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DÉBORA CORRÊA GONÇALVES

JAMILY MIRANDA GOLTARA


LORRANY PINHEIRO GALVÃO GARCIA
STEFFANY MARINHO GONÇALVES
PEDRO HENRIQUE CONSTANT L M DE SOUZA
RHAYSSA NAYARA DA SILVA FERREIRA
TATIANA BAIA CORRÊA

FONTES DO DIREITO PENAL; NORMAS PENAIS; LEIS


EXCEPCIONAIS E TEMPORÁRIAS.
(Prof./Avaliador – Fabrício da Mata Corrêa)

Guarapari-ES
2023

1
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...............................................................................................3
1. INTRODUÇÃO .........................................................................................4
2. FONTES DO DIREITO PENAL ................................................................5
 EXEMPLO .............................................................................................7
I. Constituição Federal ............................................................7
II. Tratados Internacionais .......................................................7
III. Leis Ordinárias ....................................................................7
IV. Costumes ............................................................................7
V. Princípios Gerais do Direito .................................................7
3. NORMAS PENAIS ....................................................................................8
 CLASSIFICAÇÃO E EXEMPLIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS ......10
 EXEMPLO ...........................................................................................12
I. Precisão da Redação .........................................................12
II. Princípios Constitucionais .................................................12
III. Proporcionalidade das Penas ............................................12
4. LEIS EXCEPCIONAIS E TEMPORÁRIAS ..............................................12
 EXEMPLO ...........................................................................................15
I. Justificação Plausível ........................................................15
II. Limitação Temporal ............................................................15
III. Proporcionalidade das Medidas .........................................16
5. RETROATIVIDADE DAS NORMAS PENAIS EM BRANCO ...................16
 EXEMPLO ...........................................................................................18
I. Retroatividade In Mellius ...................................................18
II. Limitação da Retroatividade ..............................................18
III. Irretroatividade In Pejus .....................................................19
PERGUNTA FINAL - “COMO SE DÁ A RETROATIVIDADE DAS NORMAS
PENAIS EM BRANCO? ” ............................................................................. 19

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ..................................................................21

2
APRESENTAÇÃO:

No âmbito desta exposição, empreendemos uma


análise aprofundada de diversos aspectos do Direito
Penal por meio das perspectivas de eminentes
juristas, a saber: Rogério Greco, Guilherme de Souza
Nucci e Julio Fabbrini Mirabete. Deliberamos acerca
das fontes do Direito Penal, tais como a Constituição,
tratados internacionais, leis ordinárias, costumes e
princípios gerais do direito, destacando de que
maneira cada uma delas exerce influência na
legislação penal.
No tocante às normas penais, efetuamos uma
discussão sobre a significativa relevância da redação
precisa dessas normas, em conformidade com
princípios constitucionais e a proporcionalidade das
sanções. Ao nos aprofundarmos nas leis
excepcionais e temporárias, salientamos a
necessidade de apresentação de justificação
plausível, a delimitação temporal adequada e a
adoção de medidas proporcionais a fim de equilibrar
a resposta do sistema penal em circunstâncias
extraordinárias.
Um enfoque crítico e fundamental foi destinado à
análise da retroatividade das normas penais em
branco. Nesse contexto, à luz das abordagens
conjuntas dos mencionados autores, evidenciamos
princípios como a retroatividade in mellius e a
irretroatividade in pejus, defendendo assim a
importância de uma análise criteriosa da
retroatividade, a fim de salvaguardar direitos já
adquiridos e garantias fundamentais.

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Por fim, apresentamos uma visão unificada acerca da
retroatividade das normas penais em branco,
sublinhando a importância do equilíbrio entre o
desenvolvimento normativo, a preservação dos
direitos individuais e a estabilidade das decisões
judiciais. Este equilíbrio contribui para um sistema
penal que se pauta pela justiça, alinhando-se com os
princípios democráticos e constitucionais.
Palavras-chave: Direito Penal, Fontes do Direito,
Normas Penais, Leis Excepcionais, Retroatividade,
Rogério Greco, Guilherme de Souza Nucci, Julio
Fabbrini Mirabete.

