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CRÍTICA LITERÁRIA PSICANALÍTICA DO LIVRO HAMLET: O

PRÍNCIPE DA DINAMARCA

Luana dos Santos Gonçalves


Pós-Graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional
Faculdade de Ciências de Wenceslau Braz

RESUMO

A crítica literária é a arte de julgar ou apreciar produções artísticas. No estudo em


questão apresentaremos os fundamentos da corrente crítica literária psicanalítica e sua
aplicação no livro Hamlet: O príncipe da Dinamarca. Essa corrente é alicerçada na
psicanálise, especialmente com respeito ao trabalho de Freud. O movimento moderno
da teoria crítica resultou na analise da obra em seus elementos intrínsecos (personagens,
estrutura). Para Freud, a literatura é vista como o cumprimento do desejo ou da
satisfação da fantasia de desejos negados pelo princípio da realidade ou proibidos pela
sociedade. Antes de 1910 o Complexo de Édipo já era admitido na linguagem
psicanalítica. Entre 1920 e 1923, Freud remodela a teoria do aparelho psíquico e
introduz os conceitos de Id, Ego e Superego para referir aos três sistemas da
personalidade.

Palavras-chave: Psicanálise; Complexo de Édipo; Ego; Superego; Id; Hamlet.

ABSTRACT
PSYCHOANALYTIC LITERARY CRITIQUE OF THE BOOK
HAMLET: THE PRINCE OF DENMARK
Literary criticism is the art of judging or appreciating artistic productions. In the study
in question we shall present the foundations of the critical literary psychoanalytic
current and its application in the book Hamlet: The Prince of Denmark. This current is
grounded in psychoanalysis, especially with respect to Freud's work. The modern
movement of critical theory resulted in the analysis of the work in its intrinsic elements
(characters, structure). For Freud, literature is seen as the fulfillment of the desire or
satisfaction of the fantasy of desires denied by the principle of reality or forbidden by
society. Before 1910 the Oedipus Complex was already admitted into psychoanalytic
language. Between 1920 and 1923, Freud reshaped the theory of the psychic apparatus
and introduced the concepts of Id, Ego, and Superego to refer to the three systems of
personality.

Keywords: Psychoanalysis; Oedipus complex; Ego; Super ego; Id; Hamlet.


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INTRODUÇÃO

Criticar é a arte de julgar ou apreciar produções ou manifestações de caráter


diverso. É uma avaliação baseada nos princípios e no modo de vida daquele que julga.
A crítica pode ser utilizada a partir do conhecimento prático ou teórico. O conhecimento
prático é produto da natural experiência da vida, ao passo que o teórico é produto da
elaboração mental dessa experiência, em termos científicos ou filosóficos.
Literatura é a arte de compor obras em verso ou prosa, constitui um conjunto de
trabalhos artísticos de um país, de uma época ou de um indivíduo em sociedade. Na
literatura a crítica, baseada num conhecimento teórico, surge para análise dos elementos
intrínsecos (personagens, estruturas) e extrínsecos (sociedade, história) da obra e por
razões que comuniquem a singularidade e especificidade artística.
A crítica literária dividiu-se em atividades reflexivas denominadas correntes
críticas. Tais correntes buscam interpretar a natureza dos textos, por meio da
psicanálise, história, antropologia, filosofia, lingüística, sociologia, hermenêutica,
semiótica. No estudo em questão apresentaremos os fundamentos da corrente crítica
literária psicanalítica e sua aplicação numa obra. Essa corrente é alicerçada na
psicanálise, especialmente com respeito ao trabalho de Freud.
A psicanálise consiste num método de investigação, caracterizado pelo método
interpretativo, que busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de ações
e palavras ou pelas produções imaginárias, como os sonhos, os delírios, as associações
livres, os atos falhos. Na Literatura ela é aplicada como método subjetivo e simbólico,
que tem por objetivo explorar e revelar o conteúdo que está por baixo do texto, mas sem
afirmar nada.

