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Fundação Hermínio Ometto

Curso de Odontologia
Disciplina: COI PNE
Profa. Dra. Marcia Hiromi Tanaka
Tópico abordado: Cardiopatias
Cardiopatias

Existem dois tipos de cardiopatias: Adquiridas e a Congênitas

Antes de iniciar com os diferentes tipos de cardiopatias, vamos saber o que é o normal:
O pulmão adiciona oxigênio no sangue e o coração bombeia esse sangue para todos os
órgãos (veja a figura abaixo).
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Na figura acima, podemos observar a localização das veias aorta e pulmonar, átrio direito
e esquerdo, válvula mitral e tricúspide e ventrículo direito e esquerdo.

Pressão arterial
A pressão arterial é medida através de aparelhos como o tensiômetro ou
esfigmomanômetro e pode ter uma variação relativamente grande sem sair dos níveis de
normalidade. Para algumas pessoas ter uma pressão abaixo de 12/8, como, por exemplo,
10/6, é normal. Já valores iguais ou superiores a 14 (máxima) e/ou 9 (mínima) são
considerados como hipertensão para todo mundo. Veja o quadro abaixo:

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Hipertensão Arterial
✓ Pressão alta

✓ Doença crônica controlável


✓ Maioria dos casos, é assintomática
✓ Importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
✓ Sintomas: dores de cabeça, tonturas, visão turva e calafrios
✓ Principais causas de morte no Brasil.
✓ 31,2 milhões de pessoas de 18 anos ou mais de idade em todo o país, sendo 14,9
milhões no Sudeste. (PNS, 2013)
✓ 32% (36 milhões de indivíduos)
✓ Somente 50% sabem que são hipertensos, dos quais apenas 50% se tratam.
✓ Dessa parcela que se trata, só 50% têm a pressão controlada (Campanha sobre
diabetes, 2018)
Veja abaixo, alguns medicamentos mais utilizados:

Fonte: Tratamento medicamentoso. Rev Bras Hipertens vol.17(1):31-43, 2010.

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Os efeitos colaterais dos medicamentos anti-hipertensivos e suas manifestações bucais:

Antes de iniciarmos as doenças cardíacas, vamos entender o que são as artérias coronárias:

Aterosclerose
A aterosclerose é uma inflamação, com a formação de placas de gordura, cálcio e outros
elementos na parede das artérias do coração e de outras localidades do corpo humano, como
por exemplo cérebro, membros inferiores, entre outros, de forma difusa ou localizada. Ela

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se caracteriza pelo estreitamento e enrijecimento das artérias devido ao acúmulo de gordura


em suas paredes, conhecido como ateroma.
Com o passar dos anos, há o crescimento das placas, com estreitamento do vaso, podendo
chegar à obstrução completa, restringindo o fluxo sanguíneo na região.
Com isso, o território afetado recebe uma quantidade menor de oxigênio e nutrientes, tendo
suas funções comprometidas. Essa complicação é a causa de diversas doenças
cardiovasculares, como infarto, morte súbita e acidentes vasculares cerebrais, representando
a principal causa de morte no mundo todo.

A taxa de colesterol alta influencia na formação destas placas de gorduras. No entanto,


vamos entender o que é colesterol.
Colesterol
Produzido pelo fígado
Ajuda na estruturação da membrana das células, na digestão e produção de hormônios e
na fabricação da bile.
Vitamina D, testosterona, estrógeno, cortisol e ácidos biliares está presente no coração,
cérebro, fígado, intestinos, músculos, nervos e pele.

Causas do colesterol alto


✓ Genéticas ou Hereditárias
✓ Obesidade
✓ Idade
✓ Gênero
✓ Diabetes
✓ Sedentarismo.
✓ Fatores mais comuns é a dieta já que 30% do colesterol do nosso organismo é
proveniente na nossa alimentação.
✓ As gorduras, sobretudo as saturadas, presentes em alimentos de origem animal,
contribuem para a elevação do colesterol sanguíneo.

Veja abaixo, a tabela de referencia dos níveis desejados de colesterol Total, HDL e LDL.

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Colesterol alterado pode ocasionar infarto, AVC, complicações renais, síndrome coronariana
aguda, angina e trombose.

Abaixo, alguns medicamentos mais utilizados para redução do colesterol:

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Assim, a figura abaixo mostra as consequências clínicas da aterosclerose sobre as artérias


coronárias:

Cardiopatias Isquêmicas
✓ Acima dos 50 anos em homens.
✓ Mulheres na menopausa.
✓ Suspeita de cardiopatia arteriosclerótica.