1. Introdução:

O Direito Penal, como elemento fundamental do


ordenamento jurídico, visa estabelecer um equilíbrio
entre a repressão do crime e a salvaguarda dos
direitos individuais. Nesse contexto, as perspectivas
de renomados juristas desempenham um papel
preponderante na compreensão aprofundada dos
conceitos subjacentes a essa área. O presente artigo
empreende uma investigação integrada das visões de
Rogério Greco, Guilherme de Souza Nucci e Julio
Fabbrini Mirabete acerca das fontes do Direito Penal,
das características intrínsecas das normas penais, da
função das leis excepcionais e temporárias, bem
como da intricada questão da retroatividade das
normas penais em branco. Através da interligação de
suas contribuições individuais, almeja-se fornecer
uma análise abrangente e coesa desses elementos,
enriquecendo, assim, a compreensão acerca do

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funcionamento do sistema penal e dos princípios que
o norteiam.
Palavras-chave: Direito Penal, Fontes do Direito,
Normas Penais, Leis Excepcionais, Retroatividade,
Rogério Greco, Guilherme de Souza Nucci, Julio
Fabbrini Mirabete.

2. Fontes do Direito Penal:

Perspectivas de Rogério Greco, Guilherme de


Souza Nucci e Julio Fabbrini Mirabete.

No contexto do Direito Penal, as fontes assumem um


papel fundamental, pois são os elementos que criam,
modificam e interpretam as normas penais. Dentre as
principais fontes do Direito Penal, destacam-se a
Constituição Federal, os tratados e convenções
internacionais, as leis ordinárias, os costumes e os
princípios gerais do direito. Cada uma dessas fontes
desempenha uma função essencial na edificação do
sistema jurídico penal de uma nação.
Rogério Greco, em sua obra magistral "Curso de
Direito Penal", sublinha a primazia da Constituição
como a principal fonte do Direito Penal. Esta não
apenas estabelece os princípios fundamentais que
norteiam todo o ordenamento jurídico, mas também
delimita os parâmetros que devem guiar a legislação
penal. Greco enfatiza que a busca pela justiça deve
estar inextricavelmente ligada aos valores
constitucionais, a fim de evitar abusos e garantir a
preservação dos direitos individuais.

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Guilherme de Souza Nucci, autor de "Código Penal
Comentado", acrescenta à discussão a relevância
dos tratados e convenções internacionais. Para
Nucci, a internacionalização do Direito Penal é uma
resposta à natureza transnacional de muitos delitos.
Tratados como a Convenção das Nações Unidas
contra o Crime Organizado Transnacional e a
Convenção Internacional contra a Tortura exercem
influência direta sobre a legislação penal nacional,
promovendo a cooperação global na repressão ao
crime.
Julio Fabbrini Mirabete, renomado por seu "Manual de
Direito Penal", destaca o papel dos costumes e dos
princípios gerais do direito como fontes do Direito
Penal. Os costumes, compreendidos como práticas
reiteradas e socialmente reconhecidas, contribuem
para a formação de normas penais consuetudinárias.
Mirabete também enfatiza os princípios gerais do
direito como alicerces que orientam as decisões
judiciais, assegurando coesão e uniformidade ao
sistema penal.
Os três autores convergem na importância de uma
abordagem integrada das fontes do Direito Penal. A
Constituição surge como o fundamento primordial, os
tratados internacionais como instrumentos de
harmonização global, e os costumes e princípios
gerais do direito como pilares da tradição jurídica.
Dessa forma, a legislação penal é moldada não
apenas por critérios internos, mas também pela
dinâmica das relações internacionais e pelos valores
arraigados na sociedade.
Portanto, as visões de Rogério Greco, Guilherme de
Souza Nucci e Julio Fabbrini Mirabete convergem

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para a compreensão de que as fontes do Direito Penal
não são meros aspectos formais, mas sim
fundamentos que orientam a busca pela justiça,
garantindo a proteção dos direitos individuais e
contribuindo para a construção de uma sociedade
mais justa e equitativa.

