Você está na página 1de 74

COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE

PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE


Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

SOBRE O AUTOR

Caio Felipe Caminha de Albuquerque é advogado, autor de materiais voltados


para concursos públicos e professor do AprovaçãoPGE.
Possui ampla experiência em concursos públicos, tendo sido aprovado em 6
procuradorias: PGM-JP (3º LUGAR), PGE-PE (10º LUGAR) PGE-MT, PGE-
AM, PGM-BH e PGE-SE.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 2


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO E OBRA

A Coleção Leis Comentadas-AprovaçãoPGE é mais uma ferramenta essencial


para tornar mais eficiente o estudo para concursos públicos.
O professor Caio Albuquerque escolheu as principais leis cobradas em provas,
separou os dispositivos em quadros (com cores, para facilitar a memorização) e
realizou comentários a todos os artigos com doutrina e muita jurisprudência,
abordando os principais tópicos de forma específica.
O presente E-book contém a Lei dos Juizados Especiais da Fazenda Pública
comentada, uma lei muito importante para concursos públicos, especialmente da
advocacia pública, e que é deixada de lado por muitos estudantes.
Agora ficou mais fácil e prático estudar a lei seca.
Equipe AprovaçãoPGE

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 3


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

SUMÁRIO

Ponto 1 ...................................................................................................................... 7
1.1. Introdução ......................................................................................................................... 7
1.2. A Lei nº 12.153/2009 e o Microssistema dos Juizados Especiais .............................. 7
1.3. Princípios do Microssistema dos Juizados Especiais ................................................... 8
1.4. O que é importante decorar sobre o art. 1º ................................................................ 10
Ponto 2 ..................................................................................................................... 11
2.1. A competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública ..................................... 11
2.2. Valor da causa e litisconsórcio ativo e razões do veto ao §3º do art. 2º.................. 12
2.3. Menor complexidade da causa e prova pericial .......................................................... 13
2.4. Causas versando sobre direitos difusos e coletivos.................................................... 14
2.5. Causas versando sobre anulação de atos administrativos ......................................... 15
2.6. Causas versando sobre sanções disciplinares .............................................................. 15
2.7. Causas versando sobre imóveis das empresas públicas ............................................. 16
2.8. Competência absoluta dos Juizados Especiais da Fazenda Pública ......................... 16
2.9. Conflitos de competência envolvendo Juizados Especiais da Fazenda Pública..... 17
2.10. Assertivas corretas cobradas em concursos públicos .............................................. 18
2.11. O que é importante decorar sobre o art. 2º .............................................................. 19
Ponto 3 ..................................................................................................................... 21
3.1. Tutela provisória nos Juizados Especiais da Fazenda Pública.................................. 21
3.2. Vedações à concessão de liminares contra a Fazenda Pública ................................. 21
3.3. Assertiva correta cobrada em concurso público ........................................................ 22
3.4. O que é importante decorar sobre o art. 3º ................................................................ 22
Ponto 4 .................................................................................................................... 24
4.1. Recurso contra a sentença nos Juizados Especiais da Fazenda Pública .................. 24
4.2. Efeitos do recurso contra a sentença nos Juizados Especiais da Fazenda Pública 25
4.3. Embargos de Declaração nos Juizados Especiais da Fazenda Pública.................... 25
4.4. Recurso contra tutelas provisórias nos Juizados Especiais da Fazenda Pública .... 26
4.5. Recurso Especial nos Juizados Especiais da Fazenda Pública ................................. 27

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 4


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

4.6. Recurso Extraordinário nos Juizados Especiais da Fazenda Pública ...................... 27


4.7. Mandado de Segurança nos Juizados Especiais da Fazenda Pública ....................... 28
4.8. Assertivas corretas cobradas em concursos públicos ................................................ 29
4.9. O que é importante decorar sobre o art. 4º ................................................................ 29
Ponto 5 ..................................................................................................................... 31
5.1. Legitimidade ativa nos Juizados Especiais da Fazenda Pública................................ 31
5.2. Divergência entre a Lei nº 12.153/2009 e a Lei nº 9.099/95 ................................... 32
5.3. Legitimidade ativa de incapaz menor de idade ........................................................... 32
5.4. Legitimidade ativa do Ministério Público e da Defensoria Pública ......................... 33
5.5. Legitimidade passiva nos Juizados Especiais da Fazenda Pública ........................... 34
5.6. Assertiva correta cobrada em concurso público ........................................................ 34
5.7. O que é importante decorar sobre o art. 5º ................................................................ 35
Ponto 6 .................................................................................................................... 36
6.1. Citações e intimações no Juizado Especial da Fazenda Pública ............................... 36
6.2. Prazos processuais nos Juizados Especiais da Fazenda Pública............................... 37
6.3. Contagem dos prazos processuais em dias úteis ........................................................ 37
6.4. O que é importante decorar sobre os arts. 6º e 7º ..................................................... 38
Ponto 7 .................................................................................................................... 39
7.1. Conciliação, transação e desistência no Juizado Especial da Fazenda Pública ....... 39
7.2. O que é importante decorar sobre o art. 8º ................................................................ 40
Ponto 8 ..................................................................................................................... 41
8.1. Dever de cooperação processual da Fazenda Pública ............................................... 41
8.2. Provas no Juizado Especial da Fazenda Pública ........................................................ 42
8.3. Realização de exame técnico ......................................................................................... 42
8.4. Assertivas corretas cobradas em concursos públicos ................................................ 43
8.5. O que é importante decorar sobre os arts. 9º e 10 ..................................................... 43
Ponto 9 .................................................................................................................... 45
9.1. Inexistência de reexame necessário nos Juizados Especiais da Fazenda Pública ... 45
9.2. Assertiva correta cobrada em concurso público ........................................................ 45
Ponto 10 ................................................................................................................... 46
10.1. Trânsito em julgado e Ação Rescisória nos Juizados Especiais da Fazenda
Pública ..................................................................................................................................... 47

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 5


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

10.2. Execução de quantia que supera 60 salários mínimos ............................................. 48


10.3. Execução de obrigações de fazer, não fazer ou entregar coisa............................... 48
10.4. Execução de obrigação de pagar quantia certa ......................................................... 49
10.4.1. Execução pelo regime da Requisição de Pequeno Valor ..................................... 49
10.4.2. Fixação de valores diversos para a RPV................................................................. 50
10.4.3. Execução pelo regime dos precatórios ................................................................... 51
10.5. Assertiva correta cobrada em concurso público ...................................................... 52
10.6. O que é importante decorar sobre os arts. 12 e 13 .................................................. 52
Ponto 11 ................................................................................................................... 54
11.1. Juízes Leigos e Conciliadores nos Juizados Especiais da Fazenda Pública........... 55
11.2. Atuação dos Conciliadores nos Juizados Especiais da Fazenda Pública............... 55
11.3. Mediação nos Juizados Especiais da Fazenda Pública ............................................ 56
11.4. O que é importante decorar sobre os arts. 14, 15 e 16 ............................................ 56
Ponto 12 ................................................................................................................... 58
12.1. Turmas Recursais nos Juizados Especiais da Fazenda Pública .............................. 58
12.2. Competências das Turmas Recursais ......................................................................... 59
12.3. O que é importante decorar sobre o art. 17.............................................................. 59
Ponto 13 ................................................................................................................... 60
13.1. Pedido de Uniformização nos Juizados Especiais da Fazenda Pública................. 61
13.2. Julgamento do Pedido de Uniformização que contraria Súmula do STJ .............. 63
13.3. Razões do Veto ao §4º do art. 19 ............................................................................... 64
13.4. Assertiva correta cobrada em concurso público ...................................................... 65
13.5. O que é importante decorar sobre os arts. 18 e 19 .................................................. 65
Ponto 14 ................................................................................................................... 66
14.1. Normas de transição e aplicação da Lei dos Juizados Especiais da Fazenda
Pública ..................................................................................................................................... 67
Ponto 15 ................................................................................................................... 68
15. O que é importante decorar de toda a Lei dos Juizados Especiais da Fazenda
Pública ..................................................................................................................................... 68
Bibliografia ............................................................................................................. 74

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 6


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Ponto 1
Art. 1º Os Juizados Especiais da Fazenda Pública, órgãos da justiça comum e integrantes
do Sistema dos Juizados Especiais, serão criados pela União, no Distrito Federal e nos
Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas
causas de sua competência.
Parágrafo único. O sistema dos Juizados Especiais dos Estados e do Distrito Federal é
formado pelos Juizados Especiais Cíveis, Juizados Especiais Criminais e Juizados
Especiais da Fazenda Pública.

1.1. Introdução

O presente livro tem o propósito de facilitar o estudo da Lei dos Juizados Especiais
da Fazenda Pública para concursos públicos. Trata-se de uma lei importante,
especialmente para os concursos da advocacia pública, uma vez que os Juizados fazem
parte cada vez mais da rotina de atuação dos advogados públicos.
Cada um dos artigos da Lei nº 12.153/2009 recebeu comentários individualizados,
que abrangem doutrina e jurisprudência, bem como um tópico contendo um resumo do
que é importante decorar sobre cada dispositivo.

1.2. A Lei nº 12.153/2009 e o Microssistema dos Juizados


Especiais

A Lei nº 9.099/95 inaugurou o denominado Microssistema dos Juizados Especiais,


cumprindo as previsões constitucionais contidas nos arts. 24, X e 98, inciso I e §1º, da
Constituição Federal. Por sua vez, a Lei nº 10.259/2001 criou os Juizados Especiais Cíveis

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 7


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

e Criminais no âmbito da Justiça Federal, regulamentando o art. 98, §1º, da Constituição


Federal.
Posteriormente, a Lei nº 12.153/2009 criou Juizados Especiais competentes para
julgar causas afetas à Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios, abrangendo também as causas de interesse municipal e as respectivas
autarquias, fundações e empresas públicas. Esses juizados fazem parte da Justiça Comum
Estadual e Distrital.
Essas três leis formam o Microssistema dos Juizados Especiais. Fala-se em
microssistema processual pelo fato de que o procedimento dos juizados é específico em
relação ao procedimento comum do Código de Processo Civil e tem regras e princípios
próprios que são aplicáveis às três leis que formam o sistema.
Nesse contexto, as normas jurídicas previstas nas Leis nº 9.099/95, 10.259/2001 e
12.153/2009 são intercambiáveis e devem ser interpretadas em conjunto, ou seja, de
maneira sistemática. Essa conclusão está expressa no art. 27 da Lei dos Juizados Especiais
da Fazenda Pública, que determina a aplicação subsidiária das demais leis do
microssistema, além de permitir a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil.
No que tange à aplicação subsidiária do Código de Processo Civil, o art. 27 da Lei
nº 12.153/2009 está de acordo com a previsão do art. 1.046, §2º, do CPC.
Por fim, cabe ressaltar que o propósito do microssistema analisado é facilitar o
acesso à justiça e resolver os problemas da morosidade processual e da litigiosidade de
massa.

1.3. Princípios do Microssistema dos Juizados Especiais

Em razão das especificidades do procedimento, o Microssistema dos Juizados


Especiais possui princípios próprios e que são aplicados às três leis que o compõem (Leis
nº 9.099/95, 10.259/2001 e 12.153/2009). Alguns deles, apesar de afetos ao
microssistema, são compartilhados também com o processo civil comum.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 8


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Esses princípios específicos estão previstos expressamente no art. 2º da Lei nº


9.099/95. São eles:
I- Oralidade: esse princípio é específico dos Juizados Especiais. No procedimento
comum, regido pelo Código de Processo Civil, a regra é que o procedimento seja, em sua
quase totalidade, escrito. Por outro lado, nos Juizados Especiais, a oralidade tem a especial
função de facilitar e acelerar o procedimento, de modo a tornar possível uma solução mais
rápida e eficaz da demanda. A oralidade está patente, por exemplo, na possibilidade de
apresentação oral da petição inicial e da contestação, nos termos dos arts. 14 e 30 da Lei
nº 9.099/95.
II- Simplicidade: a simplicidade está bastante relacionada com a oralidade. Trata-se
de mais uma forma de facilitação e de desburocratização do procedimento. É em função
do princípio da simplicidade que o art. 32 da Lei nº 9.099/95 veda a reconvenção no
âmbito dos Juizados Especiais, sendo cabível apenas o pedido contraposto.
III- Informalidade: a informalidade também leva à desburocratização do
procedimento, facilitando o acesso à justiça. Deve ser completamente evitado o apego às
formas na realização dos atos processuais, permitindo-se o aproveitamento da essência
desses atos. É por isso que o art. 14, §1º, da Lei nº 9.099/95 determina a utilização de
linguagem simples e acessível na formulação do pedido, com descrição sucinta dos fatos
e dos fundamentos.
IV- Economia processual: esse princípio busca evitar a realização de atos
processuais desnecessários à solução da demanda, de modo que o procedimento seja
facilitado e acelerado. É em razão desse princípio que o art. 4º da lei nº 12.153/2009
permite a interposição de recursos apenas contra a sentença ou contra decisões versando
sobre tutelas provisórias. Assim, evita-se a interposição excessiva de recursos que levaria
à morosidade do procedimento.
V- Celeridade: a aplicação conjunta de todos os princípios anteriores deve levar a
um procedimento mais célere e que traga uma solução rápida para a demanda. Esse é um
dos propósitos da criação dos Juizados Especiais.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 9


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

VI- Preferência pela conciliação ou transação: o propósito dos Juizados Especiais


não é apenas julgar a causa e condenar uma das partes. Busca-se facilitar a solução da
demanda de forma justa e efetiva pela iniciativa das próprias partes, também como forma
de simplificar e tornar célere o procedimento. É por conta desse princípio que a audiência
de conciliação deve ocorrer antes da apresentação da contestação, nos termos do art. 7º
da Lei nº 12.153/2009.

