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CUIDADO

INTEGRAL AO
RECÉM NASCIDO
E A CRIANÇA

Nathália Ribas Machado


Procedimentos de
enfermagem em
neonatologia e pediatria
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Demonstrar os principais procedimentos invasivos e não invasivos


em neonatologia.
 Identificar os principais procedimentos invasivos e não invasivos em
pediatria.
 Elaborar planos de ações para prevenir intercorrências em procedi-
mentos invasivos em neonatologia e pediatria.

Introdução
O profissional de enfermagem traz consigo uma ampla responsabilidade
no que diz respeito à execução e à prestação da assistência no cuidado
aos pacientes. No Centro de Terapia Intensiva (CTI), sua responsabilidade
é aumentada, pois este é um ambiente em que há risco eminente de
óbito e complicações durante a internação dos pacientes.
No CTI, recém-nascidos (RNs) e crianças devem receber cuidados
de forma integral e suas famílias devem ser inseridas nessa assistên-
cia ao cuidado com o objetivo de manter o vínculo, principalmente o
materno-fetal, e auxiliar no processo de recuperação desses pacientes
sem maiores danos.
Neste capítulo, você irá estudar os procedimentos invasivos e não
invasivos a que os pacientes neonatos e pediátricos são submetidos, além
de estabelecer planos de ações para prevenir intercorrências durantes
esses procedimentos.
2 Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria

Principais procedimentos invasivos e não


invasivos em neonatologia
Neonatologia é o ramo da pediatria que atua com crianças desde o nascimento
até o seu 28º dia de vida, quando passam a ser lactentes. Trata-se da área
de conhecimento que é responsável pelas transformações que modificam o
prognóstico e a qualidade de vida dos RNs que apresentam alguma patologia
(TAVARES et al., 2019).
Os avanços científico e tecnológico, com seu aperfeiçoamento de téc-
nicas, procedimentos, equipamentos e pessoal, contribuem para garantir a
sobrevivência dos RNs, reduzindo as taxas de morbimortalidade. Isso gera
uma sofisticação nos cuidados neonatais que auxiliam na sobrevida dos RNs,
principalmente dos prematuros, haja vista que estes têm seus órgãos e sistemas
imaturos, por essa razão, as doenças respiratórias são o principal motivo de
internação no CTI Neonatal.
Para o tratamento dessas doenças respiratórias, é necessário que seja ofer-
tado um suporte apropriado, com oximetria contínua e aporte do oxigênio, e,
se necessário, posicionamento adequado do pescoço (evitar flexão ou hipe-
rextensão), regulação térmica do ambiente e modo de alimentação adequado.
O suporte ventilatório no RN inclui soluções aplicadas de forma não invasiva,
como elevação da mandíbula, elevação do queixo e aspiração por cateter, e
a oxigenoterapia por intermédio de cânula nasal, máscara simples de oxigê-
nio, máscara de oxigênio de não reinalação e bolsa-válvula-máscara (BVM),
bem como ventilação não invasiva com pressão positiva (VNIPP). Além das
citadas, também são utilizadas algumas formas invasivas, como entubação
endotraqueal, por exemplo.
O Quadro 1 apresenta um esquema com os procedimentos que são reali-
zados tanto em pacientes neonatais quanto nos pediátricos, haja vista que os
realizados em neonatos também podem ser realizados em pacientes pediátricos.
Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria 3

Quadro 1. Procedimentos neonatais e pediátricos

Procedimentos Procedimentos
invasivos não invasivos

Entubação endotraqueal Manobra de elevação de mandíbula

Punção venosa periférica Elevação do queixo

Punção venosa central Remoção de secreções da via aérea

Cateter central de inserção Cateter nasal


periférica (PICC ou CCIP)

Cateterismo umbilical Via aérea orofaríngea (VOF)


venoso/arterial — Cânula de Guedel

Toracocentese Máscara simples de oxigênio

Paracentese abdominal Máscara de oxigênio de não reinalação

Sonda gástrica ou entérica Cânula nasal de alto fluxo (CNAF)

Cateterismo vesical Ventilação com pressão positiva (VPP) — BVM


(demora ou alívio)

Pressão arterial média (PAM) VNIPP — CPAP/BiPAP

Fototerapia

CPAP, pressão positiva contínua da via aérea, do inglês continuous positive airway pressure.
BiPAP, pressão positiva em dois níveis, do inglês bi-level positive airway pressure.

