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Aula 1 - 10/08/2020
Thaiane Barros
Zaffaroni, no Livro “A questão criminal”, cita na introdução dois problemas:
-1º há uma alienação no sistema penal e a primeira ligação que ele menciona é
sobre os estudantes de Direito que não entendem como funciona a realidade brasileira,
que dão as suas opiniões sem base concreta, por isso o professor disse que entende quando
muitos policiais criticam a visão encantada da academia. Ele disse que quando foi em um
debate sobre legalização de droga, as pessoas acreditavam que a mera legalização da
droga acabaria com a violência, mas para ele na verdade o tráfico de drogas não é o foco
da criminalidade, na verdade a criminalidade quer lucro como qualquer empresa, então
haverá tráfico de todo jeito, se vai ser maior ou menor ainda não se tem certeza, mas a
criminalidade migra, como por exemplo, a máfia russa, que sempre foi voltada para a
ideia de arma e que hoje atua na invasão de sistemas informáticos, ou seja, na contratação
de hackers, ou melhor, de crackers, que são os que prejudicam o outro para fazer extorsão.
Então, a criminalidade migra e se adapta como qualquer outra empresa, por isso mesmo
com a legalização vai haver a criminalidade, inclusive o cigarro mais vendido no Brasil
é o cigarro ilegal do Paraguai, mas o cigarro é legalizado; os cds mais vendidos são os
piratas; a criminalidade pode envolver a legalização, mas não se resume somente nisso,
envolve vários fatores.
- 2º é a alienação que envolve àqueles que já saíram da instituição acadêmica,
que vão trabalhar e acreditam que tudo que viram somente serviu como teoria para passar
mesmo, que a vida profissional é outra, começa-se a viver uma prática alienada das
teorias. Ex: quando a lava-jato utilizou a teoria da cegueira deliberada, uma teoria
americana utilizada no Brasil de forma equivocada.
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Teoria de quando o indivíduo se embriaga voluntariamente é a: “Actio libera in
causa”. No Brasil a jurisprudência trata tudo do mesmo jeito de forma errônea, mas são
duas situações diferentes, já que tem uma hierarquia na vontade de beber:
se embriagar sem vontade de cometer crimes;
ter uma embriaguez visando o cometimento de crimes, para tirar os freios morais.
Nessa lógica, quem se embriaga, dirige e causa um acidente estaria cometendo
dolo automaticamente, já que assumiu o risco, seria o dolo eventual, há uma
previsibilidade de resultado. Porque os tribunais recentes começaram a decidir que
poderia ser culpa consciente? Se for utilizar o critério classe social pode-se verificar que
nas decisões, se o acusado for da classe C e D a tendência é que se considere dolo
eventual, mas se for da classe social A e B, irá se considerar a ideia de culpa consciente.
Como a lei pode ser aplicada de forma diferente para pessoas sobre situações iguais? E o
princípio da igualdade no Direito Penal? O judiciário é preconceituoso ou a sociedade
que é preconceituosa? A polícia é corrupta ou a sociedade é corrupta?
Documentário recomendado: “Notícias de uma guerra particular”. Que retrata o
tráfico de drogas, na visão da sociedade, do morador da favela, do policial, do traficante,
de pessoas que trabalham com segurança pública.
Essa ideia de alienação, quer seja de quem trabalha com a teoria da prática, quer
seja dos práticos da teoria, é um grande dilema no Brasil.
“A criminologia já é usada no combate à criminalidade de forma efetiva, não tem como
combater a criminalidade do que não se conhece”.
Para combater a criminalidade é preciso conhecer o crime.
Relação da criminalidade com as relações de consumo:
As sociedades de consumo se voltam para a criminalidade que dá dinheiro, ex:
quem tem carro, precisa realizar o seguro do veículo, logo o perigo de perder o carro gera
o gasto com o seguro. Então, as sociedades vivem nesses gastos por causa da
criminalidade, assim a criminalidade dá dinheiro a alguém e não é só ao criminoso, há
uma cadeia de consumo envolta da criminalidade, que a gente financia de forma indireta.
A criminalidade é um problema entre metas e meios, em algumas sociedades a
meta é ser feliz, ter uma família, ter dignidade. O Brasil e os EUA são sociedades de
consumo, a meta do nosso país é ter objetos caros. O consumo transmite a ideia de que se
a pessoa tiver determinado bem será diferenciado.
A criminalidade nada mais é no Brasil do que uma forma de incentivo ao consumo,
só que tem pessoas que não tem ou não quer utilizar os meios que a sociedade legitima,
que é estudar, o que é mais difícil, o que ninguém quer e nem sempre dá um resultado
rápido. Existe todo tipo de criminoso, alguns cometem delitos com base nas suas
necessidades, já outros porque são incentivados pelo consumo. Há uma retroalimentação.
