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A Essência da Realidade

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A Essência da Realidadeé um livro de autoria do físicoDavid Deutsch, escrito em 1997. Ele expõe sua visão demecânica quântica e
suas implicações para o entendimento da realidade. Essa interpretação, que ele chama de hipótese do multiverso, é uma das quatro
bases de uma Teoria de tudo (TOE, em inglês). As quatro bases são:

1. A interpretação de muitos mundosda mecânica quântica de Hugh Everett, "A primeira e mais importante das quatro
bases".
2. A epistemologia de Karl Popper, especialmente seu antiindutivismo e seu requerimento de uma interpretação
realista (não-instrumental) das teorias científicas, e sua ênfase em levar a sério essas conjecturas ousadas que
resistem a falsificação.
3. A teoria da computação de Alan Turing especialmente como descrito em "O princípio de T uring" de Deutsch, com a
máquina de Turing universal sendo substituída pelocomputador quântico universalde Deutsch. ("A teoria da
computação é agora a teoria quântica da computação.")
4. O teoria Darwiniana da evolução refinada porRichard Dawkins e a síntese evolutiva moderna, especialmente as
ideias de replicador e meme integradas com o método de resolução de problemasPopperiano (a base
epistemológica).
Sua teoria de tudo é mais emergentista (fracamente) do que redutiva. Seu objetivo não é a redução de tudo à física de partículas, mas
mais o suporte mútuo entre os príncipios computacionais, epistemológicos, evolucionários e de multiverso.

Índice
Temas em A Essência da Realidade
A interpretação de muitos mundos da mecânica quântica
A tese de Church-Turing
Computadores quânticos e Teoria da Prova
Inferências contra-factuais e realismo modal
O conhecimento e a vida
Tempo, causalidade e livre arbítrio
Tempo e identidade pessoal
Viagem no tempo
Veja também
Notas

Temas em A Essência da Realidade

A interpretação de muitos mundos da mecânica quântica


De acordo com a interpretação de muitos mundos da mecânica quântica, o todo da realidade física é na verdade o multiverso,
consistindo de um número infinito de universos. Deutsch ar
gumenta a favor disso por quatro motivos principais:

1. A situação de se ter múltiplasinterpretações da mecânica quânticaé anômala. As pessoas deveriam se contentar


com a mais simples (realista) interpretação, que é, segundo Deutsch, a de muitos mundos.
2. Apenas a abordagem dos muitos mundos pode explicar o poder adicional dos computadores quânticosquando
comparados com os computadores clássicos.
3. Apenas a interpretação de muitos mundos pode explicar os efeitos dasuperposição quântica, como, por exemplo,
aqueles obersevados nosexperimentos de dupla-fendacom uma única partícula.
4. A maioria das outras abordagens — ainterpretação de Bohm, a interpretação transacional— são indistiguíveis da
de muitos mundos.
Entretanto:

1. O debate sobre as interpretações não é sem precedentes. Existiu um debate sobre a natureza da gravidadeação e
a distância na física newtoniana. Existe um debate sobre a ontologia doespaço na teoria da relatividade. Existe até
um debate sobre a ontologia damatemática.
2. Computadores quânticos ainda são máquinasTuring completas. Dado um computador numa "caixa preta", é
impossível determinar se o funcionamento interno é quântico ou clássico. Computação quântica permite se extrair
mais poder computacional de uma dada configuração de recursos físicos. É questionável se múltiplos mundos
quasi-clássicos são um modelo ontologicamente melhor de computação quântica do que um único mundo quântico.
(Uma possível réplica está na p. 217 deA Essência, onde Deutsch deriva as limitações de uma máquina de uTring
de uma consideração sobre os recursos disponíveis para executar oalgoritmo de Shor. [1]Dado seu profundo
fisicalismo, ele está aparentemente "dentro do seu argumento" para rejeitar os poderes de uma abstrata máquina
de Turing em uma caixa preta.)
3. Interpretar um fóton em superposição como estando em dois "mundos" diferentes requer uma interpretação
idiossincrática de "mundo". A superposição é detectável apenas através de efeitos de interferência, que por sua vez
significa que os dois fótons (ou dois estados do fóton, dependendo da interpretação) são coerentes. A maioria das
interpretações de muitos mundos aceita a visão de que um estado quântico não conta como um "mundo" enquanto
não estiver decoerente. (Mas compare a discussão sobre mundos na IMM de Lev Vaidman em Stanford
Encyclopedia of Philosophyque implica que as diferenças entre os teóricos da IMM sobre o uso do termo 'mundo' é
"apenas semântica".[2])
4. Um ponto interessante que talvez dependa da abordagem dos "mundos coerentes" mencionada acima.