CORRENTE DA CRÍTICA LITERÁRIA PSICANALÍTICA

Origens

Do final do século XIX até ao início do século XX, a crítica literária era
analisada a partir das causas e elementos extrínsecos (histórico, sociológico e
biográfico). A obra literária era visualizada como um documento de uma raça, época ou
sociedade. No decorrer das décadas, principalmente após a Primeira Grande Guerra
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(1914-1918), quando novos tempos se fundaram, os artistas ao desejarem romper os


padrões buscaram suporte também na psicanálise. O movimento moderno da teoria
crítica resultou na analise da obra em seus elementos intrínsecos (personagens,
estrutura).
Sigmund Freud (1856-1939) iniciou a sistematização da psicanálise em 1897.
Ele ousou colocar as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem,
como problemas científicos. Durante toda a sua vida Freud dedicou-se à publicação de
sua extensa obra, relatando suas descobertas e formulando leis gerais sobre a estrutura e
o funcionamento da psique humana. Em 1905 em Viena (Áustria) Freud reuniu em
torno de suas teorias um grupo de pesquisadores, dentre eles Alfred Adler (Viena),
Wilhelm Steckel (Áustria), Ernest Jones (Grã-Bretanha) e Sandor Ferenczi (Budapest).
E em 1907 formou-se o grupo de Zurique (Suíça) com Eugen Breuler (Suíça), reunindo
Carl Gustavo Jung (Suíça), Rillin, Meier e Karl Abraham (Berlim). Em 1908 os dois
grupos de Viena e Zurique publicaram uma revista. KUPFER (1995)
Carl Gustavo Jung e Freud fizeram uma viagem aos EUA e no seu retorno, em
1910, iniciaram em Viena o I Congresso de Psicanálise de onde surgiram as bases para
a fundamentação da Associação Psicanalítica Internacional (API ou em inglês IPA). No
entanto, em 1911, no congresso de Weimar (Alemanha), já aconteciam as primeiras
divergências. Adler e Jung por discordarem da exagerada importância que Freud dava
ao comportamento sexual como causa das neuroses, renunciaram e foram expulsos da
API. Independente do contratempo, Freud manteve sua pesquisa direcionada a explicar
os mecanismos inconscientes com base na sexualidade. MEZAN (1991).
A psicanálise enquanto método investigativo consiste na busca do significado
oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelas produções
imaginárias, como os sonhos, os delírios, as associações livres, os atos falhos. Para
Freud, a literatura é vista como o cumprimento do desejo ou da satisfação da fantasia de
desejos negados pelo princípio da realidade ou proibidos pela sociedade. Relata que o
objetivo da crítica psicanalítica é revelar o conteúdo oculto do texto, que se esconde e
determina o conteúdo manifesto.
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Precursores

Sigmund Freud considerado pai, fundador, e alicerce histórico da psicanálise foi


um médico vienense pesquisador e estudioso dos fenômenos psíquicos que transformou
o modo de pensar a vida psíquica. Ele ousou colocar as fantasias, os sonhos, os
esquecimentos, a interioridade do homem, como problemas científicos. A investigação
desses problemas levou Freud à criação da Psicanálise. Nasceu aos seis de Maio de
1856 (Freiberg, hoje Pribor, Moravia Áustria). Judeu, aos quatro anos acompanhava
seus pais em mudança para Viena onde morou até mudar-se para Londres (fugindo das
perseguições do Regime Nazista). Aos dezessete anos ingressou na Universidade e
formou-se em medicina em 1881, especializou-se em Psiquiatria. Trabalhou algum
tempo em um laboratório de Fisiologia e deu aulas de Neuropatologia no instituto onde
trabalhava. Por dificuldades financeiras, não pôde dedicar-se integralmente à vida
acadêmica e de pesquisador. Começou a clinicar, atendendo pessoas acometidas de
“problemas nervosos”. Obteve ao final da residência médica uma bolsa de estudos para
Paris, e a partir dessa oportunidade trabalhou com Jean Charcot, psiquiatra francês que
tratava as histerias com hipnose, método onde o paciente é induzido a um estado
alterado da consciência para investigação de sintomas. Em 1886, retornou a Viena, seu
contato com Josef Breuer, médico e cientista, também foi importante para a
continuidade de suas investigações. Breuer usava o método catártico, tratamento que
possibilita a liberação de afetos e emoções ligadas a acontecimentos traumáticos que
não puderam ser expressos na ocasião da vivência desagradável ou dolorosa, eliminando
assim os sintomas. KUPFER (1995)

