Você está na página 1de 13

MARIA E OUTRAS MARIAS: APRENDIZAGEM EM ARTES VISUAIS E

INTERDISCIPLINARIDADE NO PROJETO POETAS EM FLOR

Resumo
O presente artigo é parte de uma pesquisa em andamento, realizada no Curso de Mestrado
Profissional em Artes (UDESC/ICA/UFPA) e apresenta uma reflexão acerca da aprendizagem
em Artes Visuais, no ano de 2021, por estudantes do Ensino Fundamental da Escola Municipal
Chico Mendes II, localizada em Parauapebas, no Pará. Os processos apresentados analisam a
aprendizagem artística por meio do Projeto Poetas em Flor e seus desdobramentos
interdisciplinares, refletindo sobre processos de criação que conectam histórias de mulheres
com o nome Maria e culturas cotidianas na produção de desenhos e textos.

Palavras-chaves: Maria; desenho; processos de criação; experimentação artística.

Abstract
This article is part of a research, belongs Professional Master's Degree in Arts
(UDESC/ICA/UFPA) and presents a reflection on learning in Visual Arts, in the year 2021, by
Elementary School students at Escola Municipal Chico Mendes II, located in Parauapebas,
Para. The processes presented analyze artistic learning through the Poetas em Flor Project and
its interdisciplinary developments, reflecting on creative and social processes that connect
stories of women's with the name Maria and cultural practices and constructions trough of
drawings and texts.

Keywords: Maria; drawing; creation processes; artistic experimentation.

Pela janela, Marias (...)


Começamos a narrar esta trajetória refletindo sobre um dos primeiros
elementos de caracterização de identidade de uma pessoa – o nome –
considerando que a graça de cada um não é aqui apenas uma questão de
identificação, mas também uma forma de expressão cultural. Cada nome traz
consigo uma importância, podendo ser sinônimo de benção ou maldição
(MATHEUS, 2015). Cada nome próprio atribuído a uma pessoa indica, por sua
vez, uma existência, a construção de uma dada identidade, podendo remeter
também às memórias de uma determinada árvore genealógica.

Ao perguntar aos estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental da


Escola Municipal Chico Mendes II – localizada no município de Parauapebas,
sudeste paraense – sobre o porquê de seus nomes, eles passaram por um
processo de pesquisa junto às suas famílias, fazendo emergir histórias
diversas, desde escolhas que seguiram um critério particular de gosto ou
beleza, até aquele expressado como forma de gratidão por uma graça
alcançada, como na história de Isaac (“filho da alegria”) – que por 10 anos fora
desejado por seus pais – ou do nome Victoria (“aquela que vence”), em
agradecimento pela vida da filha que superou um cordão umbilical em volta do
pescoço ao nascer.

Para esta pesquisa, Maria torna-se o vocábulo específico para anunciar


não apenas algumas das mulheres representadas, mas também as ilustrações
feitas para as retratar, buscando refletir figurativamente sobre a diversidade de
sentidos que fazem deste nome um dos mais icônicos da cultura brasileira.

De origem incerta, do hebraico – Myriam – significa “senhora soberana”,


“a vidente”; ou do sânscrito – Maryáh – “a pureza”, “a virgindade”, “a virtude”;
ou ainda do egípcio – Mry – “amar”, o termo Maria remete também à mãe;
mãezinha. Mulher de muitas cores e vozes. Maria que ressoa poesia, pode ser
ela a avó, a filha, a tia. Marias. Cada qual com a sua história; histórias de amor,
conquistas, ensinamentos incontáveis. Buscando-as, não precisamos ir tão
longe para encontrá-las, bastando muitas vezes um rápido olhar para dentro de
casa: Vó Maria. Mãe Maria. Tias, várias Marias. Cada uma, poesia pura,
prontas para serem retratadas em imagens e palavras.

Em tempos onde vozes femininas tornam-se cada vez mais relevantes,


faz-se necessário criar espaços que possibilitem a reverberação de suas
histórias, sonhos, conquistas, lutas, amores, tornando esses fragmentos parte
de algo cada vez maior e significativo à geração presente, contribuindo assim
para construção de saberes que evidenciem a mulher como fonte de saber e
força.

