Você está na página 1de 28

IPIMO

Técnico de Medicina Geral

Neurologia

Acidente Vascular Encefálico (AVE)

Budjarne Abdul Ismael


(Médico Clínica Geral)

Quelimane, Abril de 2023


Sumário
 Definir o acidente vascular cerebral (AVC);

 Distinguir um acidente vascular isquémico de um incidente vascular

hemorrágico (derrame cerebral ou AVC hemorrágico);

 Descrever a apresentação clínica comum do AVC;

 Descrever os sintomas e sinais que podem ser sugestivos de uma

hemorragia subaracnoideia;

 Enumerar as etiologias possíveis de um acidente vascular hemorrágico;

 Enumerar as etiologias possíveis de um acidente vascular isquémico;

 Desenvolver um diagnóstico diferencial para um AVC.


Acidente Vascular Cerebral (AVC)

São afecções que resultam da perda funcional transitória ou


permanente de uma parte qualquer do SNC localizada na cavidade
cranial, geralmente de instalação súbita, causada pela oclusão
trombótica ou embólica, ou pela rutura de uma artéria encefálica
(ou em ocasiões de uma veia).
Epidemiologia

 Primeira causa de internamentos por transtornos


neurológicos;

 Incidência anual global ao redor de 800 casos por cada 100 000

habitantes;

 Nos países desenvolvidos se calcula que ate 5 % da população

de mais de 60 anos sofre de alguma forma esta afecção.


Fatores de risco
Definidos Possíveis

Hábito de fumar. Anticonceptivos orais;


Alcoolismo. Dieta;
Drogas e fármacos. Personalidade;
Idade
Localizacao geográfica;
Sexo
Estacao do ano;
Raça.
Mortalidade materna.
Sedentarismo.
Fatores familiares.
Fatores socioeconómicos.
Marcadores biológicos da Doença
Definidos Possíveis

 Hiperuricemia.
Hipertensión arterial
 Hipotiroidismo.
(HTA).
 Hiperlipoproteinemia.
Enfermedades cardíacas;

Arritmias;

Cardiopatía isquémica;

Outras cardiopatías;

Obesidade.
Classificação

O AVC compreende dois grandes grupos:

1. AVC isquémica: trombose, embolia, ou ataque transitório de

isquemia (ATI).

2. AVC hemorrágica: hemorragia subaracnoídea,


intraparenquimatosa e a intraventricular primaria.
Classificação

O AVC compreende dois grandes grupos:

AVE Isquémico
AVE Hemorrágico
Classificação etiológica
1. AVC Isquémico:

a) Ataque transitório de isquemia cerebral;

b) Trombose cerebral;

c) Infarto lacunar;

d) Embolia cerebral.
Classificação etiológica
2. AVC Hemorrágico

I. Espontáneas.

a) Hemorragia subaracnoídea;

b) Hemorragia cerebral o intraparenquimatosa;

c) Hemorragia intraventricular primaria;

d) Hemorragia cerebromeníngea.
Classificação etiológica

2. AVC Hemorrágico

II. Traumáticas:

a) Hematoma subdural;

b) Hematoma epidural.
Classificação Fisiopatológica dos AVCs:

1. AVC Isquémico

No AVC isquémico ocorre oclusão arterial que pode ser:

a) Trombótica – o trombo material que oclui na artéria é formado

na respectiva artéria Encefálica, sendo causa principal a


ateroesclerose;

b) Oclusão arterial embólica - a massa ou material que oclui na

artéria encefálica tem origem em um vaso distante (cavidades


ou válvulas cardíacas ou artéria de grande calibre).
Classificação Fisiopatológica dos AVCs

1. AVC Isquémico

c) Acidente Isquémico Transitório (AIT): ocorre por causa de

oclusão arterial parcial ou por espasmo transitório ou


reversível, não evolui com infarto (morte) neuronal. Assim, as
manifestações clínicas são reversíveis em menos de 24 horas.

O diagnóstico é geralmente retrógrado (na altura de alta).


Classificação Fisiopatológica dos AVCs
1. AVC Hemorrágico

a) Hemorragia Subaracnoídea: o derrame sanguíneo ocorre


difusamente no espaço subaracnoide. Causada principalmente pela
ruptura de aneurismas ou malformações arteriovenosas.

b) Hemorragia Intra-parenquimatosa Encefálica


(Cerebral/Troncocerebral/Cerebelar): o derrame de sangue ocorre
dentro da massa cinzenta ou branca do encéfalo. É mais relacionada
à hipertensão arterial.
Quadro clínico
Quadro clínico

Apresentações clínicas comuns no AVC Isquémico dependendo do


território cerebral afetado:

a) Infarto do hemisfério cerebral dominante: paralisia do lado

oposto do corpo, diminuição do campo visual oposto, olhar fixo,


disartria, afasia;

b) Infarto do hemisfério cerebral não dominante: paralisia do lado

oposto do corpo, diminuição do campo visual oposto, incapacidade


(apraxia) de desenhar/escrever, disartria.
Quadro clínico

c) Infarto do hemisfério da artéria cerebral média: foi acima

descrito, paralisia maior dos braços e face do que da perna;

d) Infarto do hemisfério da artéria cerebral anterior: paralisia

do lado oposto do corpo, mais pronunciada na perna do que


nos braços e face. Associa-se às alterações de emoção e
dificuldade em reconhecer formas de desenhos (dispraxia).
Quadro clínico
e) Síndrome derivado de “acidente” da artéria vertebra-
basilar (tronco cerebral e Cerebelo): tonturas, vertigem,
dupla visão, dificuldade em deglutir, paralisia dos pares
cranianos, instabilidade na marcha, paresia bilateral dos
membros;

