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1. A Privação de Liberdade
1. A Privação de Liberdade
Em 2016, o Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), por ocasião do
Dia Internacional dos Direitos Humanos, lançou uma campanha especial para dar visibilidade
aos abusos cometidos no sistema prisional brasileiro, como o encarceramento de inocentes,
superlotação, maus-tratos e tortura.
Ainda segundo o UNIC Rio, 13% dos presos que estão no sistema prisional brasileiro são
brancos; os demais são pretos e pardos, majoritariamente pobres.
A campanha da UNIC Rio traz relatos e análises sobre a relação entre o sistema prisional e a
ocorrência de tortura. Existem outros espaços de privação de liberdade, como o sistema
prisional, em que a tortura ocorre e pode ocorrer? E qual é o per l das vítimas de tortura
nesses espaços?
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Con ra a matéria e a íntegra do vídeo do Centro de Informação das Nações Unidas para o
Brasil (UNIC Rio) em:
https://brasil.un.org/pt-br/search?key=Robson+Borges
A liberdade é um direito garantido pela Constituição Federal de 1988 como uma garantia
fundamental, sendo a privação de liberdade uma exceção que ocorre apenas em situações
expressamente de nidas em lei, como por exemplo, a prisão por violação da lei penal.
Os espaços de privação de liberdade são aqueles em que uma pessoa é mantida sob detenção,
aprisionamento, vigilância ou abrigamento, dos quais não pode se ausentar por sua própria
vontade. Estes espaços podem ser públicos ou privados, por força de ordem judicial,
administrativa ou outra autoridade.
Você sabia que além das instituições penais da Segurança Pública e do Sistema de Justiça
(unidades prisionais, delegacias, carceragens, salas de custódia, etc.), os espaços da rede de
assistência social voltados ao abrigamento de crianças e adolescentes ou de idosos, centros de
migrantes, etc.) e também da rede de saúde (hospitais psiquiátricos e comunidades
terapêuticas) também são considerados espaços de privação de liberdade? Pois é, se você já
sabia disso, sinta-se um privilegiado. Possivelmente muitas pessoas desconhecem essa
informação.
Mas, tenha atenção! As instituições de privação de liberdade devem ser analisadas conforme
suas dinâmicas, estruturas físicas, funcionários que nelas trabalham, regras, regulamentos e
dispositivos diversos para o cumprimento de suas funções.
Em relação aos funcionários que trabalham nestes locais, eles exercem atividades distintas e
funções delimitadas. Já as estruturas físicas, para garantir a segurança, geralmente se utilizam
de dispositivos e instrumentos de controle de entradas e saídas. Não muito raro, há espaços
que podem ser acessados apenas por um determinado grupo de pessoas. São consideradas as
seguintes instituições de privação de liberdade como local possível de ocorrência de tortura,
seguindo a Lei nº. 9.455/1997:
1. As instituições asilares, 2. As instituições de 3. As instituições de sanção,
especi camente as de longa atendimento à saúde, especi camente as
permanência de idosos e os especi camente as unidades instituições do sistema
abrigos de acolhimento de de atendimento psiquiátrico penitenciário e as do
crianças e adolescentes. e as comunidades sistema socioeducativo.
terapêuticas.
A Lei nº. 9.455/1997 também prevê que a tortura pode ocorrer no âmbito privado, uma vez
que de ne como tal o ato de submeter alguém que está sob sua guarda, poder ou autoridade,
utilizando violência ou ameaçando gravemente a intenso sofrimento físico ou mental como
forma de aplicar castigo pessoal ou como medida preventiva. Entretanto, a ênfase aqui será
nas instituições de privação de liberdade nas quais atuam o agente público (ou pessoa que
exerça funções públicas).
