Você está na página 1de 6

Apneia do sono

saudebemestar.pt/pt/medicina/pneumologia/apneia-do-sono

O que é apneia do sono?


A apneia do sono é uma doença caracterizada por interrupções da respiração (“apneia
respiratória”) que podem levar o doente a despertar com uma sensação de asfixia (“falta
de ar”).

A síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) ou simplesmente apneia do sono


é dos distúrbios respiratórios do sono mais frequentes em todo o mundo, afetando pelo
menos 14% dos homens e 7% das mulheres em Espanha. Não dispomos, até ao momento,
de dados fidedignos acerca da prevalência da doença em Portugal, mas pressupomos que
seja semelhante. Ou seja, deve existir cerca de um milhão de pessoas em Portugal que
padecem da SAOS.

Sintomas na apneia do sono


Na apneia do sono, os sinais e sintomas mais frequentes são a hipersónia (sonolência
excessiva durante o dia), a roncopatia (ressonar), despertares com sensação de asfixia,
sudorese noturna (transpiração durante o sono), boca seca, sensação de sono não
reparador, cefaleias matinais (dores de cabeça), dificuldade em concentrar-se, alterações
cognitivas (memória, capacidade de cálculo ou raciocínio) irritabilidade e ansiedade.

1/6
Estes sinais e sintomas surgem na sequência do colapso repetitivo das vias aéreas
superiores durante o sono, provocando despertares frequentes e consequente
fragmentação do sono, levando a que o doente possua uma deficiente ou má qualidade do
sono.

Também ocorre hipoxemia (baixa de oxigénio no sangue), aumento do dióxido de carbono


(hipercapnia) e intensas oscilações da pressão intratorácica com uma acrescida atividade
simpática que estão na origem dos sintomas descritos e das consequências da SAOS.

Causas da apneia do sono


As principais causas de apneia obstrutiva do sono são a obesidade, hipertrofia das
amígdalas, alterações crânio-faciais e aumento da circunferência do pescoço. No caso da
apneia do sono central, a causa mais comum é a insuficiência cardíaca e mais
raramente o acidente vascular cerebral (AVC).

Existem factores que contribuem para um aumento do risco de contrair esta doença, a
saber: idade avançada, ser do sexo masculino, obesidade, circunferência do pescoço
aumentada, alterações craniofaciais, predisposição familiar (fatores genéticos), obstrução
nasal, tabagismo (fumadores) e o consumo de álcool.

No caso da apneia do sono em crianças (apneia infantil) ela é maioritariamente provocada


por hipertrofia das amígdalas e dos adenóides.

Diagnóstico da apneia do sono


A polissonografia é o exame indicado para diagnosticar a apneia do sono. Este exame
para além de permitir o diagnóstico da apneia do sono, permite também conhecer a
gravidade da doença.

Para estabelecermos o diagnóstico de apneia de sono, durante o estudo do sono teremos


que observar no mínimo cinco eventos respiratórios obstrutivos (apneias, hipopneias,
esforço respiratório que provoque o despertar) por hora de sono associados a clínica
compatível. Também é suficiente para o diagnóstico da doença, quando ocorrerem quinze
ou mais eventos obstrutivos respiratórios por hora de sono, mesmo sem sintomas. Assim,
o doente pode nem saber que padece de apneia do sono e padecer da doença classificada
como grave (severa).

A polissonografia utiliza os seguintes termos, cujos significados passamos a descrever:

Apneia: Estamos perante uma apneia quando ocorre um decréscimo superior a 90% da
amplitude do fluxo aéreo de duração igual ou superior a 10s.

Hipopneia: Estamos perante uma hipopneia quando ocorre uma redução superior a
30% da amplitude do fluxo aéreo acompanhada de diminuição da saturação de oxigénio
igual ou superior a 3% e/ou microdespertar, durante pelo menos 10s.

2/6
RERA (RESPIRATORY EFFORT-RELATED AROUSAL) presença de achatamento da
curva de fluxo nasal ou aumento do esforço respiratório que precede um despertar (sem
preencher critérios de apneia ou hipopneia).

Índice de Apneia / Hipopneia (IAH): número de apneias e hipopneias por hora de


registo.

