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Vitória
2020
SAMIRA DE SOUZA SANCHES
Vitória
2020
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)
CDD 21 – 370.1
Elaborada por Marcileia Seibert de Barcellos – CRB-6/ES - 656
Aos educadores que resistem e lutam cotidianamente
para que a educação seja caminho para emancipação
e libertação humana.
AGRADECIMENTOS
À minha família, em especial meus pais Aracy e Wilson que sempre me ensinaram
amorosamente a questionar as injustiças e a buscar ser instrumento de transformação
no mundo
Aos professores cursistas da turma “Educação na cidade”, obrigada por darem sentido
à nossa proposta de ensino e partilharem significados e aprendizados essenciais para
a minha caminhada profissional
Aos meus amigos e amigas da vida, impossível citar todos sem cometer injustiças.
Obrigada pelo apoio emocional incansável nos momentos de ansiedade e cansaço
nesses últimos anos. Vocês habitam meus melhores sentimentos.
Aos meus alunos e alunas queridos, por reforçar em mim a convicção no caráter
dialógico do ensino e por me inspirar a enxergar o mundo com mais esperança,
diversidade e amor. Esperança que renovo em acreditar no nosso reencontro depois
desses tempos de pandemia.
Italo Calvino.
RESUMO
This research articulates the concept of the perception of the city to the teaching-
learning process from the perspective of having a right to the city, and the teaching
activity as a forming unit. The objective of this study is to defend the perception of
space associated with topophilia as a teaching tool that contributes to the formation of
a critical and emancipatory citizenship, and a reencounter with the local popular
culture, being adaptable in methodological terms and applicable to other spaces in the
city. The proposal was tested and validated in an 80-hour teacher education course
developed by an extension project of the City and Humanities Education Study and
Research Group (GEPECH) of the Federal Institute of Espírito Santo (Ifes), offered
free of charge in a public notice entitled “Education in the city: perception,
contradictions and sensitivity in the city of Vitória”. Elementary school teachers from all
areas attended the course interested in the pedagogical potential of the city and the
school surroundings besides the tourist routes and historical monuments. The chosen
site to put the pedagogical proposal into practice was the traditional popular market of
Vila Rubim in Vitória-ES, seeking enhancement of the educational potential of this
area, which is now marginalized and devalued by the agents of the city and the social
media representations. The educational product of the course is a pedagogical
notebook “Let’s go to the market? Perception of the city and the popular market of Vila
Rubim in Vitoria, ES” in e-book format that has been validated along with the teachers
who participated in the course.
Keywords: Perception of the city. Topophilia. Right to the city. Social representations.
Teacher training. Vila Rubim.
LISTA DE FIGURAS
Esse projeto nasce da motivação pessoal de uma professora que a partir do exercício
da sua profissão detectou a necessidade de um processo formativo que a
reaproximasse do significado do seu trabalho em sala de aula. Viver o espaço escolar
é mergulhar em uma rotina de trabalho intensa, tanto nas interações humanas quanto
nas demandas pedagógicas e sociais. Muitas vezes essa dinâmica nos envolve de tal
forma que temos poucas oportunidades para refletir e sintetizar as experiências que
desenvolvemos com nossos alunos cotidianamente.
1.1 OBJETIVOS
Estando enquadrado dentro das definições acima, este trabalho é uma pesquisa
aplicada que desenvolve uma proposta de ensino na área de formação de professores
com um produto educativo como resultado deste processo.
A cidade é também e sobretudo uma obra, e a análise das relações entre o homem e
as obras pelas quais realiza sua natureza através do trabalho, revela que essas obras
tendem a lhe escapar, implicando assim num empobrecimento da realização do
humano (LEFEBVRE, 2008, p.12). Em resumo, surge uma cidade moldada e
idealizada de acordo com os interesses econômicos que passa então a excluir e
segregar grupos, classes e o próprio indivíduo.
Diante dessa problemática atual, Lefebvre entende que o urbano não se define
somente enquanto realidade acabada, mas como horizonte, como virtualidade
iluminadora (LEFEBVRE, 2008, p.26). Se a cidade se manifesta enquanto a aparência
de um fenômeno em curso, os elementos da vida urbana se constituem enquanto
objeto mas também como potência de uma outra prática urbana que produza sentidos
diferentes e seja capaz de construir o espaço sob outra lógica. Assim, o urbano seria
uma relação dialética entre o real, o possível e o impossível (utópico), que pode tanto
englobar um urbanismo positivista coercitivo quanto um projeto de transformação de
cotidianidade com base na iniciativa popular. Ao falar sobre a rua enquanto local de
encontro e apropriação popular em oposição ao local de passagem, Lefebvre afirma:
revelam diante dos nossos olhos. Por isso, é necessário um exercício crítico e
investigativo de desvelamento daquilo que se esconde. No ambiente escolar, essa
tarefa é coletiva. Mais do que um palco dos acontecimentos sociais, acreditamos que
a cidade pode revelar elementos importantes para o processo pedagógico:
(...) compreendemos que Educar na Cidade implica mais do que uma simples
maquiagem, embelezamento oriundo de ações instituídas por organizações,
as quais não visam contribuir para o conhecimento da realidade. Cabe pensar
e implementar, pela via de uma educação prioritariamente pública, formas de
promover o desvelamento dos espaços citadinos, muitas vezes configurados
para reproduzirem a sociedade desigual na qual vivemos (COCO; CHISTÉ;
DELLA FONTE, 2019, p. 61).
Assim, é papel do professor desenvolver em seus alunos o olhar crítico acerca das
cidades construídas através do interesse privado e não vivenciadas pela maioria da
população cujos interesses são subjugados pelo poder econômico e sua forte
influência na produção do espaço público. A inequidade no acesso aos serviços
públicos e a diversos espaços na cidade impede o indivíduo de se enxergar como
“alguém” em uma cidade que nega sua identidade coletiva como cidadão e a
expressão da sua singularidade como pessoa.
Um exemplo são os “pixos” que se manifestam nos muros e fachadas das cidades em
todo o planeta. Se partirmos do senso comum construído pela classe dominante e
propagandeado no imaginário popular, pixo é um ato de vandalismo e desrespeito ao
direito da propriedade privada e patrimônios da cidade. Porém se, partindo de outra
perspectiva, investigarmos o fenômeno e a sua relação com o processo de
urbanização, encontraremos o pixo enquanto afirmação de existência de milhares de
jovens invisibilizados que gritam sua presença em códigos diversos nos muros das
cidades capitalistas. No artigo intitulado "Pixo Arte. A escrita da presença”, Leandro
Serpa (2019) destaca:
Muro da Igreja do Carmo, Centro de Vitória. Fonte: Arquivo pessoal de Raquel Passos, 15 jun 2019.
Dialogar na escola a partir dessa perspectiva que investiga as relações que produzem
o espaço é um exercício de captar o fenômeno no seu movimento e portanto na sua
potência. Dessa forma, os estudantes se tornam capazes de perceber a cidade pra
além da sua aparência e dos valores incutidos e construídos em nossa visão pela
lógica capitalista na produção do espaço.
Por isso, o uso da percepção enquanto instrumento de ensino tem enorme potencial
dialógico na medida em que contribui para uma leitura de mundo colaborativa e
coletiva, a partir das diferentes visões de mundo que existem dentro da cidade. Em
oposição à ideia relativizante da realidade, a percepção como instrumento na
atividade de ensino surge como um elemento humanizador e desmascarador daquilo
que os interesses dominantes procuram esconder ou naturalizar no espaço urbano.
A topofilia, em resumo, associa sentimento com lugar, sendo o elo entre a pessoa e o
lugar ou ambiente físico. Este sentimento tem relação com o pertencimento de uma
pessoa ou povo por um espaço que tenha relação com a sua história e identidade
individual e coletiva, como por exemplo o entorno da escola e os bairros em que
nossos alunos moram.
