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INTRODUÇÃO

Muitos estudantes, quando voltam da escola, jogam suas mochilas em um


canto e vão em busca de outras atividades mais instigantes e prazerosas.
Essa falta de proatividade na busca pelo conhecimento fora da escola é normal.
Porém, pode ser vencida com estímulo do educador e da família com atividades
extraclasse.
Mas o que é atividade extraclasse?

O que é atividade extraclasse?

As atividades extraclasse são propostas pelos educadores para que os alunos


pratiquem fora da escola e, assim, consigam assimilar melhor os conceitos apresentados
em sala de aula.
Veja agora como aumentar o interesse e a motivação dos seus alunos por meio
das atividades extraclasse!

Quais são os benefícios das atividades extraclasse?

As atividades extraclasse podem ser educativas, culturais ou esportivas e


têm como principal objetivo o complemento do trabalho realizado em aula.
Elas oferecem ao aluno a possibilidade de vivenciar, na prática, muitos
conceitos apresentados em classe, melhorando o seu desempenho de forma geral.
Para o aluno, determinados conceitos vistos nas aulas não são tão fáceis de
assimilar somente por meio de explicações e de imagens em livros.
Ter, por exemplo, uma aula sobre a reprodução das plantas em um jardim
botânico torna o conhecimento mais acessível do que somente por meio de um vídeo ou
da explicação em frente ao quadro.

Como implementar atividades extraclasse na sua escola?

Para que você consiga implementar a sua proposta de atividade extraclasse na


escola onde trabalha, é necessário:

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• Um planejamento e orçamento meticuloso;
• Objetivos claros;
• Adequação ao público que será atendido e ao projeto escolar.

Diretrizes como custo-benefício, viabilidade, divulgação, inscrições, saída e


retorno da escola precisam ser definidas para que tudo saia conforme o esperado.
Após a realização da atividade extraclasse, as diretrizes determinadas devem
ser reavaliadas para que a atividade possa ser reinserida no cronograma dos anos
seguintes.

O que é atividade extraclasse: exemplos

O aprendizado precisa ir além da escola e da lição de casa. Portanto, cabe ao


educador criar algumas estratégias que farão a diferença na vida do estudante.
Os conteúdos ministrados em sala de aula precisam se consolidar na mente
dos alunos para melhorar o desempenho dos alunos de forma contínua. Veja alguns
exemplos de atividades extraclasse que você pode promover:

1. Pesquisas que envolvam análise

Para evitar que os alunos fiquem reféns de fontes específicas em livros ou em


uma busca no Google, promova o confronto de informações entre mais de uma fonte.
Você pode sugerir um tema e determinar uma quantidade mínima
de autores cujos trabalhos devem ser pesquisados, para que os alunos consigam analisar
a forma de pensar de cada um e, assim, chegar a uma conclusão.

Atividades que promovam o debate

O que os seus alunos pensam sobre um determinado tema? Sempre que for
possível e estiver dentro da sua proposta educacional, incite o debate e valorize a opinião
de cada aluno. Após todos se manifestarem, promova uma correção coletiva. A
importância desse tipo de atividade está em fazer com que os seus alunos se sintam
sujeitos ativos em relação ao seu posicionamento enquanto aprendizes.

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3. Associação dos temas estudados à realidade da região

Quando o conceito apresentado está associado à realidade da sua comunidade


ou cidade, o aluno enxerga com mais facilidade a aplicação em seu cotidiano.
Erros de ortografia podem ser procurados em placas de propaganda pelas ruas,
a matemática pode ser associada às taxas do banco dos pais de cada aluno ou a química
pode ser estudada a partir da composição dos alimentos vendidos na cantina.
Lembre-se: é muito importante incentivar o acompanhamento e estímulo da
família. Pais e responsáveis devem ser orientados acerca da importância da busca pelo
conhecimento, pois eles são os exemplos diários dos estudantes.
Cabe também à família levar o aluno a exposições, debates, visitas e locais
onde ele possa aprimorar o seu conhecimento sobre o que estudou e aprender coisas
novas.
Cabe ao educador não se limitar somente aos conceitos dos livros e sim ajudar
a criar uma rede de estímulo que provoque no aluno o despertar para o conhecimento. A
curiosidade está no estudante, basta incentivar!
As Atividades Teórico Práticas de Aprofundamento correspondem às diversas práticas
complementares às aulas incluindo cursos de extensão, palestras, visitas, grupos de estudos,
semanas e atividades culturais, projetos de extensão comunitária, dentre outras. As Atividades
Teórico Práticas de Aprofundamento deverão estar voltadas para a área educacional e poderão
ser desenvolvidas dentro e fora desta instituição, nos dias e horários mais diversos, evitando-se
sobreposição aos horários normais de aula (neste caso o aluno assume a respectiva falta)
O aluno é o vetor que traz para a escola o assunto, o tema. Analisa-se o
conhecimento à luz de quem aprende e não de quem ensina. Quanto à ação, tira-se o
foco do professor e passa-se para o aluno. Aprende quem faz e não quem ouve. A
diferença está entre professor que faz e professor que manda fazer.
Levar o aluno a agir facilita o desenvolvimento do método construtivista.
Ademais, a ação confere ao homem a superação de si mesmo. Ele é compelido a agir, é
de sua natureza. Mesmo sabendo-se mortal, mesmo sabendo-se um peregrino que
transita, temporariamente, por esse mundo, não sabe por qual elan extraordinário é
impulsionado a agir, a se estruturar, a deixar, na passagem, a sua contribuição.
A preocupação com a educação integral do aluno tem ensejado atividades
extraclasses, atividades que saiam do discurso da sala de aula e se materializam em
ações. O professor deve pesquisar processos educacionais diferenciados, perceber que

