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DEPARTAMENTO DE ENSINO

ESCOLA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE SARGENTOS

“Curso Superior de Tecnologia e


Gerenciamento Auxiliar de Polícia Militar”
―CSTGAPM/2018‖
2º Módulo

CICLO SÓCIO JURÍDICO

ANÁLISE CRIMINAL
(CRIMINALÍSTICA \ CRIMINOLOGIA)

Instrutor: Cap. QOEM Edimilso André Carvalho Pereira


e-mail: edimilso@bm.rs.gov.br
Fone: 55-996616030

AL. SGT. _________________________________

“Nasceu gente é inteligente.”


(Jean Piaget)
ANÁLISE CRIMINAL (CRIMINALÍSTICA \ CRIMINOLOGIA) – 45 h/a

I - CONTEXTUALIZAÇÃO

A Criminalística, atualmente uma disciplina que substitui o juízo dogmático de


que caberia exclusivamente à Medicina Legal, a tarefa de descobrir qual o Delito, quem é
o Delinquente e, por conseguinte levar a aplicação da justa pena, no sentido de que justo
é imputar pena a quem efetivamente tenha cometido um delito sancionável, com base
nas ilações tiradas após um longo e exaustivo trabalho de técnicos na investigação feita
alicerçada em critérios científicos e, não a luz de conjecturas.
O seu estudo por parte dos Policiais Militares deve-se em primeiro lugar a
necessidade de que estes detenham conhecimentos indispensáveis para a sua
intervenção na ocorrência Policial Militar em que por sua natureza assuma aspectos de
crime e, por isso, seja área do trabalho de campo do Criminalista na busca de indícios e
vestígios que serão trabalhados tecnicamente visando a percepção de provas de natureza
objetivas e subjetivas com respeito ao ocorrido, para a devida classificação quanto a sua
natureza jurídica, bem como imputar responsabilidade a quem couber.
O trabalho do Criminalista depende diretamente da atuação do Policial Militar no
local de crime, uma vez que os elementos lá encontrados para o trabalho pericial ser
confiável necessitam estar exatamente como foram deixados nos atos de execução do
delito. Por outro lado, quando na jurisdição as provas levantadas pelos peritos irão fazer
parte dos autos dos Processos Criminais, dando ao Magistrado elementos para formar
sua certeza ou convicção, do que resultará em uma justa aplicação de uma pena ou em
uma injustiça levada por dados adulterados em um local de crime.
Assim, denota-se a importância de um local de crime ser devidamente
preservado, missão esta que é da competência da Polícia Militar e, que ao par da
situação fática, temos como longe de ser encarada com a seriedade com que deve ser
revestido este trabalho, que por cair na rotina e pelas dificuldades do Órgão Pericial em
cumprir o seu papel eficazmente é por vezes desconsiderado, podendo com isso levar a
conclusões errôneas. Destas inferências, induzimos ser de imprescindível que o Policial
Militar receba em sua formação conhecimentos de Criminalística, para que possa olhar
como um Perito e desta forma manter o local de crime inviolado, particularmente no que
se refere a sua atuação dentro da área preservada, quanto a indícios, vestígios e
qualquer material que ali esteja , podendo ser útil a investigação científica e laboratorial
sem qualquer interferência.
A Criminologia, por sua vez, trata sobre assuntos referentes ao delito, ao crimino-
so, à vítima, ao controle social do delito. Portanto, nas palavras de Lélio Braga Calhau: ―a
prevenção do delito é um dos principais objetivos da moderna Criminologia, que busca o
controle razoável da criminalidade, não a utopia do seu completo desaparecimento. ‖ A
Criminologia busca mensurar a eficácia do controle do crime e os custos sociais para a
sociedade civil.
O Policial Militar que dedica-se ao estudo das importantes questões
criminológicas — a visão do crime como problema, as deficiências e dificuldades do apa-
rato repressor formal, o enfoque vitimológico, o controle social, a relação do fenômeno da
criminalidade com a identidade social e com os aspectos econômicos, dentre outras —
oferece à Corporação e à sociedade na desempenha suas funções, capacidades profissio-
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Apanhados e compilações para estudos básicos de Criminalística e Criminologial – Curso Superior de Tecnologia e Gerenciamen-
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nais desenvolvidas pela ciência, pela análise técnica e cultural, de forma que apresenta-
rá melhor desempenho no complexo trabalho da segurança pública, e como resultados
estarão sempre presentes o esforço por alcançar a eficiência e o bem comum das pessoas
dentro da sociedade onde realiza o policiamento ostensivo.
Utilizando estudos e métodos de análises criminológicas, o Policial Militar será
capaz de avaliar o contexto em que está inserido e, sobretudo, os limites de suas
possibilidades. Através da humildade e autoconhecimento quanto a recursos e capacida-
des, o Policial Militar terá maior segurança e melhores resultados nas práticas de polici-
amento voltado à solução de problemas criminais.
Ensina Lélio Braga Calhau que: ―a criminologia, por seu conteúdo instigante, mas
também por seu método necessariamente interdisciplinar, guarda a vocação de ser fator
de mudança até mesmo pessoal. Por seu conteúdo, traz sempre novas interrogações:
verdadeiras molas propulsoras. Por seu método, rechaça a autossuficiência e mostra o
caminho da tolerância e da boa convivência.‖
Compreendemos de suma importância que os Policiais Militares tenham consci-
ência sobre a necessidade de atuação correta em locais de Crime, é preciso ser
PROFISSIONAL. Ou seja, a partir do instante em que o Policial Militar passou a atender
o fato criminoso, na medida em que iniciou a tomar ―as primeiras providências‖, os atos
do Policial Militar no local do fato delituoso, passam a ser indispensáveis para a
investigação daquele delito, inclusive podendo influenciar, com certeza, até mesmo no
julgamento (podendo o resultado ser justo ou não).
Na mesma senda, compreendemos também, que o Policial Militar ao se valer dos
conhecimentos da Criminologia – análises criminológicas e criminalísticas, com a
utilização de seu método científico, tal Policial Militar terá na Criminologia uma ciência
apropriada para diagnosticar e buscar uma aproximação realista dos índices de
criminalidade de um bairro ou cidade.
A análise criminal (Criminologia + Criminalística) oferece aos profissionais da Se-
gurança Pública informações válidas e confiáveis, para fundamentar às práticas diárias
de policiamento ostensivo voltado aos problemas delituais, de uma determinada locali-
dade.

II - OBJETIVOS
 Ter condições técnicas de isolar adequadamente um local de crime, preservan-
do os vestígios comumente encontrados naqueles cenários, possibilitando o
posterior e correto levantamento pericial, tudo consoante o disposto no Art. 6
do Decreto-lei Nr 3.689 de 03 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal.

 Propiciar ao aluno uma breve reflexão sobre a criminalidade em geral na socie-


dade brasileira;

 Propiciar ao futuro Sargento da Brigada Militar acesso a conhecimentos crimi-


nológicos, que lhe conduzam à compreensão dos fenômenos criminógenos e
criminalísticos da sociedade brasileira, em especial a do RS;

 Proporcionar ao aluno estudo reflexivo a respeito dos elementos criminológicos:


o crime, o criminoso, a vítima e o controle social;

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 Dar conhecimento ao aluno sobre as escolas sociológicas do crime;

 Especialmente, proporcionar ao futuro Sargento Policial Militar, estudo reflexi-


vo quanto à subcultura delinquente;

 Trabalhar de forma reflexiva sobre tópicos atuais da Moderna Criminologia:


Criminologia Bullying; Criminologia Cultural; Criminologia Feminista; Crimino-
logia Queer; Criminologia do Assédio moral e stalking; Criminologia Police body
spirit.

ESTRATÉGIAS DE ENSINO
 Os embasamentos teóricos serão ministrados sob a forma de Palestra (P), Exer-
cício Individual (EI) e Estudo Dirigido (ED);
 A fixação da aprendizagem será sob forma de Exercícios Individuais (EI).

AVALIAÇAO DA APRENDIZAGEM
 VI - Trabalho escrito e/ou prático - a critério do instrutor
 TE - Trabalho escrito
 TC - Prova escrita e/ou prático – (02 h/a)
BIBLIOGRAFIA

 BERISTAIN, Antônio. Nova Criminologia a Luz do Direito Penal e da Vitimo-


logia. Editora UnB: São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000.
 CASOY, Ilana. O Quinto Mandamento: caso de polícia – O Assassinato do
Casal Richthofen. São Paulo: Ediouro, 7ª edição, fevereiro de 2009.
 CALHAU, Lélio Braga. Resumo de Criminologia - 4ª Edição, revista, ampliada
e atualizada. Editora Impetus. Niterói, RJ, 2009.
 Constituição da República Federativas do Brasil de 1988;
 CROCE, Delton & Delton Croce Junior. MANUAL DE MEDICINA LEGAL - 8.
ed. — São Paulo: Saraiva, 2012.
 RABELO, Eraldo. Curso de Criminalística. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1996.
 Documentário ―Notícias de uma guerra particular‖;
 TOCCHETTO, Domingos. Tratado de perícias Criminalísticas.
 BRASIL. Ministério da Justiça-Senasp. Guia para prevenção do crime e da vio-
lência. Brasília: Senasp, 2005.
 FILHO, Nestor Sampaio Penteado. MANUAL ESQUEMÁTICO DE
CRIMINOLOGIA. Editora Saraiva, 2ª Edição, São Paulo, 2012.
 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: história da violência nas prisões. Petrópo-
lis: Vozes, 1987.
 FREITAS Marisa Helena D´Arbo Alves de, & Roberto Galvão Faleiros Junior
(Organizadores) - Estudos Contemporâneos de Vitimologia, São Paulo: Cultu-
ra Acadêmica: Editora UNESP, 2011.
 GAUER, Ruth Maria Chittó (Org.). CRIMINOLOGIA E SISTEMAS JURIDICO-
PENAIS CONTEMPORÂNEOS II. EdiPUCRS, Porto Alegre, 2010.
 GUSMÁN, Carlos A. – MANUAL DE CRIMINALÍSTICA, Ediciones La Rocca, Bu-
enos Aires, Argentina, 2000.

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 REVISTA UNIDADE nº 48 – 2001 – A Violência do policial militar no exercício
da função;
 SISTEMA PENAL & VIOLÊNCIA - ISSN 2177-6784, Revista Eletrônica da Fa-
culdade de Direito, Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais da Pon-
tifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, Porto Alegre, Vo-
lume 4 – Número 2 – p. 151-168 – julho/dezembro 2012. (Disponível
em:http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/sistemapenaleviolencia/
article/view/12210/8809);
 Referencias web: www.mj.gov.br , www.necvu.ifcs.ufrj.br

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Parte I

CRIMINALÍSTICA

INTRODUÇÃO:
A ação investigatória se faz por abordagem técnico-científica das evidências
subjetivas e objetivas do crime.
Voltada para este último campo, a Criminalística vem incrementando o seu
desenvolvimento pela crescente incorporação de conhecimentos e tecnologias sobre a
repercussão físico-químico-biológica do fato investigado.
O impressionante avanço das ciências materiais no correr do século XX alargou as
possibilidades de êxito das pesquisas de laboratório, ampliando a capacidade de
formulação de hipóteses e construção de teorias explicativas para o fenômeno da
realidade objetiva. Neste sentido, os benefícios para os sistemas de investigação da
prática criminosa são muitos, em termos de qualidade e quantidade.
Historicamente, desde a profissionalização do trabalho investigatório como forma
organizada de iniciar o enfrentamento ao delito consumado e submeter os responsáveis
ao devido processo legal, a Criminalística tornou-se atividade indispensável à tarefa de
qualificar as informações sobre a trama subjetiva de cada evento, mediante comprovação
das respectivas evidências materiais. Assim, definida a sua condição essencial de disci-
plina interposta na tarefa investigatória, a Criminalística deve se oferecer ao intercâmbio
metódico e sincronizado com a técnica de apuração da trama subjetiva, consolidando–se
o processo de demonstração científica da autoria e da materialidade do crime.
Os avanços mais notáveis estão nas áreas da genética molecular, da informática, da
balística e da autenticidade de documentos.
Ainda é importante destacar a Medicina Legal como marco de referência científica
dentro do processo de investigação policial.
Na medida em que os crimes mais perturbadores da sensibilidade histórica e social
são os que atentam contra a pessoa, afetando diretamente o corpo humano - homicídios
em especial – têm-se a partir daí a afirmação e o desenvolvimento da disciplina, que sin-
tetizou uma gama de conhecimentos médicos e paramédicos destinados a dar suporte às
instituições operadoras do Direito, sobretudo as do Sistema de Justiça Criminal.
No Brasil, concorrem esforços de estudiosos de ambas as áreas, Direito e Medicina,
sobretudo pelo trabalho de Oscar Freire de Carvalho e Flaminio Fávero.

OBJETIVOS BÁSICOS DA DISCIPLINA:


 Conhecer a Criminalística e estudar a criminologia, em âmbito geral e especifico,
sensibilizando para a importância do isolamento e prevenção de locais de crime ou cor-
pos-de-delito, apontar subsídios posteriormente levantados, a fim de que a investigação
pericial possa reconstruir a dinâmica física do evento criminal ou confirmar, na dinâmi-
ca do procedimento investigatório, as teses ali propostas.
 Identificar os princípios básicos das perícias em geral, técnicas, métodos e procedi-
mentos aplicáveis às perícias externas, relacionando com as ciências em geral, com as
inovações tecnológicas e identificando a importância de tudo em todas as fases da ação
policial.
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 Propiciar ao profissional de segurança do cidadão uma visão de posicionamento da
ciência médico legal no curso do ciclo completo da ação policial, habilitando a proceder
corretamente na complexa gama de ocorrências em que se impõem o encaminhamento
da prova, segundo conveniência de tempo, espaço e tipo de evidência com que se depara.
 Partindo dos conhecimentos de Criminologia trabalhados, propiciar ao futuro Sar-
gento da Brigada Militar, capacidades de estudos analíticos básicos, diante dos aspectos
físicos e sociais do delito.

- CRIMINALÍSTICA -
- Conceito de Criminalística:

Nos primórdios da fase técnico científica, a partir do século XIX, cabia à medicina
legal, além dos exames de integridade física do corpo humano, toda a pesquisa, busca e
demonstração de outros elementos relacionados com a materialidade do fato penal, como
o exame dos instrumentos do crime e demais evidências extrínsecas ao corpo humano.
Com o advento de novos conhecimentos e desenvolvimento das áreas técnicas, como
física, química, biologia, matemática, toxicologia, etc., tornou-se necessidade real a cria-
ção de uma nova disciplina para a pesquisa, análise, interpretação dos vestígios materi-
ais encontrados em locais de crime, tornando-se, assim, fonte imperiosa de apoio à polí-
cia e à justiça. Eis que surgiu a criminalística, como uma ciência independente em sua
ação, como as demais que a constituem.
Muitos estudiosos da matéria, durante o desenrolar das pesquisas técnico-
científicas, com a finalidade de personalizar essa nova disciplina, utilizaram as mais va-
riadas denominações, tais como: antropologia criminal, psicologia criminal, polícia técni-
ca, policiologia, polícia criminal, técnica policial, polícia judiciária, criminalística e polícia
científica.
Os que se filiam à escola alemã preferem o nome de criminalística, que foi utilizado
pela primeira vez por Hans Gross, considerado o pai da criminalística, juiz de instrução e
professor de direito penal, em 1892, na Alemanha, ao publicar seu livro como sistema de
criminalística, Manual do Juiz de instrução.
O próprio Hans Gross, em 1898, ao publicar a 3a edição de seu livro, deu o subtítu-
lo: Sistema de Criminalística.
O conceituado Professor, mestre e perito criminalístico do Rio Grande do Sul - Eral-
do Rabello, conceitua criminalística como sendo: disciplina autônoma, integrada pelos
diferentes ramos do conhecimento técnico-científico, auxiliar e informativa das ativida-
des policiais e judiciárias de investigação criminal, tendo por objetivo o estudo dos vestí-
gios materiais extrínsecos à pessoa física, no que tiver de útil à elucidação e à prova das
infrações penais e, ainda, à identificação dos autores respectivos.

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Segundo a ENCICLOPÉDIA SARAIVA DE DIREITO (v. 21, 1997:486), criminalís-
tica é um conjunto de conhecimentos que, reunindo as contribuições das várias
ciências, indica os meios para descobrir crimes, identificar os seus autores e en-
contrá-los, utilizando-se de subsídios da química, da antropologia, da psicologia,
da medicina legal, da psiquiatria, da datiloscopia, etc., que são consideradas ci-
ências auxiliares do Direito penal.
A Criminalística trata da análise de vestígios materiais extrínsecos relativos ao
local periciado, relacionando o modus operandi aplicado à dinâmica descrita, vi-
sando pelo auxílio ao direcionamento interpretativo da fenomenologia criminal
inerente ao local do sinistro, oferecendo fundamentação material à instrução pe-
nal.
Centra-se, portanto, no exame, verificação, reconhecimento, ou confronto quanto
à existência, exatidão ou qualificação de um fato, embasado pela prova material,
em suas diversas modalidades, traduzindo-se como uma ciência que aplica vários
ramos do conhecimento científico, com fim precípuo à Justiça, de tal forma que
podemos dizer: a Criminalística aponta o criminoso, e diz como se deu a perpe-
tração do delito.

IGP – ORGANOGRAMA

Organograma, funcionamento, competências do Instituto-Geral de Perícias:(Fonte:


http://www.igp.rs.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=14&Itemid=28)

A existência do Instituto-Geral de Perícias (IGP) como órgão autônomo de segurança


pública do Estado do Rio Grande do Sul foi prevista na Constituição Estadual, promul-
gada em 1989, pelo artigo 124, então como o nome de Coordenadoria-Geral de Perícias.
Em 1997, no dia 17 de julho, com a Emenda Constitucional 19, o IGP assumiu a
atual nomenclatura, sendo então, considerada essa data a de aniversário deste órgão de
segurança.
São órgãos de execução do IGP, sob a coordenação da Supervisão Técnica: o Depar-
tamento de Criminalística (DC), o Departamento Médico-Legal (DML), o Departa-
mento de Identificação (DI) e o Laboratório de Perícias (LP).

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Ao DC compete realizar exames periciais, pesquisas e experiências no campo da
Criminalística (informática, engenharia, reconstituições, balística, documentoscopia, im-
pressões latentes, disparo, ambiental e fonética), levantamentos topofotográficos e papi-
loscópicos nos locais de crime e em sinistros envolvendo patrimônio público. Há ainda,
postos do DC em Caxias do Sul, Passo Fundo, Santa Maria e Pelotas.
Ao DML compete realizar exames periciais, clínicos e radiológicos, pesquisas e expe-
riências no campo da Medicina Legal e da Odontologia Legal e nas necropsias pós-
exumação, atuando na capital e em 36 postos no interior do Estado.
Ao DI compete processar a identificação civil, criminal, post-mortem e elaborar e
expedir as carteiras de identidade, contando com 52 postos de Identificação em 49 cida-
des, interligados on line. Existem ainda cerca de 350 postos ―off line‖ no interior.
Ao LP compete realizar exames periciais e laboratoriais, pesquisas e experiências no
campo da Química Toxicológica (exames de drogas e venenos), da imunoematologia
(exames de sangue) e da Genética Forense (exames de DNA) em Porto Alegre.
As atividades-meio do IGP são desenvolvidas pelo Departamento Administrativo ao
qual compete o gerenciamento do pessoal, das finanças, do material e do patrimônio.
O IGP é um dos órgãos vinculados a Secretaria de Segurança Pública, ao
lado da Brigada Militar, Polícia Civil e Susepe, ao qual compete, além de
outras atribuições, especialmente:
- I as perícias médico-legais e criminalísticas;
- II os serviços de identificação;
- III o desenvolvimento de estudos e pesquisas em sua área de atuação.
A Constituição Estadual de 1989, ao dar ênfase ao capítulo referente à Segurança
Pública, dedicou especial atenção a área da perícia, criando a Coordenadoria-Geral de
Perícias, órgão autônomo, subordinada diretamente à Secretaria da Justiça e da Segu-
rança, com quadro de pessoal organizado em carreira, com a incumbência de realizar as
mesmas atividades que os Institutos anteriormente denominados de Instituto Médico-
Legal, Instituto de Criminalística e Instituto de Identificação, vinham efetuando, ou seja,
perícias médico-legais, criminalísticas e os serviços de identificação civil e criminal.
Posteriormente, a Emenda Constitucional nº 19, de 17.07.1997, alterou os artigos
124 e 136 da Constituição Estadual de 1989, passando a Coordenadoria-Geral de Perí-
cias a denominar-se Instituto-Geral de Perícias – IGP.
A Lei Complementar nº 10.998, de 18.08.97, por ordem da EC nº 19, alterou, por
sua vez, também a denominação dos Institutos para Departamentos, passando a vigorar,
desde então, o nome de Departamento Médico-Legal.
Atualmente o DML é composto da Divisão de Perícias da Capital, da Divisão de Perí-
cias do Interior, da Seção de Clínica Médico e Odonto-Legal, da Seção de Ensino e Pes-
quisa, da Seção de Perícias Diversas, da Seção de Tanatologia e do Laboratório de Ana-
tomia Patológica.
A Divisão de Perícias da Capital conta com Serviços de Recepção Administrativa e
Recepção da Clínica, Secretaria Administrativa e Secretaria do Necrotério, Serviço de Di-
gitação de Laudos e Serviço de Reprografia, Arquivo.
A Seção de Clínica também é responsável pelo Serviço Psicossocial, composto por
Psiquiatria Forense, Psicologia e Serviço Social, bem como pelo DML no Centro de Refe-
rência no Atendimento da Criança e do Adolescente – CRAI, situado no Hospital Presi-
dente Vargas.

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Divisão de Perícias do Interior é responsável por 36 Postos Médico-Legais, locali-
zados nas cidades de Alegrete, Bagé, Bento Gonçalves, Cachoeira do Sul, Camaquã, Ca-
noas, Carazinho, Caxias do Sul, Cruz Alta, Erechim, Frederico Westphalen, Ijuí, Lagoa
Vermelha, Lajeado, Novo Hamburgo, Osório, Palmeira das Missões, Passo Fundo, Pelo-
tas, Rio Grande, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Santa Rosa, Santana do Livramento,
Santo Ângelo, São Borja, São Gabriel, São Jerônimo, São Leopoldo, São Luiz Gonzaga,
Santiago, Soledade, Taquara, Três Passos, Uruguaiana e Vacaria.

*** ***
Utilidade: “ PRML de SANTA MARIA (REGIONAL) “Câmara Fria e raio X”: Rua
Marechal Floriano Peixoto, 1750 – Centro CEP 97015-372 Fone (55): 3217-1282
PML,(Fax – DRP) 3221-6668, (Fax) 3222-3444; Ramal: 227 Universidade; ramal
228(fax).”
*** ***

Perícia – S.f. Procedimento de investigação, feita por pes-


soa habilitada, que visa provar, através de exame, visto-
ria e avaliação, de caráter técnico e especializado, escla-
recendo um fato, um estado ou estimação da coisa que é
objeto de litígio, ou processo. Dicionário Jurídico Brasilei-
ro – Washington dos Santos.

A Criminologia é a ciência que estuda o homem em relação ao crime, criminoso e


criminalidade, enquanto a Criminalística aponta o criminoso.

OBJETIVOS DA CRIMINALÍSTICA
A Criminalística é uma ciência que tem por objetivos:
a) dar a materialidade do fato típico, constatando a ocorrência do ilícito penal;
b) verificar os meios e os modos como foi praticado um delito, visando fornecer a di-
nâmica do fenômeno;
c) indicar a autoria do delito, quando possível;
d) elaborar a prova técnica, através da indiciologia material.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA PERÍCIA CRIMINALÍSTICA


a) Princípio da Observação: ―Todo contato deixa uma marca‖
Em locais de crime nem sempre é fácil a detecção de vestígios, sem contar que em
muitos casos os próprios autores produzem alterações consideráveis na cena, exatamen-
te, para dificultar o trabalho do perito. Em alguns casos, esses vestígios só podem ser
detectados através de análises microscópicas, ou, através de aparelhos de alta precisão.
Mas, é preciso ter em mente que não pode haver uma ação que não deixe marcas de pro-
vas. Além disso, é notória a evolução do instrumental científico capaz de detectar esses
vestígios.
b) Princípio da Análise: ―A análise pericial deve sempre seguir o método científico‖
A perícia visa traçar uma teoria ou como aquele fato ocorreu, valendo-se dos vestí-
gios encontrados que permitam desenvolver conjeturas sobre como se desenvolveu o fa-
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to, através da formulação de hipóteses coerentes com base numa metodologia (método
científico).
c) Princípio da Interpretação: ―Princípio da Individualidade‖
Este princípio preconiza a ideia de que dois objetos podem ser difíceis de serem dis-
tinguidos, mas nunca serão idênticos. Ou seja, a perícia tece isso nos mínimos detalhes,
tentando fazer sempre uma identificação precisa, individualizando aquele elemento de
prova.
d) Princípio da Descrição:
Os resultados dos exames periciais devem ser descritos sempre de forma clara, ra-
cionalmente dispostos e bem fundamentados em princípios científicos, buscando sempre
uma linguagem técnica e juridicamente perfeita.
A Perícia busca a verdade através da leitura dos vestígios, podendo percebê-los
através
dos nossos sentidos.
e) Princípio da Documentação:
Este princípio é baseado na Cadeia de Custódia da prova material, ou seja, toda
amostra deve ser cuidadosamente documentada desde o momento em que aparece no
local do crime até sua análise em exames complementares, a fim de garantir e estabele-
cer um histórico completo de sua origem, de modo que não haja dúvidas sobre tais ele-
mentos probatórios.

EMBASAMENTO LEGAL DO EXAME PERICIAL


Todo exame pericial produzido, quer seja pelos Peritos Criminais, quer seja pelos
Médicos Legistas, são executados dentro de uma ordem legal, pois são disciplinados na
legislação processual penal, descrita no Código de Processo Penal (CPP):
No Livro I (Do Processo em Geral), Título VII (Da Prova), Capítulo I (Disposições Ge-
rais) e Capítulo II (Do Exame do Corpo de Delito e das Perícias em Geral), estão os arti-
gos relacionados à atividade pericial, os quais sofreram alterações através da Lei
11.690/2008, de 09 de junho de 2008, que procurou traçar novos ditames reguladores
do sistema probatório no Processo Penal. Estabeleceu regras sobre a licitude da provas,
privilegiando o contraditório e adequando a norma ao atual sistema constitucional vigen-
te. Trouxe novo tratamento para a realização de perícias, sobre oitiva de testemunhas e
sobre tratamento dispensado ao ofendido.

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzi-
da em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamen-
te nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cau-
telares, não repetíveis e antecipadas. (Alterado pela Lei 11690 de 10/06/2008)
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as res-
trições estabelecidas na lei civil. Segundo a primeira parte deste artigo, o juiz, em regra,
deve proferir sua decisão baseando-se na prova produzida em fase judicial. Porém, dian-
te da segunda parte do aludido dispositivo, podemos concluir que, excepcionalmente, os
elementos informativos colhidos na investigação policial poderão ser utilizados pelo jul-
gador para fundamentar sua decisão, desde que não sejam os únicos, mas, para tanto,
referidos elementos devem ser colhidos e/ou produzidos sob o pálio do contraditório e da
ampla defesa, do contrário, não poderão em absoluto ser utilizados para respaldar sua
decisão. Assim, pelo princípio da ampla defesa, o juiz deverá submeter a prova colhida

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na fase policial ao contraditório durante a ação penal. Ou seja, a defesa deverá ter opor-
tunidade para se manifestar tecnicamente sobre tais provas.

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, faculta-
do ao juiz de ofício: (Alterado pela Lei 11690 de 10/06/2008)
I - ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de
provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e
proporcionalidade da medida; (Alterado pela Lei 11690 de 10/06/2008).
II - determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realiza-
ção de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Exige-se que a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes
se submeta a um juízo de ponderação sobre a necessidade, adequação e proporcionali-
dade da medida. Dessa forma, a produção dessas provas só poderá ocorrer quando de-
monstrada sua indispensabilidade e razoabilidade. Não só as diligências determinadas
―ex officio‖, mas também as provas requeridas pelas partes devem respeitar a razoabili-
dade.
Essa nova regra, instaurada no dispositivo em comento, é criticada, pois dá ao juiz
a possibilidade de determinar, por meio de sua iniciativa, a produção de provas durante
a investigação, ferindo o sistema acusatório, bem como outros princípios norteadores do
Direito Processual Penal, como a imparcialidade do juiz e o princípio da presunção de
inocência.

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as pro-


vas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou
legais. (Alterado pela Lei 11690 de 10/06/2008)
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando
não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as deriva-
das puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Acrescentado
pela Lei 11690 de 10/06/2008)
§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmi-
tes típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz
de conduzir ao fato objeto da prova.
§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível,
esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o inci-
dente.

A Constituição da República de 1988 dispõe no inciso LVI, do seu art. 5º que: "são
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos‖. Utilizando, assim, a
terminologia provas ilícitas de uma maneira genérica, englobando tanto as provas ilícitas
propriamente ditas, como também as provas ilegítimas. Logo, qualquer meio de prova
que não encontre respaldo nas garantias constitucionais vigentes, deverá ser expurgado
imediatamente do processo. Sendo considerada ilícita, a prova será inutilizada por deci-
são judicial.
A prova derivada da ilícita deve ser expurgada do processo, pois é inadmissível para
a formação da convicção judicial. Há duas exceções: a) inexistência de nexo causal entre
a prova ilícita e a prova acoimada de derivada da primeira. É possível que determinada
prova seja apontada por qualquer das partes como derivada de outra, considerada ilícita.

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Entretanto, feita uma verificação detalhada, observa-se que não existe nexo de causa e
efeito entre elas.
Por isso não se pode desentranhar a denominada prova derivada. Ex.: afirma-se que
a apreensão do objeto furtado somente se deu em razão da confissão do indiciado, extra-
ída sob tortura. Seria a referida apreensão uma prova ilícita por derivação. Ocorre que,
pela data do auto da apreensão, constata-se que adveio antes da medida assecuratória e,
somente depois, o indiciado confessou a prática da infração. Logo, inexiste nexo causal
entre ambas.

Artigo 158/CPP – Quando a infração deixar vestígios será indispensável o exa-


me de
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusa-
do. Em se tratando de infrações penais que deixam vestígios (homicídio, lesão corporal,
estupro, estelionato, aborto, dentre tantas outras) o exame de corpo de delito será indis-
pensável, justamente para que se comprove a materialidade do fato, prova essencial à
busca da verdade real. São os denominados ―delictas factis permanentis”. No entanto,
existem outros delitos que não deixam vestígios (crimes contra honra praticados oral-
mente, desacato, etc).
Em relação a estes não é o caso em se falar de exame de corpo de delito. São os
chamados ―delictas factis transeuntes”.
O exame de corpo de delito talvez seja a prova que mais controvérsia suscite nos di-
as atuais, nada obstante o seu elevado grau de influência na formação do convencimento
do juiz, por se tratar de prova técnica e, não raras vezes, decisiva. Essa determinação
legal evidencia, de forma direta, a importância e a relevância que a perícia representa no
contexto probatório, referindo-se, taxativamente, sobre a sua indispensabilidade, sob
pena de nulidade do processo.
Exceção: nos termos do art. 167 do Código de Processo Penal, se não for possível a
realização do exame, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá
suprir-lhe a falta.
Se não for possível o exame direto, isto é, no próprio corpo do delito, admite-se a re-
alização pela via indireta, por meio de elementos periféricos, como a análise de ficha clí-
nica de paciente que foi atendido em hospital, avaliação indireta de um objeto.

Artigo 159/CPP – O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados


por
perito oficial, portador de diploma de curso superior. (Alterado pela Lei 11690 de
10/06/2008);
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idô-
neas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específi-
ca, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exa-
me. (Alterado pela Lei 11690 de 10/06/2008)
§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente de-
sempenhar o encargo.
Neste caso os peritos são nomeados para um caso concreto de crime, denominadas
de peritos não oficiais. Deve os mesmos elaborar um laudo pericial ou um auto de exame
de corpo de delito, que deve ir para o Inquérito ou Processo conjuntamente com o termo
de compromisso.

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Para cada perícia, um termo de compromisso, que no caso é considerado como uma
formalidade que constitui elemento essencial do ato processual.
§ 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao
ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assis-
tente técnico. (Acrescentado pela Lei 11690 de 10/06/2008)
§ 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a
conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes
intimadas desta decisão.
§ 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perí-
cia:
I - requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responde-
rem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a se-
rem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias,
podendo apresentar as respostas em laudo complementar;
II - indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a
ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.

§ 6º Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de ba-


se à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre
sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se
for impossível a sua conservação.
§ 7º Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhe-
cimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial,
e a parte indicar mais de um assistente técnico.
No modelo brasileiro, vigente em nosso Código de Processo Penal, cabe à Autoridade
Policial (Delegado de Polícia), presidente do Inquérito Policial, requisitar a perícia. Tam-
bém podem determinar a realização de perícias, o Promotor de Justiça e o Juiz. Todavia,
na grande maioria das ocorrências, onde o Delegado de Polícia primeiro toma conheci-
mento e por ser o presidente do inquérito, é quem mais exerce essa prerrogativa. Salien-
ta-se, ainda, que também as partes, especialmente por intermédio dos advogados que lhe
representam, poderão requerer exames periciais, tanto na fase do inquérito policial (re-
querendo ao delegado de polícia) ou, na fase processual, diretamente ao juiz. No entanto,
não poderá requerer na fase inquisitorial a revisão ou complementação de exames peri-
ciais, uma vez que essa prerrogativa é exclusiva do magistrado. Esta prerrogativa carac-
teriza-se pela ausência de dispositivo contrário a esse procedimento e, em especial, pelo
que orienta o artigo 184 do CPP (―Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a
autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao
esclarecimento da verdade‖).
Há também os casos de crimes militares (Polícias Militares ou Forças Armadas) nos
quais o oficial que preside o Inquérito Policial Militar poderá requisitar os respectivos
exames periciais. Ainda nas situações as CPIs levadas a efeito nos Legislativos Federal,
Estadual ou Municipal, pode o seu Presidente requisitar a realização de exames perici-
ais.

Artigo 160/CPP – Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão mi-


nuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez)
dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento
dos peritos.
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Muitas perícias requerem exames complementares, que são necessárias para a aná-
lise e conclusão do laudo pericial, demandando assim dilação do prazo previsto.

Artigo 161/CPP – o exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia
e a qualquer hora.
O texto não determina expressamente que os exames periciais sejam realizados a
qualquer dia e hora, mas admite essa possibilidade.

Artigo 162/CPP - A autópsia será feita pelo menos 6 (seis) horas depois do óbi-
to, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser
feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único - Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame exter-
no do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões
externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame
interno para a verificação de alguma circunstância relevante.
Trata-se de medida de cautela, que objetiva impedir a realização do exame em um
corpo onde ainda haja possibilidade de vida. Note-se que o CPP refere-se à autópsia,
quando tecnicamente deveria indicar ―necropsia‖. Atualmente, observa-se que a expres-
são ―necropsia‖ é mais utilizada nos Institutos de Medicina Legal, enquanto que ―autóp-
sia‖ é mais adotada nos âmbito dos hospitais.
O tempo de seis horas baseia-se no fato que se evite que o exame seja realizado com
a vítima viva, tal como ocorre na catalepsia, como exemplo, ou outros estados letárgicos
similares como a ingestão de tóxicos.
Consoante dispõe o artigo 162, parágrafo único, nem sempre será necessário o
exame interno. Basta o exame externo do cadáver nos casos de morte violenta em que
não houver infração penal para apurar como é o caso de morte acidental. Considera-se
ainda desnecessária quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e
não houver exame interno para averiguar alguma circunstância relevante.

Artigo 163/CPP - Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade


providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligên-
cia, da qual se lavrará auto circunstanciado.
Parágrafo único - O administrador de cemitério público ou particular indicará o
lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de
quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a
inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará
do auto.
As exumações podem ser requeridas administrativamente ou judicialmente, pelos
herdeiros ou pelas autoridades.

Artigo 164/CPP – Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que


forem
encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e ves-
tígios deixados no local do crime.
Embora as fotografias não sejam prova única, elas contribuem para a formação da
convicção das autoridades que analisarem os inquéritos.

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Artigo 165/CPP - Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peri-
tos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou
desenhos, devidamente rubricados.
Artigo 166/CPP - Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado,
proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou
repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reco-
nhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e
indicações.
Parágrafo único - Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os
objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver.
Os peritos deverão lançar mão de impressões digitais, fotografias, radiografias, fi-
chas dentárias e exames de DNA. Os parentes poderão fazer o reconhecimento do de cu-
jus, assim como outras pessoas que o conheciam. Será lavrado um auto de reconheci-
mento.

Artigo 167/CPP – Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Em outras palavras, não sendo possível a realização do corpo de delito por haverem
desaparecido – e não por não terem sido realizados em prazo adequado – a prova teste-
munhal poderá, então, suprir tal hipótese.

Artigo 168/CPP – Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial ti-


ver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da au-
toridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público,
do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 1º - No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de
delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
§ 2º - Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no Art. 129, §
1º, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 (trinta) dias,
contado da data do crime.
§ 3º - A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemu-
nhal.

Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:


Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º - Se resulta:
I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.

Artigo 169/CPP – Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a
infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado
das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotogra-
fias, desenhos ou esquemas elucidativos.

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Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das
coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica
dos fatos.

Artigo 170/CPP – Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material su-


ficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos
serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou es-
quemas.

Artigo 171/CPP – Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de


obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de des-
crever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época
presumem ter sido o fato praticado.

Artigo 172/CPP – Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas des-


truídas, deterioradas ou que constituam produto do crime.
Parágrafo único - Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à ava-
liação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de dili-
gências.

Artigo 173/CPP – No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar


em que houver começado o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o
patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que
interessarem à elucidação do fato.

Artigo 174/CPP – No exame para o reconhecimento de escritos, por compara-


ção de letra, observar-se-á o seguinte:
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para
o ato, se for encontrada;
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa
reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou
sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documen-
tos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a
diligência, se daí não puderem ser retirados;
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os
exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se esti-
ver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita
por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a es-
crever.

Artigo 175/CPP – Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a


prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência.
Artigo 176/CPP – A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato
da
diligência.

Artigo 177/CPP – No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no


juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa
nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.
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Parágrafo único - Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precató-
ria.

Artigo 178/CPP – No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autorida-
de ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos.

Artigo 179/CPP – No caso do § 1º do Art. 159, o escrivão lavrará o auto respec-


tivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela autori-
dade.
Parágrafo único - No caso do Art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser
datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos.

Artigo 180/CPP – Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no


auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá
separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de
ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.

Artigo 181/CPP – No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de


omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a
formalidade, complementar ou esclarecer o laudo.
Parágrafo único - A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo
exame, por outros peritos, se julgar conveniente.

Artigo 182/CPP – O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou re-
jeitá-lo, no todo ou em parte.

Artigo 183/CPP – Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o
disposto no Art. 19.
Art. 19 - Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão
remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu re-
presentante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.

Artigo 184/CPP – Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autori-


dade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao
esclarecimento da verdade.

LEVANTAMENTOS PERICIAIS EM LOCAIS DE CRIME

Conceituação e classificação

"Local de crime é toda área onde tenha ocorrido um fato que assuma a configuração
de delito e que, portanto exija as providências da Polícia Judiciária". Neste conceito estão
compreendidos, naturalmente, os crimes de qualquer espécie, bem como, todo fato que,
não constituindo crime, deva chegar ao conhecimento da polícia, a fim de ser convenien-
temente esclarecido.
Para o Professor Carlos Kehdy, em sua obra ―Elementos de Criminalística‖ (1968),
define local de crime como ―toda área onde tenha ocorrido qualquer fato que reclame as
providências da polícia‖.
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Por outro lado, para Eraldo Rabello, local de crime é a ―porção do espaço compreen-
dida num raio que, tendo por origem o ponto no qual é constatado o fato, se estenda de
modo a abranger todos os lugares em que, aparente, necessária ou presumivelmente,
hajam sido praticados, pelo criminoso, ou criminosos, os atos materiais, preliminares ou
posteriores, à consumação do delito, e com este diretamente relacionados‖.
A cena ou local de crime é o(s) ambiente(s) onde ocorreu a ação delituosa, compre-
endendo todo o espaço físico onde se encontrarem vestígios desta ação. Nele se concen-
tram os vestígios que auxiliarão a investigação policial se forem corretamente levantados
e interpretados. Desta maneira, a delimitação do espaço físico e a proteção dos vestígios
são aspectos fundamentais, todos relacionados direta ou indiretamente com o fato a ser
levantado e elucidado.

O local de crime pode ser classificado segundo diversos critérios, dentre eles:

Quanto à natureza da área ou local da ocorrência:


Local interno ou local externo: se o espaço físico ocupado pelo local do crime é de
acesso livre, ou seja, sem delimitações físicas à entrada, configura-se como local externo,
como por exemplo, campo aberto, cerrado, fazenda, rua, praça, etc. Se for dotado de
algum tipo de obstrução ou cercamento que objetive restringir o acesso ao mesmo, é de-
nominado local interno, como por exemplo, interior de edifícios, residências, lojas, pátios
de estacionamento, garagens, etc.

Aberto ou fechado: se há no espaço compreendido pelo local de crime algum tipo


de proteção contra as intempéries, este é chamado local fechado. Se não há tal tipo de
proteção, será denominado local aberto;

Público ou particular: tal classificação é relativa à propriedade da área do local do


crime, se espaço público ou propriedade particular.

Quanto à região de ocorrência:

Imediato: é a área de maior concentração de vestígios da ocorrência do fato, geral-


mente é o local onde ocorreu o fato, ou seja, o local propriamente dito.

Mediato: compreende as adjacências do local onde ocorreu o fato, sendo definido


por Carlos Kedy como ―a área intermediária entre o local onde ocorreu o fato (local pro-
priamente dito) e o grande ambiente exterior‖.

Relacionado: São aqueles que se referem a uma mesma ocorrência, isto é quando
duas ou mais áreas diferentes se associam ou se completam na configuração do delito. É
o que ocorre, por exemplo, na falsificação, num local se prepara o material falsificado e
em outro ele é negociado.
Como exemplo há a situação de um homicídio que é perpetrado no interior de uma
casa, onde os autores executam a vítima, embalam o corpo e o transportam no interior
de um veículo para uma via pública distante da residência. Neste contexto, o local ime-
diato será o veículo, o local mediato, o trecho da via pública onde o mesmo se encontra,
e o local relacionado será a residência onde se perpetrou o homicídio.

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Quanto á natureza do fato típico:

Homicídio
Suicídio
Incêndio
Furto
Roubo
Latrocínio
Aborto, etc.

Quanto à preservação:

Local idôneo, preservado ou não violado: é aquele em que a cena do crime e os


demais vestígios não foram alterados em absolutamente nenhum dos seus aspectos. É
um local de difícil ocorrência, vez que o simples acesso do primeiro policial ao mesmo,
seja para verificar as condições de segurança do mesmo, seja para verificar o estado da
vítima ou prestar socorro à mesma, já descaracteriza o local, por deixar vestígios da pas-
sagem do mesmo;

Local inidôneo, não preservado ou violado: quando há a alteração de característi-


cas do local que não tenham por objetivo a preservação da segurança ou da vida da víti-
ma, esta alteração transformará este local em inidôneo, uma vez que foi desnecessária e
alterou as condições iniciais do local logo após o crime.

ISOLAMENTO E PRESERVAÇÃO

O Código de Processo Penal garante, no seu artigo 169, o respaldo necessário para o
isolamento e preservação da cena do crime:

“Art. 169 - Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infra-
ção, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das
coisas até a chegada dos Peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias,
desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único – Os Peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das
coisas e discutirão, no relatório, as consequências destas alterações na dinâmica
dos fatos.

O artigo 6º do Código de Processo Penal indica as medidas que devem ser tomadas
pela autoridade policial tão logo tome conhecimento da prática de uma infração penal.
Entre as medidas preconizadas, a primeira tarefa é de ―dirigir-se ao local, providenciando
para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos
criminais‖ e em segundo lugar, ―apreender os objetos que tiverem relação com o fato,
após liberados pelos peritos criminais‖.
Os objetivos do exame do local de crime se confundem com os objetivos da crimina-
lística, ou seja: constatar o delito, qualificar a infração penal, a coleta de vestígios e per-

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petuar os vestígios constatados. Para atingir os objetivos citados, é necessária a aplica-
ção
de técnicas que registrem as características gerais e particulares de um lugar rela-
cionado com um fato presumidamente delituoso.
O isolamento e a consequente preservação do local de infração penal são garantias
que o perito terá de encontrar a cena do crime conforme fora deixado pelo (s) infrator (es)
e pela vítima (s) e, com isso, ter condições técnicas de analisar todos os vestígios. É tam-
bém uma garantia para a investigação como um todo, pois teremos muito mais elemen-
tos para analisar e carrear para o inquérito e, posteriormente, para o processo criminal.
É necessário entender que o isolamento e preservação da cena do crime não é um
processo único. Há uma sutil diferença entre isolamento e preservação. O isolamento é o
ato
de impedir o acesso de QUALQUER pessoa à cena do crime que não seja aquela
responsável pela coleta e análise dos vestígios. É importante ressaltar que o único profis-
sional que PRECISA adentrar no local do crime é o Perito Criminal, pois é o único que
sabe interpretar os tênues vestígios deixados na cena do crime. Como exemplo, pode-se
citar o formato de uma mancha de sangue como um vestígio complexo, que demanda
conhecimentos específicos, trazendo diversas informações sobre a dinâmica do fato, en-
tretanto sendo extremamente efêmero e de fácil destruição.
Neste contexto, a preservação é conseqüência do isolamento. O objetivo da preser-
vação do local é manter os vestígios intactos até o momento em que os mesmos serão
coletados e perpetuados pelos peritos criminais, evitando alterações dos mesmos. Tais
alterações poderiam interferir e/ou destruir vestígios tais como impressões papilares,
posições de estojos ou projéteis, localização de objetos, assim como as já citadas man-
chas de sangue.
A preservação do local e de suas evidências objetiva a proteção adequada e medidas
para evitar a contaminação, e para que as alterações do local e das evidências materiais
sejam reduzidas ao mínimo. A preservação do local inicia-se logo que possível após o in-
cidente ser descoberto e denunciado às autoridades competentes. As preocupações
quanto à proteção do local encerram-se somente quando o processo de exame pericial
estiver concluído e o local for liberado.
A delimitação da área a ser preservada é uma atividade complexa e os limites do lo-
cal podem mudar de acordo com o prosseguimento da análise do local. O que parece ser
evidente no início pode mudar e precisar ser reavaliado.
Uma vez definida, a área é explicitamente isolada usando-se qualquer tipo de bar-
reira física. Qualquer pessoa não essencial que adentrou no local antes do estabeleci-
mento do cordão de isolamento deve ser retirada (e essa informação é registrada) e
quaisquer pessoas não essenciais são impedidas de entrar no local de crime durante to-
do o exame pericial.
Do início ao fim dos exames periciais do local de crime, é importante a aplicação de
medidas rígidas para evitar contaminações. Elas incluem: usar peças de vestuário prote-
toras (por exemplo, luvas e capas para calçados); empregar um único caminho ao entrar
no local (isso também é válido para o pessoal médico no atendimento à vítima); evitar o
uso de quaisquer recursos disponíveis no local (ex., banheiro, água, toalhas, telefone);
não comer, beber ou fumar; evitar mover algo ou alguém, a menos que seja absoluta-
mente necessário (se algo ou alguém for movido, a localização inicial deve estar cuidado-
samente documentada).
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Vale a pena ressaltar que a importância dos vestígios não está restrita ao que ele
representa. São de fundamental importância, também, as posições em que se encontram
e suas possíveis relações com outros vestígios, que podem não ser perceptível de imedia-
to.
O perigo da inobservância desta regra não reside apenas na possibilidade de serem
destruídos vestígios importantes, mas, também, a de serem alterados vestígios, posições
e a inclusão de novos vestígios.

VESTÍGIOS, EVIDÊNCIAS E INDÍCIOS:

Segundo o lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, PROVA significa ―aquilo


que atesta a veracidade ou a autenticidade de alguma coisa; demonstração evidente‖.
Então a prova é o elemento atestador do fato.
Prova é todo meio legal, usado no processo, capaz de demonstrar a verdade dos fa-
tos alegados em Juízo. A prova deve ter como objetivo principal o convencimento do Juiz.
Para Victor Quintela et al., prova é um ―conjunto de meios idôneos, visando a afir-
mação da existência positiva ou negativa de um fato, destinado a fornecer ao Juiz o co-
nhecimento da verdade, a fim de gerar sua convicção quanto à existência, ou inexistên-
cia dos fatos deduzidos em Juízo.
Daí, podemos concluir que a prova subjetiva, é aquela situação que contém um ca-
ráter individual, um relato pessoal, onde a Polícia busca a elucidação do delito. Não pode
ser contestada, a não ser que sejam eivadas de mentiras, contradições, somente podendo
ser aferida quando em seu relato constam informações que podem ser confrontadas, p.
ex.: data, horário, informações técnicas, etc.
Prova objetiva é todo e qualquer elemento físico coletado na cena do crime, corpo da
vítima e/ou agressor e local relacionado ao crime, que seja possível de ser demonstrada,
coletada ou analisada. É constituída por todos os objetos vivos e inanimados, sólidos,
líquidos e gasosos, relacionados com o fato.
Neste contexto, a prova objetiva é a melhor testemunha da ação criminosa, que não
mente, não deixa dúvida e não pode estar errada. Cabe ao Perito Criminal o levantamen-
to da prova objetiva, ou seja, a detecção e perpetuação desta, sendo que qualquer falha
decorrente deste processo invalida e destrói a prova objetiva. Para que tal busca seja
possível no local de crime, faz-se necessária a manutenção das condições deste para que
as provas sejam coletadas e perpetuadas. Neste contexto, o isolamento e preservação da
cena do crime se tornam imprescindíveis.
A prova pode ser ainda ser classificada como TESTEMUNHAL (testemunhas, acare-
ações, etc.), DOCUMENTAL (também conhecida como literal ou instrumental) (cartas,
livros, escritos públicos, etc.) e MATERIAL (corpo de delito, exames, vistorias, etc.).

VESTÍGIO X EVIDÊNCIA X INDÍCIO

Os peritos criminais, ao examinarem um local de crime, estarão procurando todos


os tipos de objetos, marcas, ou sinais sensíveis que possam ter relação com o fato inves-
tigado. Todos esses elementos, individualmente, são chamados de vestígios.

Vestígio é todo objeto ou material bruto constatado e/ou recolhido em um local de


crime para análise posterior. Assim podemos dizer que o vestígio é tudo o que encontra-
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mos no local do crime que, depois de estudado e interpretado pelos peritos, possa vir a
se transformar individualmente ou associado a outros - em prova. É claro que antes de
se transformar em uma prova, passará pela fase da evidência.

Todos os vestígios encontrados em um local de crime, num primeiro momento, são


importantes e necessários para elucidar os fatos, ou seja, na prática, o vestígio é assim
chamado, para definir qualquer informação concreta que possa ter, ou não, alguma rela-
ção com o crime.
A existência do vestígio pressupõe a existência de um agente provocador (que o
causou ou contribuiu para tanto) e de um suporte adequado (local em que o vestígio se
materializou).

Os vestígios podem ser:

VESTÍGIOS VERDADEIROS: é uma depuração total dos elementos encontrados no


local do crime, pois somente o são aqueles produzidos diretamente pelos atores da infra-
ção e, ainda, que sejam produto direto das ações do cometimento do delito em si.

VESTÍGIOS ILUSÓRIOS: é todo elemento encontrado no local do crime que não es-
teja relacionado às ações dos atores da infração e desde que a sua produção não tenha
ocorrido de maneira intencional. A presença deste tipo de vestígio é devida principalmen-
te pela falta de isolamento e preservação do local.

VESTÍGIOS FORJADOS: todo elemento encontrado no local do crime, cujo autor


teve a intenção de produzi-lo, com o objetivo de modificar o conjunto dos elementos ori-
ginais produzidos pelos atores da infração.
Para os peritos criminais, sempre será mais difícil a constatação e análise de um
vestígio ilusório ou forjado, pois terão que adicionar outros exames e análises para que
possam chegar a conclusão de que se trata de situações não relacionadas diretamente à
ação dos atores da infração.

VESTÍGIOS PROPOSITAIS: são produzidos com o objetivo de indicar uma qualida-


de, uma condição, um aviso, uma advertência. Como exemplos têm-se marca de indús-
tria, distintivo de sócio, figura de um crânio humano com duas tíbias cruzadas como si-
nal de perigo, as placas e sinais de trânsito.
Para Eraldo Rabelo a finalidade precípua de um vestígio proposital não é de provar
um fato, mas apenas a de indicar determinada qualidade ou condição, de maneira a tor-
ná-las conhecidas de pano, por intermédio da identificação do símbolo característico.

VESTÍGIOS ACIDENTAIS: são produzidos involuntariamente pelo agente. São


exemplos as impressões digitais, as manchas de material orgânico, pelos, cinzas, fibras,
sinais de luta, a posição do corpo.

VESTÍGIOS PERCEPTÍVEIS: são aqueles que podem ser diretamente captados pe-
los sentidos humanos (tato, visão, paladar, audição e olfato), sem a utilização de qual-
quer artifício ou aparelho, como manchas de sangue, sinais de arrastamento, armas
eventualmente deixadas no local.

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VESTÍGIOS LATENTES: necessitam da utilização de técnicas ou aparelhos especi-
ais para serem observados, como manchas esperma, resíduos provenientes de disparos
de arma de fogo, impressões digitais, etc.

VESTÍGIOS PERENES: são aqueles que não desaparecem com o tempo, sendo des-
truídos somente por evento natural incomum e de grandes proporções. Como exemplos,
as ossadas, os danos decorrentes de acidentes automobilísticos, mossas, projéteis.

VESTÍGIOS PERSISTENTES: permanecem indeléveis por um longo tempo, permi-


tindo sua análise posteriormente. Como exemplos, manchas de sangue em tecidos, pe-
los, fibras, etc.

VESTÍGIOS FUGAZES: são aqueles que desaparecem facilmente, exigindo que sua
coleta e análise sejam rápidas. Como exemplos, marcas de frenagens em vias públicas,
substâncias voláteis, manchas de sangue em local público.

A idoneidade dos vestígios é fator primordial no contexto de uma perícia, uma vez
que poderemos comprometer todo o trabalho e, com isso, estarmos prejudicando o con-
junto da investigação criminal e do processo judicial posterior.

Entende-se por evidência, quando o expert chega à conclusão, após análise sobre o
conjunto dos elementos coletados, que determinado vestígio está ligado, de fato, com o
caso em exames, deixando assim de ser um simples vestígio para passar a ser denomi-
nado de evidência.

A evidência, segundo o Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa, significa: s.f.


Qualidade de evidente, certeza manifesta. (Cf. evidencia, do v. evidenciar.) tornar eviden-
te; mostrar com clareza; comprovar; p. aparecer com evidência; mostrar-se, patentear-se.

No conceito da criminalística evidência significa qualquer material, objeto ou infor-


mação que esteja relacionado com a ocorrência do fato. Assim, evidência é o vestígio
analisado e depurado, tornando-se uma prova por si só ou em conjunto, para ser utiliza-
da no esclarecimento dos fatos.

As evidências, por decorrerem dos vestígios, são elementos exclusivamente materi-


ais e, por conseguinte, de natureza puramente objetiva. O Código de Processo Penal de-
fine indício, em seu artigo 239, como sendo:
Art. 239 – Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo re-
lação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras cir-
cunstâncias.
É claro que nesta definição legal do que seja indício, estão, além dos elementos ma-
teriais, outros de natureza subjetiva, ou seja, estão incluídos todos os demais meios de
prova.
Todas as investigações criminais se relacionam com pessoas ou com coisas. Somen-
te PESSOAS cometem crimes, mas elas invariavelmente o fazem por intermédio de
INSTRUMENTOS. São estas coisas que, juntas, constituem o vasto campo dos
VESTÍGIOS.
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Assim sendo, podemos deduzir que a evidência é o vestígio que, mediante porme-
norizados exames, análises e interpretações pertinentes, se enquadra inequívoca e obje-
tivamente na circunscrição do fato delituoso. Ao mesmo tempo, infere-se que toda evi-
dência é um indício, porém o contrário nem sempre é verdadeiro, pois o segundo incor-
pora, além do primeiro, elementos outros de ordem subjetiva.
Segundo Victor Quintela et al. se um determinado vestígio após devidamente anali-
sado e interpretado com os resultados dos exames complementares, em conjunto com os
dados da investigação policial, tiver uma relação com o fato delituoso e com as pessoas
com este relacionadas, este terá se transformado em indício.
Por fim, lembrando o Professor Gilberto Porto, em sua obra Manual de Criminalísti-
ca, podemos dizer que: “o vestígio encaminha; o indício aponta.”

PRINCIPAIS VESTÍGIOS ENCONTRADOS EM LOCAIS DE CRIME:

A boa técnica pericial determina que o perito deve considerar como vestígio material
somente o que ele próprio constatar como tal, jamais aceitando que terceiros lhe apre-
sentem possíveis ―corpos de delito‖ que estariam fazendo parte de um local de crime por
ele examinado e não constatado no ato.
Dependendo do tipo de delito, os locais de crimes poderão ter conteúdo variado de
vestígios, como, por exemplo, nos crimes contra a pessoa, que possuem evidências espe-
cíficas, relacionadas à vítima. Já nos crimes contra o patrimônio, os vestígios apresenta-
dos relacionam-se à coisa. Ressalta-se que no local de crime serão pesquisados elemen-
tos físicos que configurarão as provas materiais para a tipificação do delito e a busca de
sua autoria, sendo definidos como sendo, os vestígios que determinada ação criminosa
deixa. Por outro lado, a importância dos vestígios não se encontra adstrita somente ao
que eles representam, mas, é de vital importância, também, as posições em que se en-
contram e suas possíveis relações com outros vestígios, que podem não serem analisa-
dos de imediato. Todavia, apesar de ser extremamente evitado modificar o estado das
coisas, ocorrem casos em que algumas medidas destas se fazem necessário, tais como
cobrir o cadáver, objetivando impedir que a chuva, ou outra intempérie destrua vestígios
importantes como manchas de fluídos corpóreos ou esfumaçamento.

PRINCIPAIS VESTÍGIOS ENCONTRADOS EM LOCAIS DE CRIMES CONTRA A


PESSOA:
A primeira providência dos peritos quando chegam ao local do crime é fazer uma
observação geral e à distância do ponto central (que normalmente é onde está o cadáver
), a fim de dividir a área a ser examinada em local imediato e em local mediato, visando a
sistematização dos seus procedimentos ao longo de todo o exame naquela área.
A perícia em local de crime contra a pessoa, o chamado local de morte violenta, é
uma das áreas da criminalística que mais oferece riqueza de vestígios, capaz de propiciar
ao perito criminal um trabalho de desafio ao raciocínio lógico e à metodologia científica
que deve ser aplicada em cada caso.
Em um local de crime, as manchas de sangue podem variar em volume, tamanho,
quantidade, forma de preservação, ligação com outros objetos. As manchas não apresen-
tam um padrão único e isolado dos outros, e devido a isso, sempre existe o questiona-

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mento sobre o tipo de mancha avaliada e com que tipo de ação a mancha está relaciona-
da.
Um dos principais vestígios encontrados são as manchas de sangue. O estudo das
mesmas é de suma importância e visa, sobretudo, determinar a principio, se realmente
se trata de sangue humano, qual é o grupo sanguíneo e o fator RH, cujo exame será efe-
tuado no laboratório criminal, depois de adequada colheita procedida pelo Perito, quando
do levantamento do local. Cabe, entretanto, exame no próprio local, de aspecto formal da
mancha, isto é da forma como se apresenta aderida a uma determinada superfície, a
qual pode fornecer detalhes importantes para se estabelecer a possível dinâmica do
evento. Sob este aspecto, as manchas de sangue podem se apresentar sob os seguintes
modos:
Gotejamento: O sangue cai impulsionado somente pela força da gravidade, cujos
salpicos se irradiam quase regularmente pela queda perpendicular das gotas variando
seu aspecto em razão da distancia entre o foco que a desprende e a superfície em que vai
se depositar. Indicam ausência de movimento ou movimentação em baixa velocidade.
Segundo Luiz Eduardo Dórea, nas manchas por queda livre sobre planos horizon-
tais o sangue atinge o piso ou outro anteparo, impulsionado apenas pela ação da gravi-
dade.
Na dependência da altura, as manchas produzidas formarão gotas ou gotículas de
conformação circular.
Se o anteparo for oblíquo, a configuração das manchas não será circular. Inicial-
mente a gota se expande e depois o sangue desce para a parte inferior alargando-se. O
líquido concentra-se na parte mais baixa, formando uma massa ovoide que, ao descer,
vai diminuindo de espessura.

Projeção ou espargimento: O sangue cai impulsionado pela força da gravidade,


acrescida de uma segunda força de impulsão, cujos salpicos se apresentam de forma
alongada e não se dispõem regularmente. Sob esse aspecto, a presença dessas formas
podem nos indicar:
- Manchas produzidas por sangue caindo, estando a região ferida em movimento
(mão, braço, antebraço). Apresentam-se ligeiramente alongadas e esse alongamento é
tanto mais pronunciado quanto mais rápido for o movimento;
- Manchas produzidas pelo ferimento numa artéria, sofrendo impulso pela própria
pressão sanguínea. Apresentam-se muito alongadas, não se dispondo regularmente e,
geralmente, indicam o ponto inicial de agressão sofrida pela vitima.

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Contato: São produzidas pelo contato de uma parte do corpo, impregnada de san-
gue, contra uma superfície qualquer, as quais se apresentam sob a forma de sangue
amassado, podendo vir da vitima ou do agressor.

Empoçamento: Decorrem da perda abundante de sangue, geralmente, em conse-


qüência do ferimento ou por surgimentos pela boca, narinas ou ouvidos, estando a viti-
ma já inerte, quase sempre caída. E mais comum o encontro da poça junto ou nas pro-
ximidades do cadáver.

Morfologia de manchas de sangue por empoçamento

Escorrimento: São manchas alongadas provenientes do escorrimento de sangue de


poças existentes no local, geralmente em conseqüência de declividade do piso. O sangue
inicialmente depositado ou projetado sobre móveis e paredes, desce pela ação da gravi-
dade.

Morfologia de manchas de sangue por escorrimento

Impregnação: São encontradas nas vestes da vitima, indiciado ou em qualquer te-


cido existente no local (lençol, toalha, etc.);

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Morfologia de manchas de sangue por impregnação

Limpeza ou remoção: São feitas em tecidos, papéis ou similares, usados pele criminoso
para limpar a faca ou instrumento ou mesmo as mãos. Quando existentes na roupa da
vitima, evidenciam o estado de ânimo do criminoso, que após golpear a vitima, ainda foi
capaz de utilizar a própria veste da mesma para limpar sua arma.

Morfologia de manchas de sangue por limpeza ou remoção

Outras manchas encontradas em locais de crimes contra a pessoa são:

Manchas de esperma
São geralmente encontradas nos locais de crime de natureza sexual, sendo pesqui-
sadas com maior incidência nos seguintes suportes:
- nas roupas de cama;
- nas vestes da vitima ou do suspeito;
- no ambiente vaginal;
- no reto;
- em outros pontos ou objetos, de acordo com a tipicidade da área.

Manchas de urina
A exemplo das manchas de fezes são comumente verificadas nos locais de crimes
contra o patrimônio. Entretanto, podem ser observadas nos locais de crimes contra a
vida, impregnando as vestes das vitimas, em determinados casos de mortes violentas.
Como a urina é o meio de secreção de uma grande quantidade de substâncias, no-
tadamente restos de metabolismo, medicamentos e substâncias tóxicas, sua análise as-
sume grande importância médico-legal, particularmente para a toxicologia forense.
As manchas de sangue geralmente vêm associadas a outras substâncias como es-
perma, matéria fecal e mecônio.

Manchas de vômito
Oferecem especial interesse nos casos de envenenamento, porque podem indicar a
natureza do veneno ingerido. Além disso, podem ser utilizadas na comparação entre os
resíduos de alimentos encontrados no estômago da vítima e aqueles recolhidos no local.
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O vômito pode ter sido deixado no local, tanto pela vítima, quanto pelo autor. Caso
seja comprovado que tal vestígio pertença ao autor, será possível orientar uma investiga-
ção pelos hábitos alimentares dos suspeitos.
Nos casos de envenenamento (acidental, suicídio ou homicídio), o exame das man-
chas de vômito , assim como do conteúdo gástrico da vítima, pode auxiliar a identifica-
ção da natureza da substância causadora do óbito.

Manchas de saliva
As manchas de saliva têm coloração variada que vão desde amareladas a esbran-
quiçadas ou acinzentadas, de contornos mal definidos e não oferecem fluorescência à luz
ultravioleta.
Podem estar relacionadas com uma extensa variedade de delitos e ser encontradas
sob a forma de restos deixados por beijos ou mordidas, nos crimes contra a liberdade
sexual e peças de vestuário utilizadas para amordaçar a vítima. Também são frequente-
mente encontradas em guimbas de cigarro.

Manchas de leite
As manchas têm coloração amarelo-acinzentada, mais escura nas bordas. Quando
secas, dão ao tecido um aspecto engomado, semelhante às de esperma.
O encontro de manchas produzidas por secreção mamária (leite e colostro) normal-
mente está relacionado com problemas ligados ao parto ou aborto.

Manchas de mecônio
O mecônio começa a ser eliminado de 6 a 12 horas após o nascimento e prolongado
por 2 a 3 dias, sendo possível sua excreção durante o parto, principalmente em casos
que ocorres algum trauma fetal.
A pesquisa de mecônio é importante em casos de aborto, partos clandestinos e in-
fanticídios. Com frequência este tipo de mancha vem acompanhada de sangue, líquido
amniótico e restos placentários.

Manchas de origem não fisiológica


Podem ser encontradas nos locais manchas de substâncias não emanadas no corpo
humano, as quais se estiverem relacionadas com o fato, deverão ser descritas e recolhi-
das posteriormente, para os devidos exames de identificação das mesmas. Algumas delas
são as seguintes:

Tinta: Podem ser consideradas as tintas de diversas espécies (para paredes, para
escrever, etc.);
Cera: Apresentam-se geralmente nos locais de furtos sob a forma de lagrimas (res-
pingos de velas), acompanhadas de palitos de fósforos;
Ferrugem: Podem em alguns casos apresentarem semelhança com manchas de
sangue, podendo também, se encontrada nas vestes do agente ou vitima, indicar que a
arma ou instrumento achavam-se oxidados;
Lama: Oferecem interesse porque podem indicar lugares por onde um indivíduo te-
nha passado. Podem ser encontradas nos pés descalços, calçados, nas roupas e no local
do crime sendo procedentes de terrenos, estradas, ruas sem calçamento, etc.
Pólvora: Podem ser encontradas no corpo da vitima (imediações do ferimento), nas
vestes, nas mãos do autor ou da vitima, objetos, paredes, janelas, etc.
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Pintura: Geralmente são encontradas nas vestes do suspeito, produzidos pelo atrito
contra as paredes, ou mesmo nas mãos e dedos, como conseqüência do apoio destas
contra paredes ou muros. Podem ainda ser encontradas no corpo da vítima, decorrentes
do arrastamento da mesma por superfícies recém-pintadas ou cuja tinta seja de fácil
desprendimento, como por exemplo, nas tintas à base de cal.
Pegadas: São produzidas por pés calçados ou descalços. A pegada pode ser dinâmi-
ca (ocasionada pelos pés em movimento) ou estática (causada pelos pés em repouso),
sendo também possível encontrá-las isoladas ou em conjunto. O aproveitamento das
mesmas pode ser feito através da fotografia ou da modelagem.

Impressões de veículos: Muitas vezes o criminoso emprega um veículo para sua


fuga. Outras vezes, vai até o local com certo veículo depois se retira do mesmo, ou ainda,
usa este para transportar um corpo. Igualmente, há casos que ao crime interessa o pró-
prio veículo, como nos casos de atropelamento, assaltos a taxistas, etc.

Outros vestígios em local de crime


Além dos vestígios supracitados, podem ser encontrados diversos outros elementos
no local de crime que auxiliam na sua interpretação.

Pelos e cabelos: Em muitos casos encontram-se pelos e cabelos nos locais de cri-
mes.
Quando ocorre luta entre a vítima e o agente é possível existir cabelos do autor nas
mãos da vitima e até mesmo nas vestes. Outrossim, é provável o encontro de cabelos da
vítima nas roupas do autor. Conforme o tipo da arma ou instrumento utilizado, pode-se
também constatar a presença de cabelos nos mesmos.
Estes vestígios são importantes em locais de morte violenta, os quais podem deter-
minar a identidade do criminoso, bem como possibilidade de ocorrência de luta.
Peças de indumentária: Observam-se em muitos locais a presença de peças de in-
dumentária, que podem auxiliar na elucidação do fato, pelos vestígios que apresentam.
Cinzas: São resíduos da combustão de certos materiais, tais como, papel, madeira,
etc., mais comuns de serem encontradas nos locais de incêndio. A finalidade do exame é
determinar a natureza do material queimado. Embora com raridade, também podemos
encontrar cinzas nos locais de crimes contra a pessoa, onde os cadáveres são carboniza-
dos, sendo as mesmas provenientes de roupas usadas pelas vitimas ou mesmo de cober-
tores ou similares utilizados para transportar o corpo.
Poeiras: As poeiras podem ser encontradas sobre os objetos e nas roupas das viti-
mas ou do autor. Podem oferecer algum resultado pratico, quando o crime tiver sido co-
metido em local interno e o criminoso tiver acesso por escalada, sendo então possível
constatarem-se vestígios de poeira no próprio local além, obviamente, das evidências da
escalada.
Areias e terras: Em certos locais podem ser encontradas pequenas quantidades de
areias ou terras, cujas origens são diferentes das ali existentes ou nem mesmo existem,
como no caso dos locais internos, onde o piso quase sempre e revestido por algum mate-
rial. Caso sejam constatadas, deverão ser recolhidas, para serem comparadas com mate-
rial padrão ou incriminado.
Fibras: São pequenas estruturas integrantes de tecidos animais e vegetais ou de
certas substancias minerais, que podem ser encontradas em alguns locais. Podem estar

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aderidas às unhas ou vestes da vitima, portas, ou ainda presas em cercas de arames,
janelas, etc.
Manuscritos: Nos locais de suicídio, muitas vezes são encontrados bilhetes manus-
critos pelas vitimas. Tais bilhetes deverão ser recolhidos para exames papiloscópicos.
Venenos: Por definição, veneno e toda substancia medicamentosa que pode produ-
zir a morte, de acordo com a dosagem. Quando encontrado em locais deverão ser cuida-
dosamente embalados, para posterior envio ao laboratório, para os devidos exames.
Marcas ungueais: são produzidas pela unhas, encontradas na vítima, em decorrên-
cia da agressão sofrida, como nos casos de estrangulamento ou em crimes de cunho se-
xual, e no agressor, produzidas pelas manobras de defesa empregadas pelo ofendido.
Este tipo de marca também poder ser encontrado em outros suportes que sejam ca-
pazes de moldados ou modelados, como parafina, borracha ou couro.

Marcas produzidas pelos dentes e lábios: os dentes podem produzir marcas por
compressão ou escoriação, tanto no corpo da vítima ou autor, bem como em alimentos
mais resistentes.
São achados comuns em crimes sexuais. Na vítima distribuem-se sobre os seios,
braços, nádegas, coxas e genitais. Podem ser encontradas, ainda, no corpo do autor, co-
mo decorrência de ferimentos recebidos por manobras de defesa do ofendido. Nessas cir-
cunstâncias mais comuns sobre os braços, mãos e pernas.

Armas, munições e demais elementos balísticos.

Arma de Fogo é exclusivamente todo o engenho mecânico, destinado a propelir pro-


jéteis, mediante a força expansiva dos gases resultantes da combustão da pólvora.

Munição é a unidade de carga destinada à propulsão de projéteis através da expan-


são dos gases resultantes da deflagração da pólvora. Elementos essenciais do cartucho:

Projétil: É composto de uma liga metálica de chumbo, estanho e antimônio, e pode


também ser encontrado com uma blindagem total ou parcial, em cobre, zinco, aço ou
outro metal resistente.

Estojo: É uma cápsula de metal cilíndrica ou em forma de garrafa, destinada a alo-


jar a espoleta, a pólvora e o projétil. Seu calibre corresponde ao do projétil e pode ser
medido em milímetros ou polegadas.

Espoleta (carga de inflamação): É uma pequena cápsula constituída de material de-


tonante, normalmente estifinato de chumbo.

Pólvora (carga propulsora): É uma mistura de diversas substâncias que se expan-


dem através da combustão; pode ser Branca (composta de nitrocelulose – nitroglicerina –
nitrato de bário, etc) ou Negra (composta de salitre, enxofre e carvão, já em desuso).

Atualmente as armas de fogo são o meio mais empregado na prática de homicídio.


Tal característica implica em uma grande ocorrência de vestígios provenientes do empre-
go das mesmas. Assim o Perito Criminal deve se cercar de certos cuidados ao efetuar o
levantamento de provas relacionadas a armas de fogo, quais sejam:
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- ao localizar uma arma de fogo na cena do crime, fotografá-la na posição em que se
encontra; fazer as medidas de amarração da mesma, observar se a mesma está municia-
da e caso esteja descrever como está a disposição das munições e proceder ao desmuni-
ciamento da mesma;
- as posições dos estojos devem ser anotadas, fazendo a amarração com pontos fi-
xos no local e observando a concentração dos mesmos, que indicam a posição do atira-
dor, uma vez que a maioria absoluta das armas semiautomáticas possui ejeção para a
direita. A existência de estojos de revólveres indica que o agressor teve tempo para efetu-
ar o remuniciamento da arma durante a ação criminosa;
- a presença de projéteis também deve ser registrada, citando a localização dos
mesmos;
- as mossas e perfurações produzidas pelos impactos de projéteis propelidos por
arma de fogo devem ser observadas, descritas e amarradas;
- caso haja a localização de dois ou mais pontos de impacto de projéteis, os ―Peri-
tos” devem proceder à determinação da trajetória.

