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CARDIOPATIAS CONGÊNITAS & TESTE DO CORAÇÃOZINHO .

Cardiopatias Congênitas .
↠ As cardiopatias podem provocar ou não cianose. Por
isso, essa classificação em cianóticas ou acianóticas.
↪ Cardiopatias Acianóticas: As características mais
↠ As cardiopatias congênitas consistem em defeitos
evidentes das cardiopatias acianóticas que cursam com
estruturais presentes desde o nascimento.
fluxo aumentado no pulmão é o cansaço fácil e episódios
de pneumonia de repetição. Já a coarctação da aorta tem
↠ As causas são várias – infecções, uso de medicamentos como principal característica a hipertensão arterial.
pela gestante, agentes físicos ou químicos –, mas, na ● Comunicação interventricular (CIV)
maioria dos casos, não se consegue estabelecer correlação ● Comunicação interatrial (CIA)
entre o defeito congênito e uma possível causa. ● Persistência do canal arterial (PCA)
● Coarctação de Aorta
↠ As cardiopatias congênitas estão entre as malformações ↪ Cardiopatias Cianóticas: A característica mais
congênitas que mais matam na infância e ainda evidente é a tonalidade azulada dos lábios e da pele.
permanecem como terceira causa de óbito no período Trata-se de um sinal claro de que não há oxigênio
neonatal. suficiente no sangue. Muitos casos são leves e podem ser
tratados com cirurgia e medicamentos. Problemas mais
↠ Manifestações clínicas Gerais, dependem do tipo e da graves podem necessitar de um transplante.
complexidade dos defeitos cardíacos. ● Tetralogia de Fallot
↪ Nos recém-nascidos e bebês, eles podem ser: ● Transposição das Grandes Artérias
● Cianose, que é a coloração roxa na ponta dos ● Atresia tricúspide
dedos ou nos lábios; ● Anomalia de Ebstein
● Suor excessivo; ● Defeitos do septo atrioventricular (DSAV)
● Cansaço excessivo durante as mamadas;
● Palidez e apatia; Baixo peso e pouco apetite; COMUNICAÇÃO INTERATRIAL (CIA) .

● Respiração rápida e curta mesmo em repouso;


Irritação. ↠ É uma cardiopatia congênita acianogênica frequente e
↪ Nas crianças mais velhas ou nos adultos, os sintomas corresponde a 7% das malformações cardíacas congênitas.
podem ser: É caracterizada por defeito no septo que separa os átrios,
● Coração acelerado e boca roxa após esforços; permitindo shunt da esquerda para a direita, causando
● Infecções respiratórias frequentes; sobrecarga de volume do ventrículo direito e hiperfluxo
● Cansaço fácil em relação às outras crianças da pulmonar (HFP).
mesma idade;
● Não desenvolve , nem ganha peso normalmente. ↠ Do ponto de vista anatômico, as CIAs são divididas em
quatro tipos
Cardiopatias congênitas associadas à congestão pulmonar têm ↪ Fossa oval ou ostium secundum: tipo mais frequente
hipervolemia pulmonar que gera hiperfluxo e possibilidade (cerca de 70% dos casos), localizado na região da fossa
de hipertensão pulmonar. As modificações ocorrem pelo oval, caracterizado por ausência ou orifício na lâmina da
desvio de fluxo sanguíneo (shunt) esquerda-direita entre fossa oval.
câmaras cardíacas e/ou vasos arteriais e obstrução ao fluxo
↪ Ostium primum: corresponde a 20% dos casos,
sanguíneo do retorno venoso pulmonar, causando
insuficiência cardíaca pela sobrecarga volumétrica das
localizado entre a margem anteroinferior da fossa oval e as
câmaras cardíacas. A cianose pode estar presente dependendo valvas atrioventriculares associadas ao defeito do septo
da malformação cardíaca e/ou situação funcional do leito atrioventricular (DSAV).
vascular pulmonar. ↪ Tipo seio venoso superior: fica próximo à veia cava
superior (VCS) e permite o fluxo entre a comunicação e
uma ou mais veias pulmonares direitas.