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educação não se confina a espaços escolares tradicionais. Levar os alunos a observações
locais, em diferentes pontos da cidade, ou de outras localidades, além de favorecer o
desenvolvimento de habilidades de pensar, de associar causa e efeito, de tomar decisões,
propicia vivenciar o companheirismo, a compreensão, o respeito. Vai tornar a teoria mais
perto da realidade, quebrar a distância entre conhecimento e vida, facilitar a comunicação.
Atividades organizadas fora da sala de aula complementam o trabalho do
professor. Não é recreação, as visitas têm objetivos determinados num momento do
currículo. Os caminhos para a aprendizagem são amplos, os estímulos diversificados,
tendo sempre que se ressaltar as potencialidades anunciadas pelo aluno.
A escola deve, também, considerar as atividades extraescolares, como a
formação de um coral, de um torneio de vôlei etc. e anexá-las às atividades curriculares.
Não é só em sala de aula que se aprende. A escola dedica-se, sob as mais diversas
formas, a um processo humano de crescimento, de conscientização dos valores perenes
da alma, do significado maior da vida. Numa de suas últimas palestras, Darcy Ribeiro
perguntava: “Será que se perdeu o sentido real do processo educativo, confundido com
ensino?”
Todos os momentos do processo educativo devem passar pelo processo de
avaliação, sejam os desenvolvidos em sala de aula ou fora dela. O professor precisa
avaliar como educador e não como um comunicador de informações, interessar-se pelos
alunos enquanto pessoas, valorizando suas atitudes e responsabilidade. A cada tópico,
deve o professor ter conhecimento do grau de assimilação do conteúdo e dos
comportamentos esperados, abrangendo, simultaneamente, informação e formação. Por
outro lado, a avaliação é, também, instrumento importante da integração do aluno no
processo de aprendizagem, na medida em que este dela participa ativa e
conscientemente, através de um sistema trabalhado de auto avaliação.
As atividades extraclasses, extraescolares favorecem a educação integral,
auxiliam o desenvolvimento dos aspectos comportamentais na formação de valores, ao
mesmo tempo que trabalham os aspectos quantitativos, as habilidades e as
competências.
Muitas escolas deixaram esse assunto de lado, elas focam apenas em matérias
como português, matemática, biologia, química, mas esquecem que a cultura
brasileira também deve ser trabalhada e é função da escola ensinar. Antigamente os
alunos aprendiam muito sobre a cultura brasileira, até mesmo o folclore.

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Não deixe de trabalhar esse assunto, por isso, veja a importância das
atividades culturais na escola. As atividades culturais podem ser de muitos estilos,
citamos o folclore, mas não é só essa cultura que pode ser trabalhada, é possível estudar
a cultura literária, a cultura artística, entre outras.
Só não deixe de aplicar esse assunto em sala de aula, muitas escolas
criam semanas culturais, durante esses dias os alunos vão trabalhar diversos temas e
depois apresentar para a escola toda em forma de feira cultural.
É muito interessante esse tipo de atividade, é uma forma de envolver os alunos
e proporcionar a inclusão entre eles. Por isso, converse na sua escola e crie formas de
trabalhar temas ligados a cultura com os alunos.
Não será preciso falar que a atividade cultural deve ser estudada, pois faz parte
da nossa cultura. Essa é uma iniciativa importante que a escola deve ter, ela visa
complementar a formação do aluno, um estudante não é feito apenas de matérias como
matemática, química, geografia e história. Todas as matérias são importantes sim, mas é
preciso aprender a cultura, por isso a importância das atividades culturais.
Com esse trabalho o aluno terá conhecimento da diversidade cultural do Brasil
e, por isso, irá se tornar um cidadão mais crítico e criativo. Estudar o folclore, por exemplo,
pode ser bobeira, mas ~e uma importante ferramenta no desenvolvimento da cultura de
uma país. Estudar a cultura literária brasileira vai ajudar os estudantes na criatividade, é
certo de que a cultura é muito relevante no desenvolvimento humano.
Além disso, a importância das atividades culturais na escola vai mais além,
essa atividade vai ajudar e permitir os alunos a desenvolver valores culturais e artísticos,
vão saber se expressar melhor e recuperar os valores humanos. O conhecimento básico
nessa área pode ser muito interessante.
É possível criar atividades culturais de várias formas, pode resgatar a cultura
fazendo trabalho com sucata, por exemplo. Com os maiores é possível fazer teatros e
trabalhos mais elaborados, a forma de trabalhar com seus alunos você pode escolher ou
encontrar a melhor forma com eles, só não deixe de trabalhar esse assunto.
A escola tem grande responsabilidade com essa formação, você já percebeu a
importância das atividades culturais na escola, por isso, não deixe de praticar o que
aprendeu. É através desse trabalho que, desde cedo, o adolescente poderá ter contato
com as diferentes manifestações que definem a identidade cultural do seu país. Como
professor você vai propagar à aprendizagem de técnicas e expressão artísticas, vai