As pessoas se tornam mercadoria.
Não é só um problema social, nem só um problema de vontade, então não pode se
ter uma visão dualista, maniqueísta, são vários fatores que levam alguém à criminalidade,
existem várias vertentes. É preciso criar novos conceitos, a partir de dados, não se pode
ter um pré-conceito. A criminalidade existe com fins diversos; uma coisa é quem rouba
celular para obter dados, outra coisa é quem rouba celular para vender; uma coisa é quem
rouba carro para depenar, ou outra coisa é quem rouba carro sob encomenda. Assim, são
distintas as formas de surgimento da criminalidade, então se deve combater de formas
distintas também. Se não entender o que gera, as causas, não terá como combater. O
Direito Penal não se preocupa com as causas do crime, apenas se resume a verificar se
houve crime ou não, e qual pena será aplicada.
Existem bolhas sociais, que favorecem com que as pessoas se mantenham em suas
realidades sociais, em suas realidades de mundo, o que dificulta os debates acerca da
criminalidade, que envolve a realidade da sociedade.
Aula 2 – 17/08/2020
Texto de Apoio 01 - Nilo Batista
Conceito
Começamos nossa aula com uma simples indagação: “É possível estabelecer um
único conceito para a criminologia? ” e a resposta é: “não, um conceito único é
impossível”. Cada autor irá ter seu próprio conceito. O conceito moderno da criminologia
nasce com a cientificidade do próprio direito. A criminologia e o direito, enquanto
ciência, ao contrário do que os autores dizem estão em "pau a pau".
Toada via há quem diga que o direito é uma ciência mais antiga de 1700 e tantos
anos. Podemos perceber que, como ciência, o direito começa a se estruturar no século 19,
a partir das ideias dos pensadores como Savigny, que se começa a pensar na forma
sistemática do direito como conhecemos hoje. Até então o direito era mais ligado a
filosofia e a política.
Para comprovar tal afirmativa basta dizer que o direito era atrelado a justiça na
Grécia Antiga; Roma, por sua vez, trabalha com a esfera política e moral; Idade Média
traz uma característica religiosa; no liberalismo, voltamos a ter uma ideia política, com o
contrato social. E a criminologia nasce de onde? Nasce do óbvio, o direito não vai resolver
todos os problemas do mundo.
Exemplo:
Quando o professor estudou o adultério ainda era crime, e ele levanta a hipótese
de que, e se tal crime ainda existisse nos dias de hoje? Como seria? Teria muita gente
presa? Com a existência de aplicativos como o Tinder, um "ifood de pessoas"
Esse é o ponto, as pessoas acham que com a simples elaboração de uma lei
vamos poder solucionar todos os problemas do mundo como por exemplo o chifre a
Gaia o adultério quando na realidade não há lei que vai impedir as pessoas de realmente
trair seus cônjuges.
Ainda temos o ilustre Jorge de Figueiredo Dias, que trabalha com a ideia de que a
definição é uma construção histórica:
Por outro lado, ainda, a visão histórica permite ainda considerar melhor a
projeção das teorias criminológicas na política criminal e nos quadros ideológicos em
geral. A relação entre a criminologia e a ideologia não tem apenas um sentido, também
a ideologia sofre a influência das concepções criminológicas
Objeto
Quando vamos determinar o objeto de estudo da criminologia, estudamos uma
gama muito maior do que o que é apresentado pelo direito, sendo este apenas mais um
objeto de estudo. Na criminologia, estuda-se desde o controle social, passando pelo
direito, a pena, o criminoso em si, bem como os fatores externos ao sistema jurídico.
Controle social
O controle social pode ser definido como a reunião de mecanismos e sanções
sociais imbuídos do propósito de submeter os componentes do grupo social às regras
estabelecidas para a comunidade. Pode ser formal (órgãos de Estado, juízes, promotores,
escola, faculdade) ou informal (família, amigos, opinião pública, etc.). A principal forma
de controle, todavia, é a informal, que se aplica em todos os momentos da vivência em
comunidade. Constatada a sua insuficiência, o controle informal cede lugar aos
mecanismos de controle formal.
Crime
A criminologia vai estudar o crime pelas suas mais diversas vertentes, como
fenômeno jurídico, social, econômico, psicológico, cultural, antropológico... Se
utilizando da criminologia como ferramenta, poderia se estudar o mesmo crime para
sempre.
Criminoso
Trata-se de outra perspectiva de estudo, buscando entender quem é o criminoso?
Quais são os fatores que o levam a tal condição? Qual é o modus operandi? Seu perfil
psicológico?
No Brasil temos a mania de achar que apenas o pobre é o criminoso em potencial,
ignorando que cada classe econômica tem sua criminalidade própria, como apontoa
Suddenly, não se trata da classe em que se encontra, trata-se de um desvio, cada um com
suas peculiaridades próprias que precisão ser estudadas a partir destas.
