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INTEGRAL AO
RECÉM NASCIDO
E A CRIANÇA
Introdução
O profissional de enfermagem traz consigo uma ampla responsabilidade
no que diz respeito à execução e à prestação da assistência no cuidado
aos pacientes. No Centro de Terapia Intensiva (CTI), sua responsabilidade
é aumentada, pois este é um ambiente em que há risco eminente de
óbito e complicações durante a internação dos pacientes.
No CTI, recém-nascidos (RNs) e crianças devem receber cuidados
de forma integral e suas famílias devem ser inseridas nessa assistên-
cia ao cuidado com o objetivo de manter o vínculo, principalmente o
materno-fetal, e auxiliar no processo de recuperação desses pacientes
sem maiores danos.
Neste capítulo, você irá estudar os procedimentos invasivos e não
invasivos a que os pacientes neonatos e pediátricos são submetidos, além
de estabelecer planos de ações para prevenir intercorrências durantes
esses procedimentos.
2 Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria
Procedimentos Procedimentos
invasivos não invasivos
Fototerapia
CPAP, pressão positiva contínua da via aérea, do inglês continuous positive airway pressure.
BiPAP, pressão positiva em dois níveis, do inglês bi-level positive airway pressure.
Oxigenoterapia
Conforme Stone et al. (2016), a manobra de elevação de mandíbula abre a via
aérea aliviando a pressão que a língua ou epiglote possa ter sobre a faringe
posterior. Para realizá-la, colocam-se os polegares em cada lado do maxilar
do paciente e se eleva o queixo, empurrando-o anteriormente com os dedos
no ângulo da mandíbula. A elevação do queixo tem o mesmo objetivo da
manobra de elevação de mandíbula e só pode ser usada se não houver suspeita
de lesão na coluna cervical. Você deve colocar uma mão na testa do paciente,
pressionando-a para baixo, e a outra mão na ponta do queixo, elevando-o
para frente e para cima, inclinando a cabeça para trás (STONE et al., 2016).
A remoção de secreções da via aérea (faringe e boca) limpa a abertura e
remove quaisquer barreiras para que os canais respiratórios sejam abertos.
4 Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria
O oxigênio pode ser administrado por meio de cânulas plásticas nas narinas
do paciente, sendo esta uma forma segura, simples, confortável e facilmente
tolerada. O cateter nasal é utilizado em níveis menores que 4 L/min e é eficaz
na administração de oxigênio em pacientes com hipóxia leve a moderada. Esse
Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria 5
Terapia venosa
As crianças e os RNs também podem passar por outros procedimentos inva-
sivos durante a internação hospitalar, como a punção venosa periférica, cujo
objetivo é a administração de medicamentos, a correção de déficit hídrico e/
ou a infusão de derivados do sangue. Em alguns casos, esses procedimentos
podem ocasionar complicações, como trombose e infecções (GOODMAN et
al., 2011). Já a punção venosa central é utilizada para obter acesso à circulação
venosa central, monitorar a pressão venosa central e infundir nutrição paren-
teral, terapia venosa prolongada, componentes sanguíneos e grandes volumes
de líquidos, além de possibilitar a coleta de amostras de sangue.
Para os pacientes que necessitam de terapia venosa central de longa perma-
nência, ou que necessitam de acesso venoso repetidas vezes, a melhor opção
pode ser um CCIP, já que ele apresenta menor risco de complicações mecânicas
Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria 7
Fototerapia
Outro procedimento não invasivo é a fototerapia. O RN pode sofrer um processo
benigno e secundário ao aumento da bilirrubina indireta, também conhecido
como hiperbilirrubinemia indireta ou icterícia, podendo esta ser tóxica e
causar danos neurológicos irreversíveis ou indicar alguma doença de base.
A bilirrubina é gerada na quebra da hemoglobina. Primeiramente, ela não se
dilui em água (bilirrubina indireta), sendo então conjugada no fígado (bilir-
rubina direta) e excretada no intestino. A icterícia pode ser tratada de várias
formas, entre elas, pela Fototerapia, que tem sua eficácia terapêutica associada
à quantidade de energia luminosa (irradiância) emitida no comprimento de
onda do espectro da luz visível (MAROSTICA et al., 2018).
Toracocentese
A toracocentese implica a aspiração de líquido ou ar do espaço pleural. Esse
procedimento alivia a compressão do tecido pulmonar e a angústia respiratória
ao remover ar ou líquido acumulado em decorrência de lesão ou patologias,
como pneumotórax hipertensivo e derrame pleural (GOODMAN et al., 2011).