Carl Gustav Jung nasceu em julho de 1875 em Kesswil, Suíça. Filho do pastor
luterano Johann Paul Achiles Jung e Emille Preiswerk que sofria de distúrbios
emocionais e tinha humor bastante instável. Na sua juventude lia teologia e filosofia na
biblioteca de seu pai, viveu uma infância voltada para o seu mundo interior. Em 1895
entrou no curso de medicina da Universidade de Basiléia. Em 1900 especializou-se em
psiquiatria e trabalhou na clínica psiquiátrica Burghöolzli em Zurique como assistente
de Eugen Bleuler que o incentivava em suas pesquisas. Em 1906 começou a
corresponder-se com Sigmund Freud, vindo a conhecê-lo pessoalmente em 1907 em
Viena. Porém, a relação entre Freud e Jung foi rompida em 1913 diante da não
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aceitação de Jung de que as causas dos conflitos psíquicos eram sempre de natureza
sexual. Em 1910 foi fundada a Associação Internacional de Psicanálise sendo Jung
eleito seu primeiro presidente, cargo que renunciou em 1914. De 1921 a 1946, Jung
dedicou-se ao seu trabalho psicoterapêutico, a aprofundar as suas pesquisas e à sua
atividade de professor, renunciando sua atividade docente em 1944 quando sofreu um
infarto. Em 1948 foi fundado o Instituto Carl Gustav Jung, em Zurique. Em 1951 fez
sua última conferência. Em 1955 morreu sua esposa. Em 1957 começou a escrever com
Aniela Jaffé a obra autobiográfica Memórias, sonhos, reflexões, obra que de acordo
com a vontade de Jung só foi publicada após a sua morte que aconteceu em 06 de junho
de 1961. Carl Gustav Jung foi o criador da psicologia analítica e reconhecido como um
dos grandes nomes da nossa história deixando como legado uma grande contribuição
para a psicologia e psiquiatria. JUNG (2002)

Principais conceitos e/ou ideias

Antes de 1910 o Complexo de Édipo já era admitido na linguagem psicanalítica,


é um conjunto de desejos amorosos e hostis que a criança experimenta relativamente
aos pais. Esse complexo é vivido no seu período máximo entre os três e os cinco anos,
revivido na puberdade e superado com maior ou menor êxito numa escolha de objeto.
Desempenha um papel fundamental na estruturação da personalidade e na orientação do
desejo humano.
Funciona da seguinte forma: A mãe é o objeto de desejo do menino, e o pai é o
rival que impede seu acesso ao objeto. Ele procura então ser o pai para ter a mãe,
escolhendo-o como modelo de comportamento do objeto de desejo, passa a internalizar
as regras e as normas sociais representadas e impostas pela autoridade paterna. Com o
passar da idade, por medo da perda do pai, “desiste” da mãe, isto é, a mãe é “trocada”
pela riqueza do mundo social, objetivos, interesses.
Entre 1920 e 1923, Freud remodela a teoria do aparelho psíquico e introduz os
conceitos de Id, Ego e Superego para referir aos três sistemas da personalidade. O Id
constitui o reservatório da energia psíquica, é onde se “localizam” as pulsões da vida e
da morte. É regido pelo princípio do prazer. Conhecido também como reservatório de
pulsões animais.
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Ego é o sistema que cuida dos interesses da pessoa. É regido pelo princípio da
realidade e do prazer. Guia o funcionamento psíquico, é um regulador do prazer que
busca satisfação plena, considerando as condições objetivas da realidade. As funções
básicas são: percepção, memória, sentimentos e pensamentos.
O Superego origina-se a partir da internalização das proibições, dos limites e da
autoridade. A moral e o ideal são funções do Superego. Seu conteúdo refere-se a
exigências sociais e culturais. Está ligado ao sentimento de culpa (gerado na passagem
pelo Complexo de Édipo), quando um indivíduo sente-se culpado por algo que fez,
alguma coisa considerada má por alguém importante para ele, como o pai que venha
puni-lo, causando a perda do amor e do cuidado desta figura de autoridade. O medo
dessa perda leva-o a evitar o desejo ou atitude considerada má, mas a vontade continua,
por isso ainda existe a culpa. Bleichmar (1984)

Exemplo de aplicação em uma obra literária

Em 1600 William Shakespeare escreveu alguns dramas históricos e comédias,


entre eles “Hamlet, o príncipe da Dinamarca”. A tragédia retrata a história de Hamlet,
um príncipe que por volta de 1600, após a morte de seu pai, rei da Dinamarca,
encontrava-se perplexo pela falta paterna, mas principalmente pelo relacionamento
incestuoso entre sua mãe a rainha Gertrudes e seu tio Cláudio, irmão do finado rei.
Hamlet encontrava-se inconsolável e amargurado. Mas em meio às indagações e
conflitos interiores, uma ironia do destino trouxe em forma de espectro, um sinal que
motivou o seu ego (consciência) a desvendar os mistérios sobre a morte de seu pai, o rei
Hamlet.
Como um fantasma, o rei dinamarquês apareceu às sentinelas durante a vigília
da noite. Diante da aparição, ao discerni-la como um mau presságio para o reino, os
soldados confidenciaram a Hamlet o acontecido. Na noite seguinte Hamlet foi ao
encontro de seu pai, sabendo que dele receberia instruções e libertação, pois a corte que
para ele tornou-se um ambiente hostil e fechado escondia segredos. Quase hipnotizado
Hamlet ouviu sobre o encoberto assassinato de seu pai, que com detalhes foi explícito
pelo espírito. Decidiu então por uma estratégia de confirmação, buscou nos elementos
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exteriores (atitudes de Cláudio) as provas para este ato imundo e friamente calculado,
Hamlet chegou a compará-lo com a narração bíblica de Caim e Abel.
A obsessão do jovem em confirmar os fatos, o levou a fingir-se de louco. Seus
amigos Horácio e Marcelo, interpelavam para que ele revelasse as palavras do espectro,
mas Hamlet nada anunciava, antes pedia segredo quanto ao fantasma. Como explica a
psicanálise, durante a formação estrutural da identidade, o menino encontra na mãe,
objeto de desejo e no pai a postura que se deve assumir, diante daquilo que se deseja. O
rapaz comportou-se assim, porque se supondo que tomasse a posição do pai, seria
inaceitável um relacionamento entre sua querida e amada esposa com o próprio irmão.
Nesses trechos da obra podemos notar a presença do superego, que levou o
jovem a sentir-se culpado pela morte do pai, pressionando-o a não só fazer justiça pelo
falecido rei, mas a tornar-se obcecado pelo propósito de superar as atitudes que
aprendera com o pai. Fingindo-se louco, Hamlet usava vestes desalinhadas, era
indiferente e incoerente em suas falas. Polônio pai de Ofélia e conselheiro do rei, dizia
ser amor não correspondido o motivo da insanidade do rapaz. Atrás das cortinas estava
Hamlet a nutrir repulsa contra o senhor, para ele, velho mentecapto. A vinda de uma
trupe de atores trágicos ao castelo dinamarquês despertou em Hamlet uma ideia. Ele
pediu que os atores interpretassem algumas linhas escritas por ele, mas na verdade era
tudo aquilo que ouvira do espírito. Em secreto, seu intuito era observar a expressão de
seu tio Cláudio diante da reconstituição daquilo que fizera. Essa seria a confirmação de
que Cláudio matou o irmão para usurpar o reino e Gertrudes, sua cunhada.
A todo o momento, Hamlet vivenciava uma contradição em seus sentimentos,
ser ou não ser, viver ou morrer, agir ou desanimar, matar o rei Cláudio, suicidar-se. “Ser
ou não ser, eis a questão”. Na noite anterior à encenação, o rei Cláudio, Polônio,
Gertrudes e Ofélia forjaram um encontro entre Ofélia e Hamlet. O jovem príncipe
demonstrou-se alheio aos sentimentos que outrora expressava por Ofélia, atingindo-a de
forma dura e ofensiva, na verdade queria atingir a sua própria mãe. No decorrer da
história nota-se que devido à frustração vivida por Hamlet, quanto ao seu objeto de
desejo (mãe), ele transferiu sua fragilidade e impotência às emoções. Ofélia sua amada,
tornou-se reflexo de sua mãe, ou seja, ele passou a acreditar que a amada imitaria as
atitudes de sua mãe. Devido à dor da perda, em seu inconsciente substituiu o pai, pois as
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atitudes de sua mãe, quanto ao zelo por outro homem, fizeram-no sentir ofendido,
traído, roubado.
Durante a encenação, Horácio e Hamlet já de conluio, observavam as expressões
do tio. Ao ver a cena, onde um personagem derramou o veneno do frasco no ouvido do
rei, Cláudio ficou atordoado em seu assento. Hamlet confirmou as suspeitas. O rei
sentindo-se ameaçado combinou a morte do sobrinho. Com o intuito de vigiar o
príncipe, Polônio e Cláudio forjaram um encontro entre Hamlet e a mãe. Polônio
escondido escutava a conversa, mas ao se desequilibrar, chamou a atenção de Hamlet,
que num ato inconsciente, desejoso por matar o rei, apunhalou o conselheiro num golpe
fatal. Tal atitude é característica do id, local em que segundo Freud está a pulsão de vida
e de morte, os atos impensados, as atitudes animais. Diante do acontecido Ofélia, filha
do finado conselheiro do rei, enlouqueceu e suicidou-se.
O clima não estava nada bom em toda a corte. A suposta loucura do príncipe
Hamlet somada à morte de Polônio e Ofélia desestabilizavam o Reino dinamarquês. O
rei Cláudio tendo como aliado o filho de Polônio, Laertes, planejou um embate entre o
príncipe e Laertes. Traçaram estratégias para uma luta de esgrima, alem de um coquetel
envenenado para não haver escape para Hamlet. No desfecho da tragédia, Hamlet é
ferido pela espada envenenada, esta cai dando oportunidade a Hamlet de lançar um
golpe em Laertes, Hamlet imobiliza o oponente com um golpe fatal, utilizando
ingenuamente o florete envenenado. A rainha Gertrudes por descuido de Cláudio toma o
cálice mortal. Ao se ver a beira da morte, Laertes confidencia os planos do rei e na
sequência Hamlet executa Cláudio. SHAKESPEARE (2001)