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Erving Go man, cientista social, antropólogo, sociólogo e escritor canadense, dedicou-se a
estudar as instituições de privação de liberdade. Em seu livro Manicômio, Prisões e Conventos,
as considerou como sistemas fechados e as organizou em cinco categorias:
Instituições destinadas ao cuidado dos incapazes inofensivos como as casas para cegos,
velhos, órfãos e indigentes. Atualmente, são as instituições assistenciais incluídas como os
abrigos para idosos (instituições de longa Permanência para idosos - ILPIs, antigamente
denominadas asilos), os abrigos para crianças e adolescentes, os abrigos para pessoas em
situação de rua e centros de migrantes.
Instituições destinadas a estabelecer alguma tarefa de trabalho que existem diante das
necessidades instrumentais do trabalho a ser realizado (quartéis, navios, escalas internas,
campos de trabalho, colônias).
Não é nada complicado encontrar nas mídias relatos de casos de tortura sofridos por idosos
que moram ou não em abrigos. O Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, em
seu relatório anual de 2017, salientou que “a natureza da tortura e maus tratos contra pessoas
idosas pode se dar de várias de formas, como: abusos físico, psicológico, sexual e nanceiro,
abandono, negligência; sendo muita das vezes interligadas entre si, prejudicando,
consideravelmente, o desenvolvimento individual e social” (MNPCT, 2017, p.132).
No caso das ILPIs, o Estatuto do Idoso¹ determina que eles devem oferecer instalações físicas
Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou
substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou,
ainda, em instituição pública ou privada.
§ 1º A assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência será
prestada quando veri cada inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou
carência de recursos nanceiros próprios ou da família.
Ressaltamos que muito embora tenham se passado mais de dez anos da edição do Estatuto do
Idoso, a privação de liberdade deles nestas instituições não foi submetida a acompanhamentos
efetivos por instrumentos e mecanismos de direitos humanos no que tange a tortura ou
outros tratamentos cruéis, desumanos e degradantes. Daí a importância dos comitês de
combate à tortura traçarem estratégias de scalização e acompanhamento das condições dos
idosos nestas instituições.
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O Conselho Nacional do Ministério Público editou o Manual de atuação funcional: o Ministério
Público na Fiscalização das Instituições de Longa Permanência para Idosos (BRASIL, CNMP,
2016). Disponível em:
http://www.cnmp.mp.br/portal/images/Publicacoes/documentos/2016/manual-de-atuacao-
funcional.pdf
Com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), estabelecido pela Lei nº. 8069/1990, o
serviço de acolhimento a crianças e adolescentes passou a ser compreendido como medida
protetiva, de caráter excepcional e provisório.
Abrigo Institucional
Acolhimento de crianças e adolescentes sob medida de proteção aplicada pelo Poder Judiciário. Atende,
no máximo, 20 crianças e adolescentes.
Acolhimento institucional provisório para um grupo de, no máximo, 10 crianças e adolescentes por
unidades residenciais. Uma pessoa ou casal deve trabalhar como educador/cuidador residente por
unidade. A unidade residencial não é a casa do educador/cuidador.
É o conjunto de casas lares que cam dispostas em um mesmo terreno, ao redor de um núcleo central,
e compartilham uma mesma estrutura técnico administrativa (como, por exemplo, casa do dirigente,
sala para atividade técnico-administrativa, espaços de lazer/esporte, etc).
Para esta atuação, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) disciplinou a atuação de
membros do Ministério Público pela Resolução n.º 71 de 2011 e desenvolveu um modelo de
questionário de inspeção de acordo com as atribuições do Ministério Público no tema.
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Resolução n.º 71, de 2011, que estabelece os parâmetros dos membros do Ministério Público
em matéria de infância e juventude, disponível em:
http://www.cnmp.mp.br/portal/atos-e-normas-busca/norma/723
Lendo o trecho deste triste caso ocorrido na década de 90, nem parece que o Brasil já havia
assinado a Declaração de Caracas em 1992. Naquela época, o modelo de atendimento a
pessoas com transtornos mentais em instituições de longa permanência foi elemento de
discussão na Organização Mundial de Saúde (OMS) e resultou na Declaração de Caracas.
