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UTI Neonato

Seção 2.2 e Seção 2.3


Profa. Tatiana da Silva Roa
Cronograma
27/02 - Apresentação e Seção 1.1
06/03 - Seção 1.2 e 1.3
13/03 - Seção 2.1
20/03 - 2.2 e 2.3
27/03- Prática
03.04 - Trabalho
10.04 - Avaliação
17.04 - 3.1
24.04 - 3.2 e 3.3
08.05 - 4.1 e 4.2
15.05 - 4.3 e prática
29.05 - Trabalho
05.06 - Avaliação
Oxigenoterapia em RN

Definição:

Administração de oxigênio suplementar com o objetivo de elevar


ou manter a saturação de oxigênio acima de 90%.
Indicações Oxigenioterapia

• Correção de danos da hipoxemia: para realização de funções


metabólicas

• Diminuir sintomas associados à hipoxemia crônica: alteração


na FR (dispneia, taquipneia, bradipneia, confusão mental ou
agitação, cianose labial e de extremidades, palidez e
sudorese.
Sistemas de oferta de O2

1) Sistemas de Baixo Fluxo


• Concentração de O2 varia entre 22% e 60%.
• Fluxos de 8l/min a 12l/min
• Cateteres ou máscaras.

**Problemas de utilização como: fluxo inexato,


vazamentos,obstruções, deslocamento do dispositivo e irritação
cutânea
Sistemas de oferta de O2

2) Sistemas com Reservatório


• O2 armazenado em um reservatório e liberado em toda
respiração
• Máscara ou cateter.

**Geralmente utilizado para transporte


Sistemas de oferta de O2
3) Sistemas de Alto Fluxo
• Fluxos maiores que 60l/min.
• Mistura de ar comprimido e O2 para determinar uma
concentração necessária através de sistemas de misturadores
• Máscara de Venturi
Máscara de Venturi
Sistemas de oferta de O2
4) Sistemas Cercados
• Dispositivos em que o paciente é adaptado a um ambiente
fechado com oxigênio controlado.
• Mais utilizados em neonatos e lactentes, com a devida
adaptação ao tamanho e necessidade de oxigenação.
• Oxitendas, halos e incubadoras.
Aerossolterapia

Inaloterapia é utilizada em necessidade de melhor umidificação


de vias aéreas e tratamento dos sintomas do broncoespasmo.

Podem se utilizar apenas uma solução fisiológica ou associar


medicamentos específicos para o sistema respiratório.
Aerossolterapia

Vias aéreas do recém-nascido:


• Mais estreitas
• Língua maior que a cavidade oral
• → pode impactar o medicamento na cavidade oral ou nas vias
mais distais.
Monitorado pela equipe para escolha do método mais eficaz:
• Espaçador ou um inalador de micropartículas.
**Partículas se quebram e avançam até as vias mais distais,
diminuindo o broncoespasmo, melhorando a ventilação
Princípios de mecânica
pulmonar e indicações da
ventilação mecânica em
neonatologia
Mecânica pulmonar RN

Mecânica pulmonar no RN também é bastante peculiar


Sistema respiratório apenas amadurece totalmente entre 8 e 12
anos de idade.
Diferenças anatômicas e fisiológicas do
sistema respiratório no recém-nascido
• Cabeça é proporcionalmente maior:
tendendo a obstruir a passagem de ar.

• Laringe está posicionada na parte


mais superior no pescoço

• Glote é mais afunilada do que a de um


adulto, propiciando assim uma maior
resistência à passagem de ar.

• Tamanho em comprimento e da luz


destas vias aéreas menor e possuem
um suporte cartilaginoso escasso com
baixa estabilidade das vias aéreas de
condução→ tendendo ao
colabamento e aumento da
resistência.
Diferenças anatômicas e fisiológicas do sistema
respiratório no recém-nascido

• Árvore traqueobrônquica de
um RN é mais complacente

• Gradil costal é composto


principalmente por cartilagem e
tem alta complacência.

• Vísceras abdominais que são


proporcionalmente maiores
limitando a incursão vertical do
diafragma.

• Alvéolos são menos


complacentes, devido ao seu
tamanho e fase de
desenvolvimento pulmonar.
Atenção!!!