• EXEMPLIFICANDO:
I. Constituição Federal: O princípio da legalidade foi
aplicado em um caso em que uma pessoa foi acusada
de um crime não previsto em lei. O Supremo Tribunal
Federal (STF) determinou a absolvição, ressaltando a
necessidade de que os tipos penais estejam
claramente definidos em lei.
II. Tratados Internacionais: O julgamento da
"Chacina de Unaí" (2004) resultou na condenação de
envolvidos no assassinato de auditores fiscais. O
Brasil é signatário da Convenção 98 da OIT sobre o
Direito de Organização e de Negociação Coletiva,
que influenciou as ações de investigação e
condenação.
III. Leis Ordinárias: O caso do "Mensalão" (2005)
envolveu políticos acusados de corrupção ativa e
passiva, lavagem de dinheiro, entre outros. As penas
aplicadas refletiram a legislação penal brasileira.
IV. Costumes: A tradição de considerar a posse de
drogas como crime influenciou a condenação de
indivíduos em casos de tráfico de drogas,
demonstrando como os costumes podem moldar a
interpretação das normas penais.
V. Princípios Gerais do Direito: O princípio da
insignificância foi aplicado em um caso em que uma
pessoa foi acusada de furto de um item de baixo valor.

7
O STF determinou a atipicidade da conduta, levando
em consideração a ausência de lesão significativa.

3. Normas Penais:

As normas penais são os dispositivos legais que


estabelecem os crimes, suas penalidades e as
circunstâncias em que eles ocorrem. Elas são
essenciais para garantir a previsibilidade e a justiça
no sistema de justiça criminal. As normas penais
podem ser divididas em incriminadoras (definem
crimes) e não incriminadoras (estabelecem regras de
aplicação das penas).
Julio Fabbrini Mirabete, autor de "Manual de Direito
Penal", ressalta a importância da clareza e precisão
na redação das normas penais para evitar
ambiguidades que possam prejudicar os direitos dos
acusados. Ele também aborda a necessidade de
equilíbrio entre a necessidade de proteção social e a
garantia dos direitos individuais dos cidadãos.
No âmbito do Direito Penal, as normas penais
desempenham um papel central na definição dos
comportamentos considerados ilícitos e nas
consequentes sanções impostas aos infratores. A
análise das perspectivas de Rogério Greco,
Guilherme de Souza Nucci e Julio Fabbrini Mirabete
revela nuances significativas sobre a importância da
clareza, equilíbrio e coesão dessas normas.
Rogério Greco, renomado autor de "Curso de Direito
Penal", destaca a necessidade de que as normas
penais sejam redigidas de maneira precisa e
compreensível. A linguagem técnica e jurídica deve
8
ser acessível para que a população compreenda as
condutas proibidas e os limites da atuação do Estado.
Greco também ressalta a importância da técnica
legislativa para evitar ambiguidades que possam
resultar em interpretações divergentes por parte dos
operadores do Direito.
Guilherme de Souza Nucci, no "Código Penal
Comentado", amplia o escopo da discussão ao
enfatizar a relação entre normas penais e princípios
constitucionais. Nucci destaca que as normas penais
devem ser construídas em consonância com os
valores fundamentais da Constituição, assegurando
que as sanções penais não violem direitos e garantias
individuais. Ele também observa a necessidade de
que as penas sejam proporcionais aos delitos,
evitando excessos punitivos.
Julio Fabbrini Mirabete, em seu "Manual de Direito
Penal", chama a atenção para a relevância da técnica
legislativa na formulação das normas penais.
Mirabete destaca que a legislação deve ser precisa,
evitando imprecisões que possam gerar injustiças.
Além disso, ele aborda a necessidade de que as
normas penais sejam formuladas com clareza, de
modo a evitar lacunas que possam prejudicar a
aplicação da justiça.
As perspectivas desses autores convergem na
compreensão de que as normas penais
desempenham um papel crucial na garantia de uma
justiça penal eficiente e equitativa. A clareza na
redação das normas, a consideração dos princípios
constitucionais e a proporcionalidade das penas são
elementos essenciais para que o sistema penal
cumpra seu papel de reprimir o crime sem