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↪ Tipo seio coronário: mais raro, caracterizado por dilatação do tronco da AP; sopro diastólico com ruflar em
deficiência parcial ou completa do tecido que separa o seio área tricúspide decorre do fluxo aumentado pela CIA e
coronário do átrio esquerdo (AE). caracteriza estenose relativa da valva tricúspide.

OBS: Os pacientes só apresentam sintomas na vida adulta, em


geral, a partir da terceira década, exceto quando a comunicação é
muito ampla, com grande desvio de sangue. Nestas condições, a
criança pode apresentar dispneia de esforço e, com bastante
frequência, bronquites de repetição, logo após o nascimento.

DIAGNÓSTICO .

↠ No eletrocardiograma, em 90% dos casos, encontra-se o


padrão de bloqueio do ramo direito e aumento do intervalo
PR.
FISIOPATOLOGIA .

↠ O fluxo da esquerda para direita através do defeito atrial


determina sobrecarga de volume das cavidades direitas e
aumento do fluxo pulmonar. A direção e a magnitude do
fluxo através da CIA são determinadas pelo tamanho do
defeito e pelas pressões atriais relativas, que, por sua vez,
são dependentes da complacência ventricular.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS . ↠ A radiografia simples do tórax evidencia dilatação do


átrio e do ventrículo direito, abaulamento do arco médio e
↠ Raramente lactentes com CIA isolada apresentam sinais sinais de hiperfluxo pulmonar.
e sintomas de insuficiência cardíaca e necessitam de
intervenção na infância. O fechamento espontâneo de
CIA ostium secundum pequenos pode ocorrer em geral
até o segundo ano de vida, em alguns casos mais tardios
aos cinco anos de idade. Muitos pacientes com CIA
moderada não apresentam sintomas durante muitos anos.

↠ A presença de sintomas correlaciona-se com o aumento


progressivo do shunt de sangue da esquerda para a direita.
↠ O ecocardiograma módulo M evidencia sinais de
O aumento discreto da pressão arterial pulmonar é comum
sobrecarga volumétrica do ventrículo e átrio direitos. Ao
em pacientes jovens com CIA grande.
eco bidimensional, o diagnóstico é comprovado pela
visualização direta da falha do septo interatrial.
↠ Exame físico vai depender da repercussão da CIA; se
grande, observam-se:
↪ Inspeção do tórax impulsões sistólicas e abaulamento
precordial;
↪ Ausculta cardíaca com desdobramento amplo e
constante da segunda bulha, em virtude de atraso do
fechamento da valva pulmonar, sopro sistólico cardíaco na
área pulmonar decorrente do aumento do fluxo pela valva e

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COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR .

↠ é uma cardiopatia congênita definida pela


descontinuidade do septo que separa VD e VE em um
coração sem outras anomalias. Pode ocorrer isolada ou
como múltiplos orifícios comunicantes de tamanho e forma
variáveis.

↠ A causa é desconhecida e a grande maioria dos


pacientes não apresenta anomalia genética, mas a
recorrência de cardiopatia congênita para um futuro irmão D: direita; E: esquerda; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo;
pode chegar a 10%. A CIV é encontrada nas trissomias HAP: hipertensão arterial pulmonar; HFP: hiperfluxo pulmonar; IC:
dos cromossomos 21, 18 e 13. insuficiência cardíaca; IVAS: infecção das vias aéreas superiores; PAP:
pressão arterial pulmonar; PAS: pressão arterial sistêmica; Qp: fluxo
pulmonar; Qs: fluxo sistêmico; rvp: retorno venoso pulmonar; RVP:
↠ São quatro as formas de apresentação, de acordo com resistência vascular pulmonar; rvs: retorno venoso sistêmico; RVS:
sua localização no septo interventricular: resistência vascular sistêmica; VSR: vírus sincicial respiratório.
perimembranosa, subarterial ou duplamente
relacionada, muscular e de via de entrada. Uma forma
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS .
rara, denominada Gerbode, é a comunicação entre o AD
e VE.
↠ A repercussão clínica varia desde assintomático com
resolução espontânea a acentuada insuficiência cardíaca
(IC) com complicações sistêmicas, principalmente sobre o
pulmão.

