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RESUMO
Com o aumento da população mundial e alterações no clima causadas pela emissão de gases
poluentes na atmosfera, várias nações do planeta incluindo o Brasil enfrentam o desafio de
adotar práticas para manter uma boa mobilidade urbana e atingir o crescimento sustentável,
preservando ao máximo a natureza para reduzir os efeitos do aquecimento global. Nesse
cenário, os trens surgem como a melhor alternativa ao transporte rodoviário, pois ajudam a
evitar problemas de saturação no sistema de transportes e danos ao meio ambiente
transportando grandes quantidades de carga e pessoas de uma única vez. O artigo a seguir faz
uma análise dos benefícios dos investimentos neste modal e compara através de estudos de
caso a situação de países que investem em ferrovias com aqueles cuja participação da malha
ferroviária na infraestrutura de transportes é mínima.
ABSTRACT
With raise of world population and climate changes caused by polluted gases emission on
atmosphere, various nations in the world including Brazil facing a challenge to adopt
practices to maintain a good urban mobility and achieve sustainable growing, preserving
nature at maximum to reduce global warming effects. In this scenario, trains appear as best
alternative to road transportation, since they help to avoid overload problems in transports
system and damages to environment transporting large amounts of goods and large number of
passengers at time. The following article analyzes the benefits of investments in trains and
compares through case studies the situation of countries that invest in railways with those
whose rail network participation in transport infrastructure is minimal.
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Uma obra ferroviária tem como meta central realizar o deslocamento em grandes
quantidades de carga e pessoas de forma segura, rápida e econômica em cada viagem feita,
atendendo as demandas das regiões que receberão toda a estrutura desse modal. Com isso, é
imperativa a precisão nos cálculos de desgastes e do comportamento geral de todos os
componentes do ramal para maximizar a vida útil da linha (NABAIS, 2014).
3. DESENVOLVIMENTO
3.1 Benefícios dos Investimentos em Ferrovias
Antes da invenção dos trens, a produção dos insumos e a modernização das sociedades
eram limitadas a quantidade de carga que os animais ou os humanos podiam carregar. O
comércio de bens e serviços e o transporte público por terra careciam de um método de
transporte de carga em larga escala similar ao realizado pelas embarcações no mar. Essas
limitações acabaram quando houve o surgimento das primeiras locomotivas movidas a vapor,
impulsionando a Revolução Industrial ocorrida na Europa nos séculos XVIII e XIX quando
altas quantidades de metais e outras matérias-primas puderam ser transportadas a grandes
distâncias de uma única vez, permitindo construções de maquinário em larga escala e o
povoamento de terras remotas. A tecnologia e a qualidade de vida global evoluíram graças às
vantagens trazidas pelos trens (HOBSBAWM, 2003).
Economia: A produção gerada por uma nação é melhor aproveitada quando existe
uma sólida malha férrea construída que permita transportar grandes volumes de carga por
longos trajetos por viagem. O uso das matérias-primas na fabricação de manufaturas é
aperfeiçoado com a redução do desperdício ocasionado pelo desgaste dos materiais e pela
perda da qualidade das safras de alimentos em virtude de atrasos no transporte dos insumos
pelo território, trazendo melhorias em diferentes setores do país (BORGES, 1990).
Outra vantagem trazida pelas composições é o aumento da segurança nas rodovias por
reduzir a sobrecarga de utilização e o risco de acidentes motivados pelo desgaste do
pavimento ou pela quantidade de carros superior ao número de tráfego projetado para um
determinado trecho. Sem grande complexidade de operação, os trens são guiados de forma
autônoma em algumas situações, com os índices de segurança mantidos controlados através
do monitoramento do estado de conservação dos carros e das linhas, para a necessidade de
substituições e reparos serem detectados antes da violação dos limites de segurança, da
velocidade, do trajeto e do tempo estimado para a chegada às estações e aos pontos de
cruzamento de linhas para evitar acidentes, mantendo a integridade dos passageiros.
Muitos países conhecem as vantagens que os investimentos em trens trazem para o seu
desenvolvimento. Alguns desses países são a China e os Estados Unidos.
China: Os chineses avançam rápido na sua meta de conectar o país aos grandes blocos
comerciais da Terra para elevar a capacidade de crescimento da sua economia, para expandir
a sua influência política no mundo e superar os Estados Unidos como potência global
dominante e para povoar o interior do seu território com o objetivo de favorecer o
agronegócio e a indústria com o ambicioso plano “Um Cinturão, Uma Rota”. De acordo com
as informações cedidas pelo governo local, recursos de bancos estatais e dos países cujos
quais os chineses estabelecem acordos são utilizados nas construções em ritmo acelerado de
redes de alta velocidade com aplicação de tecnologia avançada. Com mais de um trilhão de
dólares previstos na construção de novas ferrovias, além de portos, aeroportos e estradas para
alimentar os ramais, e de instalações elétricas, comunicações e centros de desenvolvimento
tecnológico para o suporte ao projeto nos territórios das nações parceiras, os orientais utilizam
também maquinário e corpo técnico próprios nas obras em solo estrangeiro (MERICS, 2019).