A Lei nº. 10.216/2001, in uenciada pela Declaração de Caracas, é o marco normativo para
proteção e os direitos de pessoas com transtornos mentais. Ela redireciona o modelo
assistencial em saúde mental visando a inserção social do portador de tais condições.
A internação ou a institucionalização de acordo com a previsão do artigo 4º da Lei nº.
10.216/2001 só é aplicável quando os recursos extra-hospitalares não tenham sido e cientes.
Ainda, a internação psiquiátrica deverá ser realizada por indicação médica e somente em três
situações: internação voluntária (com consentimento do usuário), internação involuntária
(sem o consentimento do usuário) e internação compulsória (determinada pelo Poder
Judiciário).
Cabe ao Estado desenvolver uma política de saúde mental de forma a englobar toda a Rede de
Atenção à Saúde, além das unidades de internação. Esta política deve garantir a assistência e a
promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais com participação social e
da família, a reinserção social de pessoas institucionalizadas em longa permanência, o
tratamento por equipes multidisciplinares e a atribuição do Conselho de Saúde como instância
de acompanhamento da política.
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Desde a edição da Lei nº. 10.216/2001, veri cou-se alterações da gestão do Ministério da Saúde
em relação ao atendimento em saúde mental.
Quando uma pessoa busca apoio em, por exemplo, uma comunidade terapêutica para resolver
um problema de dependência química, possivelmente não lhe passou pela cabeça que poderia
enfrentar algum tipo de tratamento degradante no local escolhido. Entretanto, isso é o que foi
revelado em um relatório feito no ano de 2018, pelo Conselho Federal de Psicologia,
juntamente ao Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura e a Procuradoria
Federal dos Direitos do Cidadão da Procuradoria-Geral da República.
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2018/06/Relat%C3%B3rio-da-
Inspe%C3%A7%C3%A3o-Nacional-em-Comunidades-Terap%C3%AAuticas.pdf
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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgou, em 2017, nota técnica sobre o
número de comunidades terapêuticas existentes no Brasil, suas características, formas de
nanciamento, metodologias terapêuticas utilizadas, etc. Na amostra analisada, de duas mil
comunidades terapêuticas, veri ca-se que 7,37% estão localizadas na região Norte, 17,06% no
Nordeste, 41,77% na região Sudeste, 25,57% no Sul e 8,23% no Centro-Oeste.
O debate sobre as comunidades terapêuticas como serviço de saúde mental ainda é recente. O
trabalho conjunto relatado foi uma iniciativa pioneira que fortalece e aprimora os dispositivos
de análise de denúncias e a formação de pessoal quali cado para tratar da privação de
liberdade em instituições de tratamento a pessoas com transtornos mentais decorrentes do
uso de álcool e outras drogas. Tal prática deve ser incentivada e fortalecida no âmbito da
prevenção e combate à tortura.
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A Nota Técnica nº 21 de 2017 que trata Per l das Comunidades Terapêuticas brasileiras
elaborada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada está disponível em:
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/nota_tecnica/20170418_nt21.pdf
O IPEA também editou o livro Comunidades Terapêuticas: temas para re exão que também
aborda o funcionamento destas instituições. Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?
option=com_content&view=article&id=34533:comunidades-terapeuticas-temas-para-
re exao&catid=420:2019&directory=1
A Lei de Execução Penal (LEP), Lei nº. 7210/1984, é o principal instrumento normativo que
regula o funcionamento do sistema prisional e a execução da pena. Ela estabelece que ao
preso serão assegurados todos os seus direitos não atingidos pela sentença (no caso, a
privação de liberdade e restrição de direitos e/ou a multa) e ainda que: assistência material,
assistência à saúde, assistência jurídica, educacional, social e religiosa são deveres do Estado.
O sistema penitenciário é formado por diferentes tipos de estabelecimentos, de acordo com o
regime da pena a ser cumprida e outras características como a obrigatoriedade de separação
de gêneros, acesso a serviços de assistência, etc. São eles:
Penitenciárias
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A penitenciária destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado, que se
cumpre em estabelecimento de segurança máxima ou média.
