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Atualização em epilepsia canina - Parte I: Classificação, etiologia e diagnóstico

Article · January 2011

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1 author:

Bruno Benetti Junta Torres


Universidade Federal de Goiás
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Revisão de Literatura

Atualização em epilepsia canina - Parte I:


Classificação, etiologia e diagnóstico
Canine epilepsy update - Part I: Classification, etiology and diagnosis
Bruno Benetti Junta Torres – Professor Substituto em Anestesiologia e Cirurgia de Pequenos Animais - Universidade Federal de Lavras (UFLA). Doutorando
em Ciência Animal – Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (EV/UFMG). E-mail: brunobjtorres@yahoo.com.br
Bernardo De Caro Martins – Mestrando em Ciência Animal – EV/UFMG.
Guilherme De Caro Martins – Médico Veterinário Residente II em Clínica Médica – EV/UFMG.
Eliane Gonçalves de Melo – Professora Associada II em Clínica e Cirurgia Veterinárias - EV/UFMG.
Holger Andrea Volk – Lecturer in Veterinary Neurology and Neurosurgery, The Royal Veterinary College, University of London, UK.

Torres BBJ, Martins BC, Martins GC, Melo EG, Volk HA. Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação;
2011; 9(31); 1-637.

Resumo
Epilepsia é um distúrbio do sistema nervoso central, caracterizado por predisposição persistente a
gerar crises epilépticas recorrentes e espontâneas, em decorrência da atividade hiperssincrônica de
neurônios encefálicos. Representa a afecção crônica neurológica mais comum em caninos. Este traba-
lho propõe uma revisão detalhada sobre as crises epilépticas e a epilepsia canina, visando fornecer ao
clínico de pequenos animais subsídios para identificar e classificar essas crises, bem como definir sua
etiologia, facilitando, portanto, a instituição terapêutica adequada.

Palavras-chave: Epilepsia; crise epiléptica; classificação; etiologia; canino.

Abstract
Epilepsy is a disorder of the central nervous system, characterized by a predisposition to generate per-
sistent and recurrent spontaneous seizures, due to the hyper synchronous activity of brain neurons. It
represents the most common chronic neurological disorder in canines. This paper proposes a detailed
review of seizures and epilepsy in dogs, in order to provide benefits to the clinician to identify and
classify the fits as well as define its etiology.

Keywords: Epilepsy; seizure; classification; etiology; canine.

1 Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2011;9(29); 1-637.
Atualização em epilepsia canina - Parte I: Classificação, etiologia e diagnóstico