Fatores externos ao sistema jurídico
Tais fatores seriam referentes a vítima, ao clima, temos como exemplo a teoria
das janelas quebras, tese feita nos EUA, que indica que uma simples janela quebrada afeta
a criminalidade do bairro, pois a ideia de uma casa arrumada, significa que tem gente
morando, as casas desocupadas são invadidas por pessoas que vendem drogas, cometem
crimes, desvalorizando economicamente os imóveis da região e forçando os vizinhos de
bem a se mudarem. Por isso tem uma pressão social, bem como pressão Estatal, para que
as casas estejam sempre pintadas, com grama verde e aparada, se a janela quebra em um
dia, no outro já estão trocando.
A desordem e a teoria das janelas quebradas
https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/artigos/121937294/a-desordem-e-a-teoria-das-
janelas-quebradas
Antes de adentrar propriamente este breve ensaio sobre a Teoria das Janelas
Quebradas, é fundamental a situarmos, enquanto estudo criminológico, no ramo da
Criminologia.
Numa primeira tentativa de análise conceitual do termo, parte-se para o
significado etimológico do vocábulo criminologia, que é oriundo do latim crimino
(crime) e do grego logos (tratado ou estudo). Extrai-se dessa análise inicial que a
Criminologia nada mais é do que o estudo do fenômeno criminal.
Existem diversos conceitos doutrinários de Criminologia, porém, opto por citar
a definição de Newton Fernandes e Valter Fernandes: “Criminologia é a ciência que
estuda o fenômeno criminal, a vítima, as determinantes endógenas e exógenas, que
isolada ou cumulativamente atuam sobre a pessoa e a conduta do delinquente, e os
meios labor-terapêuticos ou pedagógicos de reintegrá-lo ao grupamento social” (1995
p.24).
Neste momento é muito importante estabelecer a diferença entre a Ciência
Criminologia e Política Criminal. Para alguns política criminal seria também uma
ciência, porém esse posicionamento não se sustenta. Na visão de Guilherme Nucci, a
política criminal nada mais é que uma técnica de observação e análise do Direito Penal,
de modo crítico, expondo seus defeitos, sugerindo reformas e aperfeiçoamentos,
colocando critérios orientadores da legislação, bem como projetos e programas
tendentes à mais ampla prevenção do crime e controle da criminalidade. Reafirmando
seu posicionamento, Nucci cita em sua obra Sérgio Salomão Shecaira: “a política
criminal, pois, não pode ser considerada uma ciência igual à criminologia e ao direito
penal. É uma disciplina que não tem método próprio e que está disseminada pelos
diversos poderes da União, bem como pelas diferentes esferas de atuação do p (róprio
Estado” (2008, p. 42).
Na verdade, o crime, o criminoso e a sanção penal são os objetos de estudo de
diversas ciências, conhecidas como enciclopédia de ciências penais ou síntese
criminológica, entre elas destacam-se: a antropologia criminal, biologia criminal,
sociologia criminal, psicologia criminal, psicanálise criminal, o direito penal, direito
processual penal etc. Contudo, a criminologia é considerada uma ciência que abrange
praticamente todas as demais disciplinas criminais, daí também ser chamada de
“ciência de síntese”, pois utiliza do campo de trabalho de outras ciências criminais.
O Direito Penal dedica-se ao estudo das consequências jurídicas do delito, ao
passo que a Criminologia cuida dos aspectos sintomáticos individuais e sociais do
crime e da criminalidade, fornecendo informações sobre o delinquente, delito vítima e
o controle social (objetos do estudo criminológico), contribuindo para o estudo das
causas do crime. O Direito Penal é uma disciplina normativa, declara “o que deve ser”,
por outro lado, a Criminologia é uma ciência empírica que estuda “o que é”.
Enquanto ciência, a Criminologia tem o seu método apoiado em bases
científicas, sistematizadas por experiências comparadas e repetidas, visando buscar a
realidade que se quer alcançar. É ciência empírica e experimental, logo, sua
metodologia não poderia ser outra se não a experimental, naturalística e indutiva,
buscando auxílio dos métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico.
Os fins básicos desta ciência são informar a sociedade e os poderes constituídos
acerca do crime, do criminoso, da vítima e dos mecanismos de controle social, além
disso, sobretudo a luta contra a criminalidade, o controle e a prevenção.
Na visão de Nestor Sampaio Penteado Filho, as teorias criminológicas
contemporâneas não se limitam à análise do delito segundo uma visão do indivíduo ou
de pequenos grupos, mas sim da sociedade como um todo. O moderno pensamento
criminológico se influencia por duas visões distintas: as teorias de consenso, de cunho
funcionalista, denominada teoria de integração; e as teorias de conflito, de cunho
argumentativo (2010, p. 50).
