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IES – INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

GISLANI FERREIRA MANARAO

INCLUSÃO ESCOLAR:
UM DESAFIO AOS EDUCADORES

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SP


2020
GISLANI FERREIRA MANARAO

INCLUSÃO ESCOLAR:
UM DESAFIO AOS EDUCADORES

Monografia apresentada à Instituição de ensino superior


como requisito parcial para obtenção título de
Especialista do Programa de Pós-graduação Latu Senso
em Psicopedagogia Institucional e Clínico.

Orientadora: Profª Karen Karolina Pereira Kuhn

 
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SP
2020
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada à
fonte.

Catalogação na publicação
Serviço de Documentação Universitária

MANARAO, Gislani Ferreira


Inclusão escolar: Um desafio aos educadores. / Gislani
Ferreira Manarao – São José do Rio Preto – SP, 2020.
36 p.; 30 cm

Monografia – Instituição de ensino superior, Curso de


Psicopedagogia Institucional e Clínica.
Orientadora: Profª Karen Karolina Pereira Kuhn
1. Educação Superior. 2. Didática. 3. Metodologia de
Ensino.
.
FOLHA DE APROVAÇÃO

GISLANI FERREIRA MANARAO

INCLUSÃO ESCOLAR:
UM DESAFIO AOS EDUCADORES

Monografia apresentada à Instituição de ensino superior


como requisito parcial para obtenção título de
Especialista do Programa de Pós-graduação Latu Senso
em Psicopedagogia Institucional e Clínico.

Orientadora: Profª Karen Karolina Pereira Kuhn

Aprovada em: ___/___/2020

Examinadores:

___________________________________________
Prof. Coordenador

___________________________________________
Prof. Orientador

___________________________________________
Prof. Co-Orientador
DEDICATÓRIA

À minha família, amigos, e a todos que contribuíram


de alguma forma como motivadores de meus passos
até este desfecho no curso que tanto almejei.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por iluminar e guiar meus


caminhos.
Aos meus familiares pelo incentivo, apoio e
compreensão nos momentos em que necessitei
estar ausente ou estudando.
EPÍGRAFE

“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas


pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que
todo mundo vê.”

Arthur Schopenhauer
RESUMO

MANARAO, Gislani Ferreira. Inclusão escolar: Um desafio aos educadores. 2020,


36 f. Monografia – PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E CLÍNICO– IES –
Instituição de Ensino Superior –, 2020.

O presente trabalho objetiva apresentar uma reflexão básica, mas necessária sobre
a Inclusão e seus desafios aos educadores diante da necessidade de preparar uma
escola igual para todos. Porém diante dos desafios surgem as perspectivas, e assim
a realidade da inclusão torna-se evidente na medida em que observamos a
presença de estudantes com necessidades educacionais especiais na rede de
ensino regular, graças à atual proposta governamental de inclusão que visa oferecer
essa educação igual para todos. Diante de tal acontecimento, buscamos trazer uma
discussão sobre como tem se dado a inclusão das crianças com necessidades
educacionais especiais no sistema de ensino regular, considerando os desafios e as
perspectivas para os educadores, a partir de pesquisas bibliográficas de estudos
com autores e pesquisadores, principalmente os voltados na área da Educação
Especial, que tornam-se os mais aptos a partilharem suas experiência com os
professores da chamada “classe regular”.

Palavras Chave: Inclusão; Crianças com necessidades educacionais especiais;


educadores; perspectivas.
ABSTRACT

MANARAO, Gislani Ferreira. The inclusion: challenges for educators. 2020 36 f.


Final Paper – INSTITUTIONAL AND CLINICAL PSYCHOPEDAGOGY– IES,
Instituição de Ensino Superior, São José do Rio Preto, 2020.

The present paper aims to present a basic but necessary reflection on Inclusion and
its challenges to educators in the face of the need to prepare an equal school for all.
However, in the face of the challenges, the perspectives arise, and thus the reality of
inclusion becomes evident as we observe the presence of students with special
educational needs in the regular education system, thanks to the current
governmental proposal of inclusion that aims to offer this education equal for all.
Faced with such an event, we sought to discuss how the inclusion of children with
special educational needs in the regular education system has been considered,
considering the challenges and perspectives for educators, based on bibliographical
research of studies with authors and researchers, Especially those focused in the
area of Special Education, who become the most apt to share their experience with
the so-called "regular class" teachers.

Keywords: Inclusion; Children with special educational needs; Educators;


Perspectives.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................12

1 INCLUSÃO, UM BREVE RESUMO.............................................................................................14

1.1 Marcos Históricos....................................................................................................................15

1.2 Marcos Históricos (internacional).........................................................................................18

2 INTEGRAR E INCLUIR, VISÃO PSICOPEDAGÓGICA...........................................................20

2.1 Algumas opiniões leigas.........................................................................................................22

2.2 Integrar X Incluir......................................................................................................................23

2.3 Direitos à inclusão...................................................................................................................25

2.4 LEIS E POLÍTICAS VIGENTES NO BRASIL.....................................................................29

3 O PROFESSOR ESTÁ PREPARADO PARA A INCLUSÃO?.................................................31

4 INCLUSÃO ESCOLAR: A AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA..............................................38

CONCLUSÃO....................................................................................................................................40

REFERÊNCIAS.................................................................................................................................42
12

INTRODUÇÃO

Diante da nova realidade política pedagógica, vem sendo destacado a


grande importância da inclusão, de pessoas portadoras de necessidade no ensino
regular, um assunto bem pertinente que causa um impacto preocupante e ao mesmo
tempo desafiador.
Em 1994, onde foi estabelecida em uma Conferência Mundial de
Salamanca, Espanha, que toda a criança independente de ser ou não deficiente tem
o direito adquirido para frequentar a escola e ter um aprendizado significativo, para o
crescimento da sociedade, que vai de encontro com suas necessidades e
dificuldades, respeitando a particularidades e individualidades de cada um.
A lei já foi implementada, portanto já existe, de maneira que os deveres
cabem a administração da escola e com o apoio dos professores, em fazer isso
tornar uma realidade concreta, se adequando com essa modernidade na qual esta
sendo muito discutido atualmente, o educador deve se adaptar a essa inovação com
o objetivo de formar cidadãos em um ambiente acolhedor e prepará-los para um
convívio inclusivo, com o intuito de que não haja descriminação e que a escola se
torna assim, aberta para todos, independentes de cor, raça, religião, ou até mesmo
uma deficiência e dificuldades de aprendizagem.
Percebe-se que o professor se sente um tanto inseguro com essas
mudanças, causando lhe desconforto quando se depara com uma sala, onde irá
encontrar situações na qual se sente despreparado.
Através dessa pesquisa temos como finalidade em constatar que a
inclusão já é um fato consumado, e o papel do professor é por essa teoria em
prática de maneira que realmente exista uma inclusão e não integração é um desafio
grande para o educador onde que requer muita dedicação e busca de novos
conhecimentos e uma especialização atualizada para ir de encontro com as
necessidades do aluno. inclusão é um assunto pertinente em nosso cotidiano, onde
enfatiza o posicionamento e nos faz buscar um conceito inovador por acreditar que o
debate pode se realizar de forma plena com a mudança de mitos, conceitos e
valores , a fim de formar um cidadão crítico, capaz de lutar contra a ideologia no qual
queremos estabelecer para relacioná-la com o que chamamos de verdadeira
inclusão social.
13