A tese de Church-Turing
Essa postura emergente permite a Deutsch fazer um trabalho sério com a tese de Church-Turing (ou "princípio de Turing", como ele
chama) que é fundamental na ciência teórica computacional. Na forma forte que ele favorece, isso implica que um computador
quântico universal, capaz de renderizar qualquer ambiente físico possível, realmente existe próximo do fim do espaço-tempo em todo
universo e é mantido por seres sencientes com todo o conhecimento necessário para aumentar sua memória, ciclos de computador e
fonte de energia. Nisto ele segue Frank Tipler em "A Física da Imortalidade", embora ele enfatiza a componente científica da
hipótese do Ponto Ômega, a componente que é justificada pela epistemologia popperiana como uma implicação de nossa melhor
ciência. Ele é muito menos receptivo para a componente não-científica, que fornece reconstruções racionais para categorias
teológicas tradicional como, por exemplo, D
" eus", "onisciência", "onipresença", "benevolência", "criação", etc.

A forma forte do princípio de Turing se apóia num argumento matemático favorecendo um computador quântico universal em todos
os universos mais do que um computador em um universo, e também desses sobre um computador em, digamos, 17 universos. Então
uma forma fraca do princípio de Turing se comprometeria com um universo. Também a razão para 'ou um ou todos' pressupõe uma
cosmologia de Big Crunch para poder gerar a energia para os necessários ciclos computacionais. Se, ao invés, o universo expande
para sempre, o princípio de Turing teria de tomar a forma fraca, implicando a existência de mais ou menos uma remota aproximação
do computador quântico universal.

O princípio de Turing de Deutsch é também algumas vezes chamado de princípio de Church-Turing-Deusch por aquele que
questionam se o trabalho de Turing nas bases da computação tinha como objetivo esclarecer o que poderia ser computacionalmente
tratável "na natureza".[3] Leituras mais conservadoras dae Turing percebem ele como preocupado com o que poderia ser computador
"por computadorer humanos", ou seja, matemáticos humanos. Nessa leitura Turing não tinha como objetivo fundações para
computação que fornecessem tratabilidade, porque um algoritmo poderia ser calculado "por computadores humanos", mas sem a
velocidade para computar tratavelmente o que acontece "na natureza". (Os humanos podem levar um longo tempo para finalizar seus
cálculos.) Existem problemas de tratabilidade quando, por exemplo, problemas de fatoração e decriptação são atacados com
máquinas de Turing ou métodos de computação clássica, problemas que parecem ser resolvidos por técnicas de computação quântica
como o algoritmo de Shor, que se aproveita dos estados em superposição no qubits para calcular "tudo de uma vez" o que uma
máquina de Turing calcularia serialmente. A universalidade de Turing não é suficientemente universal, pensa Deutsch. O computador
abstrato de Turing precisa ser substituído pelo atual, físico, computador quântico universal derivado do princípio de Church-Turing (-
Deutsch).
Esse princípio é também, às vezes chamado de princípio daMatrix, porque a concepção de Deutsch derealidade virtual figura em sua
declaração: "É possível construir um gerador de realidade virtual cujo repertório inclui todos os ambientes fisicamente possíveis."
Alguns psicólogos cognitivos acham que as visões de Deutsch do cérebro como sendo um computador gerador de realidade virtual,
adequado para renderizar um ambiente humanamente experenciado, oferece um relato suficientemente robusto da experiência
subjetiva ou qualia, consistente com uma visão de mente/cérebro como sendo um computador, derrubando o impasse entre
qualofóbes (filósofos céticos sobre os qualia) e qualofilios (filósofos que acreditam no qualia como imensurável). (Entretanto, é
argumentável que sua abordagem confunde qualia com representações mentais). Com considerável posição de grande confiança é
teorizado que isso pode alterar a essência de uma realidade questionada. Um gerador de realidade virtual consiste de um gerador de
imagem que providencia o sujeito com conteúdo perceptivo das várias modalidades sensoriais, talvez nas formas de transdutores
conectados diretamente com os nervos aferentes com o uso de implantes neurais, e um programa para cuidar da interaçã entre as
escolhas do sujeito e o ambiente virtual. Próximo do Ponto Ômega, esse cenário trans-humano de biologia melhorada fornece um
caminho para uma condiçãopós-humana, porque a biologia se torna insustentável. Compressão gravitacional e outras forças extremas
clamam por substratos mais duráveis para a psicologia humana. O cérebro é substituído por equivalentes computacionais robustos em
realidades virtuais, protegidos do Big Crunch e existindo nos momentos finais (do universo) em ilimitados ciclos computacionais,
oferecendo aos residentes pós-humanos a experiência subjetiva de imortalidade.