1.4. O que é importante decorar sobre o art. 1º

 Os Juizados Especiais da Fazenda Pública são órgãos da justiça comum estadual e


distrital, que julgam causas de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e dos Territórios.
 A Lei nº 12.153/2009 integra o microssistema processual dos Juizados Especiais,
sendo a ela aplicáveis, de forma subsidiária, as normas do Código de Processo Civil,
da Lei nº 9.099/95 e da Lei nº 10.259/2001.
 São princípios do microssistema dos Juizados Especiais: I- Oralidade; II-
Simplicidade; III- Informalidade; IV- Economia Processual; V- Celeridade; VI-
Preferência pela conciliação ou transação.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 10


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Ponto 2
Art. 2º É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública processar, conciliar
e julgar causas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos.
§ 1º Não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Pública:
I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação,
populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre
direitos ou interesses difusos e coletivos;
II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios,
autarquias e fundações públicas a eles vinculadas;
III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a
servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares.
§ 2º Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência
do Juizado Especial, a soma de 12 (doze) parcelas vincendas e de eventuais parcelas
vencidas não poderá exceder o valor referido no caput deste artigo.
§ 3º (VETADO)
§ 4º No foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda Pública, a sua
competência é absoluta.

2.1. A competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública

Os Juizados Especiais foram criados com o propósito de julgar com mais celeridade
causas de menor complexidade, as quais muitas vezes geram demandas em massa. Por
esse motivo, as três leis que formam o sistema processual dos juizados limitaram os valores
das causas que podem ser julgadas.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 11


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Para as causas do Juizado Especial Cível, o art. 3º da Lei nº 9.099/95 fixou o valor
máximo de 40 salários mínimos.
Por sua vez, para os Juizados Especiais Federais, o art. 3º da Lei nº 10.259/2001
fixou o valor máximo de 60 salários mínimos, o mesmo fixado para os Juizados Especiais
da Fazenda Pública, nos termos do art. 2º da Lei nº 12.153/2009.
Caso a demanda envolva obrigações futuras, o valor da soma de 12 prestações
vincendas e das vencidas não poderá superar 60 salários mínimos
Por fim, vale ressaltar que a fixação do valor da causa nos Juizados Especiais seguirá
as regras previstas nos arts. 291 a 293 do CPC, por não haver regra específica nas leis dos
juizados. É possível, inclusive, que o réu impugne o valor da causa nesse procedimento,
nos termos do art. 293 do CPC.

2.2. Valor da causa e litisconsórcio ativo e razões do veto ao §3º


do art. 2º

O §3º do art. 2º da Lei nº 12.153/2009 tinha a seguinte redação: “Nas hipóteses de


litisconsórcio, os valores constantes do caput e do §2º serão considerados por autor”.
Esse dispositivo foi vetado pela Presidência da República. De acordo com a
Mensagem de Veto nº 1.079/2009, o dispositivo foi vetado pelo fato de que, ao estabelecer
que o valor da causa seria considerado individualmente, permitiria-se a inserção na
competência dos Juizados Especiais de ações de maior complexidade, incompatíveis com
os princípios da oralidade e da simplicidade.
Há autores que concordam com o veto ao §3º do art. 2º, como é o caso de Leonardo
Carneiro da Cunha (2018, p. 779). Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça possui
entendimento divergente.
Na edição nº 89 do Jurisprudência em Teses do STJ, foi divulgada a seguinte tese:

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 12


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

“Em se tratando de litisconsórcio ativo facultativo, para que se fixe a


competência dos Juizados Especiais, deve ser considerado o valor da
causa individualmente por autor, não importando se a soma ultrapassa
o valor de alçada.”

Diversos julgados adotaram a tese exposta: REsp 1658347/SP, Rel. Ministro


Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 16/05/2017, DJe 16/06/2017; AgRg no
REsp 1503716/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em
05/03/2015, DJe 11/03/2015; AgRg no AREsp 472074/SP, Rel. Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 18/12/2014, DJe 03/02/2015; AgRg no AREsp
261558/SP, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, julgado em
20/03/2014, DJe 03/04/2014; AgRg no REsp 1358730/SP, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 20/03/2014, DJe 26/03/2014; REsp
1257935/PB, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 18/10/2012, DJe
29/10/2012. (vide informativo de jurisprudência n. 507).
Isso demonstra que esse é o entendimento que prevalece no Superior Tribunal de
Justiça. Portanto, em caso de litisconsórcio ativo facultativo nos Juizados Especiais, o STJ
entende que o valor da causa deve ser considerado individualmente por autor, não
importando se a soma ultrapassa 60 salários mínimos. Se o interesse individual de cada
autor litisconsorte está dentro do limite legal, o juizado terá competência absoluta para
julgar a demanda.

2.3. Menor complexidade da causa e prova pericial

Na edição nº 89 do Jurisprudência em Teses do STJ, foi divulgada a seguinte tese:


“A necessidade de produção de prova pericial, por si só, não influi na definição da
competência dos Juizados Especiais.”

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 13


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

No entendimento do STJ, o art. 2º da Lei 12.153/2009 elenca apenas dois


parâmetros para que uma ação possa ser considerada de menor complexidade e,
consequentemente, sujeita à competência do Juizado Especial da Fazenda Pública: I-
Valor; e II- Matéria. Por esse motivo, deve-se concluir que a necessidade de produção de
prova pericial complexa não influi na definição da competência dos juizados especiais da
Fazenda Pública e na complexidade da demanda (AgRg no AREsp 753444/RJ, Rel.
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 13/10/2015, DJe 18/11/2015).

2.4. Causas versando sobre direitos difusos e coletivos

O art. 2º, §1º, I, da Lei nº 12.153/2009 afasta expressamente da competência dos


Juizados Especiais da Fazenda Pública as demandas sobre direitos ou interesses difusos e
coletivos. Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça possui precedentes interessantes que
restringem a interpretação desse dispositivo para abranger apenas as ações coletivas.
Na edição nº 89 do Jurisprudência em Teses do STJ, foi divulgada a seguinte tese:

“É da competência dos Juizados Especiais Federais e dos Juizados


Especiais da Fazenda Pública a defesa de direitos ou interesses difusos
e coletivos exercida por meio de ações propostas individualmente ou
pelos seus titulares ou substitutos processuais.”

No entendimento do STJ, a intenção do legislador ao editar o art. 2º, §1º, I, da Lei


nº 12.153/2009 foi excluir da competência dos juizados apenas ações coletivas, não
havendo impedimento para o julgamento de causas individuais que envolvam direitos
coletivos ou difusos.
O STJ já decidiu, inclusive, que "Não há óbice para que os Juizados Especiais
procedam ao julgamento de ação que visa o fornecimento de medicamentos/tratamento
médico, quando o Ministério Público atua como substituto processual de cidadão idoso

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 14


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

enfermo" (REsp 1.409.706/MG, Primeira Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe
21/11/13). Isso mesmo sem o Ministério Público ser mencionado no art. 5º, I, da Lei nº
12.153/2009 como legitimado ativo perante os Juizados Especiais.

2.5. Causas versando sobre anulação de atos administrativos

O art. 3º, §1º, inciso III, da Lei dos Juizados Especiais Federais expressamente
afasta da competência desses juizados o julgamento de causas que objetivem a anulação
ou o cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de
lançamento fiscal.
Entretanto, a norma mencionada não foi reproduzida na Lei dos Juizados Especiais
da Fazenda Pública. Essa omissão eloquente do legislador leva à conclusão de que os
Juizados Especiais da Fazenda Pública são absolutamente competentes para julgar a
anulação ou o cancelamento de atos administrativos estaduais, distritais, municipais,
autárquicos, fundacionais e de empresas públicas.
Essa competência somente será afastada se: I- o ato administrativo impugnado levar
a causa a ter valor superior a 60 salários mínimos (art. 2º, caput); II- o ato administrativo
impugnado for relacionado a bens imóveis, ressalvados, como será visto adiante, os das
empresas públicas (art. 2º, §1º, II); ou III- o ato administrativo impugnado for de demissão
imposta a servidores civis ou sanção disciplinar aplicada a militares (art. 2º, §1º, III).

2.6. Causas versando sobre sanções disciplinares

Como visto acima, os Juizados Especiais da Fazenda Pública são competentes para
julgar a anulação ou o cancelamento de atos administrativos. Nesse contexto, estão
abrangidos nessa competência também os atos administrativos que impõem sanções
disciplinares.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 15


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Somente ficam excluídas as sanções disciplinares que impliquem demissão de


servidores públicos civis e as sanções disciplinares militares, nos termos do art. 2º, §1º, III,
da Lei nº 12.153/2009. Assim, os Juizados Especiais da Fazenda Pública podem julgar
causas relativas à anulação ou ao cancelamento de sanções disciplinares impostas a
servidores públicos civis que não sejam a de demissão, como a sanção de suspensão, a
advertência, entre outras.

2.7. Causas versando sobre imóveis das empresas públicas

O art. 2º, §1º, II, da Lei nº 12.153/2009 afasta da competência dos Juizados
Especiais da Fazenda Pública o julgamento de causas relativas a bens imóveis dos Estados,
Distrito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e fundações públicas a eles
vinculadas.
No entanto, o dispositivo mencionado silencia quanto às causas relativas a bens
imóveis das empresas públicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios. Como o art. 5º, II, da Lei nº 12.153/2009 expressamente elenca como sujeito
passivo dos Juizados Especiais da Fazenda Pública as empresas públicas, cabe concluir
que esses juizados são absolutamente competentes para julgar as causas relativas a bens
imóveis dessas entidades.

2.8. Competência absoluta dos Juizados Especiais da Fazenda


Pública

Conforme dispõe o art. 2º, §4º, da Lei nº 12.153/2009, a competência dos Juizados
Especiais da Fazenda Pública é absoluta. Essa regra diverge daquela prevista para os
Juizados Especiais Cíveis, cuja competência é relativa e depende da escolha do autor
quanto ao procedimento a ser adotado (comum ou dos juizados), nos termos do art. 3º,
§3º, da Lei nº 9.099/95.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 16


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Como é cediço, a competência absoluta é firmada em razão do interesse público,


seja pela matéria ou pelo critério funcional. Por outro lado, a competência relativa é
firmada pelo valor da causa ou pelo território, estando sujeita à vontade das partes. É
possível, contudo, que a competência seja absoluta mesmo que leve em conta o território
ou o valor da causa, de acordo com a vontade do legislador e o interesse público. É o caso,
por exemplo, das ações possessórias imobiliárias, que serão propostas no foro de situação
da coisa, cujo juízo tem competência absoluta (art. 47, §2º, do CPC).
No caso dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, a competência é absoluta em
razão do valor da causa, da matéria e da pessoa que figura no polo passivo, sendo
conjugados os critérios para a fixação da competência. Essa foi a decisão do legislador.
Sendo a competência dos Juizados da Fazenda Pública absoluta, não caberá
modificação pela vontade das partes, como ocorre com a competência relativa (art. 63 do
CPC). A incompetência do juizado ou a incompetência do juízo comum (por ser a
demanda de competência do juizado especial) poderão ser alegadas em qualquer tempo
ou grau de jurisdição, podendo ser declaradas de ofício pelo juiz, nos termos do art. 64,
§1º, do CPC.
Por fim, cumpre asseverar que a competência absoluta também não pode ser
modificada pela conexão ou pela continência, segundo o art. 54 do CPC.

2.9. Conflitos de competência envolvendo Juizados Especiais da


Fazenda Pública

A Lei nº 12.153/2009 não traz regra específica tratando dos conflitos de


competência envolvendo os Juizados Especiais da Fazenda Pública.
O Supremo Tribunal Federal, analisando a lei dos Juizados Especiais Federais,
firmou o entendimento de que compete ao Tribunal Regional Federal o julgamento de
confl ito de competência estabelecido entre Juizado Especial Federal e Juiz Federal de
primeiro grau da mesma Seção Judiciária. Isso porque, tanto os juízes que integram os

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 17


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Juizados Federais, quanto aqueles que funcionam nas varas comuns da mesma Seção
Judiciária estão vinculados ao respectivo Tribunal Regional Federal (RE 590.409/RJ, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, j. 26.8.2009, Dje 28.10.2009).
No mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça possui a súmula nº 428, que
dispõe que: “Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência
entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária”.
O mesmo raciocínio deve ser aplicado em relação aos Juizados Especiais da
Fazenda Pública, uma vez que eles integram a organização judiciária dos Tribunais de
Justiça. Portanto, o conflito de competência entre Juizado da Fazenda Pública e Juiz
Estadual de primeiro grau compete ao Tribunal de Justiça ao qual ambos encontram-se
vinculados.
Por sua vez, o conflito de competência entre varas de um mesmo Juizado Especial
da Fazenda Pública será julgado pela própria Turma Recursal.