Na ânsia de trazer as Marias para o centro das atenções nas aulas de


Artes Visuais, no ano de 2019 as ações foram integradas de forma
interdisciplinar com os saberes de Língua Portuguesa, através do Projeto
Poetas em Flor, idealizado e coordenado desde 2017 pela professora Nita
Aguiar, da grande área de Letras. O Projeto nasceu a partir do interesse pela
escrita poética e no desenvolvimento desta nos estudantes do Ensino
Fundamental. Além de professora de Língua Portuguesa, a idealizadora do
projeto também é poetisa, fato que a levou a estruturar seus objetivos, a fim de
instigar nos adolescentes o gosto interessado pela poesia, somado à
necessidade em desenvolver também habilidades voltadas à leitura e escrita i.

No âmbito das Artes Visuais a leitura também foi direcionada para a


visualidade – entendendo a imagem enquanto texto – enquanto que a escrita
foi voltada especificamente para a ilustração por meio da linguagem do
desenho, compreendida como “uma conversa, que possibilita ao pensamento
rever e processar informações, numa constante relação entre o ser que
desenha e o mundo. Uma conversa que quem desenha estabelece consigo
mesmo e com o outro” (MAZZAMATI, 2012, p.12) constituindo a partir daí
diversos caminhos de aprendizagem.

Desta forma, Artes Visuais e Língua Portuguesa passaram a


compartilhar saberes e técnicas, percebendo encruzilhadasii, convergências em
contextos nos quais imagens e textos são plasmados nas entrelinhas dos
acasos que se criam e são sistematizados posteriormente na produção de uma
obra só: o livro ilustrado.

Para a artista e escritora Fayga Ostrower, tais acasos vão ocorrer


“naquelas áreas em que estamos engajados com todo o nosso ser,
apaixonadamente engajados, quando, portanto, qualquer sugestão, qualquer
incidente, pode tornar-se uma centelha que de repente ilumina todo um novo
caminho” (OSTROWER, 1999, p.21). Desta forma, desde 2021 até o presente
ano as propostas levadas às turmas pelas disciplinas envolvidas no projeto
partem do cotidiano e das vivências de seus/suas participantes: discentes dos
anos finais do Ensino Fundamental, docentes dispostas a investir em saberes
que aproximam suas áreas e as Marias, mulheres presentes no cotidiano
escolar, abertas a compartilhar suas histórias e se deixarem representar por
meio do texto e do desenho.

Nesse sentido, para fins das especificidades deste artigo, as reflexões


partem sob o olhar das artes visuais, da imagem, do desenho, partindo das
seguintes questões norteadoras: Como provocar o interesse pela produção
artística nos anos finais do Ensino Fundamental, conduzindo o/a adolescente à
valorização do desenho como arte? Como conduzir os/as estudantes
envolvidos no Projeto Poetas em Flor a criações autorais por meio da ilustração
de textos, agregando referências do próprio cotidiano? Como produzir
ilustrações a partir da escuta e da observação interativa dialogada com as
Marias, refletindo sobre suas histórias e seu cotidiano na escola?

Esperando refletir criticamente sobre determinadas questões,


compartilhadas também com os saberes textuais, objetivamos analisar
elementos estéticos, artísticos, socioemocionais e socioculturais a partir da
interação dos/das estudantes com as Marias; registrando e orientando os
processos de criação autoral como um dos elementos-chave de uma
aprendizagem significativa em Artes Visuais e de uma educação que se quer
libertária, na qual o desenho – a ilustração – é também elemento disparador de
tal aprendizagem.

Para tanto, o método de análise dos resultados constituiu-se a partir dos


princípios da leitura semiótica – para pensar e significar a produção em
desenho – e da cultura visual – para pensar os múltiplos cotidianos visuais
trazidos pelas Marias em suas histórias/memórias. Narrativas que se
convergem nas lembranças e nas vivências, nos instantes de silêncio, mas
também nas falas, no acolhimento e na escuta, para conduzir a um lugar ativo
de autonomia artística, onde a educação e o chão da escola caracterizam o
principal território de conhecimentos de vida e de partilha.

Pelos territórios, Marias (...)


Em tupi-guarani, Parauapebas significa “Rio de Águas Rasas” – descrita
no hino da cidade como “[...] uma estrela entre milhões” – o município do
Sudeste paraense é conhecido como a Capital do Minério, a aproximadamente
706 km da Região Metropolitana de Belém. Cidade muito jovem, no auge dos
seus 34 anos de emancipação e com uma população com pouco mais de 218
mil habitantes (IBGE, 2019), Parauapebas destaca-se entre os municípios
paraenses por suas jazidas de minério de ferro, descobertas nos anos 60 na
Serra de Carajás, realidade que faz do município um dos polos de
desenvolvimento neoliberal na extração e negociação de minérios no Pará,
mas também um território de intensas desigualdades causadas pela má
distribuição da renda e concentração de privilégios em poucas mãos/famílias,
deixando não apenas fraturas socioeconômicas, mas, sobretudo,
socioambientais.