Oxigenoterapia
Conforme Stone et al. (2016), a manobra de elevação de mandíbula abre a via
aérea aliviando a pressão que a língua ou epiglote possa ter sobre a faringe
posterior. Para realizá-la, colocam-se os polegares em cada lado do maxilar
do paciente e se eleva o queixo, empurrando-o anteriormente com os dedos
no ângulo da mandíbula. A elevação do queixo tem o mesmo objetivo da
manobra de elevação de mandíbula e só pode ser usada se não houver suspeita
de lesão na coluna cervical. Você deve colocar uma mão na testa do paciente,
pressionando-a para baixo, e a outra mão na ponta do queixo, elevando-o
para frente e para cima, inclinando a cabeça para trás (STONE et al., 2016).
A remoção de secreções da via aérea (faringe e boca) limpa a abertura e
remove quaisquer barreiras para que os canais respiratórios sejam abertos.
4 Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria

Para efetuar essa extração de secreções, é utilizada a aspiração com cateter.


É importante sempre aspirar primeiro o nariz e em seguida a boca (Figura 1)
(STONE et al., 2016).

Figura 1. Aspiração de vias aéreas superiores (faringe e boca).


Fonte: Barbosa ([2014?]).

O oxigênio pode ser administrado por meio de cânulas plásticas nas narinas
do paciente, sendo esta uma forma segura, simples, confortável e facilmente
tolerada. O cateter nasal é utilizado em níveis menores que 4 L/min e é eficaz
na administração de oxigênio em pacientes com hipóxia leve a moderada. Esse
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instrumento pode causar ressecamento de mucosas das vias aéreas, levando


ao desconforto do paciente, por essa razão, o oxigênio inalatório deve ser
umidificado, o que é feito com água destilada esterilizada (STONE et al., 2016).
Para os pacientes que necessitam de uma VPP, é usada a BVM. Frequen-
temente usada antes da entubação, essa técnica é aplicada sobre o nariz e a
boca do paciente para impedir o vazamento de ar sobre a face, sem extrapolar
os limites dos olhos e do queixo. Esse vazamento de ar é vedado, quando
realizado o método E-C.

No método E-C, a máscara é pressionada com o polegar e o indicador na forma da


letra C e os outros três dedos formam posteriormente a letra E abaixo do queixo
do paciente. Em seguida, aperta-se a bolsa com a mão livre do operador ou com a
ajuda de outra pessoa. Tanto o tamanho da bolsa quanto a frequência das inflações
dependem da idade e da condição do paciente. Compressões inadequadas podem
causar hipoventilação, hiperventilação, barotrauma e redução do débito cardíaco
(STONE et al., 2016).

Pacientes com fadiga respiratória, asma, bronquiolite, pneumonia e apneia


obstrutiva do sono têm indicação de uso de VNIPP, a qual é utilizada de forma
eficaz para estabilizar a respiração do paciente, evitando a entubação. Existem
dois métodos considerados VNIPP — a CPAP e a BiPAP —, sendo que ambos
são utilizados em pacientes que necessitam de suporte ventilatório primário
ou para desmame de ventilação mecânica (STONE et al., 2016).
A CPAP evita a falência alveolar e, quando utilizada de forma antecipada,
reduz o uso da ventilação mecânica invasiva (VMI), por essa razão é muito
aplicada no CTI Neonatal e também em salas de parto. Esse sistema possibi-
lita que o cliente que respira espontaneamente receba uma pressão positiva
contínua das vias respiratórias, mantendo a via aérea aberta para permitir o
fluxo de oxigênio suplementar para os pulmões. Ela pode ser empregada por
máscara facial ou tubos nasais. A BiPAP fornece níveis de pressão positiva
inspiratória e expiratória na via aérea preestabelecidos que podem reagir à
respiração do paciente como consequência. Algumas vezes a escolha pela
BiPAP é preferida em relação à CPAP devido à sua capacidade de fornecer
auxílio extra na inspiração e na ventilação.
6 Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria

A entubação endotraqueal envolve a inserção oral ou nasal de um tubo


flexível pela laringe até o interior da traqueia, com a finalidade de controlar
a via respiratória e a ventilação mecânica do paciente, fornecendo oxigênio
e aliviando o seu trabalho respiratório. Como indicações para entubação de
neonatos, é possível citar: instabilidade cardiopulmonar (p.ex., sinais vitais
atípicos, sofrimento respiratório, pressão arterial baixa, frequência cardíaca
[FC] baixa e baixa saturação), síndrome de aspiração de mecônio (atualmente
a entubação é recomendada quando o RN apresenta tônus muscular fraco,
FC < 100 bpm ou um esforço respiratório insuficiente) e prematuridade com
sofrimento respiratório, o qual pode ser causado por uma insuficiência na
produção de surfactante. A entubação endotraqueal é de responsabilidade
médica, cabendo ao enfermeiro a responsabilidade de preparar e testar todo
o material e a medicação solicitada (STONE et al., 2016).

O balanço do oxigênio e as trocas de gás carbônico nos pulmões e em células envol-


vem mecanismos fisiológicos complexos. Pacientes críticos requerem intervenções
terapêuticas para a manutenção desse equilíbrio da troca respiratória, portanto, faz-se
necessária a monitorização contínua de alguns parâmetros, como a oximetria de
pulso, por exemplo.

Terapia venosa
As crianças e os RNs também podem passar por outros procedimentos inva-
sivos durante a internação hospitalar, como a punção venosa periférica, cujo
objetivo é a administração de medicamentos, a correção de déficit hídrico e/
ou a infusão de derivados do sangue. Em alguns casos, esses procedimentos
podem ocasionar complicações, como trombose e infecções (GOODMAN et
al., 2011). Já a punção venosa central é utilizada para obter acesso à circulação
venosa central, monitorar a pressão venosa central e infundir nutrição paren-
teral, terapia venosa prolongada, componentes sanguíneos e grandes volumes
de líquidos, além de possibilitar a coleta de amostras de sangue.
Para os pacientes que necessitam de terapia venosa central de longa perma-
nência, ou que necessitam de acesso venoso repetidas vezes, a melhor opção
pode ser um CCIP, já que ele apresenta menor risco de complicações mecânicas
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e infecciosas. Ressalta-se que esse procedimento deve ser realizado por um


profissional capacitado e treinado (DI SANTO et al., 2017).
O cateterismo umbilical venoso é indicado em casos de exsanguineotrans-
fusão, reanimação na sala de parto (acesso venoso de urgência) e infusão de
soluções de manutenção e/ou medicações, podendo ser utilizado como acesso
venoso para RN < 1 kg. O cateterismo umbilical arterial pode ser utilizado
para medições frequentes e contínuas da gasometria arterial e monitorização
contínua da pressão arterial (PA), já que é indicado nas situações de gravi-
dade, independente do peso do RN ao nascer. É importante citar que esses
procedimentos podem ocasionar complicações, como acidentes vasculares ou
tromboembólicos, infecção, sangramento secundário ocasionado pelo deslo-
camento do cateter devido à má fixação e alteração de perfusão de membros
inferiores (STONE et al., 2016).

Fototerapia
Outro procedimento não invasivo é a fototerapia. O RN pode sofrer um processo
benigno e secundário ao aumento da bilirrubina indireta, também conhecido
como hiperbilirrubinemia indireta ou icterícia, podendo esta ser tóxica e
causar danos neurológicos irreversíveis ou indicar alguma doença de base.
A bilirrubina é gerada na quebra da hemoglobina. Primeiramente, ela não se
dilui em água (bilirrubina indireta), sendo então conjugada no fígado (bilir-
rubina direta) e excretada no intestino. A icterícia pode ser tratada de várias
formas, entre elas, pela Fototerapia, que tem sua eficácia terapêutica associada
à quantidade de energia luminosa (irradiância) emitida no comprimento de
onda do espectro da luz visível (MAROSTICA et al., 2018).

Toracocentese
A toracocentese implica a aspiração de líquido ou ar do espaço pleural. Esse
procedimento alivia a compressão do tecido pulmonar e a angústia respiratória
ao remover ar ou líquido acumulado em decorrência de lesão ou patologias,
como pneumotórax hipertensivo e derrame pleural (GOODMAN et al., 2011).