As teorias do consenso entendem que os objetivos da sociedade são atingidos
quando se opera o funcionamento perfeito das instituições, com os indivíduos
convivendo e concordando com as regras sociais de convívio. Por outro lado, temos as
chamadas teorias do conflito, para as quais a harmonia social decorre da força e da
coerção, é neste contexto que surge a teoria das janelas quebradas.
A Teoria das Janelas Quebradas (Broken Windows Theory) surge nos Estados
Unidos em 1982, quando a revista The Atlantic Monthly publicou os estudos de James
Wilson e George Kelling, os quais buscavam demonstrar a relação entre desordem e
criminalidade.
A publicação tomou por base um experimento realizado por Philip Zimbardo,
psicólogo da Universidade Stanford, que consistiu em deixar um automóvel no bairro
de classe alta Palo Alto, na Califórnia, e outro no violento bairro nova-iorquino Bronx.
Observou-se que o carro deixado no Bronx foi totalmente “depenado” em 30 minutos,
enquanto o carro de Palo Alto permaneceu intacto por uma semana. Porém, o
pesquisador quebrou uma das janelas do veículo do bairro de classe alta, com isso, o
carro foi saqueado e destruído em poucas horas.
Concluiu-se, então, se uma janela é quebrada, e não é imediatamente
consertada, a população passará a pensar que não existe autoridade responsável pela
ordem ali, com isso, em instantes todas as outras janelas estariam destruídas, levando
à decadência daquele espaço urbano, criando terreno propício para a criminalidade.
Todavia, os americanos não se limitaram ao campo experimental e teórico, ela
foi aplicada em Nova York, quando Rudolph Giuliani era prefeito, através da Operação
Tolerância Zero, a qual levou a considerável redução nos índices de criminalidade na
cidade que anteriormente era conhecida como a “Capital do Crime”, hoje uma das mais
seguras dos Estados Unidos – os índices de criminalidade caíram 57% em geral e os
casos de homicídios caíram 65%.
Implantou-se a Teoria da Lei e Ordem, pregando a necessidade de uma
intervenção rigorosa do direito penal, adotando-se um direito penal máximo, remédio
para todos os males sociais através da sanção penal.
Na visão de Rogério Greco, a mídia no final do século passado e início do atual
foi a grande propagadora e divulgadora deste movimento de Lei e Ordem:
“profissionais não habilitados chamaram para si a responsabilidade de criticar as leis
penais, fazendo a sociedade acreditar que, mediante o recrudescimento das penas, a
criação de novos tipos penais incriminadores e o afastamento de determinadas garantias
processuais, a sociedade ficaria livre daquela parcela de indivíduos não adaptados”
(2009, p. 12).
Os críticos dessa teoria apontam que a operação “tolerância zero” (zero
tolerance) levou ao encarceramento em massa dos menos favorecidos, salientam ainda
que a prisão não é o único meio de coerção estatal, não sendo nem de longe o mais
efetivo meio de prevenção criminal.
Para os membros do departamento de antropologia do John Jay College of
Criminal Justice, Travis Wendel e Ric Curtis, o programa nova-iorquino é
extremamente agressivo. Contudo, as taxas de criminalidade são as mais baixas em 30
anos, porém para entender o real impacto da ação é necessário fazer mais do que
comparar números de prisões geradas pelas estratégias empregadas.
Segundo tais pesquisadores, o sucesso de tal medida parece ser coincidente com
outros aspectos sociais e econômicos. Por exemplo, não existe evidência para sugerir
que o mercado de drogas tenha sido eliminado ou reduzido, sugere-se que houve uma
reconfiguração do comércio para driblar as táticas hostis de policiamento. Outro fator
apontado como determinante na redução dos números da mancha criminal foi uma
mudança no caráter socioeconômico de alguns bairros. O crescimento do mercado de
serviços derivado da restauração da economia trouxe esperanças para os jovens de
ganhar a vida fora das fileiras do crime.
O próprio ex-prefeito Giuliani afirmou que “uma das principais razões do
declínio da criminalidade tão drasticamente em Nova Iorque é que não permitimos mais
que os traficantes controlem as ruas da cidade”. Para Wendel e Curtis, essa afirmação
não suporta uma análise mais profunda, tendo em vista que os índices de criminalidade
naquela cidade começaram a diminuir antes mesmo do primeiro mandato de Giuliani,
portanto, antes da “tolerância zero”.
De acordo com a visão destes estudiosos, as mudanças econômicas causaram
maior diferença do que o policiamento agressivo e da política da “zero tolerance”. As
áreas onde o crime dominava foram repovoadas por residentes com interesse na
participação dos assuntos locais, serviços básicos e patrulhamento foram retomados
(WENDEL, CURTIS, 2012).