Introdução e Proposição ocorrem crises consecutivas sem que haja um período inter-
Epilepsia é o distúrbio neurológico crônico mais comum ictal, por um tempo superior a cinco minutos, utiliza-se o ter-
em cães e é caracterizado por atividade epiléptica espontâ- mo status epilepticus, ou estado epiléptico (9, 11,14).
nea e recorrente. A prevalência nesta espécie é estimada em O emprego das terminologias pequeno-mal e grande-mal
0,5% a 5,7%(1,2,3).A maioria dos distúrbios epilépticos em é obsoleto e não deve mais ser utilizado, devendo-se empre-
cães ocorre devido à epilepsia idiopática, enquanto em ga- gar os termos crises epilépticas focais (parciais) e crises epi-
tos são frequentemente secundárias a um processo mórbido lépticas generalizadas - primárias ou secundárias (7). Além
subclínico (4,5,6). Apenas poucos casos são diagnosticados disso, o termo “convulsão”, amplamente difundido, não
definitivamente como epilepsia idiopática, uma vez que os deve ser utilizado como sinônimo de crise epiléptica, uma
métodos de imagem avançada ainda não estão amplamente vez que devemos levar em consideração que nem todas as
difundidos na medicina veterinária brasileira (3, 7, 8). crises epilépticas são “convulsivas” (15). No dicionário Au-
Sabe-se que todo encéfalo possui certo limiar para desen- rélio, o termo convulsão é definido como contração violenta
gatilhar crises epilépticas,limiar este que pode ser alterado e involuntária dos músculos ou dos membros. Convulsão é,
por fatores variados (6), o que dará origem aos sinais neuro- portanto, uma terminologia que deve ser utilizada somente
lógicos associados com a área encefálica acometida. Portanto, para descrever uma crise epiléptica generalizada com envol-
o clínico tem que realizar um trabalho investigativo lógico e vimento de componente motor.
metódico para obter com sucesso um diagnóstico no paciente
com crises epilépticas recorrentes. Patofisiologia
Diante deste contexto, este trabalho propõe uma revisão Quando o equilíbrio entre sinapses excitatórias e inibi-
detalhada sobre as crises epilépticas e a epilepsia canina, tórias de certos grupos de neurônios encefálicos é alterado,
visando fornecer ao clínico de pequenos animais subsídios o aumento da excitação ou a diminuição da inibição pode
para identificar e classificar essas crises, bem como definir gerar atividade epileptiforme. O glutamato e o ácido gama-
sua etiologia. amino-butírico (GABA) são os principais neurotransmissores
excitatórios e inibitórios do sistema nervoso central (SNC),
Revisão de Literatura respectivamente (6).
Estes são conceitos muito importantes para serem en-
Terminologia tendidos. Ao ler este texto o seu cérebro terá que processar
A nomenclatura em epilepsia não é apenas forma de deli- muitas sensações e impressões simultaneamente - memórias
mitação nosológica, mas é também instrumento útil à comu- e emoções irão influenciar fortemente seu nível de captação
nicação entre os profissionais da área, que deve ser utilizado das informações.Ao nível neuronal, diferentes áreas do cére-
no senso comum (9,10). bro irão interagir umas com as outras por meio de excitação
A crise epiléptica é definida como a manifestação clínica e inibição. Cada excitação é, geralmente, seguida por uma
de descargas neuronais paroxísticas, excessivas e, especial- inibição do mesmo circuito. No entanto, se neurônios dispa-
mente, sincrônicas de uma população neuronal que, geral- rarem simultaneamente e excessivamente, esta inibição pode
mente, são auto-limitantes (6, 9, 11,12).Já o termo epilepsia falhar e crises epilépticas podem ocorrer. Isto pode afetar so-
deve ser utilizado para descrever um distúrbio cerebral cau- mente uma parte do cérebro ou sua totalidade.
sado por predisposição persistente do cérebro a gerar tais É imprescindível ter em mente que as crises epilépticas
crises epilépticas de forma espontânea e recorrente.O termo são sempre um sinal de disfunção encefálica.Elas podem
predisposição persistente do cérebro é a parte mais importan- estar associadas à doença cerebral primária ou secundária,
te do conceito (10). como doenças metabólicas ou tóxicas que afetam a excitabili-
Assim, pela definição atual da Liga Internacional contra dade cerebral indiretamente (7,16).
Epilepsia (ILAE), a ocorrência de apenas uma crise epiléptica,
desde que exista a probabilidade aumentada de recorrência Classificação das crises epilépticas
da mesma, é suficiente para o diagnóstico de epilepsia. Pela É de suma importância que as crises epilépticas sejam
definição anterior da ILAE, para diagnóstico de epilepsia era classificadas, já que isto pode nos guiar no levantamento
necessário que o indivíduo apresentasse duas ou mais crises diagnóstico de nosso paciente.Para que fosse possível clas-
não causadas por fator imediato definido, ou seja, sem evi- sificar as crises epilépticas em cães, foram feitas adaptações
dências de insultos agudos, como por exemplo, intoxicação baseadas no sistema de classificação de epilepsias da ILAE
(9, 10, 11, 13,14). utilizada em seres humanos (Figura 1) (8,11, 17,18). Essa pa-
O termo inglês “cluster” vem sendo utilizado para des- dronização permite a comparação entre os diferentes traba-
crever crises epilépticas agrupadas, ou seja, quando ocorrem lhos de epilepsia canina além da comparação dos tipos de cri-
duas ou mais crises dentro de um período de 24 horas. Quan- se e síndromes epilépticas encontradas em cães com aquelas
do uma crise epiléptica se mantém ininterrupta, ou quando encontradas em humanos (8).