Em “A importância do ato de ler”, Paulo Freire diz que “o ato de ler implica sempre
percepção crítica, interpretação e "reescrita” do lido” (1989, p.14). Se a leitura do
mundo conhecido antecede à leitura da palavra, essa leitura pode ser compreendida
a partir da percepção do espaço em sua complexidade quando alunos e professores
partilham significados acerca do mundo que os cerca.
poder de julgar, por exemplo, se um lugar se apresenta relevante ou não para o ensino
(se tem potencial educativo ou se é um espaço marginalizado sem valor pedagógico).
Entendemos, portanto, que para a abordagem que nos interessa sobre esse tema, um
dos elementos a compor e influenciar esse feixe de relações é exatamente o discurso
da imprensa. Reconhecermos na imprensa uma dos maiores representações sociais
da atualidade, pois seu discurso atinge pessoas de diversas religiões, localidades,
núcleos familiares e tem grande poder de influência na percepção social. Além disso,
a forma como a cidade é apropriada e produzida pelo poder econômico capitalista
estabelece um sistema de influências que não se dá apenas no campo material,
arquitetônico e morfológico, mas também nas relações secundárias como a
estabelecida pelo poder do discurso midiático que articula esses interesses na
produção do espaço.
É possível inferir, portanto, que a imprensa seja uma dessas instituições sociais que,
objetivadas a partir do discurso jornalístico sob a forma de narrativa dos fatos,
incorpora um papel de representação coletiva de uma sociedade e influencia na sua
percepção da realidade. Entretanto, essa representação coletiva pode apresentar na
sua origem contradições e interesses de quem percebe no controle da narrativa dos
fatos, a possibilidade de exercício de poder sobre uma sociedade. Segundo
questionamentos do jornalista José Arbex Junior (2001)
36
Sim, lê-se a cidade porque ela se escreve, porque ela foi uma
escrita. Entretanto, não basta examinar esse texto sem recorrer
ao contexto.
A cidade como objeto de estudo se mostra como um amplo campo com muitas
possíveis abordagens, por ser uma construção espacial e temporal passível de análise
em momentos distintos a partir das metamorfoses influentes na sua configuração
arquitetônica, social, econômica e cultural (QUINTÃO, 2015, p. 16).
De acordo com Marx ([1859] 1999, p.16): “Inicia-se a lenta marcha para a abolição do
trabalho escravo, novas regras são estabelecidas para a circulação do capital,
transforma-se o conceito e procedimento de apropriação da terra”. No Brasil e nos
países em desenvolvimento e emergentes em especial, este processo expressa
nitidamente as contradições do modelo socioeconômico do modo de produção
capitalista, estando associado à desigualdade socioespacial e ao surgimento das
grandes periferias.
pois ela tornou-se sinônimo de área urbana, ou seja, o espaço urbano da cidade foi
delimitado e comercializado com base na área atingida pela décima urbana.
Segundo Campos Junior (1996), por intermédio do político Cleto Nunes, o governo
assinou um contrato com a Companhia Torrens, concedendo-lhe uma série de
privilégios, desde a construção de serviços de água e esgoto até aterros e construção
e aluguel de casas na capital. Entre as vantagens contidas no contrato estão a
exclusividade na exploração de serviços básicos de saneamento, isenção de tributos,
e uma em especial chama atenção:
3 CARLONI, André. Planta Geral da Cidade de Vitória em 1895. 1895. 1 figura. Disponível em:
http://legado.vitoria.es.gov.br/baiadevitoria/imagens/iph1895.jpg. Acesso em: abr. 2019.
43
Avenida Capixaba, atual Jerônimo Monteiro, na altura da FAFI, onde se vê o antigo prédio da Mesbla.
Fonte: Acervo Digital Instituto Jones Santos Neves 4, s.d.
Em 1927, foi inaugurada a ponte Florentino Avidos, atual Ponte Seca. O Mercado da
Vila Rubim surgiu na década de 40, nessa época as mercadorias eram vendidas ao
ar livre. Recebeu o nome de Vila Rubim em homenagem ao coronel português
Francisco Alberto Rubim que foi governador da capitania do Espírito Santo entre 1812
a 1819.
Ponte Florentino Avidos, atual Ponte Seca. Fonte: Mercado Livre5, s.d.
Até 1955, as mercadorias eram vendidas "a céu aberto" e, posteriormente começou a
funcionar um mercado conhecido como Coréia. Os atuais galpões foram instalados
na administração de Setembrino Pelissari. No início da década de 70 foram realizados
5 Produto à venda no site Mercado Livre, reprodução da fotografia digital disponibilizada na página,
Disponível em: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-941037064-vix-2712-postal-vitoria-e-s-vila-
rubim-_JM. Acesso em: abr 2019.
45
aterros na região da Vila Rubim que resultou com o fim do cais, porém propiciou a
valorização imobiliária da região.
Na primeira metade do século XX a Vila era vista como o lugar mais animado de
Vitória, não apenas pelo comércio varejista, mas também pela cultura. Lá existiam
muitos clubes, bailes e outros eventos (PMV/SEDEC [s.d]). Para o padre Roberto
Camilato, Reitor da Basílica de Santo Antônio e que nasceu na Vila Rubim, “o bairro
foi sempre um centro irradiador de animação popular”. Lá estava a sede do Clube de
Regatas Álvares Cabral que, além do remo, tinha quadras de esportes extensas a
reunir a sociedade capixaba que se concentrava em finais de semana, fazendo da Vila
Rubim um espaço cultural. Um exemplo é o Estrela Futebol Clube. Ele mantinha a
Azul e Branco Escola de Samba Império da Vila (hoje Novo Império).
6 TATAGIBA, José. Avenida Duarte Lemos, em 1929. À esquerda, fachada do Mercado da Vila
Rubim, já demolido. 1929. 1 fotografia. Disponível em:
http://fotosantigasdevitoria.blogspot.com/2011/03/acervo-jose-tatagiba.html. Acesso em: abr. 2019.
46
Foi nesse contexto de um espaço visto como tradicional mas ao mesmo tempo
marginalizado socialmente e degradado pelo tempo, que a Vila Rubim protagonizou
uma das maiores tragédias da história da cidade. Na manhã de 1º de julho de 1994 o
mercado sofreu um incêndio que durou 3h30min, considerado o maior da história do
Espírito Santo.
7GUEDES, Chico. Incêndio no mercado da Vila Rubim. 1994. 1 fotografia. Disponível em:
http://www.morrodomoreno.com.br/imagens/noticias/thumbnails/800x600/incendionavilarubim_249.jpg
Acesso em: abr de 2019.
48
Imagem de Iemanjá que sobreviveu ao incêndio e ainda hoje se encontra exposta em loja de artigos
religiosos. Fonte: LOYOLA8, 1994.
Em 2002 sua nova estrutura foi entregue aos antigos comerciantes. Foram
construídos quatro novos galpões para abrigar 52 lojas, em uma área de 3.400m2
(SILVA, 2004, p. 157). O comércio tradicional buscou então se se adaptar, recebendo
inclusive novas funções. Por ser local de representatividade histórica para a cidade,
passa a receber atribuição turística e cultural, significando uma atração para aqueles
que querem conhecer parte da história da cidade.
8 LOYOLA, Gildo [Iemanjá e o incêndio da Vila Rubim]. 02 jul. 1994. 1 fotografia. Disponível em:
http://www.morrodomoreno.com.br/materias/o-incendio-no-mercado-da-vila-rubim.html. Acesso em:
abr. 2019.
49
Inauguração dos murais na Vila Rubim. Fonte: Acervo pessoal da autora, 15 set 2018.
