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Atenção à saúde do Recém-nascido de Risco

Superando pontos críticos

Módulo 2:
OXIGÊNIO
• Que danos podem ser causados
por falta de oxigênio?
• E pelo excesso de oxigênio?
• Quais maneiras de se
fornecer oxigênio a um bebê
com dificuldade respiratória?
• Como monitorar o oxigênio?
Apresentação

Sobre a publicação
Este material foi produzido para o curso Atenção ao recém-nascido
de risco: superando pontos críticos, realizado entre agosto e
outubro de 2013, e corresponde a um dos oito módulos do curso. Ele
pode ser complementado com o material audiovisual disponível no
ambiente interativo de aprendizagem do curso, no endereço
http://neonatal.estacaodigitalsaude.org.br. Tanto o curso como
este material são destinados a profissionais da saúde que atuam em
unidades neonatais.

Essa estratégia de aprendizado é fruto de uma parceria entre o


Centro Colaborador de Prevenção à Cegueira Infantil da Organização
Panamericana de Saúde, Instituto Fernandes Figueira/ FIOCRUZ e a
Disciplina de Telemedicina da Universidade de São Paulo.

O conteúdo do curso foi elaborado a partir de um projeto de pesquisa


resultante de uma parceria entre o Instituto Fernandes Figueira/
FIOCRUZ, London School of Hygiene and Tropical Medicine (Reino Unido)
e Otago University (Nova Zelândia). Para o formato final do curso,
todo o material foi atualizado, além de ser complementado com novas
produções audiovisuais e e-books interativos produzidos em parceria com
a Disciplina de Telemedicina da Universidade de São Paulo.

Agradecemos à equipe do Departamento de Neonatologia do Instituto


Fernandes Figueira pela colaboração na produção dos vídeos.
Oxigênio
Introdução Fornecimento Danos Monitorização Alarmes

“ O oxigênio é um importante
agente oxidante. Ele pode
ir para a retina, causar
retinopatia da prematuridade,
ele pode ir para o pulmão,
agregando dano pulmonar,
causando displasia do pulmão
ou doença pulmonar crônica
José Roberto de Moraes Ramos
Médico Neonatologista ”
da prematuridade.

Conceito ERRADO
“Oxigênio é bom para você, então mais deve ser melhor.”

Princípios orientadores
Oxigênio é a “droga” mais comumente usada em recém-
nascidos pré-termo – devemos ser tão cuidadosos com a
quantidade administrada quanto com qualquer outra droga.

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Oxigênio
Introdução Fornecimento Danos Monitorização Alarmes

“ Todo oxigênio que é oferecido


para o bebê tem de ser
aquecido e umidificado.
Porque o oxigênio seco e
gelado é mais lesivo que
o umidificado. Então, é
fundamental que ele seja
sempre ofertado umidificado
José Roberto de Moraes Ramos
Médico Neonatologista ”
e aquecido.

Administração de oxigênio em
bebês com dificuldade respiratória
A maneira mais eficaz de fornecer
oxigênio a um bebê varia com a
causa e a gravidade da dificuldade
respiratória. Nos países mais
desenvolvidos, a administração
de oxigênio é realizada através de
uma mistura de ar comprimido e
oxigênio. O percentual de oxigênio
desejado é definido através de um
misturador (blender). Ele permite
oferecer gradações de oxigênio de
Blender
21% a 100%.

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Oxigênio
Introdução Fornecimento Danos Monitorização Alarmes

Maneiras de ofertar oxigênio


Existem diversas maneiras de oferecer oxigênio ao recém-
nascido pré-termo.
• Capacete/Hood/Halo: na ausência de um misturador
(blender) é importante e útil a utilização de um analisador
de oxigênio no capacete para verificar quanto oxigênio é
administrado ao bebê.
• CPAP nasal (Pressão positiva contínua nas vias aéreas por via
nasal): é geralmente administrada por pronga e fornece mistura
de oxigênio sob pressão na via aérea.
• Ventilação mecânica: fornece oxigênio ao bebê via
tubo endotraqueal em situações de grande dificuldade
respiratória. Os ventiladores fornecem pressão e fluxo com
mistura de oxigênio 21% a 100% através do blender.
• Cateter/Cânula nasal: um tubo fino fornece oxigênio pelo
nariz, através de pequenos orifícios localizados abaixo das
narinas ou através de pequenos cateteres introduzidos em
cada narina, devendo ser usado preferencialmente com um
misturador de ar/oxigênio.

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Oxigênio
Introdução Fornecimento Danos Monitorização Alarmes

Oxigênio é como qualquer outra droga.


Sua oferta deve ser monitorada, pois a
falta e o excesso são prejudiciais.

Que danos são causados por não se fornecer


oxigênio suficiente?
Nós dependemos do oxigênio para viver e manter o cérebro e
demais órgãos funcionando. No entanto, tanto o excesso quanto
a deficiência podem ser prejudiciais. O feto se desenvolve
em um ambiente com pouco oxigênio, por isso a saturação de
oxigênio do bebê ao nascer é cerca de 70%, demorando cerca de
5 a 10 minutos para atingir valores acima de 88%. A deficiência
de oxigênio pode ocasionar hipoxemia e alterar o funcionamento
de alguns órgãos, principalmente do cérebro, comprometendo o
desenvolvimento do bebê.