2 Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2011;9(29); 1-637.
Atualização em epilepsia canina - Parte I: Classificação, etiologia e diagnóstico

Os sinais comuns dos períodos pré e pós-ictais são varia-


dos, e incluem ataxia, agressividade, fome, farejamento, sede,
comportamento destrutivo, agitação, desorientação, perse-
guição da cauda, medo, olhar vidrado, exaustão, sonolência,
resposta do reflexo de ameaça ausente com ou sem alteração
visual, salivação, micção, vômito e defecação (20).

Classificação das epilepsias


As crises epilépticas recorrentes associadas com doen-
ça cerebral primária podem ser amplamente caracterizadas
Figura 1 - Classificação das crises epilépticas em cães segundo adaptação
como epilepsia idiopática (antigamente conhecida como ver-
da ILAE dadeira), sintomática (ou secundária)ou provável sintomáti-
ca (anteriormente denominada criptogênica)(Figura 3). Algu-
A semiologia ictal é importante para essa classificação, mas crises epilépticas são desencadeadas por anormalidades
que leva em conta dois parâmetros básicos: o grau de en- sistêmicas tóxicas ou metabólicas, que diminuem o limiar de
volvimento do SNC (generalizado ou focal) e o comprome- excitabilidade neuronal e devem ser reconhecidas, não como
timento ou não da consciência do paciente. Assim, as crises epilepsia, mas sim como crises epilépticas reativas (6,16).
epilépticas podem ser focais (parciais) ou generalizadas.Nas
focais, uma região específica de um dos hemisférios cerebrais
é ativada,e pode ocorrer sem perda da consciência – crises
focais simples – ou com perda da consciência – crises focais
complexas – sendo que ambas podem evoluir para crises epi-
lépticas generalizadas secundárias.
Nas crises generalizadas, sejam primárias ou secundá-
rias, há ativação simultânea de ambos os hemisférios, sempre
acompanhada de perda de consciência (8, 11, 13,14,18).Alte-
rações motoras, sensoriais e / ou comportamentais, estarão
presentes de acordo com a região do encéfalo acometida (18).
As crises epilépticas parciais têm sido historicamente con-
sideradas raras em cães, e acreditava-se que a maioria dos
cães apresentasse crises epilépticas generalizadas, mais fre-
quentemente, sob a forma de “convulsões”, ou seja, crises Figura 3 - Classificação das epilepsias caninas
com componente motor tônico-clônico (19). Recentemente,
isso tem sido questionado, e cada vez mais estudos sobre a A maioria das epilepsias caninas tem sido considerada
fenomenologia clínica associada com imagem avançada e ele- idiopática, ou seja, epilepsia primária de causa desconheci-
troencefalografia estão mostrando que crises focais, seguidas da, mas com predisposição familiar (7). Além disso, deve-se
ou não de generalização secundária, são mais comuns em notar, que em cães as crises focais, antes relacionadas a altera-
cães do que se pensava (7,8,18). ções estruturais centrais, estão cada vez mais sendo associa-
das com epilepsia idiopática (3, 6, 8, 21).
Estágios de uma crise epiléptica (Figura 2)
Investigação das crises epilépticas
Muitos clínicos reconhecem os casos neurológicos como
um grande e difícil desafio. Uma das razões para tal é a de
que o sistema nervoso parece ser demasiadamente complexo
para se entender. No entanto, uma abordagem passo a passo
pode transformar a neurologia clínica em uma disciplina que
qualquer profissional pode dominar. Todos os casos neuro-
lógicos devem ser abordados da mesma maneira, seguindo
estes passos, lembrando que a chave para o sucesso em neu-
rologia é determinar a localização neuroanatômica da afecção
e, em seguida, elucidar um diagnóstico (22).
Em nossa realidade, o diagnóstico deve ser feito por des-
carte, como propõe o Sistema DAMNIT-V, que leva em con-
Figura 2 - Estágios da crise epiléptica em cães