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explorar diversos materiais e técnicas e proporcionar uma experiência única para os
alunos.
É por esses e muitos outros motivos que acreditamos que os projetos
culturais vão contribuir para a formação de adultos mais responsáveis e compromissados
com sua identidade. Se tiver alguma dúvida sobre o assunto não deixe de comentar, nós
podemos te ajudar a fazer um trabalho interessante com seus alunos. Sua escola já faz
esse trabalho? Conte como ele acontece e ajude outras escolas a fazer atividades
culturais também.
Dança, teatro, culinária, circo e até robótica. As atividades extracurriculares
oferecidas pelas escolas brasileiras são utilizadas para diversas finalidades, como
despertar a criatividade e o talento nos estudantes e melhorar o desempenho em sala de
aula. Para a presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Quézia Bombonatto,
as atividades complementam e enriquecem a vivência acadêmica e favorecem o processo
de formação.
Ela acredita que toda atividade cumprida dentro de um projeto pré-elaborado,
seja um trabalho de estimulação cognitiva nas diferentes áreas, seja de atividades de
desenvolvimento socioafetivo, traz um ganho significativo tanto no desempenho
acadêmico quanto na formação geral do indivíduo. Fazem parte desses trabalhos aulas
de reforço de conteúdo programático, oficinas de artes (teatro, música, artes plásticas,
dança), esportes, arte culinária, artesanatos, marcenaria e feiras culturais, entre outras
atividades.
Para desenvolvê-las, segundo Quézia, o professor deve acreditar que elas
farão diferença no desempenho dos alunos. E cabe às instituições proporcionar as
condições favoráveis ao professor. “As atividades devem sempre ser antecipadas por um
planejamento, a ser cumprido no sentido de se obter os resultados e as metas propostas
no projeto inicial”, avalia.
A especialista acredita que as atividades extracurriculares proporcionam ao
professor maior comprometimento com a prática docente. “Ele se sente mais valorizado
pelos alunos, que ficam mais envolvidos nas aulas” afirma. “As atividades também
favorecem a interdisciplinaridade e, dessa forma, uma aprendizagem mais significativa,
que permita vivenciar conceitos teóricos numa prática que traga sentido àqueles
estudados em sala de aula.

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Atividades Culturais no Contexto Escolar

As expressões culturais contribuem para o enriquecimento cultural e


crescimento pessoal dos alunos. Projetos culturais fazem parte de iniciativas importantes
dentro da escola para complementar a formação do aluno dando a ele um conhecimento
da diversidade cultural.
As atividades culturais devem propiciar ao aluno o conhecimento da
diversidade cultural da nossa cidade, estado e do nosso país e consequentemente a
formação de um cidadão crítico e criativo. E, além disso, precisam promover a
interdisciplinaridade e o trânsito entre os conhecimentos para propiciar uma educação
transformadora e responsável, preocupada com a formação e identidade do cidadão.
Para atingir a este propósito, a equipe da escola, precisa compreender que as
atividades culturais devem ser planejadas, em consonância com o Projeto Político-
Pedagógico, e que elas podem acontecer dentro ou fora do espaço escolar.
Quando realizadas fora da escola não podem ser consideradas como meros
passeios, devem promover a aprendizagem. Os espaços da cidade sejam os parques, as
bibliotecas, os cinemas e outros, devem ser utilizados como espaços educativos.
Os alunos precisam ser orientados quanto à utilização adequada dos espaços,
no que se refere ao comportamento ético, ao respeito, a valorização e a preservação do
patrimônio público. É importante, também, a orientação quanto a alimentação saudável, a
ingestão de água e a proteção solar, quando for o caso.
As atividades culturais desenvolvidas no espaço escolar não devem acontecer
apenas em eventos, festas ou datas comemorativas, devem fazer parte do Projeto
Político-Pedagógico, devem ser prática do cotidiano escolar e devem abordar as
diferentes manifestações artísticas, pois elas são formas de linguagem que permitem ao
aluno expressar sentimentos de diversas formas, podem propiciar a satisfação do aluno
com o ambiente escolar, contribuir para seu enriquecimento cultural e crescimento pessoal
e, ainda, podem oferecer condições para que progridam em seus estudos.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação em seu art. 2º preconiza: “A
educação...inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana,
tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da
cidadania” ...e no inciso II, art. 3º “O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios: II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber”.

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Nesse contexto a escola precisa trabalhar com valores e conhecimentos que
não podem ser transmitidos apenas em conteúdo específicos, mas principalmente através
das atitudes e dos gestos dos educadores no dia a dia da vivência escolar, contribuindo
para a formação de cidadãos capazes de conviver e respeitar a diversidade cultural seja
em âmbito local, regional ou nacional. A escola tem grande responsabilidade com essa
formação, pois através dela, desde cedo a criança e o jovem poderão tomar contato com
om as diferentes manifestações que definem a identidade cultural do seu país.