Núcleos de custódia ou cadeias públicas
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A cadeia pública destina-se ao recolhimento de presos provisórios que são presos ou em
agrante ou preventivamente. Aí se incluem as carceragens das delegacias e das secretarias de
Segurança Pública.
Casa do albergado
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A casa do albergado destina-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime
aberto, e da pena de limitação de m de semana. O regime aberto é uma modalidade de
cumprimento de pena na qual o apenado trabalha durante o dia e se recolhe no período
noturno.
Vagas 368.049
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De acordo com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN) do
Ministério da Justiça e Segurança Pública - dados referentes ao ano de 2016 - 49% dos
estabelecimentos prisionais no Brasil são núcleos de custódia ou cadeias públicas destinados a
presos provisórios (BRASIL, DEPEN, 2017).
As demais destinações dos estabelecimentos se dividem entre o regime fechado (24% das
unidades), regime semiaberto (8% das unidades), regime aberto (2% das unidades),
destinados a diversos tipos de regime (13% das unidades), destinados ao cumprimento de
medida de segurança (2% das unidades). Os 2% restantes são os estabelecimentos sem
informações especí cas quando a sua destinação.
Em 2016, um levantamento feito pelo então Ministério dos Direitos Humanos revelou o total
de 477 unidades de internação, no Brasil, para cumprimento de medidas socioeducativas
destinadas a adolescentes que pratiquem atos infracionais, em meio aberto e de privação de
liberdade.
Tomaremos como exemplo o caso do Centro Educacional Patativa do Assaré (CE) com o
agravante da superlotação. O espaço tinha capacidade para abrigar 60 adolescentes, mas, no
dia da visita do mecanismo, tinha 176. “O ato de tranca ar dez adolescentes, 24 horas por dia,
em um local onde deveriam estar apenas dois é uma prática desumana, cruel, degradante e
pode ser considerado tortura, seja física ou psicológica”, avalia o documento.
Nas demais unidades visitadas, os peritos ouviram relatos e viram marcas de violência nos
corpos dos adolescentes, que alegaram ser espancados por instrutores e pela polícia. No
Centro Educacional Dom Bosco, por exemplo, havia um interno com “um grande corte no pé
sem os curativos devidos, sem medicamento, seriamente infeccionado, sem a dieta alimentar
recomendável, sob o risco de gangrenar”. Conforme o relatório, a direção da unidade sabia do
fato, mas não tomou providências imediatas.
Apesar desta triste realidade de casos de tortura ocorridos em grande parte das Instituições do
Sistema Socioeducativo brasileiro, que tal encerrar este tema conhecendo um pouco da
história do Sistema Socioeducativo de Alagoas? O jornal Folha de São Paulo publicou um
levantamento sobre a infraestrutura do Sistema Socioeducativo em todo o Brasil. Segundo as
estatísticas, Alagoas está entre os dez estados com melhores condições físicas nas unidades
de internação de adolescentes, com uma ocupação de apenas 83% da sua capacidade. Para
conhecer um pouco mais, clique aqui.
O Levantamento Anual SINASE 2016 do Ministério dos Direitos Humanos está disponível em:
https://www.mdh.gov.br/todas-as-noticias/2018/marco/Levantamento_2016Final.pdf
A. 1990 | 90
B. 1992 | 114
C. 1993 | 126
D. 1995 | 148
E. 1997 | 170
F. 1999 | 194
G. 2000 | 232
H. 2001 | 233
I. 2002 | 239
J. 2003 | 308
K. 2004 | 336
A. 2005 | 361
B. 2006 | 401
C. 2007 | 422
D. 2008 | 451
E. 2009 | 473
F. 2010 | 496
G. 2011 | 514
H. 2012 | 549
I. 2013 | 581
J. 2014 | 622
K. 2015 | 698
L. 2016 | 726
Em 2016, mais da metade da população prisional (55%) era composta por jovens (pessoas até
29 anos, segundo classi cação do Estatuto da Juventude - Lei nº. 12.852/ 2013).