A partir da década de 1980, iniciou-se um intenso processo de


exploração de minério de ferro, ouro e manganês, principalmente em terras
antes ocupadas pelo povo indígena Xikrin do Cateté. Em continuidade a esse
processo de degradação territorial e expulsão de povos originários, a região
passou a receber pessoas oriundas das mais variadas localidades do país,
com especial destaque à população maranhense que é, até hoje, a parte mais
expressiva da diversidade cultural da cidade.

Foi neste movimento migratório, com escassez para muitos e privilégios


para poucos, que D. Ângela Maria – protagonista deste relato é uma das
convidadas do Projeto no ano de 2021 – chegou ao sudeste do Pará, trazendo
na bagagem as memórias de uma infância pobre e de muito trabalho, quando
quebrava coco babaçu no interior do Maranhão. Maria foi alfabetizada por sua
mãe, até conhecer o pai na adolescência, indo morar com ele na esperança de
poder completar os estudos e construir novas histórias. Atraída pelo
crescimento exponencial da recém emancipada cidade de Parauapebas, ela
chegou ao município no ano de 1993 para trabalhar, estudar e constituir
família, trazendo em sua fala a marca de quem, naquele território de tantas
lutas silenciadas, sentiu-se agraciada por conseguir realizar o sonho de
estudar, trabalhar no serviço público, ser feliz com seu amado e criar seus nove
filhos.

O intuito de trazer D. Ângela Maria e suas memórias a uma aula-oficina


– planejada por Artes Visuais e Língua Portuguesa como uma das estratégias
metodológicas do Projeto – foi, primeiramente, provocar o imaginário dos/das
adolescentes tanto para a criação de textos, quanto para a criação dos
desenhos, buscando uma conexão com as narrativas ouvidas e criando
representações gráficas das histórias através do texto poético e da ilustração
deste, aproximando-se daquilo que Tourinho (2009) denomina “visualidades
comuns”, tentando caracterizar um tipo de produção imagética – sobretudo em
desenho – que utilize como ponto de partida as visualidades cotidianas, as
investigações acerca das coisas e dos lugares, próprias de cada
individualidade e do repertório visual/cultural de cada estudante, sob as quais
tudo é passível de construção e reconstrução:

Chamo “visualidade comum” um campo de imagens, referências que


compartilhamos num sentido semelhante àquele que utilizamos ao
falar de “senso comum”, quando nos referimos a ideias, práticas,
linguagens, hábitos que nos aproximam [...]. Aproximar-se do
universo cultural e visual dos alunos é preocupação e necessidade
fundamentais no processo de educação visual. Essa aproximação
requer formas de ação e reflexão. (TOURINHO, 2009, p. 270)

Eleger algumas Marias do cotidiano escolar, trazendo suas histórias


como elementos propulsores da criação é uma forma de aproximação que
Tourinho sugere, que passa a ligar os/as adolescentes ao universo imaginário
que se abre em cada memória narrada. As histórias e vivências experienciadas
a partir da escuta de D. Ângela Maria foram, portanto, o mote para processos
de aprendizagem ativa e criativa, interdisciplinar, favorecendo momentos de
autonomia do/da adolescente, onde as professoras foram apenas mediadoras
dos saberes estéticos e culturais envolvidos. Compartilhamos novamente da
fala de Tourinho para complementar:

A escolarização acontece de forma cotidiana, coletiva e obrigatória e,


portanto, mediar a relação entre estudantes e cultura visual exige
atitude investigativa e questionadora sobre as formas pelas quais os
estudantes percebem, escolhem, interpretam e criticam a produção
visual. Exige, ainda, entender que a nossa percepção de mundo é,
ela própria, mediada por imagens, símbolos, sons, gesto e situações
gerados em circunstâncias e contextos específicos. Nossos “pontos
de vista” são “pontuados” por pontos de vistas de outros. Eles se
agregam e se reconstroem, se expandem e se diluem via cultura.
(Idbem, 2009, p. 271)

Pensando a cultura das imagens cotidianas, Tourinho nos aponta uma


reflexão crítica e necessária sobre o ato educativo como parte de um conjunto
múltiplo, diverso e dinâmico, que é a cultura. Não só o ato de ouvir e contar
histórias, mas simbolizá-las por meio de elementos gráficos – textuais ou
imagéticos – também caracteriza e potencializa o processo de compreensão do
mundo como um grande conglomerado sígnico, pedindo para ser lido e
ressignificado o tempo todo (LOUREIRO, 2007).