↠ Quando presentes, os sintomas são taquicardia,


taquipneia, dificuldade para mamar, baixo ganho ponderal,
irritabilidade, alterações do sono, sudorese excessiva,
extremidades frias e complicações respiratórias.
. FISIOPATOLOGIA .

↠ A CIV possibilita um shunt sanguíneo entre a circulação


sistêmica e pulmonar, HFP e não há insaturação aórtica,
constituindo uma condição acianogênica.

↠ A intensidade do shunt depende do tamanho da


comunicação e da relação entre a resistência vascular
pulmonar (RVP) e a resistência sistêmica (RVS). O HFP
eleva a pressão pulmonar à custa de hipervolemia ↠ Nas comunicações de porte mediano, a criança
pulmonar. apresenta dispneia ao mamar (levando muito mais tempo
para fazê-lo), ganha peso vagarosamente e fica propensa a
contrair infecções respiratórias.
O fenômeno hemodinâmico principal é a passagem de sangue do
ventrículo esquerdo para o direito durante a sístole ventricular, o que
resulta em hiperfluxo pulmonar com aumento do retorno sanguíneo ↠ Nas grandes comunicações, a criança apresenta-se
ao átrio esquerdo, que vai elevar sua pressão, causando, em
gravemente enferma logo após o nascimento, com
consequência, hipertensão venocapilar pulmonar.
desenvolvimento precoce de insuficiência cardíaca.

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↠ Exame físico maioria dos casos, feito por diuréticos associados aos
↪ À inspeção e à palpação do precórdio, encontram-se inibidores da enzima de conversão de angiotensina.
impulsão ventricular direita e esquerda, simultaneamente, Especial atenção deve ser dada à condição nutricional e ao
com características hipercinéticas, e frêmito sistólico mais calendário de vacinas, incluindo a prevenção da infecção
intenso na região mesocardíaca. pelo vírus sincicial respiratório.
↪ À ausculta, constata-se hiperfonese da 2° bulha
PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL .

cardíaca no foco pulmonar, indicando hipertensão na


artéria pulmonar, sopro holossistólico de regurgitação,
mais intenso no 4° e 5° espaços intercostais, entre os focos
↠ O ducto arterial (DA) é uma conexão vascular entre a
mitral e tricúspide, irradiando-se na direção do hemitórax artéria pulmonar e a aorta, presente na vida intrauterina.
direito. Pode ser ouvido, também, um sopro Após o nascimento, o DA sofre constrição ativa e eventual
mesodiastólico no foco mitral, que precede a 3° bulha e é oclusão.
devido ao hiperfluxo pela valva mitral.
↠ A persistência do ducto ocorre pela falha da oclusão do
DIAGNÓSTICO .
DA e, desse modo, teremos persistência do canal arterial
(PCA), que, após a intensa e aguda queda da RVP
↠ O eletrocardiograma revela sobrecarga atrial esquerda e pós-natal, permite o desvio de fluxo sanguíneo do território
biventricular. A radiografia simples de tórax evidencia sistêmico para o pulmonar, em uma fisiologia de desvio
aumento da circulação pulmonar e crescimento dos (shunt) da esquerda para a direita.
ventrículos.

↠ Pode ocorrer como cardiopatia isolada; contudo, é


↠ O ecocardiograma módulo M mostra dilatação das
comum que a PCA se associe a outras cardiopatias.
cavidades esquerdas nos casos de CIV com repercussão
Quando isolado ou associado às cardiopatias de shunt
hemodinâmica importante. O eco bidimensional possibilita
esquerda-direita, determina sobrecarga de volume para as
visualizar o defeito, tornando possível, inclusive,
câmaras cardíacas esquerdas, e o impacto hemodinâmico é
determinar seu tamanho.
variável e dependente do tamanho da PCA.

OBS: Corresponde a 12% das cardiopatias congênitas e


predomina no sexo feminino na proporção de 2:1. A incidência
em prematuros ocorre de modo inverso ao peso e à idade
gestacional; nos prematuros com peso de nascimento inferior a
1.000 g, a incidência está entre 70 e 80%.

FISIOPATOLOGIA .

TRATAMENTO .