São fatores vitais para a integridade pessoal e preservação dos elementos téc-
nicos pesquisáveis a observação dos seguintes tópicos:

> As armas devem ser recolhidas com atenção, observando-se o fato de estarem
municiadas ou não, e quando apreendidas, serem desmuniciadas, o mais breve possível.
> A munição alojada nas armas incriminadas deve ser também enviada a exames,
pois são contemporâneas ao delito, tendo atenção o policial de separar e mencionar o
estado em que se encontravam tais materiais.
> Os estojos incriminados devem ser enviados a exames o mais breve possível, já
que os elementos da pólvora e da espoleta são extremamente corrosivos, podendo preju-
dicar os exames microcomparativos.
> Os projéteis extraídos das vítimas devem ser limpos, secos e envolvidos correta-
mente para que não sejam prejudicados seus raiamentos.

ELEMENTOS DO CADÁVER

Localização e posição:
A localização do cadáver deve ser bem detalhada, mencionando-se o seguinte:
- O compartimento do local onde foi encontrado;
- Sua localização em relação ao compartimento, citando o tipo de mobiliário em que
esteja apoiado ou com aquele com o qual faça limite;
- Sua posição em relação a via publica (paralela, perpendicular, oblíqua, bem como
o lado da mesma no qual se encontra (laterais, centro) ;
- A orientação da cabeça e dos pés em relação ao cômodo ou via publica, fornecen-
do-se dois ou três pontos de amarração, mencionando-se as medidas que o distanciam
dos mesmos, podendo- se tomar como base a cabeça, os pés ou uma lateral do corpo;
- Nos casos de cadáver em suspensão, deve ser citado detalhadamente o objeto que
o mantém nesta posição, como também o suporte no qual o mesmo foi atado.

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A posição do corpo pode indicar alteração na cena do crime, posição anterior da ví-
tima,
transporte do cadáver, reação de defesa da vítima. Como exemplos de posição te-
mos:
. Decúbito dorsal = com o dorso voltado para baixo;
. Decúbito lateral direito = com o lado direito do corpo voltado para baixo;
. Decúbito lateral esquerdo = com o lado esquerdo do corpo voltado para baixo;
. Outras posições = assentado, de pé, em suspensão e decúbito geno-peitoral
(com os joelhos e a região peitoral apoiados na superfície);

Deve-se mencionar a posição tanto dos membros superiores quanto dos inferiores,
que podem se apresentar do seguinte modo:
. Fletidos ou semifletidos;
. Estendidos (unidos, entreabertos ou sobrepostos), mais comuns para os inferiores;
. Estendidos (ao longo do tronco, afastados do tronco ou perpendiculares ao mes-
mo), específico para os superiores.
Independente da menção acima discriminada, a parte do corpo ou da superfície em
que se acham apoiadas as mãos e os pés deve ser descrita, devendo também ser menci-
onada a região da cabeça que se encontra apoiada ao piso ou a uma superfície qualquer.

Descrição e identificação
Devem ser observadas as seguintes características:
 Sexo, cútis, tipo de cabelo, presença de barba, bigode;
 Dados de identificação da vítima (se possível de documentos);
 Compleição (franzina, media, robusta);
 Idade presumível e características ou sinais particulares (cicatrizes, tatuagens,
deformidades), para os cadáveres de desconhecidos;

Das vestes
As vestes da vítima trazem importantes informações para a investigação policial. A
incompatibilidade com as condições climáticas, ambientais e sociais podem indicar
transporte do corpo, intenções da vítima, tentativas de ocultação de crime, etc. O Perito
deve fazer uma descrição pormenorizada das vestes usadas pela vitima, principalmente
quando forem de cadáveres de desconhecidos, sendo que para estes devem ser mencio-
nados quaisquer descrição ou desenhos nas mesmas, inclusive etiquetas do fabricante.

Das buscas
As busca no corpo e vestes são de extrema importância e devem ser feitas pelos
Peritos no local do crime, vez que podem trazer informações que poderão alterar a di-
nâmica do fato ou os trabalhos periciais no local. Durante as mesmas podem ser encon-
tradas armas, drogas, pertences da vítima ou de outras pessoas, documentos, dinheiro,
joias, etc.

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PRINCIPAIS VESTÍGIOS ENCONTRADOS EM LOCAIS DE CRIMES CONTRA
PATRIMÔNIO

Segundo Jesus Antônio Velho et al., ―o patrimônio compreende o complexo de bens


materiais ou não; ações; posse e tudo o mais que pertença a uma pessoa e seja suscetí-
vel de depreciação econômica, parte jurídica e material‖.
Os crimes contra o patrimônio, como o próprio nome já sugere, são todos os delitos
praticados no intuito de obter vantagem (ilícita) pecuniária ou patrimonial, por intermé-
dio da apropriação de objetos, bens ou valores. Esses tipos de ocorrências são tão diver-
sificados que, às vezes, fica difícil estabelecermos um parâmetro básico para o isolamen-
to e preservação de local. Entre os mais comuns podemos citar: depredações em edifica-
ções, pichação, mudança de curso do leito de rio, mudança de cerca limítrofe, arromba-
mentos, abertura de buracos em calçadas e rua sem autorização prévia, apropriação in-
débita de água, luz, TV a cabo, adulteração de combustível, local de exercício ilegal da
profissão, vistorias em veículos, constatação de jogos de azar, vistoria em casas de pros-
tituição (lenocínio), maus tratos em animais, furto de combustíveis.
Conforme Rafael de Vasconcelos Silva, em locais de crimes contra o patrimônio en-
volvendo veículos os principais vestígios encontrados são:
_ Fratura dos vidros a fim de facilitar o acesso ao sistema de trancamento interno
das portas, podendo-se observar a maior quantidade de fragmentos do vidro na parte
interna correspondente do veículo, estando junto - às vezes – o instrumento utilizado pa-
ra tal fim, denotando-se por essa disposição o sentido de orientação do dano;
_ Marcas de arrombamento pela retirada total do cilindro externo da fechadura da
porta (veículos mais antigos) mediante o emprego de alicates de pressão:
_ Marcas de arrombamento no próprio orifício da fechadura, por intermédio de ins-
trumento contundente (chave de fenda ou similar) até liberar o sistema de trancamento;
_ Marcas de atritamento na base metálica da porta, sob a esquadria da janela, ou
na borracha de vedação, produzido por introdução de chave de fenda ou instrumento
similar a fim de liberar a trava interna;
_ Retirada do para-brisa anterior ou posterior que normalmente são deixados no lo-
cal e provavelmente terá riqueza de fragmentos de impressões digitais;
_ Fratura do arcabouço do sistema de ignição, ou do próprio cilindro, para viabilizar
a ligação direta do motor do veículo;
_ Em veículos mais antigos o sistema de ignição não é protegido, assim, poderemos
constatar a exposição dos fios, sem a retirada do cilindro;
_ Fratura do painel para retirada do rádio ou qualquer outro sistema de som;
_ Pesquisa cuidadosa de impressões dígito - papilares, principalmente naquelas
áreas mais prováveis, tais como: volante, câmbio, espelho retrovisor interno, maçanetas
internas, painel, face interna do vidro da porta do motorista e outros;

PRINCIPAIS VESTÍGIOS ENCONTRADOS EM LOCAIS DE CRIMES DE TRÂNSITO


O crescimento constante da frota brasileira associado aos poucos investimentos rea-
lizados na educação, na engenharia de tráfego e na fiscalização, infelizmente apontam
para um trânsito mais violento e por conseqüência direta, com a ocorrência de mais aci-
dentes. Simultaneamente a aplicação dos conhecimentos da física dos movimentos, os
peritos de acidentes de trânsito devem possuir significativo domínio sobre a legislação de

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trânsito em vigor, que num significativo volume de casos, interferem na análise dos aci-
dentes.
Diversamente do que ocorre em outros tipos de crimes, não se exige e nem poderia
ser exigido um isolamento eficaz do local do acidente de trânsito, até o comparecimento
da perícia criminal. Este fato é de fácil compreensão, em razão das consequências que
podem advir da interrupção do tráfego em determinadas artérias viárias.
O socorro às vítimas caracteriza a providência que acarreta na natural violação do
local. Buscando corrigir esta situação, é de praxe entre os policiais militares que compa-
recem inicialmente nestas ocorrências, a demarcação da projeção dos veículos na via,
com o auxílio de lápis de giz, cabendo aos peritos registrar tal fato e analisá-lo nestas
condições.
Assim que chegar ao local do acidente, o perito deve promover sua sinalização de
segurança. Na falta de recursos materiais adequados, poderá fazer a sinalização com ga-
lhos de árvores. Quando o levantamento for realizado à noite, deverá utilizar a luz inter-
mitente da viatura policial ou pisca - alerta de veículos disponíveis como sinalizadores de
segurança, posicionados estrategicamente em pontos de fácil visualização.
Detalhe importante é a atenção do perito ao fluxo do tráfego local nos momentos
dos trabalhos de campo, pois a história registra casos de peritos que foram atropelados,
por inobservância às regras de segurança pessoal.

Nos crimes de trânsito é utilizada a seguinte nomenclatura:

ABALROAMENTO
Trata-se do encontro acidental de dois veículos dotados de movimento em diferentes
linhas longitudinais, podendo ocorrer de duas formas: resvaladiço - os veículos transi-
tam na mesma direção e sentido ou em sentidos opostos; transversalmente - os veículos
transitam em sentidos ortogonais ou oblíquos.
ATROPELAMENTO
Acidente em que um veículo em movimento atinge uma pessoa ou animal.
CHOQUE
Historicamente, trata-se da colisão entre um veículo em movimento contra qualquer
obstáculo estático, como poste, muro, árvore, inclusive com outro veículo estacionado ou
parado.
COLISÃO
Convencionalmente, trata-se do embate entre dois veículos em movimento na mes-
ma linha longitudinal da via, podendo ser frontal, traseira ou semi-frontal. Diverge do
abalroamento em função do ângulo de incidência da interação entre os veículos. Na coli-
são frontal os veículos transitam em sentidos opostos. Se a colisão envolve a traseira,
refere-se aos veículos que transitam no mesmo sentido ou excepcionalmente em sentidos
contrários, em se tratando de manobra de marcha a ré. Se o impacto for semi-frontal, o
ponto de impacto fica consignado na angular anterior ou posterior do veículo.
CAPOTAMENTO
Ocorre quando um veículo em movimento gira em torno de si mesmo em qualquer
sentido, ficando com as rodas para cima, mesmo que momentaneamente, repousando
em seguida em qualquer posição.
TOMBAMENTO
Acidente em que o veículo tomba lateralmente para qualquer lado, mesmo que re-
torne à posição inicial.
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Frenagem
Referem-se às marcas impressas pelos pneumáticos dos veículos na superfície da
via, quando do travamento das rodas, em face do acionamento do sistema de freios.
A frenagem tem importância para definir a trajetória do veículo na pista. Sua mate-
rialização pode ocorrer antes, durante e depois da colisão. Serve também como subsídio
para cálculos de velocidade como será visto posteriormente.
A utilização da frenagem como elemento comprovador da região de choque, tem efi-
cácia quando esta é sucedida por arrastamento. Assim, pode-se afirmar que o impacto
ocorreu no encontro de ambos.
A frenagem geralmente se processa de forma retilínea. Pode ocorrer, que após o
choque esta se prolongue numa outra direção, respeitada a retilineidade. Neste caso,
também, presume-se ser ali o ponto na pista onde ocorreu o embate entre os autos.
O sistema de freios, quando mal regulado, tem eficácia diferenciada nas rodas,
promovendo no veículo uma trajetória ligeiramente curvilínea. Nesta condição, a frena-
gem externa à curva está associada a marca de compressão, que será estudada a seguir.
Dependendo do tipo do pneumático, poderá haver divergência entre marcas produ-
zidas pelos pneus dianteiros e traseiros. Os pneus dianteiros deixam marcas vivas, devi-
do ao deslocamento da força resultante para a parte anterior do veículo no momento em
que os freios são acionados. Já os traseiros deixam marcas mais claras.
As marcas de frenagens são paralelas entre si e contêm zona de espelhamento da
borracha, caracterizando o início da frenagem.

Marcas de frenagem no piso asfáltico

Compressão
Formada quando o veículo tenha efetuado um movimento curvilíneo, face à atuação
da força centrífuga. Será sempre mais visível no lado externo da curva, onde o veículo
comprime mais o solo. Caracteriza o movimento do veículo, indicando via de regra, o
ponto onde o veículo abandonou a pista de rolamento.

Impressão
As marcas denominadas impressão se apresentam de duas maneiras:
- por impressão direta, verificada em superfície moldável, onde fica impresso o de-
senho dos sulcos dos pneus;
- por depósito, quando o material é transportado pelos sulcos do pneu e depositado
numa via mais consistente que a anterior, como ocorre com um veículo que transitou
por uma estrada de chão batido e ingressa em seguida numa via asfaltada, deixando por
vários metros o desenho de seus pneumáticos no leito asfáltico.

Derrapagem ou Arrastamento Lateral


São marcas registradas na pista em face do deslocamento lateral ou rodopio do veí-
culo, configurando geralmente uma forma arqueada ou sinuosa.

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O arrastamento, quando antecedido de frenagem, evidencia o local onde ocorreu o
embate dos veículos. Serve também como elemento de constatação da trajetória irregular
descrita pelo veículo.
As marcas pneumáticas dianteiras e traseiras possuem aparência idêntica e não são
necessariamente paralelas entre si. Estas marcas são menos intensas que as frenagens.

Marcas de derrapagem no piso asfáltico

Região de Choque
Convencionada como a porção na pista, onde os veículos se interagem. Ao restrin-
gir-se a área de choque acentuadamente, tem-se o ponto do choque, que seria a área
imediata da colisão. O perito ao pesquisar a região de choque, deve primeiramente co-
nhecer as trajetórias dos veículos pelas vias para então, observar as suas respectivas po-
sições finais de inércia.
Posteriormente, deve analisar as partes colidentes de um veículo, promovendo a
junção destas às partes danificadas do outro veículo. Após este exercício mental, tem-se
a região de choque presumida. O próximo passo seria a busca de elementos técnicos que
a comprovam. A região de choque pode ser definida de várias maneiras, sendo que as
mais trabalhadas são:
> concentração de fragmentos de pintura sólida, vidro, plástico e montículos de ter-
ra;
> no encontro do final da marca de frenagem e o início da marca de arrastamento de
um veículo;
> interseção das marcas provenientes de dois veículos;
> nos casos em que após o impacto os veículos imobilizam-se prontamente, presu-
me-se que a região de choque encontra-se sob as partes colidentes;
> existência de sulcos, nas condições estudadas anteriormente.

Fragmentos de Pintura e Vidro


Tais elementos deslocam-se com a mesma velocidade do veículo, sendo projetados
para a posição encontrada na via. Entretanto, se ao desprenderem do veículo encontra-
rem um anteparo, outro veículo, por exemplo, descem verticalmente, depositando na pis-
ta sob as partes colidentes do veículo. Esta última situação é importantíssima na consta-
tação da região de choque na pavimentação. Em muitas ocasiões, durante o interregno
do acidente e a chegada da perícia, os fragmentos são dispersos pelo intenso tráfego no
local, pela água e ou pelo Corpo de Bombeiros.

Fragmentos de Tecido Orgânico e Manchas de Sangue


Este tipo de indício é notável para apontar veículo participante em atropelamento.
Comumente, os fragmentos de tecidos orgânicos, sangue e fios de cabelos são proje-
tados de forma dispersiva em todo veículo, além de aglutinar nas rodas e partes móveis
do veículo.
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Mesmo lavado, às vezes neste são encontrados em pequena quantidade nas junções
das latarias, na estrutura inferior e no seu interior, quando o para-brisa é quebrado.
A coleta deve ser feita com pinça e algodão umedecido na salina se possível, com lu-
va para evitar contaminação do perito. O material deve ser colocado em vidro limpo e fe-
chado hermeticamente, rotulando-o a seguir. Terminando este procedimento, deve ser
enviado ao laboratório do Instituto de Criminalística para pesquisa de grupos sanguí-
neos, para comparação com o do atropelado e sua identificação.
Dependendo do interesse policial, os fragmentos orgânicos, sangue, pele, fio de ca-
belo e outros, podem ser objetos de pesquisa de DNA, para que sejam comparados com
os da vítima.

PRINCIPAIS VESTÍGIOS ENCONTRADOS EM LOCAIS DE CRIMES SEXUAIS


O Código Penal Brasileiro prevê como crimes sexuais, entre outros, o estupro (que
exige o uso de violência ou grave ameaça), o assédio sexual (necessária a condição de
superioridade hierárquica), o favorecimento à prostituição ou outra forma de exploração
sexual,
a mantença de estabelecimento em que ocorra exploração sexual, o rufianismo (tirar
proveito da prostituição alheia) e o tráfico nacional e internacional de pessoa para fim de
exploração sexual.
Os crimes sexuais, via de regra, são bastante traumáticos e complicados para as ví-
timas. Nas últimas décadas ganharam um novo contorno jurídico aos olhos dos Tribu-
nais e Doutrinadores, no que diz respeito à temática da verificação e reconhecimento dos
mesmos, no âmbito social, no qual, o Direito Penal passa a puni-los de forma mais rigo-
rosa e apontar os agentes de maneira mais específica, para que haja o seu enquadra-
mento e tipificação.
A história do estupro está intimamente ligada à presença de uma violência difundi-
da, bem como sua extensão e seus graus durante a evolução dos tempos. Era frequente,
e por vez ainda o é, a sensação a legitimidade do agente, numa realidade de violência re-
lativamente tolerada, raridade de queixas e postura de apropriação ou posse da vítima.
A violência sexual por ser um crime cometido na sua maioria contra as mulheres
normalmente não são denunciados. Mesmo por que, muitos deles são cometidos dentro
da própria família, seja do companheiro contra a companheira, pai contra as filhas ou de
padrastos contra enteadas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 47%
das mulheres declaram que a sua primeira relação sexual foi forçada e cerca de 70% dos
homicídios contra as mulheres são cometidos pelos seus companheiros.
O Código Penal trata da liberdade sexual ao lado dos costumes, entendidos como
valores morais. Todavia, as circunstâncias que envolvem o crime de estupro, bem como
os demais delitos sexuais, é possível concluir que a preocupação do direito penal no
campo da sexualidade entre adultos se concentra na falta de consentimento. O estupro,
por ser um crime que deixa vestígios, considera-se indispensável à realização do exame
pericial para sua devida comprovação, feita através do exame de corpo de delito, bus-
cando sempre a presença de lesões corporais, além da busca de testemunhas dos choros
ou gritos da vítima. São fundamentais para a investigação, uma vez que há o desdobra-
mento da mesma, o depoimento pessoal e a perícia médica.

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Os principais vestígios encontrados nos locais de crimes onde tenha ocorrido
crime sexual são:
> equimoses e escoriações, principalmente nas faces internas da coxa, nos seios,
nos braços, na face, ao redor do nariz e em torno da boca (como tentativa de calar os gri-
tos da vítima), e na face anterior do pescoço, quando existe a esganadura;
> presença de tecidos do agressor abaixo das unhas da vítima, como forma de defe-
sa;
> presença de grande quantidade de sangue devido principalmente a hemorragias
internas na vagina ou ânus, bem como rompimento do hímen;
> escoriações, equimoses e lesões vulvares na vítima;
> presença de esperma na vagina e/ou ânus da vítima;
> marcas ungueais no pescoço e costas do agressor;
> marcas de mordidas nos seios, boca, nádegas, orelhas e face da vítima;
> hematomas nos braços, punhos e mãos da vítima, relacionados a lesões de defesa;
> vestes fragmentadas com presença de sêmen e sangue;

Um dos principais exames utilizados na análise dos vestígios é o exame de DNA:

O DNA constitui parte dos cromossomos, sendo encontrado no núcleo das células e
sua estrutura é responsável pela transmissão das características genéticas dos seres vi-
vos, de geração para geração, resultando no código genético individual.
Sabe-se que o DNA de uma pessoa é igual em todas as células do seu organismo e
se compõe a partir da informação genética proveniente de seus genitores, metade da mãe
e metade do pai biológico.
Vale dizer, o exame de DNA mostra-se apto a confirmar, ou não, com inigualável ga-
rantia de certeza, a autoria de crimes diversos, e, desse modo, transforma-se em meio de
prova eficaz para o descobrimento da verdade no processo penal. A partir desta consta-
tação, conclui-se que a função deste tipo de exame de corpo de delito extrapola a simples
comprovação da materialidade do crime, podendo adentrar no campo da autoria e até
mesmo atingir o espaço reservado à culpabilidade.
É importante ressaltar que a qualidade do resultado de uma análise de DNA em
vestígios coletados de locais de crime dependerá do tipo, da integridade e da preservação
da amostra considerada. Assim, a qualidade, exatidão e confiabilidade dos resultados
obtidos na análise de DNA em vestígios coletados e/ou relacionados à ocorrências crimi-
nais, depende de procedimentos próprios que devem ser rigorosamente adotados na eta-
pa do isolamento do local do delito e do levantamento das amostras biológicas.
Deve-se salientar que, em princípio, a análise de DNA não identifica um único indi-
víduo, mas sim fornece a probabilidade, estatisticamente comprovada, de sua inclusão
ou exclusão.
A associação de todas as evidências e da própria investigação tornam o resultado do
exame de DNA uma poderosa ferramenta para associar diretamente a(s) vítima(s) e/ou
o(s) suspeito(s) ao fato delituoso.
A análise de DNA poderá ser feita em material orgânico que possua células nuclea-
das como: sangue, fluidos (sêmen, saliva, urina), tecidos moles (órgãos, pele, músculos),
tecidos rígidos (dentes, ossos), pelos (com bulbo).

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Para a análise de vestígios referentes a crimes sexuais são necessárias:
1- Amostras da vítima: amostras vaginal e/ou anal, sangue periférico ou fragmen-
to de tecido da vítima (no morto), sangue periférico ou ―swab‖ bucal da vítima (no vivo).
2- Amostras do suspeito: a colheita de sangue periférico do suspeito deverá ser fei-
ta mediante termo de doação voluntária, ou ―swab‖ bucal.

O EXAME PERINECROSCÓPICO
O exame perinecroscópico representa o exame efetuado pelo Perito na superfície
corporal da vitima, que visa identificar o número e localização das lesões produzidas na
mesma, pelos instrumentos que podem ser utilizados.
Segundo Couto, R. C., o estudo dos ferimentos do cadáver primordial para a deter-
minação do instrumento utilizado e a determinação da dinâmica do fato e, até mesmo,
das características físicas do agressor.

Durante os exames perinecroscópicos podem ser estudados os seguintes elementos:


Tipos de ferimentos: escoriações, fraturas, luxações, equimoses, contusões, perfu-
rações, incisões, hematomas, etc.

Número de ferimentos: a determinação do número de ferimentos apresentados pe-


la vitima, fornecerá ao Perito a possibilidade de verificar o número de golpes sofridos pela
mesma, ou, em se tratando de arma de fogo, o número de disparos efetivados. É preciso
considerar, para essa determinação, quando se tratam de feridas transfixantes, os casos
em que o projétil após sua saída, volta a penetrar no corpo da vítima, podendo um só
disparo produzir, ao mesmo tempo, até quatro ferimentos (entrada-saída-entrada-saída).

Localização dos ferimentos. a designação pormenorizada da região do corpo onde


foram encontrados os ferimentos vai fornecer ao Perito a possibilidade da determinação
da posição do agente em relação à vítima. Assim poderia estar o agente localizado pela
frente, pelas costas ou em outras posições, o que dependerá, evidentemente, da localiza-
ção da lesão. Há também de se considerar, para essa análise, a distinção entre os feri-
mentos de entrada e saída de projéteis de arma de fogo, em que as saídas devem ser eli-
minadas para a determinação da posição do agente.

Determinação do tempo de morte: é de suma importância nos locais de crimes


contra a pessoa, com a presença de cadáveres, que os responsáveis pelo levantamento
procurem determinar, tão exato quanto possível, o tempo de morte, também denominado
cronotanatognose.
A morte pode ser interpretada como a cessação das atividades metabólicas e bio-
química que mantinham a organização orgânica. A realidade da morte se manifesta por
sinais bióticos (transformativos) e abióticos.

Sinais abióticos imediatos


- perda consciência;
- parada cardíaca irreversível;
- perda dos reflexos;
- ausência de pulsos;
- parada respiratória;
- parada da atividade encefálica.
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Sinais abióticos consecutivos
- perda de temperatura;
- rigidez cadavérica;
- hipóstase ou livores;
- Espasmo cadavérico.

Sinais transformativos
- autólise;
- putrefação;
- maceração;
- mumificação;
- saponificação.

Perda de temperatura – a temperatura do cadáver pode determinar o tempo da


morte, para isso é preciso quantos graus o cadáver perdeu.
- Critério: 0,5º ou 1,0° C por hora (temperatura do corpo vivo 36,5°C)
Exemplo: cadáver encontrado às 19 horas, com 33,5 ºC
Diferença de 3,0°C em relação ao corpo vivo, então para uma variação de 0,5°C terí-
amos (6 horas) e para 1,0°C teríamos 3 horas. Desta maneira a morte ocorreu entre 13
horas e 16 horas.
Se a temperatura do cadáver e do ambiente estiver igual, descarta-se o parâmetro
menor (assim considera-se que a morte ocorreu antes das 16 horas).

Rigidez cadavérica – a rigidez passa a ser percebida 2 a 3 horas após a morte,


sendo que seu ápice ocorre cerca de 18 horas após a morte, seguido do início do desapa-
recimento da rigidez. Tanto o processo de aparecimento e desaparecimento ocorre de ci-
ma para baixo.

Manchas de hipóstases – com a morte ocorre a sedimentação do sangue em virtude


da gravidade (as partes sólidas do sangue saem dos vasos sanguíneos em direção à parte
mais baixa do corpo). Em virtude disso, na parte mais próxima do chão, aparecem man-
chas vermelhas que com o tempo ficam de coloração vinho. Isso permite verificar se o
cadáver foi modificado da posição inicial. O início das manchas ocorre por volta de 2 a 3
horas após a morte, não sendo fixas. Tornam-se fixas na pele e em órgãos internos após
8 horas.
Espasmos cadavéricos – trata-se de uma rigidez rara, abrupta, generalizada e vio-
lenta. Difere da rigidez cadavérica, na qual a instalação é progressiva. Sua fisiopatologia
ainda é desconhecida.

Autólise – trata-se de uma fase ainda sem a atuação de bactérias, onde as próprias
enzimas celulares provocam a quebra dessas células, devido à interrupção da circulação,
diminuindo o pH do meio.

Putrefação – aparece após a autólise, através d ação de germes anaeróbicos, aeró-


bicos e facultativos, iniciando-se pelo intestino, onde possui elevada quantidade de bac-
térias e gases, que provocam no abdômen a mancha verde abdominal, que é o primeiro
sinal de putrefação.

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Alguns venenos como o arsênico e medicamentos como os antibióticos retardam a
putrefação. Já vítimas de infecções, extensas mutilações e afogamentos, apresentam ace-
leração da putrefação.

O processo de putrefação ocorre em quatro fases:


Primeira fase – período de coloração – inicia-se a formação da mancha verde ab-
dominal, a partir da 18ª hora do óbito.

Mancha verde abdominal

Segunda fase – período gasoso – ocorre o surgimento de gases superficiais, com


formação de flictenas e enfisema cutâneo. Ocorre uma projeção acentuada dos olhos e
da língua, aumento do volume do pênis e da bolsa escrotal e posição de ―lutador‖ pela
distensão dos braços. Surgem desenhos cutaneovasculares devido ao deslocamento do
sangue pelos gases, chamados de circulação póstuma de Brouardel.

Desenhos cutaneovasculares

Terceira fase – período coliquativo – ocorre decomposição putrefeita dos tecidos,


perdendo suas formas, destacamento da epiderme e formação de bolhas devido aos ga-
ses, grande número de larvas. Essa fase varia de, tendo início cerca de três semanas
após a morte e pode durar semanas ou meses, dependendo do local em que o corpo está
depositado.

Dissolução putrefeita

Quarta fase – período de esqueletização - o cadáver tem suas partes moles destruí-
das, apresentando apenas os ossos do esqueleto, presos unicamente pelos ligamentos.

Esqueletização

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Maceração – ocorre a transformação destrutiva do corpo, de forma séptica, quando
o corpo está submerso em meio líquido, como os afogados, ou asséptica, nos casos de
fetos que permanecem dentro do útero por algum tempo. Como este meio é asséptico,
não ocorre a putrefação, mas sim um fenômeno de autólise e embebição da pele, com
amolecimento da epiderme, que se destaca e forma bolhas.

Maceração (afogamento)

Mumificação – Pode ser natural ou artificial. Nos casos naturais são necessárias
algumas condições climáticas e de solo como, locais quentes, secos, muito ventilados e
com solo arenoso. Ocorre uma desidratação rápida e como a temperatura é alta as bac-
térias têm dificultada sua ação. O cadáver apresenta acentuada redução do peso, com a
pele dura, seca e enrugada, tendões se transformam em fibras quebradiças.

Mumificação

Saponificação (adipocera) – é um processo gradativo durante a putrefação, ao con-


trário da mumificação, que se inicia rapidamente antes da putrefação. O cadáver é
transformado em substância de consistência untuosa, mole e quebradiça, lembrando
sabão. É relativamente raro, pode ocorrer em todo o corpo ou em parte dele. Está relaci-
onado a um local com solo argiloso, úmido e pouco aerado. Processo químico revelando a
presença de ácidos graxos, como os palmítico, esteárico, oleico e sabões.

Saponificação (adipocera)

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ESTUDO DOS FERIMENTOS
Segundo Genival Veloso de França, ―a convivência no meio ambiental pode causar o
homem as mais variadas forma de lesões produzidas por alguns tipos de energia‖, as
quais podem ser de ordem mecânica, física, química, físico-química, bioquímica, biodi-
nâmica e ordem mista.

Tipo dos ferimentos e caracterização de instrumentos


Antes de iniciar este assunto é necessário se definir o que sejam objeto e instrumen-
to, para se evitar que o Perito extrapole sua competência técnica.

Objeto é a ―coisa‖, o utensílio em geral, na sua forma natural ou principal, como a


faca, por exemplo, que é uma peça destinada ao corte, portanto objeto cortante, por sua
própria natureza.

Instrumento ou meio, refere-se maneira ou à forma de utilização da coisa. Assim, a


faca, objeto essencialmente cortante, pode constituir-se em instrumento cortante (quan-
do usada para o corte), perfurocortante (quando pressionada com sua extremidade), con-
tundente
(quando o agressor, apoiando lâmina percute o cabo contra o alvo) e cortocontun-
dente (quando utilizada por pressão com o lado contrario ao do corte).
Dentre os diferentes tipos de energia descritos anteriormente têm-se aquelas de or-
dem mecânica, as quais são capazes de modificar o estado de repouso ou de movimento
de um corpo, produzindo lesões em parte ou no todo, causando danos interna e exter-
namente.

Desta forma, os ferimentos estarão relacionados ao instrumento e não ao obje-


to, como se segue:

Instrumento contundente - Ferida contusa


A ação contundente resulta da transferência de energia cinética para o corpo por
meio de
uma superfície, produzindo lesão contusa. Ocorre de modo ativo (o objeto atinge o
corpo, por exemplo cassetete) ou passivo (o corpo atinge o objeto, por exemplo queda da
própria altura).
Os instrumentos contundentes são os maiores causadores de dano, principalmente
externamente. Agem predominantemente por pressão, explosão, deslizamento, percus-
são, tração, torção, explosão, compressão (mais comum) e descompressão, determinando
lesões superficiais ou profundas, tais como rubefação, escoriações, tumefações, hema-
tomas, bossa, entorse, equimoses, fraturas, luxações e verdadeiras avulsões chamadas
feridas contusas, que mostram solução de continuidade da pele, com bordas esmagadas,
superfície irregular e presença de pontas de tecidos, mais ou menos íntegros.

As feridas contusas são produzidas por meios ou instrumentos de superfície e não


de gume, mais ou menos afiados.
Exemplo: porrete, pedra, cassetete, pedra, bastão, coronha de arma de fogo, barra
metálica, martelo, tijolo.

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Ferida contusa

Instrumento cortante (Ferida incisa )


Os instrumentos cortantes transferem sua energia cinética por deslizamento e leve
pressão, agindo pelo deslizamento de gumes (cortes) mais ou menos afiados, determi-
nando lesão maior em superfície que profundidade, com bordos regulares, sem sinais de
esmagamento, forma linear, hemorragia acentuada, afastamento das bordas e ausência
de vestígios traumáticos em torno da ferida devido à ação rápida e deslizante do instru-
mento.
Exemplo: faca, bisturi, canivete, navalha, lâmina de barbear, pedaço de vidro, linha
com cerol, punhal.

Ferida incisa

As feridas incisas geralmente são encontradas com maior frequência em casos de


acidentes e homicídios, podendo também ser observadas em suicidas.
Segundo Genival Veloso de França, ―dentro do conjunto das lesões produzidas por
ação cortante, existe o ESQUARTEJAMENTO, que corresponde ao ato de dividir o corpo
em parte (quartos), por amputação ou desarticulação‖. Este ato está ligado quase sempre
ao fato do autor livrar-se do cadáver, além de dificultar a identificação da vítima.

Esquartejamento

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Outro tipo de lesão causada por instrumento cortante é a DECAPITAÇÃO, que é a
separação da cabeça do corpo e pode ser oriunda de outras ações além da cortante, po-
dendo de natureza suicida, acidental ou homicida. Observa-se que a decapitação é mais
comum após a morte, como forma de prejudicar a identificação da vítima.

Decapitação

Existe ainda a lesão conhecida por ESGORJAMENTO, que corresponde a uma longa
ferida transversal no pescoço, com profundidade significativa, lesando órgãos mais in-
ternos como esôfago, laringe e traqueia, podendo ser natureza suicida ou homicida.
Quando se tratar de natureza suicida, as lesões na laringe e traqueia são menos acentu-
adas, sendo mais profunda no início da lesão, pois no final a vítima começa a perder for-
ças.
Quando se trata de natureza homicida, o ferimento é da esquerda para a direita, em
sentido horizontal, uniforme, com a mesma profundidade em toda a sua extensão.
Eventualmente, pode ser causada por instrumentos corto-contundentes nas regiões
anterior e/ou laterais do pescoço.

Esgorjamento

Outro tipo de ferimento é o DEGOLAMENTO, que é a ferida que ocorre em região


cervical posterior, podendo ser profunda ou superficial. Pode ocorres em casos de homi-
cídio ou suicídio, não sendo usual em casos de acidentes.

Degolamento
Quando ocorre um acidente ferroviário, e resulta na redução da unidade corporal
em fragmentos com esmagamentos e amputações, recebe o nome de ESPOJAMENTO.
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Instrumento perfurante ou puntiforme - Ferida punctória
A transferência da energia cinética se dá por pressão ou percussão em determinada
superfície. As lesões oriundas desse tipo de ação denominam-se feridas puntiformes ou
punctórias, pela sua exteriorização em forma de ponto.
Os instrumentos perfurantes apenas afastam as fibras dos tecidos, sem determina-
rem cortes ou contusões. Atuam por pressão, ocasionando pouco dano à superfície, po-
rém com grande acometimento em profundidade. Geralmente o diâmetro do instrumento
é pequeno e pode dificultar o exame do orifício de entrada no corpo, dada a elasticidade
dos tecidos. Desta maneira, os orifícios de entrada são normalmente mínimos, com pou-
co sangramento.
Exemplo: agulha, furador de gelo, prego, estilete, alfinete

Ferida punctória

Instrumento perfurocortante - Ferida perfuroincisa


Os instrumentos perfurocortantes agem através de pressão e secção, que atuando
por uma ponta ou gume, promovem perfuração associada a corte. Superficialmente, apa-
renta lesão incisa, mas mostra continuidade para o interior, a exemplo das lesões perfu-
rantes.
Existem instrumentos de um só gume, como a faca-peixeira, que provocam uma fe-
rida com ângulo agudo de um lado e arredondado do outro, e aqueles que apresentam
dois gumes, como o punhal, cujos cantos são bilateralmente agudos, e ainda a lima, que
provoca ferida de formato triangular ou estrelado.
Exemplo: punhal, faca, canivete, espada

Ferida perfuroincisa

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Instrumento cortocontundente - Ferida cortocontusa
A transferência de energia cinética ocorre de forma mista, com ação cortante e contun-
dente. Este tipo de ferida é influenciado mais pela pressão do que o deslizamento, sendo
que as características das lesões dependem da força exercida pelo agente e das condi-
ções da lâmina, com maior ou menor capacidade de corte. Sua gravidade depende do ân-
gulo de incidência, da superfície atingida e pela força de impacto.
Os instrumentos cortocontundentes atuam por gumes não afiados, mas influenciando,
sobretudo na produção da lesão, o peso do instrumento ou a força de quem o maneja.
Produzem avulsão dos tecidos e concomitante esmagamento, acometendo todos os pla-
nos atingidos, não permanecendo pontas de tecidos mais ou menos íntegros. Apresen-
tam menor sangramento do que as feridas incisas.
Exemplo: facão, machado, foice, enxada, motosserras, rodas de trem.