Estados Unidos: Donos da maior malha ferroviária do mundo, com mais de 200 mil
quilômetros de trilhos construídos, os americanos colaboraram junto com os ingleses para a
invenção e evolução dos trens tal como conhecemos hoje, com diversos engenheiros ajudando
pesquisadores da área ferroviária a desenvolver as composições (HOBSBAWM, 2003).
Segundo registros da história ferroviária escritos pelo engenheiro civil Thomas Clark
Shedd e pelo autor especializado em ferrovias Geoffrey Freeman Allen para a Enciclopédia
Britannica e pelo físico John S. Reid em um artigo de 2007 para a Universidade de Aberdeen
na Escócia, durante os anos 30 o americano Thomas Davenport e o escocês Robert Davidson,
inventores especialistas em eletricidade, desenvolveram separadamente protótipos de trens
movidos por energia elétrica. Davenport conseguiu, em 1835, mover um pequeno vagão nos
trilhos de uma linha circular com o uso de um motor elétrico, sendo este possivelmente o
primeiro registro de um trem operado por eletricidade. Davidson, em 1837, criou um modelo
movido à energia elétrica que serviu como base para a elaboração do trem Galvani em 1842,
uma máquina que utilizava uma bateria pré-carregada para se mover nas linhas férreas com
uma velocidade média de 6,5km/h, demonstrado em uma exibição na Escócia no mesmo ano.
Embora promissora, a composição não conseguia transportar nenhuma carga ou passageiros.
Em 1879 o engenheiro eletricista alemão Werner Von Siemens conseguiu demonstrar
na prática a primeira locomotiva movida à eletricidade capaz de transportar pessoas e cargas
numa exposição em Berlim, através de melhorias nos projetos de Davenport e Davidson. O
trem operava com um motor de 2,2 kW e atingia 13km/h, foi utilizado por 4 meses e
transportou cerca de 90 mil pessoas nos seus três carros. Mas foi somente em 1895 que os
trens operados por energia elétrica começaram efetivamente a transportar pessoas e cargas,
com o primeiro uso registrado em um trecho de uma linha entre a cidade de Baltimore e o
estado de Ohio, nos Estados Unidos, que passava em um longo túnel. A eletrificação da via
serviu para evitar problemas com a fumaça e o barulho emitidos pela locomotiva a vapor
potencializados quando a composição estava dentro da montanha. Um dos primeiros países a
utilizar o trem elétrico em ramais principais foi a Itália em 1902.
Porém, antes do advento das locomotivas elétricas os trens a vapor deram um grande
impulso para a colonização americana rumo ao oeste, com a primeira linha concluída em 1869
ligando o litoral do Pacífico a costa leste. O uso dos trens cresceu fortemente nas décadas
seguintes ajudando a colonizar e a expandir a economia americana, atingindo a marca dos 200
mil quilômetros de extensão no início do século XX (MAURO, 1976).
3.3 Greve dos Caminhoneiros: O Estudo de Caso Brasileiro que Justifica a Necessidade
de Investimentos em Projetos de Ferrovias
Com esse propósito, foi planejada uma ligação futura com a ferrovia Transnordestina
por uma linha partindo de Porto Franco, Maranhão (6). Foi concebido um ponto de conexão
com a linha existente Estrada de Ferro Carajás em Açailândia, Maranhão (1) e com as linhas
novas Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) em Figueirópolis, Tocantins (4) e Ferrovia
de Integração do Centro-Oeste (FICO) em Mara Rosa, Goiás (5), além da conexão com a
Ferrovia Norte Brasil (EF-364) em Estrela d’Oeste, São Paulo (2), operada pela Rumo
Logística. Para auxiliar nas operações será utilizado o pátio multimodal localizado no
município de Porto Nacional, Tocantins (3). Com a plena operação da Norte-Sul, progressos
na economia e nos indicadores sociais do país serão visíveis com a redução de custos e
melhora da logística de exportação sendo revertidas em modernização e urbanização das
regiões afastadas dos grandes centros (VALEC, 2019).
De acordo com o projeto original, a ligação dos setores produtivos da região aos dois
portos tem como objetivo potencializar a economia brasileira ao melhorar o escoamento da
produção alimentícia e de minérios nordestinos para exportação, com cálculo previsto para
transportar 30 milhões de toneladas ao longo das linhas. Porém, especialistas consultados
encontraram diversos erros técnicos no projeto, cuja obra está menos da metade concluída
apesar de ter sido iniciada em 2006.