Embora o Centro Histórico tenha vivido nos últimos anos um processo de retomada e
ocupação cultural dos espaços públicos, é perceptível que a região da Vila Rubim não
recebe o mesmo tratamento. Em meio a projetos populares de revalorização cultural
e o movimento de comerciantes exigindo melhorias do poder público, o espaço
convive com a negligência do estado e aumento dos problemas de circulação da
cidade, segregação socioespacial e violência urbana.
Diante desse cenário contraditório, o Mercado Popular da Vila Rubim se mostra como
um lugar promissor para o desenvolvimento de uma proposta de ensino e valorização
deste espaço como potencialmente educativo, apoiado em diferentes olhares e
interesses que nele se cruzam desde a sua fundação até os dias de hoje.
50
Assim, essa análise crítica se torna necessária para o diálogo com os professores
cursistas se pretendemos oferecer elementos de criticidade na construção da
percepção da cidade. Analisamos o principal veículo de comunicação do Estado, o
51
15%
Violência e
35% criminalidade
Problemas de
Infraestrutura
23% Acidentes de trânsito
Cultura e sociedade
27%
cidades nos dias atuais e não são de exclusividade dessa região. Não queremos aqui
questionar a veracidade das notícias retratadas pela imprensa, mas os interesses em
torno desse retrato da Vila Rubim que convenientemente oculta fatos positivos ou os
reduz ao mínimo possível, enquanto destaca outros que formam uma opinião negativa
sobre este espaço diante do imaginário popular.
Vivemos, segundo Lefebvre (2008), uma fase crítica em que os campos cegos existem
entre campos de força e conflito. São objetos e relações que os olhos não veem, que
54
Para tentar enxergar esse campo cego presente na cotidianidade vamos “olhar
através do espelho” da Vila Rubim e buscar nas reportagens analisadas as relações
dos comerciantes e lideranças que aparecem denunciando as condições de vida e
trabalho e buscando melhorias para a região.
9 G1 ES. Após 20 anos de incêndio, lojistas pedem melhorias na Vila Rubim, ES. G1, Vitória, 01 jul.
2014. Disponível em: http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/07/apos-20-anos-de-incendio-
lojistas-pedem-melhorias-na-vila-rubim-es.html. Acesso em: 30 Junho. 2019.
10 Idem.
55
Segundo ela, o conteúdo dos murais “aborda a importância histórica, a relação com a
água, a festividade, a religiosidade e a diversidade de produtos.” Também
encontramos vozes que celebram a Vila em toda sua história e riqueza cultural, como
a escola de samba Unidos da Piedade que em 2016 cantou a Vila Rubim com o enredo
“Vamos ao Mercado?”
11 WAGMAKER, Iures. Grupo promove resgate histórico e cultural por meio de murais na Vila Rubim,
em Vitória. Folha Vitória, Vitória, 18 jul. 2018. Disponível em:
https://novo.folhavitoria.com.br/geral/noticia/07/2018/grupo-promove-resgate-historico-e-cultural-por-
meio-de-murais-na-vila-rubim--em-vitoria. Acesso em: 30 Junho. 2019.
12 CARVALHO, Mariana. Carro-alegórico da Piedade. 2016. 1 fotografia. Disponível em:
http://g1.globo.com/espirito-santo/carnaval/2016/noticia/2016/01/piedade-canta-passado-presente-e-
futuro-da-vila-rubim.html. Acesso: 30 Junho. 2019.
56
A escola ainda reflete sobre o futuro do Mercado em meio às mudanças nas formas
de comércio advindas dos avanços da tecnologia, mas afirmando sua confiança na
originalidade da essência da Vila.
Essas vozes que parecem desconectadas em meio a narrativas sobre diversos temas
são exemplos de relação topofílica com o espaço que se apresentam como campos
cegos possíveis de resistência à lógica mercadológica na produção do espaço da
cidade, particularmente na região da Vila Rubim.
Por isso, acreditamos que a chave para contrapor a narrativa hegemônica está no
processo de interlocução com o outro, como dito por José Arbex Junior:
13 Enredo: "Vamos ao Mercado?" Compositores: Souza, Marquinho Gente Bamba, Lourival das Neves,
Gibson Muniz, Costa Pereira, Sérgio Índio e Lucianinho.
14 Idem.
57
(...) não à cidade arcaica, mas à vida urbana, à centralidade renovada, aos
locais de encontros e de trocas, aos ritmos de vida e empregos do tempo que
permitem o uso pleno e inteiro desses momentos e locais etc.). A
proclamação e a realização da vida urbana como reino do uso (da troca e do
encontro separados do valor de troca) exigem o domínio do econômico (do
valor de troca, do mercado e da mercadoria) e por conseguinte se inscrevem
nas perspectivas da revolução sob a hegemonia da classe operária (p.139).
O Direito à Cidade legitima a recusa de se deixar afastar da realidade urbana por uma
organização discriminatória, segregadora e se manifesta como forma superior dos
direitos, como o direito de liberdade e de enxergar um caminho e um horizonte
histórico e de não ser excluído da centralidade das decisões.
A atividade pedagógica só está completa uma vez que esses dois movimentos são
concretizados mutuamente através da troca de conhecimento para a ação conjunta.
É nessa concepção que o processo de formação permanente e continuada do
profissional da educação se torna necessário e é proposta nessa pesquisa. Por isso,
planejamos o curso como uma atividade de ensino, coletiva na sua intenção, objetivo
e execução. A pesquisa formulada nas bases explicitadas se enquadra na concepção
de pesquisa participante, que segundo Gabarrón:
15Mais informações sobre o GEPECH e detalhes sobre projetos de pesquisa, cursos de extensão e
parcerias: https://gepech.wordpress.com/cursos/. Acesso em: 15 Maio. 2020.
62
Kuster (Ifes) e Sandra Della Fonte (UFES). O grupo tem entre seus objetivos planejar,
executar e avaliar formações de professores da educação básica, que contribuam
para estimular reflexões sobre os espaços da cidade.
16 Israel David de Oliveira Frois, mestre com a dissertação “O entorno da Vale S.A. na perspectiva do
direito à cidade: da miopia verde à catarse do pó preto”; produto educacional: “O entorno da Vale-SA
na perspectiva da cidade educativa”.
Larissa Franco De Mello Aquino Pinheiro, mestra com a dissertação: “O Parque Moscoso como espaço-
memória da cidade de Vitória: a educação na cidade em debate na formação continuada de
professores”. Produto Educacional: “O Parque Moscoso como espaço-memória da cidade de Vitória”.
Patrícia Guimarães Pinto, mestra com a dissertação: “Educação na Cidade: o processo de
modernização da cidade de Vitória em debate na formação de professores”. Produto Educacional:
“Educação e cidade: o processo de modernização da cidade de Vitória em debate”.
Todos os materiais estão disponíveis no endereço eletrônico:
https://gepech.wordpress.com/dissertacoes-e-materiais-educativos/.
63
Momento de planejamento do curso, Prainha de Santo Antônio. Fonte: Acervo pessoal da autora, 29
jun. 2019.
Dessa forma, preparamos duas viagens formativas para o curso. Os critérios para
estabelecer o caminho e a parada do grupo foram relacionados aos respectivos lócus
de pesquisa de cada pesquisadora. A viagem formativa relacionada à esta pesquisa
e relatada no próximo capítulo teve como proposta de análise do espaço a
reinterpretação dos espaços públicos a partir da observação e da percepção da
66
Para destacar a importância desse material na pesquisa, vale retomar sua origem nos
mestrados profissionais brasileiros, que foram instituídos em 1995 pela Portaria nº 47,
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes1), e pela
subsequente regulamentação expressa na Portaria nº 80/1998, do Ministério da
Educação.
trabalho final do curso deve incluir um relato fundamentado dessa experiência, do qual
o produto educacional desenvolvido é parte integrante.
