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CARDIOMIOPATIAS: DILATADA, HIPERTRÓFICA E

RESTRITIVA

Helen Cristiana Naida da Silva


Adrielly Piva
O que é?
● Cardiomiopatia é uma doença do músculo cardíaco do tipo progressiva em que o
coração se encontra anormalmente alargado, espessado e/ ou rígido. Como
resultado, a capacidade do coração bombear sangue está reduzida, geralmente
causando Insuficiência Cardíaca.
Classificações
● Cardiomiopatia dilatada: é o tipo mais comum, e é sobretudo o ventrículo esquerdo
que se encontra afetado e enfraquecido, devido a uma dilatação desta câmara;
● Cardiomiopatia hipertrófica: envolve o espessamento anormal do músculo
cardíaco particularmente do ventrículo esquerdo.
● Cardiomiopatia restritiva: o músculo cardíaco torna-se rígido e menos elástico, o
que significa que o coração não consegue expandir de forma integral e encher de
sangue entre batidas;
Causas - Cardiomiopatia Hipertrófica
● A maioria dos casos de miocardiopatia hipertrófica é herdada.
● Foram identificadas pelo menos 1.500 mutações diferentes que são herdadas
em um padrão autossômico dominante; mutações espontâneas também
podem ocorrer
● Ela pode se desenvolver em pacientes com acromegalia, feocromocitoma e
neurofibromatose.
Fisiopatologia - Cardiomiopatia
hipertrófica
● O miocárdio é anormal, com desarranjo celular e miofibrilar.

● No fenótipo mais comum, o septo anterior e a parede anterior abaixo


da valva aórtica estão intensamente hipertrofiadas e espessadas, com
pouca ou nenhuma hipertrofia da parede posterior do ventrículo
esquerdo (VE).
Fisiopatologia - Cardiomiopatia
hipertrófica
● Cerca de dois terços dos pacientes apresentam fisiologia obstrutiva em repouso ou
durante exercícios.
● A obstrução é resultado da impedância mecânica da saída do VE durante a sístole
devido ao movimento anterior sistólico (MAS) da valva mitral.
● A valva mitral e o aparelho valvar são sugados pela via de saída do VE por um efeito de
Venturi do fluxo sanguíneo de alta velocidade, resultando em obstrução do fluxo e
diminuição do débito cardíaco.
Fisiopatologia - Cardiomiopatia
hipertrófica
● Tardiamente, a fração de ejeção eleva-se, pois o ventrículo tem volume pequeno,
esvaziando-se quase completamente para manter o débito cardíaco.
● A hipertrofia torna a câmara rígida e não complacente, a qual resiste ao enchimento
diastólico, elevando a pressão diastólica final e, por essa razão, aumentando a pressão
venosa pulmonar.
● Como a taquicardia proporciona menos tempo para o enchimento, os sintomas tendem
a surgir principalmente durante o esforço ou taquiarritmias.
Fisiopatologia - Cardiomiopatia
hipertrófica
● Uma dissincronia entre oferta e demanda também pode estar presente devido ao
aumento da demanda de oxigênio causada pela hipertrofia e condições adversas de
carga.
● Em alguns casos, os miócitos morrem gradualmente, é provável que isso ocorra porque
o desequilíbrio capilar/miócito provoca isquemia difusa crônica. À medida que os
miócitos morrem, eles são substituídos por fibrose difusa.
Causas - Cardiomiopatia dilatada
Causas - Cardiomiopatia dilatada
Causas - Cardiomiopatia dilatada
Fisiopatologia - Cardiomiopatia dilatada

● A disfunção do miocárdio da miocardiopatia dilatada ocorre na ausência de outras


doenças que causam dilatação do miocárdio.

● Em alguns pacientes, acredita-se que a miocardiopatia dilatada comece com miocardite


aguda (viral na maioria dos casos), seguida de fase latente variável, fase com necrose
difusa dos miócitos miocárdicos (decorrente de reação autoimune aos miócitos
alterados pelo vírus) e fibrose crônica.
Fisiopatologia - Cardiomiopatia dilatada
● Independentemente da causa, o miocárdio dilata, fica mais fino e apresenta hipertrofia
como compensação, geralmente levando à regurgitação mitral ou à regurgitação tricúspide
funcional e à dilatação atrial.
● Na maioria dos pacientes, a doença compromete ambos os ventrículos; em alguns
pacientes, a doença compromete apenas o ventrículo esquerdo e, raramente, compromete
apenas o ventrículo direito.
● Pode haver formação de trombos murais por causa da estase do sangue quando a
dilatação e disfunção da câmara são significativas.
Fisiopatologia - Cardiomiopatia dilatada
Causas - Cardiomiopatia restritiva
Fisiopatologia - Cardiomiopatia restritiva
● A cardiomiopatia restritiva pode ocorrer quando o músculo cardíaco é gradualmente
invadido ou é substituído por tecido cicatricial, ou quando substâncias estranhas de
acumulam no miocárdio
● A forma congênita da cardiomiopatia restritiva ocorre em bebês e crianças que têm
fibroelastose endocárdica. Nessa doença rara, uma camada espessa de tecido fibroso
reveste o ventrículo esquerdo.
Fisiopatologia - Cardiomiopatia restritiva
● As valvas mitral ou tricúspide podem desenvolver disfunção, conduzindo à regurgitação. Se
houver comprometimento de tecidos nodais ou de condução, pode ocorrer disfunção do nó
sinoatrial (SA) e atrioventricular, causando, algumas vezes, vários graus de bloqueio SA e
bloqueio AV.
● Causa disfunção diastólica, com um ventrículo rígido e não complacente, o
comprometimento do enchimento diastólico e a elevação da pressão de enchimento,
conduzindo à hipertensão venosa pulmonar.
● Pode haver a formação de trombos murais, resultando em embolias sistêmicas.
Sintomas

