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SEMANA 36 (EXTENSIVO) | SEMANA 15 (SEMIEXTENSIVO)

PAS
TEMA O QUE É JUSTIÇA?
Considerando os textos motivadores, você, um ex-presidiário que se formou em Direito, deve redigir um artigo de opinião que discorra
sobre a temática “O que é justiça?”, a partir da relação com:
1) O conceito de justiça de Aristóteles (texto 1);
2) A atual espetacularização da justiça, criticada no texto 2;
3) A atuação injusta e antidemocrática do Poder Judiciário, manifestada pelos textos 3 e 4.

TEXTO 1

Vemos que todos os homens entendem por justiça aquela disposição de caráter que torna as pessoas propensas a fazer o que é justo, que as faz agir
justamente e desejar o que é justo; e, do mesmo modo, por injustiça se entende a disposição que as leva a agir injustamente e a desejar o que é injusto.
Somente a justiça, entre todas as virtudes, é o “bem de um outro”, visto que se relaciona com o nosso próximo, fazendo o que é vantajoso a um outro, seja um
governante, seja um associado. Portanto, a justiça nesse sentido não é uma parte da virtude, mas a virtude inteira; nem é seu contrário, a injustiça, uma parte
do vício, mas o vício inteiro. O que dissemos põe a descoberto a diferença entre a virtude e a justiça: são elas a mesma coisa, mas não o é a sua essência.
Aquilo que, em relação ao nosso próximo, é justiça, como uma determinada disposição de caráter e em si mesmo, é virtude.
Aristóteles. A Ética a Nicômaco. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991. [Adaptado].

TEXTO 2

Quando entramos na faculdade de Direito, uma das primeiras coisas que nos ensinam é a diferença entre o justo e o injusto. Nem sempre aquilo que nos
parece justo como ser humano é aquilo que devemos entender como justo em um processo. Outra coisa que aprendemos durante a faculdade é que processo
não é espetáculo, nem é ringue de luta. É interessante olharmos para o passado e pensar que os romanos divertiam-se ao assistir os gladiadores lutando uns
contra os outros ou contra animais até a morte. Na faculdade, ensinam-nos que julgamentos não existem para satisfazer a comoção popular nem para um lado,
nem para o outro. O julgamento de um processo não se deve basear na análise das provas e na aplicação da lei, simplesmente. Daí a importância de entender
que o que é justo é ter um julgamento atrelado aos elementos processuais, e não aquilo que pareceria justo aos olhos de quem conserva o sangrento espírito
das arenas romanas. Aprendemos, também, que juízes não devem ser super-heróis, nem estrelas, nem justiceiros. Para ser herói, é melhor trabalhar no corpo
de bombeiros, para ser estrela é melhor ir para Hollywood, para fazer justiça é melhor trabalhar para os Médicos sem Fronteiras. Um bom juiz é aquele que não
está interessado na fama que e não coloca o interesse popular e midiático como elemento da sua sentença.
Em meio a todo o caos que se vive no Brasil atualmente, vejo as lições que tive nos primeiros meses da faculdade de Direito escoarem pelo ralo. Juízes e
outros operadores do direito tornaram-se verdadeiros “pop stars”, cargos públicos servem de escada para cargos políticos, julgamentos viraram espetáculos
para assistir com baldes de pipoca e o conceito de justo passou a se confundir com a resposta a equivocados anseios populares.
Há algo de muito errado na espetacularização do direito, bem como num povo que confunde justiça com vingança. A imparcialidade, qualidade fundamental
à figura de um juiz, torna-se algo cada vez mais fora de questão. No fundo, sabemos que quase ninguém está preocupado com a noção de justiça. Estamos
mesmo é repetindo o modelo romano da política do pão e circo, no qual o picadeiro tornou-se o Judiciário e a principal atração é um palhaço triste chamado
Brasil.
Ruth Manaus. O justo e o injusto: e a espetacularização da justiça. Disponível em: https://emais.estadao.com.br/blogs/ruth-manus/o-justo-e-o-injusto/.
[Adaptado].

TEXTO 3 TEXTO 4

Criminologia
Eduardo Galeano

A cada ano, os pesticidas químicos matam pelo menos três milhões de camponeses.
A cada dia, os acidentes de trabalho matam pelo menos dez mil trabalhadores.
A cada minuto, a miséria mata pelo menos dez crianças.
Esses crimes não aparecem nos noticiários. São, como as guerras, atos normais de
canibalismo.
Os criminosos andam soltos. As prisões não foram feitas para os que estripam
multidões. A construção de prisões é o plano de habitação que os pobres merecem.

Alberto Alpino. Disponível: Disponível em: https://outraspalavras.net/blog/criminologia-eduardo-galeano/.


http://www.tribunadainternet.com.br/nas-redes-sociais [Adaptado].

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