f) Síndrome derivado de “acidente” da artéria basilar


(tronco cerebral e Cerebelo): Quadriplegia (paralisia dos 4
membros) e Coma profunda, morte;

g) Síndrome derivado de “acidente” da artéria que irriguem


o córtex lacunar: défice motor ou sensitivo puro.
Quadro clínico

Apresentações clínicas comuns no AVC hemorrágico


dependendo do território cerebral afetado:

a) Hemorragia Intra-parenquimatosa: semelhante aos


respetivos territórios do AVC isquémico, porém associa-se
frequentemente à náuseas e vómitos;

b) Hemorragia subaracnoídea: Cefaleia explosiva, intensa,

vómitos, meningismo, coma.


Quadro clínico
Gravidade da Hemorragia Subaracnoídea:

 Grau I: dor de cabeça sem sinais de meningismo;

 Grau II: dor de cabeça severa, alteração ligeira da consciência, sinais

neurológicos focais ausentes;

 Grau III: alteração no exame neurológico (meningismo), depressão

moderada do nível de consciência;

 Grau IV: alteração no exame neurológico (meningismo), depressão

importante do nível de consciência;

 Grau V: paciente em coma.


Diagnóstico e exames auxiliares
O diagnóstico de AVC é clínico (Anamnese e Exame Físico).

Podem ser feitos seguintes exames:

 Hemograma: pode sugerir infarto cerebral por êmbolo infeccioso

(por exemplo endocardite) – Leucocitose;

 Exame de lâmina de sangue: pode permitir a identificação de

células falciformes;

 Glicemia: para excluir diabetes e monitorar estado.


Diagnóstico e exames auxiliares

 AST, ALT, Ureia, Creatinina, Electrólitos (Na+, K+, HCO-

3): para monitorização do paciente. Deverão em princípio estar


dentro da normalidade ou com alterações inespecíficas;

 Imagiologia (Tomografia Computadorizada/ Ressonância

Magnética): é importante para diferenciar quadros de isquémia,


e hemorragias intracranianas, porém, só estão acessíveis nos
hospitais centrais.
Conduta em todos casos de AVC ao nível de um
hospital rural
Internar para monitorar e estabilizar o paciente:

 Permeabilidade das vias aéreas; oxigenoterapia;

 Hemodinâmica, baixar 20 a 30% da TA se T.A ≥220/110 mmHgAVC-

Isquemico e T.A ≥180/110 mmHgAVC-Hemorragico e não ultrapassar


160/100 mmHg;

 Dos antihipertensivos disponíveis, os B-bloqueadores (Propanolol)

são os fármacos de eleição se necessário controlo da HTA;

 Não usar NIFEDIPINA sublingual – pois implica maior risco de

depressão súbita da T.A. e causar agravamento do AVC.


Conduta em todos casos de AVC ao nível de um hospital rural

 Evitar dentro do possível o uso de Dextrose E.V. e restringir uso

de outros fluidos E.V. às necessidades diárias;

 Pôr o paciente semi-sentado no leito. Isso ajuda no o controle de

eventual pressão intracraniana aumentada;

 Baixar a febre se esta ocorrer. Usar de preferência o

paracetamol;

 Tratar a dor;

 Instituir Fisioterapia da motricidade e da Fala precocemente.


Critérios de Transferência:
 Se os sinais neurológicos patológicos e o nível de consciência
tenderem a piorar, o paciente deve ser transferido sempre com
suporte de vida- ABC em curso;

 Todos os casos de AIT para tratamento por um Médico Internista;

 Transferir para Neurocirurgia se houver suspeita de AVC na região


do tronco cerebral ou cerebelar. O edema secundário nestes locais
anatómicos podem causar herniação do tronco cerebral;

 Transferir para Neurocirurgia as hemorragias subaracnoídeas.


Critérios de Alta:

 É dada alta quando o paciente estiver vígil (acordado);

 Estável: sinais neurológicos não agravados e com tendência

para regressão; função cardiorrespiratória autónoma e normal;


eventual HTA melhorada;

 Na alta indicar: Fisioterapia e Controlo de fatores de risco

modificáveis (tabagismo, álcool, obesidade, colesterol alto,


controle de doenças cardíacas, diabetes, HTA, anemias etc).
Critérios de Alta:

É dada alta quando o paciente estiver vígil (acordado);

Estável: sinais neurológicos não agravados e com tendência

para regressão; função cardiorrespiratória autónoma e normal;


eventual HTA melhorada;

Na alta indicar: Fisioterapia e Controlo de fatores de risco

modificáveis (tabagismo, álcool, obesidade, colesterol alto,


controle de doenças cardíacas, diabetes, HTA, anemias etc).
Bibliografia
 Manual de Formação Para Técnicos de Medicina Geral,

Neurologia, 2013, pag 12 – 22;

 Fauci AS, Loscalzo J, et al. Manual de Medicina de Harrison.

17ª edição. The Mc Graw-Hill Medical; 2009;

 Navarro RI e González GP. Propedêutica Médica e Semiologia

Médica (Propedeutica Clínica y Semiologia Médica) Editorial


Ciências Médicas, Tomo I, 2003.

Você também pode gostar