Trata-se da unificação do ensino especial e ensino regular, onde não haja


diferenças e sim respeito mútuo, por um ensino acolhedor, participativo e
globalizado, abordando a movimentação histórica decorrente das lutas onde todas
as crianças tenham o direito à educação e à oportunidade de conseguir manter um
nível de aprendizagem independentemente de suas limitações ou diferenças
individuais.
Materiais disponíveis e necessários para esta pesquisa trata-se do que
encontramos nas contribuições de diversos autores (ARSÊNIO, 2007; LIBÂNEO,
2009; FREIRE, 1996; GOMES, 2007; AUSUBEL, 1982; DENARI, 1996; CORTELLA,
2008) que possibilitam o ponto de partida e compreensão dos caminhos que
devemos seguir para a realização de pesquisa no referido tema, além do Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil de 2001; às Leis de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional de 1961, 1971, 1988, 1996; os Parâmetros Curriculares
Nacionais; a Constituição Federal de 1988; e o Ministério com Surdos IBACEN,
entre outros.
Contudo, estudar esse material não basta para capacitar um professor a
estar apto em sala de aula para a inclusão. Surgirão questionamentos sobre quais
os desafios enfrentados e as perspectivas para os educadores frente ao processo de
inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais no sistema de
ensino regular. É aí, a partir dessas reflexões que se tornará possível, junto com o
material disponível e com a realidade enfrentada em sala de aula, responder mesmo
que superficialmente algumas dessas perguntas.
14

1 INCLUSÃO, UM BREVE RESUMO

Através de leitura e pesquisas podemos observar que a inclusão nas


escolas brasileiras tem trazido muitas discussões. Mantoan (2003), afirma que é
necessário haver mudanças nas regras educacionais onde a escola abrange
educação para todos e os paradigmas são reformulados para abraçar todos os tipos
de excluídos.
Quando falamos da história da Educação Inclusiva iniciamos com a
Declaração de Salamanca, documento formulado na Espanha que discute a
Exclusão dos diferentes dentro de espaço escolar. O documento aponta a
necessidade de uma escola para todos, levando a um movimento mundial de
reflexão sobre os processos excludentes dentro da escola.

[...] escolas deveriam acomodar todas as crianças


independentemente de suas condições físicas, intelectuais,
sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Aquelas deveriam
incluir crianças de origem remota ou de população nômade,
crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou
culturais, e crianças de outros grupos desvantajosos ou
marginalizados. (Declaração de Salamanca,1994).

A história da Educação Inclusiva e da Educação Especial é muito antiga


e vem sofrendo a influência do pensamento social vigente há décadas. A escola do
passado não era pensada para todos. Os alunos que não estavam no “modelo”
esperado de aluno eram excluídos da escola comum e encaminhados para a
Educação Especial.
Desta maneira, a Educação Especial surge para atender a uma parcela
destes excluídos: os deficientes. Inicialmente, os alunos com deficiências eram
atendidos em ambientes específicos para cada tipo de deficiência e não se pensava
em Escola para Todos. O tipo de deficiência ou especificidades apresentada pelo
aluno era acolhido de maneira diferenciada em cada momento histórico.
Os deficientes visuais e auditivos tiveram, desde a época do Império, seu
desenvolvimento em Escolas Especiais. (1854 – Fundação do Instituto dos Meninos
15

Cegos, hoje Instituto Benjamim Constante e 1857 – Criação do Instituto dos Surdos
Mudos, hoje chamado de INES).
Os alunos considerados deficientes intelectuais, inicialmente, eram
atendidos nas Pestalozzi (1926) e nas APAE (1954), onde eram realizadas
atividades de AVD (atividades de vida diária) e só há alguns anos as Escolas
Especiais adotaram uma abordagem pedagógica acadêmica. Quanto ao grupamento
dos alunos com Transtornos Globais do Desenvolvimento, a história é bem mais
recente, pois somente em 1994 este grupamento foi reconhecido pelo MEC como
público-alvo da Educação Especial.
Para entender melhor, é importante acompanhar uma síntese histórica em
relação às leis que orientam a Educação Especial/Educação Inclusiva no Brasil,
conforme a seguir.

1.1 Marcos Históricos

 1854 – Imperial Inst. dos Meninos Cegos – IBC


 1857 – Instituto dos Surdos Mudos – INES
 1926 – Pestalozzi RJ
 1954 – APAE Ass. Pais e Amigos dos Excepcionais.
 1961 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei
no.4024/61- direito dos excepcionais à educação, preferencialmente dentro do
sistema geral de ensino.
 1971 – LDB 5692/71, “tratamento especial” para os alunos com DF,
DM, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de
matrícula e os superdotados (Classe Especial e Escola Especial)
 1988 – Constituição Federal, Artigo 205 – Educação como um direito
de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania
e a qualificação para o trabalho. O Art. 206 estabelece “igualdade de condições de
acesso e permanência na escola”... Oferta de Atendimento Educacional
Especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208).
 1990 – ECA – Lei nº 8069/90
 1990 – Declaração Mundial de Educação para Todos.
16

 1994 – Área Específica de Condutas Típicas de Síndromes. (Alunos


com autismo, Espectro do autismo e psicose)
 1994 – Declaração de Salamanca
 1994 – Política Nacional de Educação Especial – processo de
“integração institucional” que condiciona o acesso às classes comuns do ensino
regular àqueles que “(...) possuem condições de acompanhar e desenvolver as
atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os
alunos ditos normais
 1996 – LDB no. 9394/96, art. 59 preconiza que os sistemas de ensino
devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização
específicos para atender às suas necessidades; assegura a terminalidade
específica àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino
fundamental, em virtude de suas deficiências e; a aceleração de estudos aos
superdotados ...
 1999 – Decreto nº. 3298 que regulariza a Lei 7853/89 ao dispor sobre a
Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a
educação especial como modalidade transversal a todos os níveis e modalidades
de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino
regular.
 2001 – Resolução CNE/CEB no. 2/2001, no art. 2º. Determina: Os
sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas
organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais
especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de
qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001)
 As diretrizes ampliam o caráter da EE para realizar o atendimento
educacional especializado complementar ou suplementar a escolarização, porém,
ao admitir a possibilidade de substituir o ensino regular, não potencializa a adoção
de uma política de educação inclusiva na rede pública de ensino prevista no seu
art. 2º.
 2001 – Plano Nacional de Educação – PNE Lei 10172/2001, “ o grande
avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma
escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana”
17

 2001 – A Convenção da Guatemala (1999), promulgada pelo Decreto


no. 3959/2001, afirma que pessoas com deficiência tem os mesmos direitos
humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como
discriminação com base na deficiência, toda diferenciação ou exclusão que possa
impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades
fundamentais.
 2002 – Resolução CNE/CP no. 1/2002 Diretrizes Curriculares
Nacionais para Formação de Professores da Educação Básica – formação docente
voltada para a atenção à diversidade e que contemple conhecimentos sobre as
especificidades dos alunos com NEES.
 2002 – Lei 10436/02 reconhece a Língua Brasileira de Sinais como
meio legal de comunicação e expressão – Libras currículos formação de
professores e fonoaudiologia.
 2002 – uso de Braille em todas as modalidades de ensino.
 2003 – MEC cria o Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade
visando transformar os sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos.
 2004 – Ministério Público Federal divulga o documento O Acesso de
Alunos com Deficiências às Classes Comuns da Rede Regular (reafirmando o
direito e os benefícios da escolarização nas turmas do ensino regular)
 2004 – Decreto nº 5296/04 regulamentou as leis nº 10.048/00 e nº
10098/00 estabelecendo normas e critérios para promoção da acessibilidade.
 2005 – Decreto nº 5626/05 – Lei 10436/2002, visando a inclusão das
alunos surdos, Libras como disciplina curricular, instrutor e tradutor/intérprete de
Libras, Língua Portuguesa como segunda língua e a organização da educação
bilíngüe no ensino regular.
 2005 – Núcleos de Atividades das Altas Habilidades/Superdotação –
NAAH/S
 2006 – Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
aprovado pela ONU. Assegurar um sistema de educação inclusiva em todos os
níveis de ensino
 2006 – Secretaria Especial dos Direitos Humanos, o Ministério da
Educação, o Ministério da Justiça e a UNESCO lançam o Plano Nacional de
18

Educação em Direitos Humanos (fomentar temáticas inclusivas – acesso e


permanência na educação superior)
 2007 – Plano de Aceleração do crescimento – PAC é lançado o Plano
de Desenvolvimento da Educação – PDE, reafirmado pela Agenda Social de
Inclusão das Pessoas com Deficiência, tendo como eixos a acessibilidade
arquitetônica dos prédios escolares, a implantação de salas de recursos e a
formação docente para o atendimento especializado.
 Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006,
aprovada no Brasil em 2008 e promulgada em 2009, pelo Decreto 6949 de 25 de
agosto);
 SECADI/MEC – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão. Decreto 7.480 de Maio de 2011.
 DECRETO Nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. (alterações no
decreto nº 6.253, de 2007). Dispõe sobre a Educação Especial, o Atendimento
Educacional Especializado e da outras providências.
 Nota Técnica nº 62 / 2011 / MEC/SECADI/DPEE – Orientação sobre o
decreto Nº 7.611.
 Lei 12.764 – Política Nacional de proteção dos direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro do Autismo.
 2014 – Plano Nacional de Educação (PNE) - A meta que trata do tema
no atual PNE, como explicado anteriormente, é a de número 4. Sua redação é:
“Universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à
educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente
na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de
salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados,
públicos ou conveniados”. O entrave para a inclusão é a palavra
“preferencialmente”, que, segundo especialistas, abre espaço para que as crianças
com deficiência permaneçam matriculadas apenas em escolas especiais.

1.2 Marcos Históricos (internacional)

 1990 – Declaração Mundial de Educação para Todos - No documento


da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
19

(Unesco), consta: “as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas


portadoras de deficiências requerem atenção especial. É preciso tomar medidas
que garantam a igualdade de acesso à Educação aos portadores de todo e
qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo”. O texto
ainda usava o termo “portador”, hoje não mais.
 1994 – Declaração de Salamanca - O documento é uma resolução da
Organização das Nações Unidas (ONU) e foi concebido na Conferência Mundial de
Educação Especial, em Salamanca. O texto trata de princípios, políticas e práticas
das necessidades educativas especiais, e dá orientações para ações em níveis
regionais, nacionais e internacionais sobre a estrutura de ação em Educação
Especial. No que tange à escola, o documento aborda a administração, o
recrutamento de educadores e o envolvimento comunitário, entre outros pontos.
 1999 – Convenção da Guatemala - A Convenção Interamericana para
a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras
de Deficiência, mais conhecida como Convenção da Guatemala, resultou, no
Brasil, no Decreto nº 3.956/2001. O texto brasileiro afirma que as pessoas com
deficiência têm “os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que
outras pessoas e que estes direitos, inclusive o direito de não ser submetidas a
discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que
são inerentes a todo ser humano”. O texto ainda utiliza a palavra “portador”.
 2009 – Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência - A
convenção foi aprovada pela ONU e tem o Brasil como um de seus signatários. Ela
afirma que os países são responsáveis por garantir um sistema de Educação
inclusiva em todos as etapas de ensino.

Hoje, todos os alunos têm acesso, permanência e aprendizado garantidos


por lei. A orientação que norteia a Educação Inclusiva é a matrícula de todos em
turma comum e o Atendimento Educacional Especializado no contra turno para os
alunos público-alvo da Educação Especial (alunos com deficiências, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação). Com isso, a
Educação Inclusiva é uma construção permanente e um desafio inevitável para uma
Educação de Direitos para todos. Bela teoria. Mas, “e na prática”?
20

2 INTEGRAR E INCLUIR, VISÃO PSICOPEDAGÓGICA

As implicações psicopedagógicas para a educação inclusiva envolvem


respeito à identidade social e cultural dos alunos e participação ativa dos pais na
decisão da Escola. Envolvem também alternativas pedagógicas e organizacionais
específicas para a implantação efetiva da educação inclusiva.

A inclusão escolar constitui, portanto, uma proposta


politicamente correta que representa valores simbólicos
importantes, condizentes com a igualdade de direitos e de
oportunidades educacionais para todos, em um ambiente
educacional favorável. Impõe-se como uma perspectiva a ser
pesquisada e experimentada na realidade brasileira,
reconhecidamente ampla e diversificada. (BRASIL, 1998, p.17).

Por meio da uma escola participativa defendida por Libâneo (2009) nota-
se o respeito aos valores, às diferenças e passa-se a valorizar a diversidade em na
sala de aula. Então, uma escola verdadeiramente inclusiva é aquela que acolhe
todos os estudantes, sem preconceitos.
É uma escola convicta de seus compromissos como formadora e não
apenas como instrutora das novas gerações e transmissora de um saber tradicional,
sem sentido para os estudantes da educação especial. A inclusão educacional está
ligada a mudanças complicadas de serem realizadas na educação regular. A
simples adaptação e integração de um aluno inclusivo na sala de aula implica em
cuidados que apresentam novos desafios a enfrentar e em romper com preconceitos
e estigmas socialmente construídos.
As novidades das novas reformulações educacionais onde a inclusão está sendo
implantada, os professores não podem ignorar as mudanças que estão acontecendo
21

na educação, educar envolve os valores, cultura, crenças trabalhando o aluno e sua


vida como um meio para ser educado, educado de forma que não haja
descriminação. É importante refletir nas palavras de MANTOAN (2003), ao afirmar
que:
Diante dessas novidades, a escola não pode continuar ignorando o que
acontece ao seu redor nem anulando e marginalizando as diferenças nos
processos pelos qual forma e instrui os alunos. E muito menos desconhecer
que aprender implica ser capaz de expressar dos mais variados modos, o
que sabemos, implica representar o mundo a partir de nossas origens, de
nossos valores e sentimentos. (MANTOAN, 2003, p.17).

De acordo com Mantoan (2003), entender a inclusão é entender a


Educação, na sua parte técnica e nos direitos garantidos. Onde as pessoas não são
iguais, e as salas de aula é um local de convivência de interação, onde as
diversidades devem ser transformadas em experiências e aprendizagem.
Carvalho (2000) esclarece que a educação envolve todos os que estão
excluídos e eles poderiam já estar em condições de educando, isso é se os pais,
professores e gestores tivessem a consciência da sua importância, diminuindo as
questões problemáticas em volta da inclusão.
É preciso um olhar reflexivo diante da realidade em que as pessoas se
encontram, identificando os procedimentos de exclusão nos processos escolares,
para desconstruí-los, substituindo-os por novas práticas.

Os pais podem ser nossos grandes aliados na reconstrução da nova escola


brasileira. Eles são uma força estimuladora e reivindicadora dessa tão
almejada recriação da escola, exigindo o melhor para seus filhos, com ou
sem deficiências, e não se contentando com projetos e programas que
continuem batendo nas mesmas teclas e maquiando o que sempre existiu.
(MANTOAN, 2003, p.53).

Ao longo da história inclusiva são percebidas tendências semelhantes,


sendo que, nos países desenvolvidos, os avanços na área da educação especial
foram mais rápidos, enquanto que o Brasil era considerado um inclusor apenas em
caráter assistencialista sob responsabilidade da iniciativa privada. A proposta da
22

inclusão educacional no Brasil, de acordo com Mendes (2003), correu o risco de ser
reduzida a um modismo.

Para evitar esse modismo, segundo a autora, é importante a participação


dos pais no plano gestão escolar, onde professores, coordenadores, diretores e
todos os membros escolares trabalham juntos discutindo novas metas que
favoreçam a inclusão e uma nova condição para todos os educandos.

2.1 Algumas opiniões leigas

Para ilustrar melhor os “prós” e/ou os “contras”, vale compartilhar algumas


opiniões de leigos no assunto, para entender uma visão de pessoas que serão as
que mais próximas estarão dessa realidade, ou seja, familiares de alunos que
receberão o aluno incluído, ou familiares do aluno incluído. Entre diversas respostas,
selecionei algumas para refletir melhor as opiniões:

Eu penso que a inclusão é necessária na nossa atual


sociedade, pois o que temos visto são crianças, jovens, adultos
e idosos excluídos por não estarem satisfazendo a
necessidade dela(sociedade), e agora o que se ouve muito
falar é na inclusão de pessoas especiais nas escolas. Sou a
favor, mas é válido lembrar que para isso acontecer deve-se
primeiro capacitar os professores para lidar com cada criança,
que por serem especiais precisam de atenção e educação
especial, porque senão mesmo incluída na sala, estarão cada
vez mais excluídas do convívio escolar e social. (Pessoa 1, a
favor, com ressalvas)

Fui voluntária como amiga da escola por quatro anos e


observei que crianças com deficiências têm dificuldades de
aprendizagem, pois precisam de uma professora para si e não
uma para dividir com mais quarenta alunos na sala. Fora da
realidade colocar um professor nessa situação. Pude observar
a dificuldade dessa inclusão e achei que deviam fazer mais
escolas voltadas para essas crianças, como a APAE, por
exemplo. Percebi na sala com inclusão tanto trabalho que a
23

aula parava por causa desse aluno constantemente,


prejudicando os outros alunos regulares. Deficiências leves até
pode serem mais fáceis de contornar, mas a que presenciei é
impossível. (Pessoa 2, contra)

Sou a favor da inclusão com objetivo de interação de crianças


"normais" com os “portadores de necessidades especiais”, afim
de gerar solidariedade e respeito. Porém, como percebo ela
implantada nas escolas, não acho eficiente. A maioria das
escolas possui classes com mais de 35 alunos. Como o
professor dará uma atenção mais individualizada para essas
crianças? Ela acabará "esquecida" num canto e não terá suas
habilidades estimuladas. Acredito que a inclusão teria mais
resultado se fosse feita em aulas "extras" como Informática,
Música, Educação Física ou Artes. (Pessoa 3, a favor com
ressalvas)

Toda inclusão social é bem vinda. Quanto à inclusão de


deficientes físicos na vida escolar normal, tenho minhas
dúvidas. Os deficientes físicos, dependendo da sua
incapacidade precisam sim, de aprendizagem escolar
direcionada, especial e específica, e não resolve simplesmente
coloca-lo numa classe regular para seguir a lei. Além disso, a
própria classe poderá ser prejudicada nos seus objetivos. É
também um fardo aos professores, os quais já são
sobrecarregados pelo número elevado de alunos, poucas horas
efetivas de aulas e salário defasado. Não concordo com essa
inclusão. (Pessoa 4, contra)

Como se pode observar e refletir, os que são a favor, têm a consciência


da desqualificação da escola e de professores, não por incapacidade ou
desinteresse, mas pela própria realidade da educação no nosso país. Os que são
contra, são mais radicais e acreditam que não há como um dos lados não saírem
prejudicados, ou seja, ou a criança incluída, ou os alunos que a recebem por
companheira.
Diante dessa perspectiva, fica evidente que muito da inclusão ainda
acontece por lei e não por conscientização ou capacidade.
24

2.2 Integrar X Incluir

A integração escolar, vem aos poucos inserindo alunos com deficiência


nas escolas comuns e este fator apesar de ter os direitos previstos e garantidos em
lei, tem causado situações de discussões sobre sua implementação, oferecer
oportunidades aos alunos incluídos como o direito de transitar no sistema escolar,
direito da participação do aluno nas classes regulares ao atendimento escolar em
classes especiais ou salas de recursos são fatores que entram em discussões para
melhorar o atendimento educacional de todas as crianças que já estão no sistema
educacional e as que estão sendo incluídas, como os deficientes.

O processo de integração ocorre dentro de uma estrutura educacional que


oferece ao aluno a oportunidade de transitar no sistema escolar, da classe
regular ao ensino especial, em todos os seus tipos de atendimento: escolas
especiais, classes especiais em escolas comuns, ensino itinerante, salas de
recursos, classes hospitalares, ensino domiciliar e outros. Trata-se de uma
concepção de inserção parcial, porque o sistema prevê serviços
educacionais segregados. (MANTOAN, 2003, p.22).

Mantoan (2003),relata que a escola inclusiva não deixa ninguém no


exterior do ensino, ela defende o direito de todos sem exceções, onde todos passam
a frequentar as salas de aula de ensino regular, não havendo mais a divisão entre
ensino especial e ensino regular, o ensino é único para todos, respeitando às
particularidades e as diferenças. Trata de um ensino participativo, acolhedor, livres
de preconceitos, reconhecendo e valorizando as particularidades de cada um.

As escolas atendem às diferenças sem discriminar, sem trabalhar à parte


com alguns alunos, sem estabelecer regras específicas para se planejar,
para aprender, para avaliar (currículos, atividades, avaliação da
aprendizagem para alunos com deficiência e com necessidades
educacionais especiais). (MANTOAN, 2003, p.25).
25

Destaca a importância da inclusão escolar onde a intenção da escola é


atingir todos os alunos que fracassam dentro do próprio sistema escolar e os que
são incluídos com deficiência, dando-lhe uma educação qualitativa.

2.3 Direitos à inclusão

A Constituição Federal (1988) garante a todos, o direito a educação, sem


discriminação de origem, raça, sexo, cor, idade ou deficiência, onde todos devem
ser preparados para cidadania nos ambientes escolares.

Na Constituição prescreve em seu artigo 205 e 208 que o dever do Estado


com a educação, que será efetivado mediante a garantia de [...]
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino. (Constituição,1888 apud
MANTOAN, 2003 p.37).

Carvalho (2004), diz que aconteceu uma importante conferencia na


Espanha onde se estendeu as preocupações internacionais com o bem estar do
portador de deficiência, um programa da UNESCO, onde estendeu discussões sobre
a educação para todos, reunindo direitos na Declaração de Salamanca 1994,
esteve presente mais de trezentos representantes de 92 governos e 25
organizações internacionais com o principal objetivo de reafirmar o direito de uma
escola inclusiva para todas as criança, tomando providencias para que a escola
acolha sem discriminação de qualquer natureza todas as crianças.

Independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sócias,


emocionais, linguísticas e outras, crianças deficientes e bem dotadas,
crianças que vivem nas ruas e que trabalham crianças de população
distantes ou nômades, crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais
e crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidos ou marginalizados.
(Declaração de Salamanca, p.17, apud CARVALHO, p.77).
26

Segundo o autor, declaração de Salamanca retoma as discussões da


importância e do dever de uma reforma política no sistema educacional, apoiando
desta forma que todas as crianças, sendo as que possuem dificuldades no
aprendizado, aquelas que vivem nas ruas, as que sofrem de abusos sexuais ou
mesmo as que se encontram fora do convívio escolar, sendo ela portadora ou não
de necessidades educacionais especiais, ficou estabelecido o seu pleno direito a
incluir-se, ou seja, a frequentar o ensino regular, não havendo mais ensino especial.
O objetivo mencionado na Declaração não tem por finalidade de
acabar com um ensino ou com o outro, mas unificar em um sistema único, onde
todos passam a ter o mesmo valor, onde as crianças levem o conhecimento pra
escola, sendo que o sucesso para a aprendizagem é explorar o conhecimento prévio
do aluno e a escola adotarem uma PSICOPEDAGOGIA interativa e integradora.
Ensinar respeitando as diferenças do aluno sem diferenciar o ensino
para cada um, ou seja, “educação para todos”.
Mantoan (2006), diz que “A inclusão pegou as escolas de calças curtas. E
o nível de escolaridade que mais parece ter sido atingido por esta inovação é o
ensino fundamental.” As escolas devem estar preparadas para a inclusão, dos
trabalhos curriculares como a parte arquitetônica da escola à capacitação dos
professores.
Carvalho (2004), afirma que o mais importante do que existir a lei, é o
comprometimento da sociedade em fazer valer e colocar em prática os direitos
legais que vem sendo discutido e aos poucos inseridos no sistema educacional,
fazendo realmente acontecer. “Onde providências devem ser tomadas sem
discriminação, acolhendo a todas as crianças”.
Fávero, Pantoja, Mantoan (2004), ressalta que as mudanças não
acontecem só nos pensamentos, é preciso tomar medidas que façam realmente
acontecer, abrindo as portas da escolas e amparando a todos os excluídos, até
mesmo os que a própria escola exclui dentro do seu próprio sistema educacional,
devendo mudar a mentalidade dos profissionais da educação.
Oferecendo a eles capacitações para que trabalhem sem discriminação e
assim aconteçam respostas educativas, onde o ensino seja de qualidade ofertando a
todos os alunos a oportunidade de uma educação onde que seja diferente, e não
faça diferenças, e destaca que a mudança depende de todos, gestores
27

educacionais, todos que trabalham com a educação e se envolve com as novas


mudanças.

Fávero, Pantoja, Mantoan (2004), destaca que depende das políticas


educacionais, de adequações das escolas e principalmente dos pais dos alunos e
dos alunos que participam da escola fazendo parte da História social.

As mudanças no pensar, sentir e fazer educação para todos não ocorrem


num estalar de dedos, nem dependem da vontade de alguns apenas. Por
mais paradoxal que possa parecer, as transformações que todos almejamos
levando nossas escolas a oferecer respostas educativas de qualidade ao
mesmo tempo comuns e diversificadas-, não dependem apenas das
políticas educacionais. (CARVALHO, 2004, p.77).

Fávero, Pantoja, Mantoan (2004), defendem a escola, onde ela deve


acolher todos os excluídos e alunos com deficiência, sem preconceitos de qualquer
natureza, pois sempre que a inclusão entra em questão de discussões a
preocupação é maior no que se refere aos alunos incluídos com deficiência mental,
deficiente auditivo, mas a lei assegura o direito a todos sem discriminação, portanto
sendo necessária a adequação nas aulas, ofertando aulas de libras (Língua
brasileira de sinais), favorecendo a comunicação do aluno com o meio externo,
ofertando para os deficientes auditivos, recursos de informática e ou ferramentas
tecnológicas, e além de linguagens, alguns recursos para que os alunos sejam
atendidos com qualidade, com ou sem deficiência. Tendo um atendimento
educacional especializado para quebrar as barreiras de comunicação com alguns
recursos que ajudam a comunicação dos alunos que são deficientes auditivos além
da sua convivência com os amigos de sala e sua socialização.
Os autores acima afirmam que o ambiente educacional escolar é o mais
apropriado para estar incluindo os deficientes, pois é nele o lugar que acontece todo
um relacionamento entre os alunos, parcerias e agrupamentos que fazem acontecer
à aprendizagem, relacionamentos de idades onde são estimulados todos os tipos de
28

interação. Beneficiando o conhecimento e a construção da identidade do aluno,


favorecendo seu desenvolvimento cognitivo, motor, efetivo.
Fávero, Pantoja, Mantoan (2004), A educação inclusiva garante o
atendimento da criança dentro do sistema educacional com organizações
pedagógicas e práticas de ensino que atendam às diferenças entre os alunos, sem
discriminações, assim beneficiam a todos, com o convívio e a troca de
conhecimentos e valores.

O atendimento educacional especializado é uma forma de garantir que


sejam atendidas as particularidades de cada aluno com deficiência. São
consideradas matérias do atendimento educacional especializado: Língua
brasileira de sinais (Libras); Interpretação de libras; ensino de língua
Portuguesa para surdos; Sistema Braile; orientação e mobilidade; utilização
de soroban; as ajudas técnicas, incluindo informática adaptada; mobilidade
e comunicação alternativa/aumentativa; teológica assistiva; informática
educativa; educação física adaptada; enriquecimento e aprofundamento do
repertório de conhecimento; atividade da vida autônoma e social, entre
outras. (FAVERO, PANTOJA, MANTOAN, 2004 p.11).

A importância do trabalho especializado deve ser oferecida nas escolas,


mas também ressalta que seu atendimento só poderá acontecer se o responsável
pelo deficiente, permitir, ou se o mesmo também quiser esse tipo de tratamento
diferenciado. Os professores que trabalham com os alunos deficientes também
poderão receber orientações e apoio das instituições especializadas que
encaminham e matriculam os deficientes nas escolas regulares, com isso
enriquecem os trabalhos pedagógicos. A inclusão deve começar da educação
infantil, creches, e similares, e os educadores devem estar preparados para
desenvolver seu trabalho de educar e cuidar, trabalhando com alunos deficientes de
qualquer modalidade a partir dos do zero ano de vida, bem como possibilitando e
facilitando a realização de atendimentos especializados aos alunos dentro ou fora do
ambiente, as creches recebem crianças que ficam praticamente o dia todos, assim
deve possibilitar que a criança possa ter acesso a outros profissionais são
necessários para o desenvolvimento de suas capacidades.
29

Trabalhando todos com iguais direitos, oferecendo o que é direito aos que
assim necessitam de um tipo de atendimento complementar ou dentro da creche ou
indo ao encontro dela em repartições de saúde, ofertando sempre que necessário
atendimento médico, psicológico, terapeutas fonoaudiólogos, psicopedagogos etc.

2.4 LEIS E POLÍTICAS VIGENTES NO BRASIL

O MEC (2008), (Ministério da Educação e Cultura), destaca a educação


inclusiva como uma questão de direitos humanos, onde necessita uma definição de
políticas públicas, sendo transformadas aos poucos através de ações
institucionalmente planejadas, implementadas, avaliadas com a legislação
assegurando direito:

 Constituição federal de 1988


o Garantia de educação como direito de todos;
o Estabelecimento de igualdade de acesso e permanência na escola;
o Atendimento especializado, preferencialmente na escola regular.
 Lei n º7853/89 – CORDE – Apoio às pessoas portadoras de deficiência
o Garantia ao pleno exercício dos direitos;
o Permissão de matrícula em cursos regulares de estabelecimento
público e privado;
o Obrigatoriedade e gratuidade no oferecimento de vagas.
 Lei nº8069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente
o Direito à proteção e à educação, cultura, esporte e lazer.
 Lei nº10098/94 – Acessibilidade
o Garantia de acessibilidade com a eliminação de barreiras à vida do
deficiente;
o Especificações arquitetônicas e administrativas (como: os elementos
de urbanização, o desenho e localização do mobiliário urbano, a
acessibilidade dos edifícios, os sistemas de comunicação, de
transporte e sinalização etc.), solicitadas dos municípios para garantia
da acessibilidade.
30

 Lei nº9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN)


o Atendimento especializado, preferencialmente na rede regular de
ensino, como já afirmava a Constituição Federal de 1988;
o Estabelecimento de dever do Estado na oferta de educação especial;
o Garantia de condições necessárias à boa oferta da educação;
o Adequação do currículo as necessidades dos indivíduos;
o Garantia de capacitação adequada dos professores da rede de ensino;
o Possibilidade de educação para o trabalho;
o Direito a acesso igualitário a benefícios de programas sociais;
o Ampliação do atendimento preferencialmente na rede pública de
ensino.
 Lei nº10172/01 – Plano Nacional da Educação
o Estabelecimento de melhorias na educação para criar escolas de
caráter inclusivo;
o Garantia de apoio técnico às pessoas com deficiência (apoio de
governos e instituições não-governamentais para o atendimento dos
sujeitos com deficiência);
o Definição de objetivos para a Educação Especial.
 Lei nº10216/01 – Direitos e Proteção às pessoas Acometidas de Transtorno
Mental
o Especificação dos direitos quanto ao tratamento médico das pessoas
com transtorno mental.
 Lei nº10436/02 – Libras
o Reconhecimento das LIBRAS como meio legal de comunicação, que
deve ser garantido pelo poder público;
o Garantia do ensino de LIBRAS nos cursos de formação de Educação
Especial, nas áreas de Fonoaudióloga e Pedagogia;
 Lei nº10845/04 – Programa de Complementação ao Atendimento Educacional
Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiências
o Garantia de atendimento especializado aos que não conseguirem se
integrar em classes comuns;
31

o Garantia de inserção progressiva desses sujeitos nas classes comuns


da rede regular;
o Ajuda financeira às Instituições Privadas sem fins lucrativos que
prestem serviço em Educação Especial;
o É facultado, aos Estados, Municípios e ao Distrito federal, prestar apoio
técnico as Instituições sem fins lucrativos que ofereçam educação
especial, cedendo professores da rede, materiais didáticos e
pedagógicos, recursos para a compra de equipamentos, transporte
escolar.

3 O PROFESSOR ESTÁ PREPARADO PARA A INCLUSÃO?

Mantoan (2003), destaca que o professor espera receitas prontas, para


ensinar alunos incluídos no sistema educacional, que o professor espera também
que conhecimentos específicos de sua formação, venham com teorias ensinando
através de conceitos a etiologia, os prognósticos das deficiências dos problemas de
aprendizagem e que precisam saber aplicar métodos e técnicas específicas, assim
facilitaria seu trabalho, ajudaria atender melhor o aluno dentro de sua sala de
aula. Com isso esperam resolver problemas partindo de regras e moldes de
trabalhos. “O argumento mais frequente dos professores, quando resistem à
inclusão, é não estarem, ou não terem sido preparados para esse trabalho”.

Eles esperam uma preparação para ensinar os alunos com deficiência e /ou
dificuldades de aprendizagem e problemas de indisciplina, ou melhor, uma
formação que lhes permita aplicar esquemas de trabalho pedagógico
predefinidos às suas salas de aula, garantindo-lhes a solução dos
problemas que presumem encontrar nas escolas ditas inclusivas.
(MANTOAN, 2003, p.79).

O próprio questionamento da sua prática os leva as respostas que


necessitam, nas comparações das situações que causam o desconforto profissional,
o desconforto de achar que não estão preparados, já é uma forma de chegar a
respostas que resolvem a nova inclusão social.
Os compartilhamentos das ideias novas vão surgindo entre os
profissionais da educação onde a nova gestão diante das discussões entre
32

educadores, pedagogos, diretores, pais de alunos, são fatores fundamentais que


trazem o sucesso escolar e facilitam trabalhar as dificuldades que vão surgindo
diariamente no decorrer das aulas e seu planejamento pedagógico.
Segundo a autora à inclusão chegou de fato a pegar todos sem
preparação para atender as crianças que são inclusas, pois “a inclusão escolar não
cabe em um paradigma tradicional de educação e assim sendo, uma preparação do
professor”.
Sendo necessário à capacitação de profissionais da educação o
compartilhamento das ideias, onde o questionamento da própria prática, nas
comparações, na análise das circunstancias e dos fatos, vão aos poucos definindo
as teorias, transformando em práticas necessária para o bom atendimento a todos
os alunos, chegando a caminhos pedagógicos de qualidade, valorizando as
diferenças e usando a convivência entre os educando, para a construção de um
novo conhecimento.
Fávero, Pantoja, Mantoan (2004), afirmam que as práticas abordadas em
salas de aulas não estão adequadas para atender deficientes mental grave, pois
requerem um atendimento que realmente trabalhe o conhecimento de acordo com a
capacidade do aluno. Sendo assim necessário uma nova observação e
urgentemente uma revisão nas práticas e abordagens do professor com a educação
do aluno. A escola passou a ter maior autonomia para, junto com a comunidade,
elaborar o seu planejamento coletivamente de forma a atender os estudantes com
necessidades especiais.
Diante das considerações sobre o histórico do professor no Brasil e de
suas lutas diárias para formação de sujeitos ativos é que é possível começar a
pensar sobre a atuação e formação do professor frente à Inclusão no ensino regular
é possível levantar alguns questionamentos e angústias que sentimos quando em
relação ao assunto da inclusão, tais como: como incluir se não estamos habilitados
para isso? Como educar o aluno com necessidades especiais se não estou
preparado para isso? Como desconstruir a imagem do aluno problema?
Muitas vezes na escola, a deficiência acaba sendo associada a uma
doença, ao “aluno problema”, a deficiência enquanto um problema para a escola.
Todavia, defendo que quando a escola coloca o estudante com necessidades
especiais como um problema para si, ela cria um grande problema para o estudante.
33

De acordo com Arsênio (2007), as pesquisas mais recentes sobre os


desafios da implementação da educação inclusiva no Brasil têm apontado como
principal obstáculo a falta de preparo e de formação básica/continuada do professor.
Outro fator está relacionado à falta de instrumentos que permitam manter os
estudantes deficientes nas classes regulares com qualidade de ensino. Para a
autora, há pouco interesse pelo tema da inclusão do deficiente em relação a outros,
tais como: processo de ensino-aprendizagem, atitudes e percepções de familiares e
profissionais sobre o indivíduo especial, formação de recursos humanos,
identificação/ diagnóstico/ caracterização da pessoa especial, processos de
integração/inclusão, entre outros.
Sabemos que antes de incluir será preciso identificar as múltiplas origens
e intensidades dos obstáculos para essa inclusão ocorrer. Aqui não se trata mais de
responder a questões do tipo “ser a favor” ou “ser contra” a inclusão, mas sim,
discutir como ela poderia ser feita da melhor forma, evitando o sofrimento daqueles
envolvidos no processo da inclusão.
Arsênio (2007) percebeu em seu estudo que os obstáculos identificados
não prejudicam apenas a inclusão, mas também, comprometem a qualidade da
instituição escolar, devido: a falta de intervenção escolar que efetive o acesso a
leitura e a escrita, as salas numerosas, ao não investimento nas condições de
trabalho do professor, aos conteúdos afastados da realidade do aluno e a falta de
formação dos professores.
Nos cursos de formação docente, se privilegia a transmissão de
conteúdos em grande volume, geralmente desarticulados e pouco significativos para
a prática docente, com pretensão do que, apesar disso, o professor consiga tomar
futuramente as decisões adequadas. Estes cursos são construídos para um
professor ideal e para uma escola ideal.
Mas os professores têm sua própria subjetividade e as escolas também
não são homogêneas. A verdade é que não somos formados para ensinar o sujeito
que desvia deste padrão de normalidade.
O que se tem percebido, de acordo com Arsênio (2007), é que a escola
tornou-se um espaço de inserção e não de inclusão efetivamente, considerando que
o currículo e a avaliação visam “encaixar” o sujeito com deficiência nos padrões
considerados normais. Isto porque há conteúdos que são valorizados em detrimento
de outros, como o raciocínio lógico-matemático e abstrato no qual estudantes com
34

deficiência mental apresentaram maior prejuízo na prova do Saad (2002) ou na


utilização do oralismo que dificulta a aprendizagem dos surdos.
Estes são os currículos padrões não adaptados ao diferente, pois de
acordo com muitos profissionais da educação a defesa é que a mudança deste
currículo traria uma redução de sua qualidade. Contudo, acredito que sua alteração
faria apenas com que aluno conseguisse acompanhar o processo educativo em sala
de aula. Algo que sem a adaptação do currículo não seria possível.
Há uma excessiva preocupação com a transmissão do saber oficial e
com a normalização do corpo diferente, nesse sentido a escola se volta para o aluno
ideal e não o aluno real presente cotidianamente nas salas de aula. Acredito que,
por conta disso, a culpa se volta para o aluno com necessidades especiais que não
consegue acompanhar os conteúdos, ele torna-se o principal culpado pelo seu
próprio fracasso escolar, visto que, a infraestrutura da escola ou mesmo as formas
de trabalho do professor não são adaptadas para este estudante.
Apesar da falta de formação adequada para a questão da inclusão, o que
Arsênio (2007) notou é que se tem culpado os professores pela baixa qualidade do
sistema educacional, como se a escola desse conta de resolver todos os problemas
que ocorrem no Brasil e como se o professor desse conta de resolver todas as
causas sociais.
O que acontece aqui é a culpabilização do docente pelo fracasso escolar,
sem se pensar nos modelos curriculares impostos de cima para baixo. Os modelos
são impostos sem as necessárias modificações em sua estrutura e se culpabiliza o
professor, o aluno e a escola quando eles não dão certo.
Para evitar que o estudante com necessidades especiais deixe de ser
visto como um problema para a escola é preciso que a mesma atue de forma
integrada. É preciso estabelecer que a ação de todos os segmentos da escola esteja
prescrita no Projeto Político Pedagógico da Escola, com a finalidade de solucionar
determinadas dificuldades do estudante.
Mais do que considerar e lidar com as deficiências como isoladas ou
múltiplas, a educação especial e inclusiva deverá abranger as altas habilidades, as
condutas típicas de síndromes e os distúrbios de aprendizagem, além dos quadros
ligados a situações específicas, como de crianças hospitalizadas, que não
apresentam deficiência alguma, mas sim, NEE que precisam ser consideradas.
(CHINALIA & ROSA, 2008)
35

Para o Professor Costa (2010), há a necessidade de simbolizar tudo


aquilo que é estudado de alguma forma, apenas por meio da simbolização da leitura
é que a aprendizagem se torna eficaz. Por isso, é possível observar a importância
da escrita Braille pelo deficiente visual. Para o professor, não é possível esperar a
qualificação/formação de docentes para que então aconteça o trabalho com o
grande contingente de deficientes visuais em todo Brasil, que englobam hoje dois
milhões de pessoas. É preciso buscar alternativas para que a inclusão ocorra,
mesmo reconhecendo os limites para receber o diferente em todos os níveis do
ensino.
O professor, portanto, deve ir atrás de uma formação que lhe traga um
mínimo de conhecimento sobre as deficiências. Entender um pouco, por exemplo,
da escrita Braille para que o erro de transmitir as letras do alfabeto em alto relevo
não seja cometido novamente, é uma opção. Estudar LIBRAS, a Língua Brasileira
dos Sinais, para conversar com o aluno surdo e conseguir levar o restante da classe
a interagir com ele, é outra opção.
Para Finger (2007), quando a atenção se volta a estudantes com alguma
deficiência física, é percebido não só os problemas estruturais da escola, mas
também o medo e a ansiedade diante de um corpo com fragilidades, sentimentos
estes que acabam dando lugar ao acolhimento e à aceitação do diferente,
permitindo a superação das dificuldades tanto por parte dos professores, como dos
funcionários e colegas de sala de aula. A autora destaca ainda que quando os
professores recebem apoio de profissionais como fisioterapeutas, que lhes instruem
como “pegar” e trabalhar com o corpo dos estudantes com alguma deficiência física,
é gerado um sentimento de segurança aos docentes, o que facilita o rompimento de
barreiras para com os corpos destes estudantes.
O atendimento aos estudantes com necessidades especiais implica no
conhecimento sobre seu repertório e seu contexto cotidiano, pois tais informações
permitem uma avaliação e uma elaboração de estratégias de trabalho mais precisa e
significante.
Historicamente, a formação de professores para as NEE é bastante
recente, já que na década de 1970 a abordagem predominantemente médica tratava
o sujeito com alguma deficiência, como um “anormal”.
Levando em conta que o professor por si só não dá conta de ter um
entendimento aprofundado sobre como lidar com todas as deficiências específicas
36

(por sua formação deficitária), é preciso considerar então que o trabalho para a
Inclusão Escolar deve ser feito em conjunto.
Na Lei n° 9.394/96, em seu Art. 59, inciso III há um reconhecimento da
importância da formação docente como pré-requisito para que a inclusão ocorra. Tal
formação é dividida em dois tipos:
- professores do ensino regular (sem formação específica) com o mínimo
de conhecimento e prática sobre o alunado;
- professores “especialistas” nas diferentes ‘necessidades educacionais
especiais’, quer seja para atendimento direto a essa população, quer seja apoio ao
trabalho realizado pelos professores regulares que interagem com esses alunos.
(CHINALIA & ROSA, 2008, p. 62)
É importante que profissionais habilitados em Educação Especial,
esclarecendo que o papel desempenhado pelos professores poderá ocorrer de
forma diversificada, fazendo com que estes realizem seu trabalho livres de
preconceito e com mais segurança. Portanto, tanto o profissional que já possui
alguma habilitação para trabalhar com os estudantes com necessidades especiais
como aquele que tem um conhecimento mais superficial na área, são fundamentais
a essa nova proposta de inclusão.
Um estudo realizado por Chinalia (1998) apresenta que os sentimentos de
medo e insegurança em relação às pessoas com necessidades estão relacionados
ao fato de o professor do ensino regular da rede pública de ensino não ter um
conhecimento elaborado sobre educação especial. Alguns professores da rede
pública de ensino creem que seus medos e inseguranças podem ser sanados ou ao
menos amenizados, se receberem um apoio para a realização de seu trabalho junto
a esses alunos.
Numa pesquisa realizada por Amaral (2006), na região pernambucana,
percebe-se a mesma linha de raciocínio para com a Educação Infantil. Para a
autora, as professoras que atuam com crianças até os seis anos de idade sentem
uma forte necessidade de um acompanhamento técnico no processo de ensino-
aprendizagem dessas crianças com necessidades especiais.
Amaral (2006) relata ainda o depoimento de diversas professoras que
afirmaram não terem recebido qualquer tipo de formação para trabalhar com
crianças com necessidades especiais.
37

Com tal depoimento percebe-se a dificuldade que as professoras tem tido


para lidar com uma escola que seja verdadeiramente inclusiva. De acordo com o
Referencia Curricular Nacional para a Educação Infantil/2001, é possível notar a
importância de se colocar serviços de apoio à disposição da escola, dos professores
e dos pais, para que possam atuar na organização estrutural da escola, nos
processos didáticos dos professores e no auxílio para os pais, colaborando assim,
na organização de uma escola verdadeiramente inclusiva. (AMARAL, 2006).
O educador competente e transformador de sua prática é peça chave
para que a inclusão ocorra de fato, competência esta ligada a habilidade em avaliar
necessidades, adaptar conteúdos do programa, recorrer a recursos e procedimentos
pedagógicos mais adequados, estando atento às potencialidades individuais dos
educandos. O ensino deve ser adaptado às reais necessidades dos estudantes, ao
invés de se voltar a conceitos pré-concebidos a respeito do ritmo e da natureza dos
processos de aprendizagem.
Um exemplo muito positivo neste sentido é oferecido na pesquisa de
Amaral (2006), onde relata o trabalho das professoras da região pernambucana no
sentido de modificarem sua prática com a inclusão dos estudantes com necessidade
especiais no ano de 1999. A partir da adaptação do currículo pelas professoras da
Educação Infantil, é que o conhecimento escolar historicamente construído deixou
de ser negado a estes estudantes.
Embora haja esta necessidade de adaptação e um grande esforço por
parte do educador (devido sua formação muitas vezes precária e condições de
trabalho), perceber-se um outro problema levantado no Capítulo anterior que se trata
da confusão de critérios para a chamada inclusão educacional no Brasil. Para
Mendes (2003):

[...] a existência de jovens com idade avançada em classes de


Educação Infantil; a inserção de população adulta em classes de
séries iniciais com crianças de oito anos, um número
excessivamente alto de alunos com deficiência mental leve e de
portadores de distúrbios de conduta na população de alunos
considerados especiais e inseridos em creches e pré-escolas,
associado a um número reduzido de alunos com deficiências
mais severas. Tais indicadores servem de alerta para a
necessidade de se traçar o perfil do alunado a fim de que
38

mecanismos de exclusão não estejam na base de propostas


supostamente inclusivas. (MENDES, 2003, p. 37-38)

O trabalho do professor exige a postura crítica, um processo contínuo de


reflexão que vise à transformação de sua prática para atender às diferentes
Necessidades Especiais que necessitam de inclusão, ou que ao menos têm direito a
ela nos mais diferentes tipos de estudantes e grupos, contribuindo para uma
sociedade menos discriminatória e menos desigual.

4 INCLUSÃO ESCOLAR: A AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

A inclusão é uma realidade, está aí. Não há como fugir dela, pois já é
reconhecida sua necessidade, sua importância e o direito de todos, sem distinção,
sem preconceito, sem exclusão. Com a inclusão os professores podem melhorar sua
prática educativa, mediante o trabalho em equipe, a troca de experiências e saberes,
podendo contar ainda, com um apoio psicológico e, principalmente,
psicopedagógico, vindo dos colegas de profissão, pois também a educação
inclusiva proporciona aos professores experiências impar, que possibilitam
seu crescimento profissional e pessoal.

Sem dúvida, a razão mais importante para o ensino inclusivo é


o valor social da igualdade. Ensinamos os alunos através do
exemplo de que, apesar das diferenças, todos nós temos
direitos iguais. Quando as escolas incluem todos os alunos, a
igualdade é respeitada e promovida como um valor na
sociedade, com os resultados visíveis da paz social e da
cooperação (STAINBACK, 1999, p. 26, 27).

Estudando Steinbeck (1999), entendemos que a sociedade se beneficia


com a inclusão, pois promove a integração, a amizade, os bons relacionamentos,
exclui o preconceito, promove a igualdade que favorece a paz social.
A avaliação que se conta com o profissional psicopedagogo se apresenta
como um dos instrumentos que auxiliam o professor para saber se o aluno
39

realmente atingiu os objetivos propostos pelo professor, sua aplicação hoje requer
uma maior revisão, pois necessita avaliar o aluno no desenvolvimento que
conseguiu atingir e as capacidades que conseguiu conquistar.

Todos os alunos deveriam ser avaliados pelos progressos que alcançaram


nas diferentes áreas do conhecimento e a partir de seus talentos e
potencialidades, habilidades naturais e construção de todo tipo de
conhecimento escolar. A LDBEM dá ampla liberdade às escolas quanto à
forma de avaliação, não havendo a menor necessidade de serem mantidos
os métodos usuais. (Fávero, Pantoja, Mantoan, 2004, p.28).

A avaliação escolar no processo de aprendizagem demonstra através dos


trabalhos efetuados pelo professor as competências desenvolvidas com o
educando, cabe ao professor estar sendo capacitado, cabe a escola e os seus
profissionais com a liberdade que a LDBEM oferece atualizar métodos
tradicionalmente ainda usados nas escolas, adequar-se para melhorar sua forma
de trabalho com as crianças incluídas e as que estão dentro da escola dando o
direito a todos sem descriminação.
.
Enfim, se tudo isso está visível aos olhos dos educadores, estão
conscientes da necessidade de inclusão ao mesmo passo que da dificuldade
enfrentada para tal, e reconhecendo a falta de capacitação adequada para o
mesmo, uma saída passa a ser a formação continuada, principalmente àquela
fundamentada nas dificuldades enfrentadas em sala de aula. Se o desafio é incluir, a
perspectiva é se preparar, continuamente, contribuindo para uma inclusão cada vez
mais “generosa”.
40

CONCLUSÃO

Diante do tema abordado, podemos constatar que a inclusão não é uma


ameaça, mas sim um direito adquirido em forma de leis, onde ficou estabelecido que
as escolas tem o direito e o dever de receber todas as crianças, sendo elas
portadoras ou não de necessidades especiais, ou até mesmo dificuldades de
aprendizado.
A lei existe, é um fato consumado, é um direito garantido, mas cabe a
sociedade juntamente com os professores e outros profissionais colocar em prática
fazendo valer esses direitos e deveres já estabelecidos.
Sendo assim, deixa de existir a divisão entre uma escola especial e
ensino médio, onde o ensino passa a ser único, exceto aos alunos que tem um grau
de deficiência muito elevado.
A inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais no
ensino fundamental é um assunto pertinente e desafiador que leva o professor a
buscar recursos alternativos e cursos de capacitação e troca de informações entre
colegas de trabalho, para que sintam mais seguros diante desta nova perspectiva
que foi imposta na educação, e que não será do dia pra noite que essa luta deve
terminar, será um grande caminho a percorrer, onde cada educador deve ter
seriedade para que o sucesso seja atingido.
Conclui-se que, os professores e outros profissionais da área encontram
grandes barreiras quando se deparam com um aluno inclusivo no seu dia-a-dia,
demonstram que sentem despreparados para tal situação que os deixam inseguros,
pois o papel do professor é muito importante quando acolhe uma criança portadora
41

de necessidades, sendo que além de ensinar respeitando suas limitações, cabe ao


professor, fazer com que o aluno inclusivo passa a se relacionar, interagir, trocando
conhecimentos com os demais da sala de aula ditos “normais.”
Portanto as escolas regulares de ensino juntamente com os professores
devem concentrar em esforços que levam resultados positivo e qualitativo. No
desenvolver de atividades pedagógicas, procurar ter consciência e respeito ao fato
existente e que essa luta por uma educação melhor e democrática jamais esmoreça,
e tendo em mente que a inclusão sempre irá existir.
Finalmente, ao refletir sobre desafios e perspectivas para o profissional de
psicopedagogia quando o assunto é inclusão de alunos com deficiência no sistema
de ensino regular, constatamos que, embora se fale há bastante tempo sobre isso,
efetivamente a inclusão teve seu início na Contemporaneidade, ou seja, ainda muito
recente em termos de avanços para a área.
42

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