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comprometer os direitos individuais. A análise
conjunta das obras de Greco, Nucci e Mirabete
evidencia a complexidade e a importância da
construção de normas penais que promovam um
equilíbrio entre a proteção social e o respeito aos
direitos fundamentais.

• CLASSIFICAÇÃO E EXEMPLIFICAÇÃO DAS


NORMAS PENAIS:
No âmbito das normas penais, é possível distinguir
entre normas incriminadoras e não incriminadoras,
com base em sua função e conteúdo. As normas
penais incriminadoras são aquelas que delineiam as
condutas que são consideradas crimes e
estabelecem as penalidades correspondentes. É
imperativo que essas normas apresentem uma
definição da conduta que seja suficientemente clara e
precisa, a fim de evitar a violação do princípio da
legalidade.
Dentro das normas incriminadoras, é possível
identificar dois elementos essenciais:
A) O preceito primário da norma incriminadora,
conhecido como "preceptum iuris", detalha a conduta
que está sendo proibida ou exigida pela norma.
B) O preceito secundário, denominado "sanctio iuris",
individualiza a pena que será aplicada em caso de
violação do preceito primário.

Por outro lado, as normas penais não incriminadoras


referem-se a regras que tratam da impunidade ou
licitude de determinadas situações no âmbito do
Direito Penal. Essas normas podem ser subdivididas
em várias categorias:
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A) Normas permissivas legitimam e autorizam a
prática de condutas que, de outra forma, seriam
consideradas típicas, como é o caso do artigo 23 do
Código Penal, que estabelece as excludentes de
ilicitude.
B) Normas exculpantes indicam a não culpabilidade
do agente ou a sua inimputabilidade, como o artigo 22
do Código Penal, que trata de situações de coação
irresistível ou estrita obediência a ordens legais.
C) Normas interpretativas fornecem definições ou
conceitos relevantes para a aplicação das normas
penais, como os exemplos citados nos artigos 150 e
327 do Código Penal.
D) Normas de aplicação ou complementares
delimitam a validade da norma incriminadora, como
estabelecido no artigo 2º do Código Penal.
E) Normas diretivas estabelecem princípios gerais,
como os princípios enunciados no artigo 1º do Código
Penal.
F) Normas integrativas complementam a tipicidade,
como se observa no artigo 14 do Código Penal.
G) Normas penais explicativas têm como finalidade
esclarecer o conteúdo de outras normas penais,
como exemplificado nos artigos 150, §4º, e 327 do
Código Penal. Essas normas servem para fornecer
uma interpretação mais precisa de termos ou
conceitos utilizados em outras disposições legais.
Assim, a distinção entre normas penais
incriminadoras e não incriminadoras, bem como suas
categorias específicas, desempenha um papel crucial
no sistema legal para garantir a clareza, a justiça e a
aplicação adequada das leis penais.

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• EXEMPLIFICANDO:
I. Precisão da Redação: No caso “Mariana Ferrer”
(2018), a redação do Código Penal gerou debate
sobre a interpretação do termo "violência presumida",
enfatizando a importância da clareza na redação das
normas.
II. Princípios Constitucionais: O caso da "Maria da
Penha" (2006) envolveu a condenação de agressores
de mulheres baseada na lei que incorporou princípios
constitucionais de igualdade e proteção.
III. Proporcionalidade das Penas: No caso da
"Operação Lava Jato", figuras políticas e empresários
foram condenados por corrupção, lavagem de
dinheiro e outros crimes, com penas variando de
acordo com a gravidade das condutas.