2.10. Assertivas corretas cobradas em concursos públicos

 (COMPERVE/2018/TJ-RN/Juiz Leigo): O sistema dos Juizados Especiais dos


Estados e do Distrito Federal é formado pelos Juizados Especiais Cíveis, Juizados
Especiais Criminais e Juizados Especiais da Fazenda Pública, estes últimos
estabelecidos pela Lei 12.153/2009. Segundo a citada lei, incluem-se na
competência dos Juizados Especiais as causas cíveis de interesse dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, até o valor de 60 (sessenta)
salários mínimos.
 (VUNESP/2018/Prefeitura de São Bernardo do Campo/Procurador): Os Juizados
Especiais da Fazenda Pública são disciplinados pela Lei n° 12.153/2009. Com
relação aos órgãos e aos procedimentos judiciais regulamentados por tal diploma
legal, é correto afirmar que são incompetentes para processar e julgar Mandado de
Segurança.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 18


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

 (FAUEL/2018/Prefeitura de Paranavaí/Procurador do Município): No foro onde


estiver instalado juizado especial da Fazenda Pública, a sua competência é absoluta.

2.11. O que é importante decorar sobre o art. 2º

 O Juizado Especial da Fazenda Pública tem competência absoluta para julgar causas
de até 60 salários mínimos.
 Caso a causa envolva prestações futuras, o valor da soma de 12 prestações
vincendas e das vencidas não poderá superar 60 salários mínimos.
 Em caso de litisconsórcio ativo facultativo nos Juizados Especiais, o STJ entende
que o valor da causa deve ser considerado individualmente por autor, não
importando se a soma ultrapassa 60 salários mínimos.
 A necessidade de produção de prova pericial não afasta a competência dos Juizados
Especiais da Fazenda Pública.
 O STJ entende que os Juizados Especiais da Fazenda Pública podem julgar causas
individuais que versem sobre direitos difusos e coletivos, sendo vedadas apenas as
ações coletivas que busquem resguardar esses direitos.
 O Juizado Especial da Fazenda Pública é absolutamente incompetente para julgar:
I- as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação,
populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre
direitos ou interesses difusos e coletivos; II- as causas sobre bens imóveis dos
Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e fundações públicas
a eles vinculadas; III- as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de
demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a
militares.
 O Juizado Especial da Fazenda Pública pode julgar causas que tenham como objeto
a anulação ou o cancelamento de atos administrativos, ao contrário dos Juizados
Especiais Federais.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 19


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

 O Juizado Especial da Fazenda Pública pode julgar causas que tenham como objeto
a anulação ou o cancelamento de sanções disciplinares impostas a servidores
públicos civis que não envolvam a pena de demissão, mas não pode julgar causas
que envolvam quaisquer sanções disciplinares aplicadas a militares.
 O Juizado Especial da Fazenda Pública pode julgar causas referentes a bens imóveis
das empresas públicas estaduais, distritais e municipais, em razão da conjungação
dos arts 2º, §1º, II, e 5º, II, da Lei nº 12.153/2009.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 20


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Ponto 3
Art. 3º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir quaisquer
providências cautelares e antecipatórias no curso do processo, para evitar dano de difícil
ou de incerta reparação.

3.1. Tutela provisória nos Juizados Especiais da Fazenda


Pública

O art. 3º da Lei nº 12.153/2009 permite que o juiz conceda quaisquer providências


cautelares ou antecipatórias no curso do processo. Essa permissão abrange qualquer das
formas de tutela provisória previstas no Código de Processo Civil (art. 294): tutela de
urgência cautelar ou antecipada e antecedente ou incidental, bem como a tutela da
evidência.
No mesmo sentido dispõe o Enunciado nº 418 do FPPC: “As tutelas provisórias
de urgência e de evidência são admissíveis no sistema dos Juizados Especiais”.
Entretanto, cumpre ressaltar que, de acordo com o entendimento de Leonardo
Carneiro da Cunha (2018, p. 761), a estabilização da tutela de urgência concedida em
caráter antecedente não tem aplicação no âmbito dos Juizados Especiais. Para o autor, o
procedimento dos Juizados Especiais é específico, o que impede a aplicação dos arts. 303
e 304 do CPC. Além disso, como a Fazenda Pública não possui legitimidade ativa perante
os Juizados Especiais, ela ficaria impedida de propor ação para revisar, reformar ou
invalidar a tutela estabilizada (art. 304, §2º, do CPC).

3.2. Vedações à concessão de liminares contra a Fazenda


Pública

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 21


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Em que pese serem admissíveis as tutelas provisórias no âmbito dos Juizados


Especiais, no caso dos Juizados da Fazenda Pública deve ser aplicado o regramento
específico do art. 1.059 do CPC.
Segundo o art. 1.059 do CPC, são aplicáveis à tutela provisória requerida contra a
Fazenda Pública as regras previstas nos arts. 1º a 4º da Lei nº 8.437/92, e no art. 7º, § 2º,
da Lei nº 12.016/2009. Esses dispositivos vedam, em diversas hipóteses, a concessão de
tutela provisória em face da Fazenda Pública, com o propósito de proteger o interesse
público.
Não há qualquer norma na Lei nº 12.153/2009 que afaste a aplicação das regras a
que se refere o art. 1.059 do CPC. Portanto, todas as restrições legais relativas à concessão
de tutelas provisórias contra a Fazenda Pública são aplicáveis no âmbito dos Juizados
Especiais.
Por outro lado, essas restrições não serão aplicáveis no caso de figurar uma empresa
pública no polo passivo. Isso porque essas entidades não estão incluídas no conceito de
“Fazenda Pública”, conforme leciona Leonardo Carneiro da Cunha (2018, p. 786).

3.3. Assertiva correta cobrada em concurso público

 (VUNESP/2018/TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário): O juiz poderá, de ofício,


deferir providências cautelares e antecipatórias, para evitar dano de difícil ou de
incerta reparação.

3.4. O que é importante decorar sobre o art. 3º

 É possível a concessão de ofício ou a requerimento das partes de quaisquer espécies


de tutela provisória no âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública.
 As vedações legais à concessão de tutelas provisórias contra a Fazenda Pública são
plenamente aplicáveis no âmbito dos Juizados Especiais.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 22


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

 As vedações legais à concessão de tutelas provisórias contra a Fazenda Pública não


são aplicáveis às Empresas Públicas.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 23


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Ponto 4
Art. 4º Exceto nos casos do art. 3º, somente será admitido recurso contra a sentença.

4.1. Recurso contra a sentença nos Juizados Especiais da


Fazenda Pública

O art. 4º da Lei nº 12.153/2009 permite a interposição de recurso contra a sentença


proferida no âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, mas a lei não traz o
regramento desse recurso. Deve ser aplicado, portanto, de forma subsidiária, o regramento
previsto na Lei nº 9.099/95, em face do disposto no art. 27 da Lei nº 12.153/2009.
Nos termos do art. 41 da Lei nº 9.099/95, da sentença, ressalvada a homologatória
de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado. Pelo fato de a lei
não ter dado nome ao recurso, é comum referir-se a ele como Recurso Inominado. Esse
recurso será julgado pela Turma Recursal competente (§1º) e depende, obrigatoriamente,
de estar a parte representada por um advogado (§2º). Ademais, nos moldes do que ocorre
com a apelação, o recurso será remetido à Turma Recursal independentemente de juízo
de admissibilidade (Enunciado nº 474 do FPPC).
Quanto ao prazo de interposição, o art. 42 da Lei nº 9.099/95 prevê que ele será de
10 dias, disposição que também é aplicável no âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda
Pública. Isso porque, nos termos do art. 7º da Lei nº 12.153/2009, não haverá prazos
diferenciados para a Fazenda Pública, nem mesmo para a interposição de recursos.
Também é importante mencionar que, de acordo com o Enunciado nº 507 do
FPPC, é possível o julgamento de improcedência liminar do pedido no sistema dos
Juizados Especiais. Nessa hipótese, interposto o recurso inominado, o juiz poderá retratar-
se em 5 dias, nos termos do art. 332, §1º, do CPC (Enunciado nº 508 do FPPC). Da mesma

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 24


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

forma, sendo o recurso inominado interposto contra sentença que extingue a demanda
sem resolução de mérito, caberá a retratação do juiz (Enunciado nº 520 do FPPC).

4.2. Efeitos do recurso contra a sentença nos Juizados Especiais


da Fazenda Pública

Apesar de o art. 43 da Lei nº 9.099/95 determinar que o Recurso Inominado terá


efeito meramente devolutivo, salvo a concessão judicial de efeito suspensivo, esse
dispositivo não deve ser aplicado no âmbito dos Juizados da Fazenda Pública. Isso porque,
nos termos dos arts. 12 e 13 da Lei nº 12.153/2009, o cumprimento das obrigações
definidas na sentença deve ser feito após o trânsito em julgado. Logo, tanto as obrigações
de fazer, não fazer ou de entregar coisa certa como as de pagar quantia certa não poderão
ser cumpridas antes do julgamento definitivo do Recurso Inominado.
Nesse sentido, no que tange aos Juizados Especiais da Fazenda Pública, o recurso
contra sentença tem duplo efeito: devolutivo e suspensivo.

4.3. Embargos de Declaração nos Juizados Especiais da


Fazenda Pública

Não havendo previsão expressa em relação ao cabimento de embargos de


declaração na Lei nº 12.153/2009, deve ser aplicado, de forma subsidiária (art. 27 da Lei
nº 12.153/2009) o regramento previsto nos arts. 48 a 50 da Lei nº 9.099/95.
Nesse sentido, o art. 48 da Lei nº 9.099/95 prevê o cabimento de embargos de
declaração contra a sentença ou acórdão nos mesmos casos previstos Código de Processo
Civil. De acordo com o art. 1.022 do CPC, os embargos de declaração são cabíveis para:
I- esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II - suprir omissão de ponto ou questão
sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; ou III - corrigir erro
material.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 25


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Apesar de o art. 48 da Lei nº 9.099/95 fazer referência apenas aos embargos de


declaração contra a sentença ou o acórdão, deve-se interpretar o dispositivo de modo a
permitir a oposição dos embargos em face de qualquer decisão, nos termos do art. 1.022
do CPC. Nesse sentido, dispõe o Enunciado nº 475 do FPPC: “Cabem embargos de
declaração contra decisão interlocutória no âmbito dos juizados especiais”.
Ademais, o art. 49 da Lei nº 9.099/95 permite a oposição verbal ou oral dos
embargos de declaração. A permissão para a oposição oral decorre do princípio da
oralidade previsto no art. 2º da Lei nº 9.099/95.
Ressalte-se que, não havendo prazo diferenciado no âmbito dos Juizados da
Fazenda Pública, o prazo para interposição dos embargos de declaração será de 5 dias para
todas as partes, nos termos do art. 49 da Lei nº 9.099/95.
Por fim, cumpre asseverar que os embargos de declaração, apesar de não serem
dotados de efeito suspensivo, interrompem o prazo para a interposição do eventual
recurso cabível contra decisão, nos termos do art. 50 da Lei nº 9.099/95.

4.4. Recurso contra tutelas provisórias nos Juizados Especiais


da Fazenda Pública

O art. 4º da Lei nº 12.153/2009 expressamente admite a interposição de recurso


contra a decisão prevista no art. 3º, que versa sobre tutelas provisórias. No entanto, a Lei
dos Juizados Especiais da Fazenda Pública não contém previsão expressa sobre qual será
o recurso cabível contra essa decisão.
Em razão da ausência de norma específica, deve ser aplicado subsidiariamente o
Código de Processo Civil, nos termos do art. 27 da Lei nº 12.153/2009. De acordo com
o art. 1.015, I, do CPC, é cabível a interposição de agravo de instrumento contra as
decisões interlocutórias que versarem sobre tutelas provisórias. Portanto, é possível a
utilização do agravo de instrumento no âmbito dos Juizados Especiais, seja para decisões
que defiram ou indefiram a tutela provisória.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 26


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Vale ressaltar que, conforme dispõe o art. 7º da Lei nº 12.153/2009, conforme será
visto adiante, não há prazos diferenciados para a Fazenda Pública no procedimento dos
Juizados Especiais. Por esse motivo, o prazo para a interposição de agravo de instrumento
contra decisão que versa sobre tutela provisória no Juizado Especial da Fazenda Pública
será de 15 dias, nos termos do art. 1.003, §5º, do CPC.
Também é importante mencionar que o agravo de instrumento é um recurso que
deve ser interposto perante o Tribunal competente, de acordo com o art. 1.016 do CPC.
No caso dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, o agravo de instrumento deverá ser
interposto perante a Turma Recursal competente (art. 17 da Lei nº 12.153/2009).

4.5. Recurso Especial nos Juizados Especiais da Fazenda


Pública

Não é cabível a interposição de Recurso Especial no âmbito dos Juizados Especiais


da Fazenda Pública. Isso porque a Turmas Recursais não configuram Tribunais
propriamente ditos, uma vez que a Constituição Federal não as arrola como órgãos do
Poder Judiciário. Já o art. 105, III, da CF estabelece expressamente o cabimento do recurso
especial apenas nas “causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios”.
Nesse sentido, o STJ editou a Súmula nº 203: “Não cabe recurso especial contra
decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais”.

4.6. Recurso Extraordinário nos Juizados Especiais da Fazenda


Pública

É viável a interposição de Recurso Extraordinário no âmbito dos Juizados Especiais


da Fazenda Pública, nos termos do art. 21 da Lei nº 12.153/2009. Ao contrário do
regramento do Recurso Especial, o art. 102, III, da CF não restringe o cabimento do

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 27


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

recurso para combater decisões de Tribunais Regionais Federais ou de Tribunais de


Justiça. Basta que se trate de decisão em última ou única instância e haja o esgotamento
das instâncias ordinárias, nos termos da Súmula nº 281 do STF.
Nesse sentido, o STF editou a Súmula nº 640: “É cabível recurso extraordinário
contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma
recursal de juizado especial cível e criminal”.

