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SEMANA 36 (EXTENSIVO) | SEMANA 15 (SEMIEXTENSIVO)

VUNESP & PARTICULARES OBJETIVAS


TEMA A PRISÃO APÓS A SEGUNDA INSTÂNCIA PROMOVE JUSTIÇA?
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua
portuguesa.

TEXTO 1

Existe um dispositivo constitucional que versa sobre qual seria o momento da privação da liberdade de alguém que está em julga mento no
sistema judiciário, entretanto esse dispositivo já foi apresentado com entendimentos diferentes pelo Supremo Trib unal Federal (STF).
Por um lado, para quem argumenta contra a prisão em segunda instância , justifica-se que há um ferimento ao princípio da presunção de
inocência, previsto no artigo 5º do inciso LVII da Constituição Federal – no qual se afirma que “ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Por outro, para quem é a favor da prisão em segunda instância, a justificativa é de que os réus protelam conde nação com recursos, além
de aumentar casos de impunidade.
Disponível em: https://www.politize.com.br/prisao-apos-decisao-em-segunda-instancia-argumentos-contra-e-favor/. [Adaptado].

TEXTO 2

Com decisão sobre prisão após 2ª instância, STF corrige próprio erro
O Supremo Tribunal Federal (STF), por seis votos a cinco, decidiu que a lei, ao dispor que “ninguém poderá ser preso senão em decorrência
de sentença penal condenatória transitada em julgado” não contraria o texto constitucional “ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória” (quando não há mais possibilidade de recurso).
A questão jurídica, como uma simples leitura das normas pode depreender, se mpre foi muito evidente ou “chapada”, como o tribunal gosta de
chamar. A Constituição diz que a culpa só se firma após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória e a lei diz que ninguém poderá ser
preso enquanto não for culpado.
Para além da evidente coerência textual entre lei e Constituição, o sistema processual penal como um todo trabalha com a noção de trânsito
em julgado: é ali que fica determinada não só a pena, mas também o regime de seu cumprimento e uma eventual prescrição. Assim , executar
antecipada e provisoriamente a pena poderia impor regime fechado a quem não devia ou, pior e gravíssimo, prender um inocente.
O recado mais relevante dado pelos vencedores, entretanto, foi a afirmação de que não pode haver oposição entre direitos fundamenta is e
repressão ao crime. Garantias processuais não se opõem ao combate ao crime nem à eficiência do sistema de Justiça. Aliás, não deixa de
parecer cínica essa preocupação com a eficiência da Justiça criminal diante de centenas de milhares de encarcerados que nem sequer tiveram
qualquer condenação.
A eventual demora no julgamento de recursos não pode servir de justificativa para suprimir garantias processuais. Cabe ao Jud iciário como um
todo se tornar mais efetivo na prestação jurisdicional: juízes de prim eira instância não devem assumir riscos que possam criar nulidades
processuais, tribunais devem respeitar as súmulas e orientações de cortes superiores, que, por sua vez, devem ser céler es na resolução dos
casos.
A decisão do Supremo corrige seu próprio erro, ainda que tardiamente.
Eloísa Machado de Almeida. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/11/com-decisao-sobre-prisao-apos-2a-instancia-stf-corrige-
proprio-erro.shtml [Adaptado].

TEXTO 3

Lava Jato critica decisão do STF sobre 2ª instância e diz que operação corre riscos
Após o Supremo Tribunal Federal proibir, no dia 7 de novembro de 2019, a execução da pena após condenação em segunda instância, a Força Tarefa da
Operação Lava Jato no Paraná soltou uma nota dizendo que a decisão do Supremo está “em dissonância com o sentimento de repúdio à impunidade e com o
combate à corrupção, prioridades do país.”
Os procuradores acreditam que a decisão impactará nos resultados da operação. Segundo levantamento feito pela própria Força-Tarefa, 38 condenados na
Lava Jato poderão ser beneficiados com a revisão de posicionamento dos ministros. “A existência de quatro instâncias de julgamento, peculiar ao Brasil,
associada ao número excessivo de recursos que chegam a superar uma centena em alguns casos criminais, resulta em demora e prescrição, acarretando
impunidade. Reconhecendo que a decisão impactará os resultados de seu trabalho, a força-tarefa expressa seu compromisso de seguir buscando justiça nos
casos em que atua”, diz trecho da nota.
E não foram apenas os procuradores da operação que se manifestaram. A Associação Nacional do Ministério Público (Conamp) classificou como “decisão
equivocada” o entendimento do Supremo consolidado hoje. “Lamento a decisão do STF e reafirmo a preocupação do Ministério Público brasileiro com o
provável retrocesso jurídico, que dificulta a repressão a crimes, favorecendo a prescrição de delitos graves, gerando impunidade e instabilidade jurídica”, afirmou
em nota o presidente da Conamp, Victor Hugo Azevedo.
Alexandre Putti. Disponível: https://www.cartacapital.com.br/justica/lava-jato-critica-decisao-do-stf-sobre-2a-instancia-e-diz-que-operacao-corre-
riscos/. [Adaptado].

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