Paracentese
Em casos de paciente com acúmulo de líquido no espaço peritoneal, realiza-se
a aspiração desse líquido ascítico, denominada paracentese abdominal. Esse
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procedimento pode ser realizado junto ao leito do paciente e é usado para


diagnóstico de ascite e também para alívio (GOODMAN et al., 2011).

Sondagem gástrica/enteral
Com o objetivo de facilitar o acesso à cavidade gástrica, utiliza-se a sonda
nasogástrica (SNG) ou orogástrica (SOG), as quais são instaladas no estômago
para que seja feita a descompressão do trato gastrintestinal superior, a lavagem
gástrica ou a administração de dieta enteral e medicamentos em pacientes
comatosos ou incapacitados. Para a nutrição enteral de longa duração, utiliza-se
a sonda nasoenteral (SNE) ou a sonda oroenteral (SOE), que são instaladas no
intestino. Essas sondas são produzidas de polietileno, sendo, portanto, mais
resistentes às secreções gástricas. A SNE e a SOE têm a sua ponta distal,
mantendo-se bem posicionadas por essa razão, e são radiopacas, o que permite
que sejam visualizadas por meio de exames radiológicos para confirmar o seu
posicionamento. Ambas são numeradas e escolhidas de acordo com o tamanho
e a idade da criança (MAROSTICA et al., 2018).

Sondagem vesical
O cateterismo vesical consiste na introdução de um cateter estéril na bexiga
pela uretra, com técnica asséptica, visando a drenar a urina. No cateterismo
vesical de alívio, é feita a introdução de um cateter para esvaziamento da
bexiga com retenção urinária e coleta de amostras de diurese para análise
laboratorial. Sua retirada é imediata. Já no cateterismo vesical de demora,
o cateter é introduzido para esvaziamento da bexiga, mas com permanência
prolongada, cujo objetivo é possibilitar o controle hídrico adequado e o tra-
tamento de retenção urinária (pós-operatório, hipertrofia prostática, bexiga
neurogênica) e obter amostra de urina para exames (GOODMAN et al., 2011).

Principais procedimentos invasivos e não


invasivos em pediatria
Todos os procedimentos utilizados em neonatos servem também para os
pacientes pediátricos, entretanto, com os pediátricos podem ser realizados
outros procedimentos além destes. Para ventilar um paciente pediátrico com
esforço respiratório, a VOF é uma forma benéfica, a qual também é conhecida
como Cânula de Guedel (Figura 2). Conforme Stone et al. (2016), o tamanho de
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uma VOF é medido por meio da distância entre os cantos da boca e o ângulo
da mandíbula. Uma VOF é inserida de forma que sua porção convexa fique
posicionada para cima e a côncava para baixo, acompanhando a curvatura da
língua, conforme ilustrado na figura 2.

Figura 2. Inserção da Cânula de Guedel.


Fonte: Nehris/Shutterstock.com; Stone et al. (2016).

Na máscara simples de oxigênio, este flui por meio de um portal de entrada


no fundo da máscara, saindo por furos ao lado dela. Quando mal ajustada, a
máscara pode fornecer concentrações imprevisíveis de oxigênio, já que elas se
diluem no ar ambiente. A máscara simples de oxigênio é usada em pacientes
10 Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria

com hipoxemia, mas não pode ser utilizada em terapia prolongada, devido à
imprecisão (STONE et al., 2016). Já na máscara de oxigênio de não reinalação,
durante a inspiração, a válvula inspiratória unidirecional se abre, direcionando
o oxigênio de uma bolsa reservatória para a máscara. Durante a expiração, o
gás deixa a máscara por intermédio das válvulas expiratórias unidirecionais
e vai para a atmosfera, fazendo com que o paciente respire apenas o ar da
bolsa. A máscara administra a mais alta concentração possível de oxigênio
(60–90%) e é efetiva para terapias em curto prazo.
A CNAF é utilizada em casos de sofrimento respiratório em RNs e crianças,
de modo a possibilitar uma melhora na conduta das vias aéreas, fornecendo
pressão positiva em baixos níveis. Essa estratégia proporciona misturas de
gases aquecidos e umidificados por meio de uma cânula nasal específica. A
fração inspirada de oxigênio fornecida é de até 1,0 e o fluxo máximo é de 60
L/min (PIRES; MARQUES; MASIP, 2018).
Nos pacientes em choque com elevada resistência vascular periférica, podem
ser registradas divergências significativas na mensuração da pressão arterial
sistêmica ao comparar os métodos convencionais (auscultatório/palpatório) com
a técnica de mensuração direta por cateter intra-arterial. A monitoração direta
da PA é um método mais preciso, pois possibilita a mensuração contínua das
pressões sistólica, diastólica e média e também a coleta de amostras de sangue
arterial. Nos casos de pacientes que requerem altas doses de drogas vasoativas
potentes ou que necessitem de frequentes coletas de amostras de sangue, é de
fundamental importância uma mensuração frequente e, se possível, contínua
da PA. Nesses momentos, o médico pode optar por uma punção arterial com
um cateter intra-arterial para a monitorização da PAM.
A entubação endotraqueal em bebês e crianças é indicada em casos de
obstrução da via aérea causada por edema, lesão na traqueia, laringe ou brôn-
quios ou até mesmo devido à presença de corpo estranho (Figura 3). Crianças
com insuficiência respiratória apresentam sintomas diferentes, dependendo
da etiologia e da idade. Um sintoma clínico precoce e comum em qualquer
idade é a taquipneia, porém, tiragens intercostais e subdiafragmática, tiragem
de fúrcula, batimento de asa de nariz, dispneia e diminuição ou ausência dos
sons respiratórios são comuns a qualquer etiologia no desconforto respiratório.
Quando a causa do bloqueio respiratório é ultrapassada pelo tubo endotraqueal,
a via aérea do paciente é aberta, preservando a respiração normal (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE PEDIATRA, [2017?]; STONE et al., 2016).
Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria 11

Figura 3. Entubação endotraqueal.


Fonte: KITTIPONG SOMKLANG/Shutterstock.com.

Planos de ações para prevenir intercorrências


em procedimentos invasivos em neonatologia
e pediatria
A eficácia do tratamento de pacientes com procedimentos invasivos requer a
elaboração de um plano de cuidados da equipe multidisciplinar. Uma abor-
dagem coordenada do cuidado é útil para a coordenação do cuidado com o
paciente, além de aperfeiçoar os resultados.
O plano de cuidados é um processo específico do diagnóstico e faz com que
toda a equipe multidisciplinar esteja focada nos resultados esperados para o
paciente (CHULAY; BURNS, 2012). A enfermagem deve estar sempre atenta
para minimizar os riscos de segurança inerentes ao ambiente hospitalar. É
necessário considerar todos os aspectos que envolvem o ambiente, como o uso
inadequado de um equipamento, trilhos da cabeceira e cabos e tubulações no
chão. Além disso, a equipe multidisciplinar deve manter uma comunicação
efetiva com o paciente e a sua família.
O paciente doente já é predisposto a várias complicações fisiológicas e
patológicas, sendo assim, a função da equipe que atua junto a ele é prevenir
complicações associadas à doença crítica e aos procedimentos invasivos a que
ele é submetido (CHULAY; BURNS, 2012). Dessa forma, faz-se necessário
12 Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria

entender que todo cuidado com o paciente pediátrico envolve também o cuidado
com a sua família, sendo assim, é imprescindível que a equipe desenvolva uma
parceria e um relacionamento de confiança com a família. Ressalta-se que o
plano de cuidados ao paciente em uso de procedimentos invasivos inclui lavar
as mãos antes de manipular quaisquer procedimentos invasivos (Quadro 2).

Quadro 2. Plano de cuidados em paciente em uso de procedimentos invasivos

Procedimento Cuidados

Entubação  Confirmar o posicionamento do tubo endotraqueal


endotraqueal após a punção por raio X
 Aspirar as secreções conforme necessidade do paciente
para evitar obstrução do tubo endotraqueal
 Atentar-se ao tamanho da sonda de aspiração e utilizar
luva plástica estéril para efetuar tal procedimento
 Verificar se a fixação do tubo endotraqueal está correta
para evitar extubação acidental
 Conter membros superiores para evitar extubação
acidental