4. Leis Excepcionais e Temporárias:

As leis excepcionais e temporárias são normas


jurídicas cuja vigência é limitada a um período
específico ou a situações extraordinárias. Elas são
criadas com o propósito de lidar com emergências,
como crises econômicas, desastres naturais ou
conflitos armados. Essas leis, em muitos casos,
introduzem modificações temporárias nas regras do
sistema penal ou processual penal para se adequar
ao contexto excepcional.
O principal efeito das leis penais temporárias ou
excepcionais é a possibilidade de que seus efeitos
permaneçam após o término de sua vigência, mesmo
que isso resulte em tratamento mais rigoroso para o

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infrator. No âmbito do Direito Penal, a regra geral é a
retroatividade da lei penal mais favorável, que pode
levar à abolição do crime (abolitio criminis) e à
extinção da punibilidade, desde que o fato deixe de
ser considerado crime após sua prática. De acordo
com a tradição jurídica, uma lei posterior que
descriminaliza um comportamento deve retroagir e
beneficiar aqueles que foram responsabilizados por
tal conduta enquanto era ilegal. Portanto, a lei
posterior aumenta a margem de liberdade para agir
em conformidade com a lei.
No entanto, aceitar a retroatividade da revogação de
uma lei temporária ou excepcional levaria à
impunidade do infrator, que precisaria apenas esperar
pelo término da vigência da lei para obter os
benefícios legais, independentemente da gravidade
de sua ação durante a vigência da lei. Em outras
palavras, permitir a retroatividade nessas situações
tornaria a lei temporária ineficaz em alcançar o
objetivo pretendido pelo legislador, que é proteger
bens jurídicos específicos de forma especial em
situações de gravidade excepcional.
Essas leis são caracterizadas por serem
estabelecidas em contextos específicos e por um
período determinado. Elas podem temporariamente
suspender ou modificar certos direitos e garantias
individuais para permitir ações rápidas e eficazes em
resposta a uma situação de emergência. No entanto,
é essencial que essas leis sejam proporcionais,
necessárias e estejam em conformidade com os
princípios fundamentais do Estado de Direito.
Rogério Greco enfatiza a importância de critérios bem
definidos na criação de leis excepcionais para garantir

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que elas não violem os princípios fundamentais do
Direito Penal. Guilherme de Souza Nucci argumenta
que essas leis devem ter limitações claras em sua
abrangência e duração, além de uma justificação
convincente para sua criação, a fim de evitar abusos
pelo poder legislativo.
A criação de leis excepcionais e temporárias é uma
característica distintiva do sistema jurídico em
situações extraordinárias ou de emergência. As
análises de Rogério Greco, Guilherme de Souza
Nucci e Julio Fabbrini Mirabete sobre esse tema
destacam os desafios e critérios que orientam a
elaboração dessas leis, com o objetivo de preservar a
justiça e os direitos individuais.
Rogério Greco, em sua obra "Curso de Direito Penal",
destaca que as leis excepcionais e temporárias
devem ser usadas com moderação e baseadas em
critérios objetivos. Ele alerta para o risco de abusos
por parte do poder legislativo ao criar leis que afetam
direitos fundamentais sob o pretexto de situações
excepcionais. Ele enfatiza a importância de uma
justificação sólida e da delimitação temporal dessas
leis, a fim de evitar que se prolonguem além do
necessário.
Guilherme de Souza Nucci, autor de "Código Penal
Comentado", amplia a discussão ao mencionar que
as leis excepcionais devem ser limitadas em sua
abrangência e duração. Nucci argumenta que a
criação dessas leis requer uma fundamentação
plausível, justificando a necessidade de medidas
extraordinárias. Além disso, ele destaca a importância
de que essas leis sejam proporcionais ao contexto