Contudo, em 1990, Wesley Skogan realizou pesquisas em inúmeras cidades dos
EUA, confirmando os fundamentos da teoria das Janelas Quebradas. A relação de
causalidade entre a desordem e criminalidade é muito maior do que a relação entre
criminalidade e pobreza, desemprego e falta de moradia. (SKOGAN, 2012).
Quando a desordem se instala no seio da sociedade pela falta de punição, a
impunidade faz surgir no cidadão o sentimento de abandono estatal, a sensação de que
as transgressões não serão punidas, passando a agir sem os freios morais inibidores.
Por outro lado, o cidadão observa de dentro da sua casa que ele está acuado pela
criminalidade, enquanto os transgressores estão nas ruas.
Aula 3 – 24/08/2020
Texto de Apoio 01 - Nilo Batista
Método
Como já visto, o direito penal não tem capacidade de fornecer informações
suficientes acerca dos crimes, apenas sobre a questão jurídica. Já a criminologia, ela busca
explicativas, logicas, partindo dessa visão jurídica do direito penal, para um contexto
muito mais dinâmico e empírico, e essa conclusão seria a política criminal, como as
instituições refletem sobre aquilo, recomendando alterações na aplicação da norma,
retornando ao direito penal. O que torna um ciclo.
O método da criminologia é EMPÍRICO, para o direito, e outras ciências também,
é considerado extremamente EXPERIMENTAL. Isso porque a criminologia quebra um
paradigma, se apropriando de outras ciências, outros conhecimentos, lógicas, para se
tornar um sistema hermenêutico.
Como assim hermenêutica? Ao mesmo tempo que a criminologia utiliza a
biologia, ela pode utilizar a sociologia, antropologia, ciências que, a priori, não tem
conexões, mas que para desvendar o crime é necessário. Trata-se de uma situação muito
naturalística, causa e efeito, ao se ler criminologia, se entende a lógica de como aquele
fenômeno se dá.
Um dos maiores erros da criminologia é fazer a universalização, não há como se
comparar as teses criadas e aplicadas nos EUA, a todo o Brasil, quanto mais ao nordeste
brasileiro. É preciso se observar a que país foi feito aquele estudo, em que situação
histórica, demográfica, geográfica... eles se encontravam? A noção naturalística, de
realidade, deve ser aplicada aquela realidade, se pressupõe os dados da vida real, e ao ser
aplicado em outra realidade precisa ser analisado dados com dados, e se necessário
adaptar a tese.
Exemplo:
A Suécia resolveu um grande problema de alcoolismo com uma política
massiva de educação, descobriram que os adolescentes estavam com altíssimo nível de
vicio no álcool, e ao invés de proibir o consumo, eles investiram em uma política de
educação através dos meios de comunicação, meios acessíveis aos jovens, utilizando
as escolas, e conseguiram um êxito excelente.
Mas será que se fosse aplicar isso no Brasil teríamos os mesmos resultados? O
jovem brasileiro entenderia os efeitos do álcool e diminuiria seu consumo ou esses
jovens serão eternos dependentes do open bar? A simples política de educação faria o
brasileiro mediano, entre 15 e 22 anos, para de beber? Não sabemos, mas podemos nos
basear em projetos já realizados, como o de embriaguez e direção, que tivemos uma
diminuição, mas não obteve um sucesso tão grande assim.
Conclusão:
Precisamos aplicar, utilizar o método empírico.
Nilo Batista
§ 1º - Direito penal
[...]
O direito penal vem ao mundo (ou seja, e legislado) para cumprir funções
concretas dentro de e para uma sociedade que concretamente se organizou de determinada
maneira.
O estudo aprofundado das funções que o direito cumpre dentro de uma sociedade
pertence a sociologia jurídica, mas o jurista iniciante deve ser advertido da importância
de tal estudo para a compreensão do próprio direito.
[...]
A função do direito de estruturar e garantir determinada ordem econômica e
social, a qual estamos nos referindo, e habitualmente chamada de função "conservadora"
ou de "controle social". O controle social, como assinala Lola Aniyar de Castro, "não
passa da predisposição de táticas, estratégias e forças para a construção da hegemonia, ou
seja, para a busca da legitimação ou para assegurar o consenso; em sua falta, para a
submissão forçada daqueles que não se integram a ideologia dominante". É fácil perceber
o importante papel que o direito penal desempenha no controle social. Sob certas
condições, pode o direito desempenhar outras funções (como, por exemplo, a "educativa"
e mesmo a "transformadora" - esta, oposta a "conservadora"). A preponderância da função
de controle social e, contudo, inquestionável.
