que  o mesmo seja  bom  para 
todos (PAIVA, 2005, p. 25). 

Atualmente,  a  nomenclatura  corrente  é  “participantes  da  pesquisa”,  em  vez  de 


“sujeitos  de pesquisa”. A justificativa  para  tal  mudança  está  no reconhecimento  do 
papel dessas pessoas nas pesquisas: de sujeitos passivos passaram à condição de 
agentes  ativos  (SCUKLENK,  2006,  p.  61).  Segundo  Paiva  (2006.  p.10),  “se  a 
pesquisa envolve pesquisadores e pesquisados é importante que a ética conduza as 
ações  de  pesquisa,  de  modo  que  as  investigações  não  tragam  prejuízos  para 
nenhuma das partes envolvidas”. 

Portanto,  onde  se  situa  os  fundamentos  conceituais  da  Ética  na 
pesquisa? 

O conceito de ética “é bastante abstrato fora da perspectiva teórica e dissociada de 
sua  aplicação  às  situações  reais  da  vida  cotidiana”  (SCUKLENK,  2006,  p.  64).  É 
fundamental  reconhecer  que  a  ética  na  pesquisa  deve  se  preocupar  com  a 
imprevisibilidade das consequências de  uma investigação, considerando sempre os 
aspectos legais, morais e éticos que norteiam a pesquisa. 

Achamos  oportuno  enfatizar  os  aspectos  morais,  segundo  Francisconi;  Gondim 


(2006). Asseveram eles que,  além de os pesquisadores terem de se preocupar em 
não  causar  riscos  aos  participantes  envolvidos,  em  não  violar  as  normas  do 
consentimento,  em  não  converter  recursos  públicos  em  benefícios  pessoais, 
precisam estar conscientes dos deveres: 
•  institucionais  ­  honestidade,  sinceridade,  competência,  aplicação,  lealdade 
e  a discrição. 
•  sociais ­ veracidade, não maleficência e  justiça. 
•  profissionais ­ pesquisar adequada  e independentemente,  buscar aprimorar 
e promover o respeito à sua profissão.
Em  relação  aos  aspectos  éticos  aplicados  à  pesquisa,  apontamos  quatro  diferentes 
perspectivas  relacionadas  ao  envolvimento  com  seres  humanos,  com  animais,  com 
outros pesquisadores e com a sociedade. 

a)  O  envolvimento  de  seres  humanos  ­  devemos  preservar  os  princípios  bioéticos 
dos  seres  humanos,  fundamentais  do  respeito  ao  indivíduo,  beneficência  e  justiça. 
Para  Paiva  (2006),  ao  assegurarmos  o  tratamento  ético  à  pesquisa  humana  é 
fundamental:
· privacidade, ou seja, proteção aos indivíduos que devem ser mantidos no 
anonimato;
· consciência  de  que  a  pesquisa  não  pode  ser  intrusiva,  ou  seja,  o 
pesquisador não pode alterar o contexto pesquisado;
· segurança em relação às consequências futuras dos participantes, que, ao 
omitirem opiniões  contrárias  aos  sistemas,  podem sofrer  represálias caso 
sejam identificados;
· integridade  da  pesquisa,  garantindo  equidade  entre  todos  os 
interessados,  não beneficiando quem a financia;
· metodologia  que  leve  à  recusa  a  tratamentos  experimentais/inovadores 
para  grupos  de  controle,  tendo  em  vista  a  falta  de  consenso  (em 
pesquisas  experimentais  não  se  pode  negar  ao  grupo  de  controle 
tratamentos inovadores e benéficos ao grupo); 

Equidade 
reconhecimento do direi to de cada um. 

b) Pesquisa em animais ­ devemos prever um tratamento humanitário, evitando dor e 
sofrimentos. 

c) Relação com outros pesquisadores ­  devemos  enfocar  na  pesquisa  as  questões 


de  autoria,  considerando  a  lealdade,  honestidade,  justiça  e  autonomia,  evitando 
dessa forma a fraude. 

d) Relação com a sociedade ­  devemos  nos  preocupar  com  a proteção  aos  indivíduos, 


a  divulgação  dos  resultados  e  a  avaliação  do  retorno  social  da  pesquisa,  ou  seja, 
quais os benefícios e/ou contribuições que a pesquisa irá gerar.
Para avaliar os aspectos éticos da pesquisa, principalmente ao envolvimento com 
seres humanos, foi criado o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). 

Os  CEPs  avaliam  a  ética  na  pesquisa  através  de  análises 


que  se  sustentam  em  ref erenciais  teóricos,  met odológicos 
e,  principalmente,  éticos  relacionados  às  diversas 
comunidades profissionais. 

Segundo Palácios; Rego; Schramm (2006), a função dos CEPs é: 
•  ajudar os pesquisadores a perceberem situações que aparecem já no projeto da 
pesquisa, para proteger os direitos e interesses de todos os participantes; 
•  garantir os benefícios aos participantes da pesquisa, individual e coletivamente; 
•  apurar as denúncias dos participantes da pesquisa sobre eventuais 
irregularidades; 
•  refletir junto com o pesquisador sobre como garantir a autonomia dos 
participantes da  pesquisa  ­  o que  fazer  para  melhor  informá­los,  o  que  fazer 
para  melhor  garantir sua liberdade de decisão, como identificar e determinar 
riscos e benefícios para cada grupo de interesse relacionado à pesquisa; 
•  assumir  perante  cada  participante  da  pesquisa,  a  responsabilidade  de  que  o 
projeto está sendo eticamente conduzido. 