4.7. Mandado de Segurança nos Juizados Especiais da Fazenda


Pública

No âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, todas as decisões não


abrangidas pelo art. 4º da Lei nº 12.153/2009 são irrecorríveis. No entanto, é possível que
essas decisões irrecorríveis contenham erros que venham a violar direitos das partes,
especialmente no que tange ao direito fundamental ao devido processo legal. Por esse
motivo, a única forma de combater essas decisões é a impetração do mandado de
segurança, demonstrando-se a violação a direito líquido e certo.
Para que seja cabível um mandado de segurança contra uma decisão judicial e como
sucedâneo recursal, é necessário demonstrar, além do direito líquido e certo, a teratologia
da decisão, por ilegalidade ou abuso de poder, de acordo com a jurisprudência do STJ
(RMS 45939/SC, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em 19/04/2016,
DJe 28/04/2016).
Essa possibilidade é aceita pelo STJ, nos termos da Súmula nº 376: “Compete à
turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial”.
Além disso, tratando dos Juizados Especiais Federais, o STF firmou a seguinte tese de
repercussão geral (Tema 159): “Compete às Turmas Recursais o julgamento de mandado
de segurança utilizado como substitutivo recursal contra decisão de juiz federal no
exercício de jurisdição do Juizado Especial Federal”.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 28


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Conforme decidido pelo STF, as Turmas Recursais são órgãos recursais ordinários
de última instância, de forma que os juízes dos Juizados Especiais estão a elas vinculados
no que concerne ao reexame de seus julgados. Portanto, em homenagem aos princípios
da primazia da simplificação do processo judicial e da razoável duração do processo,
deverá a Turma Recursal julgar o mandado de segurança impetrado contra decisão de juiz
vinculado ao Juizado Especial (RE 586.789/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Data de
Julgamento: 16/11/2011, DJe: 27/02/2012).
Vale ressaltar que, caso seja denegada a segurança pela Turma Recursal, não será
cabível a impetração de recurso ordinário, tendo em vista que esse órgão não configura
um Tribunal, não se enquadrando na hipótese prevista no art. 105, II, “b”, da CF.

4.8. Assertivas corretas cobradas em concursos públicos

 (CESPE/2018/PGM – João Pessoa/Procurador do Município): De acordo com a


Lei nº 12.153/2009, os juizados especiais da fazenda pública têm competência para
processar e julgar mandado de segurança contra suas decisões interlocutórias
proferidas, haja vista a irrecorribilidade imediata de decisões dessa natureza.
 (VUNESP/2018/TJ-RJ/Juiz Leigo): Admitem-se no âmbito dos Juizados
Especiais da Fazenda Pública os embargos de declaração.
 (VUNESP/2018/TJ-RJ/Juiz Leigo): No sistema dos Juizados Especiais da
Fazenda Pública, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas
respectivas autarquias e fundações de direito público não possuem prazo
diferenciado para a prática de qualquer ato processual.

4.9. O que é importante decorar sobre o art. 4º

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 29


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

 O procedimento do Juizado Especial da Fazenda Pública somente admite recurso


contra a sentença e contra a decisão que deferir providências cautelares ou
antecipatórias, o que não impede a oposição de embargos de declaração.
 Contra a sentença, será cabível o Recurso Inominado previsto no art. 41 da Lei nº
9.099/95, no prazo de 10 dias, com efeitos devolutivo e suspensivo, e que será
julgado pela Turma Recursal.
 No âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, é cabível a oposição de
embargos de declaração, no prazo de 5 dias, em face da sentença ou acórdão,
gerando a interrupção do prazo para interposição do recurso cabível.
 Contra as decisões versando sobre providências cautelares ou antecipatórias, o
recurso cabível será o agravo de instrumento, nos termos do art. 1.015, I, do CPC,
que será julgado pela Turma Recursal.
 Não cabe a interposição de Recurso Especial contra decisões dos Juizado Especial
da Fazenda Pública.
 Cabe a interposição de Recurso Extraordinário contra decisões do Juizado Especial
da Fazenda Pública.
 Cabe a impetração de Mandado de Segurança contra decisões irrecorríveis que
violem direito líquido e certo das partes no âmbito do Juizado Especial da Fazenda
Pública, que será julgado pela Turma Recursal competente.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 30


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Ponto 5
Art. 5º Podem ser partes no Juizado Especial da Fazenda Pública:
I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte,
assim definidas na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006;
II – como réus, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os Municípios, bem como
autarquias, fundações e empresas públicas a eles vinculadas.

5.1. Legitimidade ativa nos Juizados Especiais da Fazenda


Pública

O art. 5º, I, da Lei nº 12.153/2009 confere legitimidade ativa perante os Juizados


Especiais da Fazenda Pública apenas às pessoas físicas e às microempresas e empresas de
pequeno porte, definidas na LC nº 123/2006.
Nesse sentido, pessoas jurídicas que não sejam micro ou pequenas empresas não
podem atuar perante os Juizados da Fazenda Pública. Além disso, também não possuem
legitimidade ativa as entidades desprovidas de personalidade jurídica, como o condomínio
e a massa falida.
Também é plenamente possível a formação de litisconsórcio ativo facultativo no
âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, nos termos do art. 10 da Lei nº
9.099/95. Nesse caso, como visto, o STJ adota o entendimento de que o valor da causa
deve ser considerado individualmente por autor, não importando se a soma ultrapassa 60
salários mínimos.
Por outro lado, não será cabível qualquer forma de intervenção de terceiros ou de
assistência, conforme dispõe o art. 10 da Lei nº 9.099/95.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 31


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

5.2. Divergência entre a Lei nº 12.153/2009 e a Lei nº 9.099/95

Vale notar que o rol dos legitimados ativos previsto no art. 5º da Lei nº 12.153/2009
diverge daquele previsto no art. 8º, §1º, da Lei nº 9.099/95. Nos Juizados Especiais Cíveis,
também possuem legitimidade ativa as pessoas jurídicas qualificadas como Organização
da Sociedade Civil de Interesse Público e as sociedades de crédito ao microempreendedor.
Entendemos que não há qualquer omissão normativa na Lei nº 12.153/2009 que
permita aplicação subsidiária do art. 8º, §1º, da Lei nº 9.099/95. O art. 5º da Lei nº
12.153/2009 regulou exaustivamente a matéria. Inclusive, esse foi o argumento utilizado
pelo STJ (REsp 1.372.034/RO) para afastar a vedação do art. 8º, caput, da Lei nº 9.099/95
e permitir que o incapaz atue no polo ativo nos Juizados Especiais da Fazenda Pública,
como será visto adiante.
Ademais, como mencionado, o art. 5º, I, da Lei nº 12.153/2009 exclui da
legitimidade das pessoas jurídicas que não sejam micro ou pequenas empresas no âmbito
dos Juizados da Fazenda Pública.
Entretanto, é importante ressaltar que há autores que divergem desse
entendimento, como Leonardo Carneiro da Cunha (2018, p. 781), e consideram que o rol
ampliado do art. 8º, §1º, da Lei nº 9.099/95 é aplicável aos Juizados Especiais da Fazenda
Pública.
Em provas objetivas de concursos públicos, o ideal é adotar o que está expresso no
art. 5º da Lei nº 12.153/2009.

5.3. Legitimidade ativa de incapaz menor de idade

Uma questão interessante é a possibilidade de menor de idade incapaz figurar no


polo ativo de uma demanda perante os Juizados Especiais da Fazenda Pública. O art. 5º,
I, da Lei nº 12.153/2009 menciona apenas as pessoas físicas, silenciando em relação às
pessoas em desenvolvimento. Por outro lado, o art. 8º da Lei nº 9.099/95 veda

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 32


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

expressamente a possibilidade de um incapaz ser parte no procedimento dos Juizados


Especiais.
Em um primeiro momento, seria possível pensar que o art. 27 da Lei nº
12.153/2009 demandaria a aplicação subsidiária do art. 8º da Lei nº 9.099/95, o que
impediria a legitimidade ativa do menor incapaz perante os Juizados Especiais da Fazenda
Pública.
Entretanto, não foi esse o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça.
Para essa Corte Superior, a menção do art. 5º, I, da Lei nº 12.153/2009 apenas às pessoas
físicas não tem o condão de restringir a legitimidade ativa dos incapazes. Nem mesmo o
art. 2º da Lei nº 12.153/2009, ao tratar das causas que não se submetem à competência
dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, menciona qualquer vedação à legitimidade
ativa do menor de idade.
Nesse contexto, o STJ afirmou que, tendo havido regulação clara e suficiente acerca
do tema na Lei 12.153/2009, não há o que se falar em omissão normativa a ensejar a
incidência do art. 8º da Lei 9.099/95, pelo fato de ser este dispositivo legal de cunho
subsidiário e conflitante com aquele regramento específico do Juizado Fazendário (REsp
1.372.034/RO, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em
14/11/2017, DJe 21/11/2017).
Portanto, é plenamente possível a participação de menor, devidamente
representado, no polo ativo de demanda ajuizada no Juizado Especial da Fazenda Pública.

5.4. Legitimidade ativa do Ministério Público e da Defensoria


Pública

Apesar de não haver previsão no art. 5º, I da Lei nº 12.153/2009 de legitimidade


ativa para o Ministério Público e a Defensoria Pública, o Superior Tribunal de Justiça
adotou um posicionamento interessante que permite a propositura de ações por esses
órgãos perante os Juizados Especiais da Fazenda Pública.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 33


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Foi divulgada na edição nº 89 do Jurisprudência em Teses do STJ a seguinte tese:

“É possível submeter ao rito dos Juizados Especiais Federais as causas


que envolvem fornecimento de medicamentos/tratamento médico,
cujo valor seja de até 60 salários mínimos, ajuizadas pelo Ministério
Público ou pela Defensoria em favor de pessoa determinada.”

Essa situação especial julgada pelo STJ diz respeito a demandas individuais em que
o Ministério Público e a Defensoria Pública atuam como substitutos processuais. Como é
cediço, a substituição processual ocorre quando o ordenamento jurídico permite que
alguém defenda direito alheio em nome próprio. Dessa forma, não há burla à disposição
do art. 5º, I, da Lei nº 12.153/2009, uma vez que o substituto processual estará pleiteando
perante o Juizado Especial um direito de uma pessoa física.

5.5. Legitimidade passiva nos Juizados Especiais da Fazenda


Pública

O art. 5º, II, da Lei nº 12.153/2009 confere legitimidade passiva nos Juizados
Especiais da Fazenda Pública apenas para os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e
os Municípios, bem como autarquias, fundações e empresas públicas a eles vinculadas.
Como o dispositivo foi taxativo ao elencar os legitimados, deve-se entender que
não podem figurar no polo passivo das demandas perante esses Juizados Especiais as
sociedades de economia mista, à semelhança do que ocorre no âmbito da Justiça Federal
(art. 109, I, da CF), em que pese ser a Justiça Estadual competente para julgar demandas
envolvendo essas entidades.

5.6. Assertiva correta cobrada em concurso público

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 34


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

 (VUNESP/2018/TJ-RJ/Juiz Leigo): No sistema dos Juizados Especiais da


Fazenda Pública, admite-se litisconsórcio ativo.

5.7. O que é importante decorar sobre o art. 5º

 Possuem legitimidade ativa perante o Juizado Especial da Fazenda Pública apenas


as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte.
 O STJ entende que o incapaz menor de idade, devidamente representado, possui
legitimidade ativa para demandar perante o Juizado Especial da Fazenda Pública.
 O STJ entende que é possível submeter ao rito dos Juizados Especiais Federais as
causas que envolvem fornecimento de medicamentos/tratamento médico, cujo
valor seja de até 60 salários mínimos, ajuizadas pelo Ministério Público ou pela
Defensoria em favor de pessoa determinada.
 Possuem legitimidade passiva no âmbito do Juizado Especial da Fazenda Pública
apenas os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os Municípios, bem como
autarquias, fundações e empresas públicas a eles vinculadas.
 As sociedades de economia mista não possuem legitimidade passiva no âmbito dos
Juizados Especiais da Fazenda Pública.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 35


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Ponto 6
Art. 6º Quanto às citações e intimações, aplicam-se as disposições contidas na Lei nº
5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil.

Art. 7º Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas
pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a
citação para a audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de 30
(trinta) dias.

6.1. Citações e intimações no Juizado Especial da Fazenda


Pública

O art. 6º da Lei nº 12.153/2009 remete ao regramento do CPC de 1973 sobre


citações e intimações. No entanto, de acordo com o art. 1.046, §4º, do CPC de 2015, as
remissões legais ao CPC/73 passaram a referir-se às normas correspondentes do novo
Código.
Nesse sentido, as citações e intimações no âmbito dos Juizados da Fazenda Pública
devem obedecer ao regramento dos arts. 238 a 259 e 269 a 275 do CPC/2015.
Além disso, nos termos do art. 242, §3º, do CPC, a citação dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público
será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação
judicial.
Também deve ser aplicado às citações e às intimações dos entes federativos e de
suas autarquias e fundações o art. 183, §1º, do CPC. Com isso, as comunicações dos atos
processuais em relação à Fazenda Pública devem ser pessoais e ocorrer por carga, remessa
ou meio eletrônico.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 36


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

6.2. Prazos processuais nos Juizados Especiais da Fazenda


Pública

Conforme dispõe o art. 183 do CPC, os prazos processuais da Fazenda Pública são
contados em dobro para a prática de quaisquer atos processuais. Essa regra, no entanto,
não tem aplicação aos Juizados Especiais da Fazenda Pública em razão da especificidade
da norma do art. 7º da Lei nº 12.153/2009.
Vale ressaltar, por outro lado, que o próprio art. 7º da Lei nº 12.153/2009 estabelece
que a citação para a audiência de conciliação deve ser efetuada com antecedência mínima
de 30 dias.
No que tange aos prazos recursais, como visto, o Recurso Inominado contra a
sentença deverá ser interposto em 10 dias; os Embargos de Declaração, em 5 dias; e o
Agravo de Instrumento contra decisões versando sobre tutelas provisórias, em 15 dias.