Figura 1: Momentos da escuta de D. Maria Ângela e mediação dos/das adolescentes a


partir dos relatos (Fotos: Natany Silva, 2021)

Toda essa rede de conexões entre a fala de D. Ângela Maria, as falas


dos/das participantes do Projeto, as vozes e referenciais que veem do cotidiano
comum e suas culturas (exemplificadas na Figura 1), contribuem não apenas
para o desenvolvimento técnico em relação às habilidades envolvidas, mas
também para o desenvolvimento da afetividade, do acolhimento, para além do
pensamento crítico-estético. A escuta entre indivíduos de gerações e grupos
sociais distintos podem abrir “frestas” (RUFINO, 2019) que exercitam princípios
como respeito e valorização do outro, além de resgatar e construir novos
saberes culturais.

É sobre a importância e o valor da escuta que o jornalista Paulo


Hebmüller (2017) se refere ao associá-la à curiosidade, manifestando um
interesse no outro e disposição a entender outras realidades, e que isto está
diretamente ligado às habilidades de expressão. Acolhendo as histórias de D.
Ângela Maria, novas realidades e novos saberes foram apresentados,
possibilitando viagens para outros territórios imaginários: da poesia, da arte, da
beleza.

Pelas visualidades, Marias (...)


Quando uma Maria compartilha suas histórias, promove uma
proximidade de personagens, cenários, objetos e fatos que passam a integrar o
imaginário de cada ser ouvinte – cada poeta em flor – passando a expandir
horizontes simbólicos a partir das narrativas compartilhadas. Foi assim que D.
Ângela Maria tornou-se parte essencial do compartilhamento de saberes com
os/as estudantes que, entre uma história e outra, tornaram-se autores que
celebram a vida desta e de outras Marias com ilustrações e poesias.

Partindo do entendimento que ensinar a representar por meio de


imagens é ensinar a reorganizar o mundo a partir de seu ponto de vista
(TOURINHO, 2009; AROUCA, 2012) os/as estudantes foram orientados/as a
registrar as narrativas de D. Ângela Maria, ora pelo desenho, ora pela escrita,
tendo como fundamentos a ordenação, a significação e a criação no processo
de elaboração da imagem ilustrada – por meio do desenho – estabelecendo
novos caminhos interpretativos das memórias ouvidas e ampliando as
possibilidades de investigação visual, em busca de caminhos que passassem a
denotar – na criação dos/das estudantes – suas próprias marcas, ou seja, seu
próprio desenho.
Ângela Maria

Ângela Maria é uma


Mulher muito alegre.
É uma flor do dia
Os raios do sol
A acordam, dizendo:
Ângela, bom dia!
Dona Ângela teve
Uma vida muito difícil
Mas nunca desistiu
O amor da sua vida
Infelizmente faleceu
Ângela se compadeceu
Brilhante como o sol
Bonita como uma flor.

(L. Ferreira Sampaio)

Figura 2: Fotografia de D. Ângela Maria (gentilmente cedida), poema e ilustrações feitas


pelos/as alunos/as. (Fotos: Natany Silva, 2021)

As imagens e texto que compõem a figura acima exemplificam parte dos


processos de criação engendrados a partir das trocas expostas e analisadas
até aqui. Os/as estudantes já familiarizados/as com a escrita poética
suscitaram, no decorrer do desenvolvimento da aula-oficina, a reflexão quanto
ao próprio ato de desenhar, no intuito de romper com o entendimento de que o
desenho – enquanto arte – é uma prática para poucos. É Arouca (2012),
refletindo sobre a arte no Ensino Fundamental, quem afirma que essa
equivocada compreensão do desenho é ainda objetivo para alguns, mas motivo
de desistência para outros que ainda são levados a pensar o desenho como
uma representação realista e tradicional das coisas. Pelo contrário, este autor
parte do entendimento de que o fazer artístico pode ser experienciado por
todos/as nos espaços educativos.