Como afirmado no capítulo anterior, o processo do curso desde a sua elaboração até
a sua conclusão foi desenvolvido coletivamente por diversos personagens: o
GEPECH, pesquisadoras em formação, professoras orientadoras, professores
cursistas e colaboradores externos. Embora os dados específicos relacionados à esta
pesquisa e a elaboração do material educativo correspondente tenham recebido mais
destaque em um dos módulos do curso, é impossível nos desvincular totalmente dos
outros momentos que construíram o caminho formativo e dos outros atores e atrizes
que participaram ativamente desse movimento.
Muitos dos dados e imagens contidos neste relato são de autoria do coletivo de
formação, composto pela coordenação do curso, professoras orientadoras e
monitoras, assim, ao encontrarem arquivos referenciados como “Coletivo de
formação”, trata-se do acervo composto pelos arquivos compartilhados,
principalmente, no grupo de whatsapp. Os que não forem de autoria do coletivo de
formação estarão devidamente identificados.
17 Música: Ebenézer Martins. Letra: Cláudio Vereza. Voz: Raquel Passos. Produção musical: Ebenézer
Martins e Dedy Coutinho. Álbum: "Cantos do meu canto" 2006. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=2p50yfohVJo. Acesso em: 01 Julho. 2020.
70
Para a organização do curso era ideal que os professores pudessem participar dos
encontros em horário de expediente, já que o processo de formação continuada é
também parte do trabalho do professor e muitos cursos oferecidos fora do horário de
expediente acabam por contribuir na sobrecarga de trabalho tão discutida entre os
educadores. Porém, nossa experiência com essa tentativa foi frustrada, já que a
formação é muitas vezes vista como um processo separado do trabalho pedagógico
e essa noção é hoje predominante nas instituições de ensino. Decidimos por manter
a parceria, mas pensamos em ampliar o público a partir de uma proposta que
valorizasse a participação dos professores e pudesse auxiliar na sua progressão
profissional, com certificação pelo Ifes e carga horária de 80h.
18 IFES CAMPUS VITÓRIA. Direx - Edital 05/2019. Vitória, ES: IFES, 21 ago. 2019. Disponível em:
https://vitoria.ifes.edu.br/editais-do-campus/17034-direx-edital-05-2019. Acesso em: 02 Maio.
2020.
71
Divulgação do curso na página oficial do Ifes Campus Vitória no Facebook. Fonte: Assessoria de
Comunicação Social Ifes, 201919.
19 Ifes - Campus Vitória. O Ifes - Campus Vitória promove o curso “Educação na cidade:
percepção, contradições e sensibilidade na cidade de Vitória” [...]. Vitória, 06 ago. 2019. Facebook:
Ifes – Campus Vitória @ifesvitoria. Disponível em:
https://www.facebook.com/ifesvitoria/posts/932674353756647. Acesso em: jul. 2019.
20 O vídeo do sorteio com a classificação final dos candidatos inscritos está no endereço eletrônico:
https://vimeo.com/354056567. Acesso em: 22 Março. 2020. Todo o processo está publicado e divulgado
no edital referenciado na nota anterior. Esse método de seleção foi orientado pela Diretoria de Extensão
73
(Direx) do Ifes para democratizar o processo de oferta de vagas, já que o critério de seleção por ordem
de inscrição muitas vezes prejudica os candidatos que não conseguem acesso imediato ao formulário
de inscrição no momento de sua publicação.
74
(continuação)
Data Episódio Mediação Conteúdo
18/09/2019 Episódio 6: Direito à Pesquisadora: Raquel Exposição conceitual e
Música na cidade Passos discussão:
fundamentos, música e
trabalho, contradições
da cidade
25/09/2019 Episódio 7: Reflexões Pesquisadoras: Avaliação dos
sobre direito à cidade – Samira, Raquel e protótipos dos
estudo em grupos Alexsandra materiais educativos
das pesquisas
28/09/2019 Episódio 8: Viagem Pesquisadora: Raquel Roteiro pré-definido
formativa II: Prainha de Passos com o objetivo de
Santo Antônio Convidadas: discutir a cidade de
Presidenta do Vitória e sua relação
Movimento com o mar e a
Comunitário de Santo importância da música
Antônio Simone e na cidade.
artista Yvana (galeria
EMPAREDE)
Matriculados 30
Desistentes 15
Aprovados para certificação 15
Por isso nessa seção faremos uma análise do perfil dos participantes que concluíram
o curso, um panorama geral desses sujeitos da pesquisa. O grupo 15 de professores
que frequentou a maior parte dos encontros do curso é composto por profissionais de
áreas diversas, como história, letras, artes visuais, música, educação física e
pedagogia. A maior parte atua nas séries iniciais do ensino básico, com expressiva
atuação na educação infantil. Alguns relataram que se interessaram pelo curso por já
desenvolverem iniciativas de educação na cidade no entorno de suas escolas, e
esperavam que a formação oferecesse novos elementos e propostas para ampliar o
trabalho que já realizavam.
77
Pedagogia
1
1
História
2 Letras
7
1 Artes visuais
Música
4
Educação
Física
A partir desse quadro, percebemos que o interesse dos participantes pela proposta
do curso de formação antecedia o interesse curricular pela certificação. Esse interesse
coletivo e diverso abriu caminho para importantes diálogos e contribuições para a
proposta de formação, além de um olhar solidário em relação à nós pesquisadoras e
colegas de profissão.
narrativas independentes em seu núcleo, se torna mais potente através dessa união.
Assim como um livro de contos ou uma narrativa cinematográfica.
Nosso roteiro inicial contido na ementa do curso (APENDICE C) foi sendo modificado
nas interações dos diversos personagens que atuaram nesse longa-metragem de 80h
de duração. Problemas de agenda dos convidados, disponibilidade do espaço e outras
demandas modificaram algumas das datas previstas originalmente, sem comprometer
a carga horária do curso e a quantidade de encontros presenciais previstos.
Por isso, vamos aqui relatar textual e fotograficamente cada encontro presencial como
um episódio que se desdobra por nossa narrativa “cinematográfica”, composta de
cenas de diálogo, bastidores e interações diversas que ganharam vida durante o
processo formativo. Os episódios mais detalhados, de número 3, 5 e 7, são os que
dizem respeito diretamente à esta pesquisa.
Nas cenas seguintes deste episódio de formação contamos com a feliz presença de
professores que contribuíram de forma inestimável não só nesse momento, mas
durante todo o nosso percurso acadêmico no PPGEH. A professora Eliana Kuster
(Fotografia 11), coordenadora do curso de extensão, estabeleceu a primeira interação
em nome do coletivo de formação, dando as boas-vindas aos professores cursistas e
apresentou as linhas gerais da proposta de formação e as expectativas do coletivo de
formação para os próximos encontros. Após essa fala inicial, nós, as pesquisadoras
monitoras do curso (Fotografia 12) nos apresentamos e fizemos uma breve
apresentação musical de boas-vindas com a pesquisadora e musicista Raquel Passos
(Fotografia 13).
A primeira cena deste episódio, ocorrida já na sala designada ao curso no CEFOR, foi
um diálogo para estabelecer os combinados básicos do curso entre os atores
envolvidos, como horários, local e cafés compartilhados. Também foi o momento da
entrega da ementa do curso e dos documentos para autorização de uso dos dados
produzidos para as pesquisas das proponentes do curso, como o TCLE e do Termo
de Autorização para Utilização de Imagem e Som de Voz dos próprios cursistas. Além
disso, fizemos um breve panorama sobre o roteiro do curso e os instrumentos de
avaliação para obtenção de certificação.
A cena seguinte foi a exposição dialogada da professora Eliana Kuster com o tema
“Vitória: história, imaginário e devires". Partindo de uma análise do processo de
formação histórica da cidade de Vitória em direção à reflexões acerca do que constitui
o imaginário sobre a cidade, a professora apresentou ainda os desafios e contradições
encontradas no processo de apropriação capitalista do espaço da cidade e as
perspectivas de rompimento com essa lógica a partir da intervenção coletiva no
espaço.