✓ Existência de múltiplos fatores de risco:


✓ Hipertensão arterial
✓ Fumo
✓ Colesterol alto
✓ Uso de pílulas anticoncepcionais por muito tempo
✓ Diabetes
✓ Tensão
✓ Histórico familiar
✓ 76% das mortes súbitas (assintomáticos com 2 ou mais fatores de risco).
✓ Anamnese detalhada para investigar os fatores de risco. Caso tenha algum fator
de risco, as chances de infartar na cadeira odontológica ou na sala de espera são maiores.
Sempre perguntar qual a última visita ao médico. Caso necessário, pedir uma avaliação
médica.

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Tipos de cardiopatias isquêmicas:


1. Angina pectoris (reversível) / Infarto agudo do miocárdio (irreversível)

Angina de peito (angina pectoris) é a descrição utilizada para caracterizar a dor torácica
causada pela falta de sangue (isquemia) que acomete o músculo cardíaco. A angina é quase
sempre relacionada a doenças que causam obstrução nas artérias responsáveis por levar
sangue ao coração, as coronárias.

Infarto agudo do miocárdio, popularmente conhecido como ataque cardíaco, é um processo


de morte do tecido (necrose) de parte do músculo cardíaco por falta de oxigênio, devido à
obstrução da artéria coronária.
A obstrução ocorre em geral, pela formação de um coágulo sobre uma área previamente
comprometida por aterosclerose (placa de gordura), causando estreitamentos dos vasos
sanguíneos do coração.

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2. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI), também conhecido por derrame ou


isquemia cerebral, é causado pela falta de sangue em uma área do cérebro por conta da
obstrução de uma artéria.

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Quando não mata, o AVCI deixa sequelas que podem ser leves e passageiras ou graves e
incapacitantes. As mais frequentes são paralisias em partes do corpo e problemas de visão,
memória e fala.

A falta do sangue, que carrega oxigênio e nutrientes, pode levar à morte neuronal em poucas
horas. Por isso, o reconhecimento dos sintomas e encaminhamento rápido ao hospital são
atitudes fundamentais.
Fonte: https://www.einstein.br/doencas-sintomas/avc/avc-isquemico

3. Acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH) se caracteriza pelo sangramento em uma


parte do cérebro, em consequência do rompimento de um vaso sanguíneo. Pode ocorrer para
dentro do cérebro ou tronco cerebral (acidente vascular cerebral hemorrágico
intraparenquimatoso) ou para dentro das meninges (hemorragia subaracnóidea).

A hemorragia intraparenquimatosa (HIP), é o subtipo mais comum de hemorragia cerebral,


acometendo cerca de 15% de todos os casos de AVC.

Fonte: https://www.einstein.br/doencas-sintomas/avc/avc-hemorragico

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4. Insuficiência Cardíaca Congestiva


• Danos progressivos ao músculo cardíaco
• Coração fica grande e o batimento mais fraco
• Tem uma área do coração que morreu e outra que ainda está viva
• Paciente toma muitos hipertensivos, medicação para colesterol, diabetes tipo 2.
Características: relato do paciente: "meu médico diz que meu coração esta grande".

Na insuficiência cardíaca, o coração é incapaz de bombear a quantidade correta de sangue


por todo o corpo. Portanto, o sangue retorna às veias. Dependendo de qual parte do coração
é mais afetada, um acúmulo de excesso de líquido pode ocorrer nos pulmões, pés e outras
partes do corpo. A insuficiência cardíaca pode piorar com o tempo, o que pode levar à
aplicação de muitos tratamentos. Por essa razão, os médicos tratam intensamente a
insuficiência cardíaca para evitar que ela piore.

5. Outro tipo de Cardiopatia Adquirida são as Arritmias.


Antes de falarmos das arritmias, vamos saber o q é o batimento normal:

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Arritmia
O termo "arritmia" refere-se a qualquer alteração da sequência normal de impulsos elétricos.
Os impulsos elétricos podem acontecer rápido demais, muito devagar, ou erraticamente -
fazendo com que o coração bata rápido demais, devagar demais ou erraticamente. Quando o
coração não bate bem, não consegue bombear sangue com eficácia. Quando o coração não
bombeia o sangue de forma eficaz, os pulmões, o cérebro e todos os outros órgãos não podem
funcionar adequadamente e podem ser desligados ou danificados (American Heart
Association).

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CARDIOPATIA CONGÊNITA
✓ Alterações na estrutura e função do coração que podem ser diagnosticadas no feto
ou após o nascimento
✓ Podem causar alterações importantes no organismo
✓ São 18 tipos de defeitos com combinações e variações.