Computadores quânticos e Teoria da Prova


Um computador quântico exporta problemas computacionais para outros universos para poder alcançar tratabilidade em soluções que
de outra maneira ficariam travadas por demandas exponencialmente crescentes por mais tempo e outros recursos computacionais. A
aparente necessidade de uma concepção realista da ciência para postular tal colaboração inspira um comentário belicoso de Deutsch:
"Para aqueles que ainda se apegam a uma visão de mundo de um único universo, eu lanço este desafio: explivar como o algoritmo de
Shor funciona." O desafio é para implicar que uma máquina de T
uring é incapaz em princípio de fazer o que um computador quântico
pode fazer, já que operações deste último em executar o algoritmo de Shor requerem recursos computacionais de outros mundos. E
geralmente, as operações de um computador quântico incluem passos computacionais em outros mundos que não estão presentes em
nenhuma fita de uma máquina de Turing (neste mundo). Deutsch acha que isso tem implicação na Teoria da Prova, que deve
abandonar o modelo cartesiano de uma lista inspecionável de premissas levando para uma conclusão, em favor de um modelo de um
processo em que a relação entre as premissas e a conclusão pode ser mediada por computações que não são inspecionáveis (neste
mundo).

Inferências contra-factuais e realismo modal


Outro importante tema no livro é que ideias básicas sobre o universo são ou corroboradas ou falseadas pela hipótese do multiverso.
Por exemplo, condições contrafatuais se referem universos próximos quando estipulam que uma coisa iria acontecer sobre condições
que não se obtém realmente. Em cada universo implicitamente colapsa o que as coisas podem fazer para o que elas realmente fazem
(neste mundo). Considere um lançamento de moeda. Os universos idênticos em que eu (cópias de mim) vêem ela girando se torna
ramificada; em cinquenta por cento daquelas versões de universo de mim vêem 'cara', e nos outros cinquenta por cento eles vêem
'coroa'. Essa distribuição atual de mundos é o que possibilita a inferência, neste mundo, que se a moeda não tivesse caído 'cara' teria
sido 'coroa'. Ao invés de ser um fato básico que minha observada 'cara' colapsa as probabilidades no resultado atual do lançamento de
moeda, aquelas probabilidades estão nos universos atuais em que cada resultado é apresentado. Isso é, às vezes, referido como uma
diferença entre "teorias de colapso" (como a interpretação de Copenhague) e teorias de não-colapso (como as interpreções de
multiverso ou muitos mundos).[4]

Deutsch reconhece uma alma gêmea no filósofo David Lewis, cujo realismo modal lida com o contrafactual de uma maneira similar.
Ele diz que Lewis "postulou a existência de um multiverso por apenas razões filosóficas." Essa é uma reivindicação controversa, já
que o realismo de Lewis sobre universos paralelos estende para os mundos o que não é fisicamente possível, como o mundo onde
Harry Potter está matriculado em Hogwarts, enquanto os universos paralelos no multiverso de Deutsch compreendem todos e apenas
os mundos fisicamente possíveis. Os mundos do multiverso são governados pelas mesmas leis naturais. Os mundos de Lewis são
também disjuntos, enquanto os universos paralelos de Deutsch interagem um com o outro através da interferência. Por outro lado,
Lewis reconhece mundos sobrepostos como uma possibilidade teórica, e os computadores quânticos de Deutsch podem renderizar os
mundos de Harry Potter com qualquer grau de precisão desejado.

O conhecimento e a vida
O conhecimento é uma estrutura de transuniverso, como alguém poderia esperar já que o conhecimento suporta implicações
contrafactuais, como revelado no rastreamento de Robert Nozick na explicação do conhecimento.[5] Universos paralelos próximos
são unidos por uma história em comum de aquisição de conhecimento, enunciados no geral em termos popperianos. O nicho
epistemológico resultante leva a estabilidade e confiabilidade para o conhecimento em cada universo. A vida é uma estrutura de
transuniverso similar, moldada pela seleção natural ao invés da crítica racional. O que distingue replicação genuína de DNA de DNA
lixo é que o primeiro mas não o último é representativo de um nicho de replicadores que se estender pelos mundos. Realmente, a
identidade pessoal é inseparável de tal nicho, que Deutsch escolhe com a palavra "cópias". Uma pessoa é um conjunto de cópias em
universos paralelos próximos. Isso vem em sua análise do livre arbítrio: Eu poderia ter escolhido outra coisa. E no desenlance de um
capítulo dramático que exercita experimentos de interferência de um ponto de vista de multiverso, ele escreve sobre suas cópias,
"Muitos daqueles Davids estão neste momento escrevendo estas mesmas palavras. Alguns estão escrevendo melhor. Outros saíram
para tomar uma xícara de chá."