Ferida cortocontusa

Instrumento perfurocontundente - Ferida perfurocontusa


Os instrumentos perfurocontundentes atuam por pressão, e determinam perfuração
associada à contusão, com prevalência da ação perfurante. Superficialmente, aparenta
contusão, com bordos esmagados, porém mostram continuidade para o interior dos teci-
dos.
Exemplo: projétil de arma de fogo, chave de fenda, vergalhões de metal.

Ferida perfurocontusa (entrada de projétil de arma de fogo)

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A importância dos ferimentos na determinação da dinâmica do fato
O tipo, localização e características dos ferimentos determinam grande parte da di-
nâmica do fato. Podem indicar situações de tocaia à vítima, ação opressora, combate,
reação de defesa da vítima, ataque pelas costas, etc.

As características das feridas produzidas pelo emprego de arma de fogo mere-


cem atenção especial, uma vez que podem indicar a distância do disparo. Além dis-
so, o projétil é o mais típico agente perfurocontundente.

Os disparos apresentam efeitos primários e secundários. Os efeitos primários são


exclusivamente aqueles produzidos pela ação mecânica do impacto do projétil, não de-
pendendo da distância do tiro.

Efeitos primários
Resultam da ação dos projéteis e são características dos pontos de impacto. Os efei-
tos primários resultam da ação do projétil contra um alvo animado ou não animado. No
alvo animado o projétil atinge a pessoa produzindo orlas de impacto ou embate, forman-
do as zonas de contorno seguintes:
a) Orla de enxugo (orla de limpeza): é produzida nos alvos vivos, pela passagem do
projétil, que ao atravessar o corpo, provoca o arrancamento da epiderme, contundindo-o
e nele limpa, ou seja, se enxuga de seus detritos, apresentando-se seja qual for a distân-
cia do disparo, embora menos pronunciada nos disparos encostados. Por esse mecanis-
mo explica-se o aparecimento desta orla, que margeia como um anel o orifício de entra-
da, no tiro perpendicular, tendo forma de meia lua, no tiro inclinado.

Ferida perfurocontusa (orla de enxugo)

Orla de contusão: A orla de contusão se forma devido à diferença de elasticidade


existente entre a epiderme e a derme, visto que, aquela é muito menos elástica, quase
não se distendendo. Por isso, o orifício da epiderme fica maior que o da derme, exibindo,
assim, esta uma pequena orla escoriada, contundida e de coloração escura.
A orla de contusão se apresenta seja qual for a distância do tiro, tornando-se mais
pronunciada quanto mais próximo for o disparo. Apresenta forma circular ou concêntri-
ca quando o projétil incide perpendicularmente sobre a pele, e ovalada ou fusiforme nos
casos de incidência oblíqua.

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Ferida perfurocontusa (orla de contusão)

Orla equimótica: A sua formação se dá devido a ruptura, pelo projétil ao ferir o


corpo vivo, de vasos capilares, produzindo, desta forma, extravasamento de sangue que
se exterioriza em uma mancha equimótica ao redor do orifício de entrada. Tal mancha
possui um colorido variável, podendo evoluir do vermelho ao amarelo.
A orla equimótica não possui características próprias capazes de diagnosticar a dis-
tância, a direção do tiro e o orifício de entrada. Entretanto, serve para concluir se a lesão
foi produzida ainda em vida.

Ferida perfurocontusa com halo equimótico.

Efeitos secundários
Os efeitos secundários resultam da ação explosiva contra um alvo animado ou não
animado. Os efeitos secundários são os que resultam nos tiros à curta distância, assim
como, da ação dos gases e resíduos da combustão da pólvora. A região atingida pelos
efeitos explosivos compreende as zonas seguintes:

Zona de tatuagem: ocasionada pelos grânulos da pólvora combusta ou incombus-


ta, que se incrustam em torno do orifício de entrada, mais ou menos profundamente na
região atingida.
Quando se trata de alvo vivo, esses grânulos na derme se encravam podendo inclu-
sive produzir na região um dano deformante. As vestes, muitas vezes, podem reter os
grânulos de pólvora, impedindo que estes se incrustem no corpo.
A zona de tatuagem margeia o orifício de entrada nos tiros encostados e a queima-
roupa, sendo importante para se determinar a distância do disparo, a incidência do tiro
e a natureza da carga. Entretanto, é importante salientar que a mesma não se verifica
em nenhuma hipótese no orifício de saída.
Sua coloração é variável de acordo com a pólvora empregada na munição; tendo a
coloração uniformemente escura no emprego da pólvora negra, e cor variada com a pól-
vora piroxilada, sem fumaça. Sua forma varia segundo a inclinação do tiro; nos tiros
perpendiculares, a tatuagem se deposita uniformemente, em extensão e quantidade, ao
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redor do orifício de entrada, tomando o aspecto circular; enquanto que nos tiros oblí-
quos, a tatuagem é mais intensa e menos extensa do lado do ângulo menor da inclina-
ção, sendo mais extensa e menos intensa do lado oposto, tomando o aspecto ovalar.

Ferida perfurocontusa com zona de tatuagem

Zona de esfumaçamento: É produzida pela fuligem desprendida pela combustão


da pólvora e que se deposita no alvo, em torno do orifício de entrada, podendo ser remo-
vida com facilidade. Se a região for coberta pelas vestes e natural que estas retenham o
depósito de fuligem.
A zona de esfumaçamento também serve para determinar o orifício de entrada, a
distância e a direção do tiro, porém sua importância é menor do que a da zona de tatua-
gem, por ser removível. Sua forma obedece ao mesmo mecanismo da zona de tatuagem,
com apenas uma diferença, nos tiros perpendiculares a sua forma é estrelada e não cir-
cular.
Convém ressaltar que é possível o aparecimento da mesma ao redor do orifício de
saída nos alvos de pequena espessura, uma vez que a fumaça penetra pelo trajeto do
projétil e sai com este, depositando-se, então, ao redor do orifício de saída.

Ferida perfurocontusa com zona de esfumaçamento

Zona de chamuscamento ou queimadura: E produzida pelos gases superaqueci-


dos e inflamados que se desprendem e atingem o alvo, produzindo queimadura da pele e
da região, de pelos e das vestes.

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Ferida perfurocontusa com zona de Chamuscamento

De acordo com a distância que medeia entre arma e o alvo, os tiros podem ser
classificados da seguinte forma: à distância, à curta distância e encostados.

Nos tiros à distância atua apenas o projétil, que ao percutir o alvo, representado
pela pele, esta o envolve e só depois de forçada pelo movimento de propulsão do mesmo
sua resistência cede, esgotada a elasticidade, e se rompe. O orifício de entrada produzido
é quase sempre de bordas invertidas e circulares, quando tratam de tiros perpendicula-
res, posto que a forma deste orifício variará consoante à maneira com que o projétil atin-
ge o alvo, podendo ser circulares (90°), ovais ou arredondados (ângulo diverso de 90°) ou
tangencial, de acordo com o ângulo de incidência.

Ferida perfurocontusa – tiro à distância (entrada de projétil de arma de fogo com forma
arredondada)
Nos tiros à curta-distância a ―boca‖ do cano da arma encontra-se próxima ao alvo,
sendo que além do projétil, fuligem e grãos de pólvora incombusta e semicombusta tam-
bém atingem o alvo, produzindo um orifício de entrada que pode estar encoberto de fuli-
gem e/ou com o entorno salpicado de pontos negros. As feridas podem apresentar cone
de dispersão do tiro, forma arredondada ou circular, orla de contusão, orla equimótica,
orla de enxugo, zona de tatuagem, zona de esfumaçamento (removível) e zona de quei-
madura (chamuscamento).

Nos tiros encostados a ―boca‖ do cano da arma se apoia no alvo, e além do projétil,
atuam os gases resultantes da deflagração da pólvora, que rompem e dilaceram os teci-
dos, produzindo lesões externas. Forma-se em torno do orifício um halo grosseiro, quei-
mado e negro, sendo a lesão denominada ―Câmara de Mina de Hofmann‖, ―Explosão de
Mina de Hofmann‖ ou ―Boca de Mina‖. O orifício de entrada é irregular, amplo, às vezes
estrelado, de bordas invertidas, sendo a pele que cobre a região deslocada e despregada
pela ação dos gases. O diâmetro deste orifício pode ser igual ou maior que o do projétil.

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Ferida perfurocontusa (Mina de Hofmann)

O orifício de saída só se apresenta nas lesões transfixantes, ou seja, nos casos de


trajeto fechado esse não se verificará. Independem da distância do tiro e caracterizam-se
por apresentar bordas evertidas (por pressão dos tecidos internos para fora), mais irregu-
lares e de maior diâmetro do que o projétil (por movimentação e deformação no interior
do corpo), normalmente mais sangrantes (eliminação de sangue extravasado), podendo
conter aréola equimótica. Ausência de orlas, zonas e halos.
Essa diferença entre o orifício de saída e o orifício de entrada ocorre porque ao tem-
po de saída o projétil além de apresentar menor energia cinética, perde as impurezas no
percurso ao passo que adquire material orgânico, tendo, assim, maior capacidade dilace-
rante do que perfurante e uma eventual mudança de direção.
A diferenciação entre ambos os orifícios é de fundamental importância para o estu-
do da natureza jurídica do evento, pois esta diferenciação é que fornecerá os subsídios
para o estudo da direção do disparo, entre outras coisas.

Orifícios de saída.

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DEFINIÇÃO
ARMAS DE FOGO são exclusivamente aquelas que para expelirem seus projeteis,
utiliza-se da força expansiva dos gases resultantes da combustão da pólvora.

ASPECTOS CLASSIFICATÓRIOS
Vários critérios podem ser adotados em uma classificação. Ao ser adotado um crité-
rio, este deve estar fundamentado em elementos intrinsecamente relacionados com a
arma, observando as características específicas e diferenciadas.

QUANTO À ALMA DO CANO QUANTO AO SISTEMA DE INFLAMAÇÃO

QUANTO AO SISTEMA DE CARREGAMENTO

QUANTO AO SISTEMA DE FUNCIONAMENTO QUANTO À MOBILIDADE E USO

QUANTO À ALMA DO CANO

LISAS RAIADAS

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CANO DE ALMA LISA

(espingarda)

Confeccionado a partir de um cilindro de aço perfurado longitudinalmente por bro-

cas especiais.

Com a finalidade de produzir um melhor agrupamento dos projeteis múltiplos, vi-

sando maior alcance e precisão, pode-se obter um estrangulamento na boca do cano de-

nominado choque ―choke‖.

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CANO DE ALMA RAIADA

RAIAMENTO Sulcos paralelos e helicoidais imprimem


no projétil um movimento giratório em torno do seu eixo,
estabilizando a sua trajetória.
PASSO: Distância necessária para que o projétil rea-
lize uma volta completa em torno de seu eixo.

PASSO SIMPLES: À dis-


PASSO
tância de todos os passos são iguais.

SIMPLES MISTO
PASSO MISTO: Há va-

riação na distância de um passo qualquer.

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ORIENTAÇÃO: Sentido da rotação do projétil.

ORIENTAÇÃO DESTROGIRA:

Sentido de giro horário ou para a di-


ORIENTAÇÃO
reita.

DEXTROGIRO SINISTROGIRO
ORIENTAÇÃO

SINISTROGIRA: Sentido de giro anti-

horário ou para a esquerda.

QUANTIDADE: Número de sulcos helicoidais existentes.

O fabricante decide sobre a me-


QUANTIDADE lhor concepção do raiamento nos canos de suas armas,

seguindo características e dimensões próprias, em es-


PAR IMPAR
pecial quanto ao número, orientação, largura, profun-

didade e ângulo de inclinação; objetivando o melhor

desempenho balístico.

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QUANTO AO SISTEMA DE CARREGAMENTO

ANTECARGA RETROCARGA

CARREGAMENTO ANTECARGA

1 2 3

4 5

Feito pela extremidade anterior do cano (boca).

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CARREGAMENTO RETROCARGA

Feito pela extremidade posterior do

cano (câmara).

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QUANTO AO SISTEMA DE INFLAMAÇÃO

MECHA ATRITO PERCUSSÃO ELÉTRICA

MECHA

ATRITO

RODA MIQUELETE

RODA

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MIQUELETE

PERCUSSÃO

EXTRÍNSECA INTRÍNSECA

ARMAS DE PINO LATERAL CENTRAL RADIAL


ANTECARGA

EXTRÍNSECA

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INTRINSECA

PINO LATERAL

RADIAL

CENTRAL

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INTRÍNSECA

RADIAL CENTRAL

DIRETA INDIRETA

Cão dotado de pino percutor. Cão atinge o percussor.

ELÉTRICA

Lança foguete.

QUANTO AO SISTEMA DE FUNCIONAMENTO

TIRO UNITÁRIO REPETIÇÃO

SIMPLES NÃO AUTOMÁTICA

MÚLTIPLO SEMI-AUTOMÁTICA

AUTOMÁTICA

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TIRO UNITÁRIO
(Carregamento Manual)

SIMPLES: Comporta car-


ga para um único tiro.

MULTIPLO: Comporta-se
como se fossem duas ou
mais armas de tiro uni-
tário simples, montadas
numa só coronha.

REPETIÇÃO

NÃO AUTOMÁTICA
Funcionam pelo princípio da força muscular
do atirador, que através de suas ações desenca-
deará cada fase do funcionamento.

ALAVANCA

BOMBA

FERROLHO

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SEMIAUTOMÁTICA

Funcionam pelo princípio de aproveita-


mento dos gases resultantes da queima da car-
ga de projeção, o qual realiza quase todas as
fases do funcionamento, exceto a liberação da
massa percutente.

AUTOMÁTICA

Funcionam pelo princípio de apro-


veitamento dos gases resultantes da
queima da carga de projeção, que realiza
quase todas as fases do funcionamento.

QUANTO À MOBILIDADE E AO USO

EXCLUSIVAMENTE USO
MILITARES GERAL

COLETIVAS COLETIVAS INDIVIDUAIS

FIXAS MÓVEIS SEMI-PORTÁTEIS PORTÁTEIS

TRAÇÃO AUTOMOTRIZES LONGAS CURTAS


EXTRÍNSECA

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EXCLUSIVAMENTE MILITARES

FIXAS
Deslocamentos somente nos planos verti-
cal e horizontal.

MÓVEIS

TRAÇÃO EXTRÍNSECA AUTOMOTRIZES

Conduzidas por viaturas. Um só sistema arma / viatura.

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SEMIPORTÁTEIS

Conduzidas por dois ou mais homens.

USO GERAL

PORTATEIS

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CURTAS Conduzidas em
LONGAS Conduzidas por um só ho-
coldres.
mem, geralmente dotadas de bandolei-
ra.

COLETIVA: Benefício do grupo. NOTA:


INDIVIDUAL Benefício do usuário.
Não importa o número de operadores.

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EXPRESSOS

SISTEMA MÉTRICO DECIMAL SISTEMA INGLÊS DE PESOS E MEDIDAS

milímetro e centésimo de milímetro frações da polegada

Ex: 7,65 mm 38/100 da polegada = 0,38 pol ou 0,38" = .38

CALIBRE REAL
Medida exata tomada diretamente na boca do cano.
(Dentro dos limites de tolerância).
NOS CANOS DE ALMA LISA: Exceto choques

Tabela

Diâmetro
Calibre
(mm)
10 19,3 - 19,7
12 18,2 - 18,6
16 16,8 - 17,2
20 15,6 - 16,0
24 14,7 - 15,1
28 14,0 - 14,4
32 12,75 -
13,15
36 (410) 10,414

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Converteu-se uma libra (453,6g) de chumbo puro em 12 esferas de iguais pesos e
diâmetro. Se uma dessas esferas encaixava-se perfeitamente num determinado cano, o
calibre deste era "12" ou 1/12 Lb; e assim por diante.

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NOS CANOS DE ALMA RAIADA

NÚMERO PAR DE RAIAS

Medida entre cheios diametral-

mente opostos.

NÚMERO IMPAR DE RAIAS

Medida entre um cheio e a deli-

mitação entre o cheio e a raia oposta.

CALIBRE NOMINAL

Tipo particular de munição e também na arma, na qual esta munição deva ser

usada corretamente.

(É a correlação perfeita entre arma e munição).

Na prática, o que determina numa arma o calibre nominal é a configuração in-

terna da câmara na qual vai alojar-se o cartucho.

Assim para cada tipo de calibre real pode haver vários tipos de calibres nomi-

nais.

Assim sendo:

Calibre real = 8,9 mm => 9mm

Calibre nominal .38 => entre outros: .38 SWC, .38 SWL, .38 SPL, .38 SPL+P,

.38 SPL+P+, .357 Magnum.

Logo armas com o mesmo calibre real usarão munição diferente por ter calibre

nominal diferente, indicado pela arma.

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NA PISTOLA NO REVÓLVER

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GENERALIDADES

CARTUCHO - Unidade de munição das armas de percussão e de retrocarga.

DIVISÃO

CARTUCHOS DAS CARTUCHOS DAS


ARMAS DE ALMA RAIADA ARMAS DE ALMA LISA

PERCUSSÃO PERCUSSÃO
CENTRAL RADIAL

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CARTUCHOS DAS ARMAS RAIADAS

COMPONENTES

1 - Estojo.

2 - Espoleta.

3 - Carga de projeção.

4 - Projétil ou projetil.

ESTOJO

FINALIDADES

Reunir os demais elementos componentes da munição.

Proteger a carga de projeção.

Obturar a câmara.

Determinar o calibre nominal.

FABRICAÇÃO

Aço, alumínio ou latão (banho de níquel) confeccionados pelo processo de esti-

ramento sucessivo.

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CLASSIFICAÇÃO:

TIPO

PERCUSSÃO CENTRAL PERCUSSÃO RADIAL

PERFIL

CILÍNDRICO TRONCO-CÔNICO TRONCO-CÔNICO COM


GARGALO CILÍNDRICO

BASE DO CULOTE

SEM SALIÊNCIA SEMI-SALIENTE SALIENTE CINTADO REBATIDO

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ESPOLETAMENTO

BOXER BERDAN

NOMENCLATURA

1 - Culote - Possui as inscrições de identificação, (Fábrica,

lote, tipo de munição, calibre nominal ...).

2 - Alojamento da espoleta

3 - Bigorna - (Somente nos estojos tipo Berdan), com

o percussor, faz o esmagamento do alto explosivo inicia-

dor existente na cápsula.

4 - Evento(s) - Permite que a chama da

cápsula atinja a carga de projeção

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5 - Gola - Aloja a garra do extrator.

6 - Virola - Permite a extração.

7 - Corpo - Seu formato (cilíndrico ou tronco cônico)

está totalmente ligado ao sistema de funcionamento da

arma.

8 - Gargalo - Faz a redução câmara / cano.

9 - Boca - Recebe e fixa o projetil.

ESPOLETA

FINALIDADE

Iniciar, depois da excitação externa, a queima da carga de projeção.

FABRICAÇÃO

Cobre ou latão.

CONSTITUIÇÃO

Mistura iniciadora: Alto explosivo iniciador: Fulminato de mercúrio ou azida

de chumbo ou estifinato de chumbo ou tetraceno.

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Exemplos de chamas produzidas por espoletas:

Convencional ou de estifinato de Magnum ou de tetraceno


chumbo
CLASSIFICAÇÃO:

TIPO

BOXER BERDAN

NOMENCLATURA

1 - Corpo ou copo - Recebe os demais elementos.

2 - Mistura iniciadora - Alto explosivo iniciador.

3 - Disco de papel - Mantém a mistura no seu local.

4 - Bigorna - (Somente nas cápsulas tipo Boxer), com o per-

cussor, faz o esmagamento do alto explosivo iniciador.

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CARGA DE PROJEÇÃO
DEFINIÇÃO

Baixos explosivos (pólvoras).

FINALIDADE

Depois de excitada pela chama produzida pela cápsula, transforma-se, gerando

as pressões que irão lançar o projétil.

CLASSIFICAÇÃO:

TIPO

PÓLVORA NEGRA PÓLVORA QUÍMICA


OU COLOIDAL

BASE BASE BASE


SIMPLES DUPLA TRIPLA
NC NC + NG NC + NG + NGu

FORMA

FIOS GRÃOS LÂMINAS

Esféricos Cilíndricos

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CILINDROS

não perfurados monoperfurados heptaperfurados

Área externa diminui Área externa diminui Área aumenta, em


na transformação. e interna aumenta na um dado momento, brus-
Pressão decrescente. transformação. camente na transforma-
Pressão constante. ção.
Pressão crescente.

PROJETIL

FINALIDADE

Causar danos é o próprio emprego da munição.

CLASSIFICAÇÃO:

TIPO

LIGA DE CHUMBO ENCAMISADO SEMI-ENCAMISADO

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LIGA DE CHUMBO
Endurecidos com estanho e/ou antimônio.

NOMENCLATURA
A - OGIVA - Favorece as propriedades balísticas con-
cernentes à resistência do ar.
1 - Anel de Vedamento - Área onde o estojo en-
gasta o projétil.
B - CORPO CILÍNDRICO - Favorece as propriedades
balísticas concernentes a arma.
2 - Sulco Serrilhado - Depósito de lubrificante
sólido.
3 - Anel de Forçamento - Adere fortemente no
raiamento.
C - BASE - Área de aplicação dos gases.
4 - Côncavo da Base - Amplia a área de aplicação
dos gases.

ENCAMISADO
Núcleo de chumbo revestido (total ou parcialmente) com uma camisa de percentuais
de cobre, zinco e níquel; podendo inclusive descartar um destes elementos.
Vantagens:
Não provocam chumbeamento nas raias.
Permitem maiores velocidades iniciais.

NOMENCLATURA

1 - Projétil ou projetil ou ―bala‖ (popularmente co-


nhecido) - Elemento por completo.

2 - Base ou culote - Favorece as propriedades ba-


lísticas, no que concerne ao arrasto.

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3 - Corpo - Área que se engraza ao raiamento.

4 - Ogiva ou ponta - Favorece as


propriedades balísticas, no que con-
cerne a resistência do ar.

5 - Camisa - Nos projeteis encamisados e semi-


encamisados.

6 - Núcleo - É a finalidade do projétil.

7 - Cinta de engastamento ou canelura - Mantém a camisa


firmemente presa ao núcleo, permite que o estojo engaste o
projétil na montagem do cartucho, e ainda, ao receber graxa na
sua manufatura, facilita a lubrificação e protege contra a umi-
dade.

PROJETIS NACIONAIS

CHUMBO

CSCV
CHOG
Chumbo
Chumbo
Semi Canto Vi-
Ogival
vo

CHCV CHCT

Chumbo Chumbo
Canto Vivo Cone Truncado

CHPP

Chumbo
Ponta Plana

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SEMI-ENCAMISADOS

EXPP EXPO

Expansivo Expansivo
Ponta Plana Ponta Oca

EXPT

Expansivo
Pontiagudo

ENCAMISADOS

ETPP
ETOG
Encamisado
Encamisado
Total Ponta Pla-
Total Ogival
na

ESCV
ETPT
Encamisado to-
Encamisado
tal
Total Pontiagudo
Semi Canto Vivo

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PROJETIS MILITARES

Contra pessoal e
COMUM
Alvos não blindados.

Aeronaves, blindagens leves,


PERFURANTE
Abrigos,...

INCENDIÁRIA Causar incêndios.

Observação do tiro,
TRAÇANTE
Incêndios e sinalização.

PERFURANTE - INCENDIÁRIA

PERFURANTE - INCENDIÁRIA - TRAÇANTE

EXPANSIVO Treinamento.

COMUM 5,56 mm - SS-109.

PERFURANTE Metal duro

Terço intermediário da traje-


TRAÇANTE
tória.

TRAÇANTE Terço final da trajetória.

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TRAÇANTE Longo espectro.

PERFURANTE
Metal duro.
INCENDIÁRIA

ANTIDISTÚRBIO Contra pessoal, não letal.

ESTILHAÇÁVEL Exercício.

ALTO
EXPLOSIVA Aeronaves, blindagens leves.
INCENDIÁRIA

TRAÇANTE
Observação do local do alvo.
FUMÍGENO

OUTROS PROJETIS

Projétil sub-calibrado, dentro de um


ACCELERATOR corpo destacável, que desenvolve altíssi-
ma velocidade.

Projétil de latão contendo um pino


plástico no seu interior, este pino após
B.A.T.
ser ejetado, faz com que o projétil tenha
o aspecto cilíndrico oco.

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Projétil encamisado por uma camisa
pré-sulcada de fibra de carbono, contendo
BLACK TALON
chumbo não endurecido no seu interior,
dotado de uma ponta oca.

Projetil semi-encamisado com dois


DUAL-CORE
ou mais núcleos de dureza diferentes.

Projetil de ponta oca, contendo no


orifício um baixo explosivo que é excita-
EXPLODER
do por uma cápsula sensibilizada, coloca-
da na boca da ponta oca.

Projetil encamisado por uma camisa


FAIL SAFE pré-sulcada de material duro, contendo
TALON chumbo não endurecido no seu interior,
dotado de uma ponta oca.

300 micro esferas de chumbo enca-


GLASER
misadas em única camisa de latão.

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Projetil encamisado por uma camisa
pré-sulcada de latão endurecido, conten-
GOLD DOT
do chumbo não endurecido no seu interi-
or, dotado de uma ponta oca.

Projetil de ponta oca com um pino


no centro, que tem a finalidade de direci-
HYDRA SHOCK
onar material para as paredes internas do
projétil.

Projetil tronco-cônico de latão maci-


K.T.W.
ço com banho de fibra de carbono.

Cartucho montado com vários (2,3


MULTI-BALL
ou 5) projéteis.

Projetil cujo núcleo é constituído de


NOSLER
duas seções de chumbo.

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Núcleo de chumbo numa camisa de
NYCLAD
nylon.

Projetil de polímero aeroespacial,


RHINO AMMO contendo esferas de chumbo no seu inte-
rior.

Projetil no formato de um cilindro


SHOTSHELL plástico contendo no seu interior micro
esferas de chumbo.

Núcleo de chumbo numa camisa de


SILVERTIP
alumínio.

Projetil com o formato de um telha-


T.H.V. do colonial, bastante leve e com uma ve-
locidade muito elevada.

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CARTUCHOS PARA ARMAS DE ALMA LISA

COMPONENTES

1 - Estojo.

2 - Espoleta.

3 - Carga de projeção.

4 - Bucha

5 - Projetil ou projetis.

ESTOJO
FINALIDADES
Reunir os demais elementos componentes da munição.
Obturar a câmara.
Determinar o calibre nominal.
FABRICAÇÃO
Latão, papelão ou plástico com base de latão ou totalmente plástico.

NOMENCLATURA

Câmara - Aloja a carga de projeção, bu-


cha(s) e projetil (ou projetis).

FECHAMENTO

Boca - Recebe o fechamento.

Estrela Orlado

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ESPOLETA

NOMENCLATURA

1 - Corpo - Recebe os demais elementos.

2 - Copo - Recebe a mistura iniciadora.

3 - Discos de papel:

A - Mantém a mistura iniciadora no seu

local.

B - Mantém e amortece a bigorna

4 - Bigorna - Tipo bateria.

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PROJETIL OU PROJETIS

CARREGAMENTO

SIMPLES MÚLTIPLOS

BUCHA

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co

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Art. 160. - Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosa-

mente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.

O PROJETIL COMO ELEMENTO PRINCIPAL


NA IDENTIFICAÇÃO INDIRETA DA ARMA DE FOGO

CARACTERÍSTICA E NATUREZA DO PROJETIL

Constituição

Ogiva

Base

Sulcos Serrilhados

Mensuração - (As Indústrias através de catálogos ou informativos técnicos fornecem


a massa e o diâmetro dos projetis por elas fabricados nos diversos calibres).

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DEFORMAÇÕES DO PROJETIL
(modificação do formato original)

TIPOS

NORMAIS PERIÓDICAS ACIDENTAIS PROPOSITAIS

NORMAIS

Raias: imprimem os ressaltos.

Cheios: imprimem os cavados.

Macroscopicamente são de grande valor:

Número, a inclinação, as larguras, a profundidade e o direcionamento dos res-


saltos e cavados. (correspondem o passo do raiamento, a profundidade e a nitidez,
informando o estado de conservação do cano).

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PERIÓDICAS

São decorrentes da má apresentação das câmaras ao cano. No


revólver com o giro normal do tambor uma ou mais câmaras perio-
dicamente podem apresentar um mau alinhamento câmara/cano
não estando no alinhamento exato o projetil se choca com os bordos
da câmara.
Resultando marcas das irregularidades apresentando esmaga-
mento ou dilaceração parciais mais ou menos intensos, com perda
de substância. (defeito da arma ou anomalia do próprio projetil ou
cartuchos).

ACIDENTAIS
(Não provocada pela arma).
São aquelas que ocorrem quando o projetil impacta contra superfície rígidas , ocasi-
ão em que se deformam, se fragmentam ou se moldam no relevo da superfície na qual
impactou.
São representadas por: Amolgamento; Torções; Sulcagem; Dilacerações; Fragmentações
etc...
Estas deformações podem impossibilitar a identificação do calibre do projetil ou o
número original dos ressaltos e cavados.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
Muitas vezes estas deformações acidentais são resultantes de:
Falta de cuidado da coleta ou extração do projetil (quando alojado em uma pa-
rede ou osso de vítima);
Mau acondicionamento;
Transporte inadequado.
As deformações acidentais independente de suas origens serão sempre prejudi-
cais à possibilidade de identificação indireta ou individual de uma arma incriminada.
São denominadas deformações indumentárias, quando produzidas pelos fios
do tecido perfurado ou por eles atingidos, e aparecem com mais frequência na ogiva do
projetil.

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PROPOSITAIS
São produzidas no projétil com a finalidade de dificultar ou impedir a
identificação da arma que expeliu o projetil.

FIXAÇÃO COGNITIVA SOBRE ARMAS DE FOGO E PERÍCIAS CRIMINAIS


Armas de fogo
Acionam cartuchos com projétil, que é um instrumento característico da ferida per-
furocontusa. Existem outros instrumentos que produzem esse tipo de ferida, mas não de
uso tão frequentes como as armas de fogo que, são caracterizadas como instrumentos
perfurocontudente.

As armas podem ser classificadas em:


mecânica: revólver;
semi-automática: pistolas;
automáticas: metralhadoras;
curtas: pistolas, revólveres;
longas: rifles, fuzis e cartucheiras;
projétil único: revólver, metralhadora, rifle;
projétil múltiplo: garrucha e cartucheira.

Calibre é o diâmetro medido na saída do cano. Essa medida é o que dá o calibre em


milímetros ou em centésimos de polegada.
Nas armas de projétil múltiplo, o calibre é dado pelo peso. Ex.: calibre 12 – o cartucho
dessa arma contém doze esferas de chumbo que, somadas, correspondem a uma libra.
De uma maneira geral, o cartucho é composto de um cilindro com uma extremida-
de fechada e outra aberta. Dentro desse cilindro há a espoleta, impregnada por mercú-
rio, que, pelo atrito, produz uma pequena chama. O cartucho é composto, ainda, de pól-
vora (enxofre+carvão+salitre). Esse combustível é tamponado por papel, papelão ou teci-
do, que recebe o nome de bucha. Finalmente, encravado no cartucho, há uma peça de
metal, que é o projétil.
A arma de fogo é o aparelho que coloca em ação o cartucho. Impactada pela espole-
ta, a pólvora é incendiada. A queima de uma carga padrão (calibre 38) gera gases que,
aquecidos, são capazes de saturar 800 cm³, o que aumenta a pressão do compartimento
e desentuba o projétil, imprimindo-lhe uma velocidade em torno de 600 a 800 km/h. Is-
so nos projéteis chamados de baixa energia.
Quando o projétil desentuba, ocorre a explosão do cartucho. Uma parte da pólvora
não se queima, sendo lançada a uma distância de até 15cm, sob a forma de grãos. Jun-
to com o projétil são lançados também restos da bucha, labareda, fumaça e eventuais
sujeiras, como graxa. Atingem a ferida tudo o que estava no caminho do projétil (tecido
da roupa, botão etc.). O projétil se ―enxuga‖ e chega limpo ao destino. Essa área chama-
se área de enxugo.

O projetil é, então, composto de:


cartucho: estojo de latão, plástico ou papel prensado;
espoleta: fulminato de mercúrio ou fosfato de bário;
pólvora: carvão pulverizado, enxofre e salitre;
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bucha: disco de feltro, metal ou papelão;
projétil: de chumbo, podendo ser revestido de níquel.
O projétil é instrumento perfuro contundente.

Tiros à queima-roupa
Se o alvo estiver colocado a 10 cm da arma, o projétil, além de contundir e perfurar,
queimará a pele, provocando uma zona de queimadura.
O projétil, perfurando a pele, rompe pequenos vasos, formando a zona equimótica.
O interior do cano das armas curtas, de projétil único, não é liso. A usinagem do
cano possui cristas que recebem o nome de raia. A raia produz uma rotação do projetil a
alta velocidade, o que propicia um alcance maior e uma direção mais precisa.

As raias podem ser:


Destrogiras: imprimem um movimento no sentido horário.
Sinistrogiras: imprimem uma rotação no sentido anti-horário.
Devido à rotação, o projétil provoca na pele uma escoriação. Onde o projétil perfu-
rar, haverá uma zona de escoriação. Essa zona recebe o nome de zona de Fisch.
Chegam também à ferida os detritos da bucha, que são retidos pela pele, que se
chama zona de enxugo. Nessa zona de enxugo serão encontrados tudo o que o projétil
leva pelo caminho (tecido, sujeiras etc.; coisas que estão interpostas entre o cano e a pele
do indivíduo).
A pólvora que chega junto com o projétil e que se aloja na pele, produz a zona de
tatuagem.
Por fora dessa zona, a fumaça: zona de esfumaçamento (é a mais periférica de to-
das).
A característica da zona de esfumaçamento é que pode ser facilmente retirada com
uma simples limpeza no local. Se traçarmos uma linha da zona de esfumaçamento, te-
remos a figura geométrica de um cone. Quanto maior a base do cone, maior a distância
entre a arma e o alvo.
É possível, a partir do exame da ferida, determinar a qual distância foi dado o tiro.
A zona de Fisch alongada aponta na direção de onde veio o projétil. Nos orifícios
ovais, a maior extensão da zona de Fisch indica a direção do projétil.
São características do furo de entrada nos tiros à queima-roupa:
menor que o diâmetro do projétil, devido à elasticidade da pele;
forma circular se o disparo for perpendicular à pele, e forma ovalar se o disparo for
tangencial;
a borda está voltada para dentro;
presença de orla de escoriações (zona de Fisch);
zona de enxugo;
zona de tatuagem;
zona de esfumaçamento periférico;
auréola equimótica;
zona de queimadura - a borda é ligeiramente queimada pelo calor do projétil;
zona de compressão de gases, vista apenas nos primeiros instantes.
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Tiros encostados
Quando o orifício do cano está encostado à pele, não há espaço entre o cano e a pe-
le. Acontece uma explosão interna: gases, pólvora, fumaça, fica tudo sob a pele. Es-
sa ferida recebe o nome de Zona de Hoffman.
Após o disparo, a zona atingida fica estufada e crepita (sinal de crepitação). A área
fica meio abaulada. Esse sinal só vale para os primeiros momentos após o disparo.
O disparo encostado produz a impressão do cano quente na pele. Essa impres-
são recebe o nome de sinal de Werkgaertner.
Existe uma outra hipótese, quando o revólver não está totalmente encostado à pele.
Isso gera uma figura diferente, o sinal de Werkgaertner aparece pela metade, em for-
ma de meia lua.
Nos três tipos de disparos, as bordas da ferida estão voltadas para dentro. No ser
humano vivo, os orifícios de entrada são menores que o diâmetro do projétil, por
causa da elasticidade da pele.
São características das feridas produzidas por tiro encostado:
- orifício de diâmetro menor que o projétil;
- marca quente, desenhando a boca do cano na pele (sinal de Werkgaertner);
- a forma do orifício é irregular, denteada e com entalhes, devido à ação resultante
dos gases que deslocam e dilaceram o tecido (sinal de Hoffmann);
- em geral, não há zona de tatuagem e esfumaçamento, pois os elementos da carga
penetram pelo orifício da bala.

Tiros à distância
São características do orifício de entrada:
- forma arredondada ou ovalar, dependendo do disparo, se for perpendicular ou
oblíquo em relação à vítima;
- quando o tiro é dado em perpendicular, o diâmetro da ferida é menor que o projé-
til;
- a orla de escoriações tem aspecto concêntrico nos orifícios arredondados e em
crescente ou meia lua nos orifícios ovalares;
presença da auréola equimótica (ruptura de pequenos vasos localizados na vizi-
nhança do ferimento);
- bordas para dentro.

São características de saída do projétil das feridas produzidas por arma de fo-
go:
- o orifício de saída é maior que o de entrada;
- a forma é de ferida estrelada (rasgada com as bordas voltadas para fora);
- nunca tem zona de Fisch, nem qualquer outra lesão de pele, pela simples razão
que em momento algum o projétil tocou a superfície da pele na saída, ele a vulnerou de
dentro para fora;
- pode haver zona de enxugo, pois o projétil pode levar tecidos, fragmentos de osso
etc.
De maneira geral, a linha reta que une o orifício de entrada e o orifício de saí-
da representa o trajeto do projétil dentro do corpo.
Em várias ocasiões, o projétil pode mudar de trajeto dentro do corpo, pode se frag-
mentar e pode, também, mudar de ângulo.