6.3. Contagem dos prazos processuais em dias úteis

O Código de Processo Civil de 2015 inovou em relação ao Código anterior ao


prever a contagem dos prazos processuais levando em consideração apenas os dias úteis
(art. 219 do CPC). Inicialmente, houve forte controvérsia sobre a aplicabilidade dessa
forma de contagem dos prazos no âmbito dos Juizados Especiais, em razão da ausência
de disposição expressa.
A controvérsia foi resolvida com a aprovação da Lei nº 13.728/2018, que
acrescentou o art. 12-A à Lei nº 9.099/95 prevendo que:

“Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, para
a prática de qualquer ato processual, inclusive para a interposição de
recursos, computar-se-ão somente os dias úteis”.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 37


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Por conseguinte, considerando a aplicação subsidiária das normas da Lei nº


9.099/95 ao procedimento dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, no âmbito desses
juizados os prazos processuais também serão contados levando em consideração
exclusivamente os dias úteis.

6.4. O que é importante decorar sobre os arts. 6º e 7º

 Não há prazos processuais diferenciados para a Fazenda Pública no âmbito dos


Juizados Especiais da Fazenda Pública, nem mesmo para a interposição de recursos.
 A Fazenda Pública deve ser citada para a audiência de conciliação com antecedência
mínima de 30 dias.
 Os prazos processuais no âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública são
contados em dias úteis, nos termos do art. 12-A da Lei nº 9.099/95.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 38


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Ponto 7
Art. 8º Os representantes judiciais dos réus presentes à audiência poderão conciliar,
transigir ou desistir nos processos da competência dos Juizados Especiais, nos termos e
nas hipóteses previstas na lei do respectivo ente da Federação.

7.1. Conciliação, transação e desistência no Juizado Especial da


Fazenda Pública

Um dos princípios que regem o procedimento dos Juizados Especiais, nos termos
do art. 2º da Lei nº 9.099/95 é a preferência pela conciliação ou transação. Esse princípio
está refletido no art. 8º da Lei nº 12.153/2009, que permite que os representantes judiciais
das entidades rés conciliem, transijam ou mesmo desistam nos processos do Juizado
Especial da Fazenda Pública. A menção à desistência diz respeito a eventuais pedidos
contrapostos formulados pelo ente público, uma vez que a Fazenda Pública não tem
legitimidade ativa perante os Juizados Especiais.
É importante ressaltar que o interesse público é indisponível, de modo que os
representantes da Fazenda Pública somente podem conciliar, transigir ou desistir se
houver lei do respectivo ente da Federação prevendo as hipóteses em que isso poderá
ocorrer.
No que tange aos negócios jurídicos processuais, já está pacificado o entendimento
de que a Fazenda Pública pode celebrá-los, nos termos do Enunciado nº 256 do FPPC e
do Enunciado nº 17 da I Jornada de Direito Processual Civil do Conselho da Justiça
Federal. Nesse contexto, deve-se entender que também é possível a realização de negócios
processuais (arts. 190 e 191 do CPC) no âmbito dos Juizados Especiais, desde que
observados os princípios ínsitos a esse procedimento e garantido o controle judicial,
conforme dispõe o Enunciado nº 413 do FPPC.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 39


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

7.2. O que é importante decorar sobre o art. 8º

 É possível a conciliação, a transação ou a desistência nos processos dos Juizados


Especiais da Fazenda Pública, entretanto, em razão da indisponibilidade do
interesse público, essa hipóteses somente podem ocorrer nos casos previstos nas
leis de cada um dos entes da Federação.
 É possível a celebração de negócios jurídicos processuais no âmbito dos Juizados
Especiais da Fazenda Pública.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 40


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Ponto 8
Art. 9º A entidade ré deverá fornecer ao Juizado a documentação de que disponha para
o esclarecimento da causa, apresentando-a até a instalação da audiência de conciliação.

Art. 10. Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou ao julgamento da causa,
o juiz nomeará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até 5 (cinco) dias antes da
audiência.

8.1. Dever de cooperação processual da Fazenda Pública

O art. 9º da Lei nº 12.153/2009 estabelece uma regra específica para a Fazenda


Pública. Trata-se do dever processual de apresentação de toda a documentação de que o
ente público disponha para o esclarecimento da causa, que deve ocorrer até a instalação
da audiência de conciliação.
Essa obrigação está de acordo com o modelo cooperativo de processo que veio a
ser estabelecido pelo art. 6º do Novo Código de Processo Civil, nos qual as partes devem
cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva,
além de obedecer aos princípios da economia processual e da celeridade. Cumpre
mencionar, ainda, que a regra do art. 9º da Lei nº 12.153/2009 decorre também dos
princípios da legalidade e da publicidade a que está sujeito o Poder Público (art. 37, caput,
da CF).
Assim, a Fazenda Pública deve apresentar, antes mesmo de contestar, a
documentação que se encontra em seu poder e que possa de alguma forma auxiliar no
esclarecimento da causa e na realização da conciliação na audiência inaugural.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 41


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

8.2. Provas no Juizado Especial da Fazenda Pública

Como a Lei nº 12.153/2009 não elencou regras específicas para a produção de


provas, devem ser aplicadas, de forma subsidiária, as regras previstas na Lei nº 9.099/95.
Nesse sentido, as partes poderão produzir todos os meios de prova moralmente legítimos,
ainda que não previstos em lei (art. 32 da Lei nº 9.099/95).
O momento de realização das provas será a audiência de instrução e julgamento,
que ocorre no caso de não ter havido a conciliação. Não é necessário o prévio
requerimento para a realização das provas, cabendo ao juiz da causa limitar ou excluir
aquelas que sejam impertinentes, protelatórias ou excessivas (art. 33 da Lei nº 9.099/95 ).
Quanto à prova testemunhal, cada parte poderá apresentar até 3 testemunhas, que
deverão estar presentes na audiência independentemente de intimação, ou mediante esta,
desde que haja requerimento (art. 34 da Lei nº 9.099/95 ). Os depoimentos das
testemunhas, em homenagem ao princípio da oralidade, não serão reduzidas a escrito,
devendo a sentença referir, no essencial, os informes trazidos pelas testemunhas (art. 36
da Lei nº 9.099/95).

8.3. Realização de exame técnico

Conforme prevê o art. 10 da Lei nº 12.153/2009, sendo necessária a realização de


exame técnico para a conciliação ou a instrução da causa, caberá ao juiz nomear pessoa
habilitada, que apresentará o laudo até 5 dias antes da audiência.
Apesar de o art. 10 da Lei nº 12.153/2009 e o art. 35 da Lei nº 9.099/95 fazerem
referência apenas ao exame técnico, é importante lembrar que, segundo o entendimento
que prevalece no STJ, também é possível a realização de exame pericial no âmbito dos
Juizados Especiais da Fazenda Pública, sem que isso altere a menor complexidade da causa
(AgRg no AREsp 753444/RJ). Nesse caso, por não haver regramento específico nas leis

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 42


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

dos Juizados Especiais, deverá ser aplicado, no que for compatível, o disposto nos arts.
464 a 480 do CPC.

8.4. Assertivas corretas cobradas em concursos públicos

 (VUNESP/2018/TJ-RJ/Juiz Leigo): Em relação à prova pericial no âmbito dos


Juizados Especiais da Fazenda Pública, afirma-se que para efetuar o exame técnico,
o juiz nomeará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até 5 (cinco) dias antes
da audiência.
 (FUNDATEC/2016/Prefeitura de Porto Alegre/Procurador Municipal): A
entidade pública ré deverá fornecer ao juizado a documentação de que disponha
para o esclarecimento da causa, apresentando-a até o momento da instalação da
audiência de conciliação.

8.5. O que é importante decorar sobre os arts. 9º e 10

 A Fazenda Pública tem a obrigação de fornecer toda a documentação de que


disponha e que possa ajudar a esclarecer a causa até a abertura da audiência de
conciliação.
 As provas devem ser realizadas na audiência de instrução e julgamento,
independentemente de prévio requerimento, mas podem ser limitadas ou excluídas
pelo juiz da causa.
 Cada parte poderá apresentar até 3 testemunhas que devem comparecer à audiência
independentemente de intimação, exceto se esta for requerida pela parte.
 A prova oral não será reduzida a escrito, devendo a sentença referir, no essencial,
os informes trazidos nos depoimentos.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 43


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

 Caso o exame técnico seja necessário à conciliação ou ao julgamento da causa, o


juiz nomeará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até 5 dias antes da
audiência.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 44


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Ponto 9
Art. 11. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá reexame necessário.

9.1. Inexistência de reexame necessário nos Juizados Especiais


da Fazenda Pública

No processo civil comum, as sentenças contrárias à Fazenda Pública e as que julgam


procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal, estão sujeitas ao duplo
grau de jurisdição como condição para a produção de efeitos, nos termos do art. 496 do
CPC. Trata-se de uma regra que visa proteger o interesse público, conferindo maior
certeza e segurança jurídica às decisões judiciais.
Entretanto, conforme prevê o art. 11 da Lei nº 12.153/2009, o reexame necessário
foi expressamente afastado do procedimento dos Juizados Especiais da Fazenda Pública.
Como as causas de competência desses Juizados são de menor complexidade, justifica-se
a desnecessidade desse reexame. Além disso, a norma do art. 11 está de acordo com os
princípios da economia processual e da celeridade dos processos nos Juizados Especiais.
Portanto, nos Juizados Especiais da Fazenda Pública, caso o ente público ou a parte
contrária não apresentem recurso voluntário, haverá o trânsito em julgado da sentença.

9.2. Assertiva correta cobrada em concurso público

 (VUNESP/2018/Prefeitura de Sorocaba/Procurador do Município): Não haverá


reexame necessário no procedimento dos juizados especiais da Fazenda Pública.

9.3. O que é importante decorar sobre o art. 11

 Não há reexame necessário no âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 45


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Ponto 10
Art. 12. O cumprimento do acordo ou da sentença, com trânsito em julgado, que
imponham obrigação de fazer, não fazer ou entrega de coisa certa, será efetuado
mediante ofício do juiz à autoridade citada para a causa, com cópia da sentença ou do
acordo.

Art. 13. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em julgado da
decisão, o pagamento será efetuado:
I – no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da entrega da requisição do juiz à
autoridade citada para a causa, independentemente de precatório, na hipótese do § 3º do
art. 100 da Constituição Federal; ou
II – mediante precatório, caso o montante da condenação exceda o valor definido como
obrigação de pequeno valor.
§ 1º Desatendida a requisição judicial, o juiz, imediatamente, determinará o sequestro do
numerário suficiente ao cumprimento da decisão, dispensada a audiência da Fazenda
Pública.
§ 2º As obrigações definidas como de pequeno valor a serem pagas independentemente
de precatório terão como limite o que for estabelecido na lei do respectivo ente da
Federação.
§ 3º Até que se dê a publicação das leis de que trata o § 2º, os valores serão:
I – 40 (quarenta) salários mínimos, quanto aos Estados e ao Distrito Federal;
II – 30 (trinta) salários mínimos, quanto aos Municípios.
§ 4º São vedados o fracionamento, a repartição ou a quebra do valor da execução, de
modo que o pagamento se faça, em parte, na forma estabelecida no inciso I do caput e,
em parte, mediante expedição de precatório, bem como a expedição de precatório
complementar ou suplementar do valor pago.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 46


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

§ 5º Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido para pagamento


independentemente do precatório, o pagamento far-se-á, sempre, por meio do
precatório, sendo facultada à parte exequente a renúncia ao crédito do valor excedente,
para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório.
§ 6º O saque do valor depositado poderá ser feito pela parte autora, pessoalmente, em
qualquer agência do banco depositário, independentemente de alvará.
§ 7º O saque por meio de procurador somente poderá ser feito na agência destinatária
do depósito, mediante procuração específica, com firma reconhecida, da qual constem
o valor originalmente depositado e sua procedência.

10.1. Trânsito em julgado e Ação Rescisória nos Juizados


Especiais da Fazenda Pública

Não sendo cabível mais recurso contra a decisão de mérito nos Juizados Especiais
da Fazenda Pública, seja pela ausência da interposição de recurso voluntário ou pelo
esgotamento dos recursos cabíveis, haverá o trânsito em julgado da decisão. Nesse caso,
a decisão formará coisa julgada matéria, com todos os efeitos previstos no art. 502 do
CPC.
Como é cediço, o meio de impugnar a coisa julgada é a ação rescisória, disciplinada
nos arts. 966 a 975 do CPC. No entanto, a Lei nº 12.153/2009 não mencionou essa ação,
o que torna aplicável, de forma subsidiária, a Lei nº 9.099/95, a qual, em seu art. 59, afirma
não ser admissível a ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento dos Juizados
Especiais.
Nesse contexto, em razão dos princípios que regem o procedimento dos Juizados
Especiais e da menor complexidade das causas a ele sujeitas, não será possível impugnar
as decisões de mérito definitivas por meio de ação rescisória no âmbito dos Juizados da
Fazenda Pública.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 47


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

10.2. Execução de quantia que supera 60 salários mínimos

Como já visto, apenas podem ser julgadas pelos Juizados Especiais da Fazenda
Pública as causas que não superem o valor de 60 salários mínimos. Entretanto, com as
correções monetárias, a incidência de juros de mora e a eventual imposição de astreintes,
é possível que a condenação venha a superar o valor de alçada.
Nesse contexto, na edição nº 89 do Jurisprudência em Teses do STJ, foi divulgada
a seguinte tese:

“Compete ao Juizado Especial a execução de seus próprios julgados,


independentemente da quantia a ser executada, desde que tenha sido
observado o valor de alçada na ocasião da propositura da ação.”