Determinadas, assim, pela necessidade do poder que confere garantia e
continuidade as relações materiais de produção prevalecentes numa dada sociedade,
estariam as normas jurídico-penais alijadas de qualquer influência ativa sobre essa mesma
sociedade? A resposta de Aníbal Bruno merece transcrição: "sabemos como as sociedades
humanas se encontram ligadas ao Direito, fazendo-o nascer de suas necessidades
fundamentais e, em seguida, deixando-se disciplinar por ele, dele recebendo a
estabilidade e a própria possibilidade de sobrevivência". Ou seja, embora o direito penal
seja modelado pela sociedade - e, em última instancia, hão de prevalecer sempre as
variáveis econômicas que determinam suas linhas fundamentais - ele também interage
com essa mesma sociedade. Como ensina Miranda Rosa, "se o direito e condicionado
pelas realidades do meio em que se manifesta, entretanto, age também como elemento
condicionante ".
Ha marcante congruência entre os fins do estado e os fins do direito penal, de tal
sorte que o conhecimento dos primeiros, não através de formulas vagas e ilusórias, como
sói figurar nos livros jurídicos, mas através do exame de suas reais e concretas funções
históricas, econômicas as e sócias, é fundamental para a compreensão dos últimos.
Conhecer as finalidades do direito penal, que e conhecer os objetivos da
criminalização de determinadas condutas praticadas por determinadas pessoas, e os
objetivos das penas e outras medidas jurídicas de reação ao crime, não é tarefa que
ultrapasse a área do jurista, como as vezes se insinua. Com toda razão, assinala Cirino
dos Santos que "a definição dos objetivos do Direito Penal permite clarificar o seu
significado político, como técnica de controle social"". Aliás, a indagação sobre fins, que
comparece em vários momentos particulares (na interpretação da lei, na teoria do bem
jurídico, no debate sobre a pena, etc), não poderia deixar de dirigir-se ao direito penal
como um todo.
§ 3º - Criminologia
Criminologia, segundo Lola Aniyar de Castro, "e a atividade intelectual que
estuda os processos de criação das normas penais e das normais sociais que estão
relacionadas com o comportamento desviante; os processos de infração e de desvio destas
normas; e a reação social, formalizada ou não, que aquelas infrações ou desvios tenham
provocado: o seu processo de criação, a sua forma e conteúdo e os seus efeitos”.
Nossos textos de iniciação ao direito penal oferecem geralmente conceito bem
diferente da criminologia, neles apresentada como um conjunto de conhecimentos, ao
qual se atribui ou não caráter científico', cujo objetivo seria o exame causal-explicativo
do crime e dos criminosos', de utilidade questionada'. Aníbal Bruno menciona a
"prevenção de alguns juristas para com os trabalhos da criminologia"
Tal prevenção, infelizmente, não derivava da percepção do impasse metodológico
e dos equívocos positivistas, presentes na consideração da criminologia como simples
exame causal-explicativo do crime e do criminoso, nem das funções de legitimação de
ordens sociais injustas desempenhadas por tal criminologia. Tal prevenção estava ligada
a prática esquizofrênica, haurida de uma vertente neokantista que influenciou
extraordinariamente o pensamento jurídico, não de distinguir entre o ser e o dever-ser,
mas sim de literal mente criar dois mundos epistemologicamente incomunicáveis. Tal
influencia, surgida, como lembra Zaffaroni, "numa época em que se evidenciou a
necessidade de isolar cuidadosamente o ser e o dever-ser, pois o segundo nao guardava
harmonia com o primeiro e o positivismo organicista burguês não lograva compatibilizá-
los", atingiu profundamente o direito penal brasileiro", levando-o a um desprezo olímpico
pela realidade, a um intencional isolamento'. Na verdade, ser e dever-ser relacionam-se
como fato e valor, numa relação de totalidade dialética, como registra Poulantzas, e por
essa perspectiva o saber criminológico e o saber jurídico-penal se comunicam
permanentemente.
[...]
§ 4 - Política criminal
Do incessante processo de mudança social, dos resultados que apresentem novas
ou antigas propostas do direito penal, das revelações empíricas propiciadas pelo
desempenho das instituições que integram o sistema penal, dos avanços e descobertas da
criminologia, surgem princípios e recomendações para a reforma ou transformação da
legislação criminal e dos órgãos encarregados de sua aplicação. A esse conjunto de
princípios e recomendações denomina-se política crimina. Segundo a atenção se
concentre em cada etapa do sistema penal, poderemos falar em política de segurança
pública (ênfase na instituição policial), política judiciaria (ênfase na instituição judicial)
e política penitenciaria (ênfase na instituição prisional), todas integrantes da política
criminal. Como anota com precisão Pulitano, há entre a criminologia e a política criminal
a distinção - e ao mesmo tempo um relacionamento - intercorrente entre a capacidade de
interpretar e aquela de transformar certa realidade'. Convém igualmente advertir que a
acepção que se confere aqui política criminal nada tem a ver com compromissos teóricos
de um certo movimento, liderado por von Liszt no final do século XIX, que chegou a ser
chamado de "escola da política criminal"
O campo da política criminal tem hoje uma amplitude enorme. Não cabe mais
reduzi-la ao papel de "conselheira da sanção penal", que se limitaria a indicar ao
legislador onde e quando criminalizar condutas'. Nem se pode aceitar a primitiva fórmula
Lisztiana de sua relação com a política social: está se ocuparia de suprimir ou limitar as
condições sociais do crime, enquanto a política criminal só teria por objeto o delinquente
individualmente considerado.