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sideração a evolução da doença subjacente que poderia gerar dios e têm de recorrer ao proprietário que testemunhou os
crises secundárias (22) (Figura 4), já que métodos de imagem eventos sugestivos de crise epiléptica. Portanto,o levanta-
avançada ainda são limitados em nossa rotina. Tais métodos mento de uma história detalhada é fundamental e a utilização
permitiriam descartar afecções intracranianas possibilitando, de um questionário criterioso é de extrema importância (18).
juntamente com demais exames laboratoriais, classificar a A primeira etapa a ser investigada em qualquer animal com
epilepsia em idiopática. suspeita de ter apresentado um quadro epiléptico é determi-
nar se os episódios são realmente crises epilépticas. Síncope,
narcolepsia/cataplexia, fraqueza neuromuscular e crises ves-
tibulares são eventos episódicos que podem ser facilmente
confundidos com crise epiléptica. Algumas crises epilépticas
ocorrem secundariamente a estímulos muito específicos, por
exemplo,um estímulo auditivo específico tal como o soar de
uma campainha, facilmente observado pelo proprietário. São
as chamados crises epilépticas reflexivas (Quadro1).
Questões específicas poderão incitar o proprietário a ava-
liar se o animal apresenta um nível de consciência alterado
durante o evento. Isto é feito por meio de perguntas do tipo:
Figura 4 - Sistema DAMNIT-V para diagnósticos diferenciais de afecções
“Seu cão é capaz de olhar nos seus olhos durante uma crise
neurológicas epiléptica?” ou “Seu cão é capaz de responder ao seu chama-
do durante uma crise epiléptica?”. Embora subjetivas,essas
Fatores predisponentes informações podem ser preciosas para diferenciar entre crises
Os sinais clínicos da epilepsia idiopática canina se iniciam, epilépticas focais simples, complexas ou generalizadas, prin-
mais comumente, entre as idades de seis meses a cinco anos cipalmente quando associadas à informações de questionário
(23). Se as crises epilépticas começarem fora desta faixa etá- detalhado e observação de filmagens do episódio.
ria, o clínico deve estar alerta para a possibilidade de outras
causas prováveis. Muitas raças apresentam predisposição Características de uma crise epiléptica (Quadro 1)
para a epilepsia (1, 2, 3, 24-35) (Figura 5).Se o animal apresen-
ta uma história familiar de crises epilépticas, isto pode forte-
mente apontar para epilepsia idiopática. Recentemente, raças
associadas a síndromes epilépticas benignas têm sido descri-
tas. Alguns dos cães afetados apresentam crises epilépticas
apenas durante o primeiro ano de vida (principalmente crises
epilépticas parciais), o que tem sido relatado, por exemplo,
na raça Lagotto Romagnolo (34).

Figura 5 - Raças caninas com predisposição hereditária a epilepsias


idiopáticas

Histórico As crises epilépticas são estereotipadas, ou seja, cada uma


Os médicos veterinários raramente presenciam os episó- assemelha-se com as demais, porque a atividade epiléptica

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originada a partir de um foco epileptogênico tende a seguir


um mesmo padrão em um mesmo paciente. Porém, esporadi-
camente, podem ocorrer diferentes tipos de crises epilépticas
em um mesmo paciente. Por exemplo, nos Dachshunds com
epilepsia mioclônica progressiva, podem ocorrer tanto crises
epilépticas mioclônicas quanto generalizadas tônico-clonicas
(36).
Classicamente, em uma crise epiléptica generalizada tô-
nico-clônica, o animal torna-se rígido (fase tônica) e colapsa
em decúbito lateral. Se o proprietário descreve o animal como
flácido, então o clínico deve considerar improvável a ocor-
rência de uma crise epiléptica e deve investigar síncope ou
cataplexia como explicações mais prováveis.

