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SEMANA 36 (EXTENSIVO) | SEMANA 15 (SEMIEXTENSIVO)

F UVEST & PARTICULARES S UBJETIVAS

TEMA O QUE É JUSTIÇA?


Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você
exponha seu ponto de vista sobre o tema: O que é justiça?

Instruções:
1) A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
2) Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação.
3 ) Dê título a sua redação.

TEXTO 1

Vemos que todos os homens entendem por justiça aquela disposição de caráter que torna as pessoas propensas a fazer o que é justo, que as faz agir
justamente e desejar o que é justo; e, do mesmo modo, por injustiça se entende a disposição que as leva a agir injustamente e a desejar o que é injusto.
Somente a justiça, entre todas as virtudes, é o “bem de um outro”, visto que se relaciona com o nosso próximo, fazendo o que é vantajoso a um outro, seja um
governante, seja um associado. Portanto, a justiça nesse sentido não é uma parte da virtude, mas a virtude inteira; nem é seu contrário, a injustiça, uma parte
do vício, mas o vício inteiro. O que dissemos põe a descoberto a diferença entre a virtude e a justiça: são elas a mesma coisa, mas não o é a sua essência.
Aquilo que, em relação ao nosso próximo, é justiça, como uma determinada disposição de caráter e em si mesmo, é virtude.
Aristóteles. A Ética a Nicômaco. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991. [Adaptado].

TEXTO 2

A justiça restaurativa é uma orientação para a justiça. Está assentada na crença de que nós, humanos, temos responsabilidades e que, quando falhamos
uns com os outros, devemos responder de maneiras que restituam e fortaleçam nosso senso de responsabilidade. Assim, a justiça restaurativa acredita que a
prioridade na resposta a uma infração deve ser reparar (na medida do possível) qualquer dano que tenha sido causado, e que a responsabilização deve
contribuir para essa reparação. A justiça restaurativa é uma orientação para a justiça. Está assentada na crença de que, quando falhamos uns com os outros,
devemos responder para restituir e fortalecer nosso senso de responsabilidade. Em vez de focar em quem infringiu a lei e qual é a pena merecida, a justiça
restaurativa começa perguntando quem sofreu os danos, do que necessita devido a esse dano e quem tem obrigação de atender a essa necessidade. Ela inclui
aqueles que foram afetados pelo que aconteceu ou pela forma como a situação foi resolvida e trabalha para envolver essas pessoas nas decisões que os
afetam. A justiça restaurativa olha para o que causou o comportamento nocivo, buscando formas de prevenir que ele se repita.
Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2018/03/22/Como-a-justi%C3%A7a-restaurativa-repara-danos-sem-se-basear-em-
puni%C3%A7%C3%A3o [Adaptado].

TEXTO 3

Criminologia
Eduardo Galeano
A cada ano, os pesticidas químicos matam pelo menos três milhões de camponeses.
A cada dia, os acidentes de trabalho matam pelo menos dez mil trabalhadores.
A cada minuto, a miséria mata pelo menos dez crianças.
Esses crimes não aparecem nos noticiários. São, como as guerras, atos normais de canibalismo.
Os criminosos andam soltos. As prisões não foram feitas para os que estripam multidões. A construção de prisões é o plano de habitação que os pobres
merecem.
Disponível em: https://outraspalavras.net/blog/criminologia-eduardo-galeano/. [Adaptado].

TEXTO 4

Como tem funcionado o aparelho judiciário e, de uma maneira geral, o sistema penal? Eu respondo: ele sempre funcionou de modo a introduzir
contradições no seio do povo. Não quero dizer – isso seria aberrante – que o sistema penal introduziu as contradições fundamentais, mas oponho-me à ideia
de o sistema penal ser uma vaga superestrutura. Ele teve um papel constitutivo nas divisões da sociedade atual.
Michel Foucault. A microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979. [Adaptado].

TEXTO 5

Em geral, a severidade das penas não produz o efeito mágico de estancar a violência e o crime. Em compensação, a impunidade, ela sim, autoriza o crime
e seu crescimento. Mas tanto faz: o que importa é que a violência criminosa abaixa quando sobem não tanto as penas quanto a inclusão social e o sentimento
de pertencermos todos a uma mesma comunidade de destino.
A Justiça e o sistema penitenciário sonham em amedrontar e dissuadir do crime. Também eles sonham com a reabilitação dos criminosos condenados.
Agora, mais prosaicamente, eles têm a tarefa (menos gloriosa) de punir os criminosos de forma que a sociedade se sinta vingada e que, portanto, as vítimas
não inaugurem ciclos de vendetas privadas.
O sistema penitenciário moderno é paradoxal: nele, tanto para os jovens quanto para os adultos, a vontade de punir coexiste e rivaliza com a vontade de
reeducar. À vista do fracasso crônico de reabilitação e reinserção, é possível pensar que a intenção de reeducar seja, sobretudo, o álibi necessário de uma
punição que se envergonha de si mesma. Ou seja, queremos reeducar (e nunca conseguimos) porque nos envergonhamos de estarmos “ainda” punindo os
criminosos.
Contardo Calligaris. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/1267961-irresponsabilidades.shtml. [Adaptado].

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