Aula 4 – 31/08/2020
História da criminologia
Para podermos trabalhar a história da criminologia devemos iniciar com a história
da vingança, devemos dividi-la em 3 momento: vingança privada, vingança divina e
vingança estatal. Cada método, cada escola criminologia, cada forma de entender a
criminologia se dar com o avanço de duas coisas: sociedade e ciência. Sem isso não
teríamos uma criminologia lógica.
Ora, quando não existia sociedade não existia vingança. Visto que é algo
inerente do ser humano, a primeira forma de punição é a vingança, trata-se de um direito
natural que, em tese, abdicamos para viver em sociedade.
OBSERVAÇÃO:
Não devemos confundir a vingança privada com a autotutela, visto que a
autotutela é quando o ESTADO já existe e permite que o indivíduo execute a justiça,
como por exemplo os apedrejamentos ainda existentes no Estado Islâmico.
Vingança Privada
Ocorre em sociedades sem Estado, portanto não existia um limite real para a
punição. O que buscavam era a satisfação pessoal. Logo, trata-se de uma vingança
ilimitada e pessoal, impulsionada pelo sentimento.
Vingança Divina
A primeira forma real de limitação da vingança é a ideia da vingança divina. O
que nos faz unir em Estado, sociedade, tribo, clã inicialmente é o fenômeno do
desconhecido, sem poder explicar de forma precisa e cientifica o que era aqueles
fenômenos da natureza.
E é justamente se aproveitando desses fenômenos inexplicáveis que as religiões
crenças, criam uma forma de Estado inicial. Essas crenças dão um caráter social a
vingança, a punição. No sentido que transforma tal punição, em TABU, isto é, aquilo que
é divino, e que ao ser afrontado atrai para a sociedade a fúria, a ira, dos Deuses,
condenando toda a sociedade a punição dos Deuses.
A noção da vingança divina se embasa em que a religião deve ser aplicada para
evitar a ira dos Deuses, utilizando-se de sacrifícios humanos, quer tenha cometido crimes
ou não.
Vingança Estatal
Logo o Estado percebeu que a punição poderia ser uma forma útil de controle
social. Obviamente não se utilizavam do termo de controle social.
Quando os estados começam a surgir, e tornam-se mais complexos, temos uma
aplicação de uma punição severíssima, visto que o Estado passa a utilizar a punição como
uma forma de controle. Que punição seria essa? Estamos diante o suplício, muito bem
retratado no livro Vigiar e Punir de Michel Foucault.
Também podemos aprofundar no Tratado de Direito Penal do renomado Cezar
Roberto Bitencourt, que explica que essa fase é chamada de Terror Penal, não interessava
punir todos que cometesse crime, era impossível, nem tinham como monitorar, bastava
concentrar suas forças nas capitais. Entretanto quando o estado punisse, tinha que ser
severa ao ponto de servir como exemplo para os demais. A lógica do inconsciente coletivo
nos permeia até hoje.
Podemos considerar isso como Criminologia? NÃO
Vingança
Privada Divina Estatal
Sociedades sem Estado; Primeira forma real de Punição como uma forma
limitação da vingança; útil de controle social;
Buscavam era a satisfação
pessoal; As crenças dão um caráter Suplício
social a vingança, a
Vingança ilimitada e punição; Fase é chamada de Terror
pessoal, impulsionada pelo Penal
sentimento Transforma em Tabu, o
afronte implica na ira dos Não punia todos os crimes,
Deuses; mas aquele que fosse
punido deveria
A religião deve ser extremamente severo
aplicada para evitar a ira
dos Deuses, utilizando-se Punição de um como
de sacrifícios humanos exemplo
https://razaoinadequada.com/2018/10/08/foucault-o-
suplicio/#:~:text=At%C3%A9%20o%20fim%20do%20s%C3%A9culo,existia.&text
=Em%20primeiro%20lugar%2C%20o%20supl%C3%ADcio,inef%C3%A1vel%2C%
20pior%20que%20a%20morte.
A pena é o resultado da
escolha de ir contrário a
norma penal, o indivíduo
escolhe violar a proibição,
ou ainda, escolheu não
cumprir o que a ordem
penal manda.
Aula 05 – 14/09/2020
Retrospectiva:
Beccaria é o pai da escola clássica, apesar de trazer para o direito uma logica
estranha para nos, mas é a base do direito oenal, a ideia de LEGALIDADE, vimos
também que a escola clássica, que nasce em 1764 e vai até meados de 1820.