Exame físico
Deverá ser dada atenção especial aos sistemas cardiovas-
cular e neuromuscular.Animais com doença cardíaca podem Figura 6 - Identificação extra-craniana de crises epilépticas

apresentar síncope, enquanto animais com distúrbios intra-


cranianos de caráter estrutural ou inflamatório/infeccioso Identificação das causas intracranianas de crises epilép-
que afetam as meninges, a dor cervical pode estar presente. ticas (Figura 7)
Todas essas alterações podem gerar sinais clínicos que po-
dem mimetizar crises epilépticas (22). Outros exemplos de
alterações que podem ser confundidas com crises epilépticas
serão discutidos adiante. Animais com crise epiléptica rela-
cionada a patologias extracranianas podem apresentar algu-
ma evidência de doença sistêmica, daí a importância de um
exame físico meticuloso.

Exame neurológico
Embora o exame neurológico seja uma ferramenta vital
em todas as apresentações neurológicas, inclusive para o
paciente epiléptico, devemos considerar que é comum que
estes animais apresentem algum déficit neurológico residu-
al após uma atividade epiléptica, independentemente da
causa da crise epiléptica. Estes déficits tendem a ser sinais
da disfunção cerebral e incluem alterações comportamentais Figura 7 - Identificação das causas intra-cranianas de crises epilépticas
tais como ansiedade, agressividade e confusão; cegueira de
origem central (reflexos pupilares normais ao estímulo lumi- Sinais Clínico-Neurológicos
noso); miose contralateral à lesão (devido à desinibição do Doenças intracranianas (Quadro 2)
núcleo oculomotor); ataxia / paresia e discretos déficits da Lesões estruturais do prosencéfalo podem causar défi-
propriocepção consciente; e déficits da resposta do reflexo de cits neurológicos lateralizados, tais como andar em círculos,
ameaça, mesmo na presença de visão normal (20). Estes si- pressionar a cabeça contra objetos, andar compulsivo e deso-
nais normalmente duram de algumas horas até alguns dias, rientado, redução unilateral dos testes de reações posturais,
mas ocasionalmente podem durar mais de uma semana após déficit assimétrico da resposta do reflexo de ameaça e déficits
clusters (crises epilépticas agrupadas) ou status epilepticus. sensitivos. Lesões supratentoriais podem causar hiperestesia
Normalmente, porém, cães com epilepsia idiopática são neu- cervical cranial. Anisocoria pode ser observada se houver
rologicamente normais nos períodos entre crises epilépticas, pressão intracraniana elevada afetando o nervo oculomotor.
uma vez que os sinais pós-ictais tenham desaparecido (16). A crise epiléptica pode ser o primeiro sinal de uma doença
estrutural encefálica, tal qual uma neoplasia cerebral afetan-
Etiologia do especialmente áreas que não são possíveis de se avaliar
Identificação das causas extracranianas de crises epilép- apenas com o exame neurológico (por exemplo, no lobo olfa-
ticas (Figura 6) tório). É importante lembrar que a marcha em animais pode
estar relativamente normal, mesmo em lesões estruturais gra-

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ves do prosencéfalo. Traumas cranianos podem causar crise


epiléptica que se inicia imediatamente após a lesão encefálica
ou anos mais tarde, devido possivelmente a reorganização de
circuitos excitatórios e alteração da expressão de receptores
sinápticos (16,22,37).

Quadro 3

Quadro 4

Análise do líquido cerebroespinhal (LCE)