CONCLUSÃO

Após trabalhos e pesquisas com pacientes acometidos por neuroses, Freud


passou a alicerçar-se na ideia de que "em cada paciente chega-se inevitavelmente ao
terreno das experiências de prazer", ele acreditava que a raiz do problema seria sempre
por motivos de busca da satisfação, seja num livro, num relacionamento. Essas ideias
marcaram a ruptura com alguns amigos, colegas e discípulos. Sozinho deu início à
construção das bases da Psicanálise, que nos dias de hoje se da como uma proposta de
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busca, descoberta e estudo da pessoa humana em si e em interatividade evolutiva com o


meio em que vive. A questão agora é descobrir porque um acontecimento mais do que
outro seja originado de um "trauma emocional perturbador?" Por que certos fatos
constituem-se tão desagradáveis que precisam ser abolidos da consciência? Por que a
terapia funciona com alguns pacientes e com outros não.
Para alguns estudiosos como Alexandre José de Sousa Peres, Servidor atuante
no INEP e Doutor em Psicometria, o corpus adquirido por meio da Psicanálise faz parte
apenas da história das psicologias, em sua concepção é uma teoria morta. Alegou como
exemplo a ideia do Complexo de Édipo, ressaltou que já não é mais utilizada. Marcella
Marjory Massolini Laureano, Doutora em Psicanálise, foi contrária a opinião de Peres,
relatou que a psicanálise é muito procurada como método de tratamento, e que
atualmente está em pleno desenvolvimento. Sua base é sólida para os estudos da mente
humana e rica para estudos na área da literatura quanto à exploração profunda das obras.
Dentro dessa perspectiva, concluímos a real importância da psicanálise, não
apenas como uma teoria, mas principalmente devido à necessidade de conhecermos
nosso interior psíquico, é claro que para isso são necessárias longas e exaustivas
pesquisas e comparações para se chegar a um consenso. A psicanálise, seja aplicada
num paciente ou numa obra, será apenas uma exploração e compreensão de sintomas e
atitudes. Ela será direciona para cada caso de uma forma específica, com possibilidades
de sucesso ou não. É considerada válida e usada em muitos países. Por tanto, nas obras
literárias, desde o início da corrente até o presente momento, são utilizadas
interpretações psicanalíticas, elas fazem parte dos textos.

REFERÊNCIAS DE PESQUISA

Bibliografia

AMORA, Antônio Soares. Introdução à teoria da Literatura. 13. ed. São Paulo: Cultrix,
2006, p. 15-19.
BLEICHMAR, H. (1984). Introdução ao estudo das perversões. Porto Alegre: Artes
Médicas.
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BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia / Ana
Mercês Bahia Bock, Odair Furtado, Maria de Lourdes Trassi Teixeira. – 13. ed. reform.
e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2002, p. 70-82.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI Escolar: O
minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. rev. ampliada - Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2000, p. 195, 429.
J. LAPLANCHE / J.-B.Pontalis. Vocabulário da Psicanálise. 8. ed.brasileira: Novembro
de 1985, São Paulo, Livraria Martins Fontes Editora LTDA.
JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Petrópolis: Vozes, 2002.
KUPFER, M.C.M. Freud e a educação: O mestre do impossível. São Paulo: Scipione,
1995
MEZAN, R (1982). Freud – a conquista do proibido. São Paulo: Brasiliense, 1991.
SAMUEL, Rogel. Novo Manual de teoria literária. 5. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e. Teoria da Literatura, Coimbra, Livraria Almeidina,
1967, p. 49-54.
SHAKESPEARE, William, 1564-1616. Hamlet: o príncipe da Dinamarca; tradução e
adaptação em português de Leonardo Chianca. – Ilustrações de Wanduir Duran. São
Paulo: Scipione, 2001. – (Série Reencontro Literatura).

Sítios da Internet

http://ocultura.org.br/index.php/Sigmund_Freud – acessado em 10/03/2017.

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