A METODOLOGIA DE PESQUISA CIENTÍFICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO


FUNDAMENTAL

Etimologicamente a palavra escola em grego significa lazer. Em contra partida,


perdeu-se completamente o sentido da escola como lugar para ter tempo para fazer coisas
que valem a pena. A escola está sendo corrompida pela avaliação. O aluno vai à escola
para tirar boas notas e passar de ano. O desafio hoje é fazer da escola um ambiente
amigável e solidário que oriente e acompanhe todo o percurso da aprendizagem e do
desenvolvimento social do aluno.
O ensino exige algo que não é mencionado em nenhum manual, mas que
Platão, filósofo ateniense, discípulo de Sócrates e nascido em 428 a.C., já havia acusado
como condição indispensável a todo ensino: o Eros, que é, a um só tempo, desejo, prazer
e amor; desejo e prazer de transmitir amor pelo conhecimento e amor pelos alunos. O
Eros permite dominar a fruição ligada ao poder, em benefício da fruição ligada à doação.
É isso que, antes de tudo mais, pode despertar o desejo, o prazer e o amor no aluno.
A escola que conhecemos hoje é herdeira da modernidade europeia em sua
estrutura, seus princípios de valores e seus conceitos. Esta escola baseia-se na
racionalização, que pode ser aberta, quando permite o questionamento, mas quando se
fecha passa a obedecer a um modelo mecanicista e determinista, o qual seria
supostamente capaz de dar lógica e sentido a todas as ações humanas, seja no plano de
instituições, seja no plano da vida privada e afetiva.
Sabemos que a imensa máquina da educação é rígida, inflexível, fechada,
burocratizada e, em cada tentativa de reforma, mínima que seja, a resistência aumenta.
Muitos professores optam por permanecerem instalados em seus hábitos e em suas
autonomias disciplinares acreditando em explicações mitológicas sem fundamentação
lógica de um saber científico e sem colocar em dúvida aspectos dessa crença,

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permanecendo domesticados pelos mitos que se fundem como: o instrucionismo, o
conteudíssimo, a transmissão e a reprodução, mantendo os alunos numa posição de
seres que gradativamente precisam abandonar a curiosidade, para aprender os conteúdos
que a escola quer que aprendam, cuja tônica reside fundamentalmente em matar nos
educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade (Freire:1982). Este modelo
de escola tem-se revelado insuficiente às necessidades de nosso tempo, pois cabe à
escola estar qualificada para colaborar no desenvolvimento educacional do aluno, uma
vez que vivemos em uma sociedade de múltiplas oportunidades de aprendizagem e torna-
se fundamental aprender a pensar autonomamente, trabalhar colaborativamente, articular
o conhecimento com a prática e com outros saberes, compreender o mundo e suas
transformações, situando-se como indivíduo participativo, agente do processo de ensino-
aprendizagem e não apenas como mero receptor de conteúdos compartimentalizados. E
nisso Paulo Freire (2005:98) é enfático: Não podemos existir sem nos interrogar sobre o
amanhã, sobre o que virá, a favor de que, contra que, a favor de quem, contra quem virá;
sem nos interrogar em torno de como fazer concreto o “inédito viável” demandando de
nós a luta por ele. Faz-se necessário um outro modelo que, inspirado no respeito
democrático ao educando como um dos sujeitos do processo do ato de ensinar e
aprender, possa fazer surgir o momento curioso e criador para construir um conhecimento
significativo e real, e com isso, conscientizar-se de seu papel como cidadão, para exercer
a cidadania desde a infância, optando por posicionar-se como parte integrante do meio
ambiente, responsável pelas interferências e transformações realizadas pelo homem.
A aplicação da metodologia de pesquisa científica em sala de aula implica em
problematizar o conhecimento, o que suscita a organização e a sistematização do que foi
estudado e do que foi aprendido. Estudar é realmente, um trabalho difícil. Exige de quem
o faz uma postura crítica, sistemática. Exige uma disciplina intelectual que não se ganha
a não ser praticando-a A atitude crítica no estudo é a mesma que deve ser tomada diante
do mundo, da realidade, da existência. Uma atitude de adentramento com a qual se vá
alcançando a razão de ser dos fatos cada vez mais lucidamente (Freire:1982). Disso se
deduz que para aprender é preciso fazer perguntas, é preciso inventar hipóteses para
respondê-las, é preciso buscar argumentos para sustentar pontos de vista, é preciso se
posicionar sem medo do desconhecido. A problematização é um momento vital no
processo de ensino e aprendizagem, pois é a expressão viva de que o ato de conhecer,
de aprender, exige do homem uma postura impaciente, inquieta, indócil (Freire:1983).
Requer, portanto, que o educando formule hipóteses e elabore a problematização da

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realidade, que seu saber já constituído viva um confronto com o não saber, que é uma
experiência significativa, mas incômoda, que exige um confronto com as descobertas à
medida que se faz as investigações que permitirão a coleta de dados, a tabulação e
análise desses dados para sistematização e socialização dos resultados.
Sendo a metodologia de pesquisa científica uma das maneiras de se construir
conhecimentos sobre o problema que se quer elucidar, e o conhecimento organizado a
ferramenta que dá ao sujeito condições para estudar e investigar tal problema, ambas
devem proporcionar ao aluno a oportunidade de desenvolver sua autonomia para, a partir
da escola, ir além dela e alçar voos próprios frente aos contínuos desafios dos novos
conhecimentos produzidos pela Ciência.
No decorrer do processo de investigação, a pesquisa poderá ser de caráter: -
documental: realizada em documentos encontrados em igrejas, partidos políticos,
sindicatos, instituições, escolas, delegacias, universidades, como: cartas, fotos, diários;