A Escola clássica se volta a basicamente duas coisas: a lei, o texto legal e a pena.
Tinha um apego a linguagem, visto os legisladores criavam as proibições, mas não eram
limitadas linguisticamente, quem fazia esse papel era os juízes, que possuíam liberdade
para dizer qual era a pena, qual era o crime, como ele se configurava, tudo.
Baccaria também indicava que a responsabilidade tinha que ser pessoal, e já trazia
a noção da limitação das penas, para se buscar um humanismo penal, visto que alegava
que o suplício não funcionava. Na época tal tese não foi bem aceita.
Obs: em sua maioria a escola clássica via a pena como uma retribuição, é o que estudamos
na Teoria Absoluta da Pena, por kant e hagel
FASE PRÉ CIENTIFICA ESCOLA CLÁSSICA
Punição como uma forma útil de controle Foco em: Texto Legal e na Pena
social;
Cria o Princípio da Legalidade Política
Suplício Apego a linguagem
Qual seria a base que teria para dar força a sua tese? Estatística Criminal, ele
começa a fazer uma análise fisiológica dos presos. O professor alega que tal tese da
antropologia é utilizada até hoje, visto que tal noção deu origem a chamada antropologia
forense, isto é, se traça um perfil fisiológico, que é utilizado pela polícia para sua pratica
de abordagem, se percebe no código de processo penal: “a autoridade policial poderá, sob
fundadas suspeitas, fazer a busca e apreensão das pessoas” .
Cesare Lombroso e a teoria do criminoso nato
Sua principal contribuição para à Criminologia foi a sua teoria sobre o “homem
delinquente”. Em síntese, a teoria contou com a análise de mais de 25 mil reclusos de
prisões europeias. Além disso, seis mil delinquentes vivos e resultados de pelo menos
quatrocentas autópsias (PABLOS DE MOLINA , 2013, p. 188).
A partir do estudo realizado, Lombroso constatou que entre esses homens e
cadáveres existiam características em comum, físicas e psicológicas, que o fizeram crer
que eram os estigmas da criminalidade.
Nesse sentido, para ele, o crime era um fenômeno biológico. E não um ente
jurídico, como afirmavam os clássicos. Sendo assim, o criminoso era um ser atávico,
um selvagem que já nasce delinquente.
Utilizando-se do método empírico-indutivo ou indutivo-experimental, o
positivismo criminal de Lombroso buscava através da análise dos fatos, explicar o
crime sob um viés científico. Em suma, concebia o criminoso como um indivíduo
distinto dos demais, um subtipo humano.
Dessa forma, fundamentava o direito de castigar, não como meio e finalidade
de punir o agente que praticou o ato delituoso, mas sim, com o propósito de conservar
a sociedade, combatendo assim a criminalidade.
Criminosos natos
Cesare Lombroso nunca afirmou que todos os criminosos eram natos, mas que
o “verdadeiro” delinquente, era nato. Sustentava que, tendo em vista a sua natureza, a
aplicação de uma pena era ineficaz. Em síntese, o delinquente nato era considerado um
doente. Isso porque nascia assim, razão pela qual não deveria o mesmo ser encarcerado.
Desse modo, sustentava que o criminoso deveria ser segregado da sociedade,
antes mesmo de se ter cometido o delito, tendo em vista a sua característica de
criminalidade imutável.
No campo da política criminal, a recomendação de segregação deste indivíduo
do meio social, antes mesmo do cometimento de um crime, funcionaria como meio de
defesa social.
Enfim, a teoria sobre a criminalidade nata, encabeçada por Lombroso, vigorou
por muito tempo na Europa. Entretanto, perdeu força ao longo do tempo. Dessa forma,
perdendo força no continente europeu, ganhou grande acolhida na América Latina,
inclusive no Brasil.
Entretanto, ainda que a teoria da criminalidade nata tenha sido amplamente
rebatida e tenha caído em desuso, por ser considerada tendenciosa e preconceituosa,
seria possível afirmar que ainda não é aplicada nos dias de hoje?
https://canalcienciascriminais.com.br/cesare-lombroso-criminoso-
nato/#:~:text=Lombroso%20relacionava%20o%20delinquente%20nato%20ao%20ata
vismo.&text=Inter%2Drelacionava%20o%20atavismo%20%C3%A0,188).
REFERÊNCIAS
LIBET, Benjamin. Do we have free will?. Journal of consciousness studies, v. 6, n. 8-
9, p. 47-57, 1999.
SÁNCHEZ, Bernardo José Feijoo. Derecho penal de la culpabilidad y neurociencias.
Thomson Reuters Aranzadi, 2012.
https://canalcienciascriminais.com.br/neurociencia-direito-penal/