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Na cabeça, conforme o grau de impacto, pode ocorrer um fenômeno: O couro cabe-
ludo é móvel, e sob o couro existe um tecido mole. Algumas vezes, o projétil passa pelo
couro cabeludo e não penetra na cabeça, dando-se o nome de bala giratória. O projétil
faz o trajeto entre o couro cabeludo e o tecido que envolve o crânio.
A localização do projétil de arma de fogo dentro do corpo humano é extremamente
difícil sem o auxílio do raio X, pelo fato de o projétil mudar o seu trajeto dentro do corpo.
Quando o projétil entra, forma um cone que recebe o nome de sinal de Bonnet,
onde o orifício de entrada é menor que o de saída. Tem o formato de um funil e, na en-
trada, o diâmetro menor aponta a direção do projétil.

Exame Residuograma nas mãos:

MORTE PRODUZIDA POR QUEIMADURA


As lesões produzidas por energias de ordem física são aquelas capazes de modificar
o estado físico dos corpos. Podem ocorrer por energia térmica, radioatividade, eletricida-
de, pressão atmosférica, som ou luz.

Energia Térmica – são modalidades o frio, o calor e a oscilação de temperatura.


a) Calor
O calor pode atuar de forma difusa ou direta. A exposição difusa pode ocorrer de
duas maneiras: a insolação e a intermação.
A insolação é proveniente do calor ambiental, sendo uma perturbação decorrente
da exposição direta e prolongada aos raios solares, ocorrendo em locais abertos ou con-
finados.

Os principais sintomas são: pele quente e avermelhada, pulso rápido e forte, dor de
cabeça acentuada, sede intensa, temperatura do corpo elevada, dificuldade respiratória,
inconsciência.
A intermação decorre do excesso de calor em locais úmido e não arejados. Os prin-
cipais sintomas são dor de cabeça e náuseas, palidez acentuada, sudorese, pulso rápido
e fraco, temperatura corporal ligeiramente febril, câimbra no abdômen ou nas pernas,
inconsciência.

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A exposição direta corresponde às lesões causadas no organismo em conseqüência
da ação direta do calor, resultados no fenômeno denominado QUEIMADURA. Podem ser
de
Maior ou menor extensão, mais ou menos profundas, infectadas ou não, advindas
das ações da chama, do calor irradiante, dos gases superaquecidos, dos líquidos escal-
dantes, dos sólidos quentes e dos raios solares. As lesões produzidas são de natureza
local e geral, cuja gravidade depende de sua extensão e profundidade.
A gravidade de uma queimadura é diretamente proporcional ao tempo e a intensi-
dade do agente agressor em contato com a pele, podendo apresentar-se de natureza aci-
dental, homicida, suicida e em dissimulação de crimes.
Em Medicina Legal as classificações das queimaduras são feitas considerando a
profundidades das lesões, enquanto que na área clínica a classificação é feitas na área
corporal atingida.

Segundo Hoffmann a classificação das queimaduras é feita em quatro níveis, mos-


trados a seguir:

Primeiro grau - Presença de eritemas simples.


Neste caso somente a epiderme é afetada pela dilatação capilar, com sinais verme-
lhos que cobrem a epiderme, devido á congestão da pele. A pele conserva-se íntegra, sem
cicatrizes, apenas descamação dos planos mais superficiais da epiderme. Devido à natu-
reza avascular da epiderme, não ocorre sangramento.
Como o eritema representa uma reação vital, as queimaduras de primeiro grau não
se evidenciam no cadáver.

Queimadura de primeiro grau (eritema)

Segundo grau - Presença de flictena


Além do eritema apresentam lesões denominadas de flictenas, que são vesículas que
suspendem a epiderme, resultando num líquido que varia de coloração límpida a ama-
relo claro, seroso, constituído por cloretos, albumina e leucócitos, podendo ser formadas
tanto no vivo quanto no morto.

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Queimadura de segundo grau (flictenas)

Terceiro grau - Presença de escaras.


São produzidas geralmente por chamas ou sólidos superaquecidos, seguindo com a
coagulação necrótica dos tecidos moles, chegando atingir os planos musculares. São
menos dolorosas em virtude da destruição dos corpúsculos sensíveis da epiderme, com
feridas abertas, com formação de placas de coloração acastanhada ou cinza-amarelada.
A cicatrização é lenta, com cicatrizes proeminentes.

Queimadura de terceiro grau (escaras)

Quarto grau - Carbonização


Podem ser locais ou generalizadas, podendo atingir todos os planos teciduais e ós-
seos. A carbonização generalizada apresenta uma redução do volume do corpo por con-
densação dos tecidos. Ocorre fratura óssea, principalmente dos ossos longos, além de
retração tecidual, com flexão dos braços e pernas, tomando o corpo a posição de lutador
(―boxer‖), posição essa explicada pelos leigos como o desespero da vítima surpreendida
pelo fogo.

Queimadura de quarto grau (carbonização)

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Frio
Assim como o calor, o frio pode agir de forma local ou difusa, a qual denominada
hipotermia. A ação geral do frio leva à alteração do sistema nervoso, sonolência, convul-
sões, delírios, perturbações dos movimentos, congestão ou isquemia das vísceras. Os
principais vestígios no periciado são: conservação da postura que antecedeu a morte,
rigidez precoce e intensa, pele anserina, edema em todo segmento superior do corpo, flic-
tenas difusas e necroses de extremidade.
Nos casos de ação local, podem ocorrer lesões denominadas geladuras, que podem
ser classificadas como:
Primeiro grau
Caracterizado pela palidez cutânea ou rubefação local e aspecto anserino da pele.
Segundo grau
Presença de eritema e formação de bolhas ou flictenas de conteúdo claro e hemorrá-
gico.
Terceiro grau
Presença de necrose dos tecidos moles com formação de crostas enegrecidas, ade-
rentes e espessas.
Quarto grau
Formação de gangrena ou desarticulação.

Geladura (ação do frio).

MORTE PRODUZIDA POR ASFIXIA

As energias de ordem físico-química são aquelas que impedem a passagem do ar às


vias respiratórias e alteram a composição bioquímica do sangue, inibindo a hematose
(transformação do sangue venoso em sangue arterial), podendo levar o indivíduo à mor-
te. Na asfixia, o oxigênio presente nos pulmões é consumido e o gás carbônico que vai se
formando é acumulado. Não há sinal patognomônico de asfixia. Nas asfixias mecânicas
são estabelecidas quatro fases distintas:

1ª Fase – ―fase cerebral‖


Nesta fase ocorre o surgimento de enjoos, vertigens, ofuscamento da visão, zumbi-
dos, pulso acelerado, sensação de angústia, respiração profunda e cianose.

2ª Fase – ―fase de excitação cortical e medular‖


Notam-se convulsões e contrações dos músculos respiratórios e da face, com rela-
xamento dos esfíncteres com emissão de matéria fecal e urina, ejaculação, acompanhada
de um grande esforço da vítima, causando aumento da pressão e bradicardia.

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3ª Fase – ―fase respiratória‖
É acompanhada de hipotensão e taquicardia, com movimentos respiratórios lentos,
devido a insuficiência ventricular direita.

4ª Fase – ―fase cardíaca‖


Nesta fase os batimentos do coração tornam-se lentos e irregulares, com arritmia
cessão dos batimentos cardíacos.

Sinais cadavéricos das asfixias em geral


Quando os corpos de indivíduos asfixiados são encontrados sinais que estão pre-
sentes independentes da sua causa, ou seja, aparecem em todos os cadáveres cuja cau-
sa da morte foi asfixia.

Sinais externos
a) Manchas de hipostases – são abundantes, com coloração escura, podendo varia a
cor nos casos de asfixia por monóxido de carbono.

Manchas hipostáticas

b) Congestão da face – é um sinal mais constante, alcançando maior frequência em


tipos especiais de asfixias, principalmente na compressão toráxica.

c) Equimoses da pele e das mucosas – na pele são arredondadas e de pequenas di-


mensões, formando agrupamentos na face, tórax e pescoço. Nas mucosas são encontra-
das mais na conjuntiva palpebral e ocular e nos lábios. São causadas pela rotura dos
vasos, com impregnação de sangue nas malhas dos tecidos. Podem ser de coloração ró-
sea nos cadáveres submersos, vermelho-vivo nos indivíduos colocados em ambientes de
gases não respiráveis e escuro nas demais.

Manchas hipostáticas na pele

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d) Cianose da face – de coloração azulada (elevada concentração de carboxiemoglo-
bina), atingindo a pele e a mucosa. Na asfixia o sangue é escuro e por isso que ocorre um
arroxeamento do corpo de forma mais nítida.

e) Cogumelo de espuma – é formado por muco e ar, exteriozando-se pela boca e pelo
nariz, de coloração clara ou sanguinolenta. É mais comum nos afogados, podendo surgir
em outras formas de asfixia mecânica.

Cogumelo de espuma (afogamento)

f) Projeção da língua ou preclusão da língua – muito comum também nos cadáveres


putrefeitos, sem nenhuma relação com asfixia.

Projeção de língua (enforcamento)

g) Exoftalmia – projeção do globo ocular para fora de sua órbita.

h) Resfriamento demorado – o resfriamento é lento em virtude da ausência de he-


morragias, exceto nas submersões.

Sinais internos
a) Equimoses viscerais – também chamadas de manchas de Tardieu, localizadas
principalmente nos sulcos interlombares e bordas dos pulmões, no pericárdio e pericrâ-
nio. São manchas violáceas, de número variado, em formato arredondado, que recobrem
a superfície da pleura, vísceras ocas ou mucosas.

Equimose visceral (mancha de Tardieu)

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b) Aspecto do sangue – o sangue é escuro e líquido, exceto nas mortes por monóxido
de carbono (sangue vermelho vivo) e nos afogados (sangue róseo).
c) Congestão polivisceral – com exceção do baço, que se contrai nos afogados, todos
os outros órgãos são suscetíveis de congestão nas variadas formas de asfixia. É um in-
chaço das vísceras com sangue de forma generalizada.
A classificação das asfixias é feita por diversos autores, em diversas maneiras.
Umas das classificações é feita por Afrânio Peixoto, onde as asfixias são descritas em
três grupos distintos.

ASFIXIAS PURAS – presença de anoxemia e hipercapnéia.


A. Asfixia em ambientes por gases irrespiráveis:
a. Confinamento;
b. Asfixia por monóxido de carbono;
c. Asfixia por outros vícios de ambientes;
B. Obstaculação à penetração do ar nas vias respiratórias:
a. Sufocação direta (obstrução da boca e das narinas pelas mãos ou das vias respi-
ratórias inferiores;
b. Sufocação indireta (compressão do tórax);
C. Transformação do meio gasoso em meio líquido (afogamento);
D. Transformação do meio gasoso em meio sólido ou pulverulento (soterramento).

ASFIXIAS COMPLEXAS – constrição das vias respiratórias com anoxemia e excesso


de gás carbônico, interrupção cerebral e inibição por compressão dos elementos nervosos
do pescoço:
A. Constrição passiva do pescoço exercida pelo peso do corpo (enforcamento);
B. Constrição ativa do pescoço exercida pela força muscular (estrangulamento).

ASFIXIAS MISTAS – em que se confundem e se superpõem, em graus variados, os


fenômenos circulatórios, respiratórios e nervosos (esganadura).

6.1. ENFORCAMENTO
É uma modalidade de asfixia mecânica que se caracteriza pela interrupção do ar
atmosférico até as vias respiratórias, em decorrência da constrição do pescoço por um
laço fixo, agindo o peso do próprio corpo da vítima como força ativa. A causa pode ser
acidental, suplício, homicida ou suicida, sendo esta a mais frequente.
Os laços que apertam o pescoço podem ser de várias naturezas:
- Duros, moles e semirrígidos;
- Com volta única ou múltiplas voltas;
- Nó corrediço, fixo ou sem nó.
Nos laços duros podem utilizados cordões, correntes, fios elétricos, arames, cordas,
ramos de árvore. Nos laços moles, lençol, gravata, cortina. Nos semirrígidos, cinto de
couro.
A suspensão pode ser típica (completa), que é a maioria dos casos, ou atípica (in-
completa):

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TÍPICA OU COMPLETA: corpo sem nenhum ponto de apoio.

Enforcamento (suspensão completa)

ATÍPICA OU INCOMPLETA: apoio de qualquer parte do corpo.

Enforcamento (suspensão incompleta)

Em relação à quantidade de voltas que envolvem o pescoço, pode haver inúmeras


voltas, sendo o mais comum a presença de apenas uma volta.

A morte por enforcamento pode surgir rápida ou tardiamente, dependendo das le-
sões locais ou a distância. Apresenta fenômenos divididos em três períodos:

Inicial: sensação de calor, zumbidos, sensações luminosas visuais e perda da cons-


ciência.

Segundo: excitabilidade corporal e convulsões.

Terceiro: sinais de morte aparente até morte real.


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Características do cadáver: cabeça voltada para o lado contrário ao nó, face bran-
ca (quando a asfixia é rápida) ou arroxeada (quando a asfixia é demorada), líquido ou
espuma sanguinolenta na boca e nas narinas, língua cianótica e projetada para fora, pa-
vilhão auricular violáceo (orelha vermelha), olhos protrusos (para fora), otorragia ocasio-
nal (sangue no ouvido).
Rigidez cadavérica tardia (a rigidez do corpo é mais demorada), manchas de hipós-
tase na metade inferior do corpo, equimoses post mortem.

Sinais externos
a) Sulco típico (oblíquo de baixo para cima e de diante para trás): sulco é a regi-
ão do pescoço, formada pela constrição do laço, tendo uma posição oblíqua, ascendente,
bilateral.
Pode ser contínuo ou ter uma interrupção (pode ser interrompido ou não), é variável
segundo a região do pescoço. Normalmente se torna interrompido no ponto correspon-
dente ao nó.

Sulco típico (enforcamento)

b) Profundidade e coloração variáveis, com bordas e fundo apresentando


diferentes sinais: é mais profundo na região do pescoço e tem coloração diferente
(amarelo ou vermelho). É produzido com a vítima viva, quando há sinal vital. A superfície
do sulco é totalmente uniforme, e a sua profundidade é variável, dependendo do tipo de
material utilizado.

Sulco duplo (enforcamento)

Sinais internos
Esses sinais são dependentes do mecanismo e das forças aplicadas sobre os órgãos.
Os mais comuns são: equimoses no tecido celular subcutâneo e nos músculos, fratura
do osso hioideo ou da cartilagem tireóidea, lesões de cordas vocais, lesões das paredes
das carótidas e/ou jugulares e lesões na coluna vertebral.

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ESTRANGULAMENTO
O estrangulamento consiste na asfixia mecânica pela constrição do pescoço através
de um laço acionado por uma força diferente do peso da vítima, obstruindo a passagem
de ar aos pulmões, interrompendo a circulação de sangue ao encéfalo e compressão dos
nervos do pescoço.
A causa jurídica do estrangulamento é na maioria das vezes o homicídio, acidente
ou suicídio em casos em que a vítima faz um torniquete ou outro artifício que mantenha
a pressão do laço.
Da mesma maneira que o enforcamento pode um laço mole (lenço, gravata), semi-
duro (cinto, corda) ou duro (arame, fio elétrico). O laço é acionado em torno do pescoço
em forma de alça, e movido pela força muscular do autor, é alcançada toda a circunfe-
rência do pescoço.
Há casos em que o estrangulamento é atípico, em que o laço passa pela parte ante-
rior do pescoço da vítima, sendo ele puxado às costas do agressor.
Outro caso atípico é quando o laço passa pela parte anterior do pescoço e a vítima é
atraída à força contra grades ou é arrastada. Nesses casos, o sulco é oblíquo, descontí-
nuo e supra-hióideo.
O sulco no estrangulamento é horizontal, contínuo e tem profundidade uniforme em
toda volta do pescoço, podendo ser único, duplo ou múltiplo.
Outro caso de estrangulamento é o ―golpe de gravata‖, em que a constrição pescoço
se dá pela ação do braço e do antebraço sobre a laringe, causando oclusão das vias res-
piratórias ou da obstrução da circulação das carótidas. Pode-se ainda ocorrer o estran-
gulamento através da pressão de alguns objetos, como cassetete e bastão, sobre o pesco-
ço, verificando nesses casos grandes lesões externas como equimoses e escoriações e in-
ternas como fratura dos anéis da traqueia e da laringe.

Os principais sinais apresentados pelas vítimas de estrangulamento são:

Sinais externos
- Face tumefeita e violácea devido à obstrução quase sempre completa da circulação
venosa e arterial, os lábios e as orelhas arroxeados, podendo surgir espuma rósea ou
sanguinolenta das narinas e boca.
- Protusão da língua e coloração escura, equimose na face, conjuntiva, pescoço e face
anterior o tórax.
- Marcas ungueais, produzidas pela própria vítima ao tentar retirar o laço, face tumefeita
e exoftalmia.
- Defecação e ejaculação post-mortem.

Sulco horizontal (estrangulamento)

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Sinais internos
- Lesões da laringe.
- Lesões das artérias carótidas.
- Infiltração hemorrágica dos tecidos moles do pescoço.

ESGANADURA
A esganadura é um tipo de asfixia mecânica por constrição do pescoço pelas mãos,
no sentido anterolateral, sendo a causa jurídica sempre homicida. Podem ser utilizados
também pelo autor o cotovelo, perna ou o pé, sempre com superioridade de força ou
qualquer outro meio que impeça a resistência da vítima. O mecanismo de morte, se deve
principalmente a asfixia pela obturação da glote, graças à projeção da base da língua so-
bre a porção posterior da faringe. São importantes também os efeitos decorrentes da
compressão nervosa do pescoço, levando ao fenômeno de inibição.
Os principais sinais encontrados na esganadura são:

Sinais externos à distância


- Congestão da face e das conjuntivas, face violácea ou pálida, pontilhados hemor-
rágicos (petéquias) na face e no pescoço.
- Exoftalmia.

Sinais externos locais


- Os mais importantes são os produzidos pela unha do agressor, teoricamente de
forma semilunar, apergaminhadas, de tonalidade pardo-amareladas conhecidas com es-
tigmas ou marcas ungueais no pescoço.
Se o criminoso é destro, aparecem essas marcas em maior quantidade no lado es-
querdo do pescoço da vítima. Em alguns casos, podem surgir escoriações de várias di-
mensões e sentidos, devido às reações da vítima ao defender-se.
Finalmente, as marcas ungueais podem estar ausentes se o agente conduziu a
constrição do pescoço protegido por objetos, como por exemplo, lençóis, lenço, toalhas e
luvas.

Estigmas ungueais no pescoço (esganadura)


Sinais locais profundos (lesões internas)
- Infiltrações hemorrágicas das estruturas profundas do pescoço.
- Lesões do aparelho laríngeo por fraturas da cartilagem tireoide e do osso hioide.
- Lesões de vasos do pescoço (marcas de França).

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SUFOCAÇÃO
A sufocação é um tipo de asfixia mecânica produzida pelo impedimento da passa-
gem do ar respirável pro meio direto ou indireto de obstrução. Por meio direto ocorre
oclusão dos orifícios ou dos condutores respiratórios, e por meio indireto, a compressão
do tórax e a sufocação posicional.
A natureza jurídica da sufocação pode ser acidental (por exemplo, ocorre em recém-
nascidos que, dormindo com as mães, são sufocados por estas ou por panos que se en-
contram sobre o leito), homicida ou suicida (o paciente coloca sobre o corpo e a cabeça
cobertores, panos, etc., até asfixiar-se).

Sufocação direta
A sufocação direta apresenta as seguintes modalidades:
- Sufocação por oclusão da boca e das fossas nasais: é utilizada para dificultar,
interromper ou impedir a entrada de ar nos pulmões. É uma prática muito comum no
infanticídio, em que a face do recém-nascido é comprimida, por meio de travesseiro, ou
por meio de papel molhado. Outro modo é a utilização de sacos plásticos envolvendo a
cabeça e presos ao pescoço, levando a uma morte rápida.
- Sufocação por oclusão das vias respiratórias: ocorre quando há obstrução dos
condutos aéreos através de corpos estranhos, impedindo a passagem de ar até os pul-
mões. A morte sobrevém pelo fato de não poder entrar ar pela boca e narinas e/ou pelas
vias respiratórias altas. É mais comum nos casos de acidentes, muito rara no caso de
suicídio e de homicídios.

Os principais sinais encontrados na sufocação são:


Sinais locais
- marcas ungueais em redor dos orifícios nasais nos casos de sufocação pelas mãos,
faltando, no entanto, quando o agressor usa objetos moles, como, por exemplo, len-
çóis, vestes, travesseiros etc.
- poderá estar presente na árvore respiratória o corpo estranho causador da sufoca-
ção.
- O pontilhado apresenta-se na face e no pescoço, acompanhado de cor violácea da
face e congestão ocular.

Asfixia por sufocação direta

Sinais internos
- Espuma da traqueia e da laringe, petéquias pulmonares internas e frequentes, en-
fisema e congestão pulmonares, petéquias do pericárdio e do pericrânio, congestão das
meninges e do encéfalo.

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Sufocação indireta (ou passiva)
É a asfixia mecânica em que a morte sobrevém por impedimento respiratório devido
à compressão do tórax ou do abdome. Dessa compressão resulta a impossibilidade do
tórax realizar sua expansão. Com isso o organismo não pode exercitar o mecanismo fisio-
lógico da respiração.
A natureza jurídica mais comum é a acidental, e raramente homicida.
Em geral, em adultos a sufocação apresenta-se associada a outra forma de violên-
cia.

Principais sinais
- O sinal mais freqüente é a máscara equimótica ou cianose cervicofacial, em decor-
rência da compressão torácica.
- Hemorragias diversas (mucosa da boca, nariz, olhos e pulmões).
- Equimose perioral, escoriações ungueais, tumefação da face.
- Congestão polivisceral, edema das vias aéreas superiores.

SOTERRAMENTO
É a asfixia que se realiza pela permanência do indivíduo num meio sólido ou semis-
sólido, de sorte que as substâncias aí contidas penetram na árvore respiratória, impe-
dindo a entrada de ar e produzindo a morte. É na sua maioria acidental, e muito rara-
mente, homicida ou suicida.

É observada a presença de substâncias estranhas, sólidas, principalmente pulveru-


lentas, no interior das vias respiratórias, na boca e no esôfago e estômago.
As principais lesões são consequentes do traumatismo externo torácico, como fratu-
ras costais, hemorrágicas, compressões pulmonares e cardíacas.
Vale a pena destacar que no soterrado sempre são encontradas lesões traumáticas
de várias espécies, causados também pelo desabamento ou desmoronamento, muitas
delas capazes de produzir a morte ou contribuir para tanto.

Asfixia por soterramento

AFOGAMENTO
Afogamento é a asfixia mecânica produzida pela penetração de um meio líquido nas
vias aéreas respiratórias, ocasionada pela imersão total ou parcial da vítima, impedindo
assim a passagem de ar aos pulmões. O afogado pode ser vítima de acidente, suicídio,
homicídio e raramente infanticídio, sendo a causa homicida a mais rara. A causa aciden-
tal é a mais comum, uma vez que os indivíduos penetram em águas profundas ou não
sabem nadar, ou por imprevistos como convulsão, luxação e traumatismo na cabeça.

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A morte por afogamento apresenta três fases distintas:
Fase de resistência ou dispneia: presença de apneia voluntária lúcida e com refle-
xos preservados, ou seja, consciência lúcida.

Fase de exaustão: nesta fase há a presença de dispneia com inspirações profundas


e expirações curtas, causadas pela redução de oxigênio e aumento de gás carbônico,
ocorrendo entrada de água nos brônquios e bronquíolos.

Fase de asfixia: ausência de respiração e reflexos, perda de sensibilidade, convul-


são, morte.

Sinais cadavéricos nos casos de afogamento


Lesões externas
- Hipotermia;
- Pele anserina;
- Rigidez precoce;
- Temperatura da pele baixa;
- Retração do mamilo, escroto e do pênis;
- Maceração da epiderme;
- Tonalidade vermelha dos livores cadavérico;
- Cogumelo de espuma;
- Projeção da língua;
- Erosão dos dedos;
- Presença de corpos estranhos sob as unhas;
- Equimoses da face e das conjuntivas;
- Mancha verde de putrefação (tórax);
- Lesões "pos mortem" produzidas por animais aquáticos;
- Coloração verde bronzeada da cabeça, em fase de putrefação – ―cabeça de negro‖.

Asfixia por afogamento (pele anserina)


Lesões internas
- Presença de líquidos nas vias respiratórias.
- Presença de corpos estranhos no líquido das vias respiratórias.
- Lesões dos pulmões: aumentados, distendidos, enfisema aquoso e equimoses.
- Sinal de BROUARDEL = enfisema aquoso subpleural (esponja molhada).
- Manchas de TARDIEU = equimose subpleural (raras).
- Manchas de PALTAUF = Hemorragias subpleurais (equimoses vermelho claro com
2 ou mais centímetros de diâmetro, devido a ruptura das paredes alveolares).
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- Diluição do sangue (hidremia)
- Sinal de Wydler = presença de espuma, líquido e sólido no estômago.
- Sinal de Niles = hemorragia temporal
- Sinal de Vargas Alvarado = hemorragia etmoidal
- Sinal de Etienne Martin = congestão hepática
- Equimoses nos músculos e pescoço.

MORTE PRODUZIDA POR PRECIPITAÇÃO


As lesões causadas pela precipitação são provocadas por energias de ordem mecâ-
nica, com pouco acometimento cutâneo, porém com volumosas hemorragias internas,
graves roturas de vísceras e múltiplas fraturas. Quando a queda atinge, sobretudo as
extremidades superiores, ocorre a integridade da pele com fraturas cominutivas extensas
no crânio. Quando o trauma atinge as extremidades inferiores há a presença de fraturas
de pernas e braços.
Quando laterais, fraturam dos arcos costais e de órgãos internos.
A morte provocada por precipitação, seja da janela do alto de um edifício, de um ter-
raço ou sacada, seja de uma ribanceira, apresenta sérios obstáculos para a determina-
ção de sua causa jurídica, isto é, para que se verifique se trata de homicídio, suicídio ou
acidente.
A natureza jurídica pode ser acidental, homicida ou suicida. O mais comum é o sui-
cídio, onde normalmente encontra-se uma distância entre o local de impacto no chão e o
ponto de lançamento maior, dado o impulso exercido pela vítima. Em casos de homicí-
dios, os impulsos são passivos, provocados por outras pessoas e também com distanci-
amento entre a localização do corpo e seu ponto de precipitação, apresentando trajetória
oblíqua. Nos acidentes, a distância do corpo é menor, precipitando quase por desliza-
mento, o corpo sofrerá precipitação em sentido quase que perpendicular em relação ao
ponto final de repouso, ficando os pontos inicial e de repouso pouco distanciados.

Morte por precipitação

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FIXAÇÃO DE CONHECIMENTOS DE CRIMINALÍSTICA

Noções gerais sobre áreas específicas da Criminalística


- Engenharia Legal:
Ramo de especialização da engenharia que atua na interface direito-engenharia, co-
laborando com juízes, promotores, policiais, advogados e as partes, para esclarecer as-
pectos técnicos e legais diante de demandas necessárias.
Texto: A Divisão de Engenharia Legal, do Departamento de Criminalística (DC) do Insti-
tuto-Geral de Perícias (IGP), emitiu o seu primeiro documento com assinatura digital.
Trata-se de um ofício informação. A primeira seção do DC a gerar um documento eletrô-
nico foi a de Exame Pericial em Numeração e Imagem Identificadora de Veículos Automo-
tores (EPNIVA). As outras seções estão gradativamente se inserindo no processo.
Os dois casos se inserem na proposta do Instituto-Geral de Perícias de gerar documentos
periciais eletrônicos, assinados e certificados digitalmente.
A solução otimiza o processo, diminuindo o tempo de elaboração (digitação) do documen-
to até o seu encaminhamento ao destino. Entre os benefícios estão a padronização na
geração de laudos em um layout padrão, redução na utilização de papel pela adoção da
certificação digital, eliminação do armazenamento de cópias em papel em arquivos digi-
tais, entre outros. ASCOM/IGP-30/04/2013.
Fonte:http://www.igp.rs.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1332.

- As áreas de atuação da engenharia legal:


A Seção de Engenharia-Legal do Departamento de Criminalística do IGP, realiza to-
das as perícias dá área de engenharia. A denominação de seus setores, na maior parte
das vezes, já especifica a área de atuação:
Setor de Incêndios, Explosões e Desabamentos: Além destas áreas atua, também,
nos casos de acidentes de trabalho.
Setor de Acidentes de Trânsito: Realiza exames periciais em locais de acidentes de
trânsito com vítima fatal ou envolvendo viatura oficial além de efetuar cálculos de veloci-
dade e exame pericial em discos de tacógrafo.
Setor de Perícias Mecânicas:
Perícias Mecânicas Internas: Analisa botijões de gás, deformidades em rodados de
veículos, e qualquer objeto, aparelho e motor de funcionamento mecânico.
Perícias Mecânicas Externas: Analisa pericialmente os veículos envolvidos em aci-
dentes de trânsito que não foram objeto de atendimento pela equipe de Acidentes de
trânsito (acidentes de Trânsito na região Metropolitana envolvendo vítimas com lesões
leves e médias e os acidentes de trânsito do interior do Estado).
Setor de Perícias Elétricas:
Perícias Elétricas Internas: Examina telefones, decodificadores de redes, aparelhos
de fax, chuveiros, cercas elétricas e quaisquer outros aparelhos ou motores elétricos.
Perícias Elétricas Externas: Abrange a área de exames em máquinas caça-níquel,
furto de fios, adulterações de rede elétrica (―gato‖), etc.

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- Os exames periciais em veículos automotores;

Seção de Química-Legal do DC/IGP - RS, atua baseada em conhecimentos em


química e metalografia, preparando e utilizando reagentes para a revelação de numera-
ções adulteradas os suprimidas, assim como para detecção de vestígios inaparentes.
Setor de Exame Pericial em Numeração Identificadora de Veículos Automotores
(EPNIVA): Realiza exames periciais de revelação de numeração identificadora de veículos
automotores.
Setor de preparo de reagentes: Prepara reagentes para detecção de vestígios inapa-
rentes de sangue, cocaína, maconha, chumbo, e outros, assim como também os reagen-
tes utilizados nas revelações metalográficas.
Perícias Mecânicas Internas: Analisa botijões de gás, deformidades em rodados de
veículos, e qualquer objeto, aparelho o motor de funcionamento mecânico.
Perícias Mecânicas Externas: Analisa pericialmente os veículos envolvidos em aci-
dentes de trânsito que não foram objeto de atendimento pela equipe de Acidentes de
trânsito (acidentes de Trânsito na região Metropolitana envolvendo vítimas com lesões
leves e médias e os acidentes de trânsito do interior do Estado).

- ESTUDO DE CASO -
Texto: Quando as tecnologias se aliam ao conhecimento técnico-científico, o resul-
tado é a precisão e o apuro essenciais à investigação criminal. Um exemplo é o trabalho
realizado pela Polícia Civil de Minas Gerais com o chamado exame METALOGRÁFICO.
Trata-se de um procedimento com a finalidade de recuperar a numeração original de fá-
brica no chassi e no motor de veículos automotores por meio de um processo químico.
Conforme explica o delegado Luciano Guimarães do Nascimento, titular da 1ª Delegacia
Especializada de Investigação a Furto e Roubo de Veículos Automotores (DEIFRVA), o
exame metalográfico permite resgatar a numeração original de fábrica adulterada ou
raspada do veículo produto de furto ou roubo. ―Com a recuperação da numeração origi-
nal do chassi ou motor do veículo, é possível identificar o mesmo e verificar se é proveni-
ente de algum crime‖, explica. A perícia permite, ainda, subsidiar investigações que têm
como suspeitos indivíduos que adulteram ou remarcam número de chassi ou qualquer
sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento. ―O autor
deste tipo de delito responde pelo crime previsto no art. 311, do Código Penal, sujeito à
pena de reclusão, de três a seis anos, e multa‖, ressalta Guimarães. Em Belo Horizonte,
o exame metalográfico é realizado nos pátios credenciados do Detran-MG ou no Pátio Se-
guro, local conveniado à Polícia Civil, que tem por objetivo organizar os procedimentos de
remoção, guarda, notificação, restituição e leilão dos veículos apreendidos e/ou recupe-
rados pelas forças policiais. Segundo dados da Polícia Civil, na capital, são levados ao
Pátio Seguro uma média de 20 carros por semana, com suspeita de adulteração, que,
posteriormente, são periciados. Como funciona O exame metalográfico é parte da investi-
gação criminal. Portanto, ao ser apreendido um veículo com suspeitas de adulteração, é
feita uma vistoria para levantar os primeiros indícios de violação. O vistoriador submete,
então, o veículo a uma análise geral com base em seus sinais identificadores, tais como
número de chassi, número do motor e etiquetas autodestrutivas do fabricante. A partir
disso, a autoridade policial pode instaurar inquérito para investigação e é elaborada uma
guia para o trabalho pericial. Assim, cabe ao perito criminal confirmar, por meio do co-
nhecimento técnico-científico aplicado em exames - como o metalográfico - a análise pre-
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liminar realizada pelo vistoriador. ―Nosso objetivo é fornecer o máximo de elementos e
indícios criminais para quem não esteve presente no local do crime saber o que de fato
aconteceu com o veículo‖, explica o perito criminal Kennedy da Cruz Beolck, especialista
na aplicação do exame metalográfico. Kennedy , que atende a uma média de sete exames
por dia, destaca os resultados objetivos alcançados com a perícia. ―Além de ser parte das
investigações, nosso trabalho é muito gratificante, uma vez que conseguimos a recupera-
ção de um patrimônio que, de outra forma, poderia ficar abandonado ou sem uso‖, afir-
ma. Etapas O primeiro passo para a execução do exame é o registro fotográfico de todos
os sinais identificadores. A primeira verificação é feita na placa, composta por tarjeta –
que indica onde e quando o veículo foi emplacado – a placa numerada e o lacre, respon-
sável por anexar permanentemente a placa à tarjeta. ―Se o ano da targeta for mais velho
que o da placa, ou ainda, se não houver registro algum do ano de emplacamento, já é
um primeiro indício de violação‖, assinala Kennedy . Em seguida, é examinada a nume-
ração parcial do chassi, obrigatória nos vidros, no caso de automóveis. ―Além de poder
apresentar algumas incongruências, em muitos casos pode-se constatar que não há cor-
respondência entre o número do chassi e o aplicado nos vidros‖, pontua o perito. Outro
sinal a ser analisado são as chamadas ETIQUETAS AUTODESTRUTIVAS, colocada pelas
montadoras na parte interna dos automóveis, de modo a reforçar a correspondência com
o número do chassi. Como o próprio nome já diz, se o perito não conseguir soltá-la com-
pletamente no momento do exame, isso pode significar uma substituição do sinal por
outro falso. Outro indicativo de possível adulteração pode ser constatado na ETIQUETA
DOS CINTOS DE SEGURANÇA, que traz o ano de inserção, que normalmente deve bater
com o de fabricação do automóvel. Após essa fase, a perícia averigua os NÚMEROS DO
MOTOR e do CHASSI, constituídos por um algarismo de 17 caracteres, que na prática é
como uma carteira de identidade do veículo. Por uma análise ocular, é possível levantar
algumas suspeitas, OBSERVANDO SE OS CARACTERES SÃO EQUIDISTANTES, SE
ESTÃO ALINHADOS e outras características visíveis. Após essas etapas, é feito O
EXAME METALOGRÁFICO EM SI, QUE CONSISTE NO USO DE UM REATIVO QUÍMICO,
NORMALMENTE O ―BESSMANN‖, que age em contato com a superfície metálica do
chassi, penetrando em suas camadas, fazendo emergir a numeração original raspada. O
processo é chamado de ―ensaio destrutivo‖. ―Em menos de um minuto agindo, é possível
observar a olho nu os algarismos, nem sempre com nitidez‖, observa Kennedy . Embora
a reação por si seja rápida, o seu preparo demanda paciência por parte do PERITO, uma
vez que pode ser necessário o uso de removedores e produtos como o ácido clorídrico.
Ainda assim, os resultados quase sempre são satisfatórios. ―Eu diria que quase 99% dos
veículos enviados com suspeitas são confirmados por intermédio da perícia‖, destaca o
perito. Existem diversas modalidades de ADULTERAÇÃO NO NÚMERO DO CHASSI,
dentre elas, a ―remoção‖, que consiste no corte de parte ou toda a superfície do suporte
da numeração identificadora para criação de um novo registro. Há também o chamado
―implante‖, que é a gravação de uma numeração em uma chapa metálica, posteriormente
fixada sobre a numeração original. Diferente desta modalidade, existe o ―transplante‖,
um corte e remoção do suporte onde está gravada a numeração para soldar-se, em seu
lugar, uma chapa metálica que contenha outra sequência identificadora. Por fim, quando
é descoberto o número original do chassi ou do motor, o veículo pode ser regularizado e
seus componentes remarcados para o dono original ou para leilão. Fonte: Acompanhe o
facebook do Detran/MG Assessoria de Comunicação – PCMG (31) 3915-7182 - (31)
3915-7192 imprensa@pc.mg.gov .br - Exames metalográficos aux iliam a Polícia Civ il na
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apuração de crimes envolvendo veículos: https://www .detran.mg.gov .br/sobre-o-
detran/comunicados/noticias/514-exames-metalograficos-aux iliam-a-policia-civ il-na-
apuracao-de-crimes-envolvendo-… 3/3 Tweet; Pesquisado em 23/07/2017.