- bibliográfico: realizada em material impresso como livros, dicionários, enciclopédias,


jornais, revistas, Internet, dentre outras fontes;
- experimental: realizada através de experimentos onde o aluno observará, coletará
dados e obterá o resultado final; -
- pesquisa de campo: desenvolvida por meio da observação direta em atividades extra
classe onde o aluno realizará entrevistas, elaborando previamente questões, assistirá
palestras com especialistas para obter informações sobre as investigações em curso.
Ao realizar o projeto de pesquisa, os alunos contemplam no processo de
investigação as modalidades da pesquisa, que estão conectadas ao currículo escolar.
Adriana Dickel (1998:33) evidencia a importância de saber raciocinar a fim de encontrar
saídas para situações inesperadas e ainda incógnitas. Afirma que, a pesquisa talvez seja,
nesse contexto de escola pública, a possibilidade de o professor tomar a si o direito pela
direção de seu trabalho, comprometendo-se com a busca de uma sociedade justa, torná-
lo capaz de provocar em seus alunos a capacidade de inventar um mundo alternativo.
Para tanto, a crítica ao trabalho pedagógico, à escola e à realidade, associada a um
empenho em buscar nos conhecimentos produzidos pelos professores e pelas crianças o
que há de novo e potencialmente capaz de construir nessa luta, são fundamentais. Ao
privilegiar a autonomia no desenvolvimento da pesquisa, o educando se vê como sujeito,
movido pela curiosidade assumindo a postura de alguém que já pode dizer com confiança
a respeito do que sabe e aprendeu, que pode ser o prenuncio do processo de formação

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da competência histórica humana e social para realizar seu projeto de vida em sociedade.
Ou seja, no circuito escola - sociedade, a escola não pode mudar tudo e nem pode mudar
a si mesma sozinha. Ela está intimamente ligada à sociedade que a mantém, em que uma
produz a outra. Qualquer intervenção que modifique um dos termos tende a provocar uma
modificação no outro, chegando a um impasse segundo Morin: (2005: 99) não se pode
reformar a instituição sem uma prévia reforma das mentes, mas não se podem reformar
as mentes sem uma prévia reforma das instituições.
Ainda para Morin, (2002:29) as sociedades domesticam os indivíduos por meio
de mitos e ideias, que, por sua vez, domesticam as sociedades e os indivíduos, mas os
indivíduos poderiam reciprocamente, domesticar as ideias, ao mesmo tempo em que
poderiam controlar a sociedade que os controla. É um novo saber que nasce como
resposta a uma pergunta; os saberes são constituídos pelos homens como respostas a
questões, como soluções de problemas para melhor entender o mundo. O próprio mundo
se apresenta como o maior palco para o aprendizado: eis um laboratório vivo e
infinitamente rico em possibilidades. A representação de escola está ligada ao prazer de
melhor entender o mundo, de se sentir inteligente, de se sentir capaz de fazer as coisas,
de estar incluído socialmente. Esse sistema de relações não está estritamente ligado
somente pela identidade do sujeito que os detém, mas é a base a partir da qual se
constroem proposições coerentes (ou não), se desenvolvem descrições mais ou menos
exatas e se efetuam verificações onde se desdobram teorias.
O projeto de pesquisa em sala de aula busca evidências para o diálogo como
base de desenvolvimento para atingir o conhecimento através da pesquisa, com uma
metodologia que propicie a troca de saberes, ao valorizar as participações do aluno, dos
professores e das ciências envolvidas. Assim, o questionamento que aponta para a
autoridade do argumento e a habilidade de saber pensar e fundamentar, devem permitir
que o aluno desconstrua o conhecimento e o reconstrua com mão própria, o que fortalece
o desenvolvimento da autonomia e da criticidade, incentivando a observação, o registro,
a comparação, a investigação, que favorecem a solução de problemas reais de seu
cotidiano, utilizando a linguagem para a generalização em diferentes situações e
contextos e a reconceitualização das experiências vividas, preparando-se para a
intervenção na sociedade pautado no conhecimento, na solidariedade, no respeito e na
tolerância. Nesse desenvolvimento da democracia do conhecimento, que só é possível
através da reorganização do saber, é prioritária uma reforma do pensamento que permita

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não apenas isolar para conhecer, mas também ligar o que está isolado pelo esmagamento
disciplinar.
Assim, torna-se possível ir além da discussão e da reflexão, uma vez que,
nesses momentos, ocorre o trânsito de ideias, concepções e propostas permitindo que
ocorra a produção de conhecimento, criando situações onde a prática dos próprios
professores emerge para ser refletida e analisada; onde as dúvidas, o não saber, as
inquietações vão sendo colocadas para serem compartilhadas, onde a busca de uma
melhor compreensão teórica sobre os problemas apresentados vai sendo assumida
coletivamente, onde o compromisso com o saber mais, para uma ação mais competente,
vai se manifestando de uma forma mais despojada e corajosa, vai sendo assumida de
forma mais autônoma e consciente, aumentando as possibilidades de êxito na resolução
dos problemas colocados pela prática pedagógica.
A atividade educacional é acompanhada de forma reflexiva e crítica, de modo
a explicitar os seus fundamentos, esclarecendo a contribuição das diversas disciplinas
pedagógicas e avaliando o significado das soluções escolhidas, evidenciando a
construção de uma metodologia de ensino, sedimentada na pesquisa-ação. Ou seja, a
Educação, numa perspectiva teórica e de efetiva prática cotidiana, situa-se como ponto
de partida. Os caminhos percorridos pelo professor nesse trânsito entre saberes tornam
possível a reflexão desse trajeto em sala de aula, que passa a figurar também como ponto
de chegada.