● Falta de ar com esforço ou em descanso;


● Edema nas pernas, tornozelos e pés;
● Inchaço do abdómen devido à acumulação de líquido;
● Tosse ao adotar a posição deitada;
● Fadiga;
● Batidas cardíacas irregulares, rápidas ou flutuantes;
● Dor torácica;
● Tonturas, pré-síncope e síncope.
Diagnóstico
● Análises sanguíneas com pesquisa de marcadores cardíacos e renais;
● Radiografia torácica;
● Eletrocardiograma;
● Ecocardiograma de Doppler transtorácico;
● Pesquisa do péptido natriurético cerebral;
● Cateterização cardíaca (pode ajudar a excluir doença das artérias coronárias);
● Angiografia ventricular direita;
● Ressonância magnética;
● Biópsia endomiocárdica ventricular direita.
Tratamento
● As opções de tratamento são sintomáticas e principalmente dirigidas para o
tratamento da insuficiência cardíaca e prevenção do trombo-embolismo e morte
súbita.

● Tratamento do distúrbio (causa) que levou a cardiomiopatia

● Dependendo do tipo de Cardiomiopatia o tratamento será diferente, no entanto


resume-se à toma de medicação para reverter os sintomas e à realização de
cirurgias de reparação de estruturas, colocação de dispositivos que melhorem o
funcionamento do coração ou transplante cardíaco.
Tratamento fisioterapêutico
• Treinamento aeróbico moderado tem a maior
comprovação científica, devido a capacidade funcional
reduzida.

• Deve-se fazer o teste de caminhada de 6 minutos ou teste


de VO2máx e também determinar a FCmáx destes
pacientes.
FCmáxima: 220 - idade
Homens: distância TC6M (m): (7,57 x altura cm) – (5,02 x idade) – (1,76 x peso Kg) – 309
Mulheres: distância TC6M (m): (2,11 x altura cm) – (2,29 x peso Kg) – (5,78 x idade) + 667
Fase hospitalar
• Engloba atitudes tomadas desde o início da internação à alta
hospitalar.

• Evitar complicações dos efeitos deletérios do repouso, mantendo


ou melhorando a amplitude de movimento e força muscular.

• Nos pacientes cirúrgicos, trata principalmente do sistema


respiratório, realizando higiene brônquica e promovendo a
reexpansão pulmonar através de manobras ou uso de
incentivadores respiratórios. Assim como da ventilação mecânica
Fase ambulatorial
• Corresponde ao processo de reabilitação fora do hospital, indo da alta hospitalar até
aproximadamente a três meses após a internação.

• Manter força muscular, flexibilidade e condicionamento cardiorrespiratório, evitando


descompensações.

• Abrange atividades com exercícios aeróbicos associados a exercícios resistidos, proporcionando


condicionamento físico e reversão ou controle do sedentarismo.

• A intensidade do exercício deve ser suficiente para aumentar a força e resistência muscular dos
principais grupos musculares.

• Recomenda-se um conjunto de 8 a 10 exercícios com frequência de 2 a 3 vezes por semana.


Fase de manutenção
• Considerada a fase da recuperação e manutenção da capacidade
funcional.

• O paciente é responsável por dar continuidade a todo treinamento


aprendido.

• Pode ou não ser supervisionada em pacientes de baixo risco.

• A da prática regular e contínua de exercício físico impede o


descondicionamento tanto físico quanto cardiorrespiratório, evitando a
descompensação cardíaca.
Ventilação mecânica
● O objetivo da ventilação mecânica no paciente cardiopata e adequar a
oxigenação, a ventilação e assegurar o débito cardíaco.

● Alcançar SpO2 igual ou maior que 94%, por meio da menor fração inspirada
de oxigênio.

● A ventilação mecânica não-invasiva aplicada por CPAP ou BiPAP é segura.

● Aplicar a estratégia protetora no paciente cardiopata em ventilação mecânica.


Ventilação mecânica
● A monitorização do débito cardíaco e a mensuração da água
extravascular pulmonar é sugerida no paciente cardiopata
portador da SARA em ventilação mecânica, com o objetivo da
adequação volêmica e otimização hemodinâmica.

● A retirada da Ventilação Mecânica no paciente cardiopata segue


as recomendações do paciente não-cardiopata.

● O uso de VNI deve ser priorizado para facilitar o processo de


retirada de Ventilação Mecânica, devendo ser aplicada
imediatamente após à extubação.
Ventilação mecânica

● Níveis elevados de BNP durante o desmame ventilatório no


cardiopata têm acurácia para predizer falha de desmame.

● Óxido nítrico inalatório é estratégia eficaz no paciente


cardiopata com disfunção de ventrículo direito e
hipertensão pulmonar em VM.
Referências Bibliográficas
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SUBOC, T. Cardiomiopatia dilatada. Manual MSD. 2021.
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SUBOC, T. Miocardiopatia hipertrófica. Manual MSD. 2021.
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Referências Bibliográficas
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