↠ Na vida intrauterina, a baixa pressão arterial sistêmica


↠ Nos casos sintomáticos, o tratamento clínico de oxigênio (PaO2) fetal e os elevados níveis de
medicamentoso palia sintomas e evita complicações até a prostaglandinas circulantes, além das prostaglandinas
intervenção cirúrgica. O tratamento clínico da IC é, na produzidas na parede do DA, desempenham importante

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papel na manutenção do lúmen do DA, e a
maquinaria”, acentua-se no momento da 2° bulha cardíaca e
permeabilidade intrauterina dessa estrutura exerce diminui a inspiração.
papel fundamental na circulação e sobrevivência do
Pode-se ouvir, também, um sopro mesodiastólico no foco
feto. Após o nascimento de um feto a termo, o DA fecha
mitral, devido ao hiperfluxo sanguíneo ao passar pela valva
dentro de 24 a 48 horas.
mitral.
Os sinais periféricos da persistência do canal arterial,
↠ Inicialmente a elevação da PaO2 arterial e a redução das
semelhantes aos observados na insuficiência aórtica, são:
prostaglandinas circulantes permitem que a camada média
pulso célere, pulsações arteriais amplas no pescoço e aumento
do músculo liso do DA se contraia; Em prematuros, da pressão diferencial.
entretanto, o DA muitas vezes não se contrai nos dias após
o nascimento, e mesmo nos que atingem a constrição, o
DIAGNÓSTICO .

DA frequentemente não consegue desenvolver o nível de


isquemia hipóxica profunda necessária para causar o
↠ No eletrocardiograma, notam-se sobrecarga atrial e
remodelamento da artéria.
ventricular esquerda. Na radiografia simples do tórax,
observam-se dilatação do átrio esquerdo e do ventrículo
↠ Como consequência, o ducto fechado pode reabrir e a esquerdo, abaulamento da artéria pulmonar e aumento da
persistência desse canal arterial gera hiperfluxo pulmonar
circulação pulmonar.
pelo desvio aortopulmonar, além dos sintomas e
complicações relacionados à PCA.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS .

↠ A sintomatologia relaciona-se ao grau de HFP, à


sobrecarga de volume e à insuficiência do VE. A PCA
determina morbidade e os sinais e sintomas estão
relacionados a uma IC de alto débito cardíaco (DC).
imagem radiológica posteroanterior com destaque das setas duplas, duplo
↠ Apesar do aumento desse DC, a redistribuição no fluxo contorno pelas silhuetas do átrio direito (AD) e esquerdo (AE), bem como do
tronco da artéria pulmonar (TP).
sanguíneo resulta em aumento do fluxo para os pulmões
e diminuição do fluxo para os órgãos passivos de
pressão, como músculos, pele, rins e intestinos. Essa ↠ O ecocardiograma módulo M fornece dados
redistribuição pode gerar acidose metabólica e suas semelhantes aos de uma comunicação interventricular, ou
complicações. seja, crescimento das cavidades esquerdas. O eco
bidimensional possibilita localizar o defeito e determinar
seu tamanho; o Doppler permite identificar o defeito e
↠ Os prematuros são mais sensíveis a essas modificações
medir o gradiente entre a aorta e a artéria pulmonar.
e desenvolvem complicações graves, como hemorragia
pulmonar, hemorragia nos ventrículos cerebrais e
TRATAMENTO .
enterocolite necrotizante. Nos lactentes jovens, as
infecções virais e a possibilidade de desenvolver
remodelamento da vasculatura pulmonar e HP ↠ Para a PCA de moderada a acentuada repercussão, o
precocemente são complicadores da evolução. tratamento clínico é de caráter sintomático para alívio de
sintomas até a possibilidade de oclusão percutânea ou
cirúrgica. Deve ser dada especial atenção à prevenção de
Ao exame do coração, encontram-se sinais de sobrecarga infecções, em especial prevenção do vírus sincicial
ventricular esquerda, 3° bulha cardíaca e, o que é mais
respiratório.
característico, um sopro contínuo, audível no 1° e 2° espaços
intercostais esquerdo. Este sopro, chamado “sopro em

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↠ Em prematuros, os inibidores da síntese de
prostaglandinas (indometacina, ibuprofeno) são Em contrapartida, se a obstrução na via de saída do ventrículo
utilizados como intervenção inicial na oclusão da PCA e, direito não for grave, boa parte do sangue que chega a esta
cavidade consegue alcançar os pulmões, em que será
conforme evolução, a ligadura por cirurgia é considerada
oxigenado, de tal modo que a cianose só vai aparecer durante
uma opção segura, em especial para neonatos e lactentes
a execução de esforço físico
de baixo peso (abaixo de < 6,0 kg).