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Defeitos nas válvulas

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TRATAMENTO ODONTOLÓGICO DO PACIENTE HIPERTENSO E


CARDIOPATA
✓ Principal objetivo do tratamento
• evitar e minimizar quaisquer alterações hemodinâmicas

✓ Não queremos alterações:
• Pressão arterial
• Ritmo cardíaco
• Demanda de oxigênio do miocárdio.
ESTRESSE CAUSA:
✓ Produz alteração hemodinâmica significantes:
– Aumento da PA
– Maior chance de angina, Infarto e AVC

COMO REDUZIR O ESTRESSE?


✓ Remarcação da consulta: quando o paciente estiver muito estressado, nervoso,
com pico alto de stress
✓ Prescrição de ansiolítico, se necessário

AVALIAÇÃO ODONTOLÓGICA
✓ Idade e sexo
✓ Anamnese - História médica: diagnóstico, época do diagnóstico, tratamentos
anteriores, tratamento atual, medicamentos em uso, complicações, co-morbidades,
complicações e telefone de contato médico.
✓ Avaliação dos fatores de risco (alto risco): consulta médica com
eletrocardiograma de no máximo 12 a 18 meses ou consulta médica prévia a cirurgia.
✓ Exame físico: aferir a PA e glicemia (para todos os pacientes novos e retornos de
alta)
✓ Acima de 140 x 90 - aferir no início de todas as consultas
✓ Procedimentos longos: aferir no meio e final do procedimento.

TRATAMENTO ODONTOLÓGICO

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✓ Pré-hipertensão e Hipertensão Estágio 1 (até 159/99) – todos os procedimentos.


Ansiolítico ou sedação se necessário

✓ Hipertensão Estágio 2 até 179/109 e SEM complicações: prescrição de anti-


hipertensivo previamente a consulta odontológica
• Cirurgias extensas em hospital (hemorragia)
• PA sistólica acima de 200 – encaminhar para o médico. Controle prévio ao
tratamento odontológico eletivo.

✓ Hipertensão Estágio 3 acima de 180/110 e COM complicações como infarto do


miocárdio e angina instável: atendimento em nível hospitalar
• Crise hipertensiva - PA acima de 180/110: URGÊNCIA MÉDICA
✓ Tratamento odontológico de urgência: PA até 179/109, acima disso apenas com
avaliação médica ou em nível hospitalar

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✓ Diferentes opiniões dos médicos sobre anestésicos. Na carta, devemos explicar o


procedimento, descrever e especificar os anestésicos (dizer que não altera PA e glicemia)
✓ Todo anestésico é vasodilatador, por isso se associa-se um vasoconstritor.
Vasoconstrição local permite que o anestésico fique naquela região.
✓ Uso de anestésico com ou sem vasoconstritor ainda é controverso.
✓ Pacientes que recebem anestésico sem vasoconstritor possuem menor controle da
dor quando comparado aos que recebem adrenalina
✓ Usar vasoconstritor para evitar dor no paciente
✓ Sem grandes complicações, usar: LIDOCAINA + Adrenalina (1:100.000).
Permite Controle da dor e sangramento
CUIDADOS
✓ Utilizar a seringa com aspiração
✓ Aspiração prévia é importante.
✓ Não utilizar complementação anestésica com técnica intraligamentar
✓ Anestesia intra-ligamentar funciona como endovenosa; se for realizar, não utilizar
vasoconstritor.
✓ Não utilizar fios retratores para moldagem com adrenalina
✓ Técnica anestésica correta para ser mais eficiente

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✓ Em uma situação de cirurgia grande, os 2 tubetes de lido não dá, então nosso
anestésico de escolha passa a ser a PRILOCAÍNA. Exemplo:
✓ Se prever que 2 tubetes não será suficiente, usar prilocaina + felipressina (70kg
aprox. 5 a 8 tubetes) Exemplo: exodontia seriada + PT imediata

ANESTÉSICO SEM VASO


✓ Pacientes com cardiopatias graves como:
• Angina instável (aparece mesmo sem nenhum esforço físico)
• Infarto recente do miocárdio ou cirurgia para colocação de marcapasso (6 meses)
• Insuficiência cardíaca congestiva não controlado
• Arritmias não controladas
• Hipertensão severa (acima de 19/12)
✓ Este tipo de paciente é um paciente que devemos utilizar MEP SEM VASO. Se
prestar atenção, são pacientes com condição grave e que deve ser atendido em ambiente
hospitalar. Caso apareça com situação de urgência (somente) é que vamos utilizar.

ENDOCARDITE BACTERIANA

Fonte: AHA, 2019; Hospital Sírio Libanês, 2015

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Fonte: AHA, 2019; Hospital Sírio Libanês, 2015

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