FEIRA DE CONHECIMENTO COMO ESPAÇO NÃO FORMAL DE ENSINO: UM ESTUDO


COM ALUNOS E PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL

O termo Feira é aplicado geralmente para indicar locais onde se expõem e se


vendem mercadorias. As Feiras de Ciências ocorrem em locais públicos onde os alunos,
após uma atividade de investigação científica, expõem e discutem suas descobertas e
resultados, podendo também colocá-lo a disposição da comunidade. Isso possibilita aos
alunos expositores oportunidades de crescimento científico, cultural e social. Atualmente,
essas exposições têm-se tornado cada vez mais frequentes nas escolas, sejam estas
públicas ou particulares, de ensino fundamental ou médio.
A realização de Feiras de Ciências é perfeitamente justificada ao considerar-
se: os objetivos de Ensino de Ciências: desenvolvimento do pensamento lógico; vivência
do método científico; universalidade das leis científicas; conhecimento do ambiente e a

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sondagem de aptidões; a preparação para o trabalho e a integração do indivíduo na
sociedade (PEREIRA,2000).
Pereira(2000) entendeu que os objetivos da realização de Feiras de Ciências
vão além da criticada ênfase na “formação de pequenos cientistas”:
“Como estratégia de ensino, as Feiras de Ciências são capazes de fazer com
que o aluno, por meio de trabalhos próprios, envolva-se em uma investigação científica,
propiciando um conjunto de experiências interdisciplinares, complementando o ensino-
formal. Como empreendimento social-científico, as Feiras de Ciências podem proporcional
que os alunos exponham trabalhos por eles realizados à comunidade, possibilitando um
intercâmbio de informações”. (p. 38, PEREIRA, 2000)
Segundo Pereira(2000), as Feiras de Ciências têm como objetivos propiciar
um conjunto de situações de experiências que possibilitem:

....incentivar a atividade científica; favorecimento da realização de ações


interdisciplinares; estimular o planejamento e execução de projetos; estimular o
aluno na busca e elaboração de conclusões a partir de resultados obtidos por
experimentação; desenvolver a capacidade do aluno na elaboração de critérios
para compreensão de fenômenos ou fatos, pertinentes a qualquer tipo, quer
cotidiano, empírico ou científico; proporcionar aos alunos expositores uma
experiência significativa no campo sócio científico de difusão de
conhecimentos;integração da escola com a comunidade, (p.20, PEREIRA, 2000)

A teoria de Vigotski

A teoria sócio interacionista de Vigotski, de acordo com Gaspar (1998) traz


instrumentos e subsídios para a compreensão e análise do processo ensino-
aprendizagem que se desenvolve em ambientes não-formais ou informais de ensino.
Vigotski empenhou-se na busca do entendimento sobre os mecanismos pelos quais a
cultura torna-se parte integrante da natureza de cada ser humano. Vigotski tornou-se o
principal expoente da abordagem psicológica histórico-cultural, que concebe o sujeito
socialmente inserido num meio historicamente construído. Enquanto veiculador da cultura,
o meio se constitui em fonte de conhecimento. Nessa teoria enfatizam-se as interações
sociais em relação à ocorrência do processo de ensino-aprendizagem e uma Feira de
Ciências possui a interação como uma de suas características.
Segundo Vigotski, os processos mentais superiores (pensamento, linguagem e
comportamento volitivo) tem origens em processos sociais, sendo assim, o
desenvolvimento cognitivo do ser humano não pode ser entendido sem referência ao

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contexto social que, segundo sua teoria, esse desenvolvimento é uma conversão entre
relações sociais e estruturas mentais. Gaspar (1993) entendeu que esta teoria postula que
o desenvolvimento mental do ser humano parte do inter para o intrapsíquico, ou seja, da
interação social para interiorizar-se no indivíduo, em função, basicamente, da
interiorização da fala. Nesta, considera-se o conceito de desenvolvimento da zona
proximal, que corresponde à diferença entre o nível de desenvolvimento atual e o nível de
desenvolvimento que pode ser alcançado com o auxílio de alguém mais capacitado, esta
interação social é imprescindível no processo ensino-aprendizagem. Em relação ao
desenvolvimento cognitivo que se refere à maneira como se desenvolvem os conceitos
espontâneos ou científicos, segundo Vigotski, esses conceitos se desenvolvem em
sentidos opostos, dos níveis de maior complexidade para os de menor complexidade,
sendo assim, a visita às exposições de Feiras de Ciências poderiam potencializar o
avanço do conhecimento de seus visitantes introduzindo-os ao aprendizado de conceitos
científicos.

ATIVIDADES EDUCATIVAS EXTRACLASSE: COMO PROMOVÊ -LAS NA SUA


ESCOLA?