É sempre recomendado em animais comdéficits neuro-
lógicos multifocais ou evidência de inflamação do SNC ao
exame de ressonância magnética (RM), a menos que haja sus-
peita de aumento da pressão intracraniana, ou caso edema
ou hérnia encefálicos tenham sido observados à RM. Pode ser
o único método de detecção de uma doença inflamatória do
Quadro 2 SNC, embora o exame de RM provavelmente indicará sinais
de inflamação na maioria dos casos (22).
Doenças extracranianas
Uma vez que as alterações metabólicas e tóxicas apresen- Imagem de grandes cavidades corporais
tam efeitos difusos e simétricos sobre o cérebro, as crises epi- Tais exames não são, necessariamente,indicados para to-
lépticas tendem a ser generalizadas e simétricas desde seu dos os pacientes com crises epilépticas, porém, eles são im-
início. Pode haver alterações de melhora e piora do nível de portantes quando certos achados clínicos, especialmente se
consciência.Os animais podem apresentar-se prostrados, com uma condição neoplásica ou hepatopatia são consideradas.
cegueira central - reflexo pupilar normal ao estímulo lumino- Imagem abdominal (incluindo portovenografia) é útil para
so, com ausência de visão e do reflexo de ameaça. Em casos determinar a presença e tipo de anastomose portossistêmi-
mais graves, o tronco encefálico e o cerebelo podem também ca, ou para determinar sinais menos específicos de doença
estar afetados, mas isso geralmente provoca déficits simétri- hepática grave, tais como diminuição do fígado ou grandes
cos (22,37). lesões adquiridas, por exemplo, neoplasia causando anasto-
mose portossistêmica adquirida.O aumento das glândulas
Levantamento diagnóstico adrenais,bilateralmente, pode ser visto em hiperadrenocor-
O banco de dados mínimo faz a triagem dos distúrbios ticismo hipófise-dependente.Essas massas hipofisárias irão
metabólicos ou sistêmicos (Quadros 3 e 4). O banco de dados causar crises epilépticas se o cérebro estiver suficientemente
mais completo inclui a análise de líquido cérebro espinhal e comprimido pela lesão e pode estar associado com déficits
exames de imagem avançada (37). visuais (22).

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Tomografia computadorizada (TC) A EEG é um registro de atividade elétrica espontânea do