RDI (Respiratory Disturbance index) é o número de apneias, hipopneias e RERAs


por hora de sono.

A classificação da gravidade da SAOS é feita com base no RDI obtido através de


polissonografia. Assim, classifica-se como:

Ligeira (ou leve)se RDI=5 e <15/h;


Moderada se RDI =15 e =30/h;
Grave (ou grau acentuado) RDI>30/h.

Saiba, aqui, tudo sobre polissonografia.

Esta avaliação serve de guia para tratar a doença. É possível, ainda, identificar os doentes
que possuem um risco acrescido de sofrer complicações de modo a poder agir o mais
precocemente possível. Este exame permitirá também avaliar no futuro a eficácia do
tratamento subsequente.

A doença deve ser diagnosticada por um médico Pneumologista, especialista em apneia


do sono, que deve procurar aos primeiros sinais ou sintomas ou nos casos de possuir
alguns fatores de risco atrás mencionados.

Após o diagnóstico, o doente deve ser informado sobre as complicações clínicas da


doença, ser alertado para os factores de risco, história natural e sobre os perigos de
conduzir ou manobrar equipamentos perigosos com sonolência.

Complicações da apneia do sono


A apneia do sono pode ser um grave problema de saúde cuja gravidade é
independente da sintomatologia. A apneia do sono não tratada é um factor de risco
acrescido para doenças graves: diabetes, hipertensão arterial, arritmias cardíacas, AVC,
insuficiência cardíaca, entre outros. Além disso, a apneia do sono, pode causar disfunção
sexual nos homens.

Em alguns doentes, a apneia do sono desencadeia consequências bem mais drásticas, pois
pode matar, quer pelo elevado risco de poder levar o doente à morte súbita quer pelo risco
acrescido de acidentes de viação e acidentes de trabalho provocados pela sonolência
excessiva.

Apneia do sono tem cura?

3/6
A apneia do sono é uma doença multifatorial. Dependendo da causa assim vai ser o
tratamento e eventualmente a cura.

A cirurgia ao nariz, a remoção de amígdalas e adenóides poderá ser um tratamento


curativo em crianças e nalguns adultos muito seleccionados.

Saiba, de seguida, como tratar a apneia do sono.

Tratamento da apneia do sono


O tratamento deve ser efetuado de acordo com as causas subjacentes, ou seja, após
diagnóstico e conhecida a causa para a alteração do sono, devemos agir de modo a
eliminar essa mesma causa. Compete sempre ao médico, especialista em doenças do sono,
orientar o tratamento da doença. Até ao momento não existe nenhum medicamento ou
remédio eficaz para o tratamento da apneia do sono.

No caso de existir obstrução anatómica que impeça a normal passagem do ar, deve ser
considerada a correção cirúrgica. Quando tal não existe, a terapêutica específica depende
da gravidade da apneia e das preferências do paciente.

O ventilador com pressão positiva contínua da via aérea (CPAP), abreviatura da tradução
do inglês (Continuous Positive Airway Pressure) é uma máquina usada no tratamento da
apneia do sono e pode ser utilizada em qualquer grau de gravidade da doença. Este
aparelho é eficaz no tratamento da apneia do sono ao gerar uma pressão positiva,
transmitida à via aérea do doente através de uma mascara nasal, permitindo desta forma
a correcção dos eventos respiratórios relacionados com o sono, melhorando em
simultâneo algumas características clínicas.

Em Portugal o Sistema Nacional de Saúde (SNS) comparticipa na totalidade o aluguer do


CPAP, tornando o preço do CPAP num factor que não dificulta a adesão ao tratamento.

Saiba, aqui, tudo sobre CPAP.

Outra possibilidade de tratamento são as próteses bucais ou aparelhos intra-orais. São


aparelhos ortodôntico ou dentários, uma espécie de “placa”, efetuada pelos
dentistas para usar apenas durante o sono. Podem ser recomendadas como terapêutica
alternativa a doentes que recusem o uso de CPAP e que possuem uma apneia de leve a
moderada, uma anatomia das vias aéreas superiores sem alterações significativas e que
apresentem predilecção por este tratamento.