Uma das falhas detectadas, apontadas pelo ex-diretor da ANTT Luiz Afonso Senna,
foi a construção dos trechos da linha ter sido iniciada a partir de um marco zero no meio do
sertão, em vez de terem construído linhas a partir dos portos de Pecém e Suape, para que
houvesse um uso mínimo das partes que já estivessem finalizadas. Da forma que foi
executada, toda a parte construída está ociosa por não existir como interligar esses ramais.
Outro equívoco da empreitada foi levantado no final de 2016 pelo então diretor-
executivo do Movimento Pró-Logística Edeon Vaz Ferreira, em uma reportagem especial
sobre os 10 anos da obra para a Reuters, indicando que a projeção anual de 30 milhões de
toneladas transportadas feita pelos engenheiros que elaboraram a Transnordestina foi
superestimada, baseando-se na infraestrutura local e nos dados divulgados pela ANTT em
2015 do volume de carga escoado de 4,7 milhões nas vias da Rumo Logística, que ligam o
Centro-Oeste, a principal região do Brasil produtora de commodities do agronegócio, com o
porto de Santos, o maior do país, para validar sua tese. Sobre a Transnordestina, Ferreira
afirmou que “se chegasse a 5 ou 6 milhões de toneladas transportadas por ano seria muito”.
Tese que encontra apoiadores no atual governo federal. De acordo com o ministro da
Infraestrutura em reportagem ao Valor Econômico em novembro de 2019, o trecho de
Salgueiro a Suape pode ser removido da nova concessão da linha por não ser economicamente
atrativo. Nessa revisão de projeto, as obras do trecho citado seriam assumidas pela VALEC,
estatal da área de ferrovias, e depois esse trecho seria repassado à iniciativa privada quando
concluído. A CSN, atual arrendatária, deverá ter a concessão cassada até o final de 2019 por
descumprimento de normas e prazos. Os atrasos são justificados pela CSN pelo aumento dos
custos com mão-de-obra e maquinário decorrentes de alterações cambiais no período, demora
em obtenção de licenças ambientais para a execução dos serviços nos trechos projetados,
revisões do traçado original devido a restrições impostas por órgãos ambientais e conflitos
judiciais envolvendo vilarejos por onde o projeto foi elaborado, trâmites burocráticos entre as
partes envolvidas na construção, e obstáculos causados por políticos que visam interesses
próprios nas diferentes esferas da administração pública. Já tendo consumido mais de seis
bilhões de reais, atualmente não há estimativa precisa para a conclusão da Transnordestina.
De acordo com matéria do Globo Rural em 2019, apesar de ter sido idealizada no final
dos anos 2000, a FICO ainda não teve nenhum trecho construído. Com o total da obra orçado
em pouco mais de seis bilhões de reais, o primeiro trecho de 383 quilômetros que vai de Mara
Rosa, Goiás, até Água Boa, Cuiabá, será executado pela Vale do Rio Doce como retribuição
por receber antecipação da renovação da concessão da Ferrovia Vitória-Minas.
4. RESULTADOS E ANÁLISE
A seguir estão um gráfico divulgado pelo instituto ILOS em 2010 sobre o uso da
matriz de transportes brasileira no transporte de cargas no ano citado e duas tabelas do Banco
Mundial datadas de 2014 que trazem o comparativo da infraestrutura brasileira em relação aos
Estados Unidos e a China, países mencionados neste artigo. A primeira tabela revela o quão
dependente o Brasil está para o seu modal rodoviário em relação às outras nações, utilizando
pouco os outros modais em comparação as estradas para transportar a sua produção, apesar
das dimensões continentais do território. Isso é explicado pelo fato do Brasil possuir uma
infraestrutura parecida com a que o país tinha na década de 1980. Como comparativo, as
ferrovias representaram apenas 10% do volume de carga escoado pelo país em 2014, com o
total de carga transportado por modal inferior à de todos os países dos BRICS e dos EUA.
Tabela 2 – Escoamento de Cargas por Modal entre Brasil, EUA, Canadá e os BRICS
Fonte: World Fact Book, Banco Mundial 2014 (apud LIMA, 2014)
Tabela 3 – Ranking de Desempenho Logístico de 2007 a 2014
5. CONCLUSÕES
Após a exposição dos benefícios e dos estudos de caso dos países com alto e com
baixo investimento nos trens, o autor deste artigo considera que o objetivo de mostrar a
importância das ferrovias para a construção de uma sociedade foi atingido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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