TETRALOGIA DE FALLOT .
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS .

↠ A tetralogia de Fallot é constituída basicamente de ↠ Muitas crianças com este defeito não apresentam
quatro defeitos: estenose pulmonar e subpulmonar, cianose ao nascer, a qual só vai se manifestar após alguns
comunicação interventricular (CIV) grande, meses de vida.
dextroposição ou cavalgamento da aorta e hipertrofia
do VD. ↠ Estes pacientes estão sujeitos a “crises de hipoxia”,
após algum esforço, que se caracterizam por aumento da
cianose, taquipneia e perda da consciência. A causa é
espasmo do infundíbulo do ventrículo direito. É uma
situação grave, com alta mortalidade.

↠ Nas crianças de mais idade, é possível observar a


“posição de cócoras” que elas adotam intuitivamente,
após esforço físico, para aliviar seus sintomas. Admite-se
↠ A marca anatômica dessa anomalia é o desvio que, nesta posição, haja aumento da resistência arterial
periférica que se transmite à raiz da aorta e ao ventrículo
anteriossuperior do septo infundibular (ou septo de via de
esquerdo, redundando em diminuição do shunt
saída) em relação ao septo interventricular, resultando no
direita-esquerda e consequente aumento do fluxo pulmonar
estreitamento da via de saída do ventrículo direito, na CIV
por mau alinhamento e na dextroposição da aorta

FISIOPATOLOGIA .

↠ A CIV é, na maioria dos casos, grande. A direção do


fluxo depende da magnitude da obstrução na via de saída
do VD. Se a obstrução for importante ou houver atresia da
valva pulmonar, existe um grande shunt da direita para a
esquerda, com hipofluxo pulmonar e hipoxemia severa. ↠ Exame físico
↪ À inspeção do tórax, pode-se observar abaulamento
↠ Frequentemente, o fluxo pulmonar é adequado ao precordial, indicativo da hipertrofia ventricular direita.
nascimento, ocorrendo progressão da obstrução no
↪ À ausculta, encontra-se uma 2° bulha cardíaca única
decorrer das primeiras semanas ou meses de vida e,
– formada exclusivamente pelo fechamento da valva
consequentemente, aumento progressivo da cianose.
aórtica que está anteriorizada, pela sua dextroposição –, de
alta intensidade e de qualidade metálica, mais audível no
A gravidade da tetralogia de Fallot depende do grau da
foco tricúspide.
estenose infundibulovalvar. Quando a estenose é pronunciada,
grande parte do sangue insaturado que chega ao ventrículo
direito passa diretamente para a aorta, por meio da OBS: Pode-se ouvir, também, um sopro sistólico de ejeção, na
comunicação interventricular; nesses casos, a cianose é área pulmonar, que termina sempre antes do componente aórtico
permanente e intensa. da 2° bulha.

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TESTE DO CORAÇÃOZINHO .

DIAGNÓSTICO .

Teste da oximetria de pulso ;

↠ A silhueta cardíaca tem um aspecto característico,


lembrando um taco de golfe. A área cardíaca é normal, o ↠ O diagnóstico precoce das cardiopatias congênitas
arco médio, escavado, pela hipoplasia da artéria pulmonar, críticas no RN é crucial visto que o atraso no diagnóstico
e a vascularidade pulmonar é reduzida. está relacionado a aumento de morbidade e mortalidade
nesta população.