18 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 45 anos
46 a 60 anos
61 a 70 anos
Mais de 70 anos
Quanto à raça/cor, os dados do Ministério da Justiça trazem uma comparação entre o per l da
população total brasileira e da população do sistema prisional:
Negra
Branca
Negra
Branca
Podemos constatar que o resultado foi um baixo grau de escolaridade: 75% da população
prisional brasileira ainda não acessou o Ensino Médio, tendo concluído, no máximo, o Ensino
Fundamental. O levantamento apresentou outra informação importante: entre a população que
se encontra no Ensino Médio, tendo concluído ou não essa etapa da educação formal, temos
24% da população privada de liberdade.
Assim, temos que o per l da pessoa privada de liberdade no sistema prisional brasileiro,
segundo os dados do INFOPEN, é a pessoa jovem, negra e com baixa escolaridade.
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Uma importante pesquisa sobre a resposta do Poder Judiciário à prática de tortura no Brasil foi
realizada por Maria Gorete Marques de Jesus e Vivian Calderoni, intitulada Julgando a Tortura:
Análise de jurisprudência nos tribunais de justiça do Brasil (2005-2010).
A pesquisa veri cou que nos 455 casos selecionados, que envolveram 800 vítimas, no que se
refere aos acusados de crimes de tortura, os agentes públicos representaram 61% dos casos,
seguidos de agentes privados com 37%. Os dados colhidos demonstram que as residências e os
locais de contenção constituem as localidades predominantes, nas ações judiciais de
responsabilização pelo crime de tortura, correspondendo a 64% dos locais onde a tortura é
praticada.
Está entre grupos vulneráveis identi cados pela própria lei (criança ou
adolescente, pessoa com de ciência, idoso e gestante).
Compreende-se, pela legislação, que crianças, adolescentes, pessoas idosas, pessoas com de ciência e
gestantes devem ser reconhecidos como desprovidos de capacidade de defesa. O Estado reconhece uma
assimetria na relação de poder e força do agressor em relação a essas vítimas e, concomitantemente, a
responsabilidade do Estado na proteção dos seus direitos.
A lei nº 9.455/1997 especi cou como uma das motivações para o crime de tortura a discriminação
racial ou religiosa. O ato discriminatório, com qualquer motivação, é considerado uma violação grave
de direitos humanos, porque retira o princípio da igualdade e dignidade entre as pessoas. Nesta
situação, o autor da tortura (agente público ou privado) constrange a vítima com emprego de violência
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico e mental em razão de discriminação racial ou
religiosa.
Quando a tortura é cometida contra pessoa presa ou em medida de segurança, lei prevê a aplicação da
mesma pena prevista no tipo penal: reclusão de dois a oito anos.
Trata-se, portanto, de um pacto no qual o Estado se responsabiliza por garantir segurança, saúde,
educação, alimentação e todas as demais necessidades e direitos da pessoa presa em medida de
segurança.
Conclusão
A privação de liberdade é uma condição imposta por determinações administrativas ou
judiciais. Ela pode ser uma condição de curta duração ou de longa permanência. Como há
diferentes tipos de instituições de privação de liberdade, com legislações próprias e
especi cidades, as ações de prevenção e combate à tortura e outros tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes deve considerar a invisibilidade das pessoas inseridas nas
instituições de privação de liberdade.
A Lei nº. 9.455 de 1997 estabeleceu uma proteção especí ca a este grupo ao mencioná-lo
entre as vítimas do crime. A lei conferiu proteção especial também a crianças e adolescentes,
que podem estar em unidades do sistema socioeducativo ou instituições de abrigamento, além
de idosos, em ILPIs, gestantes, no sistema prisional ou mesmo em comunidades terapêuticas.
Resumo
BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos (MDH). Levantamento anual SINASE 2016.
Brasília: Ministério dos Direitos Humanos, 2018. Disponível em:
https://www.mdh.gov.br/todas-as-noticias/2018/marco/Levantamento_2016Final.pdf
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