As atividades educativas extraclasse influenciam diretamente


o aprendizado dos alunos, sendo forte aliadas dos professores. As ações que exploram
ambientes externos despertam a criatividade, além de estimularem a busca pelo
conhecimento.
Entretanto, a forma de implementação de atividades educativas e pedagógicas
como essas acaba se transformando em uma dificuldade no dia a dia dos profissionais da
educação. Afinal, qual é a melhor opção para iniciar essa metodologia? A promoção de
atividades extracurriculares deve se restringir a alguma ação específica? Existe alguma
recomendação certeira?
São vários os questionamentos que permeiam o tema, por isso, separamos
várias dicas para te ajudar a entender a importância de desenvolver atividades educativas
extraclasse e como implantá-las na rotina escolar. Confira!

O que são atividades educativas

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O conceito de atividades educativas se baseia na criação de situações de
aprendizagem pelo professor. Elas possuem o intuito de elevar a possibilidade de que os
alunos tenham contato com experiências que os permitam atingir os objetivos
educacionais. Essas atividades educacionais podem consistir em experiências durante as
aulas ou extraclasse.

Ampliando as experiências

Você sabe qual é o método mais eficiente para o aprendizado?


A verdade é que não existe uma resposta específica para esse
questionamento. Por outro lado, a implementação de atividades educativas extraclasse
auxiliam (e muito) na consolidação do conhecimento. Vivenciando momentos únicos, os
alunos têm a possibilidade de efetivamente experimentar conceitos e situações
apresentados em sala de aula, associando assim a teoria à prática.
Ao estabelecer aulas mais dinâmicas e inovadoras, tanto os alunos quanto
professores, podem utilizar da criatividade e liberdade para gerenciar os conteúdos
lecionados. Essa prática garante aos alunos aulas mais divertidas e descontraídas, que
possivelmente resultarão em melhores resultados e desempenhos durante todo o ano
letivo.

Equilibrando o conteúdo

É indiscutível a importância das atividades educativas extracurriculares como


ferramentas auxiliadoras no processo de aprendizado. Entretanto, lembre-se de que é
preciso balancear essas atividades com o conteúdo ensinado internamente, visto que são
itens complementares na grade curricular.

Exemplos de atividades educativas

Está claro o real valor de utilizar as atividades educativas fora da sala de aula
para o andamento das aulas. Mas qual delas utilizar? Confira alguns exemplos que podem
ser introduzidos facilmente em sua instituição:

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Visitas educativas

Crianças e adolescentes são fascinados por atividades que os transportam


para uma outra atmosfera. Por isso, vale organizar visitas a museus, zoológicos e
planetários. O importante é que a atividade esteja correlacionada com algum assunto
tratado em sala de aula.
Para efetivar a proposta, elabore juntamente com a equipe pedagógica um
planejamento adequado e detalhado sobre o caráter didático da atividade.
Posteriormente, apresente toda a programação aos diretamente envolvidos, incluindo o
local escolhido e a possível data da visita.

Artes em geral

Que tal promover um dia só de artes? Pense em um conteúdo propício para ser
trabalhado de forma interdisciplinar e sugira aos professores. A apresentação de um
musical formado por coral, peça de teatro e show de talentos são algumas das inúmeras
alternativas disponíveis para exercitar o lado criativo e as habilidades artísticas dos
estudantes. Como essas atividades geralmente são realizadas no auditório da escola,
será muito mais fácil conseguir a autorização da diretoria para realizar o projeto.

Jogos Educativos

Na maioria das vezes, jogos e brinquedos são utilizados com um único fim, a
diversão. Entretanto, trazer essas ferramentas para a sala de aula pode proporcionar ao
educador um maior engajamento dos seus alunos e ao mesmo tempo promover o ensino
de uma forma mais lúdica.
Dessa forma, é possível unir a brincadeira com o material
pedagógico. Olimpíadas do conhecimento, gincanas, quizzes e competições entre os
alunos são boas formas de trazer jogos educativos para a sala de aula.

Simulados

O intuito é criar estratégias que aprimorem o ensino. Clássicos nos colégios


que buscam notas elevadas nos processos seletivos, os simulados são aplicados em

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horários extraclasse e consistem em um mecanismo fundamental no processo de
aprendizado.