84
Segundo encontro de formação – Exposição da professora Eliana Kuster com o tema “Vitória:
história, imaginário e devires". Fonte: Coletivo de formação, 28 ago. 2019.
Apresentamos ainda alguns vídeos das cenas históricas mencionadas no texto, como
o incêndio de 199421 e a construção do mural do projeto Cidade Quintal22. No decorrer
da exposição, foram constantes as participações dos cursistas, compartilhando
memórias sobre a cidade de Vitória e a Vila Rubim. No final dessa cena que se
desdobrou em muitos diálogos, cantamos juntos o samba-enredo23 de 2016 da
Piedade para aglutinar as diversas abordagens que fizemos durante as discussões.
21 Armazenamento irregular de fogos de artifício causou o acidente, em 1994. Quatro pessoas morrera,
26 ficaram feridos e lojas foram destruídas. In: MEMÓRIA CAPIXABA. Incêndio que destruiu o
Mercado da Vila Rubim (TV Gazeta - 01/07/1994). [s.l.], 7 jul. 2018. 1 vídeo (1:38 min). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=3EizQ6Lz-IE. Acesso em: 22 Julho. 2019.
22 Pintura NOSSA VILA, de 3 murais realizados na região do Mercado da Vila Rubim em Vitória - ES,
de julho a setembro de 2018: In: CIDADE QUINTAL. NOSSA VILA | Pintura por Cidade Quintal (Vila
Rubim, Vitória-ES). Vitória, ES, 27 set. 2018. 1 vídeo (2:38 min). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=WbSx3frSsAQ. Acesso em: 22 Julho. 2019.
23 Enredo: "Vamos ao Mercado?" Autores: Souza, Marquinho Gente Bamba, Lourival das Neves, Gibson
Muniz, Costa Pereira, Sérgio Índio e Lucianinho. In: DICESAR P ROSA FO. PIEDADE - SAMBA
ENREDO 2016. [s.l.], 16 dez. 2015. 1 vídeo (6:51 min). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=Vh9kV5x1KJA. Acesso em: 22 Julho. 2019.
86
Uma alternativa discutida para desenvolver a percepção como estratégia foi o uso de
material audiovisual e jornalístico para retratar os temas e lugares da cidade. Nesse
ponto do diálogo discutimos a importância do trabalho mediador do professor diante
das representações sociais e a necessidade de criticidade no uso desses materiais.
A cena que iniciou esse diálogo foi desenvolvida a partir de uma noção importante
para a compreensão topofílica do espaço: o conceito de lugar como espaço dotado
de valor a partir das interações e vivências do ser humano (TUAN, 1983). Em seguida,
a pesquisadora Alexsandra Loss afirmou a importância do movimento de ida e volta
entre o olhar familiar e topofílico ao olhar “estrangeiro” que nos capacita a analisar
crítica e objetivamente os espaços da cidade.
87
Alexsandra Loss expõe sua proposta de ensino. Fonte: Coletivo de formação, 2019.
O trajeto da viagem formativa foi definido com base nos episódios expositivos 3 e 4
dirigidos pelas pesquisadoras Samira Sanches e Alexsandra Loss e planejado
levando em conta os objetivos das duas abordagens de ensino. No caso de
Alexsandra, foram selecionados alguns pontos importantes na Cidade Alta retratados
pela obra “Marcovaldo e os doze passeios em Vitória”. No caso desta pesquisa que
desenvolvida tendo a percepção da cidade como foco, nossa prioridade foi exercitar
esta ferramenta no espaço para compreender as marcas deixadas pelo tempo e pelos
diferentes atores na cidade, tendo como destino final o mercado da Vila Rubim.
88
Nossa externa foi dividida em dois trechos: Cidade Alta e "Cidade Baixa”. Preparamos
um panorama com os mapas do trajeto e algumas informações sobre o diário de
percurso (APENDICE E) que foi entregue no momento da aula. Um dos objetivos
desse percurso foi observar os lugares que sempre enxergamos de forma desfocada
como espaços de passagem e não de paragem na cidade.
Ponto A: Praça Irmã Josefa Hosana – em frente à Igreja do Carmo. Ponto B: Convento São
Francisco. Ponto C: Viaduto Caramuru. Ponto D: Vista da Igreja São Gonçalo e descida pela
Escadaria Carlos Messina. Fonte: elaboração própria, 201924.
O caminho que percorremos se iniciou com o ponto de encontro (Ponto A), localizado
na Praça Irmã Josefa Hosana, em frente à Igreja do Carmo. Enquanto aguardávamos
a chegada dos demais colegas, iniciamos nos bastidores do episódio um processo de
reconhecimento através da percepção da cidade, discutida nas aulas anteriores. Outra
provocação que fizemos foi sobre o olhar curioso e inocente do personagem da obra
Marcovaldo e os Doze Passeios em Vitória, pesquisada pela monitora Alexsandra
Loss.
Assim iniciamos dialogando sobre esse cenário que para muitos de nós era apenas
um lugar de passagem para a Cidade Alta. Discutimos sobre as pichações nos muros
da igreja (Fotografia 1), a constante passagem de carros em todos os sentidos no
entorno da praça. O convidado Lucas Martins também chamou a atenção para alguns
prédios com histórico de ocupação social entre os edifícios observados.
24 Trecho da Cidade Alta. 2019. Google Maps. Google. Acesso em: 01 Agosto. 2019.
90
Início do trajeto, na Praça Irmã Josefa Hosana, em frente à Igreja do Carmo. Fonte: Coletivo de
formação, 2019.
Uma paisagem que nos chamou a atenção foi um guindaste localizado na Rua
Francisco Araújo (Fotografia 24), onde pudemos observar sua semelhança com a obra
discutida durante o Episódio 4 da formação (Fotografia 25), na discussão mediada
pela pesquisadora Alexsandra sobre as formas de retratar a cidade na arte e
especialmente na literatura.
92
Tela Capuaba (2013) da exposição “Cidades Abstratas” de João César de Melo. Fonte: SESC-ES25,
2019.
25SESC – ES. Exposição Cidades Abstratas, de João César de Melo. Vitória: SESC-ES, c.2019.
Disponível em: https://sesc-es.com.br/event/exposicao-cidades-abstratas-de-joao-cesar-de-melo-2/.
Acesso em: jun. 2019.
93
transitando, para evitar a exposição à violência machista no nosso trajeto.” Ela ainda
afirmou que os homens também são expostos à violência quando transitam pelo
espaço público, mas enquanto eles, em geral, temem pelo seu patrimônio, as
mulheres temem pela integridade dos seus corpos.
Por isso, entendemos que a conquista do direito à cidade possui além dos recortes
sociais de classe, as questões de gênero e raça. Por fim, refletimos sobre o significado
por trás da pichação “útero urbe” como o urbano que desejamos construir e que
precisa ser gestado para nascer no seu sentido renovado.
Ponto A: Ocupação Edifício Santa Cecília/Ponto B: Hospital Santa Casa da Misericórdia/ Ponto C:
Mercado Popular da Vila Rubim. Fonte: elaboração própria, 201927.
No segundo trecho, nossa primeira parada foi na esquina em frente à ocupação social
do Edifício Santa Cecília. Neste momento contamos mais uma vez com o convidado
Lucas Martins para abordar o processo de especulação imobiliária da cidade de
Vitória, em contraponto com o grande número de prédios desocupados no Centro.