Mediar a escuta e o olhar entre interlocutores – D. Ângela Maria e os/as


estudantes – indivíduos de contextos socioemocionais e socioculturais
distintos, podem também ser analisados como ações que se constituem com
parte importante dos processos de criação, suscitando Salles (2006) ao afirmar
que:

O processo de criação está localizado no campo relacional. É


importante pensarmos no ato criador como um processo inferencial,
na qual toda ação que dá forma ao novo sistema, está relacionada a
outras ações de igual relevância, ao se pensar o processo como um
todo. (SALLES, 2006, p.26)

Ao refletirmos sobre os caminhos possíveis nos processos de criação


provocados pelo Projeto Poetas em Flor no ano de 2021 é importante pensar
também tais processos como partes condicionantes de uma proposta de
educação interdisciplinar que converge e articula os saberes envolvidos para
modificar os princípios e modos de ser das pessoas envolvidas, seres humanos
pensantes e sensíveis à escuta, tendo em vista que estes são convidados a
criar novas concepções/representações simbólicas, como as evidenciadas pela
Figura 2, fazendo do texto e da imagem parceiros representativos na criação
de “novas Marias”.

Em um olhar, um traço sobre o papel; em outro, a investigação das


formas e dos gestos que imprimem identidade à representação desenhada no
então espaço vazio da folha em branco. Nos desenhos da Figura 2 é possível
perceber a forma física de D. Maria, seu olhar doce e tranquilo, sua postura
tímida e, ao mesmo tempo, segura, mediante a proposição da interação
relacional garantida pelo compartilhamento de suas narrativas de vida,
contribuindo para uma nova ordenação sígnica no processo de criação dos/das
adolescentes.

Ressignificar a figura de D. Maria envolveu os/as adolescentes em uma


atmosfera de encantamento, na qual cada participante trouxe consigo sua
maneira particular de observar as visualidades comuns à sua volta. Para além
da técnica, o desenho no ensino contemporâneo de Artes Visuais pode ser
uma experiência rica de criação simbólica do cotidiano, relacionado com a vida
e com a cultura dos seres humanos envolvidos, promovendo experiências
artísticas diversas e múltiplas frente ao acolhimento de outras vidas, outras
realidades.

Entre Marias estão histórias prontas para serem compartilhadas, ouvidas


atentamente em uma relação de descoberta de novos saberes. Muito bem
escutadas, teremos as histórias de outras Marias, convidadas pelo Projeto,
escritas e ilustradas com dedicação e respeito, com ouvidos e olhares atentos
à criatividade e ao imaginário. As narrativas marianas se tornarão imagens e
palavras impregnadas de poesia e por fim, todos/as, estudantes, professoras,
comunidade, poderão apreciar expressões artísticas afetuosas, reiniciando ou
iniciando novos caminhos em um ciclo prazeroso de descobertas únicas.

BIBLIOGRAFIA

AROUCA, Carlos. Arte na Escola: como estimular um olhar curioso e


investigativo nos alunos dos anos finais do ensino fundamental. 118 f. Ed.
Anzol, São Paulo, 2012.
HEBMÜLLER, Paulo. O poder de contar e ouvir histórias. Revista Brasileiros,
13 de jun. de 2017. Disponível em: < https://www.fronteiras.com/entrevistas/o-
poder-de-contar-e-ouvir-historias > Acesso em 02 de abr. de 2022.
LOUREIRO, João de Jesus Paes. A conversão semiótica: na arte e na
cultura. Edição Trilíngue. Belém: EDUFPA, 2007.
MATHEUS, Das. 4.000 Nomes Hebraicos Revelados: Dicionários de Nomes d
A-Z. 117 f. Editora Vida Abundante, 2015.
MAZZAMATI, Suca Mattos. Ensino de desenho nos anos iniciais do Ensino
Fundamental: reflexões e propostas metodológicas. Edições SM (Somos
Mestres), São Paulo, 2012.
RUFINO, Luiz. Pedagogia das Encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula Editorial,
2019.
SALLES, Cecília Almeida. Redes da criação: construção da obra de arte.
Vinhedo: Horizonte, 2006.
TOURINHO, Irene. Visualidades comuns, mediação e experiência cotidiana. In:
BARBOSA, Ana Mae; COUTINHO, Rejane Galvão (Orgs). Arte/educação como
mediação cultural e social. São Paulo: UNESP, 2009.
i
Até o momento, a partir do Projeto Poetas em Flor já foram publicados os livros Um Toque de Poesia
(2017) e o livro Caminhos (2020). A pandemia da Covid-19 e um ensino remoto cheio de problemáticas em
vários aspectos, impossibilitou a publicação do livro Maria e outras Marias no ano de 2021, estando prevista
para o ano de 2022.
ii
Termo usado pelo pedagogo carioca Luiz Rufino para indicar “um complexo de experiências, práticas,
invenções e movimentos que enredam presenças e conhecimentos múltiplos e se debruça sobre a
problemática humana e suas formas de interação com o meio” (RUFINO, 2019, p. 74).

Você também pode gostar