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A vulnerabilidade do consumidor quanto


ao tratamento de dados pessoais

Consumer as weaker party on the treatment of personal data

Laura Schertel Mendes


Doutora em Direito pela Universidade Humbolt, na Alemanha. Mestre em Direito pela UNB. Professora
e Pesquisadora do IDP, Brasília. Texto preparado para a publicação no livro da Rede Alemanha-Brasil
de Pesquisas em Direito do Consumidor [DAAD-CAPES], Marques, Claudia Lima e Gsell, Beate. Novas
Tendências do Direito do Consumidor no Brasil e na Alemanha. Ed. RT, 2015. A autora agradece a
autorização para republicar na RDC, divulgando o trabalho da Rede Alemanha-Brasil de Pesquisas em
Direito do Consumidor, que se reuniu em 12 de novembro de 2015 na UFRGS.
lauraschertel@hotmail.com

Recebido 13.09.2015
Pareceres 01.10.2015 e 14.11.2015

Área do Direito: Consumidor

Resumo: O texto analisa a vulnerabilidade do Abstract: This article aims to examine how
consumidor na economia da informação pes- information is transformed into production
soal, em especial quanto ao tratamento dos da- input in an economic model focused on the
dos pessoais, visando esclarecer a relação entre individualization and specialization of products,
tecnologia, mercado e vulnerabilidade do con- which are the main risks of the processing of
sumidor. Os riscos da vigilância no mercado de personal data of consumers and which contexts
consumo são identificados, assim como os con- increased the consumer vulnerability and their
textos de elevada vulnerabilidade do consumidor personal data treatment.
quanto ao tratamento de dados pessoais. O texto
ainda analisa o problema do consentimento apa-
rente, da falta de transparência do tratamento
de dados, do risco de discriminação e conclui
pela existência de um dever constitucional de
proteção do consumidor quanto aos seus dados
pessoais.
Palavras-chave: Código de Proteção e Defesa do Keywords: Consumer Protection Code,
Consumidor, Vulnerabilidade, Privacidade, Prote- Vulnerability, Privacy, Protection of Personal
ção de Dados Pessoais, Consentimento, Transpa- Data, Consent, transparency, discrimination,
rência, Discriminação, Sociedade da Informação. Information Society.

Mendes, Laura Schertel. A vulnerabilidade do consumidor quanto ao tratamento de dados pessoais.


Revista de Direito do Consumidor. vol. 102. ano 24. p. 19-43. São Paulo: Ed. RT, nov.-dez. 2015.
Proteção de Dados Pessoais, Cadastros, Crediscore e o Comércio Eletrônico 43

objetivo (proteção contra os riscos causados pelo tratamento de dados pes-


soais). A importância das duas dimensões é fundamental para possibilitar a
autodeterminação informativa do consumidor, ao mesmo tempo que propicia
um controle objetivo de legitimidade do tratamento de dados pessoais. Esse
controle objetivo torna-se ainda mais relevante no mercado de consumo, em
que a discrepância de poderes e de informação entre consumidores e fornece-
dores é tão grande, que dificulta ao consumidor a tomada de decisão livre e
informada a respeito do fluxo de seus dados.61 Não obstante, tal conceito não
reduz a autonomia do consumidor no controle de seus dados; ao contrário,
trata-se de garantir a sua liberdade efetiva, a partir da verificação do respeito à
boa-fé objetiva e às suas legítimas expectativas.

Pesquisas do Editorial

Veja também Doutrina


• A atualização do Código de Defesa do Consumidor e a regulamentação do comércio
eletrônico: avanços e perspectivas, de Guilherme Magalhães Martins – RDC 95/255-287
(DTR\2014\10475);
• Os direitos da personalidade e os direitos do consumidor, de Bruno Nubens Barbosa
Miragem – RDC 49/40-76, Doutrinas Essenciais de Direito do Consumidor 5/421-463
(DTR\2004\785);
• Responsabilidade civil dos bancos dos dados de proteção ao crédito: diálogo entre o
Código de Defesa do Consumidor e a Lei do Cadastro Positivo, de Leonardo Roscoe
Bessa – RDC 92/49-73 (DTR\2014\1232); e
• Telemedicina, prontuário eletrônico e atualização do Código de Defesa do Consumidor.
A tutela da hipervulnerabilidade eletrônica do paciente e de sua personalidade virtual,
de Maurilio Casas Maia – RDC 89/303-319 (DTR\2013\9279).

61. Ver decisão de uma Câmara da Corte Constitucional alemã, em que se decidiu pela
nulidade do consentimento dado pelo consumidor para fins de renúncia à confiden-
cialidade do sigilo médico em face de seguradora, com base no princípio da ruptura
da paridade contratual (Störung der Vertragsparität) e da assimetria de informação e
de poder entre as partes: 1 BvR 2027/02, “Schweigepflichtentbindung” (Liberação do
dever de sigilo).

Mendes, Laura Schertel. A vulnerabilidade do consumidor quanto ao tratamento de dados pessoais.


Revista de Direito do Consumidor. vol. 102. ano 24. p. 19-43. São Paulo: Ed. RT, nov.-dez. 2015.

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