Paracentese
Em casos de paciente com acúmulo de líquido no espaço peritoneal, realiza-se
a aspiração desse líquido ascítico, denominada paracentese abdominal. Esse
8 Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria
Sondagem gástrica/enteral
Com o objetivo de facilitar o acesso à cavidade gástrica, utiliza-se a sonda
nasogástrica (SNG) ou orogástrica (SOG), as quais são instaladas no estômago
para que seja feita a descompressão do trato gastrintestinal superior, a lavagem
gástrica ou a administração de dieta enteral e medicamentos em pacientes
comatosos ou incapacitados. Para a nutrição enteral de longa duração, utiliza-se
a sonda nasoenteral (SNE) ou a sonda oroenteral (SOE), que são instaladas no
intestino. Essas sondas são produzidas de polietileno, sendo, portanto, mais
resistentes às secreções gástricas. A SNE e a SOE têm a sua ponta distal,
mantendo-se bem posicionadas por essa razão, e são radiopacas, o que permite
que sejam visualizadas por meio de exames radiológicos para confirmar o seu
posicionamento. Ambas são numeradas e escolhidas de acordo com o tamanho
e a idade da criança (MAROSTICA et al., 2018).
Sondagem vesical
O cateterismo vesical consiste na introdução de um cateter estéril na bexiga
pela uretra, com técnica asséptica, visando a drenar a urina. No cateterismo
vesical de alívio, é feita a introdução de um cateter para esvaziamento da
bexiga com retenção urinária e coleta de amostras de diurese para análise
laboratorial. Sua retirada é imediata. Já no cateterismo vesical de demora,
o cateter é introduzido para esvaziamento da bexiga, mas com permanência
prolongada, cujo objetivo é possibilitar o controle hídrico adequado e o tra-
tamento de retenção urinária (pós-operatório, hipertrofia prostática, bexiga
neurogênica) e obter amostra de urina para exames (GOODMAN et al., 2011).
uma VOF é medido por meio da distância entre os cantos da boca e o ângulo
da mandíbula. Uma VOF é inserida de forma que sua porção convexa fique
posicionada para cima e a côncava para baixo, acompanhando a curvatura da
língua, conforme ilustrado na figura 2.
com hipoxemia, mas não pode ser utilizada em terapia prolongada, devido à
imprecisão (STONE et al., 2016). Já na máscara de oxigênio de não reinalação,
durante a inspiração, a válvula inspiratória unidirecional se abre, direcionando
o oxigênio de uma bolsa reservatória para a máscara. Durante a expiração, o
gás deixa a máscara por intermédio das válvulas expiratórias unidirecionais
e vai para a atmosfera, fazendo com que o paciente respire apenas o ar da
bolsa. A máscara administra a mais alta concentração possível de oxigênio
(60–90%) e é efetiva para terapias em curto prazo.
A CNAF é utilizada em casos de sofrimento respiratório em RNs e crianças,
de modo a possibilitar uma melhora na conduta das vias aéreas, fornecendo
pressão positiva em baixos níveis. Essa estratégia proporciona misturas de
gases aquecidos e umidificados por meio de uma cânula nasal específica. A
fração inspirada de oxigênio fornecida é de até 1,0 e o fluxo máximo é de 60
L/min (PIRES; MARQUES; MASIP, 2018).
Nos pacientes em choque com elevada resistência vascular periférica, podem
ser registradas divergências significativas na mensuração da pressão arterial
sistêmica ao comparar os métodos convencionais (auscultatório/palpatório) com
a técnica de mensuração direta por cateter intra-arterial. A monitoração direta
da PA é um método mais preciso, pois possibilita a mensuração contínua das
pressões sistólica, diastólica e média e também a coleta de amostras de sangue
arterial. Nos casos de pacientes que requerem altas doses de drogas vasoativas
potentes ou que necessitem de frequentes coletas de amostras de sangue, é de
fundamental importância uma mensuração frequente e, se possível, contínua
da PA. Nesses momentos, o médico pode optar por uma punção arterial com
um cateter intra-arterial para a monitorização da PAM.
A entubação endotraqueal em bebês e crianças é indicada em casos de
obstrução da via aérea causada por edema, lesão na traqueia, laringe ou brôn-
quios ou até mesmo devido à presença de corpo estranho (Figura 3). Crianças
com insuficiência respiratória apresentam sintomas diferentes, dependendo
da etiologia e da idade. Um sintoma clínico precoce e comum em qualquer
idade é a taquipneia, porém, tiragens intercostais e subdiafragmática, tiragem
de fúrcula, batimento de asa de nariz, dispneia e diminuição ou ausência dos
sons respiratórios são comuns a qualquer etiologia no desconforto respiratório.
Quando a causa do bloqueio respiratório é ultrapassada pelo tubo endotraqueal,
a via aérea do paciente é aberta, preservando a respiração normal (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE PEDIATRA, [2017?]; STONE et al., 2016).
Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria 11
entender que todo cuidado com o paciente pediátrico envolve também o cuidado
com a sua família, sendo assim, é imprescindível que a equipe desenvolva uma
parceria e um relacionamento de confiança com a família. Ressalta-se que o
plano de cuidados ao paciente em uso de procedimentos invasivos inclui lavar
as mãos antes de manipular quaisquer procedimentos invasivos (Quadro 2).
Procedimento Cuidados
(Continua)
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(Continuação)
Procedimento Cuidados
(Continua)
14 Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria
(Continuação)
Procedimento Cuidados
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