Os doentes obesos (excesso de peso) devem tomar medidas para reduzir o seu peso e em
caso de necessidade devem procurar ajuda médica ou de um nutricionista.

Deve ser evitado o consumo excessivo de álcool e a utilização de medicamentos sedativos


de modo a não agravar a doença.

4/6
O médico deve aconselhar os pacientes a adotarem medidas higienodietéticas
individualizadas de acordo com as suas características. Estas medidas devem permitir
fazer uma melhor higiene do sono, de modo a reduzir os factores que agravam a doença.
Veja mais informação em medidas higienodietéticas.

A qualidade do sono noturno é de extrema importância não só em doentes que padecem


da SAOS como em qualquer pessoa. Essa qualidade depende de muitas atitudes e deste
modo preservar a saúde. Veja quais são as principais recomendações em medidas
higienodietéticas do sono, de modo a melhorar a sua qualidade do sono.

Cirurgia na apneia do sono


A cirurgia deve ser considerada nos casos em que a apneia do sono é causada por
obstrução anatómica que pode ocorrer nos seguintes casos:

Hipertrofia das amígdalas (amígdalas aumentadas);


Hipertrofia dos adenóides (adenóides aumentados);
Anomalias craniofaciais;
Retrognatia ou micrognatia.

A operação necessária de modo a corrigir a anomalia depende da variação anatómica de


cada indivíduo. Infelizmente o tratamento cirúrgico não é eficaz para a maioria dos
doentes graves.

Medidas higienodietéticas do Sono


Todos os doentes que padecem de apneia do sono devem seguir um conjunto de
recomendações, uma espécie de tratamento caseiro ou natural denominado por higiene
do sono. Trata-se de um conjunto de medidas, maioritariamente efetuadas em casa, que
podem permitir atenuar de um modo significativo a gravidade da doença, que passamos a
descrever:

Dormir horas suficientes. Dormir pouco tempo piora as apneias e o ressonar. A


maioria das pessoas, inclusive os adultos, necessitam de dormir entre 7 a 9h por dia;

Evitar a obesidade (não engordar). Ressonar e a apneia do sono são mais


frequentes em indivíduos obesos ou com excesso de peso. Se existir um controlo de
peso, poderá sentir melhorarias significativas. Faça uma alimentação rica e
equilibrada e controle o seu peso.

Não fumar. O tabaco provoca a irritação dos tecidos das vias respiratórias
superiores. Deste modo, pode influenciar a respiração e desenvolver a intensidade
do ressonar. Por outro lado, a nicotina também diminui a qualidade do sono dos
fumadores. Acresce, que o tabagismo também pode desencadear inúmeras outras
doenças. Se é fumador, é importante que pare de fumar imediatamente.

5/6
Não beber ou evitar o consumo de bebidas alcoólicas. As bebidas alcoólicas
deterioram a qualidade do sono, especialmente quando são ingeridas pouco tempo
antes de ir dormir;

Evitar a ingestão de bebidas estimulantes, como por exemplo café, coca-cola,


chá e chocolate. Estas bebidas, possuem um efeito estimulante e se particularmente
consumidas nas horas próximas de ir dormir, alteram a qualidade do sono;

Deve associar a cama a dormir. Se por algum motivo não consegue dormir,
deve levantar-se e realizar atividades até ter sono. Ou seja, não deve manter-se na
cama se não estiver a dormir;

Deve dormir na posição lateral. A posição de “barriga para cima” ao dormir,


piora as apneias e o ressonar. Existem almofadas (ou travesseiro) desenhadas para
este fim, embora sem benefício comprovado;

Não usar medicamentos para dormir nem calmantes. Este tipo de


medicação possui um efeito relaxante nos tecidos das vias respiratórias superiores,
piorando deste modo as apneias do sono e o ressonar;

Possuir um horário regular para dormir. Não deve deitar-se ou levantar-se,


nem demasiado cedo, nem demasiado tarde. Deve conservar um horário regular de
sono, tanto quanto possível.

O doente nunca deve em caso algum tomar medicação sem prescrição médica e deve
procurar ajuda o mais rapidamente possível.

6/6

Você também pode gostar