A interdisciplinaridade nas discussões teóricas

Influenciados pela era da modernidade vive-se o processo da atomização dos


saberes e o parcelamento das tarefas reforçando-se a tendência da especialização e a
compartimentação dos conhecimentos, ao mesmo tempo em que é visível a sua crescente
complexificação. Essa tendência tem chegado ao ensino básico a partir do momento em
que o saber passou a ser organizado em disciplinas, influência recebida em grande parte
dos modelos universitários pautados no pensamento cartesiano, o que nos coloca em
situação de perda do sentido da globalidade (MAINGAIN; DUFUOR, 2008).
A separação do conhecimento em grandes áreas foi estimulada pela teoria
mecanicista de Descartes quando propõe o problema do conhecimento, determinado por
dois campos de conhecimento totalmente separados e distintos, reconhecido como sujeito
e objeto (MORIN; LE MOIGNE, 2000). Tal separação exerceu forte influência no processo
de aquisição, construção e disseminação do conhecimento em geral, inclusive no campo
da educação, bem como na estruturação do currículo escolar em disciplinas,
estabelecendo fronteiras entre elas (MORAES, 2000).
As fronteiras disciplinares, que tendem a delimitar os espaços se “[...] tornam
compartimentadas e impedem o contato, a circulação e o diálogo com as outras
disciplinas, freando os movimentos interdisciplinares e resistindo às novas teorias
provenientes do exterior”.
Em nosso país a interdisciplinaridade ganha destaque ao final dos anos de
1960 com a publicação da obra “Interdisciplinaridade e Pedagogia do saber” de Hilton
Japiassu (1976), influenciado pelas publicações de Georges Gusdorf na Europa, onde
estava acontecendo, por parte de alguns professores e alunos universitários,
reivindicações em prol da interdisciplinaridade. Esse movimento registra um processo de
questionamento dos métodos tradicionais de ensino, que subdivide as áreas do
conhecimento, assim como as barreiras existentes entre as disciplinas. Posteriormente,
essas reflexões são ampliadas por teóricos, como:
Fazenda (1991, 2003, 2008, 2009, 2011), Lück (1994), Trindade (2008), entre
outros. Entre os documentos oficiais normativos que regulamentam a educação brasileira
que destacam a interdisciplinaridade, é possível mencionar: a Lei de Diretrizes e Bases

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(LDBEN) nº 5.692/71, a Lei de Diretrizes e Base para a Educação (LDB) nº 9.394/96 e,
em específico no Estado do Paraná as Diretrizes Curriculares da Educação Básica, entre
outros. Estes últimos, em consonância com autores da área, advertem sobre a
necessidade de se discutir e refletir a interdisciplinaridade de forma a ultrapassar as
tradicionais organizações disciplinares em busca de propostas cada vez mais
interdisciplinares e contextualizadas.
Se olharmos, entretanto, para nossa realidade marcada pela era da informação
e dos saberes contextualizados, a nossa realidade educacional na grande maioria, ainda,
se pauta no método tradicional em favor da fragmentação do conhecimento. Método esse
que se limita apenas a mera justaposição das disciplinas sujeitando o objeto de estudo a
simples adição de informações. Como já afirmado por Lück (1994) em nosso contexto
educacional há uma “[...] despreocupação por estabelecer relação entre ideias e realidade,
educador e educando, teoria e ação, promovendo-se assim a despersonalização do
processo pedagógico.” (p. 30).
Desse modo torna-se imprescindível discutir a interdisciplinaridade dentro do
espaço escolar, procurando superar as fronteiras disciplinares, consideradas por Japiassu
(1997, p. 30) como forma mais adequada para resolver “o sintoma da situação patológica”
que se depara atualmente o saber.
Para Japiassu (1976) a interdisciplinaridade define-se e elabora-se através de
uma crítica das fronteiras das disciplinas, de sua compartimentalização, proporcionando
uma grande esperança de renovação e de mudança no domínio da metodologia das
ciências humanas. Trata-se de explorar as fronteiras das disciplinas e as zonas
intermediárias entre elas. Segundo o mesmo autor, a característica central da
interdisciplinaridade consiste no fato de que está se incorpora aos resultados de várias
outras disciplinas.
Distingue-se pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de
integração real das disciplinas, no interior de um projeto específico de pesquisa ou de
ensino, com o propósito de desenvolver um conhecimento integrado, onde cada disciplina
saia enriquecida.
De acordo com Fazenda (2009) a interdisciplinaridade se configura como uma
nova atitude perante a questão do conhecimento. Segundo a autora está se dá na
interação entre duas ou mais disciplinas, no estabelecimento de relações recíprocas e
mutualidade num regime de copropriedade que permite formas de diálogos e intercâmbios
entre os que estão envolvidos no processo, onde o conhecimento dos conteúdos de cada

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disciplina saia mais fortalecido. Entende, para a autora, que tal atitude é “[...] assumida no
sentido de alterar os hábitos já estabelecidos na compreensão dos conhecimentos” (p. 29)
entre professores e alunos.
Fazenda (1996) compreende a interdisciplinaridade na esfera da educação,
como meio de estabelecer condições para melhorias da qualidade de ensino, por propiciar
a formação integral do sujeito. Muito embora, o sucesso de tal formação dependa muito
das medidas tomadas pelos educadores em relação ao estabelecimento continuo de
diálogos entre suas disciplinas e que promovam a integração entre o conhecimento e a
realidade concreta, ou seja, as expressões da vida, que fazem parte de todas as áreas do
conhecimento, extinguindo as barreiras existentes entre os conhecimentos produzidos.
Através da interdisciplinaridade produzimos novos saberes capazes de nos propiciar um
novo entendimento sobre nossa realidade social, pois os conhecimentos possíveis nessa
perspectiva não se dão só em relação aos conteúdos disciplinares, mas em relação a
formação humana do sujeito. Para Marinho (2004) o objetivo deve ser o de transformar o
espaço escolar em um ambiente de aprendizagem e, não apenas, de transmissão de
informações, em que o aluno seja desafiado a solucionar problemas, para além de um
conhecimento estático.

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REFERÊNCIAS (ALGUMA SUGESTÕES)

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docente: limites e possibilidades – o CSFP em questão. Educação, v. 32, n. 3,
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