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excepcional, evitando excessos que prejudiquem os
direitos individuais.
Julio Fabbrini Mirabete, em seu "Manual de Direito
Penal", contribui para a análise ao apontar que as leis
excepcionais e temporárias devem ser uma resposta
pontual a situações que fogem à normalidade. Ele
salienta que a limitação temporal é fundamental para
evitar a perpetuação de medidas restritivas de direitos
que não encontrem mais justificativa. Mirabete
também destaca que a criação dessas leis deve ser
orientada pelo interesse público genuíno, sem que se
tornem instrumentos de controle desproporcional.
As perspectivas desses autores convergem no
entendimento de que a criação de leis excepcionais e
temporárias deve ser fundamentada em critérios
sólidos, como a justificação plausível, a limitação
temporal e a proporcionalidade das medidas. A
preservação dos direitos individuais e a prevenção de
abusos são preocupações centrais. A análise
conjunta das abordagens de Greco, Nucci e Mirabete
reforça a importância de que as medidas
excepcionais estejam alinhadas com os princípios
democráticos e os valores constitucionais, garantindo
que a justiça prevaleça mesmo em tempos de crise.

• EXEMPLIFICANDO:
I. Justificação Plausível: Durante a pandemia de
COVID-19, leis foram criadas para autorizar medidas
de isolamento social e restrições de circulação,
buscando conter a disseminação do vírus.
II. Limitação Temporal: A Lei do Regime
Diferenciado de Contratações (RDC) foi aprovada
para situações excepcionais, como a realização da

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Copa do Mundo de 2014, visando agilizar processos
licitatórios temporariamente.
III. Proporcionalidade das Medidas: Durante a greve
dos caminhoneiros em 2018, o governo autorizou o
uso das Forças Armadas para liberar rodovias
bloqueadas, equilibrando a necessidade de manter
serviços essenciais com a garantia do direito de
protesto.

5. Retroatividade das Normas Penais em


Branco:

As normas penais em branco são aquelas que


possuem lacunas em seu conteúdo e requerem a
complementação por outras fontes normativas, como
regulamentos ou decretos. A retroatividade das
normas penais em branco diz respeito à aplicação de
modificações ou complementações posteriores a
essas normas em situações anteriores à sua
alteração.
Rogério Greco defende que a retroatividade das
normas penais em branco deve ser analisada com
cuidado para evitar surpresas e violações dos
princípios da legalidade e da segurança jurídica.
Guilherme de Souza Nucci destaca a necessidade de
respeitar os direitos adquiridos dos indivíduos,
mesmo quando as normas em branco são
modificadas.
Em relação à retroatividade das normas penais em
branco, Julio Fabbrini Mirabete discute a importância
de uma interpretação coerente com o sistema legal
como um todo. Ele aponta que a retroatividade pode
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ser aceita quando a complementação da norma não
altera substancialmente a essência do tipo penal.
A retroatividade das normas penais em branco é um
tema que suscita discussões complexas no campo
jurídico, envolvendo a aplicação de alterações ou
complementações posteriores a situações ocorridas
antes da mudança normativa. As abordagens de
Rogério Greco, Guilherme de Souza Nucci e Julio
Fabbrini Mirabete sobre essa questão revelam
nuances importantes na busca por coerência e justiça
dentro do sistema penal.
Rogério Greco, autor de "Curso de Direito Penal",
destaca a necessidade de uma análise criteriosa para
evitar retroatividades que possam surpreender o
indivíduo. Greco ressalta que, quando a
complementação da norma em branco não altera a
essência do tipo penal, a retroatividade pode ser
admissível. Entretanto, ele enfatiza que a
retroatividade de normas que ampliam o alcance do
tipo penal ou agravam a pena merece maior cautela,
a fim de resguardar a segurança jurídica e a proteção
dos direitos individuais.
Guilherme de Souza Nucci, em "Código Penal
Comentado", aprofunda o debate ao considerar que a
retroatividade das normas penais em branco deve ser
pautada pelo respeito aos direitos adquiridos. Ele
argumenta que a retroatividade é admissível quando
a mudança não cria situações de injustiça ou
desrespeito a garantias fundamentais. Nucci sublinha
a necessidade de ponderação entre a retroatividade
e a irretroatividade, buscando um equilíbrio que
preserve a segurança jurídica e a justiça penal.