Finalizando,  precisamos  estar  conscientes  de  que  somente  a  existência  de  normas 
não  é suficiente para o sucesso de uma pesquisa. É fundamental que os envolvidos ­ 
pesquisador  e  participantes  da  pesquisa  ­  mobilizem­se  para  impedir  que  abusos 
sejam  cometidos,  garantindo  que  nenhuma  pesquisa  seja  realizada  sem  que  a 
questão ética seja bem considerada. 

Ao  término  dessas  orientações,  esperamos  que  você,  além  de  estar  apto(a)  a 
desenvolver  os  objetivos  propostos  tanto  neste  capítulo,  quanto  no  anterior,  esteja 
consciente  da  relevância  desse  estudo  e  que  ele  tenha  agregado  valores 
substanciais  não  só  à  sua  formação  acadêmica,  mas  também,  como  sujeito  social 
ativo,  ético  e  crítico,  de  um  mercado  de  trabalho  que  espera  dos  seus  profissionais 
habilidades e competências empreendedoras, que subsidiem a formulação e a tomada 
de decisões estratégicas nas instituições e projetos em que atuará.
Neste  sentido,  para  reforçarmos  a  importância  do  seu  empenho  na  investigação 
científica, recorremos às orientações da professora Ivani Fazenda: 

Pesquisar  em  educação  exige,  além  de  uma  formação  acadêmica  restri ta, 
(relativa  ao  t ema  que  será  desenvolvido),  uma  sólida  e  profunda  f ormação 
acadêmica  geral,  pois  a  dificuldade  em  interpretar  e  compreender  textos 
somente  será  vencida  se,  ao  lado  de  um  trabalho  com  o  texto  básico, 
proceder­se  à  lei tura  de  vários  textos  complementares (FAZENDA,  1997,  p. 
16). 

Para  tanto,  desejamos  a  você  uma  leitura  proveitosa  e  significativa  não  apenas 
deste capítulo, mas também, dos textos indicados, a seguir. 

Além  dos  capítulos  anteriores  sobre  a  Metodologia  da  Pesquisa  Científica,  você 
será  orientado(a)  a  elaborar  o  seu  trabalho  de  conclusão  de  curso  no  próximo 
capítulo,  que  se  propõe  a  apresentar  as  partes  de  um  artigo  científico  e  de  que 
maneira cada uma dessas partes pode, adequadamente, ser construída. 

ATIVIDADES 

ATIVIDADE 1 
Associe a coluna A com a coluna B acerca dos elementos que compõem o Projeto 
de pesquisa. 

COLUNA A  COLUNA B 

1.  Anexos  (   ) proteção externa do trabalho e sobre o qual se 


imprimem as informações indispensáveis à sua 
identificação; 

2.  Justificativa  (   ) relação de documentos, nem sempre do próprio autor, 


que servem de fundamentação, comprovação ou 
ilustração. 

3.  Metodologia  (   ) espaço em que especificamos o porquê, ou seja, os 


motivos que nos levaram a desenvolver a pesquisa. 

4.  Capa  (   ) espaço em que detalhamos os procedimentos da 


pesquisa, ou seja, como ela acontecerá. 

5.  Objetivos  (   ) espaço em que especificamos o para quê, ou seja, 


quais as finalidades da pesquisa. 

6.  Cronograma  (   ) apresenta as etapas da pesquisa e os períodos em 


que serão realizadas
ATIVIDADE 2 
No que se refere aos nossos estudos sobre as fases de uma pesquisa, assinale F 
nas alternativas Falsas e V nas alternativas Verdadeiras. 

a) (      )  o  momento  de  uma  pesquisa  em  que  definimos  que  não  será 
pesquisada  toda  a  população,  é  caracterizado  como  uma  etapa  em  que 
especificamos se usaremos amostragem ou não; 

b) (   ) o processo de entrevistar os pesquisados, utilizando um instrumento de 
recolhimento  de  dados,  corresponde  a  um  dos  procedimentos  que 
caracteriza a etapa responsável pela coleta dos dados. 

c) (   ) as etapas análise e interpretação de dados não decorrem da coleta e 
tabulação dos dados de uma pesquisa. 

d) (      )  a  escolha  do  tema  compreende  numa  das  etapas  da  pesquisa, 
responsável  pela  definição  do  que  desejaremos  estudar e  pesquisar.  Uma 
vez  definido  o  tema  de  uma  pesquisa,  não  há  mais  a  necessidade  de  se 
rever ou de redefini­lo adequadamente; 

e) (   ) a etapa em que estruturamos a metodologia da pesquisa, corresponde 
ao  momento  em  que  definimos  vários  aspectos,  entre  eles:  os  tipos  e  as 
abordagens/métodos utilizadas na pesquisa. 

f)  (      )  a  etapa  levantamento  de  dados  corresponde  ao  mesmo  conjunto  de 
características da etapa coleta de dados. 

g) (   ) no momento em que detalhamos mais sobre o tema da pesquisa, 
podemos afirmar que estamos nos referindo a um procedimento que faz 
parte da etapa em que o tema da nossa pesquisa é delimitado. 

ATIVIDADE 3 

Escolha  duas  das  alternativas  falsas  da  questão  anterior  e  reescreva­as,  de 
maneira que possam ser consideradas corretas. 

3.1 ­ Informe as letras das questões FALSAS a serem reescritas. 

3.2 ­ Reescreva as alternativas. 

ATIVIDADE 4 

1.  Sabemos  que  a  pesquisa  não  se  restringe  mais  aos  grandes  e  isolados  centros 
especializados de pesquisa e que ela está por toda parte em nosso dia a dia. Cite e 
comente  duas  situações,  serviços  ou  produtos  do  seu  cotidiano  que  surgiram  ou
foram  aprimorados  em  virtude  de  resultados  bem  sucedidos  de  pesquisas 
científicas: 

REFERÊNCIAS 

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