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1ª Estrofe
Na 1.ª estrofe, o sujeito poético lamenta a sorte daqueles que vivem felizes.
O poema inicia com uma antítese em relação às palavras“triste” /
“contente”. Na perspetiva do sujeito poético, a alegria do conformista é
triste para ele mesmo, visto que ignora o prazer que a aventura lhe pode
dar em termos pessoais, e é triste para a sociedade de que faz parte, pois
sem ideais e sonhos e sem a coragem de os tentar concretizar, a sociedade
não evolui, estagna e torna-se decadente.
2ª Estrofe
Na segunda estrofe revive-se a ideia que inicia o poema, agora através de
uma frase exclamativa que expressa o desdém do eu lírico face à aceitação
da rotina, como se tratasse de uma atitude positiva; deste modo, o sujeito
poético desmistifica o conceito de “felicidade” aceite pela sociedade em
geral e que assenta na valorização da vida ao nível mais básico - a vida
instintiva ou «a lição da raiz». A lição que podemos tirar da raiz é simples:
quem vive apenas por viver, sem sonhos e ideais (“porque a vida dura” v. 7)
é semelhante a uma raiz: vive como se estivesse sepultado. Os nomes “raiz”
e “sepultura” associam-se ao imobilismo e à ausência de vida e de sonho.
Por outro lado, a forma verbal “dura” (v. 7) remete para a existência
enquanto mero passar do tempo. Assim, quem “Vive porque a vida dura”
não a aproveita e limita-se a existir, a sobreviver. Esta aceitação da vida
segundo os instintos conduz à morte do indivíduo, porque a vida digna de
ser vivida é a que é orientada pelos mitos, pelo sonho, pela loucura de sinal
positivo, pela partida em direção a horizontes desconhecidos.
3ª Estrofe
Na terceira estrofe o autor mostra que o tempo vai passando e que as
coisas vão mudando, mas que o descontentamento do homem nunca muda e
isso é o que o faz ser homem. E diz-nos também que as nossas forças estão
na alma e nos nossos sonhos.
Nos dois versos finais desta estrofe, o sujeito poético deseja que a
grandeza de alma domine e cale as “forças cegas” ou forças da natureza,
fazendo com que o homem se liberte da prisão terrena e vá em busca da
plenitude existencial.
4ª Estrofe
Na quarta estrofe, o sujeito poético menciona os quatro impérios do “ser
que sonhou” (Grécia, Roma, Cristandade, Europa), o qual assistirá ao
renascimento da humanidade, que regressará a um tempo de pureza e de
imortalidade, que a chegada do Quinto Império vai proporcionar. Assim, “A
terra será teatro / Do dia claro, que no atro / Da erma noite começou” (vv.
18 a 20), isto é, das trevas da noite deserta e esta escuridão, dará lugar à luz
do Quinto Império, que resplandecerá de paz e harmonia.
5ª Estrofe
Nesta estrofe os quatro impérios anteriores morreram. Agora, é tempo de
perseguir o sonho de construção futura do Quinto Império, o império
espiritual que nascerá da procura da verdade. É neste contexto que o
sujeito poético interroga: “Quem vem viver a verdade / Que morreu D.
Sebastião?”. Esta interrogação anuncia o Quinto Império que, sucedendo-se
aos quatro anteriores, deles diferirá pela natureza: será o
império da verdade, nascida com a morte de D. Sebastião.
Análise externa:
O poema é constituído por 5 quintilhas, sendo o 5 um símbolo associado à
união, número da harmonia e do equilíbrio e também refere-se ao quinto
império.
rima: interpolada e cruzada.
Análise interna: