Você está na página 1de 26

FACULDADE DO MARANHÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

Carla Silmara Ribeiro Chagas

A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NO AMBIENTE HOSPITALAR

São Luis
2020
CARLA SILMARA RIBEIRO CHAGAS

A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NO AMBIENTE HOSPITALAR

Monografia apresentada ao Curso de


Pedagogia da Faculdade do Maranhão,
para obtenção do grau de Licenciatura em
Pedagogia.

Orientadora: Profa. Maria Erlinda Miranda


Costa

São Luis
2020
CARLA SILMARA RIBEIRO CHAGAS

A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NO AMBIENTE HOSPITALAR

Monografia apresentada ao Curso de


Pedagogia da Faculdade do Maranhão,
para obtenção do grau de Licenciatura em
Pedagogia

APROVADO EM_____/______/_____

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Profa. Maria Erlinda Miranda Costa (Orientadora)
Faculdade do Maranhão

_______________________________________
1º Examinador(a)
Faculdade do Maranhão

_______________________________________
2º Examinador(a)
Faculdade do Maranhão
A Deus, meu maior orientador da vida. Aos
meus familiares, a minha orientadora Maria
Erlinda que acreditou no meu potencial, e
algumas pessoas amigas que contribuíram
com palavras de incentivo e força.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado forças, nesta longa


jornada, por ter me dado à certeza do que queria, e me guiado a bons caminhos.
A minha avó Maria, a minha tia “Dadá” e a minha mãe Domingas que
sempre quiseram me proporcionar a melhor educação e me ajudaram a ser o que
sou hoje, me ajudando com palavras de incentivo, e estímulos quando queria ou
pensava em desistir em meio às dificuldades.
Ao meu irmão, Cássio que um grande homem, sempre entendendo as
minhas falhas, mas sempre querendo meu bem e acreditando no meu potencial.
A minha orientadora Maria Erlinda, pelo seu empenho, contribuir com
seus ensinamentos, conselhos, por sua paciência e excelente profissionalismo.

Enfim, muitos entrariam neste singelo agradecimento, mas que ainda


terei a oportunidade de realizar pessoalmente.
“Quem ensina aprende ao ensinar e
quem aprende ensina ao aprender”.
Paulo Freire
RESUMO

A pedagogia ao longo dos anos do seu contexto histórico passou por grandes
mudanças, mudanças estas que abriram diferentes direções e ganhou caminhos,
dos quais o Pedagogo de forma abrangente poderia atuar em diferentes espaços
não escolares. A importância do Pedagogo não está vinculada somente a sala de
aula. A educação tem importância em todos os espaços. É de necessidade a
atuação do Pedagogo em outros ambientes que não sejam somente espaços
escolares.
O presente estudo cujo tema, “A atuação do Pedagogo no ambiente hospitalar”
tem como objetivo uma análise e estudo da importância da atuação do Pedagogo
e os benefícios trazidos pela prática pedagógica nos hospitais. Os métodos
educacionais, as formas e os desafios nesse novo campo de atuação. objetivando
mostrar a importância do atendimento educacional do profissional, da pedagogia
hospitalar, buscando estratégias que ajude nessa modalidade educacional, tendo
em vista o embasamento legal, contido nas legislações vigentes que protegem e
validam o direto à educação, a um atendimento educacional de qualidade e
igualdade, a inserção do acompanhamento educacional disposto no ambiente
hospitalar afim da criança ou adolescente enfermo ter condições de um
desenvolvimento intelectual e pedagógico.

Palavras-chave: Educação, Ambiente não escolar, pedagogia hospitalar,


ambiente hospitalar.
ABSTRACT

Pedagogy over the years of its historical context has undergone major changes,
changes that have opened different directions and gained paths, from which the
Pedagogue comprehensively could act in different non-school spaces. The
importance of the Pedagogue is not only linked to the classroom. Education is
important in all spaces. It is necessary to act as the Pedagogue in environments
other than only school spaces.
The present study whose theme, "The pedagogue's performance in the hospital
environment" aims to analyze and study the importance of the pedagogue's
performance and the benefits brought by pedagogical practice in hospitals.
Educational methods, forms and challenges in this new field of activity. aiming to
show the importance of the educational care of the professional, of hospital
pedagogy, seeking strategies that help in this educational modality, in view of the
legal basis, contained in the current laws that protect and validate the direct to
education, to an educational care of quality and equality, the insertion of
educational accompaniment arranged in the hospital environment in order for the
sick child or adolescent to have conditions for intellectual and pedagogical
development.

Keywords: Education, Non-school environment, hospital pedagogy, hospital


environment.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................10
2 HISTORICIDADE DA PEDAGOGIA HOSPITALAR..............................
2.1 Percurso histórico contexto mundial, percurso contexto Brasil....
2.2 Percurso contexto Maranhão..............................................................
3 Contribuições do Pedagogo no ambiente hospitalar.......................
3.1 Identidade do Pedagogo Hospitalar...................................................
3.2 Espaços de atuação do Pedagogo hospitalar...................................
3.3
1 INTRODUÇÃO

A Constituição Federal, como previsto no artigo 205 de 1988 diz que a


educação é um direito de todos e dever do Estado e da Família. A constituição
federal que é a lei máxima e que define os direitos e deveres dos cidadãos
brasileiros garante o acesso à educação, compete aos pedagogos e aos demais
profissionais de educação levá-la as diferentes situações onde encontra-se o
educando.
O artigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN), a educação é um direito de todos, assim como está esse direito
garantido pelo Ministério da Educação – (MEC). Assim como a existência de
várias legislações voltadas em defesa e proteção da educação para crianças e
adolescentes. Diferentes instituições de caráter governamental e não
governamental assim como movimentos internacionais com objetivo de atender
as necessidades de democratização de ensino.
É sabido que a educação brasileira ao longo dos anos enfrentou
diversas transformações de realidade política, econômica e cultural. Cada vez
mais as práticas educativas enfrentam inovação e novas tarefas são atribuídas ao
educador. É sabido que a educação não se restringe mais somente aos espaços
escolares e que existem metodologias inovadoras no processo de ensino
aprendizagem e o significado do papel de educador em qualquer modalidade
educacional, em suas práticas e ações pedagógicas nos ambientes não
escolares.
Este estudo pretende abordar a prática do pedagogo no ambiente não
escolar, destacando o ambiente hospitalar e a importância de atuação do
pedagogo, a importância da função do pedagogo e os desafios que ele enfrentará
em sua atuação pedagógica no ambiente hospitalar, denominado pelo Ministério
da Educação (MEC) como classe hospitalar.
A classe hospitalar surgiu através de políticas públicas e originados de
estudos da observação e respeito às necessidades das crianças que requeriam
de hospitalização, devido à problemática de saúde, independente de duração da
mesma.
Contudo, a classe hospitalar compõe do ramo da educação especial
oportunizando o processo de escolarização às crianças e adolescentes em
situação de enfermidades tornando o desenvolvimento essencial e significativo da
pedagogia hospitalar.
A pedagogia hospitalar consiste numa prática educativa inclusiva onde
o foco é a atenção humanizada, educação e saúde para o desenvolvimento da
criança ou adolescente, tendo a responsabilidade no cuidar dos aspectos bio-
psico-sócio-cultural daqueles que por se encontrarem enfermos e hospitalizados,
precisam se afastar do convívio social e rotina para serem submetidos a
tratamentos por tempo indeterminado. E vale ressaltar que, embora o
acompanhamento pedagógico seja previsto por lei no Brasil, ele ainda é retraído
referente a quantidade de hospitais existentes no Brasil. Como se sabe, por
décadas houve indiferença e descompromisso das politicas publicas na defesa
das escolas nos hospitais do Brasil, apesar de existirem legislações voltadas na
defesa e proteção dessa educação para crianças e adolescentes.
Essa pesquisa foi norteada pelo interesse sobre as metodologias
aplicadas no à educação hospitalar, no Curso de Pedagogia como o objetivo de
apresentar, discutir refletir e abordar a modalidade da Pedagogia hospitalar, suas
características, suas contribuições e desenvolvimento no processo de ensino
aprendizagem.
Esta pesquisa com o tema “A atuação do pedagogo no ambiente
hospitalar” tem o objetivo através de uma análise documental e bibliográfica
considerações a respeito da educação e da pedagogia, abordando a legislação
quanto a garantia do direito ao atendimento educacional no ambiente hospitalar
das crianças e adolescentes. Pretendendo oferecer um melhor entendimento
sobre o atendimento pedagógico educacional no ambiente hospitalar,
denominado pelo Ministério da Educação (MEC) como: classe hospitalar.
Retratando a historicidade da pedagogia hospitalar nível mundo, Brasil e
Maranhão. Destacando a identicidade do pedagogo hospitalar, seus espaços de
atuação e suas importantes contribuições no ambiente hospitalar.
Nos procedimentos metodológicos de pesquisa, foi realizado
levantamento de materiais bibliográficos sobre a temática, alguns autores foram
consultados dentre eles: Romanelli (2014) Matos e Mugiatti (2008), Lúcia Aranha
(2006) Matos e Mugiatti (2014) Libâneo (1998) Fonseca (2014) Vasconcelos
(2006), Fonseca (2008) como pesquisas realizadas em artigos científicos,
trabalhos acadêmicos como monografias, legislações referentes a temática
abordada.

2 HISTORICIDADE DA PEDAGOGIA HOSPITALAR

A Pedagogia Hospitalar é uma área de conhecimento desenvolvida no


espaço não escolar que aborda práticas, metodologias e alternativas de ensino
aprendizagem para crianças e adolescentes hospitalizadas e impossibilitadas de
frequentar a escola. A pedagogia Hospitalar tem o planejamento a continuidade
no processo educacional e construindo ocasiões de envolvimento e socialização
proporcionando outras experiencias aos alunos enfermos e hospitalizados ou que
estejam em tratamento domiciliar por longos períodos e essa ação permite que as
crianças e adolescentes tenham a capacidade de iniciar ou retomar o processo
escolar sem desestimulação ou frustração.
A Pedagogia Hospitalar, segundo Matos e Mugiatti (2008, p.37),
É um processo alternativo de educação continuada que ultrapassa o
contexto formal da escola, pois levanta parâmetros para atendimento de
necessidades especiais transitórias do educando, em ambiente
hospitalar e/ou domiciliar. Trata-se de uma nova realidade
multi/inter/transdisciplinar com características educativas.

O argumento supracitado possibilita uma visão a Pedagogia Hospitalar


como campo de atuação importante e necessário pois como defende e legislação
vigente, é um direito que toda criança e adolescente não tenha fase de
escolarização interrompida, nem mesmo por hospitalização.
A Pedagogia Hospitalar apesar de relatos históricos sua existência
ainda é uma nova ramificação da Pedagogia que visa discutir a educação no
espaço hospitalar, valorizando e garantindo o direito da criança e adolescente
enfermo.
O atendimento pedagógico em hospitais ainda é restrito, não
contemplando a todas as crianças e adolescentes esse direito, ainda que seja
reconhecida pela legislação brasileira, por isso esse resgate histórico da classe
hospitalar visa um melhor entendimento sobre os plausíveis motivos deste
episódio
e a sua seriedade no contexto educacional e emocional da criança e do
adolescente hospitalizado.
Em resumo a pedagogia hospitalar surgiu com o objetivo de prestar
atendimento especializado a criança e adolescente enfermos a essa área
denominada classe hospitalar pelo Ministério da Educação (MEC), não é um
acontecimento recente na história da educação.
Conforme Matos e Mugiatti, (2014) Na antiguidade, notava-se a
preocupação dos egípcios através de papiros, com o passar do tempo a
preocupação tornou-se em proporções maiores, tanto que na idade medieval a
pessoas passaram a relacionar fatores educacionais, sociais e ambientais a
saúde.
Esse breve relato na história retrata onde começou o conceito da
pedagogia hospitalar e os seus princípios começaram a se desenvolver no mundo
a partir da segunda metade do século XX, quando na Europa via surgir nos
hospitais algumas atividades educativas nas primeiras décadas do século XX, que
podem ser consideradas hoje como classes hospitalares.

2.1 Percurso histórico contexto mundial, percurso contexto Brasil

Segundo Vasconcelos (2006) a classe hospitalar teve início em 1935


na cidade de Paris, em meados do século XX, especificamente após a Segunda
Guerra Mundial, com a criação da primeira escola para crianças inadaptadas,
para atender crianças e adolescentes em idade escolar que foram mutiladas e
feridas e necessitava da permanência delas no hospital por longos períodos.
A instituição foi inaugurada pelo então ministro da educação, Henri
Siellier. No intuito de tentar amenizar as consequências da guerra. Com essa
iniciativa, Vasconcelos (2006) destaca,
[...] Seu exemplo foi seguido na Alemanha, em toda a França, na Europa
e nos Estados Unidos, com o objetivo de suprir as necessidades
escolares de crianças tuberculosas. Pode-se considerar um marco
decisório das escolas em hospital a Segunda Guerra Mundial. O grande
número de crianças e adolescentes atingidos, mutilados e
impossibilitados de ir à escola, fez criar um engajamento sobre tudo dos
médicos, que hoje são defensores da escola em seus serviços
(VASCONCELOS, 2006, p. 2)
A partir desse marco decisório, a evolução no atendimento hospital passou por
várias barreiras e diante de diversas novas cobranças e cenários culminando
desenvolvimento comprando relevância na área de atuação. E esse exemplo foi
seguido em outros países como a Alemanha, a França, e nos Estados Unidos
para o atendimento de crianças com tuberculose.
A Segunda Guerra Mundial (1935 – 1945) fez com que o
acontecimento de grande número de crianças feridas e incapacitadas de
frequentar regularmente as escolas, se tornasse um marco na história da
pedagogia hospitalar. Tornou-se essencial naquele momento levar a escola até
essas crianças, resultando em uma comoção mundial, começando a ser oferecido
o ensino no âmbito hospitalar mais intensamente.
Em 1939, em Suresnes, periferia de Paris foi criado o Centro Nacional
de Estudos e de Formação para a Infância Inadaptada (CNEFEI) com o objetivo
formar professores para exercer a pedagogia hospitalar em institutos especiais e
em hospitais com duração de dois anos. Já que para atuar nessa área exigia-se
uma formação diferenciada da pedagogia formal. (ESTEVES, 2008)
O centro tem a missão de mostrar que a escola não é hermeticamente
fechada. O centro promove estágios em regime de internado dirigido por
professores e diretores de escolas, assistentes sociais e médicos de saúde
escolar.
O CNEFEI já formou mais de 1000 professores desde 1939, isso faz
com que na França, todos os hospitais públicos tenham em seu quadro docente
quatro professores: dois de ensino fundamental e dois de ensino médio,
trabalhando em turnos diferentes de segunda a sexta.
O CNEFEI tem como missão até hoje mostrar que a escola não é um
espaço fechado. O centro promove estágios em regime de internato
dirigido a professores e diretores de escolas; os médicos de saúde
escolar e a assistentes sociais. A formação de professores para
atendimento escolar hospitalar no CNEFEI tem duração de dois anos [...]
hoje todos os hospitais públicos na França têm no seu quadro 4
professores: dois e ensino fundamental e dois de ensino médio. Cada
dupla trabalha em expedientes diferentes de segunda a sexta.
(VASCONCELO, 2006, p.2).

Ainda no ano de 1939, junto ao ministério da França, foi criado o cargo


de professor hospital, desde da década de 80 vem se expandindo na Espanha a
educação nos hospitais no campo educacional. A necessidade de atuação do
pedagogo em hospitais já é percebida em diferentes países, pois é evidente a
necessidade de um acompanhamento no campo educativo, social e afetivo para o
paciente na fase de formação como também em idade escolar.
Considerando o percurso histórico sobre a Pedagogia hospitalar, na
década de 1940 foi criada a fundação Animation, loisirs à I Hôpital (animação e
lazer no hospital) e na década de 80 foi fundada a Associação para a Melhoria
das Condições de Hospitalização das Crianças (APACHE) vinculada, segundo
(Paula, 2011), à European Association for Children in Hospital (Associação
Européia para Crianças em Hospital) reúne várias entidades no País em defesa
dos direitos das crianças e dos adolescentes internados. Professores
aposentados, professores da educação nacional e voluntários fazem parte de
diversas ações que tem como objetivo dar continuidade à escolarização da
criança e adolescente hospitalizado, para que acompanhe as crianças nos
hospitais e também na alta hospitalar antes do retorno a escola regular. Essa
associação conta com mais de três mil professores. (Paula, 2011).
Na Espanha segundo Gonzalez (2007) a preocupação com o
atendimento pedagógico vem sendo cientificamente estudada desde da década
de 80, através da Lei nº 13, de 07 de abril de 1982 que estabeleceu as bases de
hoje são classes hospitalares. No seu Art. 29 dispõe que,
Todos os hospitais tanto infantis quanto de reabilitações, e também
aqueles que tiverem serviços pediátricos permanentes, da administração
do estado, dos órgãos Autônomos dela dependentes, da segurança
social, das comunidades autônomas e das corporações locais, assim
como hospitais particulares que regularmente ocupem, no mínimo, a
metade de suas camas com doentes cuja instancia e atendimento
médico dependam de recursos públicos, terão que contar com uma
sessão pedagógica para prevenir e evitar a marginalização do processo
educacional dos alunos em idade escolar internados nesses hospitais.
(GONZÁLEZ, 2007, p. 345).

Posterior a essa lei por foi criado o Decreto nº334, de 6 de março de


1985 sobre ordenamento e planejamento da educação especial, afirma a sua
disposição adicional que,
As administrações educacionais poderão entrar em acordo com as
instituições de saúde públicas, tanto infantis como de reabilitação, e
também com aqueles que tenham serviços pediátricos permanentes para
o estabelecimento das dotações pedagógicas necessárias para prevenir
e evitar a marginalização do processo educacional das crianças em
idade escolar que estão internadas nelas. (GONZÁLEZ, 2007, p. 345).

Na Declaração dos Direitos da Criança Hospitalizada de 1987 (Camaru e Goldani,


2004) também se ocupa o processo de ensino aprendizagem da criança doente
e/ou hospitalizada e/ou convalescente, enfatizando entre outros aspectos, o
direito, que as crianças têm de continuar sua vida escolar, durante a
permanência no hospital e de se beneficiar do ensino dos professores e do
material didático que autoridades escolares coloquem a sua disposição.
A Carta da Criança Hospitalizada de Portugal, de 2000 inspirada nos
princípios da Carta Europeia da Criança Hospitalizada aprovada pelo Parlamento
Europeu de 1986, demostra as preocupações com projetos de humanizações nos
hospitais, com o bem estar da criança hospitalizada e os aspectos educativos. O
princípio sete da Carta de Portugal propõe que “O hospital deve favorecer às
crianças um ambiente que corresponda as suas necessidades físicas, afetivas, e
educativas, quer no aspecto do equipamento, que no de pessoal e de segurança”.
(Mota, 2000, p. 60).
Nesse contexto histórico pode ser ver que a pedagogia hospitalar
passou por várias transformações e observa que os países citados tem uma
preocupação na garantia do direito de aprender das crianças hospitalizadas.
Portanto a criação de classes hospitalares é o resultado do
reconhecimento formal de que crianças hospitalizadas, independentes de período
de permanência na instituição tinham necessidades educativas e direito a
cidadania incluindo a escolarização.
Os primeiros registros no Brasil da pedagogia hospitalar datam no ano
de 1600, no Brasil Colônia havia o atendimento escolar para pessoas com
deficiência nas Casas de Misericórdia em São Paulo, também há registro do início
da década de 1950 do Hospital menino Jesus que fica localizado no Rio de
Janeiro e mantém seu funcionamento até os dias de hoje.
A pedagogia hospitalar, surgiu no Brasil, também em solos
paranaenses, porém essa modalidade de ensino só teve reconhecimento em
1994 pelo MEC através da Política de Educação Especial e com documentos pelo
Ministério da Educação – MEC com o título inicial de “Hospitalização
Escolarizada”, de 2001 e 2002 titulados de: Diretrizes Nacionais para Educação
Especial e na Educação Básica (Brasil, 2001) e Classe Hospitalar e atendimento
pedagógico domiciliar: orientações e estratégias (Brasil, 2002). Já para Fonseca
(1999), este trabalho iniciou no Hospital Menino Jesus na cidade do Rio de
Janeiro, e no Hospital A. C. Camargo em São Paulo,
De acordo com Fontes (2008), Pedagogia Hospitalar se diferencia da
pedagogia tradicional porque ocorre em ambiente diferente, nesse caso o
hospital, e o aprendizado busca contribuir para a satisfação do corpo e da mente
do educando. Conforme Matos e Mugiatti (2014), ela contribui para cura, pois
“Favorece a associação do resgate, de forma multi/inter/transdisciplinar, de
condição inata do organismo, de saúde e de bem-estar, ao resgate da
humanização e da cidadania”. (Matos e Mugiatti, 2014, p. 29).

A legislação reconhecida no Brasil através do estatuto da Criança e do


Adolescente Hospitalizado, através da Resolução nº. 41 de outubro e 1995, no
item 9, o “Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de
educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua
permanência hospitalar”.

Dentro deste contexto é importante ressaltar o campo da Pedagogia


Hospitalar, que busca modificar situações e atitudes junto à criança, adolescentes
e jovens que por alguma situação estão inseridas em hospitais, as quais não
podem ser confundidas com o atendimento do seu estado de saúde. Portanto, se
faz necessário ver a criança hospitalizada como protagonista de sua saúde e
aprendizagem, passando de objeto a sujeito de seu desenvolvimento.

No Brasil, embora esteja previsto em lei que as crianças possuem


direito ao atendimento pedagógico nos hospitais de modo geral, os hospitais
(públicos ou privados) não tem feito muito esforço para garantir as crianças e
adolescentes hospitalizados a continuidade aos seus estudos; salvo raras
exceções que tem se preocupado em atender as necessidades gerais desta
população. (TEIXEIRA DE PAULA, 2004)

2.2 Percurso contexto nível Maranhão

No Estado do Maranhão, a pedagogia hospitalar é aplicada em


algumas instituições, como no Hospital Sarah – Hospitais de Reabilitação,
inaugurado em 1993, localizado no bairro Monte Castelo, e conta com os
programas de neuro-reabilitação em Lesão Medular, Reabilitação, Neurologia e
Ortopedia, nas quais são admitidos adultos e crianças.
Os pacientes adultos que apresentam sequelas de lesão encefálica, de
traumatismo crânio cefálico e doença de Parkinson, também são incluídos e
programas de Reabilitação desenvolvidos por equipes especializadas nestas
patologias. Além do atendimento hospitalar, esta unidade possui um centro
comunitário, aberto à população composta por biblioteca, brinquedoteca e Espaço
de criação, além de ampla área verde. Nesse espaço, a reabilitação dos
pacientes ganha um novo componente beneficiando-se da interface com a
comunidade local.
A unidade conta ainda, com o programa Dimensão Metacognitiva
(MCD) em que estudantes de graduação em Pedagogia e Psicologia realizam
estágio supervisionado, interagindo com os pacientes e familiares. Esta
convivência permite o conhecimento e primeiro contato com o método de
reabilitação desenvolvido na Rede Sarah: o método Sarah.
O Hospital Sarah em São Luís dispõe do programa de Educação e
Prevenção de acidentes da Rede Sarah, que elabora e ministra palestras para
estudantes das redes pública e privada de ensino.
Este trabalho pedagógico desenvolvido no hospital Sarah (São Luís),
tem parceria com outros profissionais, acontece através de avaliações cognitivas
e de linguagem, orientações à escolarização junto com a família, visitas
escolares, planejamento e execução de atividades lúdicas, culturais e artísticas,
assim como, abordagem diagnóstica. Tais atividades consistem em: reforço
escolar, reeducação da escrita, orientação e estímulo, que estarão ajudando na
reabilitação da criança e adolescente enfermo, buscando contribuir também, para
seu bem-estar físico e compartilhando com a família sobre todo o processo pelo
qual o paciente está vivenciando.
A vista disso, observar-se que, além das atividades oferecidas dentro
do hospital, são comuns visitas domiciliares, escolares e institucionais.
Essas visitas, especialmente as escolas, possuem como principais
objetivos, a avaliação do paciente no ambiente escolar e a orientação de
professores para facilitar o processo e inclusão, com o propósito de juntamente
com os educadores, analisar sua inserção após a alta.
Outra unidade de referência no atendimento às crianças e
adolescentes internados é a Fundação Antônio Jorge Dino (FAJD), localizado no
bairro Monte Castelo. A Instituição atende crianças e adolescentes com câncer,
buscando qualidade de vida para seus clientes e possível cura, com profissionais
qualificados e inúmeros voluntários. A fundação mantém ao fundo do hospital
uma sede de nome “Casa Sonho de Criança” com capacidade para 20 crianças e
seus respectivos responsáveis.
Nesse ambiente, é desenvolvido um trabalho contribuinte na promoção
tanto de saúde como de educação. Crianças, que por anos foram afastadas da
escola devido ao tratamento de saúde ao qual estão sendo submetidas, pais que,
além de preocupados com a condição de seus filhos, estão também, preocupados
com a escolarização destes, voluntários e profissionais de todas as áreas que
buscam de alguma forma, sanar as lacunas existentes na vida destas
crianças/adolescentes.
Também se pode citar, o recentemente criado, Centro de Referência
em Neurodesenvolvimento, Assistência e Reabilitação de Crianças (Ninar). Este,
é um espaço que oferece tratamento especializado para crianças com patologias
que necessitam de acompanhamento multiprofissional para reabilitação. Agora,
esses pacientes, que até então, eram atendidos no Complexo Materno - Infantil
Dr. Juvêncio Mattos, receberão atendimento especializado no Ninar.
Com uma equipe formada por pediatras, neuropediatras,
oftalmologistas, fisioterapeutas, enfermeiros, fonoaudiólogos, assistentes sociais,
psicopedagogos, pedagogos e terapeutas ocupacionais, o Ninar atende todos os
casos referenciados para o Centro.
Logo, o local é a porta de entrada para a realização de diagnósticos
mais precisos e, para em seguida, dar o atendimento adequado para cada
criança. No espaço, a estimulação precoce de bebês de alto risco e crianças
pequenas acometidas por patologias entre as quais, a microcefalia, será tratada
por meio do desenvolvimento neuro-psicomotor, bem como, de efeitos na
aquisição de linguagem, na socialização e na estruturação subjetiva, podendo
contribuir, inclusive, com o vínculo mãe/bebê e na compreensão e acolhimento
familiar dessas crianças.
Desse modo, o Governo do Maranhão tem trabalhado para
diagnosticar novos casos desde a gravidez e, na rede estadual de maternidades,
os profissionais atuam para minimizar o avanço das doenças logo nos primeiros
dias de vida.
O Ninar possui, salas de acolhimento com enfermeiros e assistentes
sociais, consultórios médicos especializados e espaços para reabilitação em
fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. Possui locais para exames e
análises clinicas, somam-se ainda, a uma área para um grupo de estudos das
enfermidades ligadas ao Centro de Referência que foi criado por meio de parceria
com instituições de ensino superior. Vale ressaltar que, esse projeto futuramente
irá contar com um call center que vai receber ligações dos técnicos de outras
cidades para agendar consultas e tirar dúvidas da população.
Tem-se ainda como referência Hospital Universitário Federal do
Maranhão (HUUFMA) Unidade Materno – Infantil, localizado no Centro em São
Luís – MA, na qual desenvolve um projeto de extensão “Estudar, uma ação
saudável”, construindo uma pedagogia hospitalar através de atividades
pedagógicas na perspectiva da classe hospitalar no hospital / Núcleo de
Humanização em parceria com o departamento de Educação I.
Este teve sua implantação em 2007, e suas ações eram direcionadas
por alunas do curso de Pedagogia da UFMA e duas pedagogas, funcionárias do
hospital (HUUFMA) coordenadas por duas professoras do departamento de
educação I da referida Universidade, e tinha como objetivo, proporcionar às
crianças e aos adolescentes hospitalizados, o direito à recreação e ao
acompanhamento do currículo escolar segundo Resolução nº, 41 de out/95 com
vistas à contribuição de retorno à escola pós-alta hospitalar.
Logo, as atividades eram desenvolvidas com crianças de 3 a 11 anos,
com enfoque para a leitura e escrita. Fazendo-se uma análise pedagógica da
criança, propondo atividades que eram registradas em cadernos/relatórios para
consulta dos demais profissionais da saúde e tais atividades eram organizadas
em 23 portfólios e encaminhadas aos pais e responsáveis, para serem avaliadas
pela escola de origem.
Em média 30 a 35 crianças e adolescentes são atendidas no
HUUFMA/ Unidade Materno Infantil. Os resultados obtidos apontam para a
valorização do direito à educação, com vistas à implementação da Classe
Hospitalar (BRASIL, 2002), minimizam o distanciamento escolar por conta
hospitalização e em alguns casos, favorece o primeiro contato com a escola a
partir das experiências nas atividades pedagógicas.
Desta forma, o atendimento pedagógico educacional para crianças e
adolescentes em idade escolar no hospital, proporciona a este grupo alvo
acompanhamento e desenvolvimento social, cognitivo, afetivo, emocional e
educacional.
3 Contribuições do pedagogo no ambiente hospitalar

O Curso de Pedagogia prepara o pedagogo para atuar em diferentes


contextos sociais, estando a educação presente em todos os contextos. Libâneo
(2001, p.20) afirma que “o pedagógico perpassa toda a sociedade, extrapolando o
âmbito escolar formal, abrangendo esferas mais amplas da educação informal e
não formal”.
Devido à necessidade da educação estar inserida em todos os
contextos, é que se faz necessário à inclusão da educação também no ambiente
hospitalar.
Conforme Matos e Mugiatti (2008, p.116), [...] “a ação pedagógica, em
ambientes e condições diferenciadas, como é o hospital, representa um universo
de possibilidades para o desenvolvimento e ampliação da habilidade do
Pedagogo”, desta forma se fazem necessários novos ambientes para se colocar
em prática os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do curso.
A Pedagogia Hospitalar surgiu como uma maneira de prestar
atendimento especializado a criança e adolescente enfermos, hospitalizados ou
que estejam sob tratamento de saúde em seu domicílio por longos períodos. Este
trabalho socioeducativo com crianças e adolescentes internados, proporcionado
pela Pedagogia Hospitalar, é extremamente relevante no que diz respeito a dar
continuidade aos estudos e a evitar a exclusão social dos mesmos. Além disso,
é uma ação que permite aos educandos que, após cessação do período de
internação ou de interrupção de seu tratamento domiciliar, tenham a capacidade
de iniciar ou retomar o processo escolar sem ficarem frustrados ou
desestimulados por estarem aquém dos demais alunos da sala regular de ensino.
Sob esse enfoque, observamos que imprescindível se faz a presença do
pedagogo no ambiente hospitalar como agente social capaz de proporcionar este
atendimento sócio pedagógico, com metodologias específicas a cada caso.

3.1 Identidade do pedagogo hospitalar

O pedagogo, como agente/educador social, acompanha essas


mudanças, dando origem a um profissional com uma visão mais ampla sobre a
educação no que diz respeito a não se limitar aos aspectos pedagógicos da
mesma, mas também aos enfoques sociais que esta possui. Sendo assim, o
educando passa a ser visto também como um ser social, com anseios e
necessidades específicas que variam de acordo com o contexto socioeconômico-
cultural de cada grupo de indivíduos. Daí surge à importância de se pensar a
educação de forma mais abrangente, não se restringindo aos espaços formais de
educação, mas também, indo além dos muros das instituições de ensino oficiais,
ou seja, estando em todos os ambientes em que se necessite de uma ação
educativa.
O pedagogo também é responsável por desenvolver atividades lúdicas
que venham a minimizar a ansiedade, a angústia e o temor, sentimentos estes,
despertados nas crianças e adolescentes enfermos, principalmente nas crianças
menores em face da nova situação imposta pela doença, que alterou
drasticamente sua rotina, privando-os do convívio familiar, social e escolar. Tais
ações lúdico-pedagógicas, conforme demonstram alguns estudos, refletem até na
recuperação clínica do enfermo diante da preocupação com o atendimento ao
escolar hospitalizado, foram criadas diversas leis para tratar sobre essa questão,
dentre estas a Resolução nº 41 de 13 de outubro de 1995, do Conselho Nacional
dos Direitos da Criança e do Adolescente, que aborda especificamente sobre os
direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados.
Outra legislação já citada anteriormente que merece destaque é o
documento elaborado pelo MEC – Ministério da Educação e Cultura: “Classe
hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações”, no
qual podemos verificar que são definidas as formas de atendimento sócio
pedagógico destinados ao escolar enfermo que se encontra impossibilitado de
frequentar a escola regular. Esses referidos atendimentos pedagógicos podem
ocorrer tanto nas classes hospitalares, localizadas no hospital ou no próprio
domicílio do educando enfermo.
Segundo Silva (2018) O profissional pedagogo tem grande importância
no ambiente hospitalar, mas ainda é pouco reconhecido. O pedagogo pode atuar
em diversas áreas, inclusive no hospital, trabalhando com crianças afastadas de
suas atividades escolares, e com atividades não escolares na ala da recreação.
No espaço escolar o pedagogo poderá atuar dentro de sala de aulas
como professor, ou fazer parte da gestão escolar como coordenador, diretor e
outras funções, em contrapartida no ambiente não escolar pode atuar em
hospitais, casas de apoio, atendimento domiciliar, empresas e outros (RUSSO;
MESSA, 2017).
Segundo Fonseca (2008) a atuação do professor na classe hospitalar é
extremamente importante, não se limitando em apenas dar continuidade ao
processo educativo da criança ou adolescente, mas também contribuindo para
proporcionar a interação deste educando com o ambiente hospitalar e com os
profissionais da saúde que o compõe, além de auxiliá-lo a compreender essa
nova situação imposta pela doença e de contribuir para a recuperação de sua
saúde.
O professor que atuar na classe hospitalar ou no atendimento
pedagógico domiciliar deve estar preparado para lidar com a particularidade de
cada criança ou adolescente enfermo e, com base nisso criar estratégias
adequadas às necessidades e possibilidades dos mesmos, como uma forma de
oferecer condições de ensino-aprendizagem de qualidade, permitindo assim, que
está se concretize de maneira significativa. (FONSECA, 2008)
Cabe, também, ao professor da classe hospitalar manter contato com
o docente da escola de origem do aluno (no caso de educando já frequentavam
do ensino regular), como uma maneira de dar continuidade ao cronograma
curricular organizado pela sua escola, bem como, para manter o professor do
ensino regular informado sobre todo trabalho realizado com este aluno na classe
hospitalar, inclusive seu houve ou não desenvolvimento por parte deste.
(FONSECA, 2008)
Além disso, com base nessas considerações a respeito do papel do
professor que atua no ambiente hospitalar, Fonseca (2008, p. 30) destaque que o
professor, para melhor desempenhar suas funções no ambiente hospitalar, deve
ter “destreza e discernimento para atuar com planos e programas abertos,
móveis, mutantes, constantemente reorientados pela situação especial e
individual de cada criança, ou seja, o aluno da escola hospitalar.”
Fonseca (2008, p. 36) ainda destaca que, uma boa relação entre o
pedagogo e os profissionais da saúde é essencial no ambiente hospitalar, o que
traz benefícios diretos para o escolar hospitalizados, bem como para seus
familiares, pois auxilia esses profissionais “em suas percepções e nas decisões
para a efetividade das intervenções junto aos pacientes, que também são alunos
da escola hospitalar, e seus familiares”

Outro aspecto importante no trabalho do pedagogo hospitalar que


merece destaque, diz respeito ao trabalho social do mesmo junto aos familiares
da criança ou adolescente hospitalizado ou sob atendimento domiciliar, eis que tal
como, o escolar, seus familiares se encontram fragilizados e assustados, diante
dessa nova realidade desencadeada pela enfermidade que acometeu o
educando. Este trabalho social em prol dos familiares consiste prestar conforto,
auxiliando, de maneira ética, a compreender o problema de saúde da criança,
estreitar a relação dos mesmos com os profissionais de saúde ao orientá-los a
não ter receio de procurar estes profissionais quando tiver dúvidas ou para obter
maiores informações sobre o estado patológico da criança, o período de
internação/tratamento, as chances reais de cura, dentre outras informações que
julgar necessárias. (FONSECA, 2008)

Ademais, o pedagogo como agente social, poderá também orientar os


familiares do escolar hospitalizado a, por exemplo, buscar assistência junto ao
Serviço Social do hospital, caso venha a ter alguma dificuldade, por estar
afastado de suas atividades profissionais, já que está como acompanhante do
menor hospitalizado ou por ainda não ter feito o registro de nascimento, no caso
de recém-nascidos internados. Outro exemplo é nortear os familiares a procurar
pelo Serviço de Saúde Mental do hospital para fins de desabafar, expressando
suas aflições e dificuldades em saber lidar com essa situação imposta pela
doença ou com conhecimento de que a enfermidade deixará sequelas na vida da
criança. (FONSECA, 2008).

Segundo Fonseca (2008) a relação com o pedagogo no ambiente


hospitalar, para os familiares, é mais fácil do que a relação com os profissionais
de saúde, isso porque a sensibilidade acentuada desse profissional da educação
aliado ao contato diário com estes familiares faz com este perceba a mudança no
comportamento destes, podendo notar se estão cansados, angustiados ou
estressados e, assim poderá sugerir que busquem por auxílio junto aos
atendimentos especiais acima mencionados.

3.2 Espaços de atuação do pedagogo hospitalar


Pode-se observar que o trabalho pedagógico do professor nos
hospitais seja nas classes hospitalares ou no atendimento domiciliar é um recurso
que vai além de proporcionar os aspectos formais da educação.

Este profissional, também na qualidade de agente social, contribui


diretamente para o processo de humanização hospitalar, presta assistência em
várias esferas, ao familiar do hospitalizado, proporciona a integração entre os
educando internado e seus familiares com os profissionais de saúde, o que torna
a estadia desse aluno-paciente menos penosa, amenizando assim, os traumas da
internação e criando, através de seu trabalho, maiores perspectivas de cura.

Em relação às funções e atividades pedagógicas que podem ser


desenvolvidas pelo professor / pedagogo no hospital (MATOS; TORRES, 2010,
p.60), afirma:

Não é apenas “ocupar criativamente” o tempo da criança para que ela


possa “expressar e elaborar” os sentimentos trazidos pelo adoecimento e
pela hospitalização, aprendendo novas condutas emocionais, como
também não apenas abrir espaços lúdicos com ênfase no lazer
pedagógico para que a criança “esqueça por alguns momentos” que está
doente ou em um hospital. O professor deve estar no hospital para
operar com processos afetivos de construção da aprendizagem cognitiva
e permitir aquisições escolares às crianças. O contato com o professor e
com uma “escola no hospital” funciona, de modo importante, como uma
oportunidade de ligação com os padrões de vida cotidiana do comum
das crianças, como ligação com a vida em casa e na escola.

Nessa perspectiva, a experiência pedagógica no ambiente hospitalar


proporciona ganhos cognitivos e emocionais à criança enferma, contribuindo na
sua recuperação e no processo de aprendizagem. As atividades podem ser
realizadas em salas especiais, brinquedotecas ou mesmo no próprio leito onde a
criança se encontra. Essas atividades precisam ser significativas, não somente
brincar para passar o tempo, mas devem ser previamente planejadas pelo
Pedagogo, para que o pedagógico não seja esquecido.

Em síntese, as atividades que o pedagogo pode desenvolver no


hospital, não possuem, necessariamente, um lugar fixo para serem realizadas,
podendo ser desenvolvidas no leito da criança, nos corredores do hospital, pátio,
enfim, num local que forneça meios para que a atividade aconteça. Mas, o lugar
onde se concentram as atividades pedagógicas hospitalares é, em sua maioria,
na brinquedoteca hospitalar, local onde a regra é brincar e, paralela às
brincadeiras, somam-se milhares de aprendizagens.
Desse modo, para tal ideal ser alcançado, o Pedagogo Hospitalar será
como um amigo para a criança e seus familiares, devendo trabalhar visando
apoiar a família da criança, proporcionando-lhes segurança e coragem para que
sejam fortes nesse momento que o enfermo precisa de mais atenção e apoio.
Amenizar a ansiedade e o medo da morte será uma atividade constante do
pedagogo junto à criança enferma, orientando-a sempre que solicitado sobre seu
estado de saúde, fazendo com que o assunto “morte” não seja um tabu. Nesse
sentido, ao elaborar as atividades, o pedagogo precisa junto à criança
hospitalizada observar alguns fatores como: estado clínico do indivíduo,
privações, tipo de tratamento médico submetido, idade, fazer prevalecer o bem
estar físico e emocional da criança, adaptar as atividades ao estado clinico da
criança. Agindo assim, teremos mais alegria nos corredores frios dos hospitais, e
crianças continuando a ser ter infância mesmo quando as condições de saúde
não sejam totalmente favoráveis.

Você também pode gostar