Tempo, causalidade e livre arbítrio


Não há apenas pessoas espalhadas através dos mundos, mas eles, como todo o resto, são quantizados através do tempo em qualquer
mundo dado. O tempo é uma série de momentos, e uma pessoa que existe num momento, existe lá para sempre no espaço-tempo
quadrimensional, ao invés de ser continuamente transformada no movimento do tempo. Tal mudança e movimento são mitos,
argumenta Deutsch. O argumento não necessita estritamente da hipótese do multiverso, porque a física determinista desde Newton
tem mostrado que as possibilidades no futuro são ilusórias, e consequentemente o livre arbítrio é uma ilusão. (Essa conclusão poderia
ser evitada adotando o compatibilismo. Também, interpretações de colapso da mecânica quântica implica ambos indeterminismo e
um futuro aberto).

O que o multiverso adiciona para uma teoria de bloco do tempo é uma explicação atenuada das ideias de senso comum de causação e
livre arbítrio. Embora um efeito não pode ser mudado pela sua causa, as contrafactuais que as declarações causais suportam são
verdadeiras. Se a causa não tivesse acontecido, o efeito não teria ocorrido. Para o multiverso, que é "uma primeira aproximação" de
um grande número de espaços-tempo coexistindo e interagindo fracamente, inclui universos nos quais a causa não ocorre e seu efeito
não ocorre. E embora a "eu-cópia" neste espaço-tempo não poderia ter feito diferente, existem eu-cópias em outros mundos que
realmente fazem outra coisa (assim, a ideia de senso comum que, em escolhendo um curso de ação, abstém-se de outro, não é
mantida). Existe uma ramificação destas eu-cópias que validam meu senso de que meu futuro é aberto, em contraste com a física do
espaço-tempo. Entretanto, o futuro aberto do senso comum é um mito. Como definido pelo quadro darwinista, não há um fluir do
tempo dividindo as realidades do passado das não realizadas pontecialidades do futuro.

Um descendente intelectual de David Hume via descendência de Popper, Deutsch não apenas um crítico da indução mas também um
humeano sobre a causação, no graus em que rejeita a ideia de um poder causal produzindo uma mudança, em favor de construir isso
como uma regularidade no multiverso. Então A causa B significa algo como Depois de A-cópias ocorrerem em vários universos
paralelos próximos, incluindo a deste universo, B-cópias ocorrem. Essa regularidade suporta contrafactuais que acomponham
alegações causais verdadeiras, como Se A não tivesse ocorrido, B não teria acontecido. Existem similaridades do entendimento da
causação pela conjunção constante de Hume e ométodo dedutivo-nomológicode Popper.

Tempo e identidade pessoal


Já que "outros tempos são apenas casos especiais de outros universos" (uma ideia que foi sendo muito expandida por Julian Barbour),
a granularidade temporal da personalidade através do tempo é um caso especial de estar espalhado através dos mundos. Em adição
aguelas cópias idênticas em um momento através do universos paralelos transversalmente, há cópias diferentes através dos mundos
paralelos longitudinalmente, ligados pela lei natural de modo a dar experiência individual de um único mundo e um eu contínuo. As
implicações para a teoria da identidade pessoal não são claras ainda, mas as ideias reducionistas de Derek Parfit parecem ser
favorecidas: O conceito de identidade pessoal deixa de ser aplicável quando a ramificação é levada em conta, mas a ramificação
mantém o que é importante sobre identidade pessoal, como continuidade psicológica tendo a ver com a memória, desejo, caráter,
etc.[6] Outra possibilidade é que a teoria do contínuo mais próximo de Robert Nozick poderia ser modificada de modo a rastrear o
mais próximo transversal e longitudinalmente. As fatias rastreadas de "eu-cópias" seriam a pessoa contínua. Deutsch parece
concordar com algumas destas abordagens. Existem "cópias idênticas múltiplas" de mim no multiverso. Qual delas sou eu? Deutsch
responde, "Eu sou, é claro, todas elas." (A resposta parfitiana seria, "o conceito de identidade pessoal não se aplica.") Cópias não
precisam ser rigorosamente idênticas no sentido de identidades indiscerníveisrelativizadas para os universos: Todas as minhas cópias
vêem uma moeda girando num sorteio, mas um instante depois metade das minhas cópias vê 'cara' sair, e a outra metade vê 'coroa'.
Uma distinção entre cópias, versões, e variantes está em andamento aqui. Variantes de mim não precisam ver a moeda girando.
Versões de mim vêem isso embora alguns vejam 'cara' e outros 'coroa'. As cópias idênticas múltiplas de mim vêem todas a moeda
girando.

