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Módulo DOR

1. É possível utilizar anestésico tópico antes de procedimentos como


coleta de gasometria, punção venosa/arterial?

Esta é uma importante e recorrente pergunta, visto que os RN passam


por muitos procedimentos dolorosos durante o período de internação.
Encontra-se no mercado a mistura eutética de prilocaína e lidocaína (EMLA®)
que pode produzir anestesia em pele intacta após sua aplicação. No entanto,
não há consenso na literatura quanto à segurança e eficácia de sua utilização
em RN. O que sugerimos é que sejam utilizados outros métodos eficazes para
o manejo da dor, tais como o uso da sacarose/glicose 25%, sucção não-
nutritiva, enrolamento, posição pele a pele, contenção, amamentação. O ideal é
que esses métodos sejam utilizados de forma associada, sempre que possível.

2. Se o bebê mama no momento de procedimento doloroso, por exemplo,


punção de calcâneo, ele corre o risco de bronco aspirar?

Não existe relato na literatura correlacionando estes dois fatos. Se o RN


já mama significa que ele tem condições de sugar e deglutir, e pode sim mamar
para prevenir a dor. Além disso, durante o aleitamento ele estará mais
tranquilo, diminuindo assim o estresse que pode ser relacionado com bronco
aspiração. Desse modo, além de propiciar reconhecidos benefícios nutricionais
e de proteção contra infecções para o bebê, o leite materno pode ser uma
potente intervenção para alívio de dor. Para que esse seja um método eficaz
de manejo da dor, é necessário que o bebê seja levado ao seio no mínimo dois
minutos antes do procedimento, devendo permanecer ao seio durante o próprio
e após o término do mesmo.
Módulo Oxigênio

1. Numa queda brusca de saturação onde temos que aumentar a FiO2,


como podemos fazer sem causar mais danos ao RN?

Essa é uma pergunta muito interessante e pertinente. Temos que ter


muito cuidado, pois nem todas quedas de saturação são resolvidas com
aumento de oferta de oxigênio.
Alguns aspectos práticos são fundamentais antes de se tomar essa
atitude:
- Verificar realmente se a queda de saturação é real ou artefato do
aparelho. O bebe pode estar se mexendo ou o sensor pode não estar locado
adequadamente.
- Verificar a permeabilidade da via aérea do recém-nascido. Se ele
estiver acoplado ao respirador avaliar a necessidade de aspiração do TOT
antes de aumentar o oxigênio. Caso ele esteja em CPAP avaliar necessidade
de aspirar vias aéreas superiores e reposicionamento adequado da pronga.
- Caso realmente haja necessidade de ofertar mais oxigênio devido piora
do quadro clinico do bebê, temos que ser criteriosos para aumentar o mínimo
necessário para elevar a saturação nos limites preconizados.
- Nunca se esquecer de diminuir a oferta de oxigênio logo que observar
melhora da saturação e estabilização clinica do bebê.
- LEMBRE: A META DE SATURAÇÃO desejada é aquela que não deve
permitir que o bebê fique em hipóxia e nem em hiperóxia. O OXIGÊNIO EM
EXCESSO É SEMPRE PREJUDICIAL; ESSA É UMA RESPONSABILIDADE
DE TODO PROFISSIONAL QUE TRABALHA COM RECÉM-NASCIDOS.

2. Após a administração do surfactante, qual o parâmetro que devemos


diminuir no respirador: Oxigênio ou IMV?

Esta pergunta remete a lembrança de nossos conceitos de fisiologia e


tem importante significado clínico. O Uso do surfactante exógeno é uma terapia
muito importante para recém-nascidos pré-termos com desconforto respiratório
e incentiva-se que este quando necessário, seja utilizado antes de 2 horas de
vida do bebê.
O objetivo básico é de restabelecer uma adequada relação da ventilação
alveolar com a difusão capilar, ou seja, facilitar a abertura do alvéolo e permitir
que a circulação local facilite as trocas gasosas adequadas. Neste sentido a
oxigenação melhora rapidamente e depois aos poucos o pulmão vai ficando
mais complacente e elástico, melhorando sua expansão. Neste sentido
observa-se melhora imediata na saturação que permite diminuir o oxigênio
ofertado e posteriormente percebe-se melhora da expansão visual do tórax
destes bebês em ventilação sendo fundamental a redução da pressão e do IMV
para evitar baro-traumas.
3. Quantos minutos ou horas após nascer o RN leva para atingir uma
saturação de 94%?

Esta pergunta configura e nos traz uma importante e nova reflexão que
foi recentemente apontada pela literatura e incorporada nas novas diretrizes do
programa de reanimação neonatal da sociedade brasileira de pediatria
(http://www.sbp.com.br/ PRN-SBP-ReanimaçãoNeonatal-atualização-
1abr2013.pdf). Atualmente temos o conceito que a saturação fetal é muito
diferente da saturação do recém-nascido, ou seja, o feto vive no ambiente intra-
utero com uma saturação em cerca de 70% e ao nascer assim permanece nos
primeiros minutos conseguindo chegar a patamares cerca de 80% no final do 5
minuto.
Somente após 10 minutos de vida que a saturação pré-ductal alcança
limites entre 85 e 95%. Atualmente, baseando-se neste conceito, o Programa
de reanimação não recomenda uso de oxigênio inalatório para bebes que
nascem vigorosos, chorando, mas que apresentam a mucosa com a cor
arroxeada (cianótica).

IMPORTANTE: Não se esqueça de LEMBRAR que a leitura confiável da


SatO2 no oxímetro demora cerca de 1-2 minutos após o nascimento, desde
que haja débito cardíaco suficiente com perfusão periférica.
Módulo Nutrição

1. Quais os diferentes tipos de leite e suas indicações?

O melhor alimento para o pré-termo é o leite da própria mãe aditivado


quando o bebê se alimenta por sonda e nasceu com menos de 1500g.
Na falta do leite da mãe, dar preferência para o leite de banco aditivado
seguido pelas formulas para pré-termos.
Leites elementares ou semi-elementares não são leites para serem
usados por pré-termos uma vez que o seu perfil protéico e as quantidades de
minerais são inadequados para pré-termos.

2. Quando a nutrição parenteral deve ser indicada?

Nutrição parenteral deve ser iniciada no primeiro dia de vida


especialmente com proteína e glicose, para todos os bebes quando não há
expectativa de que este bebe possa ser alimentado nas primeiras 24 horas de
vida. Nos bebês menores de 1500 gramas a NPT deve ser iniciada logo após o
nascimento. O lipídeo pode ser iniciado após o 2º dia de vida.

3. Como administrar polivitamínicos e sulfato ferroso?

Os polivitaminicos e sulfato ferroso devem de preferência ser


administrados diluídos dada a sua alta osmolaridade. Então diluí-los em
pequenas quantidades de leite antes de administrá-los por sonda é uma
conduta mais segura.

4. Quando indicar a gastrostomia?

A gastrostomia deve ser considerada após todas as tentativas de usar a


boca. Ou seja, após todas as tentativas de estimulação da sucção. Antes desta
indicação, uma parceria com a fonoaudióloga é fundamental. Apesar da
gastrostomia, a boca deve continuar a ser usada para que o bebe não perca o
estimulo para sucção. Ela deve durar o mínimo possível. Ou seja, continuar a
estimular a sucção é importante para que a gastrostomia possa ser retirada
quando o bebe estiver conseguindo usar a via oral completamente. Não existe
um tempo determinado, este tempo é individual e o trabalho da fonoaudiologia
fundamental.

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