**Esses fatores fazem com que a indicação do suporte


ventilatório seja mais cuidadosa e diferente da ventilação de
crianças maiores ou adultos

**Pensar nas indicações que serão mais imediatas para diminuir


o risco de fadiga diafragmática e piora da insuficiência
respiratória.
Ventilação Mecânica
Invasiva
VMI
Necessidade de um tubo endotraqueal para manter a insuflação pulmonar
Indicações VMI
• Diminuir o trabalho respiratório e melhorar a ventilação alveolar;

• Reexpandir as áreas atelectasiadas (áreas que ficam colabadas


impedidas de aeração) e manter níveis adequados de oxigenação;

• Reduzir alterações da relação ventilação/perfusão (V/Q);

• Recém-nascidos com menos de 1.500 g;

• Asfixia Perinatal, Fadiga muscular;


Indicações VMI

• Pressão arterial de oxigênio (paO2 ) menor que 50 mmHg com fração


inspirada de oxigênio (FiO2 ) maior que 50% e pressão arterial de dióxido de
carbono (paCO2) maior que 50 mmHg nas primeiras 72 horas de vida;

• pH < 7,20 persistente ou piora gasométrica ou do quadro clínico;

• Apneia ou Boletim de Silverman-Andersen (BSA) com valores acima de 8

• Parada cardiorrespiratória, diminuição do nível de consciência


Modalidades ventilatórias
convencionais e avançadas
em neonatologia
Importante lembrar

Complacência é diminuída nos alvéolos e aumentada na caixa torácica:


→ criança faz maior esforço respiratório para manter um padrão
adequado de ventilação.

Resistência é dez vezes maior que nos adultos, devido à diminuição


desde as narinas até o calibre dos brônquios e bronquíolos.

***complacência é a forma com que o parênquima pulmonar consegue


acomodar o volume de ar que entra e sai dos pulmões a cada ciclo
respiratório
Características VM RN

• Concentração variável e conhecida de Ar/ O2 (Blender)


• Baixa complacência interna
• Umidificação aquecida
• Permitir ciclagem de alta frequência
• Fluxo contínuo
• Controle de tempo inspiratório
• Pequeno espaço morto.
Parâmetros de Admissão:

Ciclo respiratório: soma da fase inspiratória com a fase


expiratória.

• Ajuste de entrada de ar:


• Tempo inspiratório
• Frequência respiratória
• Tempo expiratório
• Relação tempo inspiratório/tempo expiratório
**Adequação da constante de tempo
Utiliza-se padrão de 1:2 ou 1:1,5
Parâmetros de Admissão
Disparo da frequência respiratória pode ser a tempo: ajuste de FR
permitindo ciclos regulares.

Disparo a fluxo ocorre quando há alteração no fluxo no circuito:


aparelho demanda um ciclo respiratório quando o fluxo é diminuído
no circuito.

Disparo a pressão: aparelho percebe diminuição na pressão.

Disparo a sensibilidade do aparelho: reconhece o esforço do


paciente e demanda um ciclo respiratório.
Parâmetros de Admissão
Ciclagem: como o ciclo respiratório vai ocorrer

A pressão: quando a pressão predeterminada é atingida nas vias aéreas

A tempo: quando o tempo inspiratório é atingido

A fluxo: quando o fluxo é diminuído no circuito


A volume: quando o volume predeterminado é atingido nas vias aéreas

***A Tempo: Pressão Limitada e Fluxo Contínuo → muito utilizada em


neonatos, pois é mais fisiológica, permite melhor monitoração e
possui menores riscos de lesão pulmonar.
Diretrizes Brasileiras de Ventilação Mecânica
em Pediatria e Neonatologia
Modalidades mais utilizadas em Neonatologia

Ventilação controlada a volume (VCV):


• Fluxo é constante, alcançando os alvéolos em um tempo
inspiratório prefixado (a partir da FR e da relação I:E)

• Limita-se a pressão inspiratória de pico (PIP) como medida de


segurança contra barotrauma (lesão por excesso de pressão
nos alvéolos causando ruptura destes).
Modalidades mais utilizadas em Neonatologia

Ventilação controlada a pressão (PCV):


• Fluxo é desacelerado, o que tende a distribuir melhor o gás
para os alvéolos.

• Tempo inspiratório (TI) é prolongado o suficiente para que o


fluxo alcance todas as vias aéreas e alvéolos ao final da
inspiração, medida protetora de barotrauma.
Modalidades mais utilizadas em Neonatologia

Ventilação Assisto-Controlada (VAC):


• Conhecida como assistido-controlada, é especialmente útil
em pacientes com variação do nível de consciência ou da força
muscular, portanto, os neonatos se beneficiam devido ao
padrão respiratório irregular.