Lucas nos explicou que Vitória tem hoje cerca 16 prédios públicos de responsabilidade
da prefeitura que estão sem utilização ou parcialmente ocupados, a maioria no Centro
de Vitória. No caso do Edifício Santa Cecília, o imóvel havia sido desapropriado pra
ser um conjunto de apartamentos populares, mas até hoje a prefeitura não iniciou as
obras. Hoje vivem cerca de 35 famílias que ocupam o espaço e recebem apoio dos
movimentos sociais organizados e da Defensoria Pública Estadual.
27 Trecho Moscoso e Vila Rubim. 2019. Google Maps. Google. Elaborado em: 01 Agosto. 2019.
96
de aula. Nesse sentido, acabamos por romper com a ideia do roteiro pré-estabelecido
no interior do mercado.
Epílogo: Após reflexão posterior sobre esse movimento que ocorreu de forma
espontânea, entendemos tratar-se de uma deriva, conceito situacionista sugerido pela
professora Eneida Mendonça em sua intervenção como banca de qualificação desta
dissertação. Por isso, nos aprofundamos na leitura e desenvolvimento deste conceito
significativo e complementar ao de viagem formativa, que preconiza essa saída do
familiar para um olhar extraordinário sobre os lugares citadinos.
De acordo com Chaparim e Oliveira (2019, p.61), desde muito tempo o caminhar se
tornou um modo de alterar a realidade do ser humano. Este meio de deslocamento
básico, em determinado momento de sua história também passou a carregar
significados simbólicos:
Após essa recapitulação, a professora Sandra Della Fonte iniciou uma nova cena com
intervenção dialogada sobre a valorização da dimensão humana do trabalho criativo
a partir das experiências estéticas. Resgatando a abordagem sobre trabalho como
dimensão ontológica do ser humano que nos leva a criar um mundo inédito, em que o
trabalho criativo e não material como a arte e a música estão inseridos.
Foi um episódio muito significativo. Uma das cenas que marcou a interação entre os
professores cursistas e a pesquisadora Raquel Passos foi a tempestade de ideias de
canções capixabas que abordam a cidade e que podem ser trabalhadas em sala de
aula
100
Outra observação interessante foi de uma professora cursista da área de história, que
respondeu às perguntas em um momento posterior:
O material traz informações históricas desde sua ocupação até hoje. Também
permite trabalhar a memória do povo capixaba na questão do mercado, bem
como as tragédias dos incêndios que comoveram e mudaram a rotina de
tantas pessoas, sua relação com o lugar também.
Acredito que a complexidade de variedades de atrações da Vila Rubim
possibilita atrair vários públicos. O material poderia abordar um pouco mais a
importância do mercado para a cidade de vitória e nesse sentido trazer mais
a vivencia das pessoas e sua relação com esse mercado.
A desnaturalização dos espaços da cidade me chama atenção. Como
professora de história consigo propor um olhar sobre a mudanças na cidade
ao longo do tempo e discutir acerca das mudanças e os usos da cidade
atualmente. Em especial propor acerca da Vila Rubim como um mercado
semelhante a de épocas atrás onde somente nas feiras encontrava-se
determinados produtos como temperos e especiarias. Também podemos
relacionar a situação atual onde há uma representação de área marginalizada
da mesma forma que guetos onde o poder público tem um olhar pouco atento
as necessidades e onde é possível a manifestação de expressões culturais
marginalizadas pela sociedade cristã, caso das religiões de matriz africana.
De forma geral, percebemos que o material cumpre o seu papel ao apresentar uma
estrutura dos principais conceitos e momentos históricos que envolvem esse caminhar
pela Vila Rubim. Uma observação que pudemos captar foi sobre a possibilidade de
ofertar mais elementos de imagem e interação para os professores que forem utilizar
o ebook como referência, com sugestões de abordagem do conteúdo trabalhado e
inclusão do trajeto desenvolvido na primeira viagem formativa. Outra demanda
apresentada foi adaptação do conteúdo do material educativo para o trabalho na
educação infantil.
Outra convidada foi a artista plástica Yvanna Belchior, que sedia exposições de arte
e cineclube no espaço artístico (e sua casa) EMPAREDE, onde promove integração
cultural e diálogos junto à comunidade. A pesquisadora Raquel Passos dirigiu a visita
junto com sua orientadora Sandra Della Fonte. Todas as sequências que ligavam uma
parada à outra foram preenchidas com música e diálogos diversos.
104
28Ifes - Campus Vitória. Para os estudantes que gostam de cantos e poesias, a noite desta quarta-
feira (2) será especial! O Ifes - Campus Vitória sediará o sarau “Que cidade é essa? [...]. Vitória,
02 out. 2019. Facebook: Ifes – Campus Vitória @ifesvitoria. Disponível em:
https://www.facebook.com/ifesvitoria/posts/973136349710447. Acesso em: out. 2019.
106
Apresentação de Canto Lírico: “Caro mio bem”, de Professor cursista: Otoniel de Almeida
Giordani Tommaso. Rodrigues
Professor cursista Plínio, apresentando músicas de sua composição para a educação infantil na
cidade. Fonte: Coletivo de formação, 2019.
Quanto ao desempenho dos A equipe de professores que organizou o curso mostrou-se sensível
professores: às demandas dos cursistas e buscou, de forma planejada, mediar
as temáticas da formação de forma dinâmica e participativa,
cumprindo com a proposta apresentada no edital, sempre
buscando alternativas para possíveis imprevistos que tenham
ocorrido no decorrer do percurso do curso.
Outra professora expressou: “eu cheguei achando que a proposta era algo bem
mecânico e eu conheci óticas totalmente distintas. Pra gente foi bom. Porque temos a
vivência cidadã de viver na cidade mas o que vocês trouxeram foi muito novo. Cada
encontro foi um olhar diferente. Vocês conseguiram fazer um curso diferente.”
Quanto a metodologia aplicada ao projeto para o A metodologia utilizada foi elaborada junto ao
planejamento e execução das aulas: GEPECH (Grupo de Estudos e Pesquisas
sobre Educação na Cidade e Humanidades)
do curso de Pós-Graduação em Ensino de
Humanidade, tendo sido discutida
amplamente para garantir a qualidade na
formação de professores proposta. Tal
metodologia que se propõe colaborativa com
a participação dos cursistas contribuiu para a
qualidade na realização e no decorrer do
curso, de modo que os possíveis problemas
foram previamente visualizados e houvesse
abertura para participação ativa dos cursistas.
Quanto aos conteúdos previstos na matriz Entendemos que os conteúdos previstos na
curricular em relação ao perfil de formação matriz curricular atenderam às expectativas
desejado: dos cursistas, em alguns momentos até
superando às expectativas em relação à
profundidade do conteúdo abordado. De
acordo com relatos dos cursistas, o curso
proporcionou discussões e reflexões para
além daquilo que se imaginou inicialmente.
Quanto a interação da turma entre si e com os A turma de cursistas interagiu sempre
professores (cooperação / trabalho em equipe): positivamente e humanamente, tanto entre si
como com os professores e coordenação,
através da ajuda mútua, através da partilha
em geral (lanches coletivos, troca de saberes,
nos diálogos no grupo virtual, etc.). A
possibilidade de trabalhar com momentos
musicais e permitir a participação de familiares
nas viagens formativas também proporcionou
uma maior conexão entre os participantes e
professores.
Quanto ao planejamento e trabalho conjunto As professoras conseguiram se organizar
entre os professores: para planejar todo o trajeto do curso, sendo
realizadas muitas reuniões presenciais e
também vários diálogos à distância, sempre
em parceria.
Quanto ao trabalho de toda a equipe executora O trabalho de toda a equipe executora com os
com os estudantes: estudantes trouxe resultados que fizeram
diferença para todos os envolvidos, com a
113
29 Site: https://www.canva.com/
115
por temas para refletir melhor sobre a forma como as demandas foram apresentadas
e as soluções encontradas na reformulação do material junto aos professores
cursistas. A versão final e validada do material se encontra em anexo.