Dessa maneira, o que importa é que o valor de 60 salários mínimos seja observado
no momento da propositura da ação, mas nada veda que esse valor seja superado no
momento da execução da decisão favorável ao autor.

10.3. Execução de obrigações de fazer, não fazer ou entregar


coisa

Uma vez transitada em julgado a decisão de mérito ou o acordo firmado pelas partes
no âmbito dos Juizados Especiais, será o momento de cumprimento das obrigações
impostas. Se ao ente público for imposta obrigação de fazer, não fazer ou entrega de coisa
certa, não será necessária a observância do procedimento relativo aos precatórios.
Dessa forma, o cumprimento da sentença ou do acordo será feito mediante simples
ofício do juiz à autoridade citada para a causa, nos termos do art. 12 da Lei nº 12.153/2009.
Caso a obrigação não seja cumprida, será possível a imposição de multas.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 48


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

10.4. Execução de obrigação de pagar quantia certa

Caso a sentença ou o acordo imponha a obrigação de pagamento de quantia certa,


a execução deverá obedecer ao regime dos precatórios ou das requisições de pequeno
valor. Nesse ponto, é importante destacar que não é admitida a sentença condenatória por
quantia ilíquida no âmbito dos Juizados Especiais, ainda que o pedido seja genérico, nos
termos do art. 38, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95.

10.4.1. Execução pelo regime da Requisição de Pequeno Valor

Conforme previsto no art. 100, §3º, da CF e no art. 12, §2º, da Lei nº 12.153/2009,
o regime dos precatórios não se aplica às obrigações definidas em lei como de pequeno
valor. Enquanto não houver a fixação legal da quantia que cada ente federativo considera
como pequeno valor, os valores aplicáveis serão aqueles previstos no art. 87 do ADCT e
no art. 13, §3º, da Lei nº 12.153/2009: I- 40 salários mínimos para os Estados; e II- 30
salários mínimos para os Municípios.
Vale ressaltar que, de acordo com o art. 100, §8º, da CF e o art. 13, §4º, da Lei nº
12.153/2009, é vedado o fracionamento do valor de um precatório para que parte desse
valor possa ser pago mediante requisição de pequeno valor. Isso impede que haja burla da
regra dos precatórios. No entanto, é facultado à parte renunciar à parcela da obrigação que
supera o limite para pagamento mediante RPV, de acordo com o art. 12, §5º, da Lei nº
12.153/2009.
Caso a obrigação definida na sentença ou no acordo não supere os valores
mencionados no art. 87 do ADCT ou haja renúncia ao valor excedente, o pagamento deve
ser realizado no prazo de 60 dias, a contar da entrega requisição do juiz (art. 13, I, da Lei
nº 12.153/2009).

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 49


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Não sendo atendida a requisição, será possível o sequestro dos valores das contas
do ente público, independentemente de audiência da Fazenda Pública (art. 13, §1º, da Lei
nº 12.153/2009. Por outro lado, se a requisição for cumprida, a parte beneficiária poderá
levantar os valores sem necessidade de alvará (art. 13, §6º, da Lei nº 12.153/2009). Se o
saque for feito por meio de procurador, é necessário que ele ocorra na agência destinatária
do depósito, mediante procuração específica, com firma reconhecida, da qual constem o
valor originalmente depositado e sua procedência (art. 13, §7º, da Lei nº 12.153/2009).

10.4.2. Fixação de valores diversos para a RPV

O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 4332/RO, decidiu que é


constitucional a lei estadual que promove a redução do valor previsto no art. 87 do ADCT
para o pagamento dos débitos da fazenda pública por meio de requisição de pequeno
valor. O mesmo entendimento vale para os valores mencionados no art. 13, §3º, da Lei nº
12.153/2009.
O art. 87 do ADCT, instituído como norma transitória pela Emenda Constitucional
37/2002, tem o propósito de fixar um teto provisório aos Estados e Municípios em relação
ao pagamento de seus débitos por meio de RPV. Para a Suprema Corte, “tal dispositivo
não delimita um piso, irredutível, para o pagamento dos débitos dos Estados e dos
Municípios por meio de requisição de pequeno valor”. Assim, “cabe a cada ente federado
fixar o valor máximo para essa especial modalidade de pagamento dos débitos da Fazenda
Pública em consonância com a sua capacidade financeira” (ADI 4332/RO, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 7/2/2018).
Essa fixação de valores próprios para os entes federativos não é, contudo, ilimitada.
Nos termos do art. 100, §4º, da CF, deve ser obedecido, como valor mínimo, o teto do
Regime Geral de Previdência Social.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 50


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

10.4.3. Execução pelo regime dos precatórios

Na hipótese de a obrigação superar o valor máximo para a realização da requisição


de pequeno valor, será obrigatória a observância do regime dos precatórios. O pagamento
dos precatórios é feito exclusivamente na ordem cronológica de apresentação, sendo
proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos
adicionais abertos para este fim (art. 100 da CF).
A principal diferença entre os precatórios e a RPV é o fato de que no regime dos
precatórios não há um prazo para a realização do efetivo pagamento. Entretanto, nos
termos do art. 100, §5º, da CF, será obrigatória a inclusão inclusão, no orçamento das
entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento dos precatórios
decorrentes de sentenças transitadas em julgado e apresentados até 1º de julho, devendo
o pagamento ser feito até o final do exercício seguinte.
Todas as dotações orçamentárias e créditos relativos ao pagamento de precatórios
ficam sob a responsabilidade do Poder Judiciário, sendo obrigação do Presidente do
Tribunal de Justiça determinar o efetivo pagamento. Caso haja preterimento do direito de
precedência do credor ou não alocação orçamentária do valor necessário ao pagamento
do precatório, o Presidente do Tribunal poderá determinar o sequestro da quantia
respectiva (art. 100, §6º, da CF).
Também cabe ressaltar que existem três classes de precatórios: I- Os débitos de
natureza alimentícia cujos titulares originários ou por sucessão hereditária, tenham 60 anos
de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência (art. 100, §3º,
da CF); II- Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares não se enquadrem no caso
anterior (art. 100, §2º, da CF); e III- Os demais precatórios.
Em relação a essas três classes, os precatórios alimentares cujos titulares tenham 60
anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência, serão
pagos com preferência sobre todos os demais até o valor equivalente ao triplo daquele
fixado para a requisição de pequeno valor pelo ente federativo. Já os débitos de natureza

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 51


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

alimentícia que não se enquadrem nesse caso mencionado, serão pagos com preferência
sobre os precatórios comuns. Cumpre asseverar que, dentro de cada uma das classes, os
pagamentos serão realizados de acordo com a ordem cronológica de apresentação.

10.5. Assertiva correta cobrada em concurso público

 (VUNESP/2018/TJ-RJ/Juiz Leigo): Sobre a execução dos julgados proferidos no


âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, é correto afirmar que o
cumprimento do acordo ou da sentença, com trânsito em julgado, que imponha
obrigação de fazer, não fazer ou entrega de coisa certa, será efetuado mediante
ofício do juiz à autoridade citada para a causa, com cópia da sentença ou do acordo.

10.6. O que é importante decorar sobre os arts. 12 e 13

 Não cabe ação rescisória em face das decisões definitivas de mérito proferidas no
âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública.
 O Juizado Especial da Fazenda Pública tem competência para executar eus próprios
julgados, independentemente da quantia a ser executada, desde que tenha sido
observado o valor de 60 salários mínimos na ocasião da propositura da ação.
 Se ao ente público for imposta obrigação de fazer, não fazer ou entrega de coisa
certa, não será necessária a observância do procedimento relativo aos precatórios e
o cumprimento da sentença ou do acordo será feito mediante simples ofício do juiz
à autoridade citada para a causa.
 A obrigação sujeita a requisição de pequeno valor deve ser cumprida no prazo de
60 dias a contar do recebimento da requisição. Se a requisição não for atendida, o
juiz determinará o sequestro da quantia necessária.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 52


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

 É vedado o fracionamento do valor do precatório para que parte dele se enquadre


nos limites da requisição de pequeno valor, o que não impede que a parte renuncie
ao valor excedente.
 Os entes federativos podem fixar valores próprios para as obrigações de pequeno
valor, respeitado, como limite mínimo, o teto do RGPS.
 A obrigação que supere os valores aplicáveis à RPV estão sujeitas à expedição de
precatório, de acordo com o regime previsto no art. 100 da CF.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 53


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Ponto 11
Art. 14. Os Juizados Especiais da Fazenda Pública serão instalados pelos Tribunais de
Justiça dos Estados e do Distrito Federal.
Parágrafo único. Poderão ser instalados Juizados Especiais Adjuntos, cabendo ao
Tribunal designar a Vara onde funcionará.

Art. 15. Serão designados, na forma da legislação dos Estados e do Distrito Federal,
conciliadores e juízes leigos dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, observadas as
atribuições previstas nos arts. 22, 37 e 40 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
§ 1º Os conciliadores e juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados, os primeiros,
preferentemente, entre os bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com
mais de 2 (dois) anos de experiência.
§ 2º Os juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante todos os Juizados
Especiais da Fazenda Pública instalados em território nacional, enquanto no
desempenho de suas funções.

Art. 16. Cabe ao conciliador, sob a supervisão do juiz, conduzir a audiência de


conciliação.
§ 1º Poderá o conciliador, para fins de encaminhamento da composição amigável, ouvir
as partes e testemunhas sobre os contornos fáticos da controvérsia.
§ 2º Não obtida a conciliação, caberá ao juiz presidir a instrução do processo, podendo
dispensar novos depoimentos, se entender suficientes para o julgamento da causa os
esclarecimentos já constantes dos autos, e não houver impugnação das partes.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 54


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

11.1. Juízes Leigos e Conciliadores nos Juizados Especiais da


Fazenda Pública

Conforme já demonstrado, o procedimento dos Juizados Especiais dá especial


ênfase à realização de conciliações e transações como forma de solução do litígio. Essa
preferência pela autocomposição está demonstrada nos arts. 15 e 16 da Lei nº
12.153/2009, que dispõem sobre a designação de conciliadores e juízes leigos e sobre as
competências do conciliador.
Tanto o juiz leigo quanto o conciliador podem atuar na conciliação entre as partes,
nos termos do art. 22 da Lei nº 9.099/95. Uma das diferenças entre eles é o fato de que o
conciliador atua apenas na audiência de conciliação (art. 16 da Lei nº 12.153/2009),
enquanto que o juiz leigo pode atuar na instrução processual e proferir a sentença, que
será posteriormente homologada pelo Juiz togado (arts. 37 e 40 da Lei nº 9.099/95).
Também são diferentes os requisitos para a designação de juízes leigos e
conciliadores, de acordo com o art. 15, §1º, da Lei nº 12.153/2009. Para os juízes leigos, é
necessário que eles sejam advogados com mais de 2 anos; para os conciliadores, a lei prevê
apenas a preferência por bacharéis em Direito, que não precisam ser advogados.
Ademais, os juízes leigos, durante o desempenho das funções, ficam impedidos de
exercer a advocacia perante todos os Juizados Especiais da Fazenda Pública no Brasil (art.
15, §2º, da Lei nº 12.153/2009). Já os conciliadores ficam impedidos de exercer a advocacia
apenas nos juízos em que desempenhem suas funções (art. 167, §5º, do CPC).

11.2. Atuação dos Conciliadores nos Juizados Especiais da


Fazenda Pública

Como visto acima, a principal atribuição do conciliador no Juizado Especial da


Fazenda Pública é a condução da audiência inaugural de conciliação, nos termos do art.
16 da Lei nº 12.153/2009. Para alcançar a conciliação, o conciliador terá também a

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 55


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

faculdade de ouvir depoimentos das partes ou mesmo de testemunhas (§1º). Caso a


conciliação não seja obtida, o juiz assumirá a instrução da causa, mas poderá aproveitar os
atos praticados pelo conciliador e dispensar novos depoimentos (§2º).

11.3. Mediação nos Juizados Especiais da Fazenda Pública

Apesar de a Lei nº 12.153/2009 tratar apenas da conciliação de forma expressa, é


importante mencionar o Enunciado nº 397 do FPPC, segundo o qual “A estrutura para
autocomposição, nos Juizados Especiais, deverá contar com a conciliação e a mediação”.
Dessa maneira, a mediação também deve ser aplicada no âmbito dos Juizados Especiais,
preferencialmente quando houver vínculo anterior entre as partes (art. 165, §3º, do CPC).