Na busca de informações afetas ao veículo sinistrado, além dos elementos do pró-


prio veículo, a perícia também deve atentar-se para as marcas pneumáticas impressas
no leito da via, para detalhes deixados na via e apropriados para a identificação de um
veículo evasor, por exemplo, para as avarias dos veículos sinistrados, bem como para as
partes mecânicas dos veículos, tais como o estado de conservação do sistema de freios,
de iluminação e de direção.
As marcas pneumáticas são importantes como componentes para o cálculo de velo-
cidades, quando corretamente medidas e podem determinar a trajetória de veículos an-
tes e após um acidente.
O atrito entre os pneus do veículo e o leito da via pode ocorrer por escorregamento
ou por rolamento. No primeiro caso, as rodas deslizam travadas, sem frear eficientemen-
te. No segundo, as rodas embora freadas, mantêm-se girando e por isso, com mais efici-
ência na desaceleração do veículo, como é o exemplo dos freios ABS.

A seguir, listam-se as principais características dos vestígios clássicos:

Sulco
Trata-se de sinal impresso na pavimentação, produzido pelas partes metálicas dos
veículos sinistrados. É importante que se determine qual a parte do veículo que deu ori-
gem ao sulco. Em determinados casos, a localização da região de choque (local onde os
veículos se interagem) é caracterizada no início do sulco. Por exemplo: na ocasião do em-
bate um veículo estoura um pneu e a sua respectiva roda deixa marcas de sulcos quan-
do do movimento rotacional do veículo. Sobrepondo-se a roda atritada no ponto inicial
do sulco e, verificando-se a parte do veículo que recebeu o impacto, localizar-se-á sob
esta, no solo, a região de choque. Geralmente, o sulco serve somente para delinear a tra-
jetória do veículo, posteriormente à colisão. No caso de motocicleta, indica apenas o local
onde esta perdeu o equilíbrio e consequentemente, chocando-se contra o solo.

Frenagem
Referem-se às marcas impressas pelos pneumáticos dos veículos na superfície da
via, quando do travamento das rodas, em face do acionamento do sistema de freios. A
frenagem tem importância para definir a trajetória do veículo na pista. Sua materializa-
ção pode ocorrer antes, durante e depois da colisão. Serve também como subsídio para
cálculos de velocidade como será visto posteriormente. A utilização da frenagem como
elemento comprovador da região de choque, tem eficácia quando esta é sucedida por ar-
rastamento. Assim, pode-se afirmar que o impacto ocorreu no encontro de ambos. A
frenagem geralmente se processa de forma retilínea. Pode ocorrer, que após o choque
esta se prolongue numa outra direção, respeitada a retilineidade. Neste caso, também,
presume-se ser ali o ponto na pista onde ocorreu o embate entre os autos. O sistema de
freios, quando mal regulado, tem eficácia diferenciada nas rodas, promovendo no veículo
uma trajetória ligeiramente curvilínea. Nesta condição, a frenagem externa à curva está
associada a marca de compressão, que será estudada a seguir. Dependendo do tipo do
pneumático, poderá haver divergência entre marcas produzidas pelos pneus dianteiros e
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traseiros. Os pneus dianteiros deixam marcas vivas, devido ao deslocamento da força
resultante para a parte anterior do veículo no momento em que os freios são acionados.
Já os traseiros deixam marcas mais claras. As marcas de frenagens são paralelas entre
si e contêm zona de espelhamento da borracha, caracterizando o início da frenagem.

Compressão
Formada quando o veículo tenha efetuado um movimento curvilíneo, face à atuação
da força centrífuga. Será sempre mais visível no lado externo da curva, onde o veículo
comprime mais o solo. Caracteriza o movimento do veículo, indicando via de regra, o
ponto onde o veículo abandonou a pista de rolamento.

Impressão
As marcas denominadas impressão se apresentam de duas maneiras: • por im-
pressão direta, verificada em superfície moldável, onde fica impresso o desenho dos sul-
cos dos pneus; • por depósito, quando o material é transportado pelos sulcos do pneu e
depositado numa via mais consistente que a anterior, como ocorre com um veículo que
transitou por uma estrada de chão batido e ingressa em seguida numa via asfaltada,
deixando por vários metros o desenho de seus pneumáticos no leito asfáltico.

Derrapagem ou Arrastamento Lateral


São marcas registradas na pista em face do deslocamento lateral ou rodopio do veí-
culo, configurando geralmente uma forma arqueada ou sinuosa. O arrastamento, quan-
do antecedido de frenagem, evidencia o local onde ocorreu o embate dos veículos. Serve
também como elemento de constatação da trajetória irregular descrita pelo veículo. As
marcas pneumáticas dianteiras e traseiras possuem aparência idêntica e não são neces-
sariamente paralelas entre si. Estas marcas são menos intensas que as frenagens.

Região de Choque
Convencionada como a porção na pista, onde os veículos se interagem. Ao restrin-
gir-se a área de choque acentuadamente, tem-se o ponto do choque, que seria a área
imediata da colisão. O perito ao pesquisar a região de choque, deve primeiramente co-
nhecer as trajetórias dos veículos pelas vias para então, observar as suas respectivas po-
sições finais de inércia. Posteriormente, deve analisar as partes colidentes de um veículo,
promovendo a junção destas às partes danificadas do outro veículo. Após este exercício
mental, tem-se a região de choque presumida. O próximo passo seria a busca de elemen-
tos técnicos que a comprovam. A região de choque pode ser definida de várias maneiras,
sendo que as mais trabalhadas são:
• concentração de fragmentos de pintura sólida, vidro, plástico e montículos de ter-
ra; • no encontro do final da marca de frenagem e o início da marca de arrastamento de
um veículo; • interseção das marcas provenientes de dois veículos; • nos casos em que
após o impacto os veículos imobilizam-se prontamente, presume-se que a região de cho-
que encontra-se sob as partes colidentes; • existência de sulcos, nas condições estuda-
das anteriormente.

Fragmentos de Pintura e Vidro


Tais elementos deslocam-se com a mesma velocidade do veículo, sendo projetados
para a posição encontrada na via. Entretanto, se ao desprenderem do veículo encontra-
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rem um anteparo, outro veículo, por exemplo, descem verticalmente, depositando na pis-
ta sob as partes colidentes do veículo. Esta última situação é importantíssima na consta-
tação da região de choque na pavimentação. Em muitas ocasiões, durante o interregno
do acidente e a chegada da perícia, os fragmentos são dispersos pelo intenso tráfego no
local, pela água e ou pelo Corpo de bombeiros.

Fragmentos de Tecido Orgânico e Manchas de Sangue


Este tipo de indício é notável para apontar veículo participante em atropelamento.
Comumente, os fragmentos de tecidos orgânicos, sangue e fios de cabelos são projetados
de forma dispersiva em todo veículo, além de aglutinar nas rodas e partes móveis do veí-
culo. Mesmo lavado, às vezes neste são encontrados em pequena quantidade nas jun-
ções das latarias, na estrutura inferior e no seu interior, quando o para-brisa é quebra-
do. A coleta deve ser feita por PERITO com pinça e algodão umedecido na salina se pos-
sível, com luva para evitar contaminação do perito. O material deve ser colocado em vi-
dro limpo e fechado hermeticamente, rotulando-o a seguir. Terminando este procedimen-
to, deve ser enviado ao laboratório do Instituto de Criminalística para pesquisa de gru-
pos sanguíneos, para comparação com o do atropelado e sua identificação. Dependendo
do interesse policial, os fragmentos orgânicos, sangue, pele, fio de cabelo e outros, po-
dem ser objetos de pesquisa de DNA, para que sejam comparados com os da vítima.

Aquaplanagem ou Hidroplanagem
Com a ocorrência de chuva é comum formar depósitos de água sobre a pista de ro-
lamento. Os veículos desenvolvendo certas velocidades, os seus pneus perdem a aderên-
cia devido à falta de contato com a pista, ocorrendo a aquaplanagem. Neste caso, a me-
lhor conduta do motorista é não frear e nem mudar de direção.
Esse fenômeno ocorre tanto com pneus com derrapantes em bom estado (frisados),
quanto com os mesmos estando lisos, todavia, tem maior possibilidade de sua ocorrência
quando pelo menos um dos pneus estiver liso.
O Policial ao examinar um local de acidente, com a pista molhada e com filetes ou
depósito de água ao longo da mesma nas proximidades do local do acidente, deve atentar
para o registro da situação dos pneumáticos, bem como da existência de filetes d’água.

Identificação do Veículo Evasor


Às vezes, um veículo se ausenta do local de acidente, geralmente associado aos ca-
sos de atropelamento. Nestes casos, o Policial deverá ficar atento para os vestígios que
possam ser ligados ao acidente, tais como: as marcas pneumáticas impressas no piso
determinam o estado de conservação dos pneus e através do processo de exclusão, po-
der-se-á se determinar o tipo do veículo evasor. Peças, crostas de tinta e fragmentos de
vidros despendidos do veículo, podem ajudar a identificá-lo, através do exame de justa-
posição ou ainda, reduzir o número de suspeitos, em casos de determinar a cor ou mar-
ca do veículo. Vestígios transportados pelo veículo, tais como: manchas, impregnação de
tinta, fibras, tecidos, sangue e cabelo, são sinais que quase sempre permanecem no veí-
culo evasor.

Em relação aos meios de sinalização o Policial deve observar todos os meios de sina-
lização existentes nas imediações do ambiente do sinistro. No caso de veículo transitar
em sentido oposto ao estabelecido para a via, deve-se verificar a presença de sinalização

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no cruzamento anterior ao local do acidente, considerando o sentido desenvolvido pelo
mesmo.
Em caso de sinistro, com vítima fatal presente no local, o procedimento inicial deve
ser voltado para o cadáver, identificando-o, descrevendo sua posição de inércia, ação
produtora do ferimento, secreções e órgãos expostos e ferimentos.

IDENTIFICAÇÃO PESSOAL

 Art. 5º, LVIII, CF/1988 – “O civilmente identificado não será submetido a


identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei.” (norma consti-
tucional de eficácia contida)

 Súmula 568 do STF: “A identificação criminal não constitui constrangimento


ilegal, ainda que o indiciado já tenha sido identificado civilmente.”

 Lei nº 10.054/00 - Art. 3º, exceções previstas pela regra constitucional:


a) Indiciado ou acusado pela prática de:
- homicídio doloso;
- crimes contra o patrimônio praticados com violência ou grave ameaça;
- crime de receptação qualificada;
- crimes contra a liberdade sexual;
- crime de falsificação de documento público.
b) Fundada suspeita de falsificação ou adulteração do documento de identida-
de;
c) Estado de conservação ou documento antigo que impossibilite a completa
identificação dos caracteres essenciais;
d) Constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualifica-
ções;
e) Houver registro de extravio do documento de identidade;
f) Não comprovação, em 48 horas, da identificação civil.

 Crime organizado - Art. 5º da Lei nº 9.034/95: Identificação criminal das


pessoas envolvidas com a ação praticada por organizações criminosas, indepen-
dentemente da identificação civil.

Papiloscopia
- Conceito: É a ciência que trata da identificação humana através das papilas
dérmicas existentes na palma das mãos e na sola dos pés, mais conhecida pelo estudo
das Impressões Digitais.
O ramo da medicina legal que se ocupa com as questões concernentes à identifi-
cação criminal é a antropologia forense.

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- Sistema datiloscópico de identificação:

É a papiloscopia a ciência responsável pela identificação humana através das pa-


pilas térmicas encontradas nas palmas das mãos e dos pés.
Dentro do estudo de identificação, encontramos a papiloscopia, método de identi-
ficação empregado sobre impressões papiloscópicas, que por sua vez, se subdivide em:
datiloscopia, quiroscopia e pedoscopia.
 Quiroscopia
É o processo de identificação humana por meio das impressões da palma da mão,
classificada em três regiões: tenar, hipotênar e superior.
 Pedoscopia
É o processo de identificação humana através das impressões das solas dos pés.
Esse tipo é mais utilizado em maternidades, na identificação de recém nascidos.
 Datiloscopia
E, por fim, o sistema datiloscópico, criado em 1891 por Juan Vucetich, o qual es-
tudava as impressões digitais ou vestígios deixados pelas polpas dos dedos em objetos
ou quaisquer outros lugares em que fosse possível observar tal sinal.
O sistema datiloscópico de Vucetich foi introduzido na medicina legal brasileira
por volta de 1903, representando uma verdadeira mudança nos métodos de identifica-
ção, ante sua praticidade, simplicidade, eficiência e segurança nos resultados.
A eficiência do sistema datiloscópico está intimamente ligada a três fundamentais
características:
a) Perenidade: os desenhos formados nas polpas dos dedos são formados no sexto
mês de vida ultra-uterina e perduram até a destruição do ser humano.
b) Imutabilidade: mesmo diante de queimaduras ou cortes, as cristas papilares
não desaparecem, se regenerando sem apresentar qualquer mudança em sua forma.
c) Variedade: o desenho da polpa dos dedos é diferente em cada ser humano. Até
hoje não foram encontradas duas impressões idênticas.
Tais características foram apresentadas por Edmond Locard.
No tocante a terceira característica, variedade, há quem diga não tratar-se de uma
característica verdadeira. Ainda que não tenha sido encontrada uma crista papilar se-
melhante a outra, existem autores que dizem não haver base cientifica para que assim
se afirme, sendo os desenhos papilares diferentes em virtude de outras características
biológicas também diferentes.
Não são apenas as pontas dos dedos que apresentam desenhos. As palmas das
mãos e dos pés também possuem desenhos característicos com origem na derme, imu-
táveis e permanentes.
Assim, as impressões digitais podem ser tanto de palmas das mãos quanto dos
dedos e dos pés.

Divisão de identificação civil e criminal;


Sistema de Vucetich
No Brasil, a datiloscopia emprega o sistema de Vucetich, sistema que classifica as
impressões datiloscópicas em quatro tipos:
1) Arco: datilograma geralmente adético, formado por linhas que atravessam o
campo digital apresentando em sua trajetória formas mais ou menos paralelas abaula-
das ou alterações caracteristicas;

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2) Presilha interna: é o datilograma com um delta à direita do observador, apre-
sentando linhas que, partindo da esquerda, curvam-se e volta ou tendem a voltar ao
lado de origem, formando laçadas;
3) Presilha externa: é o datilograma com um delta à esquerda do observador,
apresentando linhas que, partindo da direita, curvam-se e volta ou tendem a voltar ao
lado de origem, formando laçadas.
4) Verticilo: é o datilograma com um delta à direita e outro à esquerda do obser-
vador, tendo pelo menos uma linha livre e curva à frente de cada delta.

Cada uma das classificações acima apresenta uma subespécie, baseada em um


ângulo com forma piramidal oriunda da bifurcação de uma linha simples ou pela brus-
ca divergência de duas linhas paralelas. Tal ângulo é denominado na medicinal legal
como ―delta‖.
Ao examinar uma impressão digital, observam-se linhas pretas, que correspondem
às cristas papilares e linhas brancas, que correspondem aos sulcos. Tais linhas dese n-
volvem-se paralelamente, criando, assim, a impressão digital, com desenhos imutáveis,
que nascem com o indivíduo.
O sistema criado por Vucetich é o utilizado até hoje.
A cada tipo de impressão digital são atribuídos números e uma letra. É a partir
daí que se compõe a fórmula datiloscópica, conhecida como ―Sistema Datiloscópico de
Vucetich‖.
No arquivamento de Vucetich são utilizados os dez dedos das mãos da pessoa pa-
ra classificação e arquivamento. Todas as impressões são coletadas e distribuídas em
uma ficha específica que contem a sequência polegar, indicador, médio, anular e mí-
nimo.

Identificação policial
Nesse sentido, assim ocorre a identificação policial, a partir da comparação entre
a impressão digital encontrada no ―local do crime‖ ou no ―objeto do crime‖ com a i m-
pressão digital do suspeito ou das impressões existente nos bancos de dados do Insti-
tuto de Identificação da Polícia (IGP).
No Estado do RS, quem cuida dos arquivos das impressões digitais é o Instituto
Geral de Perícias (IGP), que se subordina à Secretaria de Segurança Pública do RS.
Os responsáveis pela tarefa de comparar e classificar as impressões digitais cole-
tadas e elaborar um laudo são denominados de papiloscopistas.

Identificação de Pessoas para Fins Civis


Além a tomada de impressões em locais de crime, mais importante é a coleta de
impressões da pessoa em momentos de realização de documentos civis. É nesse mo-
mento em que se dará origem aos arquivos do IGP e, no caso de ocorrência de um cri-
me, posteriormente serão comparados com as impressões digitais colhidas no local do
fato.
A tomada de impressão digital de pessoa viva é realizada por um pesquisa-
dor/funcionário/perito que porta uma série de instrumentos. Basicamente utiliza-se
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de: tinta apropriada, um rolo, um suporte e um impresso onde ficará marcado o ent i-
tamento dos dedos. Após a aplicação da tinta nos dedos, será retirado o excesso, poste-
riormente pressionando os dedos contra o impresso.
Por primeiro é retirado a impressão digital do polegar e posteriormente dos demais
dedos. Em seguida são coletadas impressões dos dedos em conjunto, o que propicia
uma segurança maior, tendo em vista que haverá duas impressões de cada um dos de-
dos.

Identificação de pessoa morta


Quando é necessário realizar a tomada de impressões de pessoa morta, nesse ca-
so, a identificação feita pelas impressões digitais é utilizada para estabelecer a ident i-
dade de um cadáver, ou confirmá-la, sendo fundamental à identificação de vítimas de
homicídio para investigações criminais. Deve-se observar, por primeiro, quando a
morte ocorreu.
Se o óbito ocorreu recentemente, não há qualquer dificuldade na realização da re-
tirada das impressões digitais, basta que seja realizada da mesma forma em que é feito
com pessoas ainda com vida.
Porém, com o passar dos tempos o corpo entra em decomposição, os cadáveres
são encontrados em avançado estágio de putrefação, mumificados, ou carbonizados e,
por conseguinte, são necessárias técnicas laboratoriais visando a recuperação do tec i-
do degradado.
O objetivo é acessar o padrão de cristas de fricção da epiderme, ou de papilas
dérmicas da derme, ambos podendo ser utilizados para fins de identificação.
Dependendo das condições em que se encontrar o corpo surgem três espécies
de dificuldades:
a) Rigidez cadavérica;
b) Excessivo amolecimento dos tecidos;
c) Inicio de putrefação;

- Preservação dos vestígios e do local;


- Terminologia
O desenho papilar é o desenho deixado pela impressão da crista papilar sobre um
objeto, que dará origem à impressão digital. Tais impressões podem ser: visíveis, mol-
dadas e latentes.
- Visíveis são as impressões papilares deixadas com tinta, graxa, óleo, sangue,
ou qualquer outro produto que apresente certa pigmentação e seja facilmente visuali-
zado a olho nu.
- Moldadas são as impressões deixadas sobre suportes que possuam consis-
tência pastosa e acabe por ―moldar‖ o formato da crista papilar tal como ela é, tais
substancias podem ser o sabão, cera, pomada, etc.
- Latentes são as impressões que não podem ser visualizadas a olho nu, ou se-
ja, é necessário que o pesquisador use aparatos para auxiliá-lo na descoberta de tal
impressão deixada por dedos limpos.
- Dentre os três tipos de impressões possíveis de se encontrar em locais de
crime, as marcas latentes são as mais comuns e as mais problemáticas. A aplicação de
técnicas ópticas, químicas, físicas e físico-químicas é necessária para a sua visualiza-
ção. Os vestígios lofoscópicos são frequentemente encontrados fragmentados, distorci-
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dos, manchados, o que dificulta a sua visualização. Tem de se ter em conta que são
muitos os fatores que influenciam a qualidade da impressão digital latente (elasticid a-
de da pele, pressão exercida, natureza da superfície, etc.), fazendo com que esta seja
diferente da impressão digital padrão depositada sob condições controladas para efei-
tos comparativos.

- Identificação Datiloscópica
Ao chegar ao local do crime, os técnicos procuram, inicialmente, impressões visí-
veis e moldadas, sendo, posteriormente, procuradas as impressões latentes.
Não são todos os suportes/objetos que conseguem armazenar impressões papila-
res.
Apesar de existirem muitos métodos usados pela polícia para detectar impressões
digitais, existe um grande grupo de superfícies em que nenhum dos métodos é ade-
quado. Para que sejam desenvolvidas novas técnicas é essencial que as propriedades
físicas e químicas das impressões digitais sejam conhecidas.
A preservação dos vestígios deixados pelas marcas das pontas dos dedos de forma
latentes é crucial para o exame eficaz de objeto, bem como dos locais do crime. Isto
significa que se deve ter especial cuidado no manuseamento e utilização desses ele-
mentos de modo a evitar danos nos vestígios já existentes.
Para selecionar qual o melhor método e sequência a adotar no momento em que
ser realizará a colheita do material em que contém as impressões digitais, deve-se ob-
servar, em primeiro lugar, a superfície em que vão ser revelados os vestígios. Se um
método falhar, outro poderá ter êxito. Quando são utilizados vários métodos deve ser
seguida a sequência correta uma vez que, se for utilizado em primeiro lugar o método
errado, este poderá danificar os vestígios latentes que poderiam ter sido revelados por
outro método.
Os vestígios revelados devem ser fotografados ou cobertos, conforme o caso, antes
do tratamento seguinte. Todos os vestígios úteis devem ser fotografados depois de cada
processo, uma vez que poderão ser danificados ou destruídos por um tratamento pos-
terior. Uma variedade de técnicas tem sido usada para melhorar a visibilidade das im-
pressões digitais, principalmente das impressões classificadas como latentes.
Estudos recentes apontam o Brasil como o sexto País do mundo em taxa de homi-
cídios (26,4 homicídios em 100.000 habitantes/ano) e destacam uma situação igual-
mente grave em relação aos crimes sexuais. As taxas de elucidação desses delitos são
baixas, com menos de 10% dos homicidas apropriadamente identificados e condena-
dos, devido à ausência de prova material; tal fato tem causado comumente o arquiva-
mento de vários inquéritos e denúncias.
A Lei nº 12.654/2012 promove alterações tanto na Lei nº 12.037/2009, que
dispõe sobre a identificação criminal do civilmente identificado, regulamentando o
Art. 5º, Inciso LVIII, da Constituição Federal, como na própria Lei de Execução Pe-
nal (Lei nº 7.210/84), que tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou deci-
são criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condena-
do e do internado.
Como regra geral, a identificação criminal inclui o processo datiloscópico e o
fotográfico, que são juntados aos autos da comunicação da prisão em flagrante,
ou do inquérito policial ou outra forma de investigação.

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A partir da Lei nº 12.654/2012, no caso de a identificação criminal for essencial
às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que
decidirá de ofício ou mediante representação da Autoridade Policial, do Ministério Pú-
blico ou da Defensoria Pública, a identificação criminal poderá incluir a coleta de
material biológico para a obtenção do perfil genético (DNA).

Seção de Papiloscopia do Departamento de Criminalística/IGP-RS: É de sua compe-


tência a coleta de impressões papiloscópicas em qualquer local de crime e a comparação
destas impressões coletadas com a de suspeitos.

Documentoscopia é uma disciplina, integrante da criminalística, que tem por obje-


tivo a verificação da autenticidade dos documentos ou a determinação de sua autoria.
O setor de Documentoscopia é responsável pela realização dos exames periciais
abaixo relacionados:

Exame grafoscópico: Este exame tem por finalidade a determinação da autoria de


manuscrito(s)/assinatura(s) apostos em um documento. Para os exames grafoscópicos
utiliza-se o método comparativo entre a(s) grafia(s) questionada(s) e a(s) grafia(s) pa-
drão(ões) de confronto.

Exame documentoscópico: Este exame tem por objetivo a verificação da autentici-


dade dos documentos. O(s) documento(s) questionado(s) são confrontados com o(s) do-
cumento(s) padrão(ões) de confronto, à vista desarmada e através de instrumental ótico
disponível. Dentre os principais documentos examinados, destacamos: papel moeda, se-
los, carteira nacional de habilitação, carteira de identidade, certificado de registro de veí-
culo, certificado de registro e licenciamento de veículo, cheques etc.
Equipamentos utilizados: Os exames documentoscópicos/grafoscópicos são exames
periciais dos mais solicitados ao Instituto de Criminalística do IGP e de grande relevân-
cia para a persecução penal. Para garantir a qualidade dos exames são utilizados: lupas
manuais, equipamentos com recursos de luzes especiais, entre eles, LEICA S6D e Video
Spectral Comparator - VSC 5000 da Foster Freeman.

O QUE É LUMINOL?
O luminol é um reagente quimioluminescente que reage com o sangue, emitindo
uma luz, sendo muito usado em perícias criminais.
O luminol brilha diante de peróxido de hidrogênio e hemoglobina do sangue

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O luminol é um composto orgânico em pó, cuja fórmula molecular é C8H7O2N3. Es-
se reagente químico é usado misturando-o ao peróxido de hidrogênio (H2O2, a sua solu-
ção é chamada de água oxigenada), algum hidróxido e outros produtos químicos, o que
origina uma solução líquida.
Quando o luminol e o peróxido de hidrogênio reagem, emitem uma luz de coloração
azul fluorescente. No entanto, como essa reação é muito lenta, não é possível observá-
la somente com a mistura dos dois. Em contato com o sangue, em contrapartida, o ferro
da hemoglobina atua como catalisador e acelera essa reação, bastando cinco se-
gundos para a luz radiante aparecer. Por isso, quando a solução de luminol é borrifada
sobre algum local com sangue, observa-se uma quimioluminescência.
Veja a estrutura química do luminol:

Fórmula estrutural do luminol puro


O luminol é muito utilizado em perícias criminais a fim de identificar sangue no lo-
cal do crime. Mesmo que o local ou outros itens, como roupas, carpetes, etc., tenham
sido lavados antes, as fibras do tecido absorvem partes do composto de ferro e ainda as-
sim o local é ―iluminado‖ pelo uso do luminol. Com o local escuro, é possível ver bem os
pontos azuis que indicam a presença de sangue.
O termo ―quimioluminescência‖ é usado para se referir a uma reação química que
gera luz. E é exatamente o que ocorre na reação de oxidação entre o luminol e o peróxido
de hidrogênio. O luminol perde átomos de nitrogênio e hidrogênio e ganha átomos de
oxigênio, formando o 3-aminoftalato. Os elétrons desse composto estão em um nível de
energia maior que os dos reagentes e, sendo um estado instável, os elétrons retornam
para um estado de energia inferior, emitindo a energia extra na forma de ondas eletro-
magnéticas visíveis, isto é, na forma de luz, que nós vemos na faixa de comprimento de
onda da cor azul.
O luminol costuma ser borrifado no local do crime somente depois que os peritos
analisaram outras opções, pois ele pode destruir outras evidências na cena do crime.
Além disso, um aspecto que é preciso levar em conta é que não é só o sangue que faz o
luminol ―brilhar‖, mas outros compostos também, como a água sanitária. Por isso, os
investigadores precisam realizar outras análises para verificar se realmente se trata de
sangue humano.
O luminol também não pode ser borrifado em superfícies metálicas, pois, conforme
já explicado, é o ferro que catalisa a reação que faz a cor azul aparecer. Então, o ferro
dessas superfícies poderia dar um resultado positivo falso. (fonte:
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-luminol.htm)

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PERICIA DE INFORMÁTICA:

Perícia de Informática do DC/IGP-RS:


Efetua exames periciais em hardware, software e atua na área criminal de crimes de
internet.
Seção de Fotografia
Executa as fotografias que ilustram os laudos periciais, a reprodução de imagens
questionadas e procede a análise de imagens.
Seção de Perícias em Áudio e Imagens (SEPAI)
Em áudios, realiza a Comparação de Locutor, a Verificação de Edição e a Análise de
Conteúdo de registros ininteligíveis. Em imagens, realiza o Reconhecimento (de face e
objetos), a Verificação de Edição e a Análise de Conteúdo.

OS CRIMES NA ÁREA DE INFORMÁTICA

Através da Internet:
Invasão com dano a sites públicos e privados;
Transferências bancárias ilícitas ou roubo de informações em redes privadas;
Disponibilizar fotos eróticas de crianças ou adolescentes;
Ameaça ou calúnia por e-mail.

Através do equipamento doméstico:


Elaboração de documentos públicos ou particulares fraudulentos;
Utilização de programas para gerenciamento de atividades financeiras de AGIOTAGEM,
contabilidade de jogos de azar, etc.;
Pirataria de software.
Os Equipamentos Periciados:
Computadores (CPU, monitor e acessórios), Impressoras Matriciais, Impressoras tipo jato
de
tinta, Discos rígidos, PenDrives , MP3/MP4, CD, DVD, Disquetes e Scanners, Cartão SD,
Celulares, TV-Smartphones, Smartphones.

Os Objetivos mais Comuns:

Nas impressoras:
Identificar a máquina que elaborou um documento especifico.

Nos Scanners:
Caracterizar a capacidade de uso para reprodução e alteração de documentos públicos
(eles costumam vir acompanhados da CPU e das impressoras).

Nas CPUs, nos discos rígidos, CD, DVD, MPs e Smartphones, etc.:
Localizar um arquivo com texto ou imagem de um documento questionado;
Identificar os programas disponíveis e seus objetivos;
Identificar os programas e os seus números de licença (pirataria);
O contendo e assunto de arquivos;
A existência de arquivos que comprovem os acessos feitos pela Internet ou a troca de e-
mails.
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OBSERVAÇÃO IMPORTNTE:
O Policial Militar quando realiza uma revista pessoal, não tem permissão legal para
vasculhar arquivos pessoais em Telefones Celulares e Smartphones das pessoas aborda-
das, presas ou conduzidas. Tal ação (a de vasculhar arquivos em material particular) po-
derá prejudicar a investigação do fato delituoso em hipótese, tendo em vista que o vascu-
lhamento foi realizado sem o devido Mandado Judicial de Busca e Apreensão.

O disco rígido como prova principal:


Em geral a principal prova do crime está no disco rígido:
- a prova de acesso a Internet;
- a troca de e-mails;
- as imagens de documentos fraudulentos;
- os programas de gerenciamento de aplicações financeiras (Trojan, Ripadores, etc).

 Lei nº 9.034/95 (Crime Organizado) - outras providências:


a) Captação e interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
acústicos;
b) Interceptação telefônica;
c) Infiltração por agentes de polícia ou de inteligência;
Observação: Todas essas providências dependem de circunstanciada autorização
judicial.

FONÉTICA FORENSE

A fonética forense é uma Ciência forense e um procedimento pericial que atua


elementarmente na transcrição de conversas telefônicas e outros tipos de áudio.
Esse setor, integra geralmente as áreas de pericia da polícia civil, mas também pode
atuar de modo privado. As principais atividades são a transcrição de dados de áudio,
processamento dos dados de áudio. Entre as ferramentas utilizadas, es-
tão softwares como o ―Sound Forge‖ e o ―Col Edit‖. É um tipo de perícia, exige muito tem-
po de trabalho, principalmente quando os dados a serem transcritos são de baixa quali-
dade.
A Fonética é um meio que pode ser utilizado para identificação humana, pois
na fala estão contidos traços característicos de um indivíduo, da sua origem regional e
social, do seu estado emocional momentâneo e outras informações que podem ser inferi-
das a partir do material de fala. A utilização da Fonética na área forense é necessária pa-
ra a solução de crimes em relação aos quais existam vozes registradas em algum tipo de
mídia. (fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fon%C3%A9tica_forense).

Nos departamentos periciais, principalmente nos policiais, as Perícias em Áudio e Imagem


– realizam exames em registros de áudio e registros de imagem.

O setores podem executar as seguintes perícias:

- Análise de Conteúdo em Registros de Áudio;

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- Verificação de Edição em Registros de Áudio;

- Comparação de Locutores (Áudio);

- Análise de Conteúdo em Registros de Imagem;

- Verificação de Edição em Registros de Imagem;

- Comparação Facial (Imagem);

- Comparação de Padrão por Imagem;

- Fotogrametria – estimativa de altura e distância a partir de imagens;

- Estimativa de Velocidade Veicular em Registro de Imagem;

- Análise de Conteúdo em Registros de audiovisual;

- Verificação de Edição de Registros de audiovisual.

De maneira geral, as solicitações, realizadas exclusivamente por órgãos oficiais, devem,


além da apresentação do material questionado em mídia física, explicitar no documento requisitante:
- a natureza do exame a ser realizado;
- a descrição e identificação do material encaminhado para perícia;
- o histórico da ocorrência;
- a definição do trecho da gravação (de áudio ou vídeo) a ser examinado, com a indicação
do indivíduo-alvo ou objeto-alvo.

A fonética forense no Brasil:


Segundo Caldas Netto (2003), ―o caso Magri foi o primeiro em que houve a ne-
cessidade de realizar exames de Verificação de Locutor no Departamento de Polícia Fede-
ral‖ (p. 18). Em 1992, na época ministro de Trabalho e Previdência Social do governo
Collor, Antonio Rogerio Magri foi gravado em conversa com Volnei Abreu Ávila, diretor de
Arrecadação e Fiscalização do INSS, admitindo ―ter recebido uma propina de 30 mil dóla-
res para facilitar a liberação de recursos do FGTS de uma empresa para uma obra no
Acre‖. Brandão relata que, por falta de peritos especializados, o INC – Instituto Nacional
de Criminalística teve que recorrer aos conhecimentos dos doutores da UNICAMP – Uni-
versidade Estadual de Campinas, para verificar se as vozes contidas na gravação eram
ou não do Ministro e do Diretor do INSS. A partir de então, o INC investiu em equipa-
mentos e em capacitação de peritos e passou a realizar análises de Verificação de Locu-
tor, por solicitação de autoridades de diversas esferas criminais.
De acordo com Mattos (2008), o marco inicial dos trabalhos de identificação de voz
no Brasil foi o ano de 1994, quando se realizou o primeiro Seminário de Fonética Foren-
se organizado pelo INC. A perícia A partir dessa constatação, pode-se dizer que o traba-
lho oficial de perícia criminal em fonética forense no Brasil se realiza há duas décadas.
Mas o que vem a ser o trabalho do perito criminal21 no Brasil? Para se ter uma resposta
a essa pergunta, é necessário localizar a perícia dentro do sistema judiciário.
Segundo Paes Leme (2010), a estrutura do aparelho estatal para a manutenção da
ordem entre as pessoas se forma a partir do Poder Legislativo, que estabelece as leis que
regem a convivência e impõe sanções aos infratores, e do Poder Judiciário, que julga e
pune os transgressores.
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O Judiciário, no entanto, não exerce o papel investigativo para a definição da mate-
rialidade e autoria de um crime. O Ministério Público é o órgão que vai promover a coleta
de evidências da prática da infração e oferecer denúncia ao judiciário.
A investigação sobre a ocorrência ou não da infração vai estar por conta da Polícia
Civil que abre inquérito para apuração do ato penal e da sua autoria.
Muitos dos processos investigativos, porém, vão demandar conhecimentos específi-
cos em diversos campos de especialidades. Aí entra a figura do perito que, no caso de
existência de vestígio, com sua competência técnica, vai apurar a existência ou não do
delito (Paes Leme, 2010).
O art. 158 do Código de Processo Penal brasileiro estabelece que:
Art. 158/CPP. Quando a infração deixar vestígios será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Cabe, então, ao perito executar essa tarefa.
―A perícia é o início de todo o processo apurativo da infração, nos casos em que
existam seus vestígios, sendo necessário, por meio dela, demonstrá-los.
Esta tarefa não pode ser transferida a outra instituição, ela é exclusiva da perícia‖,
explica Paes Leme (2010).
A solicitação para uma perícia pode ser feita por qualquer das instâncias acima
mencionadas, Delegado de Polícia, Procurador, Promotor de Justiça, Juiz, para inquéri-
tos policiais ou processos penais.
Voltando ao Código de Processo Penal – CCP, o seu Art. 159 estabelece que: O
exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de
diploma de curso superior.
Os peritos oficiais, então, podem atuar na esfera federal e estadual sempre com in-
gresso através de concurso. No âmbito federal, existe o Instituto Nacional de Criminalís-
tica, órgão da Polícia Federal responsável pela coordenação técnico-científica de todo Sis-
tema de Criminalística federal.
Ao Serviço de Perícias em Audiovisual e Eletrônico cabem análises que envolvam re-
gistros de áudio e imagem, equipamentos e sistemas eletroeletrônicos. Nesse rol de ativi-
dades está o exame de comparação de locutor, cujo objetivo é determinar se há conver-
gência entre as falas perquiridas (material questionado) e as oriundas de um indivíduo
suspeito (material padrão).
Nas capitais dos Estados, no Distrito Federal e em algumas cidades do interior exis-
te um Setor Técnico-Científico que representa uma unidade descentralizada da Crimina-
lística Federal, vinculado tecnicamente ao Instituto Nacional de Criminalística.
O quantitativo de peritos criminais federais, atuantes nas áreas de registro de áudio
e imagem, no Instituto Nacional de Criminalística e nas unidades descentralizadas é su-
perior a 100 (cem) profissionais, com formação em engenharia elétrica, eletrônica, de te-
lecomunicações e de redes de comunicação.
Nos Estados da União, existem órgãos, geralmente ligados às Secretarias de Segu-
rança Pública, que realizam perícias no âmbito estadual, vários desses órgãos executam
principalmente trabalhos de tratamento em material de áudio e vídeo. No RS. O órgão
responsável por tais perícias é o IGP.
Outro órgão que também pode atuar com perícias na área é o Ministério Público,
instituição autônoma e independente, não subordinada aos Poderes Executivo, Legislati-
vo ou Judiciário. O Ministério Público do Rio de Janeiro, por exemplo, possui a DEDIT –

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Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia, dentro da Coordenadoria de Segurança e In-
teligência, que atua na análise de vozes com uma equipe de 11 (onze) fonoaudiólogos.
Em casos em que não há disponibilidade de um perito oficial, pode ser nomeado um
perito ad hoc, conforme prevê o Art. 159 da CCP: §1. Na falta de perito oficial, o exame
será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacio-
nada com a natureza do exame.
Além da figura do perito não oficial, o Art. 159 também define que as partes em um
processo, o Ministério Público, o assistente de acusação, o ofendido, o querelante ou o
acusado podem formular quesitos e indicar um assistente técnico.
O assistente técnico será um profissional especializado, contratado por uma das
partes para realizar o exame do material já periciado. Com isso, empresas particulares
oferecem serviços especializados para atuação em assistência técnica em som e imagem
e fonética forense. Nessas empresas, profissionais de diversas áreas de conhecimento
atuam como peritos assistentes técnicos. Aqui, portanto, encontramos mais um ponto de
controvérsia, que profissionais devem exercer o papel de perito na área de fonética foren-
se?
Pelos relatos obtidos, na Polícia Federal há uma maioria de engenheiros, no Ministé-
rio Público do Rio de Janeiro, um contingente exclusivo de fonoaudiólogos, no Instituto
de Criminalística do Paraná, um grupo um pouco mais multidisciplinar, com engenhei-
ros, fonoaudiólogos, profissionais de informática, mas ainda sem contar com um foneti-
cista.
Seja qual for a formação do perito, no entanto, para o desenvolvimento de sua pro-
fissão, seja ele perito oficial, não oficial ou assistente técnico, existem associações de
classe, que promovem eventos, incentivam pesquisa e produzem publicações. (fonte:
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/12683.pdf)

NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL :

Conceito e aplicação no Direito:


A Medicina Legal é uma ciência extremamente diferente de todas as demais
porque, enquanto a maioria das ciências apresenta a especialização, a Medicina Legal
funciona somando, englobando conhecimentos. Ex.: se for fazer um laudo sobre estupro
vai se valer dos conhecimentos de Ginecologia; se for sobre a capacidade vai se valer dos
conhecimentos de Psiquiatria.
A Medicina Legal é uma síntese das ciências que se somam analiticamente, forman-
do-a.
O Direito, em inúmeras passagens, está alicerçado em princípios eminentemente
médicos. O simples enunciado ―matar alguém‖ envolve o diagnóstico de que alguém mor-
reu. Na grande maioria das áreas do direito, estão embutidos os conceitos de medicina.