Esta modalidade oferece menos detalhes na avaliação do córtex cerebral e é utilizada para estudar a fisiopatologia e
parênquima encefálico, no entanto, pode ser uma ferramenta características elétricas das crises e auxiliar na definição do
vital em alguns pacientes com crises epilépticas.Em animais tipo da desordem epiléptica (42,43). Tem sido empregada em
com histórico de trauma e suspeita de fraturas no crânio ou medicina veterinária desde a década de 1950, embora não
hemorragia extra ou intradural, TC pode ser usado em vez seja utilizada atualmente como uma ferramenta rotineira de
de,ou em conjunto com a ressonância magnética (22). diagnóstico em muitos centros veterinários.Tecnicamente,
torna-se difícil a aquisição de traçados em cães conscientes
Ressonância magnética (RM) sem artefatos e, assim, a sedação torna-se necessária, o que
As crises epilépticas são, geralmente, oprimeiro e único também pode gerar artefatos (42, 43). No entanto, é um tes-
sinalinicial deneoplasiaintracraniana.Portanto, semexames te funcional, e é a única forma de confirmar atividade epi-
avançados de imagem,esta possibilidade nãopode ser exclu- leptiforme e identificar um foco epileptogênico (44).Por isso,
ída (16).No entanto,a probabilidade de encontraruma lesão apresenta um papel fundamental no planejamento da cirur-
estruturalem um cão comcrises epilépticasrecorrentesé supe- gia para retirada do foco epileptogênico (6,40). Também tem
rioraos seis anosde idade ou mais, e, nestes casos,RM ou TC sido utilizada para monitorar o sucesso do tratamento antie-
são de extrema importância(22). Em animais jovens semdé- piléptico, inclusive durante o status epilepticus (45).
ficits neurológicos, é pouco provável que lesões estruturais
encefálicas sejam evidenciadas na RM de baixocampo (16). Outros eventos que podem mimetizar crises epilépticas
As crises epilépticas em si podem causar anormalidades Síncope devido à doença cardíaca: perda parcial ou total
transitórias na imagem de RM, sendo mais comuns as mu- da consciência é observada. No entanto, estes eventos geral-
danças simétricas de sinal nos lobos temporais e piriformes mente ocorrem na ausência de qualquer atividade motora,
de cães (38). A imagem de RM nem sempre oferece a resposta não apresentam sinais pós-ictais e são de duração muito mais
definitiva.Ausência de anormalidades específicas tem sido curta do que uma crise epiléptica. Além disso, síncope é mais
associada com epilepsia idiopática e algumas lesões encefáli- provável de ocorrer durante exercício do que em repouso, ao
cas são incidentais, por exemplo, ventrículos laterais assimé- contrário de crises epilépticas (6).
tricos e alguns cistos aracnóides. A imagem da RM na medici-
na veterinária pode ainda não ser avançada o suficiente para Narcolepsia: é uma alteração do ciclo sono-vigília. Tem
acusar alterações discretas (16), que já podem ser detectadas sido relacionada com um defeito no gene do receptor 2 de
em seres humanos, tais como a displasias corticais.As lesões hipocretina (46) ou a níveis reduzidos de hipocretina (47).
mais comuns observadas na RM que provocam as crises epi- A condição é caracterizada por padrões de sono alterados.
lépticas incluem neoplasia intracraniana(como meningiomas Alguns dos cães afetados também apresentam ataques cata-
ou gliomas) e doença inflamatória do SNC que envolve o cé- pléticos, que podem ser estimulados pela emoção, estresse,
rebro (por exemplo, meningoencefalite granulomatosa, toxo- alimentação e farmacologicamente (por exemplo: quetamina,
plasmose e neosporose) (6,39, 40). fisiostigmina). Durante a queda, os cães estão flácidos, com
Historicamente, a doença cerebrovascular vinha sendo perda completa de tônus muscular. É uma condição hereditá-
considerada pouco comum em cães.No entanto, com a cres- ria no Dobermann Pinscher, Labrador Retriever e Dachshund
cente disponibilidade do exame de RM vem tornando-se cla- (46).
ro que acidentes vasculares encefálicos (AVE), sejam isquê-
micos ou hemorrágicos, ocorrem em cães.Especificamente,as Dor: animais com dor espinhal grave, apresentados com
crises epilépticas, embora não sejam os sinais clínicos mais histórico de rigidez muscular que pode ser grave o suficiente
frequentes em pacientes animais e humanos com AVE, po- para causar “travamento” abrupto ao caminhar, espasmo no
dem desenvolver-se como consequência de infarto secundá- pescoço e flexão de membro secundária à dor radicular (sinal
rio a oclusões da artéria cerebral(41).Tipicamente, um AVE de raiz nervosa) (22). Isto pode ser confundido com atividade
isquêmico é caracterizado pela mudança de sinal no exa- epiléptica, mas uma anamnese detalhada e o exame de um ví-
me de RM devido a infarto territorial e tendem a ser lesões deo mostrando o episódio, associados a um cuidadoso exame
triangulares bem delimitadas. Crises epilépticas nem sempre físico e neurológico, pode elucidar o real problema clínico.
ocorrem imediatamente após um AVE, mas podem ocorrer
semanas, meses ou anos mais tarde, provavelmente secundá- Sinais vestibulares periféricos: podem ser confundidos
ria as alterações e reorganizações moleculares, celulares e de com crises epilépticas. Entretanto, ataques vestibulares peri-
redes neurais que seguem a injúria inicial e levam à excitabi- féricos nunca causam alteração da consciência e podem ser
lidade cerebral aumentada (41). facilmente caracterizados por meio de um exame neurológico
cuidadoso, atentando para os sinais cardeais de doença vesti-
Eletroencefalografia (EEG) bular: desvios da cabeça, nistagmo e ataxia (22).

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Atualização em epilepsia canina - Parte I: Classificação, etiologia e diagnóstico

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rio raramente tem a chance de testemunhar o evento em si, and tolerability of levetiracetam in pharmaco resistant epileptic dogs. Vet J.
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e, geralmente, tem que confiar nas observações e relatos do
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proprietário. O exame de eletroencefalografia confirmaria St. Louis:Saunders, 2009.
um evento epileptiforme, entretanto, ainda não é utilizado 23. Chandler, K, Volk, HA. Seizures: intracranial or extracranial disease? In
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em si. O conjunto dessas informações,associado com exames 21.

clínico-neurológico e laboratoriais, será útil para determinar 26. Jaggy A, Faissler D, Gaillard C, Srenk P, Graber H. Genetic aspects of idiopathic
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Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2011;9(29); 1-637. 9
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