11.4. O que é importante decorar sobre os arts. 14, 15 e 16

 A conciliação nos Juizados Especiais da Fazenda Pública pode ser realizada tanto
por juízes leigos como por conciliadores.
 O conciliador: pode atuar apenas na condução da audiência de conciliação; não
precisa ser advogado e será preferencialmente bacharel em Direito; e fica impedido
de exercer a advocacia nos juízos em que desempenha suas funções.
 O juiz leigo: pode atuar na conciliação e também na instrução e julgamento da
causa, ficando sua decisão sujeita a homologação do Juiz togado; deve ser advogado
com mais de 2 anos de experiência; e fica impedido de exercer a advocacia perante
todos os Juizados Especiais da Fazenda Pública no Brasil.
 O conciliador pode ouvir depoimentos das partes e das testemunhas, sendo
facultado ao juiz, em caso de não obtenção da conciliação, aproveitar os atos
praticados pelo conciliador e dispensar novos depoimentos para a instrução da
causa.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 56


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

 Apesar de não prevista expressamente na Lei nº 12.153/2009, também é possível a


realização da mediação no âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 57


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Ponto 12
Art. 17. As Turmas Recursais do Sistema dos Juizados Especiais são compostas por
juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, na forma da legislação dos Estados e
do Distrito Federal, com mandato de 2 (dois) anos, e integradas, preferencialmente, por
juízes do Sistema dos Juizados Especiais.
§ 1º A designação dos juízes das Turmas Recursais obedecerá aos critérios de antiguidade
e merecimento.
§ 2º Não será permitida a recondução, salvo quando não houver outro juiz na sede da
Turma Recursal.

12.1. Turmas Recursais nos Juizados Especiais da Fazenda


Pública

A Turma Recursal é o órgão competente para a revisão das decisões dos juízes que
compõem o Juizado Especial da Fazenda Pública. Não se trata de um Tribunal
propriamente dito, uma vez que a Turma Recursal não está arrolada entre os órgãos do
Poder Judiciário previstos no art. 92 da CF, além de ser formada por juízes do primeiro
grau de jurisdição.
A quantidade de Turmas Recursais e de juízes que as comporão depende da decisão
de cada um dos Tribunais de Justiça, uma vez que não houve fixação na lei. O art. 17 da
Lei nº 12.153/2009 fixou apenas os critérios para a escolha dos juízes, que devem ser,
preferencialmente, juízes do Sistema dos Juizados Especiais (mesmo que não da Fazenda
Pública), designados por critérios de antiguidade e merecimento (§1º).
É importante ressaltar que o mandato dos juízes da Turma Recursal nos Juizados
Especiais da Fazenda Pública é de apenas 2 anos (art. 17, caput), vedada a recondução,
salvo se não houver outro juiz na sede da Turma (§2º).

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 58


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

12.2. Competências das Turmas Recursais

Em suma, as principais competências das Turmas Recursais nos Juizados Especiais


da Fazenda Pública são as seguintes: I- realizar o juízo de admissibilidade e julgar o
Recurso Inominado interposto contra a sentença (art. 41, §1º, da Lei nº 9.099/95); II-
processar e julgar o agravo de instrumento interposto contra decisões interlocutórias que
versem sobre tutelas provisórias (art. 1.015, I, do CPC); III- processar e julgar os embargos
de declaração opostos em face de seu acórdãos (art. 48 da Lei nº 9.099/95); IV- processar
e julgar o mandado de segurança impetrado contra decisões irrecorríveis e teratológicas
dos juízes vinculados ao Juizado Especial (Súmula nº 376 do STJ).
Também é importante ressaltar que caberá ao Presidente da Turma Recursal
processar, realizar o juízo de admissibilidade e, sendo o caso, remeter ao STF o recurso
extraordinário interposto contra decisão da Turma (art. 1.030 do CPC).

12.3. O que é importante decorar sobre o art. 17

 A Turma Recursal não é um Tribunal, por não estar está arrolada entre os órgãos
do Poder Judiciário previstos no art. 92 da CF, além de ser formada por juízes do
primeiro grau de jurisdição.
 O mandato dos juízes designados para compor a Turma Recursal é de 2 anos, não
cabendo recondução, salvo se não houver outro juiz no juízo sede da Turma.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 59


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Ponto 13
Art. 18. Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei quando houver
divergência entre decisões proferidas por Turmas Recursais sobre questões de direito
material.
§ 1º O pedido fundado em divergência entre Turmas do mesmo Estado será julgado em
reunião conjunta das Turmas em conflito, sob a presidência de desembargador indicado
pelo Tribunal de Justiça.
§ 2º No caso do § 1º, a reunião de juízes domiciliados em cidades diversas poderá ser
feita por meio eletrônico.
§ 3º Quando as Turmas de diferentes Estados derem a lei federal interpretações
divergentes, ou quando a decisão proferida estiver em contrariedade com súmula do
Superior Tribunal de Justiça, o pedido será por este julgado.

Art. 19. Quando a orientação acolhida pelas Turmas de Uniformização de que trata o §
1º do art. 18 contrariar súmula do Superior Tribunal de Justiça, a parte interessada poderá
provocar a manifestação deste, que dirimirá a divergência.
§ 1º Eventuais pedidos de uniformização fundados em questões idênticas e recebidos
subsequentemente em quaisquer das Turmas Recursais ficarão retidos nos autos,
aguardando pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça.
§ 2º Nos casos do caput deste artigo e do § 3º do art. 18, presente a plausibilidade do
direito invocado e havendo fundado receio de dano de difícil reparação, poderá o relator
conceder, de ofício ou a requerimento do interessado, medida liminar determinando a
suspensão dos processos nos quais a controvérsia esteja estabelecida.
§ 3º Se necessário, o relator pedirá informações ao Presidente da Turma Recursal ou
Presidente da Turma de Uniformização e, nos casos previstos em lei, ouvirá o Ministério
Público, no prazo de 5 (cinco) dias.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 60


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

§ 4º (VETADO)
§ 5º Decorridos os prazos referidos nos §§ 3º e 4º, o relator incluirá o pedido em pauta
na sessão, com preferência sobre todos os demais feitos, ressalvados os processos com
réus presos, os habeas corpus e os mandados de segurança.
§ 6º Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos referidos no § 1º serão
apreciados pelas Turmas Recursais, que poderão exercer juízo de retratação ou os
declararão prejudicados, se veicularem tese não acolhida pelo Superior Tribunal de
Justiça.

13.1. Pedido de Uniformização nos Juizados Especiais da


Fazenda Pública

O pedido de uniformização de interpretação de lei tem cabimento quando for


necessário dirimir divergência entre decisões proferidas por Turmas Recursais sobre
questões de direito material, nos termos do art. 18 da Lei nº 12.153/2009. Assim, havendo
divergências sobre questões de direito processual, não será cabível o pedido.
Segundo o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, o pedido de
uniformização tem a natureza jurídica de um recurso, tendo em vista ser de interposição
voluntária e propiciar a reforma do acórdão impugnado (ARE 850960 AgR/SC). Além
disso, considerando o princípio da unirrecorribilidade, não será cabível a interposição
simultânea de recurso extraordinário e de pedido de uniformização. Dessa forma, havendo
pedido de uniformização, o recurso extraordinário somente será cabível contra o acórdão
que julgar o incidente.
Pela importância do julgado mencionado, transcreve-se a seguir a sua ementa:

PROCESSUAL CIVIL. JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS.


ACÓRDÃO DE TURMA RECURSAL. ATAQUE SIMULTÂNEO

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 61


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

POR RECURSO EXTRAORDINÁRIO E POR INCIDENTE DE


UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
EXAURIMENTO DE INSTÂNCIA. 1. O incidente de
uniformização de jurisprudência no âmbito dos Juizados Especiais
Federais, cabível quando “houver divergência entre decisões sobre
questões de direito material proferidas por Turmas Recursais na
interpretação da lei” (art. 14, caput, da Lei 10.259/01), possui natureza
recursal, já que propicia a reforma do acórdão impugnado. Trata-se
de recurso de interposição facultativa, com perfil semelhante ao dos
embargos de divergência previstos no art. 546 do CPC e dos embargos
previstos no art. 894, II, da CLT. 2. Embora se admita, em tese - a
exemplo do que ocorre em relação a aqueles embargos (CPC, art. 546
e CLT, art. 894, II) -, a interposição alternativa de incidente de
uniformização de jurisprudência ou de recurso extraordinário, não é
admissível, à luz do princípio da unirrecorribilidade, a interposição
simultânea desses recursos, ambos com o objetivo de reformar o
mesmo capítulo do acórdão recorrido. 3. Apresentado incidente de
uniformização de jurisprudência de decisão de Turma Recursal, o
recurso extraordinário somente será cabível, em tese, contra o futuro
acórdão que julgar esse incidente, pois somente então, nas
circunstâncias, estará exaurida a instância ordinária, para os fins
previstos no art. 102, III, da CF/88. 4. Agravo regimental a que se
nega provimento. (ARE 850960 AgR/SC, Rel. Min. Teori Zavascki,
julgamento em 24/03/2015).

Caso as Turmas Recursais divergentes sejam de um mesmo Estado, o pedido será


julgado em reunião conjunta das Turmas em conflito, podendo ocorrer por meio

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 62


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

eletrônico (art. 18, §§1º 2º, da Lei nº 12.153/2009). Nessa hipótese, a reunião das Turmas
ocorrerá sob a presidência de desembargador indicado pelo Tribunal de Justiça.
Por outro lado, se a divergência sobre a interpretação de lei federal ocorrer entre
Turmas Recursais de diferentes Estados, caberá ao Superior Tribunal de Justiça julgar o
pedido de uniformização (art. 18, §3º, da Lei nº 12.153/2009).
Também será competente o Superior Tribunal de Justiça para julgar o pedido de
uniformização quando a decisão proferida estiver em contrariedade com súmula dessa
Corte Superior. Nessa situação, não é necessário que haja decisões de mais de uma Turma
Recursal. Basta que a decisão de uma Turma contrarie uma súmula do STJ para que seja
cabível o pedido de uniformização contra o acórdão.
Nesses dois caso de competência do STJ, será possível a concessão, de ofício ou a
requerimento do interessado, medida liminar determinando a suspensão dos processos
nos quais a controvérsia esteja estabelecida, quando presentes a plausibilidade do direito e
o risco de dano de difícil reparação (art. 19, §2º, da Lei nº 12.153/2009).
É importante mencionar que não é cabível pedido de uniformização ao STJ contra
acórdão de Turma Recursal do Juizado Especial da Fazenda Pública sob a alegação de que
a decisão contraria orientação fixada em precedentes do STJ (Rcl 22.033/SC, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, julgado em 8/4/2015, DJe 16/4/2015).

13.2. Julgamento do Pedido de Uniformização que contraria


Súmula do STJ

É possível que o julgamento realizado pela reunião das Turmas em conflito de um


mesmo Estado (art. 18, §1º, da Lei nº 12.153/2009) contrarie entendimento sumulado do
Superior Tribunal de Justiça. Nesse caso, também será cabível o pedido de uniformização,
que será julgado pelo STJ, conforme prevê o art. 19 da Lei nº 12.153/2009.
Segundo o entendimento do STJ, compete apenas a esse Tribunal Superior
examinar os pressupostos legais do pedido de uniformização, não havendo juízo prévio

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 63


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

de admissibilidade pela Turma Recursal. Ademais, sendo negado o processamento do


pedido de uniformização direcionado ao STJ, haverá violação da competência da Corte
Cidadã, que pode ser preservada mediante reclamação constitucional (Rcl 24258/SP, Rel.
Ministro Og Fernandes, Primeira Seção, julgado em 08/02/2017, DJe 14/02/2017).
Havendo pedidos de uniformização repetitivos fundados em questões idênticas e
recebidos subsequentemente em quaisquer das Turmas Recursais ficarão retidos nos
autos, aguardando pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça (§1º). Caso estejam
presentes a plausibilidade do direito e o receio de dano de difícil reparação, o relator
poderá conceder medida liminar para determinar a suspensão dos processos nos quais a
controvérsia esteja estabelecida, mesmo que não estejam nas Turmas Recursais (§2º).
Para instrução do pedido de uniformização, o relator poderá pedir informações ao
Presidente da Turma Recursal ou Presidente da Turma de Uniformização e, nos casos
previstos em lei, ouvirá o Ministério Público, no prazo de 5 dias (§3º). Além disso, o
julgamento do pedido terá preferência sobre todos os demais processos, ressalvados
aqueles com réus presos, os habeas corpus e os mandados de segurança (§5º).
Por fim, uma vez julgado o pedido de uniformização, será possível a retratação dos
pedidos repetitivos retidos nas Turmas Recursais ou a declaração de prejudicialidade (§6º).

13.3. Razões do Veto ao §4º do art. 19

O §4º do art. 19 da Lei nº 12.153/2009 tinha a seguinte redação: “Eventuais


interessados, ainda que não sejam partes no processo, poderão se manifestar no prazo de
30 (trinta) dias”.
De acordo com a Mensagem de Veto nº 1.079/2009, o dispositivo foi vetado
porque criava uma espécie sui generis de intervenção de terceiros, o que seria incompatível
com os princípios da celeridade e da simplicidade que regem os procedimentos dos
Juizados Especiais.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 64


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

13.4. Assertiva correta cobrada em concurso público

 (VUNESP/2018/TJ-RJ/Juiz Leigo): Inovação da Lei dos Juizados da Fazenda é o


chamado “pedido de uniformização de interpretação de lei”, que será julgado em
reunião conjunta das Turmas em conflito, sob a presidência de desembargador
indicado pelo Tribunal de Justiça, quando houver divergência entre decisões
proferidas por Turmas Recursais do mesmo Estado sobre questões de direito
material.