• Ciclos controlados são disparados de maneira sincronizada


aos esforços do paciente e, caso este não apresente ciclos
espontâneos, o ventilador dispara um ciclo mecânico a tempo.
Modalidades mais utilizadas em Neonatologia

Ventilação mandatória sincronizada associada a uma garantia


mínima de volume (SIMV + Volume Garantido)
• Possui ciclagem a tempo, com limite de pressão inspiratória,
sincronizando com a frequência respiratória espontânea do bebê

• Possui disparo a fluxo e é mais sensível à ciclagem, além de


possuir menor pico inspiratório.
Ventilação avançada
Produz menores efeitos colaterais da VM, com menos risco de
barotrauma e lesões de cisalhamento

• melhora do volume pulmonar


• Limite da expansão pulmonar
• PEEP adequado
• Tempos inspiratórios curtos
• Volumes correntes menores
• Hipercapnia permissiva
• Diminuição da hiperoxia.
Modalidade Avançada

Ventilação por Pressão de Suporte (PSV):


Ciclos respiratórios disparados e limitados à pressão
Paciente apresenta esforço inspiratório, assim o aparelho detecta
e fornece uma pressão constante no circuito.
Permite que o paciente controle o tempo inspiratório e o volume
corrente.
Modalidade Avançada
Ventilação por Alta Frequência (VAF)
• Modalidade onde se administra pequenos volumes correntes,
com pressões médias constantes nas vias aéreas, em elevadas
frequências ventilatórias (até 4 vezes a FR de base).

• Reduzindo grandes movimentos pulmonares, em contrapartida,


reduzindo a distensão da parede alveolar e aliviando o dano
induzido pelo estiramento.

• Trabalha-se com frequências entre 2Hz e 100Hz para atingir a


FR adequada e volumes inferiores aos do espaço morto
anatômico.
Modalidade Avançada

Ventilação com Relação I;E Invertida (VRI):


• Também indicada para pacientes graves

• Mantém alvéolos recrutados por mais tempo: melhora a


oxigenação.

• Deve-se inverter a relação inspiração/expiração com aumento


da frequência respiratória, objetivando aumentar o tempo
inspiratório (TI).
Desmame da ventilação
mecânica invasiva no
neonato
Desmame

• Transição da VM para a respiração espontânea em pacientes


que utilizam ventilação invasiva por mais de 24 horas

• Ocupa 40% do tempo da ventilação

• Média de duração da VM nestes pacientes é de 6 a 7 dias.

• Realizado em 3 Fases
Desmame - Fase 1

1) Diminuição dos parâmetros do ventilador até o neonato


conseguir independência ventilatória
Adequado utilizar:
• Pressão de Suporte entre 7-10 cmH2 O
• Pressão expiratória final positiva (PEEP) de 5 cmH2 O,
• Parâmetros mínimos de ventilação: PIP< 25-30cmH2 O, PEEP
<5-8cmH2 O, FiO2 <0,5, frequência respiratória fisiológica
para a idade e PS 5-7cmH2 O.
Desmame Fase 2

2) Retirada total
Ocorre quando o RN é submetido a curtos períodos de VM com
menos de 24 horas. Não é considerado um método de desmame
pelo Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica em Pediatria.

**Nesta fase, a extubação pode ser realizada após testes de


respiração espontânea.
Teste de Respiração Espontânea (TRE)
Retira-se FR do aparelho, assim a criança terá que manter sua
respiração de acordo com o seu esforço respiratório
Observada por um breve período (até 30 min.) de respiração
espontânea, em seguida é extubada.
Avaliar sinais clínicos:
• Mudança do estado de consciência
• Início ou piora do desconforto respiratório
• Saturação de O2 < 85-90%, pH < 7,25
• Frequência cardíaca maior que 20% da basal
• Pressão arterial sistólica maior que 20% da basal
• Aumento da frequência respiratória mais que 50% da basal.
Desmame Fase 3

3) Retirada do oxigênio suplementar.


Neste ponto a criança estará apta a manter sua ventilação e
trocas gasosas sem a necessidade de oxigênio, que é retirado
gradativamente até a criança estar em ar ambiente.
Critérios para desmame em Neonatologia
• Ausência de evento cirúrgico próximo;

• Estado de alerta ou ausência de sedação;

• Estabilidade hemodinâmica (desmame ou ausência de drogas vasoativas)

• Equilíbrio ácido-básico (pH>7,30 e <7,50);

• paO2 >60mmHg ou SpO2 >90% (RN:paO2 >50mmHg e SpO2 >88%) com FiO2 <40%.

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