Viagem no tempo
A possibilidade de viagem no tempo direcionada para o futuro é assegurada pela teoria especial da relatividade de Einstein, que diz
que um observador que acelera ou desacelera vai experimentar menos tempo que um observador que está em repouso ou em
movimento uniforme. Essadilatação do tempo poderia fazer um vôo de astronauta muito curto e a duração na Terra muito longa, mas
tal viagem para uma Terra no futuro seria irreversível já que "nenhuma quantidade de dilatação do
tempo poderia permitir a uma nave
retornar de um vôo antes de ela decolar". Já para viagem no tempo direcionada para o passado, isso é possível como uma espécie de
passo para o lado de um universo para outro, necessitando de um caminho entre os dois universos que está "rigidamente entrelaçada"
na estrutura do multiverso. Se tal caminho existe ou não é uma questão empírica não resolvida. Se eles existissem e permitissem a
macro-objetos como seres humanos atravessá-los, a viagem no tempo poderia ocorrer sem o paradoxo do avô, porque o viajante do
tempo iria ir para um ponto anterior a ramificação entre seu universo "lar" e o universo em que ele (a cópia dele no universo
"remoto") mata seu avô (avô-cópia).

A hipótese do multiverso sozinha não evita o paradoxo do conhecimento, no qual o viajante do tempo vai em um ponto em que ele dá
a coletânea de Shakespeare a um escritor mercenário, que parece obter um "conhecimento de graça" que ele usa para se tornar o
famoso Shakespeare naquele mundo. O princípio epistemológico popperiano da teorias dos quatro princípios de Deutsch é invocado
neste ponto. Tal como a vida é entendida como uma estrutura trans-universo que é fisicamente possível apenas através de processos
de seleção natural, assim também o conhecimento é entendido com uma estrutura que é fisicamente possível apenas através de
processos de solução de problemas racionais. Conhecimento de graça não é possível no multiverso quando o multiverso é entendido
pela emergentista Teoria de Tudo de Deutsch.

Veja também
The Beginning of Infinity(em inglês)
Simulated reality (em inglês)
Solipsismo

Notas
1. Quando o algoritmo de Shor fatora um número, usando 10 500 ou mais vezes o poder computacional disponível
80
hoje, onde o número foi fatorado? Há apenas cerca de 10 átomos em todo o universo visível, um número
absolutamente minúsculo se comparado com 10 500. Então, se o universo visível fosse toda extensão da realidade
física, a realidade física nem remotamente conteria os recursos necessários para fatorar tal grande número. Quem
fatorou isso, então? Como, e onde, a computação foi realizada?
2. Vaidman apresenta a IMM como consistindode duas partes, (i) uma teoria matemática que produz a evolução no
tempo do estado quântico do (único) universo, e (ii) uma prescrição que estabelece uma correspondência entre o
estado quântico do universo e nossas experiências. O conceito de 'mundo' na IMM pertence à parte (ii) da teoria e
não é rigorosamente definido. Vaidman escreve, "A parte (i) é essencialmente sumarizada pela equação de
Schrödinger ou sua generalização relativística. É teoria matemática rigorosa e não é filosoficamente problemática. A
parte (ii) envolve "nossas experiências" que não têm uma definição rigorosa. Uma dificuldade adicional na definição
de (ii) decorre do fato de que a linguagem humana foi desenvolvida numa época em que as pessoas não
suspeitavam a existência de universos paralelos. Isso, entretanto, é apenas um problema de semântica."
3. Enciclopédia de Filosofia de Stanford sobre a tese de Church-T uring (http://www.science.uva.nl/~seop/entries/churc
h-turing/#Bloopers).
4. Papineau, D. 'David Lewis e o Gato de Schrödinger'.(http://www.kcl.ac.uk/ip/davidpapineau/Staff/Papineau/OnlineP
apers/LewisQM.htm)
5. Rastreamento da Verdade e o Problema do Conhecimento Reflexivo(http://pages.slu.edu/faculty/salernoj/Reflective
Knowledge.pdf)
6. Wallace, D. Everett e Estrutura.(http://users.ox.ac.uk/~mert0130/papers/evstr .pdf)

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