Punção venosa  Avaliar a cada 24 h o local de inserção do cateter com


periférica o uso de curativo semipermeável transparente e
observar se existem sinais flogísticos (p.ex., rubor, calor,
infiltração, edema, dor local)
 Realizar antissepsia do hub (torneirinha) com álcool 70%
antes da infusão de qualquer solução

Punção venosa  Confirmar o posicionamento do cateter após a punção


central por meio de raio X
 Irrigar o cateter rotineiramente para evitar obstrução
 Lavar o cateter com SF (soro fisiológico) 0,9% ao
término de cada administração de medicamentos para
deixá-lo limpo
 Trocar o curativo todos os dias em caso de curativos
oclusivos com gaze, mas a preferência é que seja
realizado com curativo semipermeável transparente
com intervalos de 3 a 7 dias e mais frequentemente se
o curativo tiver a integridade comprometida
 Avaliar a cada 24 h o local de inserção do cateter com
o uso de curativo semipermeável transparente e
observar se existem sinais flogísticos (p.ex., rubor, calor,
infiltração, edema, dor local)

(Continua)
Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria 13

(Continuação)

Quadro 2. Plano de cuidados em paciente em uso de procedimentos invasivos

Procedimento Cuidados

 Realizar antissepsia do hub (torneirinha) com álcool 70%


antes da infusão de qualquer solução

CCIP  Inserção por um profissional capacitado e treinado


 Confirmar o posicionamento do cateter após a punção
por meio de raio X
 Realizar a técnica com turbilhonamento ao infundir
medicamentos e, ao término, lavar com SF 0,9% para
evitar obstrução do cateter
 Trocar o curativo todos os dias em caso de curativos
oclusivos com gaze, mas a preferência é que seja
realizado com curativo semipermeável transparente
com intervalos de 3 a 7 dias e mais frequentemente se
o curativo tiver a integridade comprometida
 Realizar antissepsia do hub (torneirinha) com álcool 70%
antes da infusão de qualquer solução
 Avaliar a cada 24 h o local de inserção do cateter com
o uso de curativo semipermeável transparente e
observar se existem sinais flogísticos (p.ex., rubor, calor,
infiltração, edema, dor local)

Cateterismo  Utilizar SF 0,09% para manter a permeabilidade do


umbilical cateter em infusão contínua
venoso e arterial  Confirmar o posicionamento do cateter após a punção
por meio de raio X
 Observar sinais de isquemia em pés, se for realizado o
cateterismo arterial

Toracocentese  Explicar o procedimento ao paciente


 Estar atento para não contaminar campos estéreis
durante o procedimento, evitando infecções por
contaminação
 Avaliar sinais vitais durante o procedimento

SNG e SNE  Observar fixação de sonda para evitar lesão em aleta


nasal por pressão da sonda
 Trocar fixação a cada 24 h
 Certificar-se que a sonda está no estômago antes da
infusão de dietas e medicamentos
 Lavar a sonda a cada 4 h para evitar obstrução
 Elevar a cabeceira a 45° para infundir dieta enteral ou
para realizar a lavagem da sonda

(Continua)
14 Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria

(Continuação)

Quadro 2. Plano de cuidados em paciente em uso de procedimentos invasivos

Procedimento Cuidados

Paracentese  Explicar procedimento ao paciente


abdominal  Estar atento para não contaminar campos estéreis
durante o procedimento, evitando infecções por
contaminação
 Avaliar sinais vitais durante o procedimento

Cateterismo  Explicar o procedimento ao paciente


vesical de alívio  Estar atento para não contaminar campos estéreis
e demora durante procedimento, evitando infecções por
contaminação
 Fixar a sonda na parte lateral da coxa em mulheres e na
região suprapúbica em homens
 Insuflar o balonete após a introdução de toda a sonda e
o retorno da diurese, a fim de evitar lesão na uretra por
insuflação do balonete

PAM  Trocar o curativo todos os dias em caso de curativos


oclusivos com gaze
 Realizar antissepsia do hub (torneirinha) com álcool 70%
antes de coletar amostras de sangue
 Avaliar a cada 24 h o local de inserção do cateter com
o uso de curativo semipermeável transparente e
observar se existem sinais flogísticos (p.ex., rubor, calor,
infiltração, edema, dor local, hematoma)
Procedimentos de enfermagem em neonatologia e pediatria 15

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