Que danos são causados por excesso de oxigênio?


O oxigênio é a “droga” mais comum que administramos aos
bebês pré-termo. Devemos ter muita cautela com a quantidade
de oxigênio que administramos, assim como com qualquer outra
droga. Mais não significa melhor. O excesso de oxigênio pode
contribuir para:
• Dano pulmonar – Doença pulmonar crônica
• Dano no olho – Retinopatia da prematuridade
• Dano intestinal – Enterocolite necrosante
• Dano cerebral – Hemorragia periventricular

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Oxigênio
Introdução Fornecimento Danos Monitorização Alarmes

É importante evitar distração ao


atender o alarme.

Como monitorar a quantidade


de oxigênio recebida?
Na verdade, não sabemos ao certo que níveis de oxigênio são
baixos ou altos demais para bebês pré-termos – vários estudos
estão em andamento para se tentar definir a faixa ideal. Por
enquanto, a recomendação é a seguir:
• Misturadores de ar/oxigênio e monitores de saturação de oxigênio
são equipamentos essenciais.
• Todas as crianças que estão em oxigênio suplementar devem
ser monitoradas
• Todas as UTINs devem ter uma meta de saturação de oxigênio
acordada para recém-nascidos pré-termo que necessitam de
oxigênio suplementar.
• Enfocar uma faixa SpO2 acima de 95% não é aceitável e, em
crianças respirando oxigênio suplementar, o tempo gasto
com valores SpO2 superiores a 95% deve ser minimizado
para evitar a retinopatia da prematuridade (ROP).
• Enfocar uma faixa SpO2 de 85%-89% (ou inferior), não é
aceitável por causa do possível aumento de mortalidade.
• Dentro da faixa de 85%-95% a meta ideal permanece incerta,
mas o limite inferior deve ser superior a 85%.

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Oxigênio
Introdução Fornecimento Danos Monitorização Alarmes

É imprescindível checar a
oximetria de pulso do bebê

Como monitorar a quantidade


de oxigênio recebida?
• Uma faixa de 88%-94% pode ser aceitável, mas muitos
analistas recomendam uma faixa de 90%-95% até que mais
evidência se torne disponível.
• Para crianças de 34-36 semanas de idade pós-menstrual e
além, que têm a doença pulmonar residual, as metas de
saturação de oxigênio podem ser aumentadas ligeiramente,
para reduzir o risco de hipertensão pulmonar e progressão de
ROP. Uma meta de SpO2 de 93% -95% tem sido recomendada.
• UTINs devem ter limites de alarme acordados, estabelecidos
a 1% cima e 1% ou 2% abaixo da meta SpO2 acordada, que
são universalmente adotadas e utilizadas em crianças que
recebem oxigênio suplementar.
• Protocolos devem estar em lugar sobre como responder a
alarmes e evitar grandes variações de SpO2.

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Oxigênio
Introdução Fornecimento Danos Monitorização Alarmes

Como monitorar a quantidade


de oxigênio recebida?
Existem duas maneiras de mensurar o oxigênio ofertado ao
bebê. Podemos medir através da pressão de oxigênio (pO2)
fazendo uma “gasometria sanguínea” com amostra de oxigênio
arterial ou através do monitoramento contínuo do oxigênio. O
monitoramento contínuo pode ser feito:
• Pelo oxigênio transcutâneo, que mede a pO2 através da pele
(neste caso a meta pode ser 50-75 mmHg).
• Oxímetro de pulso/monitor de saturação, que dá a SpO2. Este
método se tornou o mais comum por não ser invasivo.

Monitoramento da saturação de oxigênio


Oxímetros devem ser usados sempre em recém-nascidos pré-termo.
Todo bebê em uso de oxigênio deve ter sempre a oferta de
oxigênio monitorada.

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Oxigênio
Introdução Fornecimento Danos Monitorização Alarmes

NUNCA se deve
silenciar o alarme
sem regular a
saturação de oxigênio

Como reagir aos alarmes de oxigênio


1. Quando a saturação alvo for 88% - 94%, os limites sugeridos para
o alarme são:
• Limite inferior em 87%
• Limite superior em 95%
2. Pequenas variações de FiO2 podem ser necessárias para ajustar
os parâmetros de saturação desejados (flutuações extremas da
SpO2 são arriscadas). Devemos evitar flutuações, pois podem causar
riscos ao bebê.
3. Nas situações fora do parâmetro previsto faça pequenos
aumentos na FiO2 de 2-5% avaliando após cada passo.
4. Na dessaturação mantida, verifique a presença de cianose
central, bradicardia ou perfusão deficiente antes de realizar
qualquer modificação. Queda de saturação com bradicardia são
mais significativas que dessaturação sem bradicardia. Sempre fique
com o recém-nascido até que a saturação se estabilize em uma
faixa aceitável. Se houver pouca melhora apesar do aumento da
FiO2, chame um médico para ajudá-lo.
5. Em caso de uso suplementar de oxigênio, níveis altos de
saturação também merecem atenção!

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INFECÇÃO

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