OBS: RN com cardiopatias congênitas críticas e graves podem


estar assintomáticos nas primeiras 48 horas de vida, podendo até
mesmo receber alta hospitalar sem que se faça a suspeita clínica
de cardiopatia

↠ A utilização da oximetria de pulso como ferramenta de


triagem neonatal para detecção destas cardiopatias pode
ajudar a detectar a hipoxemia presente na maioria
destas cardiopatias, em uma fase em que o exame
clínico ainda não consegue detectar.
↠ A ressonância magnética cardíaca é o padrão-ouro para
a avaliação quantitativa das dimensões das cavidades e da ↠ Em quem e quando devemos realizar o teste do
função ventricular. Está indicada para a complementação coraçãozinho?
diagnóstica nos casos em que as informações necessárias
↪ Devemos realizar este teste de forma rotineira em
para a decisão terapêutica não puderam ser obtidas por
todos os RN com idade gestacional igual ou maior que
meio da ecocardiograma
35 semanas e que se encontram clinicamente bem,
assintomáticos, em ambiente de alojamento conjunto. O
TRATAMENTO .
teste deve ser feito preferencialmente entre 24 e 48 horas
de vida.
↠ A tetralogia de Fallot é geralmente diagnosticada e
corrigida na infância, antes de 12 meses de idade. Na OBS: Esta estratégia mostrou reduzir a taxa de falso positivo ao
prática, somente uma minoria de pacientes necessita de mesmo tempo em que não retarda o diagnóstico nos casos
tratamento cirúrgico no período neonatal imediato. patológicos.

↠ Técnicas contemporâneas que preservam a função da


valva pulmonar são mais confiáveis além de 2 a 6 meses de PROTOCOLO DO TESTE DO CORAÇÃOZINHO .

vida, comparado ao período neonatal.


↠ Deve-se utilizar um equipamento de oximetria de pulso
↠ Algumas instituições realizam a correção cirúrgica com sensores apropriados para RN e que tenha tecnologia
eletiva logo após o diagnóstico, nas primeiras semanas de que permita a leitura adequada em situações de baixa
vida. Quando as artérias pulmonares são hipoplásicas, pode perfusão e na presença de movimentos. As medidas de
ser necessária a realização de um shunt oximetria devem ser realizadas em dois sítios: na mão
sistêmico-pulmonar (operação de Blalock-Taussig) para direita (medida pré-ductal) e em um dos membros
aumentar o fluxo pulmonar ou, ainda, implante de um stent inferiores (medida pós-ductal).
na via de saída do VD, permitindo o crescimento das
artérias, adiando-se a cirurgia corretiva.

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cardiológica/ecocardiográfica. A realização do reteste nesta
situação mostrou-se importante por reduzir consideravelmente o
número de falsos positivo com o teste.

↠ Os valores obtidos devem ser analisados da seguinte


forma:
● Teste negativo: SpO2 maior ou igual a 95% e a
diferença entre as medidas no membro superior
direito e o membro inferior deve ser menor ou
igual a 3%. Nessa situação, a probabilidade de
cardiopatia congênita crítica é pequena e o RN
deve seguir os cuidados habituais da maternidade. Referências:
Vale ressaltar que um teste do coraçãozinho ● Porto & Porto, Semiologia médica.
negativo não exclui completamente a presença de ● Jatene, Marcelo, B. et al. Cardiologia pediátrica 2a
cardiopatia congênita. Caso o RN apresente ed. (Coleção Pediatria).
diagnóstico fetal ou sinais clínicos sugestivos de ● https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/23
cardiopatia congênita, a avaliação cardiológica 544c-MO_Sistemat_atend_RN_cSuspeita_CardCo
deverá ser realizada. ngenita.pdf
● Teste positivo: SpO2 menor ou igual a 89% no
membro superior direito ou no membro inferior.
Nessa situação, o RN deverá ser reavaliado de
forma minuciosa pelo médico pediatra/
neonatologista e a avaliação cardiológica e
ecocardiográfica deverá também ser realizada para
confirmação diagnóstica. É importante ressaltar
que este RN não deveria receber alta hospitalar
antes que seja realizada esta avaliação
cardiológica.
● Teste duvidoso: SpO2 entre 90% e 94% ou uma
diferença entre as medidas do membro superior
direito e o membro inferior maior ou igual a 4%.
Nesta situação, o teste deve ser realizado
novamente após uma hora por até duas vezes.

OBS: Caso as medidas de oximetria se mantenham nestes


valores mesmo após a terceira avaliação, o teste será considerado
positivo e o RN deverá ser submetido à avaliação

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