13.5. O que é importante decorar sobre os arts. 18 e 19

 O pedido de uniformização de interpretação de lei é cabível quando houver


divergência entre decisões proferidas por Turmas Recursais sobre questões de
direito material.
 O pedido de uniformização tem a natureza de recurso.
 Não é possível a interposição conjunta de recurso extraordinário e de pedido de
uniformização. Somente caberá recurso extraordinário contra a decisão do pedido.
 Caso as Turmas Recursais divergentes sejam de um mesmo Estado, o pedido será
julgado em reunião conjunta das Turmas em conflito, sob a presidência de
desembargador indicado pelo Tribunal de Justiça.
 Quando as Turmas de diferentes Estados derem a lei federal interpretações
divergentes, ou quando a decisão proferida estiver em contrariedade com súmula
do Superior Tribunal de Justiça, o pedido será por este julgado.
 Também compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar o pedido de uniformização
se a decisão tomada pela reunião conjunta das Turmas em conflito contrariar
súmula daquele Tribunal Superior.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 65


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Ponto 14
Art. 20. Os Tribunais de Justiça, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal
Federal, no âmbito de suas competências, expedirão normas regulamentando os
procedimentos a serem adotados para o processamento e o julgamento do pedido de
uniformização e do recurso extraordinário.

Art. 21. O recurso extraordinário, para os efeitos desta Lei, será processado e julgado
segundo o estabelecido no art. 19, além da observância das normas do Regimento.

Art. 22. Os Juizados Especiais da Fazenda Pública serão instalados no prazo de até 2
(dois) anos da vigência desta Lei, podendo haver o aproveitamento total ou parcial das
estruturas das atuais Varas da Fazenda Pública.

Art. 23. Os Tribunais de Justiça poderão limitar, por até 5 (cinco) anos, a partir da entrada
em vigor desta Lei, a competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, atendendo
à necessidade da organização dos serviços judiciários e administrativos.

Art. 24. Não serão remetidas aos Juizados Especiais da Fazenda Pública as demandas
ajuizadas até a data de sua instalação, assim como as ajuizadas fora do Juizado Especial
por força do disposto no art. 23.

Art. 25. Competirá aos Tribunais de Justiça prestar o suporte administrativo necessário
ao funcionamento dos Juizados Especiais.

Art. 26. O disposto no art. 16 aplica-se aos Juizados Especiais Federais instituídos pela
Lei nº 10.259, de 12 de julho de 2001.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 66


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Art. 27. Aplica-se subsidiariamente o disposto nas Leis nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973
– Código de Processo Civil, 9.099, de 26 de setembro de 1995, e 10.259, de 12 de julho
de 2001.

Art. 28. Esta Lei entra em vigor após decorridos 6 (seis) meses de sua publicação oficial.

14.1. Normas de transição e aplicação da Lei dos Juizados


Especiais da Fazenda Pública

Os últimos artigos da Lei nº 12.153/2009 dispõem sobre regras de aplicabilidade e


de transição em relação aos Juizados Especiais da Fazenda Pública. Os arts. 21 e 27 já
foram comentados anteriormente.
Por fim, vale ressaltar que os arts. 22 a 24 da Lei nº 12.153/2009 já tiveram a eficácia
exaurida, em razão do decurso de mais de 2 anos desde a publicação da lei.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 67


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Ponto 15

15. O que é importante decorar de toda a Lei dos Juizados


Especiais da Fazenda Pública

 Os Juizados Especiais da Fazenda Pública são órgãos da justiça comum estadual e


distrital, que julgam causas de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e dos Territórios.
 A Lei nº 12.153/2009 integra o microssistema processual dos Juizados Especiais,
sendo a ela aplicáveis, de forma subsidiária, as normas do Código de Processo Civil,
da Lei nº 9.099/95 e da Lei nº 10.259/2001.
 São princípios do microssistema dos Juizados Especiais: I- Oralidade; II-
Simplicidade; III- Informalidade; IV- Economia Processual; V- Celeridade; VI-
Preferência pela conciliação ou transação.
 O Juizado Especial da Fazenda Pública tem competência absoluta para julgar causas
de até 60 salários mínimos.
 Caso a causa envolva prestações futuras, o valor da soma de 12 prestações
vincendas e das vencidas não poderá superar 60 salários mínimos.
 Em caso de litisconsórcio ativo facultativo nos Juizados Especiais, o STJ entende
que o valor da causa deve ser considerado individualmente por autor, não
importando se a soma ultrapassa 60 salários mínimos.
 A necessidade de produção de prova pericial não afasta a competência dos Juizados
Especiais da Fazenda Pública.
 O STJ entende que os Juizados Especiais da Fazenda Pública podem julgar causas
individuais que versem sobre direitos difusos e coletivos, sendo vedadas apenas as
ações coletivas que busquem resguardar esses direitos.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 68


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

 O Juizado Especial da Fazenda Pública é absolutamente incompetente para julgar:


I- as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação,
populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre
direitos ou interesses difusos e coletivos; II- as causas sobre bens imóveis dos
Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e fundações públicas
a eles vinculadas; III- as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de
demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a
militares.
 O Juizado Especial da Fazenda Pública pode julgar causas que tenham como objeto
a anulação ou o cancelamento de atos administrativos, ao contrário dos Juizados
Especiais Federais.
 O Juizado Especial da Fazenda Pública pode julgar causas que tenham como objeto
a anulação ou o cancelamento de sanções disciplinares impostas a servidores
públicos civis que não envolvam a pena de demissão, mas não pode julgar causas
que envolvam quaisquer sanções disciplinares aplicadas a militares.
 O Juizado Especial da Fazenda Pública pode julgar causas referentes a bens imóveis
das empresas públicas estaduais, distritais e municipais, em razão da conjungação
dos arts 2º, §1º, II, e 5º, II, da Lei nº 12.153/2009.
 É possível a concessão de ofício ou a requerimento das partes de quaisquer espécies
de tutela provisória no âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública.
 As vedações legais à concessão de tutelas provisórias contra a Fazenda Pública são
plenamente aplicáveis no âmbito dos Juizados Especiais.
 As vedações legais à concessão de tutelas provisórias contra a Fazenda Pública não
são aplicáveis às Empresas Públicas.
 O procedimento do Juizado Especial da Fazenda Pública somente admite recurso
contra a sentença e contra a decisão que deferir providências cautelares ou
antecipatórias, o que não impede a oposição de embargos de declaração.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 69


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

 Contra a sentença, será cabível o Recurso Inominado previsto no art. 41 da Lei nº


9.099/95, no prazo de 10 dias, com efeitos devolutivo e suspensivo, e que será
julgado pela Turma Recursal.
 No âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, é cabível a oposição de
embargos de declaração, no prazo de 5 dias, em face da sentença ou acórdão,
gerando a interrupção do prazo para interposição do recurso cabível.
 Contra as decisões versando sobre providências cautelares ou antecipatórias, o
recurso cabível será o agravo de instrumento, nos termos do art. 1.015, I, do CPC,
que será julgado pela Turma Recursal.
 Não cabe a interposição de Recurso Especial contra decisões dos Juizado Especial
da Fazenda Pública.
 Cabe a interposição de Recurso Extraordinário contra decisões do Juizado Especial
da Fazenda Pública.
 Cabe a impetração de Mandado de Segurança contra decisões irrecorríveis que
violem direito líquido e certo das partes no âmbito do Juizado Especial da Fazenda
Pública, que será julgado pela Turma Recursal competente.
 Possuem legitimidade ativa perante o Juizado Especial da Fazenda Pública apenas
as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte.
 O STJ entende que o incapaz menor de idade, devidamente representado, possui
legitimidade ativa para demandar perante o Juizado Especial da Fazenda Pública.
 O STJ entende que é possível submeter ao rito dos Juizados Especiais Federais as
causas que envolvem fornecimento de medicamentos/tratamento médico, cujo
valor seja de até 60 salários mínimos, ajuizadas pelo Ministério Público ou pela
Defensoria em favor de pessoa determinada.
 Possuem legitimidade passiva no âmbito do Juizado Especial da Fazenda Pública
apenas os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os Municípios, bem como
autarquias, fundações e empresas públicas a eles vinculadas.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 70


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

 As sociedades de economia mista não possuem legitimidade passiva no âmbito dos


Juizados Especiais da Fazenda Pública.
 Não há prazos processuais diferenciados para a Fazenda Pública no âmbito dos
Juizados Especiais da Fazenda Pública, nem mesmo para a interposição de recursos.
 A Fazenda Pública deve ser citada para a audiência de conciliação com antecedência
mínima de 30 dias.
 Os prazos processuais no âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública são
contados em dias úteis, nos termos do art. 12-A da Lei nº 9.099/95.
 É possível a conciliação, a transação ou a desistência nos processos dos Juizados
Especiais da Fazenda Pública, entretanto, em razão da indisponibilidade do
interesse público, essa hipóteses somente podem ocorrer nos casos previstos nas
leis de cada um dos entes da Federação.
 É possível a celebração de negócios jurídicos processuais no âmbito dos Juizados
Especiais da Fazenda Pública.
 A Fazenda Pública tem a obrigação de fornecer toda a documentação de que
disponha e que possa ajudar a esclarecer a causa até a abertura da audiência de
conciliação.
 As provas devem ser realizadas na audiência de instrução e julgamento,
independentemente de prévio requerimento, mas podem ser limitadas ou excluídas
pelo juiz da causa.
 Cada parte poderá apresentar até 3 testemunhas que devem comparecer à audiência
independentemente de intimação, exceto se esta for requerida pela parte.
 A prova oral não será reduzida a escrito, devendo a sentença referir, no essencial,
os informes trazidos nos depoimentos.
 Caso o exame técnico seja necessário à conciliação ou ao julgamento da causa, o
juiz nomeará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até 5 dias antes da
audiência.
 Não há reexame necessário no âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 71


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

 Não cabe ação rescisória em face das decisões definitivas de mérito proferidas no
âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública.
 O Juizado Especial da Fazenda Pública tem competência para executar eus próprios
julgados, independentemente da quantia a ser executada, desde que tenha sido
observado o valor de 60 salários mínimos na ocasião da propositura da ação.
 Se ao ente público for imposta obrigação de fazer, não fazer ou entrega de coisa
certa, não será necessária a observância do procedimento relativo aos precatórios e
o cumprimento da sentença ou do acordo será feito mediante simples ofício do juiz
à autoridade citada para a causa.
 A obrigação sujeita a requisição de pequeno valor deve ser cumprida no prazo de
60 dias a contar do recebimento da requisição. Se a requisição não for atendida, o
juiz determinará o sequestro da quantia necessária.
 É vedado o fracionamento do valor do precatório para que parte dele se enquadre
nos limites da requisição de pequeno valor, o que não impede que a parte renuncie
ao valor excedente.
 Os entes federativos podem fixar valores próprios para as obrigações de pequeno
valor, respeitado, como limite mínimo, o teto do RGPS.
 A obrigação que supere os valores aplicáveis à RPV estão sujeitas à expedição de
precatório, de acordo com o regime previsto no art. 100 da CF.
 A conciliação nos Juizados Especiais da Fazenda Pública pode ser realizada tanto
por juízes leigos como por conciliadores.
 O conciliador: pode atuar apenas na condução da audiência de conciliação; não
precisa ser advogado e será preferencialmente bacharel em Direito; e fica impedido
de exercer a advocacia nos juízos em que desempenha suas funções.
 O juiz leigo: pode atuar na conciliação e também na instrução e julgamento da
causa, ficando sua decisão sujeita a homologação do Juiz togado; deve ser advogado
com mais de 2 anos de experiência; e fica impedido de exercer a advocacia perante
todos os Juizados Especiais da Fazenda Pública no Brasil.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 72


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

 O conciliador pode ouvir depoimentos das partes e das testemunhas, sendo


facultado ao juiz, em caso de não obtenção da conciliação, aproveitar os atos
praticados pelo conciliador e dispensar novos depoimentos para a instrução da
causa.
 Apesar de não prevista expressamente na Lei nº 12.153/2009, também é possível a
realização da mediação no âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública.
 A Turma Recursal não é um Tribunal, por não estar está arrolada entre os órgãos
do Poder Judiciário previstos no art. 92 da CF, além de ser formada por juízes do
primeiro grau de jurisdição.
 O mandato dos juízes designados para compor a Turma Recursal é de 2 anos, não
cabendo recondução, salvo se não houver outro juiz no juízo sede da Turma.
 O pedido de uniformização de interpretação de lei é cabível quando houver
divergência entre decisões proferidas por Turmas Recursais sobre questões de
direito material.
 O pedido de uniformização tem a natureza de recurso.
 Não é possível a interposição conjunta de recurso extraordinário e de pedido de
uniformização. Somente caberá recurso extraordinário contra a decisão do pedido.
 Caso as Turmas Recursais divergentes sejam de um mesmo Estado, o pedido será
julgado em reunião conjunta das Turmas em conflito, sob a presidência de
desembargador indicado pelo Tribunal de Justiça.
 Quando as Turmas de diferentes Estados derem a lei federal interpretações
divergentes, ou quando a decisão proferida estiver em contrariedade com súmula
do Superior Tribunal de Justiça, o pedido será por este julgado.
 Também compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar o pedido de uniformização
se a decisão tomada pela reunião conjunta das Turmas em conflito contrariar
súmula daquele Tribunal Superior.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 73


COLEÇÃO LEIS COMENTADAS APROVAÇÃOPGE
PROFESSOR CAIO ALBUQUERQUE
Natalia josetti - nataliajosetti@hotmail.com

Bibliografia
CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em juízo. 15. ed. rev., atual. e ampl. -
Rio de Janeiro: Forense, 2018.

Conheça a Coleção Leis Comentadas AprovaçãoPGE – www.aprovacaopge.com.br 74

Você também pode gostar