Conceito
Medicina Legal é o conjunto de conhecimentos médicos, jurídicos, psíquicos e bio-
lógicos que servem para informar a elaboração e execução de normas que dela necessi-
tam. Utiliza conceitos não apenas para aplicação de leis, mas também para sua elabora-
ção.
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A Medicina Legal se relaciona com uma série de ciências: sociologia, filosofia, botâ-
nica, zoologia e outras ciências, principalmente com o direito em todas as suas áreas.
A importância desse estudo é a repercussão da Medicina Legal na vida das pessoas.
Tudo o que se fala em Medicina Legal tem uma importância decisiva na vida das pesso-
as. Outro aspecto da importância da Medicina Legal é que, enquanto a Medicina comum
se limita à vida da pessoa, a Medicina Legal não se restringe à pessoa humana enquanto
viva: começa na fecundação e não termina nunca; enquanto houver vestígios, pode-se
encontrar dados relativos à vida e à morte do indivíduo.
O campo de atuação da Medicina Legal é muito amplo, pois transcende a vida do
indivíduo, de forma geral e especial.

Perícias e Peritos
Perícia
É o conjunto de procedimentos visando à elaboração de um documento para de-
manda jurídica. É o conjunto de procedimentos executados para esclarecer fato de inte-
resse legal.
Quem faz a perícia são os peritos.
Peritos
São pessoas qualificadas para fazer as perícias. Podem ser oficiais (peritos criminais
e médicos legistas) e não oficiais (peritos nomeados pela autoridade judiciária, que têm a
liberdade de aceitar ou não a nomeação.).
Em alguns países a atividade pericial está ligada ao Poder Judiciário.
O objetivo da perícia é atender às necessidades da comunidade.
Elaborado o processo de perícia, surgem os documentos médico-legais.

Documentos Médico-Legais
Atestado Médico
É o mais simples dos documentos médico-legais. É no atestado que o médico afirma
ou nega, sem maiores considerações, um fato médico. Gera também todos os efeitos ju-
rídicos, com efeito legal. O documento não exige na sua definição nenhum esclarecimen-
to maior, basta que o médico afirme que ―fulano de tal não pode comparecer‖. Não há
necessidade de nenhuma outra afirmação. O médico afirma ou nega um fato de natureza
médica.

Laudo Médico
É o documento que se elabora após a primeira perícia, descrevendo-a detalhada-
mente. O laudo deve conter:
identificação: identificação completa da pessoa ou coisa a ser periciada;
histórico: descrição do quê, quando e como aconteceu o fato;
exame externo: é o exame visual, macroscópico;
exame interno: no cadáver é a autópsia; na pessoa viva pode ser biópsia, radiologia,
coleta de material etc.;
discussão e conclusão: discute-se o que pode ou não pode ser (ex.: quantos tiros, se
houve defesa ou não) Discute-se o aspecto jurídico da lesão e dá-se a conclusão;
respostas aos quesitos: os quesitos podem ser oficiais ou formulados pela autorida-
de requisitante.

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Quesitos:
Houve morte?
Qual a sua causa?
Qual o instrumento ou meio que a causou?
Foi empregada asfixia, fogo etc.?
Os quesitos podem variar de acordo com o crime.

Auto Médico-Legal
O auto médico-legal é feito por legistas após a perícia. O auto médico-legal é seme-
lhante ao laudo, porém, elaborado no decorrer da perícia. Está limitado à exumação de
cadáveres. A exumação é a primeira perícia com características peculiares. O perito de-
pende muito de outra pessoa para a realização do seu trabalho. Requisitada a primeira
exumação de cadáver, marca-se dia e hora e convoca-se: Delegado de Polícia, escrivão,
pessoas interessadas, advogados, médico legista, auxiliar de autópsia, atendente de ne-
crotério etc. O auto médico-legal tem a mesma estrutura do laudo médico. A diferença
entre o laudo e o auto consiste na época em que é feito.
Laudo: após a perícia.
Auto: durante a perícia

Parecer Médico-Legal
Numa situação de dúvida ou de desencontro de perícia, podem as partes ou o Ma-
gistrado se socorrerem de um parecer. É necessário que ele seja elaborado por alguém
que tenha certas características aceitas pelas partes, que seja uma pessoa de notável
saber, cuja sabedoria seja pertinente ao trabalho a ser realizado. Nenhum Juiz está ads-
trito a laudo.
No campo penal faz-se necessária a existência de dois peritos.

Antropologia Médico-Legal
Antropologia é o estudo do ser humano, suas características, seu comportamento,
seu aspecto biológico.

Identidade do Indivíduo
É o conjunto de traços e características que diferencia, que individualiza uma pes-
soa ou coisa. São as características e atributos que tornam a pessoa única.

IDENTIFICAÇÃO
É o conjunto de procedimentos que se faz buscando as características individuais. É
o processo, a tecnologia que se adota para se chegar à identidade, permitindo uma com-
paração prática.

Praticabilidade
Procedimento que seja prático, de baixo custo e fácil.
Exemplos:
a) Classificação de ossos – Os ossos possuem canais (canais de Havers) por onde
passa o sangue. Os canais dos ossos humanos são completamente diferentes de qual-
quer outro vertebrado.

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b) A forma do crânio das principais raças (caucasianos, indianos, negróides, orien-
tais) é uma das características da raça. Pelo formato do crânio, pode-se determinar a ra-
ça do indivíduo.

A identificação pode ser efetuada quanto:


a) Espécie
Entre animal e ser humano. Pode-se chegar a essa classificação pela análise dos os-
sos e dos canais de Havers.
b) Raça
Há cinco tipos étnicos fundamentais: caucasiano, mongólico, negroide, indiano e
australoide. A raça é identificada pelo índice cefálico (forma do crânio e ângulo facial).
c) Sexo
O sexo do indivíduo pode ser identificado das seguintes maneiras:
sexo cromossomial: avaliação dos cromossomos. Ex.: sexo masculino: quem tem
cromossomo XY; sexo feminino: quem tem cromossomo XX;
sexo gonadal: os indivíduos humanos que têm ovário são do sexo feminino; os que
têm testículos são do sexo masculino;
sexo cromatímico: com a aplicação, nas células humanas, de corante que se adere
ao corpúsculo cromatino. A presença da cromatina indica o sexo feminino; sua ausência
indica o sexo masculino.
sexo da genitália interna: quem tem útero e ovário é do sexo feminino; quem tem
próstata é do sexo masculino;
sexo da genitália externa: quem tem vagina e clitóris é do sexo feminino; quem tem
pênis e escroto é do sexo masculino;
sexo jurídico: é o sexo constante nos documentos do indivíduo. Pressupõe-se que
alguém constatou o sexo do indivíduo;
sexo de identificação: é o sexo psíquico, sexo do comportamento, é a sexualidade do
indivíduo. Na maioria das vezes, tem tudo a ver com o sexo físico. É o sexo que o indiví-
duo projeta no plano da sexualidade;
sexo pericial: é o sexo de avaliação, por meio de toda uma avaliação dá-se um laudo
sopesando todos os aspectos.
Legalmente, no Brasil, o que vale é o sexo físico. O judiciário não pode autorizar a
mudança de sexo na documentação, pois poderia estar incorrendo em uma fraude.

Idade
Existem algumas faixas etárias juridicamente importantes: 13, 16, 18 e 21 anos.
Especialmente a faixa dos 18 anos, que é a faixa da imputabilidade.

Universalmente, hoje se aceita a Tabela de Grevlisch para determinar a idade das


pessoas. Grevlich, ao radiografar os ossos dos braços das pessoas, chegou a um padrão
de calcificação para determinar as faixas etárias jurídicas. Esse processo de calcificação
dos osso se encerra com 21 (vinte e um) anos. Não é possível distinguir uma radiografia
de uma pessoa com 25 (vinte e cinco) anos de outra com 35 (trinta e cinco) anos, porém,
é possível identificar, pela radiografia, um indivíduo de 20 (vinte) anos e 9 (nove) meses
de outro indivíduo de 21 (vinte e um) anos.

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Os ossos do antebraço são o rádio e a ulna. Posição anatômica é a posição da pes-
soa voltada para a frente, com os braços voltados para a frente e as pernas ligeiramente
afastadas. Sendo essa a posição anatômica, o rádio localiza-se no exterior do antebraço.
Ossos do punho: escalóide, semilunar, piramidal, pisiforme, na primeira fileira. Na
segunda fileira: trapézio, trapezóide, grande osso e ganchoso ou unciforme.
Os ossos da mão são cinco e chamam-se metacarpianos.
Dedos: indicador, polegar, médio, anular e mínimo. O polegar tem dois ossos, duas
falanges, que recebem o nome de proximidal e distal. Os quatro outros dedos possuem
três falanges: proximidal, medial e distal. Além disso, existem pequenas esferas ósseas
que ajudam no processo de articulação, chamados semamóides.
Temos então 32 (trinta e dois) pontos de observação (ossos) para identificar a idade
das pessoas. É por isso que se adota essa parte do corpo para proceder a identificação:
pela quantidade de detalhes e variedade de pontos de observação.
Altura
Existem tabelas para que se possa verificar a altura do indivíduo. Ex.: se o fêmur
mede 48,6 cm, o indivíduo vivo tinha 1,80 m. A tabela pode ser aplicada sobre vários os-
sos: fêmur, tíbia etc.

Outros Tipos de Identificação


Para ajudar numa identificação individual, são valiosos os seguintes sinais:
 sinais individuais: verrugas, manchas etc.;
 malformações: lábio leporino, desvio de coluna, consolidação viciosa de uma
fratura etc.;
 sinais profissionais: calosidade de sapateiros, calo nos lábios de sopradores
de vidro, de músicos de instrumentos de sopro etc.;
 cicatrizes: traumática (ação de agentes mecânicos, queimaduras), patológi-
cas (vacinas) ou cirúrgicas.
A identificação pelos dentes, no morto, é relevante. Porém, para que tal identificação
seja possível, seria necessário dispor de uma ficha dentária fornecida pelo dentista da
vítima. Uma cárie com restauração de determinado material, colocação de prótese, influ-
em na identificação do indivíduo. Deve-se levar em conta, também, as alterações adqui-
ridas pelos agentes mecânicos, químicos, físicos e biológicos (desgastes dos dentes, den-
tes manchados de fumo etc.).
A identificação por fotografia não é um método de grande segurança. Ele será usado
quando falhar os métodos mais significativos. Consiste na superposição de fotos do indi-
víduo tiradas em vida sobre a foto do esqueleto do crânio.

Identificação Jurídica
Jean de Vucetich, estudando as cristas que todo ser humano possui nas polpas
digitais (pontas dos dedos), chegou à conclusão que nenhuma pessoa possui as impres-
sões iguais às de outra, e também que a impressão das cristas em papel (impressão digi-
tal) poderia mudar de tamanho conforme a idade do indivíduo, mas jamais mudaria o
desenho.
Essa forma de identificação, embora fosse barata, esbarrava na dificuldade de se
encontrar determinada impressão num arquivo imenso.
Vucetich começou, então, a classificar as impressões por grupos. Essas cristas digi-
tais consistem em uma série de linhas, mais ou menos horizontais, as quais Vucetich

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denominou de sistema basilar. No centro da polpa digital existe o sistema nuclear.
Grande parte dos indivíduos possuem também o sistema marginal.
Vucetich verificou que certas pessoas, na confluência dos três sistemas, formam
uma figura chamada delta. O delta pode aparecer nas pessoas de diferentes maneiras:
dois deltas, ausência de delta, só do lado interno ou só do lado externo.
Para seu estudo, Vucetich resolveu colher a impressão dos dez dedos das mãos. O
sistema de letras fica restrito aos polegares; os demais dedos recebem a numeração se-
guinte:
V (verticilo) = 4
E (presilha externa) = 3
I (presilha interna) = 2
A (arco) = 1

Todos os indivíduos de uma população a ser identificada que tiverem a forma


A4214, A2421 ficam arquivados em conjunto, facilitando, dessa maneira, a identificação.
As cristas não são lineares e formam inúmeros desenhos. Ex.: ao examinar deter-
minada impressão, se encontrados 12 (doze) pontos de coincidência, pode-se identificar
certamente o indivíduo.
A esse sistema de identificação dá-se o nome de sistema decadactilar 10 (dez)
dedos.
A ciência que se propõe a identificar as pessoas fisicamente, por meio de im-
pressões dos desenhos formados pelas cristas papilares, recebe o nome de datiloscopia.

ESTUDO DAS LESÕES CORPORAIS


(Traumatologia médico legal)
A traumatologia estuda as formas de vulneração do corpo humano. Basica-
mente tudo aquilo que ofende a saúde é um trauma.

Existem três grupos de instrumentos físicos que podem causar lesões:


 que atuam num único ponto – ex.: perfurantes;
 que atuam numa linha – ex.: cortantes;
 que atuam num plano ou superfície – ex.: contundentes.

Perfurantes
São instrumentos punctórios, finos e pontiagudos. Atuam por pressão, afastando as
fibras do tecido e, raramente, secionando-as. As feridas produzidas por esse tipo de ins-
trumento recebem o nome de punctória ou puntiforme. Exemplo de objetos perfurantes:
agulha, prego, picador de gelo, compasso etc.
Cortantes
São instrumentos que agem por um gume mais ou menos afiado, por mecanismo de
deslizamento sobre os tecidos. A ferida causada por esse tipo de instrumento chama-se
incisa. É errado falar ―ferida cortante‖: o instrumento é cortante, a ferida é incisa. Exem-
plo de objetos cortantes: faca, bisturi etc.

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Contundentes
São instrumentos que agem por pressão, deslizamento, torção etc. Os instrumentos
são como uma superfície plana que atua sobre o corpo humano. A lesão típica provocada
por objeto contundente tem vários estágios, dependendo da força ou do objeto. Exemplo
de instrumentos contundentes: martelo, soco, balaústre, veículo, escada etc.

Espécies de lesões contundentes

Eritema ou rubefação
É a primeira lesão provocada por objeto contundente e a mais simples. Alguns pe-
nalistas não aceitam o eritema como lesão corporal. Não há lesão anatômica, somente
uma mancha vermelha transitória que não deixa vestígios. É provocada por impacto de
baixa densidade, produzindo uma dilatação dos vasos sangüíneos. Enquanto existir, re-
trata com fidelidade o instrumento que a causou. Ex.: tapa.

Equimose
Se a lesão foi provocada com tal intensidade que chegou a romper alguns vasos
sanguíneos, recebe o nome de equimose. São as famosas manchas roxas provocadas por
ruptura de vasos capilares, que são vasos pouco expressivos, perto da superfície da pele.
Não há sangramento, mas pequena infiltração de sangue entre as malhas do tecido. As
manchas seguem uma evolução padronizada: mudam de cor até o décimo quinto dia,
quando então desaparecem.

Hematoma
Ocorre quando o instrumento contundente, atuando no tecido corporal, provoca
ruptura de vasos importantes, produzindo o afastamento de tecidos; quando o instru-
mento bate mais pesado e chega a romper um vaso, provocando vazamento de sangue.

Escoriação
É a lesão superficial de atrito (ralada) que rompe a epiderme, deixando a derme a
descoberto. Não há sangramento e não deixa sequelas. A escoriação é produzida quando
o instrumento tangencia e produz um ralamento na epiderme.

Ferida contusa
Produzida quando o instrumento age com muita violência que é capaz de rasgar os
tecidos, formando uma lesão aberta.

Feridas produzidas pelos instrumentos


Com frequência, os instrumentos misturam as sequências da lesão. Ex.: instrumen-
to perfurocortante, produzido por uma faca de ponta.
Existem instrumentos que por sua velocidade, mais do que por sua forma, produ-
zem lesões. Ex.: instrumento perfurocontudente (projétil de arma de fogo), que atua per-
furando e contundindo.
Existe também uma combinação de instrumento que corta e que contunde: instru-
mento cortocontundente. O instrumento típico cortocontundente é o machado.
Temos, então, 3 (três) instrumentos básicos (perfurantes, cortantes e contunden-
tes) e 3 (três) formas combinadas (perfurocortante, perfurocontudente e cortocontun-
dente).
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 A ferida produzida pelo instrumento perfurocortante é denominada perfu-
roincisa.
 A lesão produzida pelo instrumento perfurocontudente denomina-se perfuro-
concisa.
 A lesão típica produzida pelo instrumento cortocontundente, denomina-se
cortocontusa.

Instrumentos básicos
Instrumento Característica Ferida
Perfurante Perfura Punctória
Cortante Corta Incisa
Contundente Contunde Eritema, equimose, hematoma, es-
coriação, ferida contusa

Instrumentos combinados
Instrumento Característica Lesão
Perfurocontudente Perfura e contunde Perfuroconcisa
Perfurocortante Perfura e corta Perfuroincisas
Cortocontundente Corta e contunde Cortocontusa

a) Feridas punctórias (produzidas por instrumentos perfurantes)


Feridas punctórias são feridas produzidas por instrumentos perfurantes, porém
apresentam características de corte, como a casa de um botão; em razão disso, surgem
três leis a respeito das feridas punctórias:
1.ª Lei: as feridas punctórias provocam, quando retirado o instrumento, a forma de
casa de botão ou botoeira;
2.ª Lei: feridas punctórias numa mesma região de linhas de tensão ou linhas de
Languer têm todas o mesmo sentido;
3.ª Lei: diz respeito às feridas que acontecem coincidentemente numa mesma região
de linhas de tensão, e diz respeito à forma que a lesão vai apresentar, ou seja, forma tri-
angular.
As feridas na zona de confluência das linhas de força tomam a forma de triân-
gulo.
A importância desses instrumentos perfurantes na Medicina Legal localiza-se
no fato de serem esses instrumentos inoculares de infecção, pois as feridas produzidas,
embora aparentemente pequenas, são profundas.
Esses instrumentos também têm uma propriedade do sinal do acordeão, ou
sinal de Lacassagne, cuja ferida, em virtude de ser comprimida, apresenta uma exten-
são maior do que o instrumento que a produziu.

b) Feridas incisas (produzidas por instrumentos cortantes)

Características das feridas incisas:


- regularidade das bordas (pois não foi rasgada);
- regularidade do fundo da lesão;
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- ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida;
- hemorragia abundante;
- predominância do comprimento sobre a profundidade;
- afastamento das bordas da ferida, se o corpo é vivo, em razão da retratilidade da
pele;
- cauda de escoriação voltada para o lado em que terminou a ação do instrumento;
- a extensão da ferida é quase sempre menor do que aquela que realmente foi pro-
duzida, em virtude da elasticidade dos tecidos;
- as vertentes (encostas) da lesão são emparedadas (regulares) e serão verticais se o
instrumento agiu perpendicularmente, e em forma de bizel se o instrumento agiu incli-
nadamente (oblíquo);
- o centro da ferida é mais profundo que as extremidades.
Nas feridas incisas, quando existem duas lesões cruzadas, é possível determinar
qual a primeira e qual a segunda, pois a primeira foi feita sobre a pele íntegra e, na se-
gunda, vai haver um degrau, porque foi feita sobre a lesão anterior. A esse ―degrau‖ dá-
se o nome de Sinal de Chavigny: angulação que se verifica na segunda ferida, na hipóte-
se de duas feridas se entrecortarem.

Algumas feridas incisas têm nome próprio:


1. esgorjamento: ferida incisa na região anterior do pescoço;
2. degolamento: ferida incisa no plano posterior do pescoço (nuca);
3. decapitação: ferida incisa secionando todo o pescoço (guilhotina).

c) Feridas produzidas por instrumento contundente

Rubefação ou eritema: No período em que é visível, tem uma grande importância,


porque reproduz o instrumento que a produziu. Caracteriza-se por uma vermelhidão no
local atingido. Há uma forte corrente dizendo que a rubefação não possui os requisitos
de uma lesão corporal, pois não tem uma base anatômica e dura pouco tempo (em mé-
dia, 15 minutos).

Escoriação: Abrasão, lixamento da pele. Só é escoriação a abrasão que se verifica


na epiderme por atrito tangencial ou instrumento contundente. Quando a abrasão se
estende em profundidade, pegando a segunda camada da pele, não se trata de escoria-
ção. Não existe cicatriz de escoriação. Na escoriação há uma reconstrução integral da
pele. Se houver cicatriz, trata-se de uma perda de substância e não de escoriação.

Equimose: Manchas roxas. A sequência das cores da equimose permite estabelecer


um diagnóstico cronológico da mesma. Outra característica da equimose é que, nos im-
pactos, costumam haver equimoses exatamente na forma do objeto que as produziu.

Hematomas: São provocados por objetos contundentes. Consistem no extravasa-


mento dos vasos sanguíneos. O sangue forma uma bolsa que caracteriza o hematoma.
Independentemente dos hematomas superficiais, os instrumentos contundentes podem
provocar hematomas de extrema gravidade. Podem provocar uma onda de choque que
pode levar a uma lesão dentro do fígado ou do baço. Essa ruptura intra-baço, nos pri-
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meiros momentos, não produzem graves sintomas e podem passar desapercebidos num
exame clínico. O sangue fica dentro da cápsula que envolve o baço, quando a cápsula se
rompe, ocorre a hemorragia e o indivíduo entra em choque. Chama-se hematoma em
dois tempos e é mais comum no baço e no fígado. Outra situação extremamente grave
são alguns traumatismos no crânio.
Ainda que não haja uma fratura ou ferida externa, pode ocorrer a ruptura de um
pequeno vaso na parte externa do cérebro, que vai gotejando sangue e descolando a
membrana que se expande até comprimir violentamente o cérebro, levando o indivíduo
ao coma. É um hematoma extradural em dois tempos que leva à uma compressão do
cérebro. Quando o impacto é maior e há um anteparo ósseo, prensando partes moles en-
tre o instrumento e o osso, pode ser que a lesão se abra. Aí recebe o nome de ferida
contusa. Ex.: soco no supercílio.

d) Feridas contusas:
É uma espécie de contusão. Suas características são:
- bordas irregulares;
- traumas nas proximidades das bordas;
- vertentes e fundo irregulares;
- entre uma lateral e outra pode haver ponte de tecido íntegro;
- sangram menos;
- são mais profundas do que compridas.
Esses são os itens que permitem diferenciar uma ferida contusa de uma ferida inci-
sa.
As contusões podem provocar também ruptura de órgãos internos. Existem
órgãos que, por suas características, são mais sujeitos à ruptura, como o fígado e o baço.
Se o órgão é comprimido por aumento de pressão interna, ele se rompe no ápi-
ce da curvatura. Na medida em que se aumenta a pressão interna do órgão, por com-
pressão, ele se rompe.
As contusões podem provocar ainda algumas lesões típicas. Ex.: martelada na
cabeça provoca uma lesão característica que recebe o nome de ferida de Strassmann.
Outra característica da pancada com martelo é o sinal de Carrara (pequenos círculos na
região afetada).
e) Empalamento
O indivíduo é amarrado e suspenso. Coloca-se uma haste e o indivíduo é descido
pela haste, que penetra na região perianal. Era uma prática utilizada como pena de mor-
te. Acidentalmente podem ocorrer empalações. Ex: quedas do cavaleiro; quedas no cam-
po da construção civil.

f) Lesões produzidas por cinto de segurança


Quando a colisão ultrapassa em energia a capacidade do cinto, ele passa a funcio-
nar como instrumento contundente. Hoje existem três tipos de cinto:
- pélvico: provoca lesão na bacia, luxações na coxa com relação ao quadril;
- transverso toráxico: costumam provocar uma violenta projeção do pescoço e da
cabeça;
- cinto de três pontos: toráxico, diagonal e pélvico. Provocam o chicote cervical que
provoca luxação cervical ou fratura com morte imediata.

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LESÕES COMBINADAS
Feridas Perfuroincisas
Essas feridas são provocadas por instrumentos de ponta e gume, atuando por um
mecanismo misto: penetram perfurando com a ponta e cortam com a borda afiada os
planos superficiais e profundos do corpo da vítima. Agem, portanto, por pressão e por
seção.
Faca de ponta
Na ponta da lesão há a perfuração; no trajeto, o tecido se rasga e, no fundo, há a in-
cisão. Regiões de defesa: braço, antebraço, mão e dorso da mão. Para alguns doutrinado-
res, num ataque com faca, de acordo com as lesões provocadas nas regiões de defesa, já
se convencionou no Tribunal do Júri que não existe o ataque de surpresa, pois as lesões
comprovam a defesa e, portanto, conclui-se que não houve surpresa, desqualificando o
homicídio.
Feridas Perfurocontusas
Essas lesões são produzidas por um mecanismo de ação que perfura e contunde. Na
maioria das vezes, esses instrumentos são mais perfurantes do que contundentes. Esses
ferimentos são produzidos quase sempre por projéteis de arma de fogo; no entanto, po-
dem estar representados por meios semelhantes, como a ponta de um guarda-chuva.

Vitriolagem: é um tipo de comportamento delinquente, em que alguém joga sobre


as pessoas uma substância cáustica. No século XVIII, quando a química começou a de-
senvolver-se, chamou a atenção dos químicos o ácido sulfúrico, que, na época, chamava-
se óleo de vitríolo, daí o nome vitriolagem, dado à atitude de alguém que joga, dolosa-
mente, uma substância química sobre as pessoas.

Venenos são substâncias químicas que, atuando no organismo, vão desempenhar


um efeito sistêmico. Veneno é qualquer substância que, introduzida no organismo, da-
nifica a vida ou a saúde. Entende-se por envenenamento, portanto, a morte violenta ou
o dano grave à saúde, ocasionados por determinadas substâncias de forma acidental,
criminosa ou voluntária.
Ação Interna (venenos)
Os venenos apresentam-se em dois grupos: organofosforados e clorados.
Tanto um grupo como o outro, principalmente os organofosforados, podem ser cau-
sadores de envenenamento por contato com a pele, ingestão e inalação. A morte ocorre
por parada respiratória e edema pulmonar. O indivíduo fica cianótico (roxo), o que é
um sinal de que está havendo má respiração dos tecidos.
Os clorados são menos perigosos, porém podem envenenar o sistema nervoso cen-
tral (ex.: formicida, gás metano, combustíveis, dependendo da quantidade).
As noções do veneno, necessariamente, passam pela consideração de ordem quanti-
tativa.
Não basta, apenas, a qualidade da substância, é preciso que haja uma certa quan-
tidade.
Essa noção de quantidade passa a envolver praticamente todas as substâncias.
Existem substâncias que, em quantidade muito pequena, podem produzir a morte
(ex.: estricnina – 1mg pode causar convulsão, contratura e morte); porém, 1 milésimo de
miligrama pode servir como remédio.
A mesma cocaína que excita, numa quantidade maior, pode ocasionar a morte, num
efeito inverso. A variação da quantidade pode inverter o efeito da substância.
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LESÃO CORPORAL - Art. 129/CP

A lei penal distingue lesões corporais em três tipos: leves, graves e gravíssimas.
As lesões classificam-se pelo resultado, não importando o seu lugar, o que as pro-
duziu ou qual sua extensão. Do ponto de vista médico-legal, as lesões são classificadas
pelo resultado.
A lei dispõe ―se da lesão corporal resulta (...)‖ e relaciona quatro resultados que de-
finem as lesões graves e cinco resultados que definem as lesões gravíssimas. Por exclu-
são, as lesões não definidas pela lei são consideradas leves.

Lesões Corporais Graves

Se da lesão corporal resultar incapacidade para as habitualidades ocupacionais por


mais de trinta dias:
Ocupação habitual é tudo o que a pessoa faz, desde o nascimento até a morte. É
mais do que o trabalho, embora também o inclua. O exame que comprova a incapacida-
de deve ser realizado no 30.º dia após a lesão. A incapacidade não precisa necessaria-
mente ser absoluta.

Se da lesão corporal resultar perigo de vida


É a lesão que causa uma quase morte, que provoca uma periclitação vital. Não exis-
te, legalmente, a expressão ―risco de vida‖. Risco é prognóstico e não existe em medicina
legal. Perigo de vida é um momento, um instante, em que uma função vital periclitou
(ex.: parada cardíaca, estado de coma, parada cerebral etc.).

Se da lesão corporal resultar debilidade permanente de membro, sentido ou função


Membros: são os braços, antebraços, cotovelos, mãos, dedos, coxas, pernas e pés.
Sentidos: são a visão, audição, olfato, paladar e tato.
Função: é o conjunto de atividades de um ou mais órgãos, sistema ou aparelho que
conduz a uma atividade padrão (ex.: função digestiva, função respiratória).
Debilidade: não é anulação da atividade, mas sim uma expressiva redução da mes-
ma.
Permanente: quando cessam os meios habituais de tratamento ou recuperação.
Meios habituais de tratamento são os meios rotineiros.
Exemplos:
debilidade permanente de membro: traumatismo no nervo do braço, devido ao qual
o indivíduo fica com uma expressiva diminuição da força;
debilidade permanente de sentido: redução da audição por poluição sonora violenta;
traumatismo ocular que produza descolamento da retina e o indivíduo tenha reduzida
sua visão;
debilidade permanente de função: espancamento no rim, que ocasiona diminuição
da função renal.

Se da lesão corporal resultar antecipação do parto:


A lei protege o direito da mãe de gestar durante 40 semanas, ou do feto permanecer
em gestação por 40 semanas. Se provocar antecipação e, consequentemente, a perda
desse direito, a lesão corporal é considerada grave.

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Lesões corporais gravíssimas

Se da lesão corporal resultar incapacidade permanente para o trabalho


Permanente é a incapacidade que sobrevém no instante em que cessam os meios
habituais de tratamento. A lei diz claramente que a incapacidade diz respeito a qualquer
tipo de trabalho, e não somente para o trabalho especificamente exercido pela vítima.

Se da lesão corporal resultar enfermidade incurável:


Incurável é aquilo que é definitivo, em face de processos normalmente utilizados pa-
ra a cura.
Enfermidade é uma anomalia, patologia permanente, resultante de um trauma ex-
terno (ex.: ferida penetrante no tórax que ocasiona lesão grave da pleura, produzindo
uma aderência do pulmão à caixa torácica e diminuindo, assim, a capacidade respirató-
ria do indivíduo). Quando resulta de fator interno, é chamada de doença.

Se da lesão corporal resultar perda ou inutilização de membro, sentido ou função:


Nesse caso a graduação é maior do que na debilidade permanente (lesão grave).
Perda é o zeramento das funções de um órgão, sua retirada, amputação, extração.
Exemplos:
perda de membro: amputação de quaisquer dos quatro membros;
perda de sentido: enucleação (extração) do globo ocular;
perda de função: pancada no rosto que arranca todos os dentes, perdendo a função
mastigadora;
inutilização de membro: traumatismo sob o plexo braquial (embaixo do braço), com
secção de nervo, inutilizando o braço;
inutilização de sentido: cegueira dos dois olhos;
inutilização de função: traumatismo em bolsa escrotal que inutilize a função repro-
dutora.
A questão da visão tem uma outra conotação. Quando o indivíduo enxerga com os
dois olhos, não apenas enxerga o que tem que enxergar, como também possui uma espe-
cialização na função da visão, chamada de função estereostática (visão em profundida-
de). Alguns peritos admitem que a cegueira total de um só olho não é somente uma debi-
lidade do sentido da visão, mas constituiria uma inutilização da função estereostática. A
surdez total unilateral retira do indivíduo a audição estereofônica: ele não consegue dire-
cionar exatamente de onde vem o som. Alguns peritos admitem que a surdez total unila-
teral constitui uma inutilização da audição espacial, do sentido direcional da audição.
No caso de órgãos duplos – mas independentes dos sentidos (como os rins) –,se
somente um deles é atingido, mesmo que resulte em extração, entende-se como lesão
grave que causa debilidade, e não como lesão gravíssima.

Se da lesão corporal resultar deformidade permanente:


Duas coisas estão envolvidas: o caráter permanente e a aparência. O conceito enfo-
cado é o de gerar repugnância pela perda de harmonia e não pelo feio ou bonito. Esse
conceito varia de pessoa para pessoa, de acordo com o sexo, idade, profissão, cultura. A
questão da aparência há que ser vista no contexto cultural em que o indivíduo vive. Ci-
catrizes, alterações de formas, desvios, claudicações expressivas, tudo isso poderá cons-
tituir uma deformidade permanente, desde que seja aparente e afete o modo de vida da
pessoa. A deformidade permanente pode ter um resultado devastador na vida do indiví-
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duo, pois estigmatiza, deforma a personalidade, a conduta e o comportamento de seu
portador.

Se da lesão corporal resultar aborto


Aborto é a morte fetal. Se da lesão corporal resultar aborto, independentemente da
intenção (dolo ou culpa), é lesão corporal de natureza gravíssima. Tudo aquilo que pro-
voca a destruição, a partir do instante da fecundação até o minuto que antecede o parto,
constitui aborto.
Conjunção Carnal
Conjunção carnal é a cópula vagínica, a contactação pênis/vagina (intromissio pê-
nis). O que envolve aspectos da libido não faz parte do crime de sedução, configurando
os atos libidinosos, que são diferentes da conjunção carnal. A prova da conjunção carnal
é definitiva para a tipificação do crime.

Prova da conjunção carnal


A prova da conjunção carnal é feita por meio da observação de ruptura ou não do
hímen.