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Julio Fabbrini Mirabete, em seu "Manual de Direito
Penal", aborda a retroatividade das normas penais
em branco à luz da retroatividade da lei penal mais
benéfica. Ele enfatiza que a retroatividade das
mudanças legais deve ser guiada pelo princípio da
retroatividade in mellius, ou seja, a retroatividade que
beneficia o réu. Mirabete ressalta a importância de
que a retroatividade não seja um obstáculo à
evolução do ordenamento jurídico, mas que seja
realizada com respeito aos direitos fundamentais do
acusado.
As perspectivas desses autores convergem na
importância de uma análise criteriosa da
retroatividade das normas penais em branco. A
retroatividade deve ser considerada à luz dos
princípios de proteção dos direitos individuais,
segurança jurídica e justiça penal. A análise conjunta
das contribuições de Greco, Nucci e Mirabete destaca
a complexidade da retroatividade das normas penais
em branco, exigindo uma abordagem sensível às
peculiaridades de cada caso e às garantias
fundamentais do acusado.

• EXEMPLIFICANDO:
I. Retroatividade In Mellius: A descriminalização do
porte de drogas para uso pessoal, determinada pelo
STF em 2020, beneficiou retroativamente aqueles
condenados anteriormente por esse delito.
II. Limitação da Retroatividade: A alteração no
Estatuto do Desarmamento em 2019 trouxe novas
regras para posse e porte de armas, aplicando-as
apenas a partir da promulgação da lei.

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III. Irretroatividade In Pejus: A Lei de Crimes
Ambientais (1998) prevê penas mais severas para
condutas que causem danos à natureza. As
mudanças não retroagem para atingir infrações
cometidas antes de sua promulgação.

Dessa forma, respondendo à pergunta:


“COMO SE DÁ A RETROATIVIDADE DAS
NORMAS PENAIS EM BRANCO? ”
Entendemos que A retroatividade das normas penais
em branco é um tema que exige análise ponderada e
sensível à busca pela justiça e respeito aos direitos
individuais. Concordamos que a retroatividade deve
ser guiada por princípios fundamentais, como a
proteção da segurança jurídica e a salvaguarda das
garantias constitucionais dos cidadãos.
Reconhecemos que a retroatividade in mellius, que
beneficia o réu com a aplicação de uma lei mais
benéfica, é um princípio que fortalece a equidade e a
imparcialidade do sistema penal. Nesse sentido, a
alteração de uma norma penal em branco, quando
vantajosa ao acusado, deve retroagir, respeitando o
direito adquirido e a coisa julgada.
Ao mesmo tempo, enfatizamos a importância da
limitação da retroatividade quando se trata de
mudanças que possam prejudicar o réu, respeitando
a irretroatividade in pejus. É necessário ponderar as
consequências de uma retroatividade que possa
resultar em penalizações mais severas, garantindo
assim a preservação dos direitos individuais e a
segurança jurídica.

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Em última análise, concordamos que a análise da
retroatividade das normas penais em branco deve ser
baseada em um equilíbrio entre a evolução do
ordenamento jurídico, a proteção dos direitos
individuais e o respeito à estabilidade das decisões
judiciais. Dessa forma, contribuímos para um sistema
penal justo e harmonizado com os princípios
democráticos e constitucionais que regem nossa
sociedade.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 17ª edição. Impetus, 2020.

MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 25ª edição. Editora Atlas,
2020.

NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 19ª edição. Editora


Forense, 2021.

CONTARATO, Fabiano, Senador. Código Penal – VadeMecum. 4ª edição.


Editora Senado Federal, 2023.

SITE
https://www.gov.br/planalto/pt-br

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