Público-alvo: Uma das demandas que surgiu com mais frequência foi o pedido de
adaptação da linguagem e abordagem do material para as séries iniciais e educação
infantil. Entendemos as demandas de adaptação para o ensino e gostaríamos de
conseguir construir um desdobramento desse material especificamente para esse
público, porém nossa proposta nesta pesquisa foi criar um caderno pedagógico para
professores do ensino básico. Assim, acreditamos que a partir desse material os
professores podem subsidiar discussões, adaptações e possíveis abordagens sobre
a temática contida no ebook.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Antes de tecer as considerações finais sobre esta pesquisa, é necessário uma breve
digressão. O processo criativo de uma pesquisa aplicada exige constantes
movimentos de ir e vir entre a teoria e a prática, o idealizado e o vivido. Esse
movimento dialético envolve também a escrita e o relato que nunca se desconectam
da realidade social em que estamos inseridas. Enxergar significado no trabalho
formativo de ensino é um desafio em meio a uma conjuntura de ataques sistemáticos
à educação e ao fazer pedagógico humano, por isso não são raros os momentos de
insegurança na trajetória de quem pesquisa buscando contribuir para transformar
essa realidade.
Portanto, ler de forma crítica e topofílica o entorno imediato onde o indivíduo exerce
sua cotidianidade e onde reproduz a sua existência inserido no contexto urbano
possibilita o surgimento de uma pronúncia crítica e transformadora da realidade. As
iniciativas de formação de professores dentro dessa concepção de educação e leitura
de mundo têm importante papel de contribuir na luta pela transformação da
consciência e impulsionar iniciativas coletivas de mudança social que retomem o
sentido do urbano renovado e humanizado.
30 Contra-hegemonia como conceito marxista elaborado por Gramsci (1982): reação à hegemonia das
classes dominantes associada à cultura na perspectiva da elaboração e da construção da cultura das
classes subalternas.
120
REFERÊNCIAS
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Amarela, 2001.
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rubim-sofre-com-usuarios-de-drogas-e-violencia-no-centro-de-vitoria.ghtml. Acesso
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https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/idoso-perde-controle-de-veiculo-e-
invade-lanchonete-na-vila-rubim-em-vitoria.ghtml. Acesso em: 30 Junho. 2019.
127
APÊNDICES
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - CAMPUS VITÓRIA
Avenida Vitória, 1729 – Jucutuquara – 29040-780 – Vitória – ES - 27 3331-2110
Caro(a) Professor(a),
Inspirada em visão sobre educação e cidade, a partir dos estudos no Grupo de Estudos e Pesquisas
sobre Educação na Cidade e Humanidades (GEPECH) sob a temática da cidade e do ensino
humanidades, essa proposta busca contribuir na formação continuada de professores da rede pública
de educação, especialmente na área da Grande Vitória, através da redescoberta de espaços da cidade
de importância histórica e cultural.
Em consonância com pesquisas desenvolvidas no GEPECH, do Mestrado em Ensino de Humanidades
(PPGEH) no IFES/ Campus Vitória, o objetivo geral desse projeto é propor o desenvolvimento da
percepção da cidade como ferramenta de ensino, na medida em que contribui para uma leitura de
mundo humanizada, colaborativa e coletiva, a partir de diferentes visões de mundo que existem dentro
da comunidade escolar. Para tanto, a pesquisa adotará a abordagem qualitativa articulada à
metodologia da Pesquisa Colaborativa e a produção de dados ocorrerá a partir de uma postura teórico-
metodológica problematizadora por meio das discussões e de atividades promovidas por esse curso
de extensão. Também serão contempladas reflexões e experimentações resultantes de oficinas de arte
a serem mediadas junto aos participantes do curso e também poderão ser realizadas entrevistas para
a complementariedade dos dados.
Consideramos benefícios para esta formação: oportunidade de troca de informação entre pares/
professores na Investigação de possibilidades de contribuir para o resgate da cultural local em relação
aos espaços do município de Vitória no seu cotidiano, tendo como horizonte o “direito à cidade;
incentivo de práticas de ensino dentro da cidade de Vitória com os professores inseridos em sua
realidade local para a compreensão das constantes transformações da cidade e os diversos interesses
que nele se cruzam; acompanhamento da elaboração de cadernos de formação de professores
construídos coletivamente com a síntese das atividades realizadas.
128
Quanto à relação estabelecida entre pesquisadoras e cursistas, essa acontecerá de forma profissional,
priorizando as relações dentro de valores morais e éticos. Haverá garantia da não utilização por parte
das pesquisadoras, das informações obtidas na pesquisa sem prejuízo dos seus participantes. Será
assegurada a garantia de confidencialidade das informações, da privacidade e da proteção de sua
identidade, inclusive do uso de sua imagem e voz, não havendo qualquer dano ao participante.
Em qualquer etapa da investigação, haverá acesso às pesquisadoras 1. Maria Raquel Ardisson Passos,
residente à rua São Jorge, 27, Quadra 43, Arlindo Villaschi - Viana/ ES. CEP: 29136-196, Telefone:
(27) 99953-4819 (celular pessoal); 99829-6341 (recado), e-mail: raquelpassosmusica@gmail.com, que
tem como orientadora a professora Drª Sandra Soares Della Fonte - e-mail: sdellafonte@uol.com.br. 2.
Samira de Souza Sanches, residente à rua Saturnino de Brito, 1175/502 – Vitória/ES. CEP: 29055-245.
Telefone (27) 98825-2627, e-mail: sanchessamira@gmail.com, que tem como orientadora a professora
Drª Eliana Mara Pellerano Kuster – e-mail: eliana@ifes.edu.br. Ainda será possível acessar o Conselho
de Ética (CEP) do IFES, que se trata de um colegiado interdisciplinar e independente, com “múnus
público”, criado para defender os interesses dos sujeitos em sua integridade e dignidade, e que tem a
responsabilidade de analisar as pesquisas envolvendo seres humanos com vistas a contribuir no
desenvolvimento da pesquisa dentro dos padrões éticos. O referido comitê está localizado à Av. Rio
Branco, nº 50 - Santa Lúcia - Vitória/ ES, com telefone (27) 3357-7518 e e-mail:
etica.pesquisa@ifes.edu.br. Você será esclarecido(a) sobre qualquer dúvida e estará livre para
consentir ou não, quanto à sua participação na pesquisa e poderá retirar este consentimento ou
interromper a sua participação a qualquer momento, sem nenhum prejuízo, represália ou necessidade
de justificativa.
Os dados coletados nessa pesquisa, como gravações, entrevistas, fotos e filmagens, entre outros,
ficarão armazenados sob a responsabilidade das pesquisadoras, pelo período mínimo de 05 (cinco)
anos após o término da pesquisa, ficando assegurado de que os mesmos serão utilizados somente
para fins de pesquisa, restrita aos conhecimentos científicos e acadêmicos, observando as normas
éticas da pesquisa. As informações fornecidas para as pesquisadoras serão armazenadas por ela em
arquivo, físico ou digital, em computador próprio e/ou em impressos e/ou em CDs/DVDs (áudio e vídeo),
e, posteriormente, transcritas e não serão utilizadas em prejuízo aos participantes ou de outras
pessoas, inclusive na forma de danos à estima, prestígio e prejuízo financeiro.
129
Caso após a leitura integral deste Termo de Consentimento ainda haja informação que você não
compreenda, as dúvidas poderão ser tiradas com as pesquisadoras. Quando todos os esclarecimentos
forem dados e você concordar com a participação como voluntário no estudo, solicitamos que rubrique
as folhas e assine ao final deste documento, que está em duas vias, uma via será entregue a você e a
outra ficará com a pesquisadora responsável.
A assinatura deste documento indica que você compreende o objetivo do referido estudo e manifesta
seu livre consentimento em participar, voluntariamente, da pesquisa por meio do curso de extensão,
estando totalmente ciente de que não há nenhuma gratificação financeira a receber, ou a pagar, por
sua participação.
Ressaltamos que é garantida a plena liberdade de participação na pesquisa. Você é livre para decidir
se participará ou não da pesquisa. A participação no curso de extensão não está condicionada ao aceite
em participar da pesquisa. Contudo, reiteramos que o seu aceite a este convite para participação na
pesquisa consistirá uma grande contribuição para estudo, investigação e aprofundamento da temática
proposta. Informamos, ainda, que se depois de decidir pela sua participação você vier a desistir da
permissão, tem o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, seja
antes ou depois da coleta dos dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo a sua pessoa.
___________________________________________________________
Assinatura do(a) participante do curso
______________________________ _____________________________
Prof.ª Drª Sandra Soares Della Fonte Maria Raquel Ardisson Passos
Orientadora Pesquisadora
_______________________________ ___________________________
Prof.ª Drªa Eliana Mara Pellerano Kuster Samira de Souza Sanches
Orientadora Pesquisadora
Nome: Idade:
Nacionalidade: Estado Civil:
CPF: Telefone: E-mail:
Endereço: UF:
Cidade: CEP:
Ora designado CEDENTE, firmo e celebro com o Ifes – Instituto Federal de Educação Ciência
e Tecnologia do Espírito Santo, por meio da pesquisadora Samira de Souza Sanches, inserida no
Grupo de Pesquisa em Educação na Cidade e Humanidades (Gepech), aluna do Programa de Pós-
Graduação em Ensino de Humanidades (PPGEH), situado na Avenida Vitória, nº 1729, Bairro
Jucutuquara – CEP: 29040-780– Vitória – ES, designado CESSIONÁRIO, o presente TERMO DE
AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM E VOZ PARA FINS EDUCACIONAIS mediante as cláusulas e
condições abaixo discriminadas, que voluntariamente aceitam e outorgam:
Por meio do presente instrumento autorizo a pesquisadora a utilizar minha imagem e/ou voz,
captados por meio de fotografias, gravações de áudios e/ou filmagens de depoimentos, declarações,
videoconferência, exercícios, conferência web, entrevistas e/ou ações outras realizadas a serem
utilizados exclusivamente com fins educacionais e de pesquisa relacionadas a este projeto de
mestrado. Afirmo ter ciência que a transferência é concedida em caráter total, gratuito e não exclusivo,
não havendo impedimento para que o CEDENTE utilize o material captado como desejar para os fins
científicos e educacionais. Declaro que a pesquisadora está autorizada a serem proprietária dos
resultados do referido material produzido, com direito de utilização, de forma científica e por um prazo
indefinido no que se refere à concessão de direitos autorais, utilização e licenciamento a terceiros, para
que façam uso, no todo ou em parte, deste material ou de qualquer reprodução. Declaro ainda que
renuncio a qualquer direito de fiscalização ou aprovação do uso da imagem e outras informações ou
de utilizações decorrentes da mesma.
A cessão objeto deste Termo abrange o direito do CESSIONÁRIO de utilizar a IMAGEM E VOZ
PRODUZIDOS DURANTE O CURSO do CEDENTE sob as modalidades existentes, tais como
reprodução, representação, tradução, distribuição, entre outras, sendo vedada qualquer utilização com
finalidade lucrativa. A cessão dos direitos autorais relativos à IMAGEM E VOZ PRODUZIDOS
DURANTE O CURSO do CEDENTE é por prazo indeterminado, a não ser que uma das partes notifique
a outra, por escrito, com a antecedência mínima de 180 (noventa dias). Fica designado o foro da Justiça
Federal, da seção Judiciária do Espírito Santo, para dirimir quaisquer dúvidas relativas ao cumprimento
deste instrumento, desde que não possam ser superadas pela mediação administrativa.
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Assinatura do CEDENTE
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APRESENTAÇÃO:
A Viagem formativa de hoje tem o objetivo de refletir sobre sobre aspectos diferentes
do Centro Histórico a partir da percepção crítica deste espaço que expressa hoje
marcas dos diferentes tempos e formas que produziram o espaço ao longo da história.
Em alguns momentos, nosso olhar será familiar, em outros, o distanciamento do olhar
estrangeiro será necessário para refletir sobre os processos que estão por trás da
aparência que contemplamos. Nas próximas páginas estão nossos mapas do trajeto
e espaço para anotações, observações e relatos que futuramente formarão nossos
diários de percurso.
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Trecho 2 – Moscoso e Vila Rubim
Ponto A: Ocupação Edifício Santa Cecília
Ponto B: Hospital Santa Casa da Misericórdia
Ponto C: Mercado Municipal da Vila Rubim
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I. IDENTIFICAÇÃO
Ifes: R$---------------------
Outro: R$---------------------
Público de empresas: 02
Parcerias externas
(somente preencher caso tenha tido mudança no projeto)
Turmas Carga horária Data de efetivo Data de efetivo Turno de oferta Horário de
ofertadas executada início término oferta
Matrículas e concludentes
01 30 30 15 15 Noturno 18h às
22h
Identificação dos motivos da evasão Os principais motivos para evasão tem relação com a
e possíveis intervenções: sobrecarga de trabalho dos professores participantes, que
com o avanço do ano letivo encontraram dificuldades em
acompanhar um curso presencial noturno e conciliar com o
trabalho. Além disso, a distância física entre a instituição e
o destino dos participantes também foi um dos fatores
citados.
Quanto ao desempenho dos A equipe de professores que organizou o curso mostrou-se sensível
professores: às demandas dos cursistas e buscou, de forma planejada, mediar as
temáticas da formação de forma dinâmica e participativa, cumprindo
com a proposta apresentada no edital, sempre buscando alternativas
para possíveis imprevistos que tenham ocorrido no decorrer do
percurso do curso.
Quanto a metodologia aplicada ao projeto para o A metodologia utilizada foi elaborada junto ao
planejamento e execução das aulas: GEPECH (Grupo de Estudos e Pesquisas sobre
Educação na Cidade e Humanidades) do curso
de Pós-Graduação em Ensino de Humanidade,
tendo sido discutida amplamente para garantir a
qualidade na formação de professores
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Quanto ao trabalho de toda a equipe executora O trabalho de toda a equipe executora com os
com os estudantes: estudantes trouxe resultados que fizeram
diferença para todos os envolvidos, com a
partilha novos saberes, novos olhares sobre a
temática principal, que era a Educação na
cidade, a partir de uma experiência sensível e
crítica.
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Resultados das Avaliações dos Estudantes do A metodologia utilizada para avaliação dos
Ifes – membros da Equipe Executora: (baseada na momentos do curso contou com questionários e
metodologia de avaliação utilizada) interações no início das aulas correspondente à
aula anterior, com participação dos cursistas e
sugestão de possíveis modificações. De uma
forma geral, pudemos notar que os cursistas
demonstraram satisfação em relação ao curso e
afirmaram sua vontade de permanecer
enquanto grupo para uma possível continuação
da extensão.
Quanto à relação com a sociedade, dos impactos Compreendemos que a oferta do curso
produzidos pela oferta do curso: (Contribuições colabora para o processo contínuo da formação
para resolução de problemas sociais, ampliação das e emancipação humana, para reflexões críticas
oportunidades educacionais e de inclusão social, sobre o espaço em que vivemos, circulamos e
transferência de conhecimentos, tecnologia e habitamos, na expectativa de cooperação para
inovação) uma cidade cada vez mais justa para o ser
humano e para o planeta. Além disso, pudemos
interagir com lideranças comunitárias (como a
presidenta da Associação de Moradores de
Santo Antônio), proporcionando uma troca entre
a instituição e a sociedade.
VII. ANEXOS
(Descrever abaixo quais são os anexos deste relatório)