Maneiras de diagnóstico de conjunção carnal


Ruptura do hímen.
Presença de espermatozoide no fundo do saco vaginal: com uma espátula, colhe-
se material no fundo da vagina e faz-se pesquisa de existência de espermatozoide. A pre-
sença de espermatozoide gera diagnóstico de conjunção carnal, pouco importando o tipo
de hímen.
Presença de doenças venéreas: presença de certas doenças venéreas no fundo da
vagina que só se reproduzem por contato (ex.: cancro sifilítico, cancróides, granulomas e
condilomas presentes no fundo da vagina).
Presença de fosfatase ácida: presença, na vagina, de enzima que só existe no lí-
quido espermático, mesmo nos vasectomizados.
Gravidez: sem considerar o estado do hímen, melhor do que qualquer outra situa-
ção é o próprio resultado da conjunção. Não existe gravidez sem conjunção carnal, pois o
espermatozoide depende do meio ácido para sobreviver, e isso só existe no ambiente va-
ginal.
Em alguns países já se pesquisam as substâncias lubrificantes de alguns preserva-
tivos, possibilitando o diagnóstico de conjunção carnal, mesmo quando o homem utiliza
preservativo.
Evidências de conjunção carnal não levam a diagnóstico (ex.: equimoses, pontos
hemorrágicos, escoriações, presença de pêlos etc. são evidências, mas não garantem um
diagnóstico).
Podem ser encontradas algumas tabelas sobre até quanto tempo após a conjunção
se pode pesquisar a presença de espermatozóides na vagina. Geralmente, as vítimas de
agressão sexual têm uma enorme tendência de, finda a agressão, limpar-se exagerada-
mente, como se limpassem também quaisquer vestígios de agressão, inclusive com o uso
de ducha vaginal. Para a Medicina, tal fato pode destruir a possibilidade da prova. Se-
gundo alguns autores, existe a possibilidade de se encontrarem vestígios de espermato-
zóides na vagina até 22 dias após a conjunção. Na prática, porém, após cinco ou seis di-
as já ficará mais difícil encontrá-los.

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ABORTO
O aborto define-se como morte fetal, não importando em que momento.

Técnicas de Aborto
Pode ser feito por meios mecânicos, tubos, sondas, hastes metálicas, com a inten-
ção de romper a bolsa e provocar a expulsão do feto, ou por meios químicos.
Em relação aos meios químicos, não existe uma substância especificamente feticida.
Existem substâncias tão tóxicas que, pela fragilidade do feto, são capazes de matá-lo e,
assim, provocar aborto. Existem drogas, como as prostaglandinas, que provocam contra-
ção do útero, com dilatação e expulsão do feto.

Aspectos Legais do Aborto


O aborto legal ocorre em duas hipóteses:
 gestação proveniente de estupro;
 quando não há outra maneira de preservar a vida materna.

TANATOLOGIA FORENSE I

Conceito
Tanatologia é a parte da Medicina Forense que estuda a morte, abordando os
aspectos biológicos e antropológicos.
Definir ou conceituar morte é um trabalho árduo, para alguns impossível, conside-
rando o atual estágio do conhecimento. Para outros, morte é a cessação da vida. No or-
denamento jurídico brasileiro, o entendimento corrente considera morte como ausência
de vida.
O conceito de morte evoluiu com o tempo, desde a ―morte pulmonar‖ dos gregos até
a ―morte encefálica‖ contemporânea, necessidade atual, compatível com a evolução mé-
dica, permitindo um novo entendimento nos casos de transplantes de órgãos, passando
pela ―morte cardíaca‖, ainda válido, considerado conceito operacional, pois com a parada
definitiva do coração, os demais órgãos param sucessivamente, incluindo o pulmão e o
encéfalo, permitindo o diagnóstico de morte em todos os locais, sem a necessidade de
grandes recursos.
O diagnóstico de morte encefálica, ou parada definitiva da atividade encefálica, é
um procedimento complexo que exige profissionais habilitados, instrumental e centros
médicos de excelência, não existentes em todos os locais do País.

Diagnóstico de morte
A morte é caracterizada em nosso meio pela presença dos sinais abióticos (sinais
que indicam ausência de vida).
Logo após a parada cardíaca e o colapso e morte dos órgãos e estruturas, como o
pulmão e o encéfalo, surgem os sinais abióticos imediatos ou precoces, perda da cons-
ciência, midríase paralítica bilateral (dilatação das pupilas), parada cardiocirculatória,
parada respiratória, imobilidade e insensibilidade. Tais sinais são considerados de pro-
babilidade, ou seja, indicam a possibilidade de morte e são denominados por alguns au-
tores como período de morte aparente, por outros são chamados de morte intermediária.
Algum tempo depois aparecem os sinais abióticos mediatos, tardios ou consecu-
tivos, indicativos de certeza da morte, como: livores, rigidez, hipotermia (ou equilíbrio
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térmico) e opacificação da córnea. Tais sinais constituem uma tríade – livor, rigor e al-
gor –, ou seja, alterações de coloração, rigidez e de temperatura, indicativos de certeza
da morte (morte real).
Os livores, alterações de coloração, variam da palidez a manchas vinhosas. São ob-
servados nas regiões de declive, devido ao acúmulo (deposição) sanguíneo por atração
gravitacional. Aparecem ½ hora após a parada cardíaca, podendo mudar de posição
quando ocorrer mudança na posição do corpo. Após 12 horas não mudam mais de po-
sição, fenômeno denominado de fixação.
A rigidez, contratura muscular, tem início na cabeça, uma hora após a parada car-
díaca, progredindo para o pescoço, tronco e extremidades, ou seja, de cima para baixo
(da cabeça para os pés). O relaxamento se faz no mesmo sentido. Tal observação é de-
nominada Lei de Nysten. O tempo de evolução é variável.

Morte encefálica
O critério de morte encefálica é um caso particular, não aplicável no dia a dia, pró-
prio para as situações de transplante de órgãos, em que há a necessidade de um diag-
nóstico rápido e preciso, ou seja, é uma situação particular em que a morte é diagnosti-
cada, tida como certa, com a demonstração da parada definitiva da atividade encefálica.
Nesses casos os órgãos de interesse são mantidos em funcionamento com o uso de
equipamentos e/ou fármacos (drogas médicas).

Premoriência ( primoriência) e comoriência


Tais conceitos são importantes nas situações de mortes muito próximas, em que há
necessidade de estabelecimento de sequência, com fins sucessórios.
Premoriência é a sequência de morte estabelecida, ou seja, ―A‖ morreu antes de
―B‖.
Comoriência é a simultaneidade de mortes, caso mais comum, pois na maioria das
vezes não é possível a determinação da sequência de eventos.

Tipos de Morte
Quanto ao modo, as mortes são classificadas em naturais, violentas ou suspeitas.
Alguns autores incluem outros tipos, como a morte reflexa (―congestão‖), determinada
por mecanismo inibitório, como nos casos de afogados brancos, estudados em Asfixiolo-
gia. As mortes violentas são divididas em acidentais, homicidas e suicidas.
Quanto ao tempo, as mortes são classificadas em:
Súbita: aquela que não é precedida de nenhum quadro, que é inesperada.
Agônica: aquela precedida de período de sobrevida. Neste item cabe lembrar das si-
tuações de sobrevivência, em que o indivíduo realiza atos conscientes e elaborados no
período de sobrevida; por exemplo, após ter sido atingido mortalmente com um tiro no
coração, o indivíduo tem tempo para reagir e ferir ou matar o desafeto; ou então o suici-
da que, após ter dado um tiro na cabeça, escreve bilhete de despedida (situações não
usuais, mas possíveis).
O diagnóstico diferencial entre as formas ―súbita‖ e ―agônica‖ é possível com provas
especiais, denominadas docimásticas, que estudam as células, tecidos e substâncias
presentes no organismo, como glicogênio e adrenalina.
Nas mortes naturais, regra geral, o médico deverá fornecer ―Declaração de Óbito‖,
documento que contém o Atestado de Óbito e que originará a Certidão de Óbito.

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Nas mortes naturais, sem diagnóstico da causa básica (doença ou evento que deu
início à cadeia de eventos que culminou com a morte), há necessidade de autópsia pelos
Serviços de Verificação de Óbitos e, nas mortes violentas, as autópsias devem ser reali-
zadas pelos Institutos Médico-Legais.

TANATOLOGIA FORENSE II

Fenômenos Cadavéricos
Microscopicamente, horas após a parada cardíaca, ocorre um processo de autodes-
truição celular denominado autólise, caracterizada por autodigestão determinada por
enzimas presentes nos lisossomos, uma das organelas citoplasmáticas.
Macroscopicamente, o primeiro sinal de putrefação é o aparecimento da mancha
verde abdominal na região inguinal direita (porção direita, inferior do abdome). Tal
mancha é originada pela produção bacteriana de hidreto de enxofre que, por sua vez,
determina a formação de sulfohemoglobina, ou seja, na morte o enxofre ―ocupa‖ o lugar
do oxigênio ou do dióxido de carbono na hemoglobina.
A mancha aparece de 16 a 24 horas após a parada cardíaca, progride para as ou-
tras regiões abdominais e depois para o corpo todo, caracterizando a fase cromática da
putrefação. Nos afogados a mancha verde pode aparecer no tórax.

Putrefação
A putrefação é o fenômeno cadavérico mais freqüente. Tem início com a fase cromá-
tica, como apresentado no parágrafo anterior. A segunda fase, denominada gasosa ou
enfisematosa, aparece geralmente dias após e é caracterizada pela produção de gases e
de álcool etílico.
Os gases mais frequentes são o metano, amônia, putrescina, cadaverina e hidretos
de enxofre, fósforo e flúor.
O hidreto de enxofre determina o odor característico de carne podre. O hidreto de
fósforo, quando em combustão, origina o fenômeno denominado ―fogo fátuo‖.
A formação de gases determina um aumento de volume cadavérico, com língua pro-
trusa, cabeça grande, genitais aumentados, olhos abertos e proeminentes e braços e
pernas com aspecto pneumático. Nesse período os cadáveres dos afogados flutuam, e
ocorre o ―parto pré-mortal‖ nas grávidas.
A terceira fase é a coliquativa, caracterizada pela ―liquefação‖ tecidual, adquirindo o
cadáver um aspecto de pasta.
O resultado da putrefação é a redução das partes moles, restando os ossos, dentes,
cabelos, pelos e partes densas como os tendões, caracterizando a fase terminal denomi-
nada esqueletização.

Maceração
Quando ocorre alguma perturbação ambiental ou na estrutura dos restos mortais,
são observados outros fenômenos cadavéricos. A maceração é um desses fenômenos.
Ocorre quando os restos mortais ficam imersos em meio líquido, sendo caracteriza-
da por putrefação atípica, enrugamento tecidual e exsanguinação (saída do sangue pela
pele desnuda).

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São conhecidas duas formas:
Séptica: mais comum, ocorre geralmente nos corpos que permanecem, após a mor-
te, em lagos, rios e mares.
Asséptica: observada na morte e permanência do feto intraútero.
É um fenômeno destrutivo e não significa morte na água e sim permanência em
meio líquido.

Mumificação
São conhecidos também fenômenos conservativos.
Os cadáveres inumados em solos com alta concentração salina e em ambientes
quentes e secos, como os desertos e regiões áridas, desidratam (secam), com interrupção
das reações químicas, conservando o tegumento, determinando a conservação parcial
denominada mumificação.
Não pode ser confundida com os processos de conservação artificial, como os em-
balsamamentos.

Saponificação
Outro fenômeno conservativo é a saponificação, caracterizado pela transformação
da gordura corporal em sabão, dando aos restos mortais um aspecto acinzentado e de
manteiga e um odor de queijo rançoso (―adipocera‖). Ocorre com cadáveres de obesos e
grávidas e é facilitado por inumações em solos argilosos, úmidos e mal ventilados.
São conhecidos outros fenômenos conservativos como:
Refrigeração: em ambientes muito frios.
Corificação: desidratação tegumentar com aspecto de couro submetido a tratamen-
to industrial.
Fossilização: fenômeno conservativo de longa duração.
Petrificação: substituição progressiva das estruturas biológicas por minerais, dan-
do um aspecto de pedra com manutenção da morfologia dos restos mortais.
Resumindo, após a parada cardíaca e dos demais órgãos, como o pulmão e o encé-
falo, ocorre o período de morte aparente ou intermediária, seguido do período de morte
real.
As estruturas orgânicas são progressivamente reduzidas a substâncias mais sim-
ples, que farão parte dos ciclos da Natureza.
Inicialmente ocorre autólise, seguida da putrefação, com suas quatro fases: cromá-
tica, gasosa ou enfisematosa, coliquativa e esqueletização. Essa sequência é preferencial.
Tais fenômenos, ditos cadavéricos, são transformativos. Conhecemos dois tipos:
destrutivos e conservativos. Os destrutivos são a putrefação e a maceração e, os conser-
vativos, a mumificação e a saponificação.

Estudo das manchas e diagnóstico (identificação de amostras).

ESPERMA
As manchas ou as amostras contendo esperma são identificadas pelo diagnóstico
dos espermatozóides, em exame microscópico direto ou por meio de provas como soro
antiesperma ou de Corin-Stockis, que consiste na obtenção de imagens microscópicas de
espermatozóides coloridos, com o uso de reagentes como a solução de eritrosina amoni-
cal.

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Hoje dispomos de técnicas mais modernas, como a coloração denominada árvore de
natal – que individualiza os espermatozóides no campo observado ao microscópio óptico,
e a denominada ―P50‖, que diagnostica o líquido espermático. Tais provas são chamadas
de certeza.
Na impossibilidade do uso das técnicas de certeza, utilizamos as de probabilidade,
conhecidas como cristais de Florence, cristais de Barbério e fosfatase ácida, sendo essa
última a mais utilizada em nosso meio.
Nos locais de crime e nas autópsias, as manchas de esperma podem ser reconheci-
das pela cor (brancas ou amarelo-citrinas, quando recentes), odor e consistência. Tais
provas são chamadas de orientação.

SANGUE
As manchas ou amostras contendo sangue são identificadas por meio do estudo mi-
croscópico, por espectroscopia (equipamentos laboratoriais com luzes especiais) ou por
técnicas de laboratório, com uso de reagentes químicos, resultando em imagens caracte-
rísticas denominadas cristais de Teichmann. Tais provas são denominadas de certeza.
Temos também provas específicas, como a soroprecipitação de Uhlenhuth e a de
inibição de antiglobulina de Coombs, pouco utilizadas hoje em dia, substituídas por
inúmeras provas com o uso de diversos tipos de reagentes ou de técnicas imunológicas e
imunohistoquímicas.
Na impossibilidade de realização dessas provas, é possível a identificação de sangue
por meio de técnicas de orientação e de probabilidade, como as reações de Adler, Amado
Ferreira, Kastle-Meyer e Van Deen, que utilizam diversos tipos de reagentes.
Por meio de técnicas especiais, é possível também a identificação de manchas e de
amostras contendo urina, leite, colostro, líquido amniótico, mecônio, verniz caseoso, fe-
zes, saliva, fibras em geral, cabelos e pelos.
As técnicas são classificadas em três níveis de confiabilidade: orientação – as que
servem para dirigir os exames, não tendo valor isoladamente; probabilidade – as que
admitem exceções e só têm valor quando não podemos realizar as de certeza – as de
maior nível de confiabilidade.

DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 (Código Penal Brasileiro).


(“...”)

PARTE ESPECIAL
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A VIDA

Homicídio simples
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena

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§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso
ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificul-
te ou torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104,
de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Fede-
ral, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exer-
cício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime en-
volve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta
de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de
prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou
foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de
1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de
60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção
penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado
por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;(Incluído pela Lei nº 13.104,
de 2015)

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II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com
deficiência; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015)

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio


Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o
faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a
três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de re-
sistência.

Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento


Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provo-
que: (Vide ADPF 54)
Pena - detenção, de um a três anos.

Aborto provocado por terceiro


Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de
quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante
fraude, grave ameaça ou violência

Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um
terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a ges-
tante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas
causas, lhe sobrevém a morte.

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da ges-
tante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

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CAPÍTULO II
DAS LESÕES CORPORAIS
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resul-
tado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da ví-
tima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção
pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§
4 e 6o do art. 121 deste Código.
o (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.(Redação dada pela
Lei nº 8.069, de 1990)
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela
Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de
2006)

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§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as
indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei
nº 10.886, de 2004)
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o
crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340,
de 2006)
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional
de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu côn-
juge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição,
a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)

CAPÍTULO III
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

Perigo de contágio venéreo


Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a
contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Somente se procede mediante representação.

Perigo de contágio de moléstia grave


Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está
contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Perigo para a vida ou saúde de outrem


Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da
vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação
de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas
legais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)

Abandono de incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou auto-
ridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abando-
no:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
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II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da
vítima.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)

Exposição ou abandono de recém-nascido


Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal,
à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou
em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão cor-
poral de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluído pela Lei nº


12.653, de 2012).
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem co-
mo o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o aten-
dimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento
resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Lei nº
12.653, de 2012).

Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda
ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou ina-
dequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela
Lei nº 8.069, de 1990)

CAPÍTULO IV
DA RIXA
Rixa
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se,
pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.

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Parte II

CRIMINOLOGIA

INTRODUÇÃO:

Psicopatologia Forense
A Psicopatologia Forense pode ser entendida como sendo o segmento do conhe-
cimento médico que estuda as desordens do psiquismo, relacionando a personalidade
anormal com fins médico legais, dentre outras finalidades. Também é chamada Psiquia-
tria Forense e Psiquiatria Médico-Legal.
O estudo da psique com fins jurídicos é complexo e controverso, permitindo muitas
interpretações e modificações temporais. Entre os itens programáticos, é considerado de
importância menor. Consideramos as matérias de maior relevância como Tanatologia,
Traumatologia, Sexologia, Asfixiologia e Antropologia, então julgamos prudente estudar
tais itens conceituais.

Personalidade
Para iniciar um breve estudo, é importante ter noções sobre personalidade e cará-
ter.
Segundo Porot, personalidade é a síntese de todos os elementos que concorrem pa-
ra a conformação mental de uma pessoa, de modo a conferir-lhe fisionomia própria. Em
termos gerais podemos dizer que é o hardware da pessoa.
Na constituição da personalidade interferem ou atuam múltiplas variáveis de ordem
biopsíquica (constituição biopsíquica) somadas às experiências vividas (integração). Co-
mo colocado por odon ramos maranhão, constituição é o conjunto da estrutura do orga-
nismo e do temperamento.
A estrutura da personalidade é integrada por:
 tipo morfológico: conformação básica;
 tipo temperamental: disposição emocional básica;
 caráter: conjunto de experiências vividas.
A personalidade apresenta particularidades, que são suas bases fundamentais (ma-
ranhão), a saber:
 unidade e identidade: que lhe permitem ser um todo coerente, orga-
nizado e resistente;
 vitalidade: caracterizando um conjunto animado e hierarquizado, com
oscilações interiores (fatores endógenos) e estímulos exteriores (fatores exó-
genos), que reage e responde;
 consciência: que mantém a informação sobre o si mesmo e o meio;
 relações com o meio ambiente: caracterizadas pela regulação entre o
eu e o meio ambiente.

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 Personalidade Normal
É difícil estabelecer um critério de personalidade normal. Vários autores adotaram
diversos critérios para atingir tal fim. Exemplificamos duas classificações: a primeira,
baseada no critério biopsicológico e, a segunda, baseada em tipos somáticos.

 O critério biopsicológico, descrito por kretschmer, apresenta três tipos somáticos:

a) Leptossômico
Alto, magro, pouco musculoso, rosto afilado, encanece precocemente, é introvertido
e oscila da insensibilidade à hipersensibilidade (esquizotímico).
b) Pícnico
Baixo, gordo, com abdome volumoso, sem pescoço, com tendência à calvície, apre-
senta variações frequentes de humor, da euforia à depressão (ciclo tímico).
c) Atlético
De aspecto trapezoidal, ombros largos, relevos musculares evidentes, é explosivo e
agressivo (epileptóide).
Sheldon descreveu os tipos somáticos, com base embriológica, englobando três tipos
básicos: endomorfo, mesomorfo e ectomorfo.

Outras classificações de menor importância são baseadas em critérios filosóficos,


sociológicos e psicanalíticos.
O critério jurídico é definido pelos códigos:
Penal – dirige-se a entender o caráter do fato e a determinar-se conforme esse en-
tendimento.
Civil, de acordo com maranhão – presume capacidade geral e faz restrições parciais
e absolutas, considerando as capacidades de discernimento, intenção, consciência e juí-
zo.
 Personalidades Patológicas
Ante o exposto, mais uma vez baseado nos trabalhos do Professor odon ramos ma-
ranhão, podemos considerar fazendo parte das personalidades patológicas as seguintes
perturbações:
 do desenvolvimento e da continuidade, representadas pelos atrasos e infra norma-
lidades – são as oligofrenias;
 da senso-percepção, da ideação e do juízo crítico, representadas pelas psicoses
(alienações) e pelas demências (deterioração mental);
 da harmonia intrapsíquica, provocando sofrimentos conscientes de causa incons-
ciente, representadas pelas neuroses;
 do caráter, de base constitucional, representadas pelas personalidades psicopáti-
cas.

 Oligofrenias
As oligofrenias, também denominadas atrasos ou debilidades mentais, são insufici-
ências congênitas, caracterizadas pelo não-desenvolvimento da inteligência; diferem das
demências, caracterizadas por deterioração da inteligência normalmente desenvolvida.

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São vários os critérios diagnósticos:
a) Psicométrico: baseado em medidas do quociente de inteligência, é o critério mais
conhecido, mas que por apresentar muitas deficiências, é atualmente muito combatido.
Divide os deficientes em três grupos:
*> Idiotas: com Q.I. até 30, para alguns autores, e até 20 para outros.
*> Imbecis: com Q.I. entre 30 e 60 segundo um critério e entre 20 e 40 em outro.
*> Débeis: com Q.I. entre 60 e 90 segundo um critério e entre 40 e 65 em outro.

b) Escolar: baseado no desenvolvimento e na cronologia, é o critério mais aceito e


mais justo, dividindo as deficiências em ligeiras (débeis), médias e profundas (idiotas).
Permite ainda um tipo denominado atrasados profundos, equivalentes aos idiotas do cri-
tério psicométrico.

Outros critérios diagnósticos são o social e o clínico; porém, são pouco utilizados.
 São inimputáveis.

Alienações
Alienações ou psicoses são alterações psíquicas que tornam o indivíduo impossibili-
tado de manter uma vida normal e de participar da vida em sociedade (vida coletiva e
social), resultando daí as designações alienação ou alienados. São os ―loucos de todo o
gênero‖ do Código Civil e a ―doença ou doente mental‖ do Código Penal.
São exemplos a psicose maníaco-depressiva (atual distúrbio bipolar), as epilepsias,
as senis, a esquizofrenia e as alterações decorrentes do alcoolismo, da sífilis, das drogas,
da arteriosclerose e dos traumatismos crânio- encefálicos.
 São inimputáveis, via de regra.

Demências
De acordo com o pensamento de Seglas, as demências ou deteriorações mentais são
caracterizadas por um enfraquecimento (deterioração) intelectual progressivo, global e
incurável. Podem ser exemplificadas pelas senis (arteriosclerose, demência e Alzheimer) e
pelos traumatismos.
 São inimputáveis, via de regra.

Personalidades Psicopáticas
Personalidades psicopáticas ou antissociais são as determinadas por conduta
anormal, social ou não (reação antissocial).
Segundo entendimento de Maranhão são indivíduos cronicamente antissociais,
sempre em dificuldades, que não tiram proveito das experiências vividas, nem das puni-
ções sofridas e que não mantém lealdade real a qualquer pessoa, grupo ou código.
Apresentam ausência de sentimentos, incluindo sentimento de culpa, tendência à
impulsividade, agressividade, falta de motivação e intolerância à frustração. Normalmen-
te são religiosos.
 São semi-imputáveis, via de regra.

Personalidade Delinquente
Os indivíduos com personalidade delinquente são portadores de defeitos graves do
caráter, quase sempre estruturados e geralmente irreversíveis. Considerados delinquen-
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tes essenciais, primários ou verdadeiros, são também conhecidos como portadores de
personalidades dissociais.
De acordo com jerkins, citado por maranhão, o psicopata (personalidade psicopáti-
ca) apresenta falta de adequadas inibições, o que o leva a desordens do comportamento e
à ação antissocial, enquanto a personalidade pseudossocial (delinquente) se mostra ca-
paz de se adaptar a grupos de comportamento desviado.

Neuroses
As neuroses manifestam-se por alterações frequentes, geralmente sem base anatô-
mica conhecida, que não alteram a personalidade. Caracterizam-se por perturbações afe-
tivas, inadaptação à realidade e sensação de insuficiência afetiva e social, dentre outras.
São exemplificadas por distúrbios neurovegetativos (azia, dor e/ou batedeira no pei-
to etc.), doenças psicossomáticas (gastrite, colite etc.), fobias (―medo‖ de altura, de pon-
tas, de aranha etc.), histeria, angústia e compulsão, dentre outros.
 As pessoas portadoras de neuroses são pessoas capazes, pois a personalidade
está preservada.
Finalizando os aspectos introdutórios ao estudo da Criminologia, apresentamos, ba-
seadas nos trabalhos de Maranhão, as diferenças mais significativas entre as neuroses e
a personalidade delinquente:

Neuroses Personalidade delinquente


Com conflito interno Sem conflito interno
Agressividade voltada a si Agressividade voltada à sociedade
Gratifica-se por fantasias Alivia tensões internas por meio de
ações criminosas
Admite seus impulsos e os reconhece Atribui seus impulsos ao mundo exte-
como seus rior
Desenvolve relações emocionais posi- Desenvolve defesas emocionais
tivas
Socialmente ajustado Comportamento dissocial
Reage à passividade e dependência Procura negar a passividade e a de-
com sofrimento, mas admite a situa- pendência com atitudes agressivas
ção
Caráter normal Caráter deformado (dissocial)

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O CRIME E SUAS DIFERENTES ABORDAGENS:

(Fonte: https://criminologiafla.files.wordpress.com/2007/08/criminologia-aula-1.doc)

a.) Sociológica ou social:


O fenômeno crime é abordado como sendo uma conduta desviada, e o critério para
aferir esse fenômeno é as expectativas da sociedade. Um comportamento concreto será
desviado na medida em que se afasta das expectativas sociais em determinado momento,
ou seja, enquanto contraria os modelos padrões da maioria das pessoas daquela socie-
dade.

b.) De Segurança Pública ou Institucional:


O crime é a perturbação da ordem pública e da paz social, é um fato que requer
aplicação de coerção, contenção ou coibição, de forma gradual ou progressiva. portanto
crime é um fato (abordagem fática).
De Direito Penal ou Legal e Normativa:
 Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-Lei nº 3.914, de 9 de dezembro de
1941), temos a seguinte definição: Art. 1º Considera-se crime a infração penal a que
a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa
ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a
lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou multa, ou ambas, alternativa
ou cumulativamente.

 Art. 1º /CP - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.

 Art. 14/CP - Diz-se o crime:


Crime consumado: I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de
sua definição legal;

Conceito de crime: O Código Penal não nos traz o conceito de crime. Podemos con-
ceituá-lo sob vários aspectos: (a) Aspecto material: busca o porquê de determinada con-
duta ser considerada crime. Assim, crime é todo fato humano que, propositada ou des-
cuidadamente, lesa ou expõe a perigo bens jurídicos considerados fundamentais para a
existência da coletividade e da paz social; (b) Aspecto formal: sob esse enfoque, crime é
tudo aquilo que o legislador descreve como tal, pouco importando o seu conteúdo. Há
uma mera subsunção da conduta ao tipo legal, constituindo, diga-se de passagem, uma
afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana; (c) Aspecto analítico: busca estabe-
lecer os elementos estruturais do crime. Assim, crime é todo fato típico, ilícito e culpável
(concepção tripartida) ou é todo fato típico e ilícito (concepção bipartida, em que a culpa-
bilidade não integra o conceito de crime).
Fato típico: É o fato material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes
do modelo previsto na lei penal. São quatro os seus elementos: (a) conduta dolosa ou cul-
posa; (b) resultado (só nos crimes materiais); (c) nexo causal (só nos crimes materiais); (d)
tipicidade. Conduta: Conduta penalmente relevante é toda ação ou omissão humana,
consciente e voluntária, dolosa ou culposa, voltada a uma finalidade, típica ou não, mas

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Apanhados e compilações para estudos básicos de Criminalística e Criminologial – Curso Superior de Tecnologia e Gerenciamen-
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que produz ou tenta produzir um resultado previsto na lei penal como crime. Funda-se
no princípio geral da evitabilidade. Não se preocupa o direito criminal com os resultados
decorrentes de caso fortuito ou força maior, nem com a conduta praticada mediante coa-
ção física, ou mesmo com atos derivados de puro reflexo, porque nenhum deles poderia
ter sido evitado. (Capez, Fernando Código penal comentado / Fernando Capez, Stela
Prado. – 3. ed. – São Paulo: Saraiva, 2012.)

NOÇÕES FUNDAMENTAIS
Na lição de Zaffaroni, chama-se teoria do delito: ―A parte da ciência do direito penal
que se ocupa de explicar o que é o delito em geral, quer dizer, quais são as característi-
cas que devem ter qualquer delito. Esta explicação não é um mero discorrer sobre o deli-
to com interesse puramente especulativo, senão que atende à função essencialmente
prática, consistente na facilitação da averiguação da presença ou ausência de delito em
cada caso concreto.‖ (Greco, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral, volume I / Ro-
gério Greco. – 19. ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2017.)
DIFERENÇA ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO
Existe diferença substancial entre crime e contravenção? Inicialmente deve ser re-
gistrado que o legislador adotou um critério para a distinção entre eles. Assim, no art. 1º
da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-Lei nº 3.914, de 9 de dezembro de 1941),
temos a seguinte definição: Art. 1º Considera-se crime a infração penal a que a lei comi-
na pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulati-
vamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isola-
damente, pena de prisão simples ou multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
Embora o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal nos forneça um critério para a
distinção entre crime e contravenção penal, essa regra foi quebrada pela Lei nº
11.343/2006, haja vista que, ao cominar, no preceito secundário do seu art. 28, as pe-
nas relativas ao delito de consumo de drogas, não fez previsão de qualquer pena privativa
de liberdade (reclusão, detenção ou prisão simples), tampouco da pena pecuniária (mul-
ta). Assim, analisando o mencionado art. 28, como podemos saber se estamos diante de
um crime ou de uma contravenção penal? A saída será levar a efeito uma interpretação
sistêmica do artigo, que está inserido no Capítulo III, que diz respeito aos crimes e às
penas. Assim, de acordo com a redação constante do aludido capítulo, devemos concluir
que o consumo de drogas faz parte do rol dos crimes, não se tratando, pois, de contra-
venção penal. Na verdade, não há diferença substancial entre contravenção e crime. O
critério de escolha dos bens que devem ser protegidos pelo Direito Penal é político, da
mesma forma que é política a rotulação da conduta como contravencional ou criminosa.
O que hoje é considerado crime amanhã poderá vir a tornar-se contravenção e vice-
versa. (Greco, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral, volume I / Rogério Greco. –
19. ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2017.)

c.) Criminológica ou de Criminologia:


O crime é um problema social e comunitário. Não é mera responsabilidade do sis-
tema de justiça: ele surge na comunidade e é um problema da comunidade.

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CRIMINOLOGIA
Estudo do crime, do criminoso, da sociedade, da vítima e de todas as condições ca-
pazes de explicar como e por que ocorreu o crime.

VITIMOLOGIA
Estudo da vítima; ninguém é totalmente isento de participação no crime que foi co-
metido contra ele. Saber como, por que e quando foi cometido o crime contra determina-
da vítima.

Objetos da Criminologia:
O crime, o criminoso, a vítima e o controle social.

O Crime:
 Incidência massiva na população;
 Capacidade de causar dor e aflição;
 Persistência espaço-temporal;
 Falta de consenso social sobre as causas e sobre técnicas eficazes de inter-
venção;
 Consciência social generalizada a respeito de sua negatividade.
O Criminoso:
 Não é o pecador dos clássicos, não é o animal selvagem dos positivistas, não
é o ―pobre coitado‖ dos correcionalistas, nem a vítima da filosofia marxista;
 É o homem real do nosso tempo, que se submete às leis ou pode não cum-
pri-las por razões que nem sempre são compreendidas por outras pessoas.

A Vítima:
 A vítima é entendida como um sujeito capaz de influir significativamente no
fato delituoso, em sua estrutura, dinâmica e prevenção;
 Atitudes e propensão dos indivíduos para se converterem em vítimas dos de-
litos;
 Variáveis que intervêm nos processos de vitimização: condição social, raça,
cor, sexo;
 Situação da vítima em face do autor do delito, bem como do sistema legal e
de seus agentes.

O Controle Social:
 Controle Social: Conjunto de instituições, estratégias e sanções sociais que
pretendem promover a submissão dos indivíduos aos modelos e normas co-
munitárias.
 Controle Social Formal: Polícia, Judiciário, Ministério Público, Administra-
ção Penitenciária;
 Controle Social Informal: Família, Escola, Igreja (Instituições Religiosas) etc.

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O MÉTODO DA CRIMINOLOGIA

Método: é o empírico (observa a realidade)

AS FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA

Funções:
 Sua função básica é informar a sociedade e os poderes públicos sobre o deli-
to, o delinquente, a vítima e o controle social, reunindo um núcleo de conhe-
cimentos seguros que permita compreender cientificamente o problema cri-
minal, preveni-lo e intervir com eficácia e de modo positivo no indivíduo de-
linquente.
 Não é causalista com leis universais exatas;
 Não é mera fonte de dados ou estatística;
 Os dados são em si mesmos neutros e devem ser interpretados por teorias
científicas;
 É uma ciência prática preocupada com problemas e conflitos concretos, his-
tóricos;
 O papel da Criminologia é: lutar contra a criminalidade, controle e preven-
ção do delito;
 A Criminologia não tem função ou objetivos voltados para a extirpação;
 Considera os imperativos éticos;
 A Criminologia não tem conteúdo essencialmente penal (não é 100% penalis-
ta);
 A Criminologia tem tríplice alcance: a. explicação científica do fenômeno
criminal; b. prevenção do delito; c. intervenção no indivíduo delinquente;
 Prevenção do delito, pois: A ineficácia da prevenção penal estigmatiza o in-
frator, acelera a sua carreira criminal e consolida o seu status de desviado;
Grande complexidade dos mecanismos dissuasórios (certeza e rapidez da
aplicação da pena mais importante que a gravidade desta); Necessidade de
intervenção de maior alcance: intervenções ambientais, melhoria das condi-
ções de vida, reinserção dos ex-reclusos.
(Fonte: https://criminologiafla.files.wordpress.com/2007/08/criminologia-aula-1.doc)

O objeto da Criminologia é comum com o Direito Penal, e é com este, intima-


mente relacionada. O crime é o objeto de estudo de ambas as ciências, porém sob
enfoques diversos. Enquanto o Direito Penal, por ser normativo, cuida do delito (fe-
nômeno jurídico), a Criminologia o estuda, sob o enfoque fenomenológico humano e
social.

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Servindo como exercício de verificação imediata e produção cognitiva,
será produzida entre alunos e instrutor, com base nos ensinamentos construí-
dos em sala de aula, a: distinção entre Criminalística, Criminologia, Medicina
Legal e Investigação Criminal:

Criminalística Medicina Legal Investigação Criminal Criminologia

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Prática Pericial (2h/a)
 Aplicação dos conhecimentos teóricos em ações práticas de isolamento de locais de
crime; (encenação dos trabalhos da PM em um local de crime complexo)

Tópicos gerais da Criminologia (em material bibliográfico de apoio):


O conceito de Criminologia;
Interdisciplinaridade e multidisciplinaridade da Criminologia;
As principais características da moderna Criminologia;
Funções da Criminologia;
Método criminológico: empirismo;
Objeto da moderna Criminologia:
O delito;
O delinquente;
A vítima criminal;
O controle social;

Teorias macrossociológicas da criminalidade (em material bibliográfico de apoio):


Escola de Chicago;
Teoria da anomia;
Teoria do labelling approach (abordagem de rotulagem), interacionismo simbólico,
etiquetamento, rotulação;
Teoria da subcultura delinquente

Prevenção da infração penal no Estado Democrático de Direito (em material bibliográfico


de apoio):
Prevenção primária;
Prevenção secundária;
Prevenção terciária;
Modelos de reação ao crime;

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TE - trabalho de pesquisa.
Construção cognitiva sobre os tópicos da Moderna Criminologia:

 Criminologia “Bullying” (assédio moral);


 Criminologia Cultural;
 Criminologia Feminista;
 Criminologia Queer (estranho/diferente);
 Criminologia do Assédio moral e “stalking” (perseguição);
 Criminologia “Police body spirit” (espírito de corpo policial).
Os alunos realizarão trabalho de pesquisa, em grupos de dois (02) componentes;
O trabalho será apresentado, em sala de aula, de forma expositiva, onde os inte-
grantes do grupo deverão explanar o que foi concretizado sobre o assunto trabalhado.
O grupo de estudos terá 15 minutos, para explanar o conteúdo pesquisado, e ao fi-
nal da explanação, entregará cópia física, identificada, do trabalho ao instrutor.
A cópia física do trabalho terá peso de ―0‖ a ―6‖;
A explanação em sala de aula receberá peso de ―0‖ a ―4‖, conforme for a organiza-
ção, desenvoltura e domínio sobre o assunto, pelos alunos do grupo no momento da
apresentação (todos os componentes do grupo, devem participar do ato de apresentação
dos assuntos trabalhados).
Embora mais de um grupo, eventualmente, realizará trabalho de pesquisa sobre o
mesmo tema que outro grupo da sala de aula, não poderá haver trabalhos iguais, pois o
enfoque sobre os temas, ainda que compilados de obras científicas, é de construção